O humano vem sendo substituído pelo artifício, e nem mesmo os sentimentos, as emoções estão fora de seu alcance. O mundo virtual está mudando, em sentido geral, a noção do que é viver em uma perspectiva ampla… A Ciência tem se mostrado em muitos campos, um bem para a Humanidade. Mas sabemos que, em geral, oculta conteúdos nefastos ao longo de seu desenvolvimento. Este blog é uma tentativa, e ao mesmo tempo, uma proposta de autopreservação tanto emocional quanto espiritual. Quanto aos visitantes do blog "Castelo Interior", penso que o legado de Santa Teresa, bem como as contribuições da cristandade podem propiciar este "cuidado interior". Aliás, um cuidado vital que envolve nossas mentes, nossas almas. O título do blog é uma reverência à vida e à obra de Santa Teresa de Jesus (Ávila). Suas leituras me inspiraram, e mais que isto, continuam me ensinando a viver neste tempo caótico, a interpretá-lo à luz da Fé. A partir do que compreendi de seus escritos "Castelo Interior" e "Livro da Vida", e os mais breves (estou no início de "Caminho da Perfeição"), me lancei à proposta de uma "mescla" entre Jornalismo, Literatura (suas Obras, por excelência, através da análise de estudiosos carmelitanos descalços, principalmente), com abertura para textos clássicos católicos, e artigos universais e relevantes, segundo a ótica da doutrina católica. Por fim, acredito que a produção de Santa Teresa de Ávila evidenciará o quanto sua produção nos insere em uma inevitável espiral de espiritualidade. Seu tempo, como o nosso, estava impregnado de perigos extremos – tanto para o corpo, quanto para a alma. Entretanto, esta Doutora da Igreja deixou-nos, em seus três principais escritos, a essência de seu pensamento: "Nada te turbe, nada te espante. Tudo se pasa. Dios no se muda. La paciencia todo lo alcanza. Quien a Dios tiene nada le falta. Sólo Dios basta!" (Santa Teresa de Jesus). Este blog foi criado em 2007 e não tem fins comerciais.
Centenas de milhares de fiéis reuniram-se no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, no dia 12 de maio de 2025, para rezar pelo recém-eleito Papa Leão XIV e pela paz mundial. Os peregrinos vieram ao santuário para participar das comemorações do 108º aniversário da primeira aparição de Maria a três crianças pastoras, em 13 de maio de 1917. (Foto: OSV News/Pedro Nunes, Reuters)
(OSV News) ─ […] Nossa Senhora de Fátima – Nossa Mãe Santíssima […] em 1925 pediu aos fiéis que cumprissem a devoção dos Primeiros Sábados.
É um pedido que ─ em seu centenário, em 10 de dezembro ─ é frequentemente considerado “esquecido” entre os eventos sobrenaturais que cercam Fátima. Mas, após as aparições mais conhecidas de 1917, a Irmã Lúcia de Jesus Rosa dos Santos – uma das três videntes de Fátima, que mais tarde se tornou freira carmelita – revelou que Maria lhe apareceu duas vezes enquanto estava hospedada em um convento em Pontevedra, na Espanha, e pediu especificamente a prática.
Católicos do mundo todo foram convidados a dedicar o primeiro sábado do mês – por cinco meses consecutivos, daí o nome “Cinco Primeiros Sábados” – à confissão, à recepção da Sagrada Comunhão e ao rosário e meditação [por 15 minutos] sobre seus mistérios.
“Acredito que os aniversários de 100 anos são significativos porque ajudam a relembrar as novas gerações sobre as devoções que não desaparecem”, disse Barbara Ernster, gerente de comunicação e editora do Apostolado Mundial de Fátima EUA, à OSV News.
Embora não tenha havido qualquer investigação canônica, a devoção dos Primeiros Sábados foi aprovada pelo bispo de Leiria, Portugal, em 13 de setembro de 1939.
“Nossa Senhora pediu-nos que fizéssemos isto, e a mensagem de Fátima é atemporal”, disse Ernster, “porque é a mensagem do Evangelho. Nunca ficará desatualizada.”
Falando de Fátima — onde participava num programa e conferência do centenário, no âmbito do Apostolado Mundial — Ernster reforçou a mensagem de paz.
“Uma das coisas que Lúcia sempre dizia era que isso poderia ajudar a evitar guerras e contribuir para a paz mundial. E nos vemos agora em situações em que ouvimos falar de uma terceira guerra mundial – qualquer coisa poderia desencadeá-la. Mesmo em nosso próprio país, há tanta divisão… E então”, concluiu Ernster, “fazemos isso para que possamos ajudar a trazer a paz – paz para nossas famílias, para nossas nações, para nossa Igreja.”
São Carlos Acutis contou que, em um sonho após a morte da Irmã Lúcia, ela lhe disse: “A prática dos cinco primeiros sábados do mês pode mudar o destino do mundo.“
O cardeal Raymond L. Burke, ex-prefeito do Supremo Tribunal do Vaticano e arcebispo de Saint-Louis de 2004 a 2008, incentivou uma maior participação na devoção dos Primeiros Sábados, apoiando uma iniciativa liderada pela França conhecida como “Aliança dos Primeiros Sábados de Fátima”, que também lançou o “Jubileu dos Primeiros Sábados de Fátima 2025” em 4 de janeiro.
“A proximidade do centenário da aparição do Menino Jesus e de Sua Santíssima Mãe à Irmã Lúcia em Pontevedra, em 10 de dezembro de 1925, convida os fiéis a renovarem, com fé mais profunda e maior fervor, a prática da Devoção Reparadora dos Primeiros Sábados”, disse o Cardeal Burke em mensagem enviada à OSV News.
“Essa devoção, insistentemente solicitada pela própria Nossa Senhora como um ato de amorosa reparação ao seu Coração Doloroso e Imaculado, permanece de importância duradoura para a salvação das almas e para a paz no mundo“, acrescentou o prelado, que, como bispo de La Crosse, Wisconsin (1995-2004), fundou o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe naquela cidade.
No dia 10 de dezembro, o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe celebrará uma missa para comemorar o centenário das aparições em Pontevedra.
“Encorajo a todos a perseverarem nesta devoção“, convidou o Cardeal Burke, “com a confiança de Nossa Senhora na fidelidade de Deus às suas promessas de vitória sobre o pecado e a vitória da vida eterna.” O Padre Edward Looney, secretário da Sociedade Mariológica da América, também afirmou que os fiéis devem atender ao pedido de Maria. “No que diz respeito a Fátima, todos nós nos esforçamos para rezar o terço todos os dias, como ela pediu. Os mais dedicados observam a devoção do Primeiro Sábado“, compartilhou. “Se todos os católicos praticantes atendessem a este pedido, como sacerdote, eu estaria muito ocupado com confissões.“
Observando que os Primeiros Sábados também servem como reparação pelas ofensas contra Nossa Senhora, o Padre Looney acrescentou: “Temos visto estátuas vandalizadas e pessoas falando mal de Maria. Os Primeiros Sábados nos chamam a renovar nosso amor por Maria e a difundi-lo para que seu Imaculado Coração triunfe!” Para aqueles que não podem viajar para Fátima ou Pontevedra, o Apostolado Mundial de Fátima EUA oferece uma Peregrinação Virtual dos Primeiros Sábados a 12 locais sagrados relacionados a Fátima e às três videntes. Vídeos curtos, filmados no local, incluirão uma reflexão sobre os eventos e a devoção.
“O mais importante é que esta era a parte que nos cabia fazer, a parte que nos foi dada“, enfatizou Ernster. “A Igreja recebeu a sua parte em Fátima, mas os leigos receberam a sua parte — e é por isso que fazemos isto para ajudar a responder à mensagem que Nossa Senhora nos trouxe.“
— Kimberley Heatherington é correspondente da OSV News.
Conheça a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, qual a sua origem, como se popularizou, quais são as suas promessas e como praticá-la.
Quando é a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus em 2025?
Em 2025, celebraremos a festa do Sagrado Coração de Jesus no dia 27 de junho — oito dias depois da solenidade de Corpus Christi, conforme o decreto do Papa Pio IX.
Conheça a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, qual a sua origem, como se popularizou, quais são as suas promessas e como praticá-la.
É parte da cultura universal fazer referência ao coração quando o assunto é sentimento, especialmente amor. Sem dúvida, o coração é um símbolo do amor. Imagine então o coração do próprio Jesus! João foi o único apóstolo que teve a graça de se reclinar no peito de Jesus, na última Ceia. Ele ouviu o pulsar do Coração que mais amou os homens.
Neste artigo, você vai conhecer a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Ela pode ser considerada a fonte de todas as devoções, pois consiste numa devoção intimamente ligada ao Amor do próprio Deus por cada um de nós.
O que é a devoção ao Sagrado Coração de Jesus?
Na linguagem bíblica, o coração quer dizer “toda a pessoa na sua unidade de consciência, inteligência, liberdade. O coração indica a interioridade do homem, como também a sua capacidade de pensar: é a sede da memória, centro de escolhas e projetos.”1A devoção ao Sagrado Coração de Jesus revela, sobretudo, o infinito amor de Deus por cada um de nós, seus filhos. Sendo assim, é também um chamado para que aprendamos a amar como Ele nos amou — e ama.
Em primeiro lugar, Deus quis ter um coração de carne. Isso se torna evidente na Encarnação do Verbo, pois Ele se fez homem, através de Jesus Cristo, para nos amar com o coração de Seu Filho. “O objeto específico dessa devoção é o imenso amor do Filho de Deus, que O levou a entregar-se por nós à morte e a dar-se inteiramente a nós no Santíssimo Sacramento do Altar.” 2Dessa forma, a devoção ao Sagrado Coração resulta também na devoção a Jesus Eucarístico, portanto é um dogma de fé.
Ao se fazer homem, viver tudo como nós — exceto o pecado —, e ainda sofrer e morrer numa cruz, Cristo nos convence de que um coração humano é capaz de amar. E nos convence também do Seu amor por nós. Se para nós é difícil compreender que Deus, Criador de todo o universo, nos ama, talvez seja mais simples imaginar que um homem, humano como nós, nos ama e anseia pelo nosso amor.
Por isso, viver essa devoção é honrar de todas as formas possíveis — por meio de orações, adorações, agradecimentos etc. — tudo quanto Cristo fez por nós, especialmente entregar-se na Santa Eucaristia.
As origens da devoção
A França é filha primogênita da Igreja. Ela foi um berço de santos e também um lugar de aparições marianas, como La Salette (em 1846) e Lourdes (em 1858). E foi neste país que Deus quis também despertar a devoção ao Seu Sagrado Coração.
Alguns místicos na Idade Média, como Matilde de Magdeburg (1212-1283) e o Beato dominicano Enrico Suso (1295 – 1366) já cultivavam a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. E em 1672, João Eudes, sacerdote francês, celebrou esta festa pela primeira vez. 1 Mas foram especialmente com as revelações de Nosso Senhor feitas à mística francesa Santa Margarida Maria Alacoque, a partir de 1673, que a devoção se propagou ainda mais.
Santa Margarida Maria Alacoque
Santa Margarida Maria Alacoque nasceu em 1647. Era de uma família católica e recebeu uma boa formação cultural e religiosa. No entanto, seus pais hesitavam em deixá-la ir para o convento, como era sua vontade. Contudo, depois de ter sido curada de uma doença — tinha convicção da intervenção divina —, entra para a Ordem da Visitação, aos 24 anos.
Foi uma freira e mística francesa da Ordem da Visitação. Ela recebeu visões de Jesus e de Maria, as quais revelaram o poder do Sagrado Coração de Jesus. A primeira vez que o Senhor lhe apareceu — em 27 de dezembro de 1673 — foi na capela do convento Visitação de Paray-le-Monial, enquanto o Santíssimo Sacramento estava exposto e a santa em profundo recolhimento interior.
Na segunda aparição, a santa decide ofertar o seu coração a Cristo, que lhe adverte o quanto ela teria de sofrer dali em diante para que a devoção fosse difundida. Mas também a consola com a certeza de estar sempre unido a ela, como o esposo à esposa. Ela relatava todas as visões ao seu diretor espiritual, o padre jesuíta francês Jean Croiset, que encorajado pela própria Santa deixa uma grande obra escrita sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Por fim, o Senhor apresenta a Santa Margarida o seu desejo de que o Rei da França (Luís XIV) consagre a si mesmo e toda a sua corte ao Sagrado Coração de Jesus. Apesar de o pedido ter sido negado, e de toda a prudência da Igreja, muitos bispos permitiram a fundação de confrarias em honra a esta preciosa devoção ao longo do século XVIII. E, desde então, a devoção só aumentou. 3
Santa Margarida Maria Alacoque morre aos 43 anos, em 1690, depois de muito sofrer e lutar para propagar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
As 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus
Nas aparições de Nosso Senhor à Santa Margarida Maria Alacoque, Ele revela como está o seu coração, que é desprezado pelos homens diariamente: “Eis o Coração que tanto tem amado os homens, que a nada se poupou até se esgotar e consumir para testemunhar-lhes o seu amor; e em reconhecimento não recebo da maior parte deles senão ingratidões por meio das irreverências e sacrilégios, tibiezas e desdéns que usam para comigo neste sacramento de amor. E o que mais me custa é tratar-se de corações a mim consagrados os que assim me tratam.”
Mas, além das visões, o próprio Jesus revela que cumprirá grandes promessas na vida daqueles que se dedicarem, de fato, à devoção ao Seu Sagrado Coração. Não se sabe exatamente quem as enumerou em 12, como conhecemos hoje, mas é certo que elas estão contidas nas revelações, conforme os registros da própria Santa Margarida.
Conheça as 12 promessas
1ª: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração”;
2ª: “Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”;
3ª: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”;
4ª: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”;
5ª: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”;
6ª: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”;
7ª: “Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias”;
8ª: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”;
9ª: “As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição”;
10ª: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”;
11ª: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração”;
12ª: “A todos os que comunguem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.
A popularização da devoção
Depois da morte de Santa Margarida, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus foi se popularizando cada vez mais. O processo de reconhecimento e aprovação da Igreja também é prudente, a Festa do Sagrado Coração de Jesus foi instituída quase dois séculos depois das aparições. No entanto, isso não impediu que muitos mantivessem uma devoção particular durante esses anos. Vamos conhecer agora alguns acontecimentos que contribuíram para propagar a devoção.
A revolta da Vendeia
A revolta da Vendeia acontece em meio à Revolução Francesa. A região da Vendeia era uma área rural que, anos antes da revolução, foi evangelizada por São Luís de Montfort. Ele esteve lá pregando em missões, e a fé do povo se manteve de tal forma que os princípios da revolução foram por ele contrariados. Mesmo com a pobreza da região, os camponeses se recusaram a invadir e tomar as terras da nobreza, porque estas não lhe pertenciam.
Era um povo simples, mas de muita fé. Conheciam os mandamentos que lhes foram ensinados pelo santo e diziam que fazer aquilo seria atentar contra os mandamentos “não roubar” e “não cobiçar as coisas alheias”. A pregação de São Luís contemplava também o culto mariano e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus — o que foi refúgio para essa gente católica durante a revolução.
Logo, diversos homens e mulheres, nobres, padres e leigos se uniram para resistir à revolução e poderem viver a sua fé. A imagem do Sagrado Coração — como na visão de Santa Margarida: “um coração em chamas, coroado de espinhos e encimado por uma cruz”, 4 — passou a ser para eles um distintivo e também uma proteção contra os males da época.
Inclusive, muitas pessoas, durante a revolução, foram levadas à prisão e até mortas por confeccionar, distribuir ou portar a estampa do Sagrado Coração. Os contrarrevolucionários de Vendeia usavam uma insígnia do Sagrado Coração, onde se tinha escrito “Dieux le Roi“, que quer dizer, Deus é Rei.
A devoção foi sancionada em uma bula papal em 1794, pelo Papa Pio VI, a Auctorem Fidei. Na beatificação de Santa Margarida Maria Alacoque, pelo Papa Pio XI, ele diz: “Não havia nada mais caro ao Coração de Jesus do que acender no coração dos homens a mesma chama de amor que ardia no seu. A fim de alcançar este objetivo, Ele quis que se estabelecesse e se difundisse na Igreja a devoção ao seu Sacratíssimo Coração.”
