5 curiosidades dobre a Cruz de Jesus

A crucificação de Jesus é narrada pelos 4 evangelistas (Mateus 27,33-44; Marcos 15,22-32; Lucas 23,33-43; João 19,17-30). Além disso, ela foi atestada por outras fontes antigas e está firmemente estabelecida como um evento histórico confirmado inclusive por fontes não cristãs.

Os sofrimentos de Jesus estavam previstos no Antigo Testamento. Em um dos Salmos, por exemplo, Davi citou uma das frases que Jesus falou na Cruz: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” (Salmo 21).

Também o profeta Isaías descreveu em sua narrativa o sofrimento, a morte e a exaltação do Servo Sofredor – Jesus Cristo.

A Bíblia Sagrada conta que Jesus foi preso no Getsêmani, que é um jardim secreto que fica no sopé do Monte das Oliveiras. Jesus foi para lá logo após a Última Ceia – que foi a última refeição que Ele fez com os Seus doze apóstolos e quando instituiu a Sagrada Eucaristia e o sacerdócio.

Logo que foi preso, Jesus foi julgado pelo Sinédrio, por Pilatos e por Herodes. Após ser condenado, em seguida foi entregue para execução. Sua sentença foi a morte na cruz.

Por que Jesus foi condenado a morrer numa cruz?

A morte de cruz era uma sentença aplicada aos piores criminosos e escravos. Pelo costume dos Judeu, seus acusadores, Ele poderia ter sido apedrejado até morrer. Porém, certamente por um desígnio Divino, os judeus entregaram Jesus para ser julgado conforme a justiça romana e, por isso, foi crucificado.

O próprio Jesus sabia o que aconteceria com Ele e aceitou voluntariamente, motivado pelo amor, morrer pela remissão dos nossos pecados. Ele deu a Sua vida para a salvação do mundo.

Por isso, a Cruz de Jesus é para os cristãos sinal do Seu amor incondicional e da Sua misericórdia infinita.

5 curiosidades sobre a Cruz de Jesus

São muitos os questionamentos a respeito da Cruz de Jesus. O que teria acontecido com ela após tirarem dela o corpo sem vida de Jesus? Hoje você vai descobrir!

1. Após a remoção do corpo a Cruz de Jesus foi jogada numa vala

A tradição conta que logo que o corpo de Jesus foi entregue à Sua Mãe para ser sepultado, a cruz foi removida e lançada uma fenda rochosa abaixo do Gólgota – a colina na qual Jesus foi crucificado.

Tempos depois, o imperador Adriano, que reinou entre os anos 117 e 138 d.C., menosprezava Jesus Cristo.

Por isso, ao edificar uma nova colônia romana sobre as ruínas de Jerusalém, ele mandou que fossem jogados entulhos de construção na fenda onde estava a Cruz de Jesus.

Além disso, no local onde aconteceu a crucificação ele mandou construir um prédio.

2. A Cruz de Jesus garantiu a vitória dos cristãos

Constantino foi um dos imperadores romanos que governou de 306 até sua morte em 337. Vindo de uma família cristã, ele era muito piedoso.

No ano 312 aconteceu em Roma a batalha da Ponte Mílvio, que foi o último confronto travado durante a Guerra Civil entre os imperadores romanos Constantino e Magêncio. A história narra que durante a batalha Constantino teve a visão de Cristo mostrando a Sua Cruz e dizendo a ele: “Com este sinal vencerás!”.

E assim aconteceu! Constantino saiu vencedor desta batalha e no ano seguinte decretou o cristianismo como a religião oficial do Império Romano, após 3 séculos de brutais perseguições contra os cristãos.

3.A Cruz de Jesus foi encontrada por uma mulher

O imperador Constantino mandou construir a Igreja do Santo Sepulcro sobre o túmulo de Jesus. A igreja foi edificada entre os anos 326 e 335.

Durante esse período sua mãe, Santa Helena, se dedicou incansavelmente a procurar pela Cruz de Jesus em Jerusalém. Ela levou para lá um grupo de escavadores que, depois de muito trabalho, conseguiu encontrar três cruzes e nas proximidades, além da placa que continha a inscrição que havia sido colocada sobre a Cruz de Cristo.

4. Um milagre identificou qual é a verdadeira Cruz

Segundo o Breviário Romano, Macário, bispo de Jerusalém, elevou a Deus suas preces, e levou cada uma das cruzes a três mulheres que sofriam de grave enfermidade.

Enquanto as demais de nada serviram às mulheres enfermas, a terceira Cruz, levada à terceira mulher, curou-a imediatamente.

5. Partes da Cruz de Jesus estão em Igrejas de Jerusalém e de Roma

No local onde encontrou a Cruz de Jesus, Santa Helena mandou construir uma igreja esplendorosa, onde depositou parte da Cruz em urnas de prata.

Além disso, uma das partes da Cruz ela deu a seu filho, Constantino, que a levou para Roma, depositando-a na igreja da Santa Cruz de Jerusalém, edificada no palácio Sessoriano.

Futuramente, fragmentos da Cruz de Jesus, ou seja, suas relíquias, foram distribuídas para igrejas em todo o mundo.

Helena também havia encontrado os pregos que foram usados para pregar as mãos e os pés de Cristo à Cruz, e ela os entregou ao seu filho.

Naquele tempo, Constantino sancionou uma lei que proibia a condenação de qualquer pessoa à morte na cruz.

Desde então, a cruz que antes era sinônimo de castigo e maldição passou a ser motivo de glória e objeto de veneração pelos cristãos em todo o mundo.

Publicado em Comunidade Católica Santos Anjos.

O sentido da Quaresma

“O período quaresmal encaminha a pessoa para uma transformação humana e espiritual em Deus”

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Quaresma é um dos tempos mais importantes do ciclo litúrgico da Igreja. Tem como fundamento o convite à conversão, a experiência desértica com Deus, tendendo sempre à mudança radical de vida e de atitudes, olhando para dentro de si e mergulhando na via penitencial de Cristo, cercado pelo caminho do arrependimento e da misericórdia, no qual o cristão é chamado a dar um sentido mais verdadeiro de si e mais transparente.

O caráter original da Quaresma, segundo a força expressiva da mesma palavra, foi posto na penitência de toda a comunidade e dos indivíduos ao longo de quarenta dias. Na determinação da duração de quarenta dias, para que os cristãos se preparem para celebrar a solenidade Pascal, é mais do que certo que teve grande peso a tipologia bíblica dos quarenta dias, a saber: o jejum de quarenta dias de Jesus Cristo; os quarenta anos que passou o Povo de Deus no deserto; os quarenta dias passados por Moisés no Monte Sinai; os quarenta dias durante os quais Golias, o gigante filisteu, afrontou Israel, até que Davi avançou contra ele, abateu-o e o matou; os quarenta dias durante os quais o Profeta Elias, fortificado pelo pão assado e pela água, chegou ao Monte de Deus, o Horeb; os quarenta dias que o Profeta Jonas pregou a penitência aos habitantes de Nínive.

O Tempo da Quaresma tem a finalidade de preparar a Páscoa: a Liturgia Quaresmal conduz para a celebração do mistério pascal tanto os catecúmenos, através dos diversos graus da iniciação cristã, quanto aos fiéis, por meio da recordação do batismo e da penitência. Esse tempo favorável de reconciliação transcorre desde a Quarta-feira de Cinzas, que é dia de jejum e abstinência e de imposição das cinzas, até a Missa da Ceia do Senhor, inclusive. Desde o início da Quaresma até a Vigília Pascal não se canta (diz) o Aleluia nem o Glória. Os domingos deste Tempo são chamados 1°, 2°, 3°, 4° e 5º Domingos da Quaresma. O 6º Domingo, com o qual se inicia a Semana Santa, é chamado Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. A Semana Santa recorda a Paixão de Cristo, desde sua entrada triunfante em Jerusalém até a sua Ressurreição.

O período quaresmal encaminha a pessoa para uma transformação humana e espiritual em Deus, culminando todo o seu ser na plenitude da festa da Páscoa, a ressurreição do Senhor, o mistério salvífico de Jesus, o “Rabi”, que faz morada em nosso meio e traz a vida em abundância.

Por Pe. Antônio Lúcio, ssp e Cl. Deivid Rodrigo dos Santos Tavares, ssp

Publicado em Padres e Irmãos Paulinos.

A cruz representa Cristo e o amor que Ele tem por nós

A cruz é poderosa e tem força de vitória. Sim, nela, temos salvação e vida. Quem nela permanecer terá a vida do Evangelho, a vida de Cristo neste mundo e, a vida eterna. A cruz tem, dá, traz e oferece a vida de Cristo. Quem vive dela, quem vive o mistério da cruz, terá sua vida revestida de Cristo, por dentro e por fora. Estes somos nós, os batizados, como afirma São Paulo: “pois todos vocês, que foram batizados em Cristo, se revestiram de Cristo” (Gl 3,27).

Muitas pessoas gostam de levar uma cruz, pendurada no pescoço; outros a têm em casa, nos seus espaços de vida. Óbvio, não deve ser só mais um pendurico. Deve ser, isto sim, sinal da vida de Cristo abraçada; deve ser sinal do mergulho na vida ressuscitada de Cristo.

