Solenidade do Imaculado Coração de Maria

O que significa o Imaculado Coração de Maria?

O Imaculado Coração de Maria significa, antes de tudo, a grande pureza e o amor do coração da Bem-Aventurada Virgem Maria por Deus. Essa pureza se manifesta em seu “Sim” ao Pai na Encarnação, em seu amor e cooperação com o Filho Encarnado em Sua missão redentora, e em sua docilidade ao Espírito Santo, permitindo-lhe permanecer livre da mancha do pecado pessoal por toda a sua vida. O Imaculado Coração de Maria, portanto, nos aponta para sua profunda vida interior, onde experimentou alegrias e tristezas, mas permaneceu fiel, como também nós somos chamados a fazer.

Por que honramos o Imaculado Coração de Maria?

São João Paulo II disse: “De Maria, aprendemos a amar Cristo, seu Filho e Filho de Deus… Aprendam com ela a serem sempre fiéis, a confiar que a Palavra de Deus para vocês será cumprida e que nada é impossível para Deus.”

Quando honramos o Imaculado Coração, damos a máxima honra a Jesus. Ao honrarmos a Mãe, honramos o Filho. Além disso, a Santíssima Virgem também é nossa mãe (ver Apocalipse 12:17), e o coração de sua mãe é incomparável. São Luís de Montfort disse: “Se vocês reunissem todo o amor de todas as mães em um só coração, ele ainda não se igualaria ao amor do coração de Maria por seus filhos”.

Qual é a história do Imaculado Coração de Maria?

O Imaculado Coração de Maria foi honrado até certo ponto antes do século XVII, mas São João Eudes, um padre francês do século XVII, popularizou essa devoção com seu grande amor pela Mãe Santíssima.

O que é a devoção do Primeiro Sábado?

Parte da mensagem de Fátima é que Deus nos pede que reparemos os pecados do mundo. Em 1916, o Anjo ensinou às crianças orações de reparação e pediu-lhes que fizessem penitência. A Santíssima Virgem também pediu orações e atos de reparação e, em 13 de julho de 1917, prometeu que retornaria para pedir um tipo especial de reparação. Ela o fez em 1929, aparecendo a Lúcia, agora noviça em uma comunidade espanhola.

“Olha, minha filha, para o meu Coração, cercado de espinhos com que os homens ingratos me cravam a todo instante com suas blasfêmias e ingratidões. Tenta ao menos consolar-me e diz que prometo assistir na hora da morte, com as graças necessárias à salvação, todos aqueles que, no primeiro sábado de cinco meses consecutivos, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem cinco dezenas do Rosário e me fizerem companhia por quinze minutos, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com a intenção de me desagravar.”

Este é um pedido constante, tão necessário hoje, se não mais, do que em 1929. Está também ao alcance de todo católico. E, ao atendê-lo, agradamos a Nosso Senhor, que, como qualquer filho, se alegra quando outros defendem a honra de sua mãe.

Como o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria se relacionam?

A Serva de Deus Lúcia de Jesus Rosa dos Santos, uma das videntes de Fátima, disse: “A obra da nossa redenção começou no momento em que o Verbo desceu do Céu para assumir um corpo humano no ventre de Maria. A partir daquele momento, e pelos nove meses seguintes, o Sangue de Cristo foi o Sangue de Maria, tirado do Seu Imaculado Coração; o Coração de Cristo batia em uníssono com o Coração de Maria.”

Além disso, o próprio Jesus apareceu à Irmã Lúcia, dizendo: “Quero que a Minha Igreja… coloque a devoção a este Imaculado Coração ao lado da devoção ao Meu Sagrado Coração.”

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Por que Maria tem uma espada no coração?

A maioria das imagens do Imaculado Coração mostra uma ou mais espadas atravessando o Coração de Maria. Simeão disse à Santíssima Mãe que “uma espada traspassará a tua alma” (Lucas 2:35). Isso indica as dores que Maria experimentaria, particularmente pela Paixão de Jesus.

Quais são as sete dores de Maria?

  • A profecia de Simeão (Lucas 2:25-35)
  • A fuga para o Egito (Mateus 2:13-15)
  • Perda do Menino Jesus por três dias (Lucas 2:41-50)
  • Maria encontra Jesus a caminho do Calvário (Lucas 23:27-31; João 19:17)
  • Crucificação e Morte de Jesus (João 19:25-30)
  • O corpo de Jesus retirado da cruz (Salmo 130; Lucas 23:50-54; João 19:31-37)
  • O sepultamento de Jesus (Isaías 53:8; Lucas 23:50-56; João 19:38-42; Marcos 15:40-47)

O Coração de Maria é mencionado na Bíblia?

Duas vezes no Evangelho de São Lucas, ouvimos falar do coração de Maria. Após o nascimento de Jesus, Lucas 2:19 diz: “Maria, porém, guardava todas essas coisas, meditando-as em seu coração”. E depois que Maria e São José encontraram Jesus no Templo, após três dias de ausência, Lucas 2:51 diz: “A mãe [de Jesus] guardava todas essas coisas em seu coração”. Ambas as referências apontam para a vida interior de Maria, na qual ela meditava sobre os Mistérios que cercavam seu Filho.

O que significa consagrar-se ao Imaculado Coração de Maria?

Consagrar algo é separá-lo para Deus. Essa “santificação” identifica uma pessoa ou coisa como dedicada ao Seu serviço. Isso é demonstrado no Antigo Testamento, onde pessoas e coisas (os primogênitos, os sacerdotes, as ofertas, etc.) são entregues a Deus, e no Novo Testamento, onde Cristo é o consagrado enviado pelo Pai (João 10:36), que se consagra ao Pai em nosso favor (João 17:19) e por meio de quem nós mesmos somos consagrados (1 Pedro 2:9).

Quando nos consagramos ao Imaculado Coração, rededicamo-nos a Deus, imitando a consagração completa de Nossa Senhora na Encarnação (Lc 1,38) e sob a Cruz (Lc 2,35; Jo 19,25-27), e confiamo-nos a Ela para o cumprimento do nosso compromisso batismal. Como disse o Papa São João Paulo II na sua oração de consagração do mundo ao Imaculado Coração, em 25 de março de 1984:

. . . Diante de ti, Mãe de Cristo, diante do teu Imaculado Coração, eu hoje, juntamente com toda a Igreja, uno-me ao nosso Redentor nesta Sua consagração pelo mundo e pelos homens, que só no Seu Divino Coração tem o poder de obter o perdão e assegurar a reparação.

Uma Oração de Consagração a Maria

Ó Maria, Virgem poderosíssima e Mãe de misericórdia, Rainha do Céu e Refúgio dos pecadores, nós nos consagramos ao vosso Imaculado Coração.

Consagramos a ti o nosso próprio ser e toda a nossa vida; tudo o que temos, tudo o que amamos, tudo o que somos. A ti entregamos nossos corpos, nossos corações e nossas almas; a ti entregamos nossos lares, nossas famílias, nosso país.

Desejamos que tudo o que há em nós e ao nosso redor pertença a ti e participe dos benefícios da tua bênção maternal. E para que este ato de consagração seja verdadeiramente eficaz e duradouro, renovamos hoje a teus pés as promessas do nosso Batismo e da nossa primeira Comunhão.

Nós nos comprometemos a professar corajosamente e em todos os momentos as verdades da nossa santa Fé e a viver como convém a católicos devidamente submissos a todas as orientações do Papa e dos Bispos em comunhão com ele.

Nós nos comprometemos a guardar os mandamentos de Deus e de Sua Igreja, em particular, a santificar o Dia do Senhor.

Da mesma forma, nos comprometemos a fazer das práticas consoladoras da religião cristã, e acima de tudo, da Sagrada Comunhão, uma parte integrante de nossas vidas, na medida em que formos capazes de fazê-lo.

Por fim, prometemos-te, ó gloriosa Mãe de Deus e amorosa Mãe dos homens, dedicar-nos de todo o coração ao serviço do teu bendito culto, a fim de apressar e assegurar, pela soberania do teu Imaculado Coração, a vinda do reino do Sagrado Coração do teu adorável Filho, nos nossos corações e nos de todos os homens, na nossa pátria e em todo o mundo, assim na terra como no céu. Amém.

Publicado em EWTN – Global Catholic Network.

Homilia Dominical | Três lições da Ascensão para as nossas vidas (Solenidade da Ascensão do Senhor)

01 de junho de 2025

Ao meditarmos sobre o mistério da Ascensão do Senhor, percebemos três lições fundamentais para progredirmos na vida espiritual: a humildade de nos recolhermos interiormente, a eficácia da presença de Jesus entre nós e o desapego das realidades deste mundo. Essas três realidades nos mostram que a Ascensão do Senhor possui implicações bastante concretas em nossa vida. Ouça a homilia dominical do Padre Paulo Ricardo e perceba como o mistério da Ascensão do Senhor ecoa ainda hoje em nossas vidas.

Publicado em Padre Paulo Ricardo.

A Paixão do Senhor segundo São Lucas – Homilia Dominical (Domingo de Ramos da Paixão do Senhor)

O Domingo de Ramos marca a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, mas também é o único domingo dedicado a uma meditação especial sobre sua Paixão, que, neste ano, é narrada pelo Evangelho de São Lucas.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 22, 14 -23, 56)

Neste domingo, celebramos o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, que marca o início da Semana Santa. Chegamos, portanto, ao final dos quarenta dias de jejum e penitência, a Quaresma — período especialíssimo para vivermos, com verdadeira devoção, a Paixão de Cristo. 

O Domingo de Ramos marca a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, mas também é o único domingo dedicado a uma meditação especial sobre sua Paixão. Embora a Sexta-feira Santa seja a ocasião própria para isso, ela não é um dia de preceito e não há Missa propriamente, apenas a Celebração da Adoração da Cruz. Como nem todos participam das celebrações do Tríduo Pascal, a Igreja garante que, pelo menos no Domingo de Ramos, os fiéis ouçam a narrativa da Paixão de Nosso Senhor.

Neste ano, seguimos o relato de São Lucas sobre a Paixão, que possui detalhes singulares. A descrição começa na Última Ceia, onde Jesus institui a Eucaristia, entregando-se completamente. São Pedro, entusiasmado, acredita estar pronto para agir de modo semelhante a Jesus. Essa cena nos convida a refletir sobre nossa atitude ao comungar: ao receber a Eucaristia, não apenas nos aproximamos de Jesus, mas somos chamados a nos doar como Ele. Frequentemente, como Pedro, acreditamos estar preparados, sem perceber nossas fragilidades.

No Evangelho de São Lucas, Jesus nos desmascara, mas também nos assegura que está rezando por nós. Pedro, cheio de entusiasmo, declara: “Senhor, eu estou pronto para ir contigo até mesmo à prisão e à morte” (Lc 22, 33). Porém, Jesus o adverte: “Simão, Simão, olha que Satanás pediu permissão para vos peneirar como trigo. Eu, porém, rezei por ti, Pedro, para que a tua fé não se apague. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos, confirma os teus irmãos” (Lc 22, 31-32). Nosso Senhor também diz a Pedro que, antes que o galo cante, por três vezes o Apóstolo o negaria. Apesar disso, Jesus já intercede por ele, para que sua fé não se apague e, depois de convertido, fortaleça os irmãos. Esse diálogo exclusivo de Lucas nos mostra que Jesus nos escolhe para uma missão, mas também conhece nossas quedas. Diferente de nós, que muitas vezes rompemos alianças por causa de traições, Jesus já prevê nossas falhas e, mesmo assim, reza por nossa conversão, esperando que voltemos a Ele.

De fato, é maravilhoso saber que Nosso Senhor reza por nós. Ao comungarmos, oferecemos nossa vida a Ele, que conhece nossa fraqueza e já intercede por nós. Assim, mesmo nossas quedas podem se tornar oportunidade de fortalecer os irmãos, pois, uma vez restaurados, somos chamados a confirmar a fé dos outros. Assim como rezou por Pedro, Jesus reza por cada um de nós.

Após a Última Ceia, Jesus segue com Pedro ao Horto das Oliveiras e pede que os Apóstolos orem para não caírem em tentação. Ele próprio se afasta e, de joelhos, começa a rezar. São Lucas destaca detalhes únicos dessa agonia: o suor de Jesus se torna como gotas de sangue e um anjo é enviado a fim de consolá-lo. Enquanto Cristo enfrenta sua grande provação, Pedro e os outros Apóstolos, em vez de rezarem, dormem. Essa cena nos ensina que, assim como Jesus pediu oração aos Apóstolos, Ele também nos chama a vigiar e a orar, mesmo quando nos sentimos sozinhos.

Podemos contemplar a imensa solidão de Jesus no Horto das Oliveiras, carregando o peso dos pecados do mundo e suando sangue em sua agonia. Ele esperava o consolo da oração dos Discípulos, mas encontrou apenas o silêncio. No entanto, sua súplica não ficou sem resposta: Deus enviou um anjo para confortá-lo. Esse detalhe, único no relato de Lucas, lembra-nos que também não estamos sozinhos em nossas angústias. Mesmo quando o mundo parece nos abandonar, Deus nos ampara.

Embora Lucas não mencione, podemos imaginar que Maria, mesmo sem estar no Horto das Oliveiras em pessoa, acompanhava tudo em oração. O anjo que consolou Jesus talvez não tenha sido fruto das orações de Pedro, que dormia, mas das súplicas da Virgem Santíssima. Assim como muitas mães intercedem por seus filhos à distância, Maria, em espírito, pode ter enviado esse anjo para fortalecer seu Filho em sua missão. Este é um belo papel materno: sustentar os filhos com a oração, mesmo quando não é possível estar fisicamente ao lado deles.

Após a prisão de Jesus, Pedro o negou três vezes no palácio do sumo sacerdote. Ao perceber sua traição, o Apóstolo sai e chora amargamente, como relata o versículo 62: “Então Pedro saiu para fora e chorou amargamente” — “flevit amare”. Naquele momento, o choro de Pedro revela que ele enfrentava a tentação do desespero, como Judas. A diferença foi a oração de Jesus, que o sustentou e ajudou-o a reencontrar seu caminho.

À vista dessa realidade, precisamos recordar, especialmente a quem se sente desanimado ou afastado de Jesus neste Domingo da Paixão: Ele está rezando por nós — “ad interpellandum pro nobis”. Nos momentos de solidão e angústia, a Virgem Maria intercede e envia os anjos para nos consolar. Nunca estamos sozinhos. Mesmo em meio às nossas dores, Cristo está diante de Deus, sempre vivo, intercedendo por nós. Diante da grande tragédia redentora da Paixão, reconheçamos também nossas próprias dores e sofrimentos, sabendo que estamos unidos a Ele em sua Paixão.

Então, Jesus é conduzido ao tribunal, onde é condenado pelos sumos sacerdotes e, em seguida, levado a Pilatos. Este, ao saber que Ele é galileu, recusa-se a julgá-lo e envia-o a Herodes, que o interroga insistentemente, mas Jesus permanece em silêncio. Frustrado, Herodes devolve-o a Pilatos, que declara: “Como podeis ver, ele nada fez para merecer a morte. Portanto, vou castigá-lo e o soltarei” (Lc 23, 15-16). No entanto, a fraqueza de Pilatos, que busca agradar a multidão e preservar sua própria posição, resulta na condenação injusta do inocente. O povo, inflamado, clama em uníssono: “Crucifica-o!”.

Na crucificação, São Lucas nos apresenta uma cena singular: enfatiza que Jesus foi pregado na Cruz entre dois malfeitores. No Calvário, ao ser despojado das suas vestes e transpassado pelos pregos, Jesus não apenas disse, mas “ia dizendo”: “Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem” (Lc 23, 34). O uso do tempo verbal imperfeito indica que essa oração foi repetida por um certo período, tornando-se uma súplica contínua. Mel Gibson, em “A Paixão de Cristo”, captou essa nuance ao mostrar Jesus repetindo o pedido de perdão enquanto sofria. Esse detalhe, exclusivo do Evangelho de São Lucas, revela-nos a profundidade do amor e da misericórdia de Cristo, preparando o cenário para o extraordinário diálogo com o Bom Ladrão.

Somente São Lucas nos transmite esse diálogo marcante na Cruz. Um dos malfeitores blasfema contra Jesus, desafiando-o a provar seu poder: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!” (Lc 23, 39). Em vez de demonstrar humildade e fé diante da morte, ele transforma sua súplica em tentação e desafio. O outro, identificado pela tradição como Dimas, repreende-o: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas Ele não fez nada de mal” (Lc 23, 41). Nesse ato de contrição, o Bom Ladrão reconhece tanto a própria culpa quanto a inocência de Nosso Senhor. Esse reconhecimento da verdade ilumina seu coração, levando-o a pronunciar uma súplica cheia de esperança: “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. Em resposta, Cristo realiza a primeira canonização da história, garantindo-lhe: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43). 

O Bom Ladrão, ao olhar para Jesus na Cruz, vê um homem condenado à morte, alguém que em breve morrerá e será sepultado. Todavia, ao reconhecer seu próprio pecado e a inocência de Cristo, recebe a luz da fé. Diante daquele que, aos olhos do mundo, parecia derrotado, ele enxerga um rei e suplica: “Senhor Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino” (Lc 23, 42). Qualquer um que testemunhasse aquela cena veria apenas um homem humilhado e moribundo, mas o Bom Ladrão reconhece ali a fonte da graça. Por isso, recebe a promessa extraordinária de Jesus: “Em verdade eu te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso”. À vista disso, como nos recorda o “Dies irae”, quem não perde o temor de ser condenado ao ver a salvação do Bom Ladrão? 

Jesus finalmente morre na Cruz, pronunciando suas últimas palavras, registradas apