SEXTA-FEIRA SANTA

Caros irmãos e irmãs,

A sexta-feira santa é o único dia do ano em que não se celebra missa. A eucaristia é a celebração de Deus vivo e, por isto, não faz sentido celebrar a eucaristia no dia em que Cristo morre. A Igreja está recolhida, em oração. Dia de penitência. Dia de jejum. Dia de abstinência de carne. Dia em que devemos voltar nossos pensamentos para viver os sofrimentos atrozes vividos pelo Salvador e Redentor da humanidade.

A liturgia nos faz sentir, de maneira especial, o significado do sofrimento de Cristo, e as duas leituras que preparam o Evangelho são fundamentais para penetramos no Mistério que celebramos. A leitura da Paixão segundo João constitui o modo privilegiado de acesso ao mistério pascal, que neste dia revivemos, sobretudo como morte do Senhor. A primeira Leitura (cf. Is 52,13-53,12) é o quarto canto do Servo de Javé. Nesta leitura retirada do livro do profeta Isaías, a Igreja nascente encontrou, através das nuvens da história antiga, o fio que a existência de Jesus retornou e levou ao fim: a doação da vida do justo, pela salvação dos homens e mulheres, pela salvação dos irmãos, mesmo dos que o rejeitaram e mesmo daqueles que o traíram.

Já a segunda leitura, retirada da Carta aos Hebreus (cf. Hb 4,14-16;5,7-9), coloca em evidencia que Jesus participou em tudo de nossa condição humana. Assim, devemos nos colocar perante o mistério de hoje: Jesus, se fazendo homem em tudo, exceto no pecado, morre pela salvação da humanidade, para o perdão de nossos pecados, inaugurando o novo tempo: o tempo da salvação e da glória.

Nesta celebração acompanhamos os passos do Senhor em sua paixão até a sua entrega total na cruz. Contemplando e adorando o Senhor Crucificado, elevamos nossa oração por todas as pessoas com quem o sangue de Cristo nos fez irmãos, especialmente os que sofrem, prolongando hoje, o mistério de sua cruz.

Neste dia, somos chamados a contemplar a Paixão e Morte de Jesus. Somos levados a contemplar e vivenciar o mistério da iniquidade humana na pessoa de Jesus sim, mas, sobretudo, o mistério do Seu triunfo definitivo. O rito da apresentação e adoração da cruz vem como consequência lógica da proclamação da paixão de Cristo. A Igreja ergue diante dos fiéis o sinal do triunfo do Senhor, que Ele mesmo havia dito: “Quando levantarem o Filho do Homem, saberão que Eu sou” (Jo 8,28). Enquanto apresenta a cruz, o celebrante canta por três vezes: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo”. A assembleia, cada vez, responde: “Vinde, adoremos!”.

E neste dia, a liturgia nos convida a lançar um olhar para o Calvário de Cristo. E lá podemos também contemplar Maria, silenciosa aos pés da cruz, com o coração retalhado de dor, Maria é figura da humanidade redimida. Nesta Sexta-feira Santa somos também convidados a contemplar o mistério da cruz de Cristo, através do olhar maternal de Maria. O evangelista São João refere-nos que aos pés da cruz, onde o Senhor entrega a vida, estavam a mãe de Jesus, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena; e ainda o próprio evangelista São João (cf. Jo 19,25). Jesus foi praticamente abandonado por todos. Os discípulos se dispersaram, restando apenas João, aquele que Jesus amava, segundo a tradição, os miraculados desapareceram, as multidões que o seguiam e o aclamaram como Messias nas ruas de Jerusalém, pediram a sua condenação. Só Maria, sua mãe, acompanhada por duas amigas, e João, são fiéis até ao fim.

Eles vencem o medo e superam a dor e não evitam a cruz. Essa é a primeira atitude que podemos aprender com Maria: não ter medo da cruz, contemplá-la com amor, porque aquele crucificado é a encarnação do amor. Aproximamos da cruz porque nela está suspenso alguém que nos ama infinitamente, nosso Senhor e Mestre. Naquela cruz joga-se o nosso destino; ali somos gerados para uma vida nova, nas núpcias misteriosas entre Deus e a humanidade; e Maria, que dera à luz o Verbo encarnado, surge como Mãe da nova humanidade, participando como mulher e Mãe nesse parto doloroso da humanidade redimida. Jesus explicita essa nova maternidade de Maria, ao dizer-lhe, referindo-se a São João: “Mulher, eis o teu filho” (Jo 19,26). A maldição que tinha caído sobre outra mulher, Eva, a primeira mãe da humanidade, condenada a dar à luz os seus filhos na dor (cf. Gn 3,16) é vencida na dor de Maria. Também ela, aos pés da cruz, gera os novos filhos na dor, mas a sua dor é o sofrimento da redenção.

Aos pés da Cruz está Maria como corredentora. Quis Deus que entre ela e o seu Filho, houvesse uma unidade de missão, e essa missão Maria a aceitou, desde o primeiro momento, na obediência da fé. Ao anjo disse: “Eu sou a Serva do Senhor, cumpra-se em mim a tua Palavra” (Lc 1,38). Essa obediência total à vontade do Pai será a atitude contínua de Jesus. A Sua fidelidade é uma obediência que, segundo São Paulo, encontra a sua máxima expressão naquela Cruz: humilhando-Se ainda mais, obedeceu até à morte na cruz (cf. Fl 2,8).

E na Carta aos Hebreus diz-se que Ele, “apesar de ser Filho, aprendeu, de quanto sofrera, o que é obedecer” (Hb 5,8). Aprender a obediência, aprofundar a atitude de abandono à vontade de Deus, eis algo que Maria não deixou de aprofundar, desde a anunciação até à cruz. Aos pés da cruz, tal como Seu Filho, Maria obedece, abandona-se ao desígnio misterioso de Deus e percebe, na cruz, qual era a vontade de Deus. A sua obediência é, agora, mais radical e profunda, pois percebe que é mais exigente aceitar a vontade de Deus acerca do Seu Filho do que acerca dela própria.

Aprendamos com Maria a obedecer à vontade do Senhor, quando nos convida à conversão, quando nos atrai para a intimidade, quando nos envia em missão, quando nos interpela a sermos santos, como ele é Santo. A cruz de Cristo é, em cada momento, um apelo à conversão, um convite à confiança, um desafio de amor.

Contemplando Maria, aos pés da cruz, aprenderemos, com ela, a abraçar a nossa cruz, isto é, as nossas provações, os nossos sofrimentos e que possamos fazer deles a oferta eucarística e hóstia de louvor, para a redenção do mundo. Assim seja.

Anselmo Chagas de Paiva, OSB

Mosteiro de São Bento/RJ

Entenda o significado de cada dia da Semana Santa

O Domingo de Ramos, abre a Semana Santa, e para aprofundar e melhor viver cada dia da “Semana Maior”, confira o significado das celebrações:

Domingo de Ramos


O Domingo de Ramos abre, por excelência, a Semana Santa, pois celebra a entrada triunfal de Jesus Cristo, em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, a Morte e a Ressurreição.

Este domingo é chamado assim, porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão por onde o Senhor passaria montado num jumento. Com isso, Ele despertou, nos sacerdotes da época e mestres da Lei, inveja, desconfiança e medo de perder o poder. Começa, então, uma trama para condená-Lo à morte.

A liturgia dos ramos não é uma repetição apenas da cena evangélica, mas um sacramento da nossa fé, na vitória do Cristo na história, marcada por tantos conflitos e desigualdades.

Segunda-feira Santa


Neste dia, proclama-se, durante a Missa, o Evangelho segundo São João. Seis dias antes da Páscoa, Jesus chega a Betânia para fazer a última visita aos amigos de toda a vida. Está cada vez mais próximo o desenlace da crise. “Ela guardava este perfume para a minha sepultura” (cf. João 12,7); Jesus já havia anunciado que Sua hora havia chegado.

A primeira leitura é a do servo sofredor: “Olha o meu servo, sobre quem pus o meu Espírito”, disse Deus por meio de Isaías. A Igreja vê um paralelismo total entre o servo de Javé cantado pelo profeta Isaías e Cristo. O Salmo é o 26: “Um canto de confiança”.

Terça-feira Santa

A mensagem central deste dia passa pela Última Ceia. Estamos na hora crucial de Jesus. Cristo sente, na entrega, que faz a “glorificação de Deus”, ainda que encontre, no caminho, a covardia e o desamor. No Evangelho, há uma antecipação da Quinta-feira Santa. Jesus anuncia a traição de Judas e as fraquezas de Pedro. “Jesus insiste: ‘Agora é glorificado o Filho do homem e Deus é glorificado nele’”.

A primeira leitura é o segundo canto do servo de Javé; nesse canto, descreve-se a missão de Jesus. Deus o destinou a ser “luz das nações, para que, a salvação alcance até os confins da terra”. O Salmo é o 70: “Minha boca cantará Teu auxílio.” É a oração de um abandonado, que mostra grande confiança no Senhor.

Quarta-feira Santa

Em muitas paróquias, especialmente no interior do país, realiza-se a famosa “Procissão do Encontro” na Quarta-feira Santa.

Os homens saem, de uma igreja ou local determinado, com a imagem de Nosso Senhor dos Passos; as mulheres saem de outro ponto com Nossa Senhora das Dores. Acontece, então, o doloroso encontro entre a Mãe e o Filho. O padre proclama o célebre “Sermão das Sete Palavras”, fazendo uma reflexão, que chama os fiéis à conversão e à penitência.

Quinta-feira Santa

Santos óleos
Uma das cerimônias litúrgicas da Quinta-feira Santa é a bênção dos santos óleos usados durante todo o ano pelas paróquias. São três os óleos abençoados nesta celebração: o do Crisma, dos Catecúmenos e dos Enfermos.
Ela conta com a presença de bispos e sacerdotes de toda a diocese. É um momento de reafirmar o compromisso de servir a Jesus Cristo.

Lava-pés
O Lava-pés é um ritual litúrgico realizado, durante a celebração da Quinta-feira Santa, quando recorda a última ceia do Senhor.
Jesus, ao lavar os pés dos discípulos, quer demonstrar Seu amor por cada um e mostrar a todos que a humildade e o serviço são o centro de Sua mensagem; portanto, esta celebração é a maior explicação para o grande gesto de Jesus, que é a Eucaristia.
O rito do lava-pés não é uma encenação dentro da Missa, mas um gesto litúrgico que repete o mesmo gesto de Jesus. O bispo ou o padre, que lava os pés de algumas pessoas da comunidade, está imitando Jesus no gesto; não como uma peça de teatro, mas como compromisso de estar a serviço da comunidade, para que todos tenham a salvação, como fez Jesus.

Instituição da Eucaristia
Com a Santa Missa da Ceia do Senhor, celebrada na tarde ou na noite da Quinta-feira Santa, a Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e faz memória da Última Ceia, quando Jesus, na noite em que foi traído, ofereceu ao Pai o Seu Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregou aos apóstolos para que os tomassem, mandando-os também oferecer aos seus sucessores.
A palavra “Eucaristia” provém de duas palavras gregas “eu-cháris”, que significa “ação de graças”, e designa a presença real e substancial de Jesus Cristo sob as aparências de Pão e Vinho.

Instituição do sacerdócio
A Santa Missa é, então, a celebração da Ceia do Senhor, quando Jesus, num dia como hoje, véspera de Sua Paixão, “durante a refeição, tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Tomai e comei, isto é meu corpo’.” (cf. Mt 26,26).
Ele quis, assim como fez na última ceia, que Seus discípulos se reunissem e se recordassem d’Ele abençoando o pão e o vinho: “Fazei isto em memória de mim”. Com essas palavras, o Senhor instituiu o sacerdócio católico e deu-lhes poder para celebrar a Eucaristia.

Sexta-feira Santa

A tarde da Sexta-feira Santa apresenta o drama incomensurável da morte de Cristo no Calvário. A cruz, erguida sobre o mundo, segue de pé como sinal de salvação e esperança. Com a Paixão de Jesus, segundo o Evangelho de João, contemplamos o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que o transpassou o lado. Há um ato simbólico muito expressivo e próprio deste dia: a veneração da santa cruz, momento em que esta é apresentada solenemente à comunidade.

Via-sacra
Ao longo da Quaresma, muitos fiéis realizam a Via-Sacra como uma forma de meditar o caminho doloroso que Jesus percorreu até a crucifixão e morte na cruz.
A Igreja nos propõe esta meditação para nos ajudar a rezar e a mergulhar na doação e na misericórdia de Jesus que se doou por nós. Em muitas paróquias e comunidades, são realizadas a encenação da Paixão, da Morte e da Ressurreição de Jesus Cristo por meio da meditação das 14 estações da Via-Crucis.

Sábado Santo

O Sábado Santo não é um dia vazio, em que “nada acontece”. Nem uma duplicação da Sexta-feira Santa. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo que pode ir uma pessoa. O próprio Jesus está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de Seu último grito na cruz – “Por que me abandonaste?” –, Ele cala no sepulcro agora. Descanse: “tudo está consumado!”.

Vigília Pascal
Durante o Sábado Santo, a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando Sua Paixão e Morte, Sua descida à mansão dos mortos, esperando, na oração e no jejum, Sua Ressurreição. Todos os elementos especiais da vigília querem ressaltar o conteúdo fundamental da noite: a Páscoa do Senhor, Sua passagem da morte para a vida.
A celebração acontece no sábado à noite. É uma vigília em honra ao Senhor, de maneira que os fiéis, seguindo a exortação do Evangelho (cf. Lc 12,35-36), tenham acesas as lâmpadas, como os que aguardam seu senhor chegar, para que, os encontre em vigília e os convide a sentar à sua mesa.

Bênção do fogo
Fora da Igreja, prepara-se a fogueira. Estando o povo reunido em volta dela, o sacerdote abençoa o fogo novo. Em seguida, o Círio Pascal é apresentado ao sacerdote. Com um estilete, o padre faz nele uma cruz, dizendo palavras sobre a eternidade de Cristo.
Assim, ele expressa, com gestos e palavras, toda a doutrina do império de Cristo sobre o cosmos, exposta em São Paulo. Nada escapa da Redenção do Senhor, e tudo – homens, coisas e tempo – estão sob Sua potestade.

Procissão do Círio Pascal
As luzes da igreja devem permanecer apagadas. O diácono toma o Círio e o ergue, por algum tempo, proclamando: “Eis a luz de Cristo!”. Todos respondem: “Demos graças a Deus!”.
Os fiéis acendem suas velas no fogo do Círio Pascal e entram na igreja. O Círio, que representa o Cristo Ressuscitado, a coluna de fogo e de luz que nos guia pelas trevas e nos indica o caminho à terra prometida, avança em procissão.

Proclamação da Páscoa
O povo permanece em pé com as velas acesas. O presidente da celebração incensa o Círio Pascal. Em seguida, a Páscoa é proclamada.
Esse hino de louvor, em primeiro lugar, anuncia a todos a alegria da Páscoa, a alegria do Céu, da Terra, da Igreja, da assembleia dos cristãos. Essa alegria procede da vitória de Cristo sobre as trevas. Terminada a proclamação, apagam-se as velas.

Liturgia da Palavra
Nesta noite, a comunidade cristã se detém mais que o usual na proclamação da Palavra.
As leituras da vigília têm uma coerência e um ritmo entre elas. A melhor chave é a que nos deu o próprio Cristo: “E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes (aos discípulos de Emaús) o que dele se achava dito em todas as Escrituras” (Lc 24, 27).

Domingo da Ressurreição

É o dia santo mais importante da religião cristã. Depois de morrer crucificado, o corpo de Jesus foi sepultado, ali permaneceu até a ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados. Do hebreu “Peseach”, Páscoa significa a passagem da escravidão para a liberdade.
A presença de Jesus ressuscitado não é uma alucinação dos Apóstolos. Quando dizemos “Cristo vive” não estamos usando um modo de falar, como pensam alguns, para dizer que vive somente em nossa lembrança.

Fonte: Jovens Conectados – com Portal Canção Nova 

Por que esta semana é Santa?

[Domingo, 02 de abril até sábado, 8 de abril]

Na Semana Santa, a Igreja Católica celebra os mistérios da salvação, levados ao cumprimento por Jesus Cristo nos últimos dias de Sua vida, a começar pelo Seu ingresso messiânico em Jerusalém. O tempo da Quaresma, o período de 40 dias, cujo início é na Quarta-feira de Cinzas, continua até a Quinta-feira Santa. A partir da Missa Vespertina da Quinta-feira (“in Cena Domini”/Ceia do Senhor) inicia-se o Tríduo Pascal que abrange a Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor e o Sábado Santo. E tem o seu ápice na Vigília Pascal e no Domingo da Ressurreição.

A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, que une num todo o triunfo real de Cristo e o anúncio de Sua Paixão. Desde a Antiguidade comemora-se a entrada do Senhor em Jerusalém com uma procissão solene. Com ela, os cristãos celebram esse evento, imitando as aclamações e os gestos das crianças hebreias, que foram ao encontro do Senhor com o canto do “Hosana” (o grito de exaltação e adoração ao messianismo de Jesus).

Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo

Durante a Semana Santa, a Igreja Católica celebra, todos os anos, os grandes mistérios da redenção humana. O Tríduo Pascal tem início na Quinta-feira Santa com a Missa do Lava-pés, expressão máxima da frase de Jesus: “Eu vim para servir, não para ser servido”. Nessa celebração, Cristo deixa o exemplo do amor ao próximo; nessa Missa também se recorda a instituição da Eucaristia e do sacerdócio. Ao final da celebração, acontece a “Transladação do Santíssimo”, na qual o sacerdote recolhe as Hóstias Consagradas e as deposita no sacrário. Tudo isso acontece numa procissão luminosa, na qual, o povo, em silêncio e recolhimento, é chamado à adoração a Nosso Senhor Jesus Cristo, que vai entregar-Se como sacrifício.

Na Sexta-feira Santa recorda-se o dia em que Cristo entrega-Se como vítima pela humanidade. A celebração desse dia se dá em três partes: Liturgia da Palavra com o Evangelho da Paixão; adoração da cruz, com o tradicional beijo da cruz e distribuição da comunhão. Esse é o único dia em que não há Missa. Nesse dia, os católicos observam o jejum juntamente com a abstinência de carne, como também, guarda-se o silêncio numa atitude de oração e contemplação.

semana santa

Foto Ilustrativa: Arquivo CN/ cancaonova.com

Ressurreição de Cristo

Na noite do Sábado, segundo uma antiga tradição da Igreja Católica, celebra-se a chamada “Vigília Pascal”. Esta noite santa, em que Jesus ressuscitou, deve ser considerada como “mãe de todas as santas vigílias”. Esta celebração inclui a chamada “bênção do fogo novo” com uma procissão luminosa, por meio da qual os fiéis católicos renovam sua fé em Jesus: a luz do mundo; a proclamação solene da Páscoa com o canto do “Exultat“; as leituras do Antigo e Novo Testamentos; e a celebração de um batismo, que é expressão da vida nova que Jesus veio trazer. Os fiéis são convidados a cantar com alegria que Jesus ressuscitou.

Leia mais:
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A cruz representa Cristo e o amor que Ele tem por nós
:: A espiritualidade da Sexta-feira Santa
:: Páscoa, seu real sentido
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 O Domingo de Páscoa, para os católicos, marca o início de um novo ciclo ou como é chamado “O Tempo Pascal”, que se estende por cinquenta dias até a chamada Festa de Pentecostes (descida do Espírito Santo). Esses dias são vividos com a mesma intensidade e júbilo como se fossem um só e mesmo dia, o Dia da Ressurreição.

Equipe de Colunistas do Formação

Publicado em Formação Canção Nova.

Quaresma: um caminho para salvação

Quaresma nos motiva a não fazermos as pazes com nossas paixões desenfreadas, ou atitudes anticristãs, um convite a buscarmos o bem, e principalmente a combatermos o mal que muitas vezes tenta nos desconfigurar da “imagem e semelhança de Deus” que fomos criados. Todos nós cristãos somos chamados à conversão contínua para alcançarmos a “estatura do Cristo em sua plenitude” (Ef 4,13).

No contexto social são intensos os preparativos para se comemorar as festas de significados relevantes. Quanto mais importante é a festa, mais tempo reservamos para as preparações, e nessas preparações já começamos a experimentar a alegria do que iremos comemorar.

De maneira análoga, porém, mistagógica, a Igreja propõe aos fiéis católicos um caminho de santidade a ser preparado e percorrido por um longo período, em dois ciclos que possuem uma dinâmica própria de celebração, são eles: o ciclo do Natal e o ciclo da Páscoa. Ambos os ciclos têm “o seu momento forte” da celebração propriamente dita, porém, precedido pela vivência da preparação, e sucedido por um prolongamento, chamado Mistério pascal.

O período de quarenta dias, compreendido entre a Quarta-feira de Cinzas e a Quinta-feira Santa pela manhã, é um tempo forte na vida da Igreja, tempo em que percorremos o caminho para a Páscoa, a celebração do “Grande Sacramento Pascal”, da Morte e Ressurreição de Jesus e nossa. A solenidade da Páscoa ultrapassa todas as outras do ano litúrgico.  É a maior de todas as festas cristãs, portanto, requer uma esmerada preparação. Seu objetivo, não se restringe apenas a um momento circunscrito do plano da salvação, mas o abrange em sua plenitude.Nesses quarenta dias a Liturgia da Palavra leva-nos a fazermos memória dos quarenta anos do povo de Deus no deserto, a revivermos os quarenta dias que Jesus passou no deserto, preparando-se para a sua missão outorgada pelo Pai.

É um tempo de aprimorada escuta da Palavra de Deus, de oração mais intensa, de jejum com firme propósito de mudança de vida. Tempo de reconciliação com Deus e com os irmãos, tempo de esmola (caridade), de partilha, de gestos solidários, de atenção aos pobres e necessitados. 

A Quaresma nos motiva a renunciarmos nossas paixões desenfreadas, ou atitudes anticristãs, um convite a não somente a buscarmos o bem, mas a combatermos o mal que muitas vezes tenta nos desconfigurar da “imagem e semelhança de Deus”. Todos nós cristãos somos chamados à conversão contínua para atingirmos a “estatura do Cristo em sua plenitude” (Ef 4,13).

Para melhor vivenciarmos esse rico Tempo litúrgico, a Igreja nos oferece celebrações relevantes para a nossa conversão, são elas: Quarta-feira de Cinzas, através da qual abrimos esse tempo de preparação pascal: “Convertei-vos, e crede no Evangelho!” Depois temos cinco Domingos da Quaresma, quando nos reunimos para celebrar a presença viva do Senhor que nos mostra o caminho para a vitória definitiva da Páscoa. E então vem o Domingo de Ramos, no qual lembramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, onde ele sofrerá a Paixão e mergulhará na morte, para depois ressuscitar vitorioso. Ainda como parte da Quaresma, celebramos na Quinta-feira Santa, pela manhã, a Missa dos Santos Óleos.

Peçamos ao Senhor que nos conceda a graça da perseverança e fidelidade ao seu plano de amor por nós, que nos conduz ao caminho da nossa salvação.

Oremos: Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta Quaresma possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder ao seu amor por uma vida santa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!

Perguntas para a reflexão: 

  1. O que significa para você a Quaresma?
  2. O que você costuma fazer no Tempo da Quaresma?
  3. O que lembra para você o Tempo da Quaresma?
  4. Como viver hoje o Tempo da Quaresma, na família, na comunidade, individualmente?

Texto: Zilbete Gonzaga | Revisão de Texto: Padre César Almeida Siqueira, sdb | Imagens: Internet | Design Imagem Capa: Ricardo Campolim – Pascom

Publicado em Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (Salesianos)

Das humilhações e desprezos que Jesus Cristo sofreu

Flagelação de Cristo, por Caravaggio
Flagelação de Cristo, por Caravaggio

Vidimus eum… despectum et novissimum virorum – “Vimo-lo… feito um objeto de desprezo e o último dos homens” (Is 53, 3)

Sumário. Quem pudera jamais imaginar que, tendo o Filho de Deus vindo à terra a fazer-se homem por amor dos homens, viesse a ser tratado por eles com tamanhos insultos e injúrias, como se fosse o último e o mais vil de todos? No entanto, assim aconteceu. Jesus foi traído por Judas, negado por Pedro, abandonado por seus discípulos, tratado de louco, açoitado qual escravo, e, afinal, proposto ao homicida Barrabás, foi condenado a morrer crucificado. Ah! Se este exemplo de Jesus Cristo não cura o nosso orgulho, não há remédio que o possa curar.

I. Diz Bellarmino que os desprezos causam mais pena às almas grandes do que as dores do corpo. Com efeito, se estas afligem a carne, aqueles afligem a alma, cuja pena é tanto maior quanto ela é mais nobre que o corpo. Mas quem teria jamais imaginado que o personagem mais digno do céu e da terra, o Filho de Deus, vindo ao mundo a fazer-se homem por amor dos homens, houvesse de ser tratado por estes com tamanhos desprezos e injúrias, como se fosse o último e o mais vil dos mortais? No entanto, assim aconteceu, pelo que Isaías disse: Vimo-lo desprezado e feito o último dos homens.

E que qualidade de afrontas não sofreu o Redentor em todo o tempo de sua vida, e especialmente em sua Paixão? Viu-se exposto a afrontas da parte de seus próprios discípulos. Um deles o traiu e vendeu por trinta dinheiros. Outro negou-o muitas vezes, mostrando assim que se envergonhava de o ter conhecido. Os outros discípulos, vendo-o preso e amarrado, fugiram todos e o abandonaram: Tunc discipuli eius, relinquentes eum, omnes fugerunt (1). Se Jesus Cristo foi tratado assim pelos seus próprios discípulos, faze-te uma ideia de como havia de ser tratado pelos seus inimigos mais encarniçados!