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                                 Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A força da cruz

A cruz dá conforto, segurança, proteção, força, companhia – ela é companheira de vida. Mas, o que é a cruz? Quem é, quando falamos em “força da cruz”? É Aquele que padeceu a morte na cruz, por amor a nós, em Sua obediência ao Pai; é Aquele que se entregou por nós e que ressuscitou dos mortos, vencendo a morte, matando a morte, na Sua morte. Cruz é, ainda, a vida entregue de Cristo. É o símbolo do próprio Cristo, “que se humilhou por nós, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,8). É, por isso, toda a vida de Jesus Cristo, vida entregue, vida ressuscitada e exaltada pelo Pai (Fl 2,9). Aquele que morreu na cruz destruiu a nossa morte e, ressurgindo, restaurou a nossa vida (SC 5). Ela é o patíbulo donde pendeu a salvação do mundo. É mistério, é o jeito de Deus ser, é a força de Deus, que aos nossos olhos é fraqueza (2Cor 12,10).

Quando a Cruz é força? O Autor sagrado da carta aos Hebreus nos ajuda: “Embora sendo Filho de Deus, aprendeu a ser obediente através de seus sofrimentos. E tornou-se a fonte de salvação eterna para todos que lhe obedecem” (Hb 5,8-9). Então, ela é força na sua vida, se e quando você obedece ao Filho de Deus. Vivendo no seguimento do Senhor Jesus, fazendo o que Ele diz, buscando ser como Ele, trazendo dentro os Seus sentimentos e pensamentos, você escolhe a cruz como sua força e companheira de vida, você escolhe deixar que a cruz de Cristo salve você. Ela não é algo mágico. É a vida doada de Cristo – em perfeita obediência ao Pai –, que pede para fazer a mesma coisa (Lc 22, 42).

A salvação e a vida

A Cruz é sinal e reconhecimento da salvação dada por Deus por meio do seu filho Jesus Cristo. Por isso, é o lenho da vida. Nela resplandece a vida, a nossa vida, a vida divina que nos foi merecida por Cristo. Beijá-la é beijar a vida de Cristo, é beijar o própria Cristo, é adorar o Filho de Deus que se entregou por nós, para nossa salvação.

(…)

Termino destacando: “Na cruz, a salvação e a vida!”. Porquanto, chegamos à salvação por meio da cruz de Cristo. Cruz de Cristo, sinal do amor de Cristo Jesus pela humanidade. É a força de Deus. Ela indica o sentido da vida, a esperança do viver, um viver que não para na morte, mas, como Cristo, passa da morte à vida. É a proposta de vida de Jesus: dar a vida, entregar a vida, viver, no amor do Pai, em favor dos outros. A “cruz-entrega- no-amor- morte-ressurreição” é a fonte da vida.

Agarrar-se à Cruz é radicar-se na vida de “Cristo, que nos amou e se entregou por nós” (Gl 2,20). A cruz de Cristo é um símbolo forte de esperança e vida, vida plena, vida de filho(a) de Deus. Assim, creio e sei que Jesus me ama, pois Ele deu a sua vida por mim, por nós, na cruz. Ela representa Cristo e o amor que Ele tem por nós. Fomos salvos pela cruz (Gl 2,20). Cruz é presente valente, divino: a vida de Cristo dada a nós. Cruz é a força de Cristo.

Dom João Inácio Müller é Bispo da Arquidiocese de Campinas (SP).

Publicado em Formação Canção Nova.

Por que Deus fez-se homem?

Esse mistério de Deus que se fez homem, sem deixar de ser Deus e sem mutilar a natureza humana, a Igreja chama de Encarnação (cf. CaIC 461). Esta união admirável da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Verbo, para realizar a nossa salvação, é sinal distintivo da fé cristã.

Para responder à pergunta do título deste artigo, trazemos dois posicionamentos distintos:

  1. Para Santo Agostinho († 430), Deus quis a Encarnação por causa do pecado do homem. Nesta visão, “se o homem não tivesse caído, o Filho do Homem não teria vindo”. Pois como rezamos no Credo Nicenoconstantinopolitano: “Por nós homens, e para nossa Salvação, desceu dos céus, … e se fez homem” (1Tm 1,15);
  2. Já João Duns Scotus O.F.M († 1308) supõe outra tese: “A vocação da criatura é condividir a filiação divina. Deus cria o mundo porque quer condividir o amor”. Para Duns Scotus, Jesus Cristo é de tal excelência no plano de Deus que mesmo que o ser humano não tivesse pecado, o Filho de Deus teria se encarnado. Até porque, na sua visão, não é o ser humano que condiciona Deus, fazendo com que Ele mude seus planos.

Não queremos aqui fazer uma análise sobre o posicionamento de Agostinho e de Duns Scotus. A verdade é que a história da humanidade é essa que conhecemos, a da humanidade pecadora.

O ser humano criado por Deus encontra a sua felicidade quando O alcança. Mas isso era impossível para o homem pecador. Então, Deus Pai que tem um Filho muito amado, tomou a decisão corajosa de alargar a sua família, pensou em alcançar o ser humano e de adotar os seres humanos como filhos. Então, o Filho ofereceu-se para tornar-se como nós. E “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória que ele tem junto ao Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade”(Jo 1,14).

Sim, o Verbo, a segunda pessoa da Trindade, fez-se carne no seio da Virgem Maria para dar a quem o acolhe e a quem crê Nele o poder de se tornar filho de Deus. Jesus que existe desde toda a eternidade, que é Deus, que é fonte da vida e da luz, este Deus é verdadeiramente homem e não só na aparência. Em Jesus, Deus não é mais um ser distante, ele se torna nosso Pai. Ele não é mais um ser distante, Ele se torna nosso irmão.

Assim, Jesus assumiu a nossa humanidade, para que nós pudéssemos participar da vida divina. A encarnação revela o grande amor de Deus por nós a ponto de dividir a sua condição divina e assumir a nossa fragilidade humana.

Somos convidados a contemplar esta cena de um Deus menino, que se fez pequeno e indefeso, para ser acolhido nas nossas mãos. Deus poderia vir com potência, no fulgor de sua glória e certamente todos o acolheriam. Porém, Deus não quer ser acolhido como ídolo. A sua grandeza é aquela do pequeno, seu esplendor aquele da criança enfaixada na manjedoura. Podemos imaginar Maria ao encontrá-lo nos seus braços, vê-lo, ouvi-lo, tocá-lo, abraçar naquela pequena criança, Deus mesmo. É um dom assim tão grande que nós muitas vezes não conseguimos compreender e por isso Ele não é aceito por todos. Parece demais, um Deus assim tão pequeno e muitos não conseguem compreender.

O nascimento do menino Deus não pode ser compreendido por dedução de um raciocínio e nem é produto do esforço humano. Com a nossa razão certamente procuraríamos um Deus grande, tremendo, fascinante, potente, glorioso. Ele, porém, é-nos revelado um Deus pequeno, impotente, que nasce em Belém, cujo nome significa casa do pão, e se oferece como alimento na manjedoura dos animais. Natal é o mistério do amor de Deus, que se faz pequeno, que nada teme e se expõe à humilhação para alcançar o seu amado (o ser homem).

Se Deus se fez um de nós, primeiro é para que possamos compreendê-lo. Ele pode falar, pode experimentar a nossa vida, pode amar e ser amado, pode salvar – nosso Deus não é abstrato é pessoal. E segundo, se Deu fez-se igual a nós é para dizer, que assim como somos, na nossa simplicidade humana é possível ter um relacionamento de amor com o Pai, é possível como humano viver a fidelidade de Deus, não temos necessidade de nos tornar anjos. Não temos necessidade de sair do mundo, para viver em Deus.

Pe. Emerson Detoni

Publicado em Catedral Nossa Senhora da Glória – Francisco Beltrão, PR.

Imagem: Wikipédia.

Saber viver o sofrimento a exemplo de Cristo e São Paulo

Ninguém gosta de sofrer e poucos conseguem perceber que o sofrimento é redentor. Para perceber que existe um mistério salvífico no sofrer, basta que olhemos como Cristo viveu o seu sofrimento. A Cruz foi para Cristo a coroação do seu sofrimento e o ápice de toda a paixão salvadora. Durante as dificuldades e sofrimentos da vida, muitos se perguntam: “Por que eu estou passando por este sofrimento?”.

A resposta para essa pergunta é complexa, porém, podemos buscar nos dois grandes exemplos encontrados nos relatos bíblicos, Jesus e São Paulo. Primeiro, Cristo sofre por um fim, existe uma finalidade no padecimento do Senhor. Segundo, o apóstolo São Paulo sabiamente configura-se a Cristo e utiliza dos seus sofrimentos para assemelhar-se mais ainda. Essas duas grandes figuras de maneira geral têm muito a nos ensinar, principalmente quando se fala de dor e sofrimento.

O sofrimento de Cristo

O livro de Is 53,3-4 quando escreve sobre o Servo sofredor, figura essa que a igreja identifica a prefiguração de Cristo, relata o seguinte: “Era o mais desprezado e abandonado de todos, homem do sofrimento, experimentado na dor, indivíduo de quem a gente desvia o olhar, repelente, dele nem tomamos conhecimento. Eram na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as nossas dores, que levava às costas”.

Esse trecho do livro de Isaías retrata o motivo pelo qual Cristo padeceu. Foi para nos livrar das nossas dores, para reparar o erro cometido por nós. E você pode se perguntar: “Por que ainda sofremos?”. As ações de Jesus têm sempre um teor de eternidade, por isso, o padecimento de Cristo livrou-nos não do que é passageiro, mas do que é definitivo, ou seja, livrou-nos do sofrimento eterno muito mais do que o sofrimento passageiro.

A Cruz, ao mesmo tempo que retrata a dor e a morte do Senhor, significa sinal de redenção. O que para os judeus era escândalo e para os pagãos loucura, para nós, cristãos, é sinal de salvação e da glória de Cristo. O Senhor transforma todas as coisas, até mesmo o antigo sentido da cruz que, agora, torna-se novo com a manifestação de Jesus.

