O humano vem sendo substituído pelo artifício, e nem mesmo os sentimentos, as emoções estão fora de seu alcance. O mundo virtual está mudando, em sentido geral, a noção do que é viver em uma perspectiva ampla… A Ciência tem se mostrado em muitos campos, um bem para a Humanidade. Mas sabemos que, em geral, oculta conteúdos nefastos ao longo de seu desenvolvimento. Este blog é uma tentativa, e ao mesmo tempo, uma proposta de autopreservação tanto emocional quanto espiritual. Quanto aos visitantes do blog "Castelo Interior", penso que o legado de Santa Teresa, bem como as contribuições da cristandade podem propiciar este "cuidado interior". Aliás, um cuidado vital que envolve nossas mentes, nossas almas. O título do blog é uma reverência à vida e à obra de Santa Teresa de Jesus (Ávila). Suas leituras me inspiraram, e mais que isto, continuam me ensinando a viver neste tempo caótico, a interpretá-lo à luz da Fé. A partir do que compreendi de seus escritos "Castelo Interior" e "Livro da Vida", e os mais breves (estou no início de "Caminho da Perfeição"), me lancei à proposta de uma "mescla" entre Jornalismo, Literatura (suas Obras, por excelência, através da análise de estudiosos carmelitanos descalços, principalmente), com abertura para textos clássicos católicos, e artigos universais e relevantes, segundo a ótica da doutrina católica. Por fim, acredito que a produção de Santa Teresa de Ávila evidenciará o quanto sua produção nos insere em uma inevitável espiral de espiritualidade. Seu tempo, como o nosso, estava impregnado de perigos extremos – tanto para o corpo, quanto para a alma. Entretanto, esta Doutora da Igreja deixou-nos, em seus três principais escritos, a essência de seu pensamento: "Nada te turbe, nada te espante. Tudo se pasa. Dios no se muda. La paciencia todo lo alcanza. Quien a Dios tiene nada le falta. Sólo Dios basta!" (Santa Teresa de Jesus). Este blog foi criado em 2007 e não tem fins comerciais.
REDAÇÃO CENTRAL, 01 Jan. 23 / 12:01 am (ACI).- A solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus (Theotokos) é a mais antiga que se conhece no Ocidente. Nas Catacumbas ou antiquíssimos subterrâneos de Roma, onde se reuniam os primeiros cristãos para celebrar a Santa Missa, encontram-se pinturas com esta inscrição.
Segundo um antigo testemunho escrito no século III, os cristãos do Egito se dirigiam a Maria com a seguinte oração: “Sob seu amparo nos acolhemos, Santa Mãe de Deus: não desprezeis a oração de seus filhos necessitados; livra-nos de todo perigo, oh sempre Virgem gloriosa e bendita” (Liturgia das Horas).
No século IV, o termo Theotokos era usado frequentemente no Oriente e Ocidente porque já fazia parte do patrimônio da fé da Igreja.
Entretanto, no século V, o herege Nestório se atreveu a dizer que Maria não era Mãe de Deus, afirmando: “Então Deus tem uma mãe? Pois então não condenemos a mitologia grega, que atribui uma mãe aos deuses”.
Nestório havia caído em um engano devido a sua dificuldade para admitir a unidade da pessoa de Cristo e sua interpretação errônea da distinção entre as duas naturezas – divina e humana – presentes Nele.
Os bispos, por sua parte, reunidos no Concílio de Éfeso (ano 431), afirmaram a subsistência da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Filho. Por sua vez, declararam: “A Virgem Maria sim é Mãe de Deus porque seu Filho, Cristo, é Deus”.
Logo, acompanhados pelo povo e levando tochas acesas, fizeram uma grande procissão cantando: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Amém”.
São João Paulo II, em novembro de 1996, refletiu sobre as objeções expostas por Nestório para que se compreenda melhor o título “Maria, Mãe de Deus”.
“A expressão Theotokos, que literalmente significa ‘aquela que gerou Deus’, à primeira vista pode resultar surpreendente; suscita, com efeito, a questão sobre como é possível que uma criatura humana gere Deus. A resposta da fé da Igreja é clara: a maternidade divina de Maria refere-se só a geração humana do Filho de Deus e não, ao contrário, à sua geração divina”, disse o papa.
“O Filho de Deus foi desde sempre gerado por Deus Pai e é-Lhe consubstancial. Nesta geração eterna Maria não desempenha, evidentemente, nenhum papel. O Filho de Deus, porém, há dois mil anos, assumiu a nossa natureza humana e foi então concebido e dado à luz por Maria”, acrescentou.
Do mesmo modo, afirmou que a maternidade da Maria “não se refere a toda a Trindade, mas unicamente à segunda Pessoa, ao Filho que, ao encarnar-se, assumiu dela a natureza humana”. Além disso, “uma mãe não é Mãe apenas do corpo ou da criatura física saída do seu seio, mas da pessoa que ela gera”, disse são João Paulo II.
Por fim, é importante recordar que Maria não é só Mãe de Deus, mas também nossa porque assim quis Jesus Cristo na cruz, quando a confiou a São João. Por isso, ao começar o novo ano, peçamos a Maria que nos ajude a ser cada vez mais como seu Filho e iniciemos o ano saudando a Virgem Maria.
Saudação à Mãe de Deus
Salve, ó Senhora santa, Rainha santíssima, Mãe de Deus, ó Maria, que sois Virgem feita igreja, eleita pelo santíssimo Pai celestial, que vos consagrou por seu santíssimo e dileto Filho e o Espírito Santo Paráclito! Em vós residiu e reside toda a plenitude da graça e todo o bem! Salve, ó palácio do Senhor! Salve, ó tabernáculo do Senhor! Salve, ó morada do Senhor! Salve, ó manto do Senhor! Salve, ó serva do Senhor! Salve, ó Mãe do Senhor, e salve vós todas, ó santas virtudes derramadas, pela graça e iluminação do Espírito Santo, nos corações dos fiéis transformando-os de infiéis em servos fiéis de Deus!
Os reis magos vieram da Pérsia, iluminados por uma estrela no céu e por uma luz interior que os guiava e os dirigia para Cristo, o Messias que eles sabiam que os judeus esperavam. A tradição diz que eram reis de pequenos reinos, entendidos em ler as estrelas. Enquanto em Jerusalém ninguém esperava e acreditava, eles, na fé, procuravam o esperado Menino, sua Mãe e seu Pai em Belém. “Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2,1-2). São Mateus diz que o rei Herodes ficou perturbado e com ele toda a Jerusalém.
E a misteriosa estrela os guiava até chegarem onde estava o Menino. Encontrando-O, prostraram-se diante d’Ele, “abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes ouro, incenso em mirra”. O ouro é dado ao Rei, o incenso a Deus, e a mirra à vítima a ser imolada um dia no Calvário. Que mistério!
Foto ilustrativa: ArtistGNDphotography by Getty Images
A epifania é esta manifestação de Jesus como Messias, Filho de Deus e Salvador do mundo. Esses “magos”, representantes das religiões pagãs, representam as primeiras nações que acolhem a Boa Nova da salvação pela Encarnação do Verbo. A vinda deles a Jerusalém para “adorar ao Rei dos Judeus” mostra que eles procuram, em Israel, a luz do Messias da estrela de Davi, aquele que será o Rei das nações. Isso significa que “a plenitude dos pagãos entra na família dos patriarcas” e adquire a mesma dignidade dos judeus.
Como escolher um presente para Jesus?
Os reis magos, que eram pagãos, souberam ver no Menino o Deus Salvador, por isso O adoraram e Lhe deram presentes. E nós, o que devemos dar a Jesus? Antes de tudo, precisamos seguir a sua Luz, a sua Estrela.
Ora, São João da Cruz disse que “amor só se paga com amor”. Jesus só nos deu amor: Sua vida, Sua morte, Sua ressurreição. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Ele é o amor! Nossos presentes ao grande Menino devem ser presentes de amor.
Ele disse na Santa Ceia: “Se me amais guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15). Então, a primeira disposição nossa deve ser de renovar o desejo de ouvir a Sua voz e obedecer-Lhe. São Jerônimo disse que “quem não conhece os Evangelhos não conhece Jesus”. O primeiro passo é conhecer o que Ele ensinou; o segundo é viver o que Ele manda.
(…)
Entregue seu coração para Ele!
Jesus veio para “tirar o pecado do mundo” (Jo 1,29); Ele é o Cordeiro imolado pelos nossos pecados. Então, o melhor presente que você pode colocar na Sua manjedoura é o propósito firme de lutar, sem tréguas, sem desanimar, sem se cansar, contra os seus pecados, pois o pecado é a única ação que pode afastá-Lo do seu coração, onde Ele quer sempre estar.
Olhe para você mesmo diante do Presépio, e pergunte ao divino Menino o que Ele quer que você mude na sua vida. Peça-lhe a sua graça, para ouvir a sua voz e ter a graça de obedecer-Lhe. Ofereça esse propósito como o seu ouro, incenso e mirra. Ele vai gostar!
Mais do que os presentes e as microlâmpadas piscando, Ele quer seu coração; todo, inteiro, sem divisão. Então, o melhor presente é entregar-Lhe o coração determinado a amá-Lo.
Natal é Jesus. Assim gostaria de começar esse texto, para que já fique explícito desde o começo qual é o verdadeiro sentido dessa festa que se aproxima. Sentido esse que fica muitas vezes em segundo plano nas celebrações, dando lugar a um consumismo desenfreado que cega o espírito que deveríamos ter nessa época.
Isso não é novo. Todos sabemos que nessa época o comércio fica aberto até mais tarde para que possamos comprar aquelas coisas de última hora. Conhecemos a correria para comprar o tender, o peru, o presente daquela pessoa que tínhamos esquecido, etc….
Também não é novidade que existe uma reação à tudo isso. Podemos ver nos jornais, revistas e internet uma grande quantidade de pessoas que criticam todo esse consumismo que vemos nessas épocas. Mas aqui percebo um grande problema que estamos vivendo atualmente. Em vários desses artigos, os autores pregam um retorno à essência do Natal, que é o sentimento de família, a magia que ronda em torno a figura do Papai Noel, as luzes que enfeitam essa época “mágica”, a inocente alegria das crianças esperando o bom velhinho descer pela chaminé e outras coisas desse tipo.
“Natal é Jesus. E não se pode confundir isso apenas com sentimentos positivos”.
Por isso comecei o texto dessa maneira. Natal é Jesus. E não se pode confundir isso apenas com sentimentos positivos. Celebramos nessa data um acontecimento real. Deus veio ao mundo em um frágil menino, filho de Nossa Senhora de Nazaré. E é isso que devemos, como católicos, anunciar para o mundo inteiro.
O mundo está descontente. Esse exemplo do consumismo de Natal é bem gráfico. Se percebe intuitivamente que estamos celebrando mal essa festa, mas não se percebe qual é a Verdade que mostra como celebrá-la bem. De uma maneira mais geral, podemos dizer que o mundo muitas vezes está triste, cansado e procura sua alegria em coisas que não podem dar, porque a alegria verdadeira de todo mundo está em encontrar-se com Deus.
“Os presentes e a festa fazem parte de tudo isso. É um tempo de verdadeira alegria, mas que precisa ser entendida, para não perder o foco”.
Mas encontrar-se com Ele não é tão simples assim. Ele não veio cheio de pompa, em um castelo imponente. Ele veio frágil, em uma manjedoura. Só o encontramos se ficamos atentos aos sinais dele em nossa vida, como os pastores que receberam a visita dos anjos e os reis magos que seguiram a estrela que os guiava. É preciso fazer silêncio e ficar atento. Exatamente o contrário do que muitas vezes fazemos nessas épocas.
Os presentes e a festa fazem parte de tudo isso. É um tempo de verdadeira alegria, mas que precisa ser entendida, para não perder o foco. Os reis magos trouxeram presentes para o menino Jesus. Presentes valiosos inclusive, ouro, incenso e mirra. Mas o fizeram sabendo porque o faziam. Tinham encontrado Jesus e essa era a alegria de cada um deles.
Mas realmente não importa se não podemos comprar nada nessa época. Existe uma música que é muito bonita, a canção do pequeno tamborileiro, que conta a história de um garotinho que havia encontrado a Jesus que tinha acabado de nascer em Belém, mas como era muito pobre, só podia tocar para Ele o seu velho tambor.
Muitos pensariam talvez que esse não é um presente digno de Deus, mas conta a música que quando Ele ouviu o toque do tambor, sorriu para o pequeno tamborileiro. Pensemos se com as nossas atitudes nesse Natal, estamos fazendo, nós também, com que Jesus sorria ou não.
Esta oração pode ser rezada diariamente, durante 9 meses: de 25 de março até 25 de dezembro, ou seja, da Anunciação até o Natal do Senhor
Ó Maria, virgem Imaculada, Porta do Céu e causa da Nossa Alegria, respondendo com generosidade ao Anúncio do Arcanjo São Gabriel, Vós pudestes dar curso ao plano de Deus para nossa salvação.
Vós fostes, pela Providência Santíssima desde toda a eternidade, constituída morada digna do Filho de Deus Encarnado. Pelo vosso “sim” e fidelidade ao Pai celeste, o Espírito Santo teceu em vosso ventre Jesus, nosso Senhor e Salvador.
Eis que desejando que o Filho de Deus que quis nascer em Vós, nasça também em meu coração e conceda-me o perdão de meus pecados, prostro-me aos vossos pés e vos imploro, com todo o fervor de minha alma, que vos digneis alcançar-me, do vosso Filho, a graça que tanto necessito… (colocar a graça).
Ouvi minha súplica, ó Virgem Santíssima, Vós que, perante o trono da Graça, sois a “Onipotência Suplicante”, enquanto vou meditando, com reverência e filial afeto, todos os momentos de dor e de alegria, de desolação e de providência, que vos acompanharam em vossa bendita e singular Gestação, na qual trouxestes em vosso ventre por nove meses o Filho do Deus Altíssimo. Amém.
Bastam as primeiras estrofes do canto natalino mais popular na Itália desde o século XVIII até nossos dias, composto por Santo Afonso Maria de Ligório, para percebermos o mistério da encarnação como alicerce da espiritualidade.
Neste mês de dezembro sinta-se convidado, a olhar para a manjedoura, para a humildade e fragilidade da criança que, entre palhas, demonstra a loucura do Amor de Deus em busca do coração do homem.
Santo Afonso deixou uma herança para os seus filhos e eles a conservam e transmitem: Diante da Manjedoura ficamos estupefatos por causa do mistério de amor. Esse espanto logo se torna encanto e em seguida leva à paixão. Esse olhar, essa contemplação, essa percepção de uma realidade amorosa, contagia a todos.
A Espiritualidade da Manjedoura é, na verdade, um grande convite: Não perceber na vida um outro sentido senão fazer de tudo para corresponder tamanho amor. O mistério da encarnação de Jesus é o início de um caminho concreto, palpável, inserido na história humana, iniciado por Deus para entrar em comunhão de amor com o ser humano.
O despojamento do Cristo, tomando a condição de servo (Fl 2,7), quer nos ajudar a celebrar bem o natal. A herança alfonsiana pode ajudar a todos num mundo onde, influenciados por tantas ideias e realidades, os homens e mulheres nem sempre percebem a grandeza do amor de Deus expressa na encarnação do Verbo Eterno que, tomando nossa condição, faz-se pobre, necessitado da atenção e do carinho humano. Deus se assemelha a nós, torna-se impotente em tudo, exceto na capacidade de amar.
Na criança da manjedoura está a manifestação plena do Amor Divino pela humanidade e, ao mesmo tempo, a expressão do amor humano por Deus. Eis a Copiosa Redenção acontecendo desde o primeiro instante: o Sim de Deus se encontra com o Sim do homem.
O Presépio (a manjedoura) juntamente com a Cruz e o Santíssimo Sacramento revelam o aniquilamento (Kénosis) de Cristo que começou na encarnação e não termina jamais, porque continua em cada Eucaristia.
Celebremos o Natal. Celebremos a Encarnação.
Santo Afonso, numa outra canção, convida-nos a contemplar uma singular realidade, a beleza de Maria, a Mãe cuidando do seu filho, o Menino Deus:
“Calaram os céus A sua harmonia Enquanto Maria Ninava Jesus. (…) “Calaram os céus A sua harmonia Enquanto Maria Ninava Jesus. (…)
Calou-se e em seu peito Cingindo o Menino, No rosto divino Um beijo lhe deu”.
Pe. Luiz Cláudio Alvez de Macedo, C. SS. R. Fonte: Revista de Aparecida
A pintura do Museu de Belas Artes de Lyon (Artista: François Boucher)
O verdadeiro Natal nunca muda, pois não muda também a compreensão do que é o Natal na alma dos católicos de verdade.
Nessas almas, mais do que o consumismo estúpido, mais do que a vermelha figura do Papai Noel, em seu trenó deslizante no verão brasileiro, mais do que a maçante Gingle Bells, exaustivamente tocada nas lojas com descartáveis produtos coloridos, ressoa o hino cantado pelos anjos “Glória in excelsis Deo”.
Ressoam as puras notas do “Puer natus est nobis, et filium nobis est datum”. Porque, para nós que “habitávamos nas sombras da morte, para nós brilhou uma grande luz”.
Que se entende, hoje, que é um “Feliz natal, para você” ? No máximo da inocência, uma [diversão] em família, com presentinhos, beijinhos e indigestão.
(…)
E quando o Natal não é tão inocente…
Quando o Natal não é tão inocente se realiza o canto pagão e naturalista; “Adeus ano velho. Feliz ano novo. Muito dinheiro no bolso. Saúde para dar e vender”.
Eis a felicidade pagã: dinheiro, saúde, prazer.
Sem Deus. Sem Redenção. Sem alma. Que triste Natal esse!
Que infeliz e decrépito ano novo, tão igual aos velhos anos do paganismo!
Será que o povo que habitava nas sombras da morte já não vê a grande luz que brilhou para ele em Belém?
Até a luz do Natal está ofuscada. E quão poucos compreendem essa luz!
No presépio se conta tudo.
Tudo está lá bem resumido. Mas o povo olha as pequenas figuras e não compreende o que significa que um Menino nos foi dado, que um Filho nasceu para nós.
No presépio se vê um Menino numa manjedoura, entre um boi e um burro…
A Virgem Maria, Mãe de Deus adorando seu Filhinho que é o Verbo de Deus encarnado, envolto em panos. São José, contemplando o Deus Menino tiritante de frio, à luz de uma tosca lanterna.
Um anjo esvoaçante sobre a cabana rústica. Uma estrela. Pastores com suas ovelhas, cabras e bodes. Um galo que canta na noite. Os Reis que chegam olhando a estrela, seguindo a estrela, para encontrar o Menino com sua Mãe.
Tudo envolto no cântico celeste dos anjos;
“Glória a Deus nas alturas! E paz, na terra, aos homens que têm boa vontade” (Luc. II, 14)
Isso aconteceu nos dias de Herodes, quando César Augusto decretou um recenseamento.
E como não havia lugar para Maria e José na estalagem, em Bethleem, terra de Davi, eles tiveram que se refugiar numa cocheira, entre um boi e um burro.
Porque assim se realizaram as profecias:
* “E tu, Bethleem Efrata, tu és a mínima entre as milhares de Judá, mas de ti há de me sair Aquele que há de reinar em Israel, e cuja geração é desde o Princípio, desde os dias da eternidade”, como profetizou o Profeta Miquéias (Mi. V, 1).
** ”O Senhor vos dará este sinal: uma Virgem conceberá, e dará à luz um filho, e seu nome será Emanuel” (Is. VII,14)
*** “O Boi conhece o seu dono, e o burro conhece o presépio de seu senhor, mas Israel não me conheceu e o meu povo não teve inteligência” profetizou Isaías muitos séculos antes (Is. I,3).
E Cristo, nos dias de Herodes, nasceu em Bethleem que quer dizer casa do pão (Beth = casa. Leem = pão).
Cristo devia nascer em Belém, casa do pão, porque Ele é o pão que desceu dos céus, para nos alimentar. Por isso foi posto numa manjedoura, para alimentar os homens.
Devia nascer num estábulo, porque recebemos a Cristo como pão do Céu na Igreja, representada pelo estábulo, visto que nas cocheiras, os animais deixam a sujeira no chão, e comem no cocho. E na Igreja os católicos deixam a sujeira de seus pecados no confessionário, e, depois, comem o Corpo e bebem o Sangue de Jesus Cristo presente na Hóstia consagrada, na mesa da comunhão.
Jesus devia nascer de uma mulher, Maria, para provar que era homem como nós. Mas devia nascer de uma Virgem — coisa impossível sem milagre — para provar que era Deus. Este era o sinal, isto é, o milagre que anunciaria a chegada do Redentor: uma Virgem seria Mãe. Nossa Senhora é Virgem Mãe. E para os protestantes, que não creem na virgindade perpétua de Maria Santíssima, para eles Maria não foi dada por Mãe, no Calvário. Pois quem não tem a Maria por Mãe, não tem a Deus por Pai.
E por que profetizou Isaías sobre o boi e o burro no presépio?
Que significam o boi e o burro?
O boi era o animal usado então, para puxar o arado na lavoura da terra.
Terra é o homem. Adão foi feito de terra. Trabalhar a terra é símbolo de santificar o homem. Ora, os judeus tinham sido chamados por Deus para ser o sal da terra e a luz do mundo, isto é, para dar vida (sal) espiritual, santidade, aos homens, e ensinar-lhes a verdade (luz).
O boi era então símbolo do judeu.
O burro, animal que simboliza falta de sabedoria, era o símbolo do povo gentio, dos pagãos, homens sem sabedoria.
Mas Deus veio salvar objetivamente a todos os homens, judeus e pagãos. Por isso, no presépio de Cristo, deviam estar o boi (o judeu) e o burro (o pagão).
Foi também por isso que Jesus subiu ao Templo montado num burrico que jamais havia sido montado, isto é, um povo pagão que não fora sujeito ao domínio de Deus. E os judeus não gostaram que o burro fosse levado ao Templo, isto é, que Cristo pretendesse levar também os pagãos à casa de Deus, à religião verdadeira. Por isso foi escrito: “mas Israel não me conheceu e o meu povo não teve inteligência”.
Como também o povo católico, hoje, já não tem inteligência para compreender o Natal, pois “coisas espantosas e estranhas se tem feito nesta terra: os profetas profetizaram a mentira, e os sacerdotes do Senhor os aplaudiram com as suas mãos. E o meu povo amou essas coisas. Que castigo não virá, pois, sobre essa gente, no fim disso tudo?” (Jer. V, 30-31).
Pois se chegou a clamar: “Glória ao Homem, já rei da Terra e agora príncipe do céu”, só porque o homem fora até a Lua num foguete, única maneira do homem da modernidade subir ao céu.
No Natal de Cristo, tudo mostra como Ele era Deus e homem ao mesmo tempo.
Como já lembramos, Ele nasceu de uma mulher, para provar que era homem como nós. Nasceu de uma Virgem, para provar que era Deus.
Como um bebê, Ele era incapaz de andar e de se mover sozinho. Como Deus, Ele movia as estrelas.
Como criança recém nascida era incapaz de falar. Como Deus fazia os anjos cantarem.
Ele veio salvar objetivamente a todos, mas nem todos o aceitaram. E Herodes quis matá-lo.
Ele chamou para junto de si, no presépio, os pastores e os Reis, para condenar a Teologia da Libertação e os demagogos pauperistas que pregam que Cristo nasceu como que exclusivamente para os pobres. É falso!
Assim como o sol brilha para todos, Deus quis salvar a todos sem acepção de pessoa. Por isso chamou os humildes e os poderosos junto à manjedoura de Belém.
Mas, dirá um seguidor do bizarro frei Betto ou do ex frei Boff, que nada compreendem do Evangelho pois o lêem com os óculos heréticos e assassinos de Fidel e de Marx, sendo “cegos ao meio dia” (Deut. XXVIII, 29): Deus tratou melhor os pastores pobres, pois lhes mandou um anjo, do que os reis poderosos, exploradores do povo, aos quais chamou só por meio de uma estrela. É verdade!!!
Deus tratou melhor aos pastores. Mas não porque eram pastores, e sim porque eram judeus. Sendo judeus, por terem a Fé verdadeira, então, mandou-lhes um sinal espiritual. Aos reis magos, porque pertenciam a um povo sem a religião verdadeira, mandou-lhes um sinal material: a estrela.
No presépio havia ovelhas e bodes, porque Deus veio salvar os bons e os pecadores.
E a Virgem envolveu o menino em panos.
Fez isso, é claro, porque o pequeno tinha frio, e por pudor.
Mas simbolicamente porque aquele Menino —que era o Verbo de Deus feito homem—, que era a palavra de Deus humanada, tinha que ser envolta em panos, pois que a palavra de Deus, na Sagrada Escritura, aparece envolta em mistério, pois não convém que a palavra de Deus seja profanada. Daí estar escrito: “A glória de Deus consiste em encobrir a palavra; e a glória dos reis está em investigar o discurso” (Prov, XXV, 2).
E “Um Menino nasceu para nós, um filho nos foi dado, e o império foi posto sobre os seus ombros, e seu nome será maravilhoso, Deus Poderoso, Conselheiro, o Deus eterno, o Príncipe da Paz” (Is. IX, 5).
Porque todos os homens, em Adão, haviam adquirido uma dívida infinita para com Deus, já que toda culpa gera dívida conforme a pessoa ofendida. E a ofensa de Adão a Deus produzira dívida infinita, que nenhum homem poderia pagar, pois todo mérito humano é finito. Só Deus tem mérito infinito. Portanto, desde Adão, nenhum homem poderia salvar-se. Todos nasceriam, viveriam e iriam para o inferno. E a humanidade jazia então nas sombras da morte.
Mas porque Deus misericordiosamente se fez homem, no seio de Maria, era um Homem que pagaria a dívida dos homens, porque esse Menino, sendo Deus, teria mérito infinito, podendo pagar a dívida do homem. Por isso, quando Ele morreu por nós, foi condenado por Pilatos, representando o maior poder humano — o Império — que O apresentou no tribunal dizendo: “Eis o Homem”. (Jo XIX, 5)
Ele era O Homem.
Era um homem que pagava os pecados dos homens assumindo a nossa natureza e nossas culpas, mas sem o pecado. Era Deus-Menino sofrendo frio e fome por nossos confortos ilícitos e nossa gula, na pobreza e no desprezo, por nossa ambição e nosso orgulho.
E os pastores e os Reis O encontraram com Maria sua Mãe, para mostrar que só encontra a Cristo quem O busca com sua Mãe.
E para demonstrar que diante de Jesus, ainda que Menino, todo poder deve dobrar o joelho.
E os pastores levaram ao Deus Menino suas melhores ovelhas, e seus melhores cabritos, enquanto os Reis Lhe levaram mirra, incenso e ouro. A mirra da penitência. O incenso da adoração. O ouro do poder.
Tudo é de Cristo.
Todos, levando esses dons, reconheciam que Ele era Deus, o Senhor de todas as coisas, Ele que dá todas as ovelhas e cabras aos pastores. Ele que dá aos Reis o poder e o ouro.
Deus é o Supremo Senhor de todas as coisas. Ele é o Soberano Absoluto a quem devemos tudo. E para reconhecer que Ele é a fonte de todos os bens que temos é que devemos levar-Lhe em oferta o melhor do que temos.
Na mensagem de Natal deste ano quis unir e partilhar com vocês três breves pensamentos de autores diferentes: do doutor da Igreja São Leão Magno, do padre espanhol Fernández Carvajal e do teólogo suíço Hans Urs von Balthasar.
Certamente os festejos natalinos deste ano serão diferentes de todos os que a nossa geração já vivenciou até agora. Se ficarmos limitados aos acontecimentos sociais, culturais e da área da saúde, talvez não encontremos motivos para nos alegrar e festejar. Praticamente desde o início deste ano, o medo e a preocupação causados pelo covid-19, vêm tomando conta da nossa forma de viver. Mas, espiritualmente somos convidados a encontrar em Jesus, no Menino-Deus, a alegria e a esperança para a nossa vida. Assim escreveu São Leão Magno: “Não pode haver tristeza quando nasce a Vida. Dissipando o temor na morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade. Ninguém está excluído da participação nessa felicidade”. Não pode existir tristeza no dia do nascimento da Alegria! Sim, Jesus é a nossa Alegria, motivo primeiro e ápice de toda a nossa existência. No dia em que Deus veio nos visitar, e morar entre nós, temos que acolher jubilosos em nosso coração o belíssimo anúncio do anjo, na ocasião para os pastores e hoje para todos nós: “Não temais, eis que vos anuncio uma Boa-Nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2, 10-11).
O texto bíblico relata que após o anuncia do anjo, os pastores foram à Belém procurar o Menino Jesus. Assim como eles, nós devemos procurá-lo e encontrá-lo, não apenas na noite de Natal, mas em todos os dias. O padre Fernández Carvajal, ao escrever uma homilia natalina, destacou: “Se Deus se fez homem e me ama, como não procura-lo? Como perder a esperança de encontrá-lo, se é Ele que me procura?” Foi Jesus, o Emanuel, que desceu do céu para vir ao nosso encontro. A iniciativa foi d’Ele! Isso é uma demonstração claríssima do seu amor benevolente por nós. Este encontro de Deus com a nossa fragilidade humana, nos enche de profunda esperança. Quando contemplamos o seu nascimento não temos dúvidas do quanto Ele nos ama. E ao contemplarmos este amor, só nos resta retribuí-lo com amor e com gratidão. Gratidão por mais um Natal que estamos celebrando, por mais um ano que estamos concluindo, mesmo que tenhamos passado por alguns contratempos. Não esqueçamos que a doce presença do Menino de Belém tem nos acompanhado até agora, e nos acompanhará por todo o sempre. Entendamos uma coisa, Ele veio nos procurar para que encontrados por Ele encontremos o único motivo que nos dá sentido de viver para além das circunstâncias adversas que estamos passando. E que o nosso encontro com Ele seja feito, não somente na noite de Natal, mas em todos os dias deste Novo Ano.
Na dinâmica cotidiana do encontro de Jesus com cada um de nós, o teólogo Von Balthasar, ressalta que: “Com o nascimento de Jesus, se iniciou para nós uma história de amor onde Deus é o roteirista, o Espírito Santo é o diretor, Jesus é o ator principal e nós somos os coadjuvantes”. Ou seja, com o Natal passamos a participar de uma belíssima história de amor onde a Trindade e cada um de nós tem um papel importantíssimo a desempenhar. Deus é o roteirista, é Ele quem escreve a nossa história. O Espírito Santo é o diretor, é Ele quem dirige e guia nossa vida. Jesus é o protagonista, é o ator principal com quem contracenamos. Somos os coadjuvantes! Sendo assim, para que esta história tenha um desfecho feliz, precisamos aceitar o roteiro que Deus escreveu para nós, precisamos nos deixar guiar pelo o Espírito Santo em todos os momentos e precisamos contracenar com Jesus. Ele é o protagonista, Ele é o centro de tudo! Temos que estar com Ele o tempo todo, em todas as cenas da nossa vida, nos momentos de dor e de alegria, de enfermidade e de saúde, de perdas e ganhos.
Queridos paroquianos, o Natal é este momento onde Jesus, a nossa Alegria, o Protagonista da nossa vida, mais uma vez quis, por iniciativa própria, vir conviver conosco e nos salvar. É Natal! Não estamos sozinhos! O Emanoel, o Deus-conosco, está entre nós. Ele nasceu para dissipar as nossas dores, doenças, medos e morte. Celebremos este grande acontecimento ao lado da Virgem Maria e de São José. Que eles intercedam por nós. Por todos os nossos familiares e amigos que são os presentes mais preciosos que o Senhor nos concedeu.
Meu afetuoso abraço a todos vocês, queridos paroquianos e filhos espirituais. Contem sempre com as minhas orações e rezem por mim também.
O agente da Pastoral Familiar Gerardo Carvalho Frota, da paróquia de Nazaré, na arquidiocese de Fortaleza (CE), enviou para o Portal Vida e Família um cordel sobre o presépio, com o título Presépio: Sinal do Natal Cristão.
Também conhecido por Pardal, Gerardo é professor, jornalista e poeta cordelista. Sua composição foi feita após a última reunião da Pastoral Familiar, na qual o padre diretor espiritual fez uma explanação sobre os personagens do presépio.
Confira:
PRESÉPIO: SINAL DO NATAL CRISTÃO
Foi na cidade de Creccio (*) Que Francisco viu uma gruta O Santo achou parecida Com a manjedoura impoluta Que o menino-Deus nasceu. Nesta hora apareceu Uma ideia resoluta:
São Francisco quis fazer Ao vivo o acontecimento Do Natal ali na gruta Pro nosso contentamento. Conta pra João Velita Que achou a ideia bonita E ajudou no grande intento!
Veja o que Francisco fez Como ele preparou Naquela gruta o PRESÉPIO Um burrinho e um boi e levou. Encheu a concha de feno Nela de um Jesus pequeno Uma imagem colocou. ____________________ (*) Cidade italiana na região de Lazio
Camponeses e pastores Dos vales das regiões Se aproximaram da gruta Cantando bela canções. Vinham com fachos de luz Era o Natal de Jesus Alegrando os corações!
À meia noite uma missa Na gruta então foi rezada. Os frades vinham de longe De região afastada E ao redor do grande altar Todos ali a coroar Uma festa inusitada.
Logo depois do evangelho O santo a todos pregava Discorreu sobre o mistério Que Deus nos proporcionava. Era tão grande a alegria Que até os lábios lambia Quando de Jesus falava!
Ao pronunciar “Belém” A sua voz parecia Com a de um anjo de paz Pois o que ali acontecia Neste verso verbalizo: “A noite no paraíso” Por tão perfeita alegria!
Depois de contada a história De como o Santo de Assis Teve a ideia do presépio Como uma força motriz. Veja agora os personagens Do PRESÉPIO e suas mensagens Pra tornar um Natal Feliz.
O primeiro personagem Foi o ANJO anunciador O famoso GABRIEL Vindo de Nosso Senhor Para dizer à MARIA A grande Graça e alegria De gestar o SALVADOR!
Maria sem entender nada Quando ouviu a saudação Do anjo que lhe abordava Estremeceu o coração. Com a divina sapiência Ela mostrou obediência Disse SIM como opção…
Depois vemos São José Que foi o pai adotivo De Jesus Menino-Deus Que num momento furtivo Achou que tinha certeza De abandonar sua princesa E tentou criar um motivo.
Temos o mais importante O Jesus Filho de Deus O Menino que nasceu Para a salvação dos seus. Aquele já anunciado Por profetas do passado Desde os tempos dos hebreus.
Nasceu num ambiente pobre Uma espécie de curral Onde só tinha capim Comida para animal. Fizeram um berço e em Jesus Se agasalhava uma luz Pra dissipar todo o mal!
Temos o jumento e o boi Que ali estão representando O jumento são os pagãos Que Jesus está chamando Para uma conversão À humildade do cristão Que estava se inaugurando.
O boi então representa A força também a bondade Do povo de Deus o hebreu O sacrifício e a humildade. O jumento e o boi se encontram Pra acabar o que lhes afrontam: Desunião e má vontade…
Temos também os pastores Homens marginalizados Pessoas que a sociedade Via cheios de pecados. Enquanto o Menino-Deus Tinha como filhos seus Muito bem abençoados…
Tem as figuras dos anjos Anunciando aos pastores A chegada do Messias Com suas vozes de cantores: “Glória a Deus Pai de bondade E aos homens de boa vontade Que da paz são construtores”.
As ovelhas por sua vez Tinham ali o seu ofício Um símbolo que Jesus Veio para o sacrifício Por todos nós pecadores Pra nos libertar das dores Que trazem tanto suplício.
Um sinal no céu surgiu Tipo uma estrela cadente Os reis magos entenderam Que o menino no oriente Nasceu conforme o profeta Traçaram logo uma meta Para lhe entregar presente!
Melchior e Baltasar E Gaspar ofereceram Presentes: Incenso e Mirra E o Ouro que enalteceram O menino ora nascido O esperado o prometido Por vates que O antecederam.
Cada presente que deram Tinha uma significação O ouro era a realeza A mirra era a paixão. O incenso era divindade De Jesus junto à Trindade Desde a sua criação…
Depois de contar a história Do presépio e suas figuras Bom será nos perguntar: Como estão nossas fissuras Na mente e no coração Na hora de ser cristão Temos fortes estruturas?
Natal comercializado É o que tem o papai noel De lucro desenfreado De venda feita a granel. Enquanto o maior presente Deve estar dentro da gente Que é Jesus o Emanuel…
Nosso natal é o cristão Pois queremos renascer Numa conversão contínua Para o amor sempre viver Um eterno natal de luz Em que o Menino Jesus Alimente nosso ser! FIM Fortaleza, dezembro/2020
O presépio é talvez a mais antiga forma de caracterização do Natal. Sabe-se que foi São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, em 1223, o primeiro a usar a manjedoura com figuras esculpidas formando um presépio, tal qual o conhecemos hoje. A idéia surgiu enquanto o santo lia, numa de suas longas noites dedicadas à oração, um trecho de São Lucas que lembrava o nascimento de Cristo. Resolveu então montá-lo em tamanho natural, em uma gruta de sua cidade. O que restou desse presépio encontra-se atualmente na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
Presépio significa em hebraico “a manjedoura dos animais”, mas a palavra é usada com freqüência para indicar o próprio estábulo. Jesus ao nascer foi reclinado em um presépio que provavelmente seria urna manjedoura, como as muitas que existiam nas grutas naturais da Palestina, utilizadas para recolher animais. Outra versão é que o presépio de Jesus era feito de barro, aproveitando-se uma saliência da rocha e adaptando-a para tal finalidade. Esta é, sem dúvida, a versão mais aceita.
O presépio de São Francisco incluía uma manjedoura, acima da qual foi improvisado um altar. Nesse cenário ocorreu a missa da meia-noite, na qual o próprio santo com a vestimenta de diácono cantou o Evangelho juntamente com o povo simples e pronunciou um sermão sobre o nascimento do Menino Jesus.
Conta-se que naquela noite especial, enquanto o santo proferia as palavras do Evangelho sobre o nascimento do Menino Jesus, todos os presentes puderam ver uma criança em seu colo, envolvida em um raio de luz. A cena foi narrada em 1229 por Tommaso da Celano, biógrafo de São Francisco de Assis. Desde então, os presépios foram se tornando cada vez mais populares e, além das figuras tradicionais do Menino Jesus deitado na manjedoura, Maria e José, acabaram incluindo uma enorme variedade de personagens como os pastores, os Reis Magos, a estrela e os animais.
No Brasil, em muitos estados do Nordeste, até hoje a montagem dos presépios é acompanhada de danças e festejos conhecidos como Pastorinhas, versões brasileiras dos autos de Natal, que eram encenações do nascimento de Jesus típicas de algumas regiões da Europa, como a Provença, na França.
O verdadeiro Natal nunca muda, pois não muda também a compreensão do que é o Natal na alma dos católicos de verdade.
Nessas almas, mais do que o consumismo estúpido, mais do que a vermelha figura do Papai Noel, em seu trenó deslizante no verão brasileiro, mais do que a maçante Gingle Bells, exaustivamente tocada nas lojas com descartáveis produtos coloridos, ressoa o hino cantado pelos anjos “Glória in excelsis Deo”.
Ressoam as puras notas do “Puer natus est nobis, et filium nobis est datum”. Porque, para nós que “habitávamos nas sombras da morte, para nós brilhou uma grande luz”.
Que se entende, hoje, que é um “Feliz natal, para você” ? No máximo da inocência, um regabofe em família, com presentinhos, beijinhos e indigestão.
E quando o Natal não é tão inocente…
Quando o Natal não é tão inocente se realiza o canto pagão e naturalista; “Adeus ano velho. Feliz ano novo. Muito dinheiro no bolso. Saúde para dar e vender”.
Eis a felicidade pagã: dinheiro, saúde, prazer.
Sem Deus. Sem Redenção. Sem alma. Que triste Natal esse!
Que infeliz e decrépito ano novo, tão igual aos velhos anos do paganismo!
Será que o povo que habitava nas sombras da morte já não vê a grande luz que brilhou para ele em Belém?
Até a luz do Natal está ofuscada. E quão poucos compreendem essa luz!
No presépio se conta tudo.
Tudo está lá bem resumido. Mas o povo olha as pequenas figuras e não compreende o que significa que um Menino nos foi dado, que um Filho nasceu para nós.
No presépio se vê um Menino numa manjedoura, entre um boi e um burro…
A Virgem Maria, Mãe de Deus adorando seu Filhinho que é o Verbo de Deus encarnado, envolto em panos. São José, contemplando o Deus Menino tiritante de frio, à luz de uma tosca lanterna.
Um anjo esvoaçante sobre a cabana rústica. Uma estrela. Pastores com suas ovelhas, cabras e bodes. Um galo que canta na noite. Os Reis que chegam olhando a estrela, seguindo a estrela, para encontrar o Menino com sua Mãe.
Tudo envolto no cântico celeste dos anjos;
“Glória a Deus nas alturas! E paz, na terra, aos homens que têm boa vontade” (Luc. II, 14)
Isso aconteceu nos dias de Herodes, quando César Augusto decretou um recenseamento.
E como não havia lugar para Maria e José na estalagem, em Bethleem, terra de Davi, eles tiveram que se refugiar numa cocheira, entre um boi e um burro.
Porque assim se realizaram as profecias:
* “E tu, Bethleem Efrata, tu és a mínima entre as milhares de Judá, mas de ti há de me sair Aquele que há de reinar em Israel, e cuja geração é desde o Princípio, desde os dias da eternidade”, como profetizou o Profeta Miquéias (Mi. V, 1).
** ”O Senhor vos dará este sinal: uma Virgem conceberá, e dará à luz um filho, e seu nome será Emanuel” (Is. VII,14)
*** “O Boi conhece o seu dono, e o burro conhece o presépio de seu senhor, mas Israel não me conheceu e o meu povo não teve inteligência” profetizou Isaías muitos séculos antes (Is. I,3).
E Cristo, nos dias de Herodes, nasceu em Bethleem que quer dizer casa do pão (Beth = casa. Lêem = pão).
Cristo devia nascer em Belém, casa do pão, porque Ele é o pão que desceu dos céus, para nos alimentar. Por isso foi posto numa manjedoura, para alimentar os homens.
Devia nascer num estábulo, porque recebemos a Cristo como pão do Céu na Igreja, representada pelo estábulo, visto que nas cocheiras, os animais deixam a sujeira no chão, e comem no cocho. E na Igreja os católicos deixam a sujeira de seus pecados no confessionário, e, depois, comem o Corpo e bebem o Sangue de Jesus Cristo presente na Hóstia consagrada, na mesa da comunhão.
Jesus devia nascer de uma mulher, Maria, para provar que era homem como nós. Mas devia nascer de uma Virgem — coisa impossível sem milagre — para provar que era Deus. Este era o sinal, isto é, o milagre que anunciaria a chegada do Redentor: uma Virgem seria Mãe. Nossa Senhora é Virgem Mãe. E para os protestantes, que não crêem na virgindade perpétua de Maria Santíssima, para eles Maria não foi dada por Mãe, no Calvário. Pois quem não tem a Maria por Mãe, não tem a Deus por Pai.
E por que profetizou Isaías sobre o boi e o burro no presépio?
Que significam o boi e o burro?
O boi era o animal usado então, para puxar o arado na lavoura da terra.
Terra é o homem. Adão foi feito de terra. Trabalhar a terra é símbolo de santificar o homem. Ora, os judeus tinham sido chamados por Deus para ser o sal da terra e a luz do mundo, isto é, para dar vida (sal) espiritual, santidade, aos homens, e ensinar-lhes a verdade (luz).
O boi era então símbolo do judeu.
O burro, animal que simboliza falta de sabedoria, era o símbolo do povo gentio, dos pagãos, homens sem sabedoria.
Mas Deus veio salvar objetivamente a todos os homens, judeus e pagãos. Por isso, no presépio de Cristo, deviam estar o boi (o judeu) e o burro (o pagão).
Foi também por isso que Jesus subiu ao Templo montado num burrico que jamais havia sido montado, isto é, um povo pagão que não fora sujeito ao domínio de Deus. E os judeus não gostaram que o burro fosse levado ao Templo, isto é, que Cristo pretendesse levar também os pagãos à casa de Deus, à religião verdadeira. Por isso foi escrito: “mas Israel não me conheceu e o meu povo não teve inteligência”.
Como também o povo católico, hoje, já não tem inteligência para compreender o Natal, pois “coisas espantosas e estranhas se tem feito nesta terra: os profetas profetizaram a mentira, e os sacerdotes do Senhor os aplaudiram com as suas mãos. E o meu povo amou essas coisas. Que castigo não virá, pois, sobre essa gente, no fim disso tudo?” (Jer. V, 30-31).
Pois se chegou a clamar: “Glória ao Homem, já rei da Terra e agora príncipe do céu”, só porque o homem fora até a Lua num foguete, única maneira do homem da modernidade subir ao céu.
No Natal de Cristo, tudo mostra como Ele era Deus e homem ao mesmo tempo.
Como já lembramos, Ele nasceu de uma mulher, para provar que era homem como nós. Nasceu de uma Virgem, para provar que era Deus.
Como um bebê, Ele era incapaz de andar e de se mover sozinho. Como Deus, Ele movia as estrelas.
Como criança recém nascida era incapaz de falar. Como Deus fazia os anjos cantarem.
Ele veio salvar objetivamente a todos, mas nem todos o aceitaram. E Herodes quis matá-lo.
Ele chamou para junto de si, no presépio, os pastores e os Reis, para condenar a Teologia da Libertação e os demagogos pauperistas que pregam que Cristo nasceu como que exclusivamente para os pobres. É falso!
Assim como o sol brilha para todos, Deus quis salvar a todos sem acepção de pessoa. Por isso chamou os humildes e os poderosos junto à manjedoura de Belém.
Mas, dirá um seguidor do bizarro frei Betto ou do ex frei Boff, que nada compreendem do Evangelho pois o lêem com os óculos heréticos e assassinos de Fidel e de Marx, sendo “cegos ao meio dia” (Deut. XXVIII, 29): Deus tratou melhor os pastores pobres, pois lhes mandou um anjo, do que os reis poderosos, exploradores do povo, aos quais chamou só por meio de uma estrela. É verdade!!!
Deus tratou melhor aos pastores. Mas não porque eram pastores, e sim porque eram judeus. Sendo judeus, por terem a Fé verdadeira, então, mandou-lhes um sinal espiritual. Aos reis magos, porque pertenciam a um povo sem a religião verdadeira, mandou-lhes um sinal material: a estrela.
No presépio havia ovelhas e bodes, porque Deus veio salvar os bons e os pecadores.
E a Virgem envolveu o menino em panos.
Fez isso, é claro, porque o pequeno tinha frio, e por pudor.
Mas simbolicamente porque aquele Menino —que era o Verbo de Deus feito homem—, que era a palavra de Deus humanada, tinha que ser envolta em panos, pois que a palavra de Deus, na Sagrada Escritura, aparece envolta em mistério, pois não convém que a palavra de Deus seja profanada. Daí estar escrito: “A glória de Deus consiste em encobrir a palavra; e a glória dos reis está em investigar o discurso” (Prov, XXV, 2).
E “Um Menino nasceu para nós, um filho nos foi dado, e o império foi posto sobre os seus ombros, e seu nome será maravilhoso, Deus Poderoso, Conselheiro, o Deus eterno, o Príncipe da Paz” (Is. IX, 5).
Porque todos os homens, em Adão, haviam adquirido uma dívida infinita para com Deus, já que toda culpa gera dívida conforme a pessoa ofendida. E a ofensa de Adão a Deus produzira dívida infinita, que nenhum homem poderia pagar, pois todo mérito humano é finito. Só Deus tem mérito infinito. Portanto, desde Adão, nenhum homem poderia salvar-se. Todos nasceriam, viveriam e iriam para o inferno. E a humanidade jazia então nas sombras da morte.
Mas porque Deus misericordiosamente se fez homem, no seio de Maria, era um Homem que pagaria a dívida dos homens, porque esse Menino, sendo Deus, teria mérito infinito, podendo pagar a dívida do homem. Por isso, quando Ele morreu por nós, foi condenado por Pilatos, representando o maior poder humano — o Império — que O apresentou no tribunal dizendo: “Eis o Homem”. (Jo XIX, 5)
Ele era O Homem.
Era um homem que pagava os pecados dos homens assumindo a nossa natureza e nossas culpas, mas sem o pecado. Era Deus-Menino sofrendo frio e fome por nossos confortos ilícitos e nossa gula, na pobreza e no desprezo, por nossa ambição e nosso orgulho.
E os pastores e os Reis O encontraram com Maria sua Mãe, para mostrar que só encontra a Cristo quem O busca com sua Mãe.
E para demonstrar que diante de Jesus, ainda que Menino, todo poder deve dobrar o joelho.
E os pastores levaram ao Deus Menino suas melhores ovelhas, e seus melhores cabritos, enquanto os Reis Lhe levaram mirra, incenso e ouro. A mirra da penitência. O incenso da adoração. O ouro do poder.
Tudo é de Cristo.
Todos, levando esses dons, reconheciam que Ele era Deus, o Senhor de todas as coisas, Ele que dá todas as ovelhas e cabras aos pastores. Ele que dá aos Reis o poder e o ouro.
Deus é o Supremo Senhor de todas as coisas. Ele é o Soberano Absoluto a quem devemos tudo. E para reconhecer que Ele é a fonte de todos os bens que temos é que devemos levar-Lhe em oferta o melhor do que temos.
Muitas e grandiosas são as glórias de Maria Santíssima, pelas quais não cessam de propagar e cantar seus louvores todos os seus servos. Não apenas os anjos e santos nos céus, mas também nós os pecadores glorificamos com confiança todos os dias a tão excelsa mãe. Não podia portanto, a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada,calar-se a respeito da mais sublime de todas as criaturas. Apresentaremos um pequeno resumo de como as Sagradas Escrituras exaltam e testemunham às glórias de Nossa Senhora.
“Entrando o anjo disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo’” ( Lc 1, 28 )
Eis, proclamado pelo próprio anjo Gabriel, o privilégio extraordinário da Imaculada Conceição de Maria e sua santidade perene. Quando a Igreja chama Maria de “Imaculada Conceição” quer dizer que a mesma, desde o momento de sua concepção foi isenta – por graça divina – do pecado original. Se Maria Santíssima tivesse sido gerada com o pecado herdado de Adão ou tivesse qualquer pecado pessoal, o Arcanjo Gabriel teria mentido chamando-a de “cheia de graça”.Pois, onde existe esta “graça transbordante” não pode coexistir o pecado. Por isso, esta boa Mãe é também chamada pelos seus servos de “Santíssima Virgem”. Os santos ensinaram que não convinha a Jesus Cristo, o Santíssimo, ser gerado e nascer de uma criatura imperfeita e pecadora. Como podia o Santíssimo Deus, Jesus Cristo, ser engendrado num receptáculo que não fosse digno Dele? Pois, Ele mesmo, ensina no Evangelho, que não se coloca vinho novo e bom em odres velhos e defeituosos (Lc 5, 37 ). Eis porque, o Criador elevou Maria, a este “Vaso Insigne de Devoção”, a tão grande santidade.
“Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” ( Lc 1, 38 )
Maria,ao dizer seu “sim” incondicional ao convite de Deus, introduz no mundo o Verbo Divino, Jesus Cristo. E, fato assombroso: a criatura gera o seu Criador segundo a natureza humana. Jesus poderia ter vindo ao mundo de diversos modos. Mas, Deus a ama tanto, que quis precisar nascer e depender dela, enquanto homem. Maria, com sua sagrada gravidez inicia o restabelecimentoda amizade entre Deus e os homens, conforme está escrito: “Por isso,Deus os abandonará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz” ( Miq 5,2 ). Com este “sim” incondicional ao projeto de Deus, Maria cumpre também, a primeira de todas as profecias bíblicas. Pois o Criador disse à serpente: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tul he ferirás o calcanhar” ( Gn 3, 15). O texto evidentemente faz alusão à Maria. Pois qual mulher poderia ferir a cabeça do demônio? Somente aquela que trouxe ao mundo o Salvador, Cristo Jesus. Maria ao aceitar a missão que Deuslhe confiava e ao gerar a Jesus Cristo “feriu” a cabeça do inimigo. O inimigo por sua vez, agindo na pessoa de Herodes, dos algozes do Calvário e ainda hoje nos adversários de Cristo, continuamente lhe “fere o calcanhar”. Assim, esta Doce Princesa iniciou a devastação do reino de Satanás. Reino de Morte que será destruído totalmente pelo seu filho JesusCristo, nosso Único Senhor.
“Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada” ( Lc 1, 48 )
Os santos proclamam a profunda intimidade dela com a Santíssima Trindade: Filha deDeus Pai, esposa do Espírito Santo, mãe de Deus Filho! O Espírito Santo profetiza pelos lábios de Maria, que daquele momento em diante de geração em geração, isto é, para sempre, todos os cristãos proclamariam sua bem-aventurança. Feliz a religião [Igreja Católica]que a enaltece e a glorifica! Felizes os seus filhos que exaltando-a e enaltecendo-a cumprem fielmente esta profecia.
“Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor ? “ ( Lc 1, 43)
Isabel, mulher idosa e santa, esposa de Zacarias, mãe de João Batista desmancha-se em elogios àquela jovem que foi até sua casa para servir! Que lição de humildade a tantas pessoas que com sua “sabedoria” (que na verdade é pestífera loucura) evitam tributar à Santa Mãe de Deus os louvores que ela merece, temendo que isto diminua a glória devida a Jesus Cristo. Esquecem, então, que o Espírito Santo mesmo ensina, que o louvor dirigido aos pais é grande honra para o filho (conf. Eclo 3, 13 ). Preferem portanto, os verdadeiros filhos de Maria, em todos os tempos, lugares e momentos, exaltarema Virgem, imitando o exemplo de Santa Isabel, para serem seguidores fiéis da Sagrada Escritura.
“Poisassim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceude alegria no meu seio”( Lc 1, 44 )
Cristo testemunhou a respeito de João Batista: “dos nascidos de mulher nenhum foi maior que João” ( cf. Lc 7 28 ). Pois bem. Este mesmo João Batista, que Jesus Cristo declara ter sido maior que todos os Patriarcas, Profetas e Santos do Antigo Testamento, ao ouvir a doce voz de Maria “estremeceude alegria”. O Espírito Santo, que nele habitava, exultou de alegria ao ouvir a voz da doce Mãe! Não é, pois justo, a nós que somos os últimos de todos, exultar de alegria ao ouvir o doce nome de Maria? Não nos é sumamentenecessário imitar o Espírito Santo? Não é proveitoso para os cristãos imitaremo gesto de São João Batista?
Bendito os servos de Deus, que não se cansam de se alegrar e cantar os louvores desta Senhora, imitando assim o gesto do Divino Esposo e de São João Batista, o maior profeta da Antiga Aliança.
“Euma espada transpassará a tua alma” ( Lc 2, 35 )
Umal ança transpassou o coração do Cristo na Cruz. Uma espada de dor transpassou o coração de Maria no Calvário! Deus revela ao profeta Simeão, como Nossa Senhora estaria intimamente ligada a Jesus Cristo no momento da Sagrada Paixão. Ninguém,em toda a terra, em todos as épocas, esteve mais intimamente ligado a Jesus naquele dramático momento que sua Santíssima Mãe. Portanto que, junto com o sacrifício expiatório, doloroso e único de Jesus Cristo, no Calvário, subiu também aos céus, como oferta agradabilíssima diante de Deus, o sacrifício doloroso de Nossa Senhora.
“Comoviesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: ‘Eles não tem mais vinho’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou’. Disse então sua mãe aos serventes: ‘Fazei o que ele vos disser’”(Jo 2, 3 – 5 )
Na festa do casamento de Caná, Jesus iniciou seu ministério. Ministério, aliás,composto por pregação e “obras” (milagres). A Santíssima mãe percebeu a dificuldade daquela família, que não tinha vinho para os convidados. A boa Senhora é vigilante, e os servos dela sabem, que ela vigia sobre eles, mesmo quando não se apercebem dessa vigilância. Jesus afirmou então claramentea Maria que, ainda não era o momento para iniciar seu ministério com um prodígio, pois disse: “minha hora ainda não chegou”. ASantíssima mãe, conhecendo profundamente o filho, mesmo diante da aparente recusa, o “obriga” docemente a antecipar sua missão. E assim, sem discussão, na mais plena confiança, diz aos serventes: “façam o queele lhes disser”. Grandíssima confiança! Assim, aquela que o introduziu no mundo segundo a carne, o introduz agora no seu ministério, pela sua intercessão. Feliz a família que tiver por mãe esta doce Senhora. Suaintercessão é infinitamente mais eficaz do que as orações de todos os santos que pedem sem cessar pelos habitantes da terra ( conf. Ap 6, 9-10 . 8, 3-4 ; II Mac 15,11-16 ).
“Disse-lhe alguém: ‘Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te’. Jesus respondeu:‘Quem são meus irmãos e minha mãe? (…) Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe’. ( Mt 47, 49-50 )
Somente pertencemos a Cristo na medida em que pertencermos à nossa Mãe Santíssima. “Quem são meus irmãos e minha mãe?” pergunta o Cristo. E aponta para os seusdiscípulos: “eis aqui a minha família!”. E, doravante, somente os que forem discípulos do mestre, ouvindo as suas palavras e as cumprindo poderão pertencer plenamente a esta família. Por isto, como doce discípula, Maria “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” ( Lc 2, 19.51). Meditava e as guardava! Eis o exemplo da perfeita discípula. Maria, com efeito, não é mãe apenas na carne, mas na vida toda, na alma e na total obediência ao seu Divino Filho.
Alguns,que não amam suficientemente a Santíssima Virgem, usam estes versículos acima, justamente contra ela, tentando convencer-nos de que Jesus a teria desprezado naquele momento. Esses “estudiosos” esquecem que Jesus jamais desprezaria sua mãe, conforme ensina o próprio Espírito Santo: “Apenas o filho insensato despreza sua mãe” ( Pr 15, 20 ). E assim, com estainterpretação desastrosa, que espalham ardorosamente, ofendem não apenas a boa Mãe, como blasfemam contra Jesus Cristo, como se o mesmo fosse violador do sagrado mandamento: “Honra teu Pai e tua Mãe” ( Ex 20,12 eDeut 5,16 ).
“Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis aí teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’” (Jo 19, 26-27 )
O apóstolo João, aos pés da cruz, o único discípulo presente, representava todos os discípulos. Neste momento, Jesus consagrou Maria, Mãe espiritual dos apóstolos. Mais ainda: João representava também, todos os homens e mulheres, detodos os lugares e de todos os tempos, que a partir daquele momento ganharam Maria como sua Mãe espiritual. Isto está de acordo com o testemunho deste mesmo apóstolo, que em outra parte diz: “O Dragão se irritou contra a mulher (Maria) (…) e sua descendência, aqueles que guardam os mandamentos de Deus(…)” ( Ap 12, 17 ).
MariaSantíssima não teve outros filhos naturais. Permaneceu sempre virgem, como era do conhecimento universal dos primeiros cristãos até os nossos dias. Mas,muitos insistem em “presenteá-la” com filhos naturais que el não teve. Fazem isto, para diminuírem a glória de Jesus Cristo, bem como para esvaziarem Maria de sua maternidade universal. Se Jesus tivesse irmãos carnais,não teria entregue sua Mãe aos cuidados de João Evangelista. Seus próprios irmãos naturais cuidariam dela, como era dever sacratíssimo na época e ainda hoje. Além disso, citam aqueles que não amam a Virgem Maria algumas passagens bíblicas como a seguinte: “Não se chama a sua mãe Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?” ( Mt 13,55 ), querendo com isto provar que Nossa Senhora teve outros filhos. Esquecem ou ignoram, que nos tempos de Cristo, todos os parentes eram chamados “irmãos”. Ea própria Bíblia prova isto, pois dos quatro “irmãos” acima citados, lemos que a verdadeira mãe de Tiago e José era uma outra Maria, irmãd e Nossa Senhora e casada com Cleofas ( Jo 19,25 e Mc 15,40 ). E que Judas era irmão de Tiago Maior (Jud 1,1 ) filho de Alfeu ( Mt 10, 2-4 ). Ora, Cleofas e Alfeu designam a mesma pessoa, pois são formas gregas do aramaico Claphai. Segundo o historiador Hegesipo (século II) este Claphai era irmão de S. José. Logo não eram filhos naturais de Maria e José. Eram de sua parentela, mas nãod e sua filiação. Além disso, os primeiros cristãos, que conheceram Jesus e os apóstolos, nos escritos que nos deixaram, todos testemunharam que Maria sempre permaneceu virgem, não tendo jamais outros filhos. Sobre estes inventores de novidades a Bíblia nos previne: “Haverá entre vós falsos profetas (…)muitos seguirão as suas doutrinas dissolutas (…) e o caminho da verdade cairáem descrédito” ( II Pe 2, 1-2 ).
“E desta hora em diante o discípulo a levou para a sua casa” ( Jo 19,27 )
Daquela hora em diante, S. João levou a Santa Mãe para sua casa. Primeiramente para sua“casa espiritual”, sua alma. Esse é o motivo pelo qual era o discípulo que Jesus mais amava. Porque também, era o discípulo mais afeiçoado a Maria. Depois, levou-a para sua casa material, seu lar. Assim também, o verdadeiro filho de Nossa Senhora, a exemplo de S. João, deve levar esta boa mãe para seu “lar espiritual”, no recesso mais íntimo de nossa vida espiritual. E convidá-la também para habitar nossas casas, onde sua presença maternal poderá ser recordada através de quadros e imagens. Estas imagens serão para os servos de Maria, uma lembrança contínua e consoladora de sua presença e proteção, da mesma forma que o próprio Deus, antigamente,consagrou o uso das sagradas imagens e esculturas no culto divino (conf. Nm21, 8-9 ; Ex 25, 18-20 ; I Reis 6,23-28 etc ), para recordar, a sua presença amorosa no meio do seu povo, Israel.
“Todos eles perseveravam unanimemente em oração, juntamente com as mulheres, entre elas, Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele” ( At 1,14 ).
No cenáculo, no dia de Pentecostes, Maria juntamente com os discípulos suplicavampara que viesse o Espírito Santo sobre todos. E assim, foi fundada a Igreja naquele dia. Maria, uma vez tendo introduzido o Cristo no mundo, depois tendo inaugurado seu ministério nas bodas de Caná, agora intercede, introduzindo einaugurando a ação do Espírito Santo sobre a Igreja nascente. Eis a mãe da Igreja com seus filhos.
“Apareceuem seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida de sol, a lua debaixodos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas” ( Ap 12, 1)
No Apocalipse, João contempla nesta visão três verdades a respeito de Maria: sua Assunção, sua glorificação, sua maternidade espiritual. O Apocalipse afirma que esta mulher “estava grávida e (…) deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações…” ( Ap 12, 2.5 ). Qual mulher,que de fato, esteve grávida de Jesus senão a Santíssima Virgem? (conf. Is 7,14 ). Muitos contestam, dizendo que esta mulher é símbolo da Igreja nascente. Mas, a Igreja nunca esteve “grávida” de Jesus Cristo. Não é a aIgreja que nos gerou Cristo. Antes, foi Ele que gerou a Igreja. Foi Ele que a estabeleceu e a sustentou. E para provar que esta mulher é exclusivamente Nossa Senhora, em outro lugar está escrito: “O Dragão (…) perseguiu a Mulher que dera à luz o Menino” ( Ap 12, 13 ). A Igreja teria dado à luz a um Menino? Evidente que não! Portanto esta mulher refulgente é unicamente Nossa Senhora, pois foi ela unicamente que gerou “o menino” prometido nas Escrituras: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz (…) Porque nasceu para nós um menino (…) e Ele se chama Conselheiro, Admirável, Deus Forte, Pai para Sempre, Príncipe da Paz” (Is 9, 1-5).
Tambémas Sagradas Letras, nos dizem que ela se encontrava com “dores, sentindo as angústias de dar à luz” (Ap 12, 2). Essas dores e angústias foram as dificuldades que cercaram aquele bendito parto: a viagem desconfortável, o frio, a humilhação, a pobreza, a falta de hospedagem.
Diz ainda: “(o Dragão) deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz (…) para lhe devorar o Filho (…) A Mulher fugiu para o deserto, onde (…) foi sustentada por mil duzentos e sessenta dias” ( Ap 12, 4.6 ). De fato, o demônio atentou contra a vida de Jesus desde seu nascimento, na pessoado perseguidor Herodes. Maria fugiu então com o filho para o deserto ( Egito ). Lá ficou por aproximadamente mil e duzentos e sessenta dias (três anos e meio). Ou seja, do ano 7 AC, ano do nascimento de Jesus, conforme atualmente sem acredita, até março-abril do ano 4 AC, ano da morte de Herodes. Perfazendo os três anos e meio de exílio, nos quais a Sagrada Família foi sustentada pela Providência Divina.
Portanto,todos esses versículos, confirmam três verdades referentes à Maria: sua assunção aos céus. Pois o apóstolo a contempla revestida de sol, já estabelecida desde agora na glória prometida aos justos pelo seu Filho, quando disse “Os justos resplandecerão como o sol” ( Mt 13,43 ).
Confirma incontestavelmente sua realeza espiritual, pois a mesma se apresenta coroada com doze estrelas, símbolo das doze tribos de Israel e dos doze apóstolos. Portanto, Rainha do Antigo e do Novo Testamento.
Porfim, confirma sua maternidade espiritual, pois diz o Espírito Santo: ” (O Dragão ) se irritou contra a Mulher (Maria) e foi fazer guerra ao resto desua descendência ( seus filhos espirituais ), os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” ( Ap 12, 17 ).
Somos de sua descendência apenas se nos comprometermos com o Cristo Jesus, guardando os seus mandamentos e testemunhando-o como nosso Único e Suficiente Senhor e Salvador. Graças!
“Eis a Esperança dos pecadores” – não há pecado tão terrível que não possa ser perdoado pela intercessão de Maria Santíssima, quando há arrependimento…
São Boaventura anima os pecadores nestes termos:
Que deves fazer, se por causa de teus pecados temes a vingança de Deus? Vai, recorre a Maria, que é a esperança dos pecadores.
Estás, porém, receoso de que Ela não queira tomar tua defesa? Pois então fica sabendo que é impossível uma tal repulsa; pois o próprio Deus encarregou-a de ser o refúgio dos pecadores.
É lícito de um pecador desesperar de sua salvação quando a própria Mãe do Juiz se lhe oferece por Mãe e advogada? Pergunta o Abade Adão de Perseigne.
E continua: Vós, ó Maria, que sois Mãe de Misericórdia, recusaríeis interceder junto ao vosso Filho que é Juiz, por um filho vosso que é pecador? Em favor de uma alma recusaríeis falar ao Redentor, que morreu na Cruz para salvar os pecadores?
Não; não podeis fazê-lo; pelo contrário, de coração vos empenhais por todos os que vos invocam.
Pois sabeis perfeitamente que aquele Senhor, que constituiu vosso Filho medianeiro de paz entre Deus e o homem, também vos constituiu a vós medianeira entre o juiz e o réu.
Agradece, portanto, ao Senhor que te deu uma tão grande medianeira, exorta São Bernardo.
Por manchado de crimes, por envelhecido que sejas na iniquidade, não percas a confiança, ó pecador.
Dá graças ao Senhor que em sua nímia misericórdia não só te deu o Filho por advogado, senão também para aumento de tua confiança te concedeu essa grande medianeira, cujos rogos tudo alcançam. Recorre, pois, a Maria e serás salvo.
Exemplo.
Como narram os Anais da Companhia de Jesus, viva em Bragança de Portugal um moço que era associado da Congregação Mariana.
Infelizmente, deixou a Congregação e levou uma vida muito perdida. Chegou ao ponto de um dia resolver-se a dar cabo da vida, atirando-se a um rio.
Mas, antes de executar seu tenebroso plano, lembrou-se em boa hora de recomendar-se a Nossa Senhora. Disse-lhe: Outrora eu era mariano e levava uma vida piedosa. Ó Maria, ajudai-me também agora.
Pareceu-lhe então ver Nossa Senhora e ouvir as palavras: Que vais fazer? Queres perder ao mesmo tempo a alma e o corpo? Vai, confessa-te e volta à Congregação mariana.
O moço caiu em si. Agradeceu à Santíssima Virgem a graça recebida e mudou de vida.
Fonte: retirado do livro “Glórias de Maria” de Santo Afonso de Ligório.
Os Três Reis Magos ou simplesmente “Os Magos”, a que a tradição deu os nomes de Melchior, Baltazar e Gaspar, são personagens da narrativa cristã que visitaram Jesus após o seu nascimento (Evangelho de Mateus). A Escritura diz “uns magos”, que não seriam, portanto, reis nem necessariamente três mas, talvez, sacerdotes da religião zoroástrica da Pérsia ou conselheiros. Como não diz quantos eram, diz-se três pela quantia dos presentes oferecidos.
Talvez fossem astrólogos ou astrónomos, pois, segundo consta, viram uma estrela e foram, por isso, até a região onde nascera Jesus, dito o Cristo. Assim os magos, sabendo que se tratava do nascimento de um rei, foram ao palácio do rei Herodes em Jerusalém. Perguntaram-lhe sobre a criança mas ele disse nada saber. No entanto, Herodes alarmou-se e sentiu-se ameaçado e pediu aos magos que, se encontrassem o menino, o informassem, pois iria adorá-lo também, embora suas intenções fossem a de matá-lo.
A estrela, conta o evangelho, precedia-os e parou sobre o local onde estava o menino Jesus. “E vendo a estrela, alegraram-se eles com grande e intenso júbilo” (Mt 2, 10). Os Magos ofereceram três presentes ao menino Jesus, ouro, incenso e mirra, cujo significado e simbolismo espiritual é, juntamente com a própria visitação dos magos, um resumo do evangelho e da fé cristã, embora existam outras especulações respeito do significado das dádivas dadas por eles: o ouro pode representar a realeza (eles procuravam o “Rei dos Judeus”); o incenso pode representar a fé, pois o incenso é usado nos templos para simbolizar a oração que chega a Deus; a mirra, resina antiséptica usada em embalsamamentos desde o Egipto antigo, remete-nos para o género da morte de Jesus, o martírio, sendo que um composto de mirra e aloés foi usado no embalsamamento de Jesus (João 19, 39 e 40).
“Sendo prevenidos em sonhos a não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra” (Mt 2, 12). Nada mais a Escritura diz sobre essa história cheia de poesia, não havendo também quaisquer outros documentos históricos sobre eles.
A melhor descrição dos reis magos foi feita por São Beda, o Venerável (673-735), que no seu tratado “Excerpta et Colletanea” assim relata: “Melchior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltazar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz”.
Quanto a seus nomes, Gaspar significa “Aquele que vai inspecionar”, Melchior quer dizer: “Meu Rei é Luz”, e Baltazar se traduz por “Deus manifesta o Rei”.
Como se pretendia dizer que simbolizavam os reis de todo o mundo, representariam as três raças humanas existentes, em idades diferentes. Segundo a mesma tradição, Melchior entregou-Lhe ouro em reconhecimento da realeza; Gaspar, incenso em reconhecimento da divindade; e Baltazar, mirra em reconhecimento da humanidade.
A exegese vê na chegada dos reis magos o cumprimento a profecia contida no livro dos Salmos (Sl. 71, 11): “Os reis de toda a terra hão de adorá-Lo”.
Devido ao tempo passado até que os Magos chegassem ao local onde estava o menino, por causa da distância percorrida e da visita a Herodes, a tradição atribuiu à visitação dos Magos o dia 6 de Janeiro. Algumas Conferências Episcopais decidiram, contudo, celebrar a festa da Epifania no primeiro domingo de Janeiro (quando não coincide com o dia 1)
Devemos aos Magos a troca de presentes no Natal. Dos presentes dos Magos surgiu essa tradição em celebração do nascimento de Jesus. Em diversos países a principal troca de presentes é feita não no Natal, mas no dia 6 de Janeiro, e os pais muitas vezes se disfarçam de reis magos.
É com muita alegria que celebramos a Epifania do Senhor dia 3 de janeiro no Brasil. Com essa solenidade, encerramos o Tempo do Natal!
Mas, afinal de contas, o que é a Epifania do Senhor?
A palavra “epifania” significa “manifestação”. Sendo assim, a epifania do Senhor é a manifestação de Deus!
Mas, para entendermos profundamente essa solenidade, precisamos olhar um pouco para trás, precisaremos olhar para o Gênesis! Quando Deus criou o paraíso, Adão e Eva viviam em perfeita harmonia, mas, com o pecado original, o mundo virou de cabeça para baixo.
Porém, Deus não abandona o seu povo. Para reestabelecer a ordem o Senhor enviou o seu Filho Único ao mundo como nosso Redentor. Desde então, todos os profetas anunciaram a vinda do Messias, como podemos ver relatado no Antigo Testamento.
No dia de hoje, cuja data também é reconhecida como Festa dos Reis Magos, comemoramos a primeira manifestação de Deus em Jesus, que aconteceu diante daqueles homens – os três Reis Magos – que guiados por uma estrela, se depararam com Jesus, Nossa Senhora e São José, em um humilde estábulo na cidade de Belém.
No entanto, precisamos entender que Deus ainda continua manifestando o seu amor no mundo, de diversas formas! Todas as vezes que participamos da Santa Missa, por exemplo, renovamos o Sacrifício de Jesus!
Que possamos estar atentos, para sempre acolher as manifestações do amor de Deus em nossa vida!
Alguns pensam que celebrar o Natal é comemorar o aniversário de Jesus; alguns chegam até a cantar “parabéns pra você”! Coisa totalmente fora de propósito, contrária ao sentimento da Igreja e fora do sentido da celebração dos cristãos…
Então, se não celebramos o aniversário de Jesus, o que fazemos no Natal?
Antes de tudo é necessário entender o que é a Liturgia, a Celebração da Igreja.
Vejamos. O nosso Deus, quando quis nos salvar, agiu na nossa história. Primeiramente agiu na história de toda a humanidade, guiando de modo secreto e sábio todos os seres humanos e sua história.
Basta que pensemos nos santos pagãos do Antigo Testamento – santos que não pertenceram ao povo de Israel: Santo Abel, Santo Henoc, São Matusalém, São Noé, São Melquisedec, São Jó… Nenhum destes pertencia ao povo de Deus… E, no entanto, Deus agia através deles… Depois, Deus agiu de modo forte, aberto, intenso na história do povo de Israel, com as palavras de fogo dos profetas, com a mão estendida e o braço potente nas obras maravilhosas em benefício do Seu povo eleito.
Finalmente, Deus agiu de modo pleno e total, fazendo-Se pessoalmente presente, em Jesus Cristo, que é o cume, o centro e a finalidade da revelação e da ação de Deus: em Jesus, tudo quanto Deus sonhou para nós se realizou de modo pleno, único, absoluto, completo e definitivo! Então, o nosso Deus não Se revela principalmente com ensinamentos, com doutrinas e conselhos, mas com ações concretas e palavras concretas de amor! E tudo isso chegou à plenitude na vida, nos gestos, palavras e ações de Jesus Cristo!
Pois bem: são estas obras salvíficas de Deus, realizadas de modo pleno em Jesus, que nós tornamos presente na nossa vida quando celebramos a Santa Liturgia, sobretudo a Eucaristia! Na força do Espírito Santo de Jesus Cristo imolado e ressuscitado, através das palavras, dos gestos e dos símbolos litúrgicos, os acontecimentos do passado – todos resumidos em Cristo: na Sua Encarnação, no Seu Nascimento, Ministério, Morte e Ressurreição e no Dom do Seu Espírito – tornam-se presentes na nossa vida!
Vejamos, agora, o caso do Natal. Quando a Igreja celebra as cinco festas do Natal, ela quer celebrar não o aniversário do menininho Jesus… O que ela quer fazer e faz é tornar presente para nós, na força do Espírito Santo, a graça da vinda salvíficos do Cristo Senhor! Celebrando a Liturgia do Natal, o acontecimento do passado (a Manifestação do Filho de Deus) torna-se presente no hoje da nossa vida! Na Liturgia do Natal a Igreja não diz:
“Há dois mil anos nasceu Jesus”!
Nada disso! O que ela diz é:
“Alegremo-nos todos no Senhor: HOJE nasceu o Salvador do mundo, desceu do Céu a verdadeira paz!” (Antífona de Entrada da Missa da Noite do Natal).
Então, celebrando as santas festas do Natal, celebramos a Manifestação do Salvador no nosso hoje, na nossa vida, no nosso mundo! A Liturgia tem essa característica admirável: na força do Santo Espírito torna presente realmente, de verdade, aquele acontecimento ocorrido no passado. Não é uma repetição do acontecimento, nem uma recordação! É, ao invés, aquilo que a Bíblia chama de memorial, isto é, tornar presente os atos de salvação de Deus!
Agora vejamos: a Eucaristia é a celebração, o memorial da Páscoa do Senhor. Como é, então, que no Natal a gente celebra a Missa, que é a Páscoa? Como é que já no Natal a Igreja mete a celebração da Páscoa?
É que a Eucaristia não é simplesmente a celebração da paixão, morte e ressurreição de Cristo! Essa seria uma ideia muito mesquinha, estreita! Em cada Missa é todo o mistério da nossa salvação que se faz presente, é tudo aquilo que Deus realizou por nós, desde a criação até agora… E tudo isso tem o seu centro em Jesus: na Sua Encarnação, na Sua vida e na Sua pregação, e alcança seu cume na Sua morte e ressurreição, na Sua ascensão e no dom do Santo Espírito.
Então, celebramos as cinco festas do Natal celebrando a Missa, porque aí o mistério, o acontecimento da nossa salvação se torna presente e atuante na nossa vida. Voltando para casa após a Missa do Natal, podemos dizer:
“HOJE eu vi, HOJE eu ouvi, HOJE eu experimentei, HOJE eu testemunhei e HOJE eu anuncio: nasceu para nós, nasceu para o mundo um Salvador! Ele veio, Ele não nos deixou, Ele Se fez nosso companheiro de estrada! Na Eucaristia eu O encontrei, nós O encontramos, a Igreja O encontrou e o mundo inteiro pode encontrá-Lo, a Ele convertendo-se!”
Celebrando a Eucaristia do Natal, recebemos a graça do Natal, entramos em comunhão com o Cristo que veio no Natal, porque recebemos no Corpo e Sangue do Senhor o próprio Cristo que nasceu para nós, e, agora, Cristo ressuscitado, pleno do Santo Espírito!
É incrível, mas a graça do Natal chega a nós mais do que chegou para Maria e José e os pastores e os magos há dois mil anos, Porque eles viram um menininho no presépio, enquanto nós O recebemos dentro de nós, Seu Corpo no nosso corpo, Seu Sangue no nosso sangue, Sua Alma na nossa alma, Seu Espírito no nosso espírito… É não mais um menininho frágil, em estado de humilhação, em condição de servo, com esta nossa vidinha humana, mas o próprio Filho agora glorificado, com uma natureza humana imortal e gloriosa, plena de Vida divina, que nos transformará para a Vida eterna.
Então, que neste Natal ninguém cante parabéns para o Menino Jesus, nem fique com inveja dos pastores e dos magos… Também para nós hoje nasceu um Salvador: o Cristo ressuscitado, glorioso, que recebemos no Seu Corpo e Sangue e cujo mistério celebramos nos gestos, palavras e símbolos da sagrada Liturgia!