Ai, meu Senhor! No Sinédrio de Caifás vejo-Vos amarrado como um malfeitor; esbofeteado como homem insolente, declarado réu de morte como usurpador sacrílego da dignidade divina; e como homem já condenado ao suplício, vejo-Vos entregue à discrição de um canalha que Vos maltrata com pontapés, escarros e empurrões. Na casa de Herodes, Vos vejo, ó meu Jesus, feito alvo dos escárnios daquele rei impuro e de toda a sua corte; vejo-Vos coberto de um manto branco, tratado como ignorante e louco, e levado assim pelas ruas de Jerusalém. – No pretório de Pilatos, Vos vejo açoitado com milhares de golpes, qual servo rebelde, coroado de espinhos qual rei de teatro; posposto ao homicida Barrabás, e, finalmente, condenado a morrer crucificado. Por isso, vejo-Vos, por último, no Calvário, crucificado entre dois ladrões, praguejado, amofinado, insultado e feito o mais vil dos homens, homem de dores e opróbrios. Ai meu pobre Senhor!

II. As injúrias e os desprezos que Jesus Cristo quis sofrer no tempo de sua Paixão, foram tantos e tão grandes, que, no dizer de Santo Anselmo, não podia ser mais humilhado, do que realmente o foi. E o devoto Taulero diz que é opinião de São Jerônimo, que as penas sofridas por nosso Senhor, especialmente na noite que precedia a sua morte, só serão plenamente conhecidas no dia do juízo.

Mas para que tantos desprezos? É São Pedro quem no-lo diz: Jesus Cristo quis desta forma mostrar-nos quanto nos ama e ensinar-nos pelo seu exemplo a sofrermos resignadamente os desprezos e as injúrias: Christus passus est pro nobis, vobis relinquens exemplum, ut sequamini vestigia eius (2). Eis porque Santo Agostinho, falando das ignomínias padecidas pelo Senhor, conclui: “Se esta medicina não cura o nosso orgulho, não sei que outro remédio o possa curar!”

Ah, meu Jesus! Vendo um Deus tão desprezado por meu amor, não poderei eu sofrer o mais pequeno desprezo por vosso amor? Eu, pecador e orgulhoso? E d’onde, meu divino Mestre, me pode vir este orgulho? Pelos merecimentos das afrontas que tendes suportado por mim, dai-me a graça de sofrer, com paciência e com alegria, as afrontas e as injúrias. Proponho com vosso auxílio, d’aqui em diante, não me entregar mais ao ressentimento e receber com alegria todos os opróbrios de que eu possa ser alvo. Mereceria outros desprezos, porque desprezei a vossa divina Majestade e mereci os desprezos do inferno. E Vós, meu amado Redentor, me fizestes verdadeiramente doces e amáveis as afrontas, quando aceitastes tantas afrontas por meu amor. Proponho além disso, para Vos agradar, fazer todo o bem que eu puder àquele que me desprezar, ao menos dizer bem dele e orar por ele. Desde já Vos peço que acumuleis todas as vossas graças sobre os de quem tenha recebido alguma injúria. Amo-Vos, bondade infinita, e quero amar-Vos sempre com todas as minhas forças. – Ó minha aflita Mãe, Maria, alcançai-me a santa perseverança.

Referências:

(1) Mc 14, 50
(2) 1 Pd 2, 21

Publicado em Rumo à Santidade.

Jesus, a luz que ilumina o mundo

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

A extraordinária cura de um cego de nascença mostra como Deus não julga o exterior, mas olha dentro do coração humano (Jo 9,1-41). Aquele que é humilde, fraco, sofredor tem a preferência divina ao contrario dos que julgam pelos critérios humanos os quais valorizam os poderosos. Jesus viu alguém que não enxergava desde seu nascimento, desprezado, considerado pecador ou filho daqueles que haviam pecado e logo dele se compadeceu. Ante um julgamento tão negativo, Ele, que era luz do mundo, se encheu de compaixão perante a cegueira daquele homem. Fez um gesto surpreendente. Antes de simplesmente abrir os olhos do cego cuspiu no chão e fez barro com a saliva e aplicou-o aos olhos daquele sofredor. Cumpre penetrar no significado daquele sinal de Cristo que a primeira vista poderia parecer estranho. Há nele um duplo sentido. No início da Bíblia o Gênesis relata no capítulo segundo que Deus modelou o ser humano com o barro da terra. Era o aparecimento do homem. Pelo gesto de Jesus agora era um homem novo que ele entranhava no cego. Surgia uma nova vida deste encontro com o poderoso taumaturgo e tanto isto é verdade que, mais tarde, no reencontro com Cristo o cego curado fez um ato salvífico de fé: “Eu creio, Senhor. E O adorou”. Jesus lhe restituíra a visão corporal e espiritual. Aquele lodo de que se serviu Cristo era o símbolo do barro do pecado que deforma o olhar humano. São as faltas que impedem de ver a Deus como Pai e o próximo como irmão. Entretanto, Jesus, o taumaturgo, sana também o olhar errôneo que cada um tem sobre si mesmo. Muitos se julgam santos, quando na verdade o mal está enraizado na sua vida pela prática do desprezo dos mandamentos da Lei do Senhor. Jesus então manda ir não já à piscina de Siloé, mas ao sacramento da Confissão, fonte onde se lavam todas as maldades, todos os erros. Depara-se então com Aquele que é a luz que ilumina o mundo. A cura do cego de nascença suscitou inúmeras dúvidas entre seus conhecidos e os fariseus. Quantos incrédulos ainda hoje há no mundo que não creem no poder miraculoso de Jesus para si, para os outros, para quantos nele confiam! Não percebem que é possível a conversão dos que se extraviam e não são capazes também de perdoar os outros. A quaresma, mais do que um tempo de penitência, deve ser um contexto de acolhimento aos outros e a si mesmo. Recepção generosa da Luz de Deus, esta Luz que é Jesus e que deve aclarar a vida de seus seguidores, aumentando-lhes a fé nos mistérios revelados. O cego de nascença não havia nada pedido a Jesus, mas foi Jesus que tomou a iniciativa. Cristo está, sobretudo na Quaresma, à porta de cada coração e bate. Ele quer iluminar todos os recantos deste coração para que seu discípulo possa contemplá-lo na Eucaristia, na pessoa do próximo, nas belezas da natureza. Ele veio ao mundo como luz para restabelecer inteiramente a dignidade humana. O cego de nascimento que reconheceu a divindade de Cristo se tornou seu seguidor e sublinha a necessidade de que haja um apostolado devotado para que outros cegos passem a enxergar as maravilhas de Deus em seu derredor. A cura do cego fez surgir controvérsias e tomadas de posição. Isto faz lembrar o ilogismo daqueles que se opõem ao bom senso e à fé que se deve ter em Jesus e na sua verdadeira Igreja católica. Muitos são aqueles que como os pais do cego se esquivam para não se comprometer e até traem sua crença religiosa por interesses muitas vezes irrisórios. Não querem complicar sua vida, mas abandonam a luminosidade de Jesus. O encontro pessoal com Cristo deve levar a uma profissão completa de fé, porque senão, como disse Jesus, o pecado permanece. Jesus oferece sempre oportunidade para uma escolha sábia entre as trevas e a luz. Aquele que prefere sua cegueira espiritual, porém, não tem escusas, dado que Deus, como aconteceu com o cego do Evangelho, oferece oportunidade para uma cura total. Ele, contudo, não força a liberdade humana. Os fariseus continuaram os verdadeiros cegos e foram repreendidos pelo Mestre divino. Felizes, contudo, os que acolhem o dom da fé e vivem na luz de Cristo dentro da Igreja que guia, conduz e salva. É preciso enxergar a evidência da presença de Deus no decorrer de todas as horas, tendo com Ele uma amizade pessoal, íntima. Solicitar a Jesus para guardar junto de seu coração amoroso todos os passos cotidianos. Assim outros também descobrirão como é doce e suave uma existência sob a luminosidade divina.

* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Publicado em Arquidiocese de Mariana.

Quaresma: Tempo de crescer no amor

Assim como nossa vida é feita de momento mais fortes e momentos mais “fracos”, a nossa vida espiritual também acaba passando por esses altos e baixos. Para nos ajudar a não cair na tibieza espiritual e no cansaço diante da oração, da vida sacramental, e para nos ajudar a seguir e crescer espiritualmente a nossa Santa Igreja, nos dá também durante o ano litúrgico tempos mais “fortes espiritualmente”: Quaresma e Advento.

A Quaresma é o tempo no qual nos preparamos para a Páscoa, mas não somente a Páscoa da ressurreição de Cristo. O crescimento espiritual que teremos durante a Quaresma nos prepara também para a nossa páscoa, ou seja, a nossa passagem desta vida. Por isso, é muitíssimo importante aproveitar este tempo e crescer no Amor, na Caridade, na Penitência, e subjugar cada vez mais a nossa carne para que possamos fortalecer o espírito.

Nossa religião nos ensina os meios que temos de nos unir a Jesus:

Se você não está em estado de graça, o primeiro passo é se confessar e restabelecer o amor no seu próprio coração. Para que possa colher os frutos das obras a seguir.

1º Se você está em estado de graça, você precisa de um tempo para amar Jesus!

Vá a Igreja, visite o sacrário com mais frequência! Como você poderá amar alguém se não passa tempo com essa pessoa? Quando amamos, somos atraídos por aquele que amamos! Então, vamos procurar Cristo e aumentar a oração direcionada para o próprio Amor, que é Deus. Então mais que pedir coisas, mais que falar de si, contemple Cristo na tua oração, e deixe Deus falar no seu coração.

Vá mais ao Sacrário, Comungue com fervor, intensifique as orações!

Atenção: O DIABO NÃO QUER QUE FAÇAMOS ISSO! Então surgirão muitas dificuldades. O próprio Cristo foi tentado no deserto 3 vezes. Satanás tem inveja porque NUNCA verá a Deus, então por ódio ele vai fazer de tudo para que você também nunca contemple a Deus no céu. A oração nos ajuda a caminhar a cada dia mais para o céu, então tenha uma certeza: você será tentado de alguma forma a não crescer na sua vida de oração! Você vai sentir preguiça, vai pensar “ah… mas e já rezo o suficiente”, “ah, mas por que isso??”. Seja forte!

2º É preciso fazer Penitência: tirar do seu corpo os caprichos da criança mimada que é o seu corpo!

Não dê ao seu corpo tudo aquilo que ele quer. Assim como educamos uma criança assim, devemos nos educar assim também. Quando você dá tudo ao seu corpo, você mergulha no tédio e na tristeza, e para sair dessa tristeza precisa recorrer a subterfúgios: álcool, comida em excesso, drogas, pornografia, masturbação, programas de TV inúteis, horas e horas em Redes Sociais, etc.

A penitência, algo que tire do nosso corpo os prazeres da carne, nos ajudará a ficar mais saudáveis fisicamente e espiritualmente. Por que?

Negando ao seu corpo egoísta o que ele quer, você vai estar abrindo a porta para amar Jesus. Você estará abrindo espaço no seu coração, para receber a graça que Deus quer dar a você durante a sua oração.Padre Paulo Ricardo

Assim, o Jejum/Penitência é o complemento da Oração! É como se a penitência “turbinasse” a oração, pois é a penitência o que abre o meu coração para colher os frutos da oração, assim, aos poucos vendo os frutos dessa oração na minha vida eu cada vez mais desejo ter essa Presença perto de mim.

3º Melhorar na Caridade

Todo esse amor que alimentamos nos passos anteriores, se transforma não só em ação para com os irmãos mas em questionamentos também: Como eu estou tratando as pessoas com as quais eu mais convivo? Como eu tenho sido? Sou impaciente desmedidamente? Tenho sido bom? No meu trabalho, puxo tapetes? Procuro o meu bem acima do das outras pessoas?

A caridade, as obras de amor, também nos ajudam a praticar uma fagulha do amor com o qual Deus nos ama, nos fazendo amar o nosso próximo, o que agrada a Deus e nos aproxima dEle. A caridade pode ser frutos da Penitência e Oração, mas também pode ser um passo que nos ajudem a melhorar nos outros dois.

Ajuda para viver a Quaresma:

É importante nos darmos conta de que Jesus venceu o Inimigo! O Senhor colocou a nosso serviço os Santos Anjos e Ele próprio é a fonte da Graça, a fonte inesgotável do Amor.
O desejo de Cristo é que nós amemos a Deus, como Deus se ama na Santíssima Trindade e como Deus nos ama.

Nos momentos de dificuldade e em que somos atacados por Satanás e seus demônios, que NÃO QUEREM QUE NÓS CAMINHEMOS PRO CÉU, devemos recorrer aos Anjos! No Evangelho do 1º Domingo da Quaresma vemos que os anjos estavam a serviço de Cristo no deserto, e Cristo venceu as tentações! Os anjos também estão a nosso serviço e nós também temos a capacidade, pela graça de Deus, de vencer as tentações!

Então, vamos pedir a ajuda dos Santos Anjos para que nos ajudem a bem viver a Quaresma.

Publicado em Paróquia Bom Pastor.

5 curiosidades sobre a Cruz de Jesus

A crucificação de Jesus é narrada pelos 4 evangelistas (Mateus 27,33-44; Marcos 15,22-32; Lucas 23,33-43; João 19,17-30). Além disso, ela foi atestada por outras fontes antigas e está firmemente estabelecida como um evento histórico confirmado inclusive por fontes não cristãs.

Os sofrimentos de Jesus estavam previstos no Antigo Testamento. Em um dos Salmos, por exemplo, Davi citou uma das frases que Jesus falou na Cruz: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” (Salmo 21).

Também o profeta Isaías descreveu em sua narrativa o sofrimento, a morte e a exaltação do Servo Sofredor – Jesus Cristo.

A Bíblia Sagrada conta que Jesus foi preso no Getsêmani, que é um jardim secreto que fica no sopé do Monte das Oliveiras. Jesus foi para lá logo após a Última Ceia – que foi a última refeição que Ele fez com os Seus doze apóstolos e quando instituiu a Sagrada Eucaristia e o sacerdócio.

Logo que foi preso, Jesus foi julgado pelo Sinédrio, por Pilatos e por Herodes. Após ser condenado, em seguida foi entregue para execução. Sua sentença foi a morte na cruz.

Por que Jesus foi condenado a morrer numa cruz?

A morte de cruz era uma sentença aplicada aos piores criminosos e escravos. Pelo costume dos Judeu, seus acusadores, Ele poderia ter sido apedrejado até morrer. Porém, certamente por um desígnio Divino, os judeus entregaram Jesus para ser julgado conforme a justiça romana e, por isso, foi crucificado.

O próprio Jesus sabia o que aconteceria com Ele e aceitou voluntariamente, motivado pelo amor, morrer pela remissão dos nossos pecados. Ele deu a Sua vida para a salvação do mundo.

Por isso, a Cruz de Jesus é para os cristãos sinal do Seu amor incondicional e da Sua misericórdia infinita.

5 curiosidades sobre a Cruz de Jesus

São muitos os questionamentos a respeito da Cruz de Jesus. O que teria acontecido com ela após tirarem dela o corpo sem vida de Jesus? Hoje você vai descobrir!

1. Após a remoção do corpo a Cruz de Jesus foi jogada numa vala

A tradição conta que logo que o corpo de Jesus foi entregue à Sua Mãe para ser sepultado, a cruz foi removida e lançada uma fenda rochosa abaixo do Gólgota – a colina na qual Jesus foi crucificado.

Tempos depois, o imperador Adriano, que reinou entre os anos 117 e 138 d.C., menosprezava Jesus Cristo.

Por isso, ao edificar uma nova colônia romana sobre as ruínas de Jerusalém, ele mandou que fossem jogados entulhos de construção na fenda onde estava a Cruz de Jesus.

Além disso, no local onde aconteceu a crucificação ele mandou construir um prédio.

2. A Cruz de Jesus garantiu a vitória dos cristãos

Constantino foi um dos imperadores romanos que governou de 306 até sua morte em 337. Vindo de uma família cristã, ele era muito piedoso.

No ano 312 aconteceu em Roma a batalha da Ponte Mílvio, que foi o último confronto travado durante a Guerra Civil entre os imperadores romanos Constantino e Magêncio. A história narra que durante a batalha Constantino teve a visão de Cristo mostrando a Sua Cruz e dizendo a ele: “Com este sinal vencerás!”.

E assim aconteceu! Constantino saiu vencedor desta batalha e no ano seguinte decretou o cristianismo como a religião oficial do Império Romano, após 3 séculos de brutais perseguições contra os cristãos.

3.A Cruz de Jesus foi encontrada por uma mulher

O imperador Constantino mandou construir a Igreja do Santo Sepulcro sobre o túmulo de Jesus. A igreja foi edificada entre os anos 326 e 335.

Durante esse período sua mãe, Santa Helena, se dedicou incansavelmente a procurar pela Cruz de Jesus em Jerusalém. Ela levou para lá um grupo de escavadores que, depois de muito trabalho, conseguiu encontrar três cruzes e nas proximidades, além da placa que continha a inscrição que havia sido colocada sobre a Cruz de Cristo.

4. Um milagre identificou qual é a verdadeira Cruz

Segundo o Breviário Romano, Macário, bispo de Jerusalém, elevou a Deus suas preces, e levou cada uma das cruzes a três mulheres que sofriam de grave enfermidade.

Enquanto as demais de nada serviram às mulheres enfermas, a terceira Cruz, levada à terceira mulher, curou-a imediatamente.

5. Partes da Cruz de Jesus estão em Igrejas de Jerusalém e de Roma

No local onde encontrou a Cruz de Jesus, Santa Helena mandou construir uma igreja esplendorosa, onde depositou parte da Cruz em urnas de prata.

Além disso, uma das partes da Cruz ela deu a seu filho, Constantino, que a levou para Roma, depositando-a na igreja da Santa Cruz de Jerusalém, edificada no palácio Sessoriano.

Futuramente, fragmentos da Cruz de Jesus, ou seja, suas relíquias, foram distribuídas para igrejas em todo o mundo.

Helena também havia encontrado os pregos que foram usados para pregar as mãos e os pés de Cristo à Cruz, e ela os entregou ao seu filho.

Naquele tempo, Constantino sancionou uma lei que proibia a condenação de qualquer pessoa à morte na cruz.

Desde então, a cruz que antes era sinônimo de castigo e maldição passou a ser motivo de glória e objeto de veneração pelos cristãos em todo o mundo.

Publicado em Comunidade Católica Santos Anjos.

O sentido da Quaresma

“O período quaresmal encaminha a pessoa para uma transformação humana e espiritual em Deus”

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Quaresma é um dos tempos mais importantes do ciclo litúrgico da Igreja. Tem como fundamento o convite à conversão, a experiência desértica com Deus, tendendo sempre à mudança radical de vida e de atitudes, olhando para dentro de si e mergulhando na via penitencial de Cristo, cercado pelo caminho do arrependimento e da misericórdia, no qual o cristão é chamado a dar um sentido mais verdadeiro de si e mais transparente.

O caráter original da Quaresma, segundo a força expressiva da mesma palavra, foi posto na penitência de toda a comunidade e dos indivíduos ao longo de quarenta dias. Na determinação da duração de quarenta dias, para que os cristãos se preparem para celebrar a solenidade Pascal, é mais do que certo que teve grande peso a tipologia bíblica dos quarenta dias, a saber: o jejum de quarenta dias de Jesus Cristo; os quarenta anos que passou o Povo de Deus no deserto; os quarenta dias passados por Moisés no Monte Sinai; os quarenta dias durante os quais Golias, o gigante filisteu, afrontou Israel, até que Davi avançou contra ele, abateu-o e o matou; os quarenta dias durante os quais o Profeta Elias, fortificado pelo pão assado e pela água, chegou ao Monte de Deus, o Horeb; os quarenta dias que o Profeta Jonas pregou a penitência aos habitantes de Nínive.

O Tempo da Quaresma tem a finalidade de preparar a Páscoa: a Liturgia Quaresmal conduz para a celebração do mistério pascal tanto os catecúmenos, através dos diversos graus da iniciação cristã, quanto aos fiéis, por meio da recordação do batismo e da penitência. Esse tempo favorável de reconciliação transcorre desde a Quarta-feira de Cinzas, que é dia de jejum e abstinência e de imposição das cinzas, até a Missa da Ceia do Senhor, inclusive. Desde o início da Quaresma até a Vigília Pascal não se canta (diz) o Aleluia nem o Glória. Os domingos deste Tempo são chamados 1°, 2°, 3°, 4° e 5º Domingos da Quaresma. O 6º Domingo, com o qual se inicia a Semana Santa, é chamado Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. A Semana Santa recorda a Paixão de Cristo, desde sua entrada triunfante em Jerusalém até a sua Ressurreição.

O período quaresmal encaminha a pessoa para uma transformação humana e espiritual em Deus, culminando todo o seu ser na plenitude da festa da Páscoa, a ressurreição do Senhor, o mistério salvífico de Jesus, o “Rabi”, que faz morada em nosso meio e traz a vida em abundância.

Por Pe. Antônio Lúcio, ssp e Cl. Deivid Rodrigo dos Santos Tavares, ssp

Publicado em Padres e Irmãos Paulinos.

Saber viver o sofrimento a exemplo de Cristo e São Paulo

Ninguém gosta de sofrer e poucos conseguem perceber que o sofrimento é redentor. Para perceber que existe um mistério salvífico no sofrer, basta que olhemos como Cristo viveu o seu sofrimento. A Cruz foi para Cristo a coroação do seu sofrimento e o ápice de toda a paixão salvadora. Durante as dificuldades e sofrimentos da vida, muitos se perguntam: “Por que eu estou passando por este sofrimento?”.

A resposta para essa pergunta é complexa, porém, podemos buscar nos dois grandes exemplos encontrados nos relatos bíblicos, Jesus e São Paulo. Primeiro, Cristo sofre por um fim, existe uma finalidade no padecimento do Senhor. Segundo, o apóstolo São Paulo sabiamente configura-se a Cristo e utiliza dos seus sofrimentos para assemelhar-se mais ainda. Essas duas grandes figuras de maneira geral têm muito a nos ensinar, principalmente quando se fala de dor e sofrimento.

O sofrimento de Cristo

O livro de Is 53,3-4 quando escreve sobre o Servo sofredor, figura essa que a igreja identifica a prefiguração de Cristo, relata o seguinte: “Era o mais desprezado e abandonado de todos, homem do sofrimento, experimentado na dor, indivíduo de quem a gente desvia o olhar, repelente, dele nem tomamos conhecimento. Eram na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as nossas dores, que levava às costas”.

Esse trecho do livro de Isaías retrata o motivo pelo qual Cristo padeceu. Foi para nos livrar das nossas dores, para reparar o erro cometido por nós. E você pode se perguntar: “Por que ainda sofremos?”. As ações de Jesus têm sempre um teor de eternidade, por isso, o padecimento de Cristo livrou-nos não do que é passageiro, mas do que é definitivo, ou seja, livrou-nos do sofrimento eterno muito mais do que o sofrimento passageiro.

A Cruz, ao mesmo tempo que retrata a dor e a morte do Senhor, significa sinal de redenção. O que para os judeus era escândalo e para os pagãos loucura, para nós, cristãos, é sinal de salvação e da glória de Cristo. O Senhor transforma todas as coisas, até mesmo o antigo sentido da cruz que, agora, torna-se novo com a manifestação de Jesus.

Os sofrimentos de Paulo

O apóstolo São Paulo começa a Carta aos Colossenses com uma declaração que, ao olhar humano, pode ser insana: “Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24). São Paulo não se alegra por ter recebido a liberdade da prisão, por ter recebido o “título” de apóstolo ou por ser reconhecido pelas pessoas, mas ele se alegra por sofrer. Sim, São Paulo deixa explicitamente claro que a sua alegria é suportar os sofrimentos e ainda completar o que falta a Cristo.

O apóstolo não é nenhum tipo de masoquista ou alguém que busca o sofrimento pelo sofrimento, mas, assim como Cristo, ele o faz por um sentido. São Paulo sabe que ele pode tirar proveito do que a vida o proporcionou viver, não um proveito pessoal, e sim como ele mesmo disse: em favor do corpo de Cristo que é a Igreja. Ele ainda coloca numa progressão geométrica do sofrimento, pois, à medida que crescem os sofrimentos de Cristo para nós, cresce também a nossa consolação por Cristo, eis então o ângulo pelo qual os cristãos entendem o sentido do padecer. O sofrimento tem a condição de fazer crescer o conforto do homem em Cristo.

O meu sofrimento

O Senhor concede aos homens poderem contribuírem com a humanidade sendo cooperadores de d’Ele e de seu Reino. O Catecismo da Igreja Católica no n° 307 diz: “os homens podem entrar deliberadamente no plano divino, por suas ações, por suas orações, mas também por seus sofrimentos”. Partindo desse parágrafo do Catecismo e por meio do sacramento do Batismo, o cristão é convidado a ser outro Cristo assemelhando-se a Ele. Dessa forma, a semelhança não pode ser pela metade ou naquilo que nos convém, mas em tudo, até nas dores.

Precisamos utilizar dos nossos sofrimentos para remir as culpas obtidas pelos nossos pecados. A sabedoria que São Paulo expressou na Carta aos Romanos 8,18 é, de certa forma, reconfortante e nos promete uma recompensa sem medidas, impulsionando-nos a bem viver as dores que padecemos: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada”. Sabemos que somos peregrinos neste mundo, estamos de passagem e não há motivo de nos apegarmos aqui nesta vida eternidade, pois a eternidade está na glória de Cristo. A nossa espera deve ser na glória futura, no que Deus ainda tem reservado para os fiéis.

Foi por consequência da obra salvífica de Cristo que o homem passou a ter esperança da vida e da santidade. A linguagem da cruz quer nos comunicar um sentido, mas esse só poderá ser entendido se olhado pelas chagas abertas de Cristo pelas quais o ser humano é salvo. Aprendamos com São Paulo e com Nosso Senhor Jesus Cristo a dar sempre sentido às dores e dificuldades que passamos. Os insensatos murmuram dos sofrimentos e os sábios tiram proveito para a contribuição da obra de Cristo.

Por Fábio Nunes, via Canção Nova

Publicado em Catedral Divino Espírito Santo (Palmas – TO)

Meditar a Paixão de Cristo na Quaresma

“TENDO, POIS, CRISTO PADECIDO NA CARNE, ARMAI-VOS TAMBÉM VÓS DO MESMO PENSAMENTO.”

Christo igitur passo in carne, et vos cadem cogitatione armamini. (1Pd 4,1)

I — Se Cristo padeceu tanto na sua carne, não o fez porque sua carne tivesse necessidade disso, mas porque a tua tinha necessidade destes padecimentos. Ele foi puríssimo e perfeitíssimo. Nunca teve necessidade de subtrair de sua carne o mal; jamais teve necessidade de incitá-la ao bem. Padeceu pela tua carne, que tinha grandíssima necessidade desses padecimentos, porque é tão preguiçosa para o bem e sempre tão pronta para o mal. Pareceria, pois, que o Apóstolo deveria dizer: “Tendo Cristo padecido na carne, armai-vos também vós da mesma Paixão”. Porque, se Cristo se comportou tão severamente para com a sua carne, o que não deverias fazer tu contra a tua, que é tão inclinada ao mal? Mas o Apóstolo, que conhecia a nossa fraqueza, só disse: “Armai-vos também vós do mesmo pensamento”. Quer que, se não te armas da Paixão de Cristo, armes-te ao menos do pensamento de tal Paixão. Que desculpa poderias ter, se não te resolvesses nem mesmo a isso?

II — Esse armamento deve ser duplo. Defensivo e ofensivo.

    Defensivo, para rebater os assaltos da tua carne rebelde.

    Ofensivo, para assaltá-la, isto é, para mantê-la humilde, obediente, para jazer com que ela pague ao espírito aquele tributo que lhe convém.

    O pensamento da Paixão de Cristo te servirá, pois, antes de tudo como armadura, para rebateres virilmente os assaltos da carne. Todos ensinam que o mais eficaz remédio contra as tentações sensuais é pensar no que Cristo padeceu por nós. “Põe como escudo de seu coração o seu trabalho” (Lm 3,65). Como é possível que te ponhas a contemplar Cristo na Cruz, que o vejas despido, todo gotejante de sangue por tua causa, escarnecido, triturado, e penses ainda em dar ao teu corpo todas as delícias lícitas e ilícitas? Sentirás logo uma santa ira contra ti mesmo e quererás maltratar-te, castigar-te como convém. O que não é só defender-se da carne, mas fazer-lhe uma ofensiva. Nota, porém, que para isso não basta uma recordação, um pensamento superficial da Paixão de Cristo. É necessário um pensamento muito atento. ‘‘Tendo, pois, Cristo padecido na carne, armai-vos vós também do mesmo pensamento”. Com efeito, este pensamento é que é útil: o pensamento assíduo. Não digas que se tomam as armas quando se faz necessário, e depois se as depõem. Se a carne te faz guerra continuamente, ou está sempre disposta a mover-se, dize-me só em que tempo podes depor as armas contra ela?

IV — Para que o pensamento da Paixão te seja realmente útil, deves procurar sobretudo aprender com viveza Quem seja Aquele que sofreu por ti. Por isso, São Pedro diz: “Tendo, pois, Cristo padecido na carne”. Trata-se do Filho de Deus. Ainda que Ele não tivesse feito outra coisa pela tua salvação, o fato único de ter provado sobre a Cruz aquele fel amargo deveria ser suficiente para ti, pobre verme da terra, para que vivesses imerso num mar de amargura, por seu amor. Quando Tobias viu todos os benefícios que o companheiro de seu filho lhe tinha feito, pensou dar-lhe metade de todos os seus bens, em reconhecimento. Mas quando chegou a conhecer que se tratava de um Anjo do Céu, caiu por terra como aniquilado, na impossibilidade de exprimir de algum modo a sua admiração e a sua devoção. Tu também deves comover-te sem dúvida com o pensamento de quanto Jesus sofreu por ti na sua Paixão. Mas, quando te recordas que Quem sofreu tudo isso foi o Filho de Deus Eterno, que desceu do Céu à Terra, tens de ficar infinitamente comovido e pronto a qualquer momento também morrer por Ele. “Quem me concederá de morrer por ti?” (2Rs 18,33). Se o teu coração tem sensibilidade, por mínima que seja, não pode deixar de ficar profundamente comovido com a Paixão de Jesus. Então a tua carne retrocederá e começará a deixar de dar-te tanto trabalho: “Eu me lembrarei disto sem cessar e a minha alma definhará dentro de mim” (Lm 3,20). 

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** Da obrigatória obra do Venerável Padre Paulo Ségneri, “Maná da Alma”, vol. VII (São Paulo: Realeza, 2023) – para adquirir esta e outras obras com um desconto especial para leitores d’O Fiel Católico, acessar este link e usar o cupom OFielCatolico – (obs.: o vol. VII, do qual foi extraído o trecho aqui reproduzido, encontra-se em fase de revisão e será lançado nos próximos meses; os primeiros 4 volumes da coleção estão disponíveis na loja).

Publicado em O Fiel Católico.

ORAÇÕES PARA O TEMPO DA QUARESMA (Para cada dia da semana)


ORAÇÃO PARA O INÍCIO DA QUARESMA

DEUS, Criador da minha vida, renova-me: traz-me para uma nova vida em Ti.
Toca-me e faz-me sentir integra novamente.
Ajuda-me a ver o Teu Amor na Paixão, morte e Ressurreição de Vosso Filho..
Ajuda-me a observar a Quaresma de uma forma que me permita celebrar esse
mesmo Amor.
Ajuda-me a preparar para viver estas semanas da Quaresma, à medida que eu
sinto uma profunda tristeza pelos meus pecados e Teu Amor Eterno por mim.
Pai Santo, que Jesus mande sobre mim o Espírito Santo, conduzindo-me neste
tempo favorável a uma sincera conversão.
Preciso Senhor viver a Graça do meu Batismo, morrendo para o que não é Teu
e vivendo conformada à Tua Vontade.
Que a Tua Palavra me conduza durante todos os dias deste Retiro Quaresmal.
Com o Jejum, a Oração e a Caridade operosa, unida à penitência, espero a
Vida Nova na Páscoa! Amém!

ORAÇÕES PARA CADA DIA DA SEMANA

Domingo
Deus de infinita misericórdia,
às vezes, há tanta escuridão na minha vida
que me escondo de Ti.
Eu humildemente te peço, pega minha mão,
e tira-me das sombras do meu medo.
Ajuda-me a mudar meu coração,
e leva-me para a Tua verdade.
ajudando-me a responder ao Teu generoso amor.
Deixe-me reconhecer a plenitude do Teu amor,
que preencherá a minha vida.
Livra-me da escuridão no meu coração.Assim seja.

Segunda-Feira
Senhor meu Deus,
o Vosso mandamento do amor é tão simples e tão desafiador.
Ajudai-me a deixar ir o meu orgulho e a ser humilde na minha penitência.
Eu quero viver da maneira que Vós me pedis para amar,
e amar da maneira Vós me pedis para viver.
Isto eu peço, através do Vosso filho, Jesus,
que está ao meu lado hoje e sempre.Assim seja.

Terça-Feira
Meu Deus,
que estais no céu
e sempre presente na minha vida,
guiai-me e protegei-me.
Leva-me com o Teu amor para longe do mal,
e guia-me pelo caminho certo.
Obrigada pelo cuidado que Vós tendes por mim.
Que o Vosso Espírito inspire a Igreja
e nos faça um instrumento do Teu amor. Assim seja.

Quarta-Feira
Deus de amor,
purifica os meus desejos para melhor Te servir.
através desta jornada quaresmal.
Livra-me da tentação de julgar os outros,
para me colocar acima deles;
e deixa-me render,
mesmo na minha impaciência, para com os outros.
Que com o Teu amor e Tua graça,
eu possa estar menos absorvido comigo mesmo,
e mais cheio do desejo a seguir-Te,
na vida que estabeleci,
de acordo com o Vosso Santo exemplo.Assim seja.

Quinta-Feira
Deus de amor eterno,
Eu ouço o Teu constante convite: “Vem, volta para Mim”,
e eu também anseio voltar para Vós.
Mas, preciso que me mostres o caminho para retornar.
Orienta-me neste dia, em boas obras que eu faça em Teu nome,
e envia-me o Teu Espírito, para guiar e fortalecer a minha fé.Assim seja.

Sexta-Feira
Amado Deus e Pai Carinhoso.
Eu sou apenas como uma criança
que vira tantas vezes as costas ao Teu Amor.
Por favor, aceita os meus atos de arrependimento de hoje
e ajuda-me a libertar do egocentrismo
que fecha o meu coração para Ti.
Como nesta jornada através de Quaresma,
deixa-me lembrar a festa que preparaste para mim,
na ressurreição da Vida Eterna.
Sendo assim preenchida com Graças e Louvores a Vós.Assim seja.
OBS: Todas as 6ª feiras recomenda-se rezar a Via Sacra.

Sábado
Deus de Amor infinito,
Vós me presenteais com inúmeras ofertas,
ao longo da minha vida.
Pelo que, no meu pensamento e ações de hoje,
Vos peço que me guiais à luz brilhante,
e cheia de Amor de Vosso Reino.
Ajuda-me a estar ciente,
das muitas maneiras que Vós me permitis
compartilhar Vossa vida.
Agradeço-Vos os presentes que Vós colocastes no meu caminho.
Deixai-me estar grato a cada momento deste dia.Assim seja.

Publicado em Nos Passas de Maria.

Amor de Jesus Cristo em dar-se a nós como alimento

Santa Comunhão - Eucaristia

Tire o maior proveito desta Meditação seguindo os passos
para se fazer a Oração Mental proposta por Santo Afonso!

In funiculis Adam traham eas, in vinculis caritatis… et declinavi ad eum ut vescerentur – “Eu as atrairei com as cordas com que se atraem os homens, com as prisões da caridade… inclinei-me para ele, para que comesse” (Os 11, 4)

Sumário. Quanto se julgaria distinguido o súdito a quem o príncipe mandasse algumas iguarias da sua mesa? Jesus Cristo, porém, na santa comunhão, nos dá para sustento, não só uma parte da sua mesa, mas o seu próprio corpo, a sua alma e a sua divindade. Será porventura uma pretensão exagerada da parte do Senhor, se, em compensação de tão grande dom, nos pede o nosso pobre coração todo inteiro? Todavia quantos cristãos não há que Lho recusam completamente ou Lho querem dar, mas dividido entre Ele e as criaturas?

I. Jesus Cristo não satisfez o seu amor, sacrificando a sua vida por nós num oceano de ignomínias e dores, a fim de patentear o amor que nos tinha. Além disso, e para nos obrigar mais fortemente a amá-Lo, quis, na véspera da sua morte, deixar-se todo a nós como nosso alimento na santíssima Eucaristia. ― Deus é todo-poderoso, mas depois de dar-se a uma alma neste Sacramento de amor, não lhe pode dar mais. Diz o Concílio de Trento que Jesus, dando-se aos homens na santa comunhão, derramou (por assim dizer) neste único dom todas as riquezas de seu amor infinito: Divitias sui erga homines amoris velut effudit.

Como não se julgaria honrado, escreve São Francisco de Sales, o vassalo a quem o príncipe enviasse algumas iguarias da sua mesa! E que seria se lhe desse para sustento alguma coisa da sua própria substância? Jesus Cristo, porém, na santa comunhão, nos dá para sustento, não só uma parte de sua mesa, não só uma parte da sua carne sacrossanta, mas o seu corpo inteiro: Accipite et comedite: hoc est corpus meum (1) ― “Tomai e comei, isto é o meu corpo”. E com o corpo nos dá também a alma e a divindade. Numa palavra, diz São João Crisóstomo, Jesus Cristo dando-se a si próprio no Santíssimo Sacramento, dá tudo o que tem e não Lhe resta mais nada para dar: Totum tibi dedit, nihil sibi reliquit.

É pois com razão que este dom é chamado por Santo Tomás: sacramento e penhor de amor, e por São Bernardo: amor dos amores: amor amorum, porque Jesus Cristo reúne e completa neste sacramento todas as outras finezas do seu amor para conosco. Pelo mesmo motivo Santa Maria Madalena de Pazzi chamava o dia em que Jesus instituiu este sacramento, o dia do amor. Ó maravilha e prodígio do amor divino! Deus, o Senhor de todas as coisas, se faz todo nosso!

II. Praebe, fili mi, cor tuum mihi (2) ― “Meu filho, dá-me teu coração”. Eis o que Jesus Cristo nos diz lá de dentro do santo Tabernáculo: Meu filho, em compensação do amor que te mostrei, dando-te o dom inapreciável do Santíssimo Sacramento, dá-me o teu coração e ama-me de hoje em diante com todas as tuas forças, com toda a tua alma. ― Parece-te porventura, meu irmão, que o nosso Salvador é exigente demais, depois de se ter dado a si próprio sem reserva? Todavia, quantos cristãos não há que recusam por completo seu coração a Jesus, ou querem dividi-lo entre Ele e as criaturas!

Ó meu caro Jesus, que mais podeis executar para nos atrair a vosso amor? Ah! Dai-nos a conhecer por que excesso de amor Vos reduzistes a estado de alimento, para Vos unir a pobres e vis pecadores como somos? Ó meu Redentor, vossa ternura para comigo tem sido tão grande, que não recusastes dar-Vos muitas vezes todo a mim na santa comunhão; e eu, quantas vezes tive a ingratidão de Vos expulsar da minha alma! Mas não é possível que desprezeis um coração contrito e humilhado. Por mim Vos fizestes homem, por mim morrestes e chegastes a Vos fazer meu alimento; após isto, que Vos fica ainda por fazer no intuito de conquistardes meu amor? Ah! Não poder eu morrer de dor, cada vez que me lembro de ter assim desprezado vossa graça! Ó meu Amor, arrependo-me de todo o meu coração de Vos ter ofendido. Amo-Vos, ó Bondade infinita; amo-Vos, ó Amor infinito. Nada mais desejo senão amar-Vos, e nada mais temo senão viver sem Vos amar.

Meu amado Jesus, não recuseis vir à minha alma. Vinde, porque estou resolvido a morrer antes mil vezes, que repelir-Vos de novo, e quero fazer tudo para Vos agradar. Vinde e abrasai-me todo no vosso amor. Fazei com que me esqueça de todas as coisas, para não mais pensar senão em Vós, e só a Vós buscar, meu único e soberano Bem. ― Ó Maria, minha Mãe, rogai por mim, e, por vossas orações, tornai-me reconhecido para com Jesus Cristo, que tanto amor me tem.

Referências:

(1) I Cor 11, 24
(2) Pv 23, 26

Publicado em Rumo à Santidade.

Quaresma, tempo de assumir a minha cruz


Quaresma, tempo de assumir a minha cruz!

“Cristo sofreu também por vós deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos.” (1Pd 2,21)

É bem desafiador assumir a minha cruz, mas quando me deparo com essa realidade e recordo o meu passado vejo como foi importante assumir, pois quando resisti e não quis assumir a vontade de Deus em minha vida, carregar a cruz foi mais pesado e doloroso.

Assumir a cruz não é uma tarefa fácil e nem tão simples, exige coragem, fé decisão e vida de oração. Pois volto a dizer que assumir a cruz é seguir os passos de Jesus.

Assumir a cruz é um exercício diário e muito particular, o que pode ser cruz para mim, pode não ser para você.

Nesta quaresma faça essa experiência de fé, “Assuma sua cruz”, e você verá que  Deus  sempre envia um Simão Cirineu  no meio do caminho, e olha se eu for detalhar minha trajetória, o Bom Deus enviou alguns. Assumir a cruz faz parte da vida de cada cristão, porque não a enxergamos somente como sacrifício, mas também como alegria e salvação.

Qual a sua cruz?

A depressão, ansiedade, desemprego, enfermidade, traição, dependência química?

Apresenta a Jesus, cada cruz tem seu peso, sua dor, seu sacrifício. Se puder pare uns 10 minutos diante de um crucifixo,  contemple  e peça a graça de assumir a sua cruz com amor, Jesus irá nos ensinar,  Ele derramou seu amor por mim e por você. Queira assumir com coragem e fé, pois assim trilharemos nosso caminho rumo ao céu!

“Quem não busca a cruz  de Cristo, não busca a glória de Cristo. ” (São João da Cruz)

Daniela da Silva de Amorim

Missionária Consagrada Arca da Aliança

Missão Joinville/SC

Publicado em Arca da Aliança – Comunidade Católica.

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