Os sofrimentos de Paulo

O apóstolo São Paulo começa a Carta aos Colossenses com uma declaração que, ao olhar humano, pode ser insana: “Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24). São Paulo não se alegra por ter recebido a liberdade da prisão, por ter recebido o “título” de apóstolo ou por ser reconhecido pelas pessoas, mas ele se alegra por sofrer. Sim, São Paulo deixa explicitamente claro que a sua alegria é suportar os sofrimentos e ainda completar o que falta a Cristo.

O apóstolo não é nenhum tipo de masoquista ou alguém que busca o sofrimento pelo sofrimento, mas, assim como Cristo, ele o faz por um sentido. São Paulo sabe que ele pode tirar proveito do que a vida o proporcionou viver, não um proveito pessoal, e sim como ele mesmo disse: em favor do corpo de Cristo que é a Igreja. Ele ainda coloca numa progressão geométrica do sofrimento, pois, à medida que crescem os sofrimentos de Cristo para nós, cresce também a nossa consolação por Cristo, eis então o ângulo pelo qual os cristãos entendem o sentido do padecer. O sofrimento tem a condição de fazer crescer o conforto do homem em Cristo.

O meu sofrimento

O Senhor concede aos homens poderem contribuírem com a humanidade sendo cooperadores de d’Ele e de seu Reino. O Catecismo da Igreja Católica no n° 307 diz: “os homens podem entrar deliberadamente no plano divino, por suas ações, por suas orações, mas também por seus sofrimentos”. Partindo desse parágrafo do Catecismo e por meio do sacramento do Batismo, o cristão é convidado a ser outro Cristo assemelhando-se a Ele. Dessa forma, a semelhança não pode ser pela metade ou naquilo que nos convém, mas em tudo, até nas dores.

Precisamos utilizar dos nossos sofrimentos para remir as culpas obtidas pelos nossos pecados. A sabedoria que São Paulo expressou na Carta aos Romanos 8,18 é, de certa forma, reconfortante e nos promete uma recompensa sem medidas, impulsionando-nos a bem viver as dores que padecemos: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada”. Sabemos que somos peregrinos neste mundo, estamos de passagem e não há motivo de nos apegarmos aqui nesta vida eternidade, pois a eternidade está na glória de Cristo. A nossa espera deve ser na glória futura, no que Deus ainda tem reservado para os fiéis.

Foi por consequência da obra salvífica de Cristo que o homem passou a ter esperança da vida e da santidade. A linguagem da cruz quer nos comunicar um sentido, mas esse só poderá ser entendido se olhado pelas chagas abertas de Cristo pelas quais o ser humano é salvo. Aprendamos com São Paulo e com Nosso Senhor Jesus Cristo a dar sempre sentido às dores e dificuldades que passamos. Os insensatos murmuram dos sofrimentos e os sábios tiram proveito para a contribuição da obra de Cristo.

Por Fábio Nunes, via Canção Nova

Publicado em Catedral Divino Espírito Santo (Palmas – TO)

Meditar a Paixão de Cristo na Quaresma

“TENDO, POIS, CRISTO PADECIDO NA CARNE, ARMAI-VOS TAMBÉM VÓS DO MESMO PENSAMENTO.”

Christo igitur passo in carne, et vos cadem cogitatione armamini. (1Pd 4,1)

I — Se Cristo padeceu tanto na sua carne, não o fez porque sua carne tivesse necessidade disso, mas porque a tua tinha necessidade destes padecimentos. Ele foi puríssimo e perfeitíssimo. Nunca teve necessidade de subtrair de sua carne o mal; jamais teve necessidade de incitá-la ao bem. Padeceu pela tua carne, que tinha grandíssima necessidade desses padecimentos, porque é tão preguiçosa para o bem e sempre tão pronta para o mal. Pareceria, pois, que o Apóstolo deveria dizer: “Tendo Cristo padecido na carne, armai-vos também vós da mesma Paixão”. Porque, se Cristo se comportou tão severamente para com a sua carne, o que não deverias fazer tu contra a tua, que é tão inclinada ao mal? Mas o Apóstolo, que conhecia a nossa fraqueza, só disse: “Armai-vos também vós do mesmo pensamento”. Quer que, se não te armas da Paixão de Cristo, armes-te ao menos do pensamento de tal Paixão. Que desculpa poderias ter, se não te resolvesses nem mesmo a isso?

II — Esse armamento deve ser duplo. Defensivo e ofensivo.

    Defensivo, para rebater os assaltos da tua carne rebelde.

    Ofensivo, para assaltá-la, isto é, para mantê-la humilde, obediente, para jazer com que ela pague ao espírito aquele tributo que lhe convém.

    O pensamento da Paixão de Cristo te servirá, pois, antes de tudo como armadura, para rebateres virilmente os assaltos da carne. Todos ensinam que o mais eficaz remédio contra as tentações sensuais é pensar no que Cristo padeceu por nós. “Põe como escudo de seu coração o seu trabalho” (Lm 3,65). Como é possível que te ponhas a contemplar Cristo na Cruz, que o vejas despido, todo gotejante de sangue por tua causa, escarnecido, triturado, e penses ainda em dar ao teu corpo todas as delícias lícitas e ilícitas? Sentirás logo uma santa ira contra ti mesmo e quererás maltratar-te, castigar-te como convém. O que não é só defender-se da carne, mas fazer-lhe uma ofensiva. Nota, porém, que para isso não basta uma recordação, um pensamento superficial da Paixão de Cristo. É necessário um pensamento muito atento. ‘‘Tendo, pois, Cristo padecido na carne, armai-vos vós também do mesmo pensamento”. Com efeito, este pensamento é que é útil: o pensamento assíduo. Não digas que se tomam as armas quando se faz necessário, e depois se as depõem. Se a carne te faz guerra continuamente, ou está sempre disposta a mover-se, dize-me só em que tempo podes depor as armas contra ela?

IV — Para que o pensamento da Paixão te seja realmente útil, deves procurar sobretudo aprender com viveza Quem seja Aquele que sofreu por ti. Por isso, São Pedro diz: “Tendo, pois, Cristo padecido na carne”. Trata-se do Filho de Deus. Ainda que Ele não tivesse feito outra coisa pela tua salvação, o fato único de ter provado sobre a Cruz aquele fel amargo deveria ser suficiente para ti, pobre verme da terra, para que vivesses imerso num mar de amargura, por seu amor. Quando Tobias viu todos os benefícios que o companheiro de seu filho lhe tinha feito, pensou dar-lhe metade de todos os seus bens, em reconhecimento. Mas quando chegou a conhecer que se tratava de um Anjo do Céu, caiu por terra como aniquilado, na impossibilidade de exprimir de algum modo a sua admiração e a sua devoção. Tu também deves comover-te sem dúvida com o pensamento de quanto Jesus sofreu por ti na sua Paixão. Mas, quando te recordas que Quem sofreu tudo isso foi o Filho de Deus Eterno, que desceu do Céu à Terra, tens de ficar infinitamente comovido e pronto a qualquer momento também morrer por Ele. “Quem me concederá de morrer por ti?” (2Rs 18,33). Se o teu coração tem sensibilidade, por mínima que seja, não pode deixar de ficar profundamente comovido com a Paixão de Jesus. Então a tua carne retrocederá e começará a deixar de dar-te tanto trabalho: “Eu me lembrarei disto sem cessar e a minha alma definhará dentro de mim” (Lm 3,20). 

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** Da obrigatória obra do Venerável Padre Paulo Ségneri, “Maná da Alma”, vol. VII (São Paulo: Realeza, 2023) – para adquirir esta e outras obras com um desconto especial para leitores d’O Fiel Católico, acessar este link e usar o cupom OFielCatolico – (obs.: o vol. VII, do qual foi extraído o trecho aqui reproduzido, encontra-se em fase de revisão e será lançado nos próximos meses; os primeiros 4 volumes da coleção estão disponíveis na loja).

Publicado em O Fiel Católico.

ORAÇÕES PARA O TEMPO DA QUARESMA (Para cada dia da semana)


ORAÇÃO PARA O INÍCIO DA QUARESMA

DEUS, Criador da minha vida, renova-me: traz-me para uma nova vida em Ti.
Toca-me e faz-me sentir integra novamente.
Ajuda-me a ver o Teu Amor na Paixão, morte e Ressurreição de Vosso Filho..
Ajuda-me a observar a Quaresma de uma forma que me permita celebrar esse
mesmo Amor.
Ajuda-me a preparar para viver estas semanas da Quaresma, à medida que eu
sinto uma profunda tristeza pelos meus pecados e Teu Amor Eterno por mim.
Pai Santo, que Jesus mande sobre mim o Espírito Santo, conduzindo-me neste
tempo favorável a uma sincera conversão.
Preciso Senhor viver a Graça do meu Batismo, morrendo para o que não é Teu
e vivendo conformada à Tua Vontade.
Que a Tua Palavra me conduza durante todos os dias deste Retiro Quaresmal.
Com o Jejum, a Oração e a Caridade operosa, unida à penitência, espero a
Vida Nova na Páscoa! Amém!

ORAÇÕES PARA CADA DIA DA SEMANA

Domingo
Deus de infinita misericórdia,
às vezes, há tanta escuridão na minha vida
que me escondo de Ti.
Eu humildemente te peço, pega minha mão,
e tira-me das sombras do meu medo.
Ajuda-me a mudar meu coração,
e leva-me para a Tua verdade.
ajudando-me a responder ao Teu generoso amor.
Deixe-me reconhecer a plenitude do Teu amor,
que preencherá a minha vida.
Livra-me da escuridão no meu coração.Assim seja.