Além disso, a devoção ao Sacratíssimo Coração de Jesus aparece recomendada por muitos outros pontífices no decorrer da história da Igreja. Papa Leão XIII, Inocêncio XII, Bento XIII, Clemente XIII, Pio VI e Pio IX contribuíram devotamente para a sua propagação. A encíclica Haurietis Aquas — promulgada em 15 de maio de 1956 —, do venerável Papa Pio XII, foi o maior documento pontifício a fundamentar com excelência a devoção, no que diz respeito a sua teologia. 5
Já Pio IX enfatizava a necessidade do sacrifício e da oração para que Nosso Senhor reinasse nos corações dos homens. Os Padres da Igreja viram no coração de Jesus aberto de Jesus, na Cruz, a origem dos sacramentos, a Eucaristia e sobretudo o sacerdócio. Também São João Paulo II afirma que o Coração de Jesus é fonte de santidade e que nele tem início a nossa santidade. É este coração que nos leva a compreender o amor de Deus e o mistério do pecado. 6
Festa litúrgica
Na segunda aparição, em 1675, depois de revelar Seu coração dilacerado, Jesus pede à Santa Margarida: “Por isso, que seja constituída uma festa especial para honrar meu Coração na primeira sexta-feira depois da oitava do corpo de Deus [Corpus Christi]. Comungue-se, nesse dia, e seja feita a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo que fica exposto sobre os altares. Eu te prometo que o meu Coração se dilatará, para derramar com abundância os benefícios de seu divino amor sobre os que lhe tributarem essa honra e procurarem que outros a tributem” 7
E, na última aparição de Nosso Senhor à Santa Margarida, Ele pede que seja instituída uma festa litúrgica para honrar o Seu Sagrado Coração. Depois de muitas dificuldades — como já previsto —, em 1856, o Papa Pio IX estabelece a Festa do Sagrado Coração de Jesus como obrigatória para toda a Igreja. Então, ela passa a ser celebrada na sexta-feira após a oitava de Corpus Christi, como pedido pelo próprio Cristo. Em 28 de junho de 1889, o Papa Leão XIII promulga um decreto por meio do qual a festa do Sagrado Coração de Jesus é elevada à dignidade de primeira classe no calendário litúrgico romano.
(…)
Um livro para se aprofundar na Devoção ao Sagrado Coração de Jesus
As aparições de Nosso Senhor à Santa Margarida são um apelo para que possamos amar e reparar o Sagrado Coração de Jesus. Deus vem primeiro até nós, revela o Seu amor e nos convida a amá-lo de volta. Agora cabe a nós buscar os meios de responder a esse amor, como é o desejo do Seu Sacratíssimo Coração.
Uma das formas de fazer isso é se aprofundar no conhecimento da devoção. Para isso, um livro que pode nos ajudar é “A Devoção ao Sagrado Coração”, do Pe. Jean Croiset. Ele foi amigo do confessor de Santa Margarida Maria Alacoque, o qual acompanhou de perto os relatos de suas visões.
(…)
Esta preciosa obra conta com uma linguagem de fácil compreensão. É um livro completo sobre o tema. Ele vai te ajudar a entender no que consiste a devoção, a conhecer os meios para obtê-la e a colocá-la em prática — com exercícios e meditações para todas as semanas do ano. Além disso, ela apresenta orações próprias para dias específicos.
A própria Santa Margarida incentivou o padre a escrever tal obra para divulgar essa singular devoção. Por isso, este é um verdadeiro tesouro para a vida espiritual de todo católico que deseja corresponder ao amor de Jesus Cristo e reparar o Seu Coração tão desprezado e, muitas vezes, esquecido pelos homens.
(…)
Oração ao Sagrado Coração de Jesus
Sagrado Coração de Jesus ofereço-vos, através do Coração Imaculado de Maria, mãe da Igreja, em união com o Sacrifício Eucarístico, as orações, obras, sofrimentos e alegrias deste dia, em reparação das nossas ofensas e pela salvação de todos os homens, com a graça do Espírito Santo, para a glória do Pai Divino. Amém.1
O Domingo de Ramos marca a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, mas também é o único domingo dedicado a uma meditação especial sobre sua Paixão, que, neste ano, é narrada pelo Evangelho de São Lucas.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 22, 14 -23, 56)
Neste domingo, celebramos o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, que marca o início da Semana Santa. Chegamos, portanto, ao final dos quarenta dias de jejum e penitência, a Quaresma — período especialíssimo para vivermos, com verdadeira devoção, a Paixão de Cristo.
O Domingo de Ramos marca a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, mas também é o único domingo dedicado a uma meditação especial sobre sua Paixão. Embora a Sexta-feira Santa seja a ocasião própria para isso, ela não é um dia de preceito e não há Missa propriamente, apenas a Celebração da Adoração da Cruz. Como nem todos participam das celebrações do Tríduo Pascal, a Igreja garante que, pelo menos no Domingo de Ramos, os fiéis ouçam a narrativa da Paixão de Nosso Senhor.
Neste ano, seguimos o relato de São Lucas sobre a Paixão, que possui detalhes singulares. A descrição começa na Última Ceia, onde Jesus institui a Eucaristia, entregando-se completamente. São Pedro, entusiasmado, acredita estar pronto para agir de modo semelhante a Jesus. Essa cena nos convida a refletir sobre nossa atitude ao comungar: ao receber a Eucaristia, não apenas nos aproximamos de Jesus, mas somos chamados a nos doar como Ele. Frequentemente, como Pedro, acreditamos estar preparados, sem perceber nossas fragilidades.
No Evangelho de São Lucas, Jesus nos desmascara, mas também nos assegura que está rezando por nós. Pedro, cheio de entusiasmo, declara: “Senhor, eu estou pronto para ir contigo até mesmo à prisão e à morte” (Lc 22, 33). Porém, Jesus o adverte: “Simão, Simão, olha que Satanás pediu permissão para vos peneirar como trigo. Eu, porém, rezei por ti, Pedro, para que a tua fé não se apague. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos, confirma os teus irmãos” (Lc 22, 31-32). Nosso Senhor também diz a Pedro que, antes que o galo cante, por três vezes o Apóstolo o negaria. Apesar disso, Jesus já intercede por ele, para que sua fé não se apague e, depois de convertido, fortaleça os irmãos. Esse diálogo exclusivo de Lucas nos mostra que Jesus nos escolhe para uma missão, mas também conhece nossas quedas. Diferente de nós, que muitas vezes rompemos alianças por causa de traições, Jesus já prevê nossas falhas e, mesmo assim, reza por nossa conversão, esperando que voltemos a Ele.
De fato, é maravilhoso saber que Nosso Senhor reza por nós. Ao comungarmos, oferecemos nossa vida a Ele, que conhece nossa fraqueza e já intercede por nós. Assim, mesmo nossas quedas podem se tornar oportunidade de fortalecer os irmãos, pois, uma vez restaurados, somos chamados a confirmar a fé dos outros. Assim como rezou por Pedro, Jesus reza por cada um de nós.
Após a Última Ceia, Jesus segue com Pedro ao Horto das Oliveiras e pede que os Apóstolos orem para não caírem em tentação. Ele próprio se afasta e, de joelhos, começa a rezar. São Lucas destaca detalhes únicos dessa agonia: o suor de Jesus se torna como gotas de sangue e um anjo é enviado a fim de consolá-lo. Enquanto Cristo enfrenta sua grande provação, Pedro e os outros Apóstolos, em vez de rezarem, dormem. Essa cena nos ensina que, assim como Jesus pediu oração aos Apóstolos, Ele também nos chama a vigiar e a orar, mesmo quando nos sentimos sozinhos.
Podemos contemplar a imensa solidão de Jesus no Horto das Oliveiras, carregando o peso dos pecados do mundo e suando sangue em sua agonia. Ele esperava o consolo da oração dos Discípulos, mas encontrou apenas o silêncio. No entanto, sua súplica não ficou sem resposta: Deus enviou um anjo para confortá-lo. Esse detalhe, único no relato de Lucas, lembra-nos que também não estamos sozinhos em nossas angústias. Mesmo quando o mundo parece nos abandonar, Deus nos ampara.
Embora Lucas não mencione, podemos imaginar que Maria, mesmo sem estar no Horto das Oliveiras em pessoa, acompanhava tudo em oração. O anjo que consolou Jesus talvez não tenha sido fruto das orações de Pedro, que dormia, mas das súplicas da Virgem Santíssima. Assim como muitas mães intercedem por seus filhos à distância, Maria, em espírito, pode ter enviado esse anjo para fortalecer seu Filho em sua missão. Este é um belo papel materno: sustentar os filhos com a oração, mesmo quando não é possível estar fisicamente ao lado deles.
Após a prisão de Jesus, Pedro o negou três vezes no palácio do sumo sacerdote. Ao perceber sua traição, o Apóstolo sai e chora amargamente, como relata o versículo 62: “Então Pedro saiu para fora e chorou amargamente” — “flevit amare”. Naquele momento, o choro de Pedro revela que ele enfrentava a tentação do desespero, como Judas. A diferença foi a oração de Jesus, que o sustentou e ajudou-o a reencontrar seu caminho.
À vista dessa realidade, precisamos recordar, especialmente a quem se sente desanimado ou afastado de Jesus neste Domingo da Paixão: Ele está rezando por nós — “ad interpellandum pro nobis”. Nos momentos de solidão e angústia, a Virgem Maria intercede e envia os anjos para nos consolar. Nunca estamos sozinhos. Mesmo em meio às nossas dores, Cristo está diante de Deus, sempre vivo, intercedendo por nós. Diante da grande tragédia redentora da Paixão, reconheçamos também nossas próprias dores e sofrimentos, sabendo que estamos unidos a Ele em sua Paixão.
Então, Jesus é conduzido ao tribunal, onde é condenado pelos sumos sacerdotes e, em seguida, levado a Pilatos. Este, ao saber que Ele é galileu, recusa-se a julgá-lo e envia-o a Herodes, que o interroga insistentemente, mas Jesus permanece em silêncio. Frustrado, Herodes devolve-o a Pilatos, que declara: “Como podeis ver, ele nada fez para merecer a morte. Portanto, vou castigá-lo e o soltarei” (Lc 23, 15-16). No entanto, a fraqueza de Pilatos, que busca agradar a multidão e preservar sua própria posição, resulta na condenação injusta do inocente. O povo, inflamado, clama em uníssono: “Crucifica-o!”.
Na crucificação, São Lucas nos apresenta uma cena singular: enfatiza que Jesus foi pregado na Cruz entre dois malfeitores. No Calvário, ao ser despojado das suas vestes e transpassado pelos pregos, Jesus não apenas disse, mas “ia dizendo”: “Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem” (Lc 23, 34). O uso do tempo verbal imperfeito indica que essa oração foi repetida por um certo período, tornando-se uma súplica contínua. Mel Gibson, em “A Paixão de Cristo”, captou essa nuance ao mostrar Jesus repetindo o pedido de perdão enquanto sofria. Esse detalhe, exclusivo do Evangelho de São Lucas, revela-nos a profundidade do amor e da misericórdia de Cristo, preparando o cenário para o extraordinário diálogo com o Bom Ladrão.
Somente São Lucas nos transmite esse diálogo marcante na Cruz. Um dos malfeitores blasfema contra Jesus, desafiando-o a provar seu poder: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!” (Lc 23, 39). Em vez de demonstrar humildade e fé diante da morte, ele transforma sua súplica em tentação e desafio. O outro, identificado pela tradição como Dimas, repreende-o: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas Ele não fez nada de mal” (Lc 23, 41). Nesse ato de contrição, o Bom Ladrão reconhece tanto a própria culpa quanto a inocência de Nosso Senhor. Esse reconhecimento da verdade ilumina seu coração, levando-o a pronunciar uma súplica cheia de esperança: “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. Em resposta, Cristo realiza a primeira canonização da história, garantindo-lhe: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43).
O Bom Ladrão, ao olhar para Jesus na Cruz, vê um homem condenado à morte, alguém que em breve morrerá e será sepultado. Todavia, ao reconhecer seu próprio pecado e a inocência de Cristo, recebe a luz da fé. Diante daquele que, aos olhos do mundo, parecia derrotado, ele enxerga um rei e suplica: “Senhor Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino” (Lc 23, 42). Qualquer um que testemunhasse aquela cena veria apenas um homem humilhado e moribundo, mas o Bom Ladrão reconhece ali a fonte da graça. Por isso, recebe a promessa extraordinária de Jesus: “Em verdade eu te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso”. À vista disso, como nos recorda o “Dies irae”, quem não perde o temor de ser condenado ao ver a salvação do Bom Ladrão?
Jesus finalmente morre na Cruz, pronunciando suas últimas palavras, registradas apenas por São Lucas: “Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito” (Lc 23, 46). Essa frase ressoa profundamente, sendo repetida tantas vezes na Sexta-feira Santa. O Evangelho de São Lucas, em seu início, apresenta Jesus, ainda menino, no Templo, dizendo a Maria: “Não sabíeis que eu devo cuidar das coisas do meu Pai?” (Lc 2, 49) e encerra-se com essa entrega total ao Pai. A primeira e a última palavra de Cristo é “Pai”, revelando a confiança absoluta do Filho. Enquanto o mundo gritava que Deus o havia abandonado, Jesus responde entregando-se inteiramente ao amor do Pai, como se dissesse: “O Pai não me abandonou, sou eu quem me abandono aos seus braços”.
Este Evangelho tão rico e repleto de ensinamentos nos convida a uma profunda reflexão. Estamos no tempo favorável da conversão, na Semana Santa, e não devemos deixar passar a Páscoa sem buscar a Confissão e a reconciliação com Nosso Senhor. Assim como Cristo rezou por Pedro, Ele também intercede por nós em nossas fraquezas. Se, a exemplo do Bom Ladrão, reconhecermos nossos pecados e a inocência de Cristo, ouviremos d’Ele a mesma promessa: “Estarás comigo no paraíso”. Entreguemo-nos, portanto, ao Pai, confiando-lhe nossa vida e nossos sofrimentos — assim como Jesus se entregou na sua Cruz.
05 de abril de 2025 (Primeiro sábado do mês de abril)*
Além de ser um ano jubilar, 2025 marca o centenário do pedido de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, uma das videntes de Fátima, para a instituição da devoção dos cinco primeiros sábados como reparação pelas ofensas feitas ao Seu Imaculado Coração.
Oito anos após as aparições da Virgem aos três pastorinhos de Fátima, Maria teria reaparecido à Irmã Lúcia no convento de Pontevedra, na Espanha, no dia 10 de dezembro de 1925. Durante essa aparição, a Virgem Maria teria solicitado a instituição da devoção dos cinco primeiros sábados como reparação pelas ofensas feitas ao Seu Imaculado Coração.
Ela teria dito à irmã Lúcia: “Olha, minha filha, o meu Coração cercado de espinhos com que os homens ingratos me ferem a todo o momento com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, procura consolar-me e digo que prometo assistir na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação, a todos os que, no primeiro sábado de cinco meses seguidos, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e me fizerem companhia durante quinze minutos, meditando nos mistérios do Rosário, com o fim de me fazerem reparações.”
Desde séculos, o sábado é um dia da semana dedicado à Maria. Segundo uma tradição antiga atribuída ao monge beneditino Alcuíno (735-804), conselheiro de Carlos Magno, a liturgia consagra os sábados à Virgem Maria. Em 1905, o Papa Pio X concedeu indulgências para os fiéis que praticassem uma devoção mariana aos primeiros sábados de doze meses consecutivos em honra da Imaculada Conceição. Em 1917, durante a aparição de 13 de julho em Fátima, a Virgem menciona pela primeira vez “os primeiros sábados”: “Para evitar a guerra, Eu virei pedir a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora dos Primeiros Sábados”. Essa devoção foi difundida pela Irmã Lúcia, mas ainda não obteve uma aprovação oficial da Igreja Católica.
Um ato de reparação
Em que consiste exatamente essa devoção? Ela envolve quatro gestos, a serem realizados no primeiro sábado de cada mês durante cinco meses consecutivos: confessar-se, comungar, rezar um terço e meditar por quinze minutos sobre os quinze mistérios do rosário. Esses quatro atos devem ser realizados com o intuito de reparar as ofensas feitas ao Imaculado Coração de Maria.
A devoção dos cinco primeiros sábados é, acima de tudo, um ato de reparação: os cinco sábados são necessários para reparar os cinco tipos de ofensas e blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria. Essas ofensas incluem as blasfêmias contra a Imaculada Conceição, contra sua virgindade, contra sua maternidade divina, contra aqueles que tentam incutir nos corações das crianças indiferença, desprezo ou ódio por Maria, e finalmente, as ofensas contra as santas imagens de Maria.
A prática dessa devoção também teria o poder de garantir a salvação pessoal. A Virgem promete assistir na hora da morte todos aqueles que realizarem plenamente a devoção dos cinco sábados.
Uma devoção necessária para alcançar a paz
Além da reparação das ofensas e da salvação pessoal, há um terceiro aspecto fundamental ligado a essa devoção: a paz no mundo. Em uma carta datada de 19 de março de 1939, a Irmã Lúcia escreveu ao Padre Aparício que “da prática da devoção dos Primeiros Sábados, unida à consagração ao Imaculado Coração de Maria, depende a guerra ou a paz do mundo.” Em tempos tão conturbados por diversos conflitos, a Aliança Salve Corda, uma iniciativa laica lançada em 2016 por Régis de Lassus, convida a redescobrir essa devoção e a formar ou participar de grupos locais e autônomos, chamados “Cidades do 1º sábado do mês”, onde os membros se encontram a cada primeiro sábado para cumprir as quatro solicitações da Virgem Maria.
Além disso, por ocasião do Jubileu e do Centenário da devoção, os primeiros sábados de cada mês serão solenemente celebrados em 2025 em um grande santuário mariano. Uma peregrinação local será organizada e os fiéis do mundo inteiro são convidados a se unir realizando os atos solicitados a partir de seu local de residência, em união com o santuário. Doze santuários foram escolhidos, cada um relacionado a um dos doze mistérios do Rosário.
* Acréscimo meu. Também fiz o acréscimo “ao Imaculado Coração de Maria” no título publicado pela Aleteia.
Observações: (1) A Memória do Imaculado Coração de Maria se deu no primeiro sábado de 2025, em 04 de janeiro. (Fonte: Internet) (2) “Em 25 de março de 2022, o papa Francisco consagrou a Rússia ao Imaculado Coração ao lado da Ucrânia, com os dois países explicitamente mencionados em meio à Invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, durante a Guerra Russo-Ucraniana.” (Fonte: Wikipédia).
Leia também:
Fátima, os primeiros sábados e a consagração da Rússia (Aleteia): “Muitos esquecem que Nossa Senhora de Fátima pediu que a devoção dos primeiros sábados fosse amplamente observada para garantir a conversão da Rússia“.
A Virgem Maria é também chamada de Mãe de Deus. Mas como se dá a maternidade divina? Conheça a festa e o dogma de Maria Mãe de Deus.
Quarta-feira, dia 1º de janeiro do ano do Jubileu de 2025, a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e o dia mundial da paz. A Virgem Maria é também chamada de Mãe de Deus. Mas como se dá a maternidade divina? Conheça a festa e o dogma de Maria Mãe de Deus.
Nossa Senhora foi designada e preservada desde o ventre para assumir o papel sublime de ser a mãe de Jesus. O dogma da Imaculada Conceição, proclamado pela Igreja, ressalta essa escolha divina ao designar Maria como “a toda santa”. 1 Além desse dogma, a Igreja possui outros três referentes a Maria, incluindo o reconhecimento de sua Maternidade Divina.
Neste artigo, mergulharemos no significado do dogma da Maternidade Divina, abordando passagens bíblicas que destacam Maria como Mãe de Deus e seu o fundamento teológico. Além disso, veremos o papel da Virgem Maria também como mãe na nossa vida espiritual.
O que é o dogma da Mãe de Deus ou Maternidade Divina?
Todo fiel católico deve crer nos dogmas da Igreja, ou seja, nas verdades de fé. No Catecismo da Igreja Católica encontramos o que significa o dogma da Mãe de Deus e por que a Igreja crê nesse fato.A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde que foi concebida. Por isso, o Concílio de Éfeso proclamou, em 431, que Maria se tornou, com toda a verdade, Mãe de Deus, por ter concebido humanamente o Filho de Deus em seu seio: «Mãe de Deus, não porque o Verbo de Deus dela tenha recebido a natureza divina, mas porque dela recebeu o corpo sagrado, dotado duma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne». 2
Desse modo, sendo Mãe de Jesus, que é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, Maria é também Mãe de Deus. Isto é o que afirma o dogma da Maternidade Divina.
O que é a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus?
A Solenidade de Maria, Mãe de Deus, é uma festa litúrgica que celebra o dogma da Maternidade Divina de Nossa Senhora. Durante esta solenidade, os fiéis recordam com alegria e reverência que a Virgem Maria é verdadeiramente a Mãe de Deus. Pois concebeu e deu à luz o Filho de Deus, uma pessoa divina, a segunda pessoa da Santíssima Trindade.
Esta solenidade destaca-se como um momento propício para mergulhar na relação íntima de Maria com a obra redentora do Pai, reconhecendo-a como a Mãe do Salvador e de todos nós. E Maria é parte integrante da realidade salvadora. Além disso, a solenidade é um dia santo de guarda, é preceito na fé católica, exigindo a participação dos fiéis na celebração da Santa Missa neste dia — ou na noite do dia anterior.
Solenidade de Maria, Mãe de Deus na Basílica de São Pedro. Foto/divulgação: Vatican News.
Quando é celebrada Santa Maria, Mãe de Deus?
A Maternidade Divina de Maria, celebrada desde o século VII, teve sua festa litúrgica estabelecida pelo Papa Pio XI em 1931. Desde então, a Igreja celebra a Solenidade de Maria Mãe de Deus no dia primeiro de janeiro — que é ao mesmo tempo o dia da Oitava do Natal.Nós veneramos esta maternidade no primeiro dia do novo ano. É nosso desejo, de fato, que, nesta nova etapa do tempo humano, Maria continue a abrir a Cristo a via para a humanidade, do mesmo modo que lha abriu na noite do nascimento de Deus. 3
A Sagrada Escritura nos oferece diversas passagens que ressaltam o papel único de Maria como Mãe de Deus. No Evangelho de Lucas, durante a Visitação, Isabel, cheia do Espírito Santo, saúda Maria, reconhecendo-a como “a mãe do meu Senhor”. Essa saudação destaca não apenas a maternidade de Maria sobre Jesus, mas sua condição como Mãe do próprio Senhor.Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? Pois quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. 4
O Catecismo da Igreja Católica também reforça este ponto no seu número 495:Chamada nos evangelhos «a Mãe de Jesus» 5, Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito Santo e desde antes do nascimento do seu Filho, como «a Mãe do meu Senhor» 6. Com efeito, Aquele que Ela concebeu como homem por obra do Espírito Santo, e que Se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é, verdadeiramente, Mãe de Deus («Theotokos»)
Em outra passagem presente no Evangelho de Mateus, a citação da profecia de Isaías 7 destaca que o nascimento de Jesus, por meio de Maria, é o cumprimento divino da promessa de Deus de estar conosco, encarnado na pessoa de Jesus:Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa “Deus está conosco”. 8
Não deve haver dúvidas, portanto, em relação à Maternidade Divina de Nossa Senhora. Se ela é Mãe de Jesus e[…] para nós, contudo, existe um só Deus, o Pai, de quem tudo procede e para o qual caminhamos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por quem tudo existe e para quem caminhamos. 9
Fundamento teológico do dogma da maternidade divina
O fundamento teológico do dogma da Maternidade Divina remonta ao Concílio de Éfeso em 431, quando a Igreja oficialmente proclamou essa verdade de fé. O contexto envolveu a refutação das ideias equivocadas de Nestório, que separava as naturezas humana e divina de Cristo, negando assim o título de “Mãe de Deus” a Maria.
Nesse contexto, São Cirilo de Jerusalém emergiu como um defensor notável, contestando e condenando as ideias de Nestório. Suas argumentações, notavelmente expressas em cartas, foram incorporadas na proclamação dogmática. Contudo, vale lembrar que quando a Igreja proclama um dogma, ela não está introduzindo algo novo, mas reconhecendo uma realidade já existente, garantindo que não haja mais mal-entendidos.
A tradição dessa maternidade divina encontra-se em orações antigas e escritos dosPadres da Igreja, como Orígenes no século terceiro. Os Santos Padres já reconheciam que Maria não era apenas o lugar de nascimento de Jesus, mas a verdadeira fonte da encarnação divina. Santo Tomás de Aquino e o Beato Duns Scotus, doutor mariano, por exemplo, ressaltam a dignidade única de Maria como Mãe de Deus.
Além disso, mesmo reformadores protestantes como Lutero e Calvino reconheceram a maternidade divina. O fundamento teológico permeia, portanto, as Escrituras, a Tradição da Igreja e o pensamento de diversos teólogos ao longo dos séculos.
A solenidade da Mãe de Deus e a nossa vida espiritual
Esta solenidade também é um convite profundo para explorarmos a íntima relação entre Maria e a nossa vida espiritual. Quando Jesus, na cruz, diz Eis aí a tua mãe10, Ele não apenas confiou Maria a João, mas simbolicamente a todos nós, tornando-a Mãe da Igreja, composta pela cabeça, que é Cristo, e pelo corpo, que somos nós, seus membros.
São Paulo, ao chamar a Igreja de Corpo Místico de Cristo, destaca a união vital entre Cristo e os fiéis. São Luís Maria Grignion de Montfort, formulando essa questão, destaca a necessidade natural de uma mãe dar à luz tanto a cabeça quanto o corpo. Assim, Maria, como Mãe de Deus, é também nossa mãe, uma mãe que não só deu à luz a Cristo, nosso irmão, mas que, por extensão, acolhe-nos como filhos espirituais.
Maria é, portanto, nosso modelo de vida com Deus. Sua humildade, obediência e amor são um guia para nos aproximarmos de Cristo e nos assemelharmos a Ele — o que buscamos quando pensamos na santidade. Além disso, como mãe, ela intercede por nós diante do Pai, conhecendo o papel vital da mãe na vida dos filhos. Deus, ao nos dar Maria como mãe, reconhece nossa necessidade espiritual de orientação e cuidado materno.
Por isso, recorramos à Nossa Senhora, nossa mãe. Ela deseja ser uma presença viva na nossa vida espiritual e derramar muitas graças. Mas para isso precisamos invocá-la, pedir que ela esteja presente nos diversos momentos de nossa vida. Um meio devoto e eficaz de recorrer à Nossa Senhora é repetir várias vezes ao dia: Ave Maria!A esta invocação – Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores –, a Mãe de Deus sempre responde! Escuta os nossos pedidos, abençoa-nos com o seu Filho nos braços, traz-nos a ternura de Deus feito carne; numa palavra, dá-nos esperança. 11
Hoje celebramos o nosso Rei! Jesus é Rei! Ele é o Rei do reino de Deus, teve uma coroa, mas espinhos; como cetro uma cana; um manto púrpura e como trono a Cruz!
Jesus Cristo é Rei do Universo e, no entanto, o Evangelho apresenta Jesus diante de Pilatos, no momento da entrada na sua Paixão… pobre, humilde, humilhado e torturado!
Que paradoxo da nossa fé! “JESUS DE NAZARÉ, REI DOS JUDEUS”
Não é pela coerção, nem diminuindo a nossa liberdade que Jesus quer reinar. Ele o faz destruindo o mal e pelo poder do seu amor.
Ele quer libertar os nossos corações pelo amor para nos tornar capazes de escolhê-Lo! Porque Ele é o único caminho, a única verdade e a única vida!
Como entrar nesta verdade?
“Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” João 18:37
1. Escutando a sua voz para acolher o desígnio de Deus
– “O meu reino não é deste mundo” João 18:36
A glória de Deus está muito além do que podemos imaginar.
O plano de Deus ultrapassa-nos infinitamente.
– no tempo: “desde sempre e para sempre” Salmos 103:17, “Eu sou o alfa e o ômega” Apocalipse 22:13, “Seu domínio é um domínio eterno que não acabará” Daniel 7:14
– na loucura do seu amor: o Rei da verdade entrega a sua vida pelo seu povo para que se realize o desígnio do Pai!
– no motivo: “Ele fez nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai” Apocalipse 1:6.
– A única maneira de entrar neste plano é fazer-se pequeno e pobre, permanecendo nesta alegre expectativa.
2. Escutando a sua voz para manter a coragem e a esperança.
– Uma vez que Jesus deu a sua vida para vencer o pecado e o mal, devemos confiar nessa verdade! “Àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado” Apocalipse 1:6
– Devemos manter a coragem e a esperança nas situações difíceis, porque o amor triunfou! O mal foi derrotado! Há alguém ao leme: Ele é “o Senhor do Universo”
3. Escutando a sua voz para O seguirmos no amor
– Para seguir Jesus, nosso Rei, na verdade, devemos segui-Lo e crescer no amor.
“A verdade vos libertará” João 8:32… livres para nos superarmos no amor e conquistarmos novas terras e novos corações para o nosso Rei por amor a Ele.
– Jesus é um rei sem palácio, mas o seu reino de amor está em toda a parte e especialmente em nós! Fazemo-lo crescer através de todas as pequenas coisas da vida quotidiana e de pequenos atos de caridade.
– Jesus é um rei sem exército, mas reina por todos os sinais de paz e benevolência que realiza em nós através do Espírito Santo.
A nossa vida é o reino de Jesus Rei. O nosso coração é o palácio de Jesus Rei. Somos o exército de Jesus Rei. Somos o tesouro de Jesus Rei.
Quando se trata de Halloween no meio cristão, existem duas reações muito comuns que estamos acostumados a ver nas pessoas: ou imediatamente se posicionam contra, com firmeza e repulsa, ou então reviram os olhos, achando que é exagero, por parte de alguns, privar-se de uma festa cultural que consideram inocente. Nenhuma dessas duas figuras, no entanto, vai de fato atrás para entender os verdadeiros motivos, raízes, perigos e tudo que está por trás do dia 31 de outubro de todos os anos.
O Halloween, em sua origem, não era uma festa pagã. Muito pelo contrário! Seu próprio nome se remete justamente a uma celebração católica. “All Hallow’s Eve”, em português, a Véspera do dia de Todos os Santos. É verdade que os povos celtas da Irlanda possuíam um pequeno festival pagão na mesma data, mas, conforme o catolicismo se espalhava pela Europa, os Papas da Igreja conseguiram ressignificar esta festa. No Século VIII, o Papa Gregório III definiu o dia 1º de novembro como dia da comemoração de Todos os Santos em Roma e, alguns anos mais tarde, o Papa Gregório IV estendeu a celebração para todos os lugares.
All Hallow’s Eve
A celebração da Véspera do dia de Todos os Santos se tornou uma forma de evangelização nos países do Reino Unido, embora ainda distante de ser como o Halloween que conhecemos hoje em dia. Naquela época, visitavam-se cemitérios e faziam-se encenações sobre demônios e sobre as almas condenadas como forma de catequese, ensinando ao povo sobre a existência do Inferno e a importância de renunciar à vida de pecado. No dia seguinte, ensinava-se sobre o Céu e sobre os Santos, e no próximo dia, sobre o Purgatório.
As mudanças sofridas nessa data tiveram início na Reforma Protestante e foram concretizadas com uma mistura de culturas na colonização da América do Norte. A retomada de práticas pagãs na noite do dia 31 de outubro, como o culto aos mortos, práticas ocultistas etc., foi ocasionada aos poucos a partir do momento em que a Família Real Inglesa proibia a celebração de cerimônias católicas.
Quando tudo isso chegou aos Estados Unidos, outras culturas foram inseridas e misturadas com a celebração. Existem diversas teorias que sugerem a origem de elementos como a abóbora, “doces ou travessuras”, e a formação do termo Halloween como conhecemos hoje. Não vem ao caso explorá-las aqui, embora se acredite que muitos desses aspectos também tenham surgido de práticas católicas (como por exemplo a doação de comida aos pobres).
“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém.” 1Cor 6, 12
O Halloween foi então, ao longo dos anos, de uma cerimônia de evangelização cristã que mostrava o horror do Inferno para uma cerimônia de exaltação a ele, aos seus demônios e ao espiritismo. E isso é motivo suficiente para que tenhamos cuidado com essa festa que, superficialmente, parece inocente e infantil.
Como São Paulo diz na carta aos Coríntios: nem tudo convém. Ainda que a intenção do seu coração seja boa, ainda que não haja malícia de sua parte, muito menos nas suas crianças, se expor ao que é a festa de Halloween hoje em dia é se expor ao perigo da contaminação espiritual. Práticas ocultistas acontecem às escondidas de um lado, enquanto, do outro, crianças inocentemente banalizam e contribuem para que, cada dia mais, as pessoas deixem de acreditar na existência de demônios e do Inferno.
Para Satanás, é extremamente vantajoso que deixem de acreditar nele, pois não combatemos aquilo que teoricamente não existe. E essa tem sido sua estratégia ao longo da história. O Inferno não escandaliza mais como escandalizava antes. Pelo contrário, uma inversão de valores tem sido impregnada na nossa cultura. Exalta-se o feio, o horrendo, o esquisito, o macabro. E o Belo, que é o que vem de Deus, é desprezado e zombado.
Tudo aquilo que envolve o Halloween atualmente não condiz mais com os verdadeiros valores cristãos, portanto diversos perigos cercam esta prática e não nos convém participar dela. Não devemos condenar, todavia, quem participa por ignorância. Sei que explicar isso para as crianças pode ser um desafio, mas nunca podemos nos esquecer da Sabedoria do Espírito Santo que nos auxilia nestes momentos.
A partir do momento em que sabemos sobre a origem do Halloween no catolicismo, podemos usar disso para recapitular este sentido na vida de nossas crianças. E também usar da oportunidade para ensiná-las sobre o Céu e o Inferno, e convidá-las a celebrar então o dia de Todos os Santos, com doces e fantasias assim como gostam.
Giovana Cardoso Postulante da Comunidade Católica Pantokrator
Doze chaves para usar o escapulário de Nossa Senhora do Carmo
16 de jul de 2024 às 01:00
“A devoção do Escapulário do Carmo fez descer sobre o mundo copiosa chuva de graças espirituais e temporais”, disse o papa Pio XII. Conheça aqui 12 chaves para quem usa este objeto religioso.
1. Não é um amuleto
Não é um amuleto nem nenhuma garantia automática de salvação ou uma dispensa para não viver as exigências da vida cristã. “Perguntas: e se eu quiser morrer com meus pecados? Eu te respondo, então morrerá em pecado, mas não morrerá com teu escapulário”, advertia São Cláudio de la Colombière.
2. Era uma veste
Escapulário vem do latim “scapulae” que significa “ombros” e originalmente era uma veste sobreposta que caia dos ombros, usada pelos monges no trabalho. Os carmelitas o assumiram como mostra de dedicação especial à Virgem, buscando imitar sua entrega a Cristo e ao próximo.
3. É um presente da Virgem
Segundo a tradição, o escapulário, tal como se conhece atualmente, foi dado pela própria Virgem Maria a São Simão Stock em 16 de julho de 1251. A Mãe de Deus lhe disse: “Deve ser um sinal e privilégio para ti e para todos os Carmelitas: Aquele que morrer usando o escapulário não sofrerá o fogo eterno”. Posteriormente, a Igreja estendeu este escapulário aos leigos.
4. É um mini hábito
É como um hábito carmelita em miniatura que todos os devotos podem portar como mostra de sua consagração à Virgem. Consiste em um cordão que se coloca no pescoço com duas peças pequenas de tecido cor de café. Uma das peças fica sobre o peito e a outra sobre as costas e se costuma usar sob a roupa.
5. É sinal de serviço
Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da Igreja, dizia: “Assim como os homens ficam orgulhosos quando outros usam a sua insígnia, assim a Santíssima Virgem se alegra quando os seus filhos usam o escapulário como sinal de que se dedicam ao seu serviço e são membros da família da Mãe de Deus”.
6. Tem três significados
O amor e o amparo maternal de Maria, a pertença a Nossa Senhora e o suave jugo de Cristo que Ela nos ajuda a levar.
7. É um sacramental
É reconhecido pela Igreja como um sacramental, ou seja, um sinal que ajuda a viver santamente e a aumentar nossa devoção. O escapulário não comunica graças como fazem os Sacramentos, mas sim dispõe ao amor do Senhor e ao arrependimento se recebido com devoção.
8. Pode ser dado a um não católico
Certo dia, levaram a São Stock um ancião moribundo, que ao recuperar a consciência disse ao santo que não era católico, que usava o escapulário como promessa a seus amigos e que rezava uma Ave Maria diariamente. Antes de morrer, recebeu o batismo e a unção dos enfermos.
9. Foi visto em uma aparição de Fátima
Lúcia, a vidente de Nossa Senhora de Fátima, contou que na última aparição (outubro de 1917), Maria apareceu com o hábito carmelita e o escapulário na mão e voltou a pedir que seus verdadeiros filhos o levassem com reverência. Deste modo, pediu que aqueles que se consagrem a Ela o usem como sinal desta consagração.
10. O escapulário que não se danificou
O Beato Papa Gregório X foi enterrado com seu escapulário e 600 anos depois, quando abriram sua tumba, o objeto mariano estava intacto. Algo semelhante aconteceu com Santo Afonso Maria de Ligório. São João Bosco e São João Paulo II também o usavam e São Pedro Claver investia com o escapulário os que convertia e preparava.
11. Não é qualquer um que o pode impor
A imposição do escapulário deve ser feita preferivelmente em comunidade e que na celebração fique bem expresso o sentido espiritual e de compromisso com a Virgem. O primeiro escapulário deve ser abençoado por um sacerdote e posto sobre o devoto com a seguinte oração.
“Recebe este santo Escapulário como sinal da Santíssima Virgem Maria, Rainha do Carmelo, para que, com seus méritos, o uses sempre com dignidade, seja tua defesa em todas as adversidades e te conduza à vida eterna”.
A pergunta pode parecer uma obviedade para os mais próximos e banal para os mais arredios, mas é a linha que divide os verdadeiros dos falsos católicos.
Precisamos acreditar em “tudo o que crê e ensina a Santa Igreja Católica”?
A pergunta pode parecer uma obviedade para os mais próximos e banal para os mais arredios, mas é a linha que divide os verdadeiros dos falsos católicos.
Antigamente, quando as crianças recebiam as primeiras instruções na fé católica, elas aprendiam a rezar uma fórmula denominada “ato de fé”. As versões da oração variam um pouco, mas um delas, facilmente encontrada na internet, diz o seguinte:
Eu creio firmemente que há um só Deus, em três pessoas realmente distintas, Pai, Filho e Espírito Santo. Creio que o Filho de Deus se fez homem, padeceu e morreu na cruz para nos salvar e ao terceiro dia ressuscitou. Creio em tudo o mais que crê e ensina a Santa Igreja Católica, porque Deus, Verdade infalível, o revelou. Nesta crença quero viver e morrer.
Trata-se de uma oração simples e em plena conformidade com o que professamos no “Creio”, mas, tragicamente, muitos de nossos católicos não seriam mais capazes de fazê-la, pelo menos não de coração sincero e acreditando realmente em tudo o que ela diz.
Afinal de contas, muitos de nós aprendemos no colégio que uma coisa é Jesus Cristo, que veio ao mundo e, como adoram dizer, “não fundou religião nenhuma”; e outra coisa é a Igreja Católica, que apareceu muito tempo depois e que está “cheia de erros”, “de pecados” e de não se sabe mais o quê.
Para boa parcela de nossos católicos hoje, crer em “tudo o mais que crê e ensina a Santa Igreja Católica”, assim, sem mais nem menos, sem saber detalhadamente do que se está falando, soará como “fé cega”, obscurantismo medieval ou até coisa pior.
Mas não tem nada a ver com isso. O problema da “pulga atrás da orelha” de muitos católicos deve-se a um fator chamado ignorância. Infelizmente, nossas catequeses não têm sido muito eficazes em ensinar, tanto a crianças e jovens quanto a adultos, o que seja realmente a realidade da fé.
Por isso, vamos explicar, primeiro, com um exemplo do nosso mundo. Suponhamos que você não tenha ido jamais à Dinamarca. Um grande amigo seu já foi e dá testemunho: ela existe. O seu atlas geográfico, produzido por gente bem mais entendida que seu amigo, também retrata a Dinamarca no mapa da Europa: ela existe. Há por que duvidar? Certamente não. Ainda que nunca tenha posto os pés em território dinamarquês, você é capaz de admitir sem muita dificuldade: “Sim, eu creio, a Dinamarca existe”.
Com a fé católica acontece algo semelhante. Quando dizemos todos os domingos na Missa: “Creio”, o que estamos dizendo é que acreditamos nas verdades reveladas por uma pessoa muito mais confiável que seu melhor amigo e muito mais sábia que o mais competente cientista: Deus.
A comparação com a Dinamarca, como se pode ver, tem seus limites. A fé que prestamos a Deus é de natureza totalmente diferente da que temos na Dinamarca:
Primeiro, porque, como visto, quem nos revela a existência da Dinamarca são seres humanos, falíveis e capazes de enganar (imagine, por exemplo, que todos os geógrafos estivessem “conspirando” em relação à Dinamarca); na fé católica, porém, quem nos revela as coisas é a própria Verdade, Deus, “o qual não pode enganar-se nem enganar” a ninguém [1].
Segundo, porque a Dinamarca é uma realidade humana; as verdades que dizem respeito a Deus, no entanto, todas superam a própria natureza criada, são sobrenaturais.
Como consequência desta segunda diferença, temos de admitir a dificuldade que existe, de nossa parte, em crer nas verdades sobrenaturais, que transcendem a nossa capacidade racional. Por essa razão, mais do que um simples esforço humano, todo ato de fé que o homem realiza só pode acontecer por ação da graça divina. Todo católico que diz com sinceridade: “Creio”, é tocado invisivelmente pela mão de Deus, que ajuda a sua inteligência e fortalece a sua vontade a dar um “sim” a tudo o que crê e ensina a Santa Igreja Católica.
Mas a expressão “tudo o que crê e ensina a Santa Igreja Católica” ainda permanece difícil e insiste em incomodar. É necessário aceitar tudo mesmo, sem restrições? E a Igreja mesma, como entra nessa “equação” da fé?
“Cristo entregando as chaves do Céu a São Pedro”, por Pedro Paulo Rubens.
Para responder a essa questão, é preciso recordar o modo escolhido por Deus para nos revelar as suas verdades. O princípio da Carta aos Hebreus diz que, “muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora a nossos pais, pelos profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho” (1, 1-2). Depois de todas as revelações que vemos contidas no Antigo Testamento, então, Deus “selou” seu contato com a humanidade, por assim dizer, enviando-nos seu Filho, Jesus Cristo.
Ora, já que com isso Ele quis salvar todos os homens, e não só os de dois mil anos atrás, era necessário que fosse instituído um meio, visível e do qual as pessoas pudessem facilmente se servir, para sua mensagem permanecer preservada ao longo das gerações. Esse instrumento, como ficará claro a quem estudar as Escrituras e investigar a transmissão dos ensinamentos dos primeiros cristãos, é nada mais nada menos do que a Igreja.
A Igreja:
presente na pessoa dos Apóstolos, a quem foi dito: “Tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu” (Mt 18, 18), e ainda: “Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos rejeita, a mim rejeita, e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10, 16); e
presente especialmente na pessoa do Papa, o único a quem foi dito: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado no céu” (Mt 16, 18-19), e ainda: “Confirma teus irmãos” (Lc 22, 32), e enfim: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 16).
Ao instituir a Igreja, Nosso Senhor quis dar aos homens a segurança de que aquilo que Ele tinha ensinado a seus discípulos seria propagado fielmente. Para isso, Ele mesmo cuidou de dar aos Apóstolos a assistência do Espírito Santo (cf. Jo 16, 7-15) e de garantir-lhes sua presença até a consumação dos séculos (cf. Mt 28, 20).
De fato, até o presente, o único grupo de cristãos que crê nas mesmas coisas e rejeita as mesmas coisas, como acontecia na Igreja primitiva, é a Igreja Católica. O protestantismo, desde que nasceu, dividiu-se em um sem-número de filiais sem uniformidade alguma de fé nem de culto.
São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, rogai por nós!
O problema da Igreja, como se vê, não é muito difícil de confrontar. Quem quer que se dedique a um estudo sério e desapaixonado de sua história e de sua doutrina, verá que não é possível haver verdadeiro cristianismo fora da religião católica. Nas breves palavras de um filósofo citado certa feita pelo Pe. Leonel Franca: “Se o Messias já veio, devemos ser católicos; se não veio, judeus; em nenhuma hipótese, protestantes”.
Vejamos agora, então, o porquê do “tudo”. Por que só é realmente católico quem aceita “tudo o que crê e ensina a Santa Igreja Católica”?
Nada que Santo Tomás de Aquino não resolva [2]. Sim, é preciso aceitar tudo. E a razão é muito simples. Se o que Deus quis revelar à humanidade para a sua salvação está confiado de uma vez por todas à Igreja Católica, com segurança inabalável, garantida pelo próprio Senhor, alguém ainda duvida que devemos crer em “tudo o que ela crê e ensina”?
É evidente que não se trata de defender todo e qualquer ato ou declaração feito por um Apóstolo, por um bispo ou mesmo por um Papa. Pedro, por exemplo, “negou” Jesus três vezes. Quem ousaria dizer que essa sua atitude seria um modelo a se seguir ou, pior ainda, uma parte do Magistério infalível da Igreja?
Quando nos referimos às coisas que se devem crer, estamos falando daquilo que ficou definido, desde os tempos apostólicos, no Credo; das verdades de fé que foram solenemente proclamadas pelos Pontífices Romanos ao longo da história [3]; e das realidades que foram incontestavelmente definidas por Nosso Senhor nos próprios Evangelhos.
Quem quer que se dedique a um estudo sério e desapaixonado do assunto, verá que não é possível haver verdadeiro cristianismo fora da religião católica.
Porque, se Deus nos revelou tudo o que é necessário à nossa salvação e confiou este “depósito da fé” à Igreja, não nos é lícito pegar uma ou duas verdades e dizer: “Aceito todo o resto, mas com isto eu não posso concordar”.
Não, o nome disso é heresia. É o pecado de quem quer “escolher”, das verdades que foram reveladas por Deus, aquela que lhe desagrada ou que não lhe cai bem. Ou acreditamos tanto na virgindade perpétua da Virgem Maria quanto na indissolubilidade do Matrimônio ou, então, somos católicos à nossa própria medida, e não à medida de Cristo.
Referências
Concílio Vaticano I, Constituição Dogmática “Dei Filius” (24 abr. 1870), c. 3: DH 3008.
“É claro que quem adere à doutrina da Igreja como à regra infalível, dá seu assentimento a tudo o que a Igreja ensina. Ao contrário, se do que ela ensina, aceitasse como lhe apraz, umas coisas e não outras, já não aderiria à doutrina da Igreja como regra infalível, mas à própria vontade.” (S. Th. II-II, q. 5, a. 3, co.)
“O Papa se pronuncia ex cathedra, ou infalivelmente, quando ele fala: (1) como Doutor Universal; (2) em nome e com a autoridade dos Apóstolos; (3) em um ponto de fé e moral; (4) com o propósito de obrigar cada membro da Igreja a aceitar e acreditar em sua decisão.” (Cardeal John Henry Newman, The True Notion of Papal Infallibility)