Segunda-Feira
Senhor meu Deus,
o Vosso mandamento do amor é tão simples e tão desafiador.
Ajudai-me a deixar ir o meu orgulho e a ser humilde na minha penitência.
Eu quero viver da maneira que Vós me pedis para amar,
e amar da maneira Vós me pedis para viver.
Isto eu peço, através do Vosso filho, Jesus,
que está ao meu lado hoje e sempre.Assim seja.

Terça-Feira
Meu Deus,
que estais no céu
e sempre presente na minha vida,
guiai-me e protegei-me.
Leva-me com o Teu amor para longe do mal,
e guia-me pelo caminho certo.
Obrigada pelo cuidado que Vós tendes por mim.
Que o Vosso Espírito inspire a Igreja
e nos faça um instrumento do Teu amor. Assim seja.

Quarta-Feira
Deus de amor,
purifica os meus desejos para melhor Te servir.
através desta jornada quaresmal.
Livra-me da tentação de julgar os outros,
para me colocar acima deles;
e deixa-me render,
mesmo na minha impaciência, para com os outros.
Que com o Teu amor e Tua graça,
eu possa estar menos absorvido comigo mesmo,
e mais cheio do desejo a seguir-Te,
na vida que estabeleci,
de acordo com o Vosso Santo exemplo.Assim seja.

Quinta-Feira
Deus de amor eterno,
Eu ouço o Teu constante convite: “Vem, volta para Mim”,
e eu também anseio voltar para Vós.
Mas, preciso que me mostres o caminho para retornar.
Orienta-me neste dia, em boas obras que eu faça em Teu nome,
e envia-me o Teu Espírito, para guiar e fortalecer a minha fé.Assim seja.

Sexta-Feira
Amado Deus e Pai Carinhoso.
Eu sou apenas como uma criança
que vira tantas vezes as costas ao Teu Amor.
Por favor, aceita os meus atos de arrependimento de hoje
e ajuda-me a libertar do egocentrismo
que fecha o meu coração para Ti.
Como nesta jornada através de Quaresma,
deixa-me lembrar a festa que preparaste para mim,
na ressurreição da Vida Eterna.
Sendo assim preenchida com Graças e Louvores a Vós.Assim seja.
OBS: Todas as 6ª feiras recomenda-se rezar a Via Sacra.

Sábado
Deus de Amor infinito,
Vós me presenteais com inúmeras ofertas,
ao longo da minha vida.
Pelo que, no meu pensamento e ações de hoje,
Vos peço que me guiais à luz brilhante,
e cheia de Amor de Vosso Reino.
Ajuda-me a estar ciente,
das muitas maneiras que Vós me permitis
compartilhar Vossa vida.
Agradeço-Vos os presentes que Vós colocastes no meu caminho.
Deixai-me estar grato a cada momento deste dia.Assim seja.

Publicado em Nos Passas de Maria.

Amor de Jesus Cristo em dar-se a nós como alimento

Santa Comunhão - Eucaristia

Tire o maior proveito desta Meditação seguindo os passos
para se fazer a Oração Mental proposta por Santo Afonso!

In funiculis Adam traham eas, in vinculis caritatis… et declinavi ad eum ut vescerentur – “Eu as atrairei com as cordas com que se atraem os homens, com as prisões da caridade… inclinei-me para ele, para que comesse” (Os 11, 4)

Sumário. Quanto se julgaria distinguido o súdito a quem o príncipe mandasse algumas iguarias da sua mesa? Jesus Cristo, porém, na santa comunhão, nos dá para sustento, não só uma parte da sua mesa, mas o seu próprio corpo, a sua alma e a sua divindade. Será porventura uma pretensão exagerada da parte do Senhor, se, em compensação de tão grande dom, nos pede o nosso pobre coração todo inteiro? Todavia quantos cristãos não há que Lho recusam completamente ou Lho querem dar, mas dividido entre Ele e as criaturas?

I. Jesus Cristo não satisfez o seu amor, sacrificando a sua vida por nós num oceano de ignomínias e dores, a fim de patentear o amor que nos tinha. Além disso, e para nos obrigar mais fortemente a amá-Lo, quis, na véspera da sua morte, deixar-se todo a nós como nosso alimento na santíssima Eucaristia. ― Deus é todo-poderoso, mas depois de dar-se a uma alma neste Sacramento de amor, não lhe pode dar mais. Diz o Concílio de Trento que Jesus, dando-se aos homens na santa comunhão, derramou (por assim dizer) neste único dom todas as riquezas de seu amor infinito: Divitias sui erga homines amoris velut effudit.

Como não se julgaria honrado, escreve São Francisco de Sales, o vassalo a quem o príncipe enviasse algumas iguarias da sua mesa! E que seria se lhe desse para sustento alguma coisa da sua própria substância? Jesus Cristo, porém, na santa comunhão, nos dá para sustento, não só uma parte de sua mesa, não só uma parte da sua carne sacrossanta, mas o seu corpo inteiro: Accipite et comedite: hoc est corpus meum (1) ― “Tomai e comei, isto é o meu corpo”. E com o corpo nos dá também a alma e a divindade. Numa palavra, diz São João Crisóstomo, Jesus Cristo dando-se a si próprio no Santíssimo Sacramento, dá tudo o que tem e não Lhe resta mais nada para dar: Totum tibi dedit, nihil sibi reliquit.

É pois com razão que este dom é chamado por Santo Tomás: sacramento e penhor de amor, e por São Bernardo: amor dos amores: amor amorum, porque Jesus Cristo reúne e completa neste sacramento todas as outras finezas do seu amor para conosco. Pelo mesmo motivo Santa Maria Madalena de Pazzi chamava o dia em que Jesus instituiu este sacramento, o dia do amor. Ó maravilha e prodígio do amor divino! Deus, o Senhor de todas as coisas, se faz todo nosso!

II. Praebe, fili mi, cor tuum mihi (2) ― “Meu filho, dá-me teu coração”. Eis o que Jesus Cristo nos diz lá de dentro do santo Tabernáculo: Meu filho, em compensação do amor que te mostrei, dando-te o dom inapreciável do Santíssimo Sacramento, dá-me o teu coração e ama-me de hoje em diante com todas as tuas forças, com toda a tua alma. ― Parece-te porventura, meu irmão, que o nosso Salvador é exigente demais, depois de se ter dado a si próprio sem reserva? Todavia, quantos cristãos não há que recusam por completo seu coração a Jesus, ou querem dividi-lo entre Ele e as criaturas!

Ó meu caro Jesus, que mais podeis executar para nos atrair a vosso amor? Ah! Dai-nos a conhecer por que excesso de amor Vos reduzistes a estado de alimento, para Vos unir a pobres e vis pecadores como somos? Ó meu Redentor, vossa ternura para comigo tem sido tão grande, que não recusastes dar-Vos muitas vezes todo a mim na santa comunhão; e eu, quantas vezes tive a ingratidão de Vos expulsar da minha alma! Mas não é possível que desprezeis um coração contrito e humilhado. Por mim Vos fizestes homem, por mim morrestes e chegastes a Vos fazer meu alimento; após isto, que Vos fica ainda por fazer no intuito de conquistardes meu amor? Ah! Não poder eu morrer de dor, cada vez que me lembro de ter assim desprezado vossa graça! Ó meu Amor, arrependo-me de todo o meu coração de Vos ter ofendido. Amo-Vos, ó Bondade infinita; amo-Vos, ó Amor infinito. Nada mais desejo senão amar-Vos, e nada mais temo senão viver sem Vos amar.

Meu amado Jesus, não recuseis vir à minha alma. Vinde, porque estou resolvido a morrer antes mil vezes, que repelir-Vos de novo, e quero fazer tudo para Vos agradar. Vinde e abrasai-me todo no vosso amor. Fazei com que me esqueça de todas as coisas, para não mais pensar senão em Vós, e só a Vós buscar, meu único e soberano Bem. ― Ó Maria, minha Mãe, rogai por mim, e, por vossas orações, tornai-me reconhecido para com Jesus Cristo, que tanto amor me tem.

Referências:

(1) I Cor 11, 24
(2) Pv 23, 26

Publicado em Rumo à Santidade.

Quaresma, tempo de assumir a minha cruz


Quaresma, tempo de assumir a minha cruz!

“Cristo sofreu também por vós deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos.” (1Pd 2,21)

É bem desafiador assumir a minha cruz, mas quando me deparo com essa realidade e recordo o meu passado vejo como foi importante assumir, pois quando resisti e não quis assumir a vontade de Deus em minha vida, carregar a cruz foi mais pesado e doloroso.

Assumir a cruz não é uma tarefa fácil e nem tão simples, exige coragem, fé decisão e vida de oração. Pois volto a dizer que assumir a cruz é seguir os passos de Jesus.

Assumir a cruz é um exercício diário e muito particular, o que pode ser cruz para mim, pode não ser para você.

Nesta quaresma faça essa experiência de fé, “Assuma sua cruz”, e você verá que  Deus  sempre envia um Simão Cirineu  no meio do caminho, e olha se eu for detalhar minha trajetória, o Bom Deus enviou alguns. Assumir a cruz faz parte da vida de cada cristão, porque não a enxergamos somente como sacrifício, mas também como alegria e salvação.

Qual a sua cruz?

A depressão, ansiedade, desemprego, enfermidade, traição, dependência química?

Apresenta a Jesus, cada cruz tem seu peso, sua dor, seu sacrifício. Se puder pare uns 10 minutos diante de um crucifixo,  contemple  e peça a graça de assumir a sua cruz com amor, Jesus irá nos ensinar,  Ele derramou seu amor por mim e por você. Queira assumir com coragem e fé, pois assim trilharemos nosso caminho rumo ao céu!

“Quem não busca a cruz  de Cristo, não busca a glória de Cristo. ” (São João da Cruz)

Daniela da Silva de Amorim

Missionária Consagrada Arca da Aliança

Missão Joinville/SC

Publicado em Arca da Aliança – Comunidade Católica.

Cantos Gregorianos para Quaresma (Gregorian Chants)

Publicado por Marcelo Fernandes Ferreira.

MEDITAÇÃO DE SANTA TERESA D’ÁVILA SOBRE A PAIXÃO DE CRISTO

Não vos peço agora que penseis n’Ele, nem que formais muitos conceitos, nem que façais grandes e perfeitas considerações com o vosso entendimento; só vos peço que olheis para Ele. (…) Olhai que Ele, como diz à Esposa[1], não está à espera de outra coisa senão que olhemos para Ele. Encontrá-l’O-eis da forma que quiserdes. Ele quer tanto que volvamos os nossos olhos para Ele, que para isso não poupará nenhuma diligência sua. (…)

Se estais a sofrer ou tristes, vede-O a caminho do Horto. Que angústia não Lhe ia na alma, pois, apesar da sua conformidade com o sofrimento, manifesta-a e queixa-se dela. Vede-O atado à coluna, cheio de dores, com o corpo todo despedaçado por vos amar tanto. Quantos tormentos! Uns perseguiam-n’O; outros cuspiam-Lhe! Negado e abandonado pelos seus amigos, sem ninguém que seja por Ele! Gelado de frio e em total solidão! Olhai-O e, assim, podereis consolar-vos mutuamente. Vede-O com a cruz às costas, que mal O deixavam tomar fôlego. Com Seus olhos tão belos e compassivos, cheios de lágrimas, Ele olhar-vos-á e olvidará as Suas dores para aliviar as vossas, somente para que vos conforteis com Ele e volteis a cabeça para O ver!

Se o vosso coração se enterneceu de O ver assim; se não vos contentais só em olhar para Ele, mas atá gostaríeis de Lhe falar, não com orações feitas mas com a dor do vosso coração – que Ele muitíssimo estima – podeis dizer-Lhe: Ó Senhor do mundo e meu verdadeiro Esposo, se estais tão necessitado, meu Senhor e meu Bem, admiti uma pobre companhia como a minha, pois vejo a consolação do vosso rosto por me ver! Mas como é possível, meu Senhor, que os anjos Vos tenham deixado tão só e nem mesmo o Vosso Pai Vos console? Se é assim, Senhor, que tudo quereis sofrer por mim, o que é isto que agora sofro por Vós? De que me queixo? Até me sinto envergonhada de Vos ter visto assim! Eu quero, Senhor, sofrer todos os trabalhos que me vierem, e tê-los em grande bem por Vos imitar nalguma coisa. Andemos juntos, Senhor; por onde fordes, tenho de ir; por onde passardes, tenho de passar.

Pegai, filhas, naquela cruz, para que não vá tão carregado, e não vos importeis que os judeus vos maltratem. Não façais caso do que vos disserem. Fazei-vos surdas às murmurações. Tropeçando, caindo com o vosso Esposo, não vos separeis da cruz, nem a largueis. Olhai bem o Seu cansaço e vede o quanto maiores são os seus trabalhos em relação aos vossos! Por grandes que os quereis imaginar, e por muito que os quereis sentir, saireis deles consoladas, porque vereis que são uma farsa comparados com os de Senhor.

Direis, irmãs, como é possível fazerem isto, porque, se O tivésseis visto como os olhos do corpo no tempo em que sua Majestade andava no mundo, o teríeis feito de boa vontade e olhado sempre para Ele.

Não acrediteis nisso. Quem não quer fazer agora um bocadinho de esforço para recolher a vista e ficar dentro de si a contemplar este Senhor – podendo fazê-lo sem perigo, bastando só alguma cautela – como poderia ficar ao pé da cruz com Madalena, que via a morte diante dos olhos? Ah, quando deve ter sofrido a gloriosa Virgem Maria e esta santa bendita! Quanta ameaça, quantas palavras más e inconvenientes! Mas que gente tão cortês era essa com quem lidavam! Sim, era gente do inferno, porque eram ministros do demônio. Por certo que devia ter sido terrível o que passaram, porém, diante de uma dor maior, nem sentiriam a sua.

Santa Teresa d’Ávila,

In Caminho de Perfeição, capitulo 26.

Publicado em Apostolado da Oração – Paróquia de Nossa Senhora da Assunção Colares.

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Piedosas e edificantes meditações sobre os sofrimentos de Jesus

Por Sto. Afonso Maria de Ligório.

INVOCAÇÃO A JESUS E MARIA

Ó Salvador do mundo, ó amante das almas, ó Senhor, o mais digno objeto de nosso amor, vós, por meio de vossa Paixão, viestes a conquistar os nossos corações, testemunhando-lhes o imenso afeto que lhes tendes, consumando uma redenção que a nós trouxe um mar de bênçãos e a vós um mar de penas e ignomínias. Foi por este motivo principalmente que instituístes o SS. Sacramento do altar, para que nos lembrássemos continuamente de vossa Paixão, como diz S. Tomás: ut autem tanti beneficii jugis in nobis maneret memoria, corpus suum in cibum fidelibus dereliquit (Opusc. 57). E já antes dele disse S. Paulo: Quotiescumque enim manducabitis panem hunc… mortem Domini annunciabitis (1Cor 11,26).

Como tais prodígios de amor já tendes conseguido que inúmeras almas santas, abrasadas nas chamas de vosso amor, renunciassem a todos os bens da terra, para se dedicarem exclusivamente a amar tão somente a vós, amabilíssimo Senhor. Fazei, pois, ó meu Jesus, que eu me recorde sempre de vossa Paixão e que, apesar de miserável pecador, vencido finalmente por tantas finezas de vosso amor, me resolva a amar-vos e a dar-vos com o meu pobre amor algumas provas de gratidão pelo excessivo amor que vós, meu Deus e meu Salvador, me tendes demonstrado.

Recordai-vos, ó Jesus meu, que eu sou uma daquelas vossas ovelhinhas, por cuja salvação viestes à terra sacrificar vossa vida divina. Eu sei que vós, depois de me terdes remido com vossa morte, não deixastes de me amar e ainda me consagrais o mesmo amor que tínheis ao morrer por mim na cruz. Não permitais que eu continue a viver ingrato para convosco, ó meu Deus, que tanto mereceis ser amado e tanto fizestes para ser de mim amado.

E vós, ó SS. Virgem Maria, que tivestes tão grande parte na Paixão de vosso Filho, impetrai-me pelos merecimentos de vossas dores a graça de experimentar um pouco daquela compaixão que sentistes na morte de Jesus e obtende-me uma centelha daquele amor, que constituiu o martírio de vosso coração tão compassivo.

Suplico-vos, Senhor Jesus Cristo, que a força de vosso amor, mais ardente que o fogo, e mais doce que o mel, absorva a minha alma, a fim de que eu morra por amor de vosso amor, ó vós que vos dignastes morrer por amor de meu amor. Amém.

FRUTOS QUE SE COLHEM NA MEDITAÇÃO DA PAIXÃO DE JESUS CRISTO.

INTRODUÇÃO.

1. O amante das almas, nosso amantíssimo Redentor, declarou que não teve outro fim, vindo à terra e fazendo-se homem, que acender o fogo do santo amor nos corações dos homens. “Eu vim trazer fogo à terra e que mais desejo senão que ele se acenda?” (Lc 12,49).

E, de fato, que belas chamas de caridade não acendeu ele em tantas almas, particularmente com os sofrimentos que teve de padecer na sua morte, a fim de patentear-nos o amor imenso que nos dedica! Oh! quantos corações, sentindo-se felizes nas chagas de Jesus, como em fornalhas ardentes de amor, se deixaram inflamar de tal modo por seu amor, que não recusaram consagrar-lhe os bens, a vida e a si mesmos inteiramente, vencendo corajosamente todas as dificuldades que se lhes deparavam na observância da Divina lei, por amor daquele Senhor que, sendo Deus, quis sofrer tanto por amor deles! Foi justamente este o conselho que nos deu o Apóstolo, para não desfalecermos mas até corrermos expeditamente no caminho do céu: “Considerai, pois, atentamente aquele que suportou tal contradição dos pecadores contra a sua pessoa, para que vos não fatigueis, desfalecendo em vossos ânimos” (Hb 12,3).

2. Por isso, S. Agostinho, ao contemplar Jesus todo chagado na cruz, orava afetuosamente:“Escrevei, Senhor, vossas chagas em meu coração, para que nelas eu leia a dor e o amor: a dor, para suportar por vós todas as dores; o amor, para desprezar por vós todos os amores”. Porque, tendo diante dos meus olhos a grande dor que vós, meu Deus, sofrestes por mim, sofrerei pacientemente todas as penas que tiver de suportar, e à vista do vosso amor, de que me destes prova na cruz, eu não amarei nem poderei amar senão a vós.

3. E de que fonte hauriram os santos o ânimo e a força para sofrer os tormentos, o martírio e a morte, senão dos tormentos de Jesus crucificado? S. José de Leonissa, capuchinho, vendo que queriam atá-lo com cordas para uma operação dolorosa que o cirurgião devia fazer-lhe, tomou nas mãos o seu crucifixo e disse: Cordas? Que cordas! Eis aqui os meus laços. Este Senhor pregado por meu amor com suas dores obriga-me a suportar qualquer tormento por seu amor.

E dessa maneira suportou a operação sem se queixar, olhando para Jesus, que “como um cordeiro se calou diante do tosquiador e não abriu a sua boca” (Is 53,7). Quem mais poderá dizer que padece injustamente vendo Jesus que “foi dilacerado por causa de nossos crimes?” Quem mais poderá recusar-se a obedecer, sob pretexto de qualquer incômodo, contemplando Jesus “feito obediente até à morte?” Quem poderá rejeitar as ignomínias, vendo Jesus tratado como louco, como reide burla, como malfeitor, esbofeteado, cuspido no rosto e suspenso num patíbulo infame?

4. Quem, pois, poderá amar um outro objeto além de Jesus, vendo-o morrer entre tantas dores e desprezos, a fim de conquistar o nosso amor? Um pio solitário rogava ao Senhor que lhe ensinasse o que deveria fazer para amá-lo perfeitamente. O Senhor revelou-lhe que, para chegar a seu perfeito amor, não havia exercício mais próprio que meditar frequentemente na sua Paixão.

Queixava-se S.Teresa amargamente de alguns livros, que lhe haviam ensinado a deixar de meditar na Paixão de Jesus Cristo, porque isto poderia servir de impedimento à contemplação da divindade. Pelo que a santa exclamava: “Ó Senhor de minha alma, ó meu bem, Jesus Crucificado, não posso recordar-me dessa opinião sem me julgar culpada de uma grande infidelidade. Pois seria então possível que vós, Senhor, fôsseis um impedimento para um bem maior? E donde me vieram todos os bens senão de vós?”

E em seguida ajuntava: “Eu vi que, para contentar a Deus e para que nos conceda grandes graças, ele quer que tudo passe pelas mãos dessa humanidade sacratíssima, na qual se compraz sua divina majestade”.

5. Por isso dizia o Padre Baltasar Álvarez que o desconhecimento dos tesouros que possuímos em Jesus é a ruína dos cristãos, sendo por essa razão a Paixão de Jesus Cristo sua meditação preferida e mais usada, considerando em Jesus especialmente três de seus tormentos: a pobreza, o desprezo e as dores, e exortava os seus penitentes a meditar frequentemente na Paixão do Redentor, afirmando que não julgassem ter feito progresso algum se não chegassem a ter sempre impresso no coração a Jesus crucificado.

6. Ensina S. Boaventura que quem quiser crescer sempre de virtude em virtude, de graça em graça, medita sempre Jesus na sua Paixão. E ajunta que não há exercício mais útil para fazer santa uma alma do que considerar assiduamente os sofrimentos de Jesus Cristo.

7. Além disso afirmava S. Agostinho (ap. Bern. de Bustis) que vale mais uma só lágrima derramada em recordação da Paixão de Jesus, que uma peregrinação a Jerusalém e um ano de jejum a pão e água. E na verdade, porque vosso amante Salvador padeceu tanto senão para que nisso pensássemos e pensando nos inflamássemos no amor para com ele? “A caridade de Cristo nos constrange”, diz S. Paulo (2Cor 5,14).

Jesus é amado por poucos, porque poucos são os que meditam nas penas que por nós sofreu; que, porém, as medita a miúdo, não poderá viver sem amar a Jesus: sentir-se-á de tal maneira constrangido por seu amor que não lhe será possível resistir e deixar de amar a um Deus tão amante e que tanto sofreu para se fazer amar.

8. Essa é a razão por que dizia o Apóstolo que não queria saber outra coisa senão Jesus e Jesus Crucificado, isto é, o amor que ele nos testemunhou na cruz. “Não julgueis que eu sabia alguma coisa entre vós senão a Jesus Cristo e este crucificado (1Cor 2,2). E na verdade, em que livros poderíamos aprender melhor a ciência dos santos (que é a ciência de amar a Deus) do que em Jesus Crucificado?

O grande servo de Deus, Frei Bernardo de Corleone, capuchinho, não sabendo ler, queriam seus confrades ensinar-lhe. Ele, porém, foi primeiro aconselhar-se com seu crucifixo e Jesus respondeu-lhe da cruz: “Que livro! Que ler! eu sou o teu livro, no qual poderás sempre ler o amor que eu te consagro!” Oh! que grande assunto de meditação para toda a vida e para toda a eternidade: um Deus morto por meu amor!

9. Visitando uma vez S.Tomás d’Aquino a S. Boaventura, perguntou-lhe de que livro se havia servido para escrever tão belas coisas que havia publicado. S. Boaventura mostrou-lhe a imagem de Jesus crucificado, toda enegrecida pelos muitos beijos que lhe imprimira, dizendo-lhe: “Eis o meu livro, donde tiro tudo o que escreve; ele ensinou-me o pouco que eu sei”. Todos os santos aprenderam a arte de amar a Deus no estudo do crucifixo. Fr. João de Alvérnia, todas as vezes que contemplava Jesus coberto de chagas, não podia conter a lágrimas. Fr.Tiago de Todi, ouvindo ler a Paixão do Redentor, não só derramava abundantes lágrimas, mas prorrompia em soluços, oprimido pelo amor de que se sentia abrasado por seu amado Senhor.

10. S. Francisco fez-se aquele grande serafim pelo doce estudo do crucifixo. Chorava tanto ao meditar os sofrimentos de Jesus Cristo, que perdeu quase totalmente a vista. Uma vez encontraram-no chorando em altas vozes e perguntaram-lhe a razão. “O que eu tenho? Respondeu o santo, eu choro por causa dos sofrimentos e das afrontas ocasionadas ao meu Senhor e minha pena cresce e aumenta vendo a ingratidão dos homens que não o amam e dele se esquecem”.

Todas as vezes que ouvia balar um cordeiro, sentia grande compaixão, pensando na morte de Jesus, Cordeiro imaculado, sacrificado na cruz pelos pecados do mundo. Por isso, esse grande amante de Jesus nada recomendava com tanta solicitude a seus irmãos como a meditação constante da Paixão de Jesus.

11. Eis, portanto, o livro, Jesus Crucificado, que, se for constantemente lido por nós, também nós aprenderemos de um lado temer o pecado e doutro nos abrasaremos em amor por um Deus tão amante, lendo em suas chagas a malícia do pecado que reduziu um Deus a sofrer uma morte tão amarga para por nós satisfazer a justiça divina e o amor que nos manifestou o Salvador, querendo sofrer tanto para nos fazer compreender o quanto nos amava.

12. Supliquemos à divina Mãe Maria, que nos obtenha de seu Filho a graça de entrarmos nessa fornalha de amor onde ardem tantos corações para que aí sejam destruídos nossos afetos terrenos e possamos nos abrasar naquelas chamas bem-aventuradas que fazem as almas santas na terra e bem-aventuradas no céu.

Publicado em A Obra do Divino Espírito Santo.

ORAÇÃO PENITENCIAL PARA A QUARESMA

Abre-me as portas da penitência, Senhor, Fonte de vida, pois desde a aurora, meu espírito que leva o templo de meu corpo todo manchado de pecado está voltado para Teu Templo santo! Em Tua infinita bondade, purifica-me por Tua doce misericórdia. Aplana-me o caminho da salvação, ó Mãe de Deus! Pois sujei minha alma com pecados infames dissipando minha vida na negligência. Por Tua intercessão, salva-me de toda impureza! Quando medito, miserável, sobre a multidão de minhas más ações fico aterrorizado ao pensar no temível dia do Julgamento. Porém confiando em Tua bondade misericordiosa, chamo a Ti, como David: Tem piedade de mim, ó Deus segundo Tua imensa misericórdia!

(Fonte: in Devocionário Quaresmal, J. L. Risoto, p. 5, em formato PDF)

Publicado em Sou Todo Teu, Maria.

A Misericórdia de Deus: Em minhas misérias, o teu poder

“‘Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer’ (Rm 5,7). É possível encontrar alguém que se anime a morrer por uma pessoa de bem. Mas, por uma pessoa injusta, ímpia, iníqua, quem quereria morrer, a não ser somente Cristo, o Justo, para justificar até os injustos? Não tínhamos merecimento algum, meus irmãos, pois tudo em nós eram obras más. Contudo, apesar disso, a misericórdia do Redentor não abandonou os homens. Eles mereciam ser punidos. O Senhor, porém, em vez da punição, que era devida, concedeu a graça, que não era devida” (Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo).

Deus nos dá aquilo que não nos é devido. Em Sua justiça, Ele não Se prende aos nossos méritos. Quanto nos custa entender isso! Ao contrário, Deus ama dar de graça. Aliás, é o que Ele mais gosta de fazer. Quem entendeu isso foi Santa Teresinha; ela foi tão longe nessa compreensão, que encontrou a melhor maneira de agradar a Deus: não querer nada de Deus por mérito, mas somente pela pequenez, ou seja, pela humildade e dependência de Deus. Santa Teresinha entende que a relação do homem com Deus é pautada na confiança se ser filha.

Na verdade, se for por mérito, não merecemos nada! Nem na ordem da criação, porque existir mesmo é dom de Deus, menos ainda na ordem da graça, porque somos pecadores. Aliás, a doutrina católica ensina que, mesmo nossos atos meritórios de bondade e virtudes são precedidos pela graça de Deus, ou seja, mesmo o que fazemos de bom, foi antes movido por Deus. Então, tudo o que Deus faz em nosso favor é pura generosidade. Isso é importante, para entendermos que a misericórdia não é simplesmente o gesto de perdão de Deus aos pecadores. É muito mais que isso, é o amor de Deus em movimento que poderosamente sustenta todas as coisas. Tanto mais essas coisas são frágeis, maior será o movimento do Amor, maior será a misericórdia.

Os movimentos da misericórdia 

Na misericórdia de Deus existem dois movimentos: a compaixão e a onipotência.  A compaixão é esse gesto de Deus de Se abaixar à condição humana, misturar-Se a ela. O mistério da Encarnação do Verbo é pura manifestação da misericórdia de Deus. Deus Se abaixa e Se mistura à lama do pecado humano. Jesus, ao imergir no rio Jordão, mergulhou na lama humana. Se em nosso batismo mergulhamos em Deus para a Sua Vida, Jesus, no Jordão, mergulhou na lama humana para nossa morte.

Santo Tomás de Aquino afirma que a misericórdia de Deus “não é um sinal de fraqueza, mas antes, qualidade da onipotência de Deus.” Deus, então, não fica preso à lama humana, Ele vence. A misericórdia de Deus é a Sua vitória contra todo o mal. O mal – a morte – não o retém. Jesus Ressuscitou, ou seja, Ele Se sujeita ao mal dos homens na Cruz, assume a morte, mas Ele os transformou em bem maior. Transformou a morte em vida, o mal em amor, a ofensa em perdão. Em Sua misericórdia, Ele vence o mal, não o destruindo, mas fazendo algo muito mais extraordinário: transformando-o em bem maior. O Papa Francisco na Bula “O Rosto da Misericórdia”, diz: “É próprio de Deus usar de misericórdia; nisso se manifesta de modo especial a Sua onipotência”. Santa Teresinha entendeu isto: crer na misericórdia é entender que a onipotência está a nosso favor. A nós basta confiar. 

A volta do filho pródigo na parábola de Jesus (cf. Lc 15, 11-32) é linda; ela nos fala da misericórdia de Deus. O pai está esperando o filho, ou seja, o pai é ávido por ser misericórdia. Ele não só espera o filho, mas quer a oportunidade de amar. Quando o filho volta, emporcalhado (comia com os porcos), sujo e fedendo, o pai o abraça, misturando-se em sua sujeira e fedor. Contudo, o pai o reveste de vestes novas, sandálias nos pés e anéis nos dedos, ou seja, o pai o resgata e o faz novamente filho. Isso é pura misericórdia de Deus.

Infelizmente, na moral permissiva em que vivemos, mesmo dentro da Igreja, tem se identificado a misericórdia com a mera compaixão. Nesse caso, Deus é muito bondoso, mas é fraco.  É fraco porque, no fundo, o mal é tão forte e imperativo na vida, na carne das pessoas, na cultura dos homens, que só resta a compreensão e a tolerância. Embora, com capa uma capa de humanismo, na verdade é uma concepção derrotista. No entanto, essa concepção é manca, porque a bondade de Deus não para na Sua compaixão, mas se consuma, se plenifica na Sua Onipotência, e é em Sua Onipotência que Deus vence o mal. Do contrário, o pai, na parábola, teria ficado eternamente abraçado ao filho emporcalhado, e a parábola terminaria aí.

Santa Teresinha se descobriu a “cantora das misericórdias de Deus”, ou seja, a misericórdia de Deus passou a habitar sua alma. Quem é assim descobre dentro de si o Deus invencível, que nenhuma mal, dentro de si ou fora, no mundo, “pode me separar do amor de Deus” (Rm 8,38).

André Luis Botelho de Andrade
Fundador e Moderador Geral da Comunidade  Pantokrator

Publicado em Comunidade Católica Pantokrator.

Imagem: Wikipédia.

Novena de Natal – A espera do Senhor

Começa hoje, 16 de dezembro, a Novena de Natal e a contagem regressiva para celebrar o nascimento de Jesus Cristo. Estes nove dias podem ser vividos intensamente em família, no trabalho, com a comunidade, o grupo da Igreja, e tantas outras pessoas.

Recomenda-se rezar à Virgem, a São José e ao Menino Jesus, refletindo e meditando sobre a vinda do Salvador.

1. Oração inicial

Deus benigno de infinita caridade que nos amastes tanto e que nos destes em vosso Filho a melhor oferta de vosso amor, para que, encarnado e feito nosso irmão no seio da Virgem, nascesse em um presépio para nossa saúde e remédio; vos damos graças por tão imenso benefício. De volta vos oferecemos, Senhor, o esforço sincero para fazer deste vosso mundo e nosso, um mundo mais justo, mais fiel ao grande mandamento de nos amarmos como irmãos. Conceda-nos, Senhor, vossa ajuda para poder realizá-lo. Pedimo-Vos que este Natal, festa de paz e alegria, seja para nossa comunidade um estímulo a fim de que, vivendo como irmãos, procuremos mais e mais os caminhos da verdade, da justiça, do amor e da paz. Amém.

(Rezar um Pai Nosso)

2. Oração para a família

Senhor, fazei de nosso lar um lugar de Vosso amor. Que não haja injúria porque nos dais compreensão. Que não haja amargura porque nos abençoais. Que não haja egoísmo porque nos alentais. Que não haja rancor porque nos dais o perdão. Que não haja abandono porque estais conosco. Que saibamos caminhar até vós em nosso viver cotidiano. Que cada manhã amanheça mais um dia de entrega e sacrifício. Que cada noite nos encontre com mais amor. Fazei Senhor com nossas vidas, que quisestes unir, uma página cheia de vós. Fazei, Senhor, de nossos filhos o que desejardes, ajudai-nos a educá-los, orientá-los pelo vosso caminho. Que nos esforcemos no apoio mútuo. Que façamos do amor um motivo para amar-vos mais. Que quando amanhecer o grande dia de ir a seu encontro conceda nos encontrarmos unidos para sempre em vós. Amém.

3. Oração à Virgem

Soberana Maria, te pedimos por todas as famílias de nosso país; faz com que cada lar de nossa pátria e do mundo seja fonte de compreensão, de ternura, de verdadeira vida familiar. Que estas festas de Natal, que nos reúnem ao redor do presépio onde nasceu teu Filho, nos unam também no amor, que nos façam esquecer as ofensas e nos deem simplicidade para reconhecer os enganos que tenhamos cometido. Mãe de Deus e Nossa Mãe, intercedei por nós. Amém.

4. Oração a São José

Santíssimo São José, esposo de Maria e pai adotivo do Senhor, foste escolhido para fazer as vezes de pai no lar de Nazaré. Ajudai os pais de família; que eles sejam sempre no lar a imagem do pai celestial, a teu exemplo; que cumpram a grande responsabilidade de educar e formar seus filhos, entregando-lhes, com um esforço contínuo, o melhor de si mesmos. Ajudai os filhos a entender e apreciar o abnegado esforço de seus pais. São José, modelo de marido e pai, intercedei por nós. Amém.

(Rezar um Pai Nosso)

5. Meditações

1ª Dia – 16 de dezembro

Vamos avaliar nossos valores de modo que o Natal seja o que deve ser: uma festa dedicada à RECONCILIAÇÃO. Dedicada ao perdão generoso e compreensivo que aprenderemos com um Deus compassivo. Com o perdão do Espírito Santo podemos nos reconciliar com Deus e com os irmãos e andar em uma vida nova.

É a boa notícia que São Paulo exclamou em suas cartas, tal como lemos em sua epístola aos Romanos 5, 1-11.

Viver o Natal é apagar as ofensas se alguém nos ofendeu e é pedir perdão se tivermos ofendido a outros. Assim, do perdão nasce a harmonia e construímos essa paz que os anjos anunciam em Belém: paz na terra aos homens que amam ao Senhor e se amam entre si. Os seres humanos podem nos ofender com o ódio ou podemos ser felizes em um amor que reconcilia. E essa boa missão é para cada um de nós: ser agentes de reconciliação e não de discórdia, ser instrumento de paz e semeadores de irmandade.

2º Dia – 17 de dezembro

O segundo dia é dedicado à COMPREENSÃO. Compreensão é uma nota distintiva de todo verdadeiro amor. Podemos dizer que a encarnação de um Deus que se faz homem pode ler-se em chave desse grande valor chamado compreensão. É um Deus que fica em nosso lugar, que rompe as distâncias e compartilha nossos afãs e nossas alegrias. É graças a esse amor compreensivo de um Deus pai que somos filhos de Deus e irmãos entre nós. Deus, como afirma São João, nos mostra a grandeza de seu amor e nos chama a viver como filhos dele.

Ler a primeira carta de João 3, 1-10.

Se de verdade atuarmos como filhos de Deus não imitamos Caim, mas “dermos a vida pelos irmãos” (3, 16). Com um amor compreensivo, somos capazes de ver as razões dos outros e ser tolerantes com suas falhas. Se o Natal nos tornar compreensivos será um excelente Natal. Feliz Natal é aprender a nos colocarmos no lugar dos demais.

3º Dia – 18 de dezembro

O terceiro dia é dedicado ao RESPEITO. Uma qualidade do amor que nos move a aceitar os outros tal como são. Graças ao respeito valorizamos a grande dignidade de toda pessoa humana feita à imagem e semelhança de Deus, embora essa pessoa esteja errada. O respeito é fonte de harmonia porque nos anima a valorizar as diferenças, como o faz um pintor com as cores ou um músico com as notas ou ritmos. Um amor respeitoso nos impede de julgar os outros, manipulá-los ou querer moldá-los a nosso modo.

Sempre que penso no respeito vejo Jesus conversando amavelmente com a mulher samaritana, tal como o narra São João no capítulo quarto de seu evangelho. É um diálogo sem recriminações, sem condenações e no qual brilha a luz de uma delicada tolerância. Jesus não aprova que a mulher não conviva com seu marido, mas em vez de julgá-la, a felicita por sua sinceridade. Atua como bom pastor e nos ensina a ser respeitosos se de verdade queremos nos entender com os demais.

4º Dia – 19 de dezembro

O quarto dia é dedicado à SINCERIDADE. Uma qualidade sem a qual o amor não pode subsistir, já que não há amor onde há mentira. Amar é andar na verdade, sem máscaras, sem o peso da hipocrisia e com a força de integridade.

Só na verdade somos livres como anunciou Jesus Cristo: João 8, 32. Só sobre a rocha firme da verdade pode se sustentar uma relação nas crises e nos problemas. Com a sinceridade ganhamos a confiança e com a confiança chegamos ao entendimento e à unidade. O amor ensina a não agir como os egoístas e os soberbos que acreditam que sua verdade é a verdade.

Se o Natal nos aproximar da verdade é um bom Natal, é uma festa em que acolhemos Jesus como luz verdadeira que vem a este mundo: João 1, 9. Luz verdadeira que nos afasta das trevas nos move a aceitar Deus como caminho, verdade e vida. Que nosso amor esteja sempre iluminado pela verdade, de modo que esteja também favorecido pela confiança.

5º Dia – 20 de dezembro

O quinto dia é dedicado ao DIÁLOGO. Toda a Bíblia é um diálogo amoroso e salvífico de Deus com os homens. Um diálogo que leva a seu cume e sua plenitude quando a Palavra de Deus que é Seu Filho, se faz carne, se faz homem, tal como narra São João no primeiro capítulo de seu evangelho. De Deus apoiado na sinceridade, assegurado no respeito e enriquecido pela compreensão, é o que necessitamos em todas nossas relações. Um diálogo em que diariamente “nos revestimos de misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência”. Colossenses 3, 12.

O diálogo sereno que brota de um sincero amor e de uma alma em paz é o melhor presente que podemos nos dar em dezembro. Assim evitamos que nossa casa seja lugar vazio de afeto onde andamos dispersos como estranhos sob o mesmo teto. Deus concede a todos o dom de nos comunicar sem ofensas, sem julgamentos, sem altivez, e sim com apreço que gera acolhida e aceitação mútua.

6º Dia – 21 de dezembro

O Sexto dia é para valorizar a SIMPLICIDADE. Simplicidade que é a virtude das almas grandes e das pessoas nobres. Simplicidade que foi o adorno de Maria de Nazaré tal como ela mesma o proclama em seu canto de Magnificat. “Meu espírito se alegra em Deus meu Salvador porque olhou a humildade de sua serva” (Lucas 1, 47-48).

Natal é uma boa época para desterrar o orgulho e tomar consciência de tantos males que conduzem a soberba. Nenhuma virtude nos aproxima tanto dos demais como a simplicidade e nenhum defeito nos afasta tanto como a arrogância. O amor só reina nos corações humildes, capazes de reconhecer suas limitações e de perdoar sua altivez. É graças à humildade que agimos com delicadeza, sem nos crer mais do que ninguém, imitando a simplicidade de um Deus que “se despojou de si mesmo e tomou a condição de servo” (Filipenses 2, 6-11).

Crescer em simplicidade é um admirável presente para nossas relações. Recordemos que nesta pequenez há verdadeira grandeza, e que o orgulho acaba com o amor.

7º Dia – 22 de dezembro

Sétimo dia é para crescer em GENEROSIDADE. É a capacidade de dar com desinteresse onde o amor ganha a corrida do egoísmo. É na entrega generosa de nós mesmos que se mostra a profundidade de um amor que não se esgota nas palavras. E isso é o que celebramos no Natal: o gesto sem igual de um Deus que dá a si mesmo. Isso São Paulo destaca: “soberba também na generosidade… pois conheceis a generosidade de Nosso Senhor Jesus Cristo o qual sendo rico, por vós se fez pobre para que vos enriquecêsseis com sua pobreza”. É uma passagem bíblica em que o apóstolo convida aos Coríntios a compartilhar seus bens com os necessitados (2Cor 8, 7-15).

Sabemos amar quando sabemos compartilhar, sabemos amar quando damos o melhor de nós mesmos em lugar de dar apenas coisas. Tomemos, pois, a melhor decisão: dar carinho, afeto, ternura e perdão; dar tempo e dar alegria e esperança. São os presentes que mais valem e não custam dinheiro. Demos amor, como dizia São João da Cruz: onde não há amor coloques amor, e tirarás amor.

8º Dia – 23 de dezembro

Oitavo dia é para assegurar a FÉ. Uma fé que é firme quando nasce de uma relação amistosa com o Senhor. Uma fé que é autêntica se está confirmada com as boas obras, de modo que a religião não seja apenas de rezas, ritos e tradições. Precisamos cultivar a fé com a Bíblia, a oração e a prática religiosa porque a fé é nosso melhor apoio na crise. Necessitamos de uma fé grande em nós mesmo, em Deus e nos demais. Uma fé sem vacilações como queria Jesus: Marcos 11, 23. Uma fé que ilumina o amor com a força da confiança, já que “o amor em tudo crê” (1Cor 13, 7).

A FÉ é a força da vida e sem ela andamos à deriva. De fato, aquele que perdeu a fé, já não tem mais nada a perder. Que bom que cuidamos de nossa fé como se cuida de um tesouro! Que bom que nos possam saudar como à Virgem: “Feliz és tu que acreditaste” (Lc 1, 45).

9º Dia – 24 de dezembro

Nono dia é para avivar a ESPERANÇA e o AMOR. O amor e a esperança sempre vão de mãos dadas com a fé. Por isso, em seu hino ao amor, São Paulo nos mostra que o amor crê sem limites e espera sem limites (1Cor 13, 7). Uma fé viva, um amor sem limites e uma esperança firme são o incenso, o ouro e a mirra que nos dão ânimo para viver e coragem para não cair.

É graças ao amor que sonhamos com altos ideais e é graças à esperança que os alcançamos. O amor e a esperança são as asas que nos elevam à grandeza, apesar dos obstáculos e das insipidezes. Se amarmos Deus, amamos nós mesmos e amamos os outros, podemos obter o que sugere São Pedro em sua primeira carta: “Estejam sempre dispostos a dar razão de sua esperança. Com doçura, respeito e com uma boa consciência” (3, 15-16). Se acendermos a chama da esperança e o fogo do amor, sua luz radiante brilhará no novo ano depois que se apaguem as luzes do Natal.

6. Oração ao Menino Deus:

Senhor, Natal é a lembrança de teu nascimento entre nós, é a presença de teu amor em nossa família e em nossa sociedade. Natal é certeza de que o Deus do céu e da terra é nosso Pai, que tu, Divino Menino, é nosso irmão. Que esta reunião junto a teu presépio nos aumente a fé em sua bondade, comprometa-nos a viver verdadeiramente como irmãos, nos dê valor para matar o ódio e semear a justiça e a paz. Ó Divino Menino, ensina-nos a compreender que onde há amor e justiça, ali estas tu e ali também é Natal. Amém.

(Rezar um Glória ao Pai)

7. Gozos

Meu doce Jesus, meu menino adorado! Vem a nossas almas! Vem, não demores tanto!

– Ó sapiência suma de Deus soberano que ao nível de um menino te rebaixaste. Ó Divino infante, vem para nos ensinar a prudência que faz verdadeiros sábios.

Meu doce Jesus, meu menino adorado! Vem a nossas almas! Vem, não demores tanto!

– Menino do presépio nosso Deus e irmão, tu sabes e entendes da dor humana; que quando sofrermos dores e angústias sempre lembremos que tu nos salvaste.

Meu doce Jesus, meu menino adorado! Vem a nossas almas! Vem, não demores tanto!

– Ó luz do oriente, sol de eternos raios que entre as trevas seu esplendor vejamos, Menino tão precioso, sorte do cristão, ilumina o sorriso de seus doces lábios.

Meu doce Jesus, meu menino adorado! Vem a nossas almas! Vem, não demores tanto!

– Rei das nações, ilustre Emanuel, de Israel pastor. Menino que apascenta com suave cajado a ovelha arisca ou o cordeiro manso.

Meu doce Jesus, meu menino adorado! Vem a nossas almas! Vem, não demores tanto!

– Abram-se os céus e chova do alto o bom orvalho, como santa irrigação. Venha belo menino, venha Deus encarnado; brilha bela estrela, brota a flor do campo.

Meu doce Jesus, meu menino adorado! Vem a nossas almas! Vem, não demores tanto!

– Tu te fizeste Menino em uma família cheia de ternura e calor humano. Que vivam os lares aqui congregados o grande compromisso do amor cristão.

Meu doce Jesus, meu menino adorado! Vem a nossas almas! Vem, não demores tanto!

– Do fraco és auxílio, do enfermo és amparo, consolo és do triste, luz do desterrado. Vida de minha vida, meu sonho adorado, meu constante amigo, meu divino irmão.

Meu doce Jesus, meu menino adorado! Vem a nossas almas! Vem, não demores tanto!

– Vem diante de meus olhos por ti enamorados, ora beije teus pés, ora beije tuas mãos. Prosternado em terra, te estendo os braços e, mais do que minhas frases, te diz meu pranto.

Meu doce Jesus, meu menino adorado! Vem a nossas almas! Vem, não demores tanto!

– Faz de nossa pátria uma grande família; semeia em nosso chão teu amor e tua paz, nos dê fé na vida, nos dê esperança e um sincero amor que nos una mais.

Meu doce Jesus, meu menino adorado! Vem a nossas almas! Vem, não demores tanto!

– Vem nosso Salvador, por quem suspiramos! Vem às nossas almas, vem, não demores tanto!

Publicado em Paróquia Nossa Senhora das Dores – Odessa SP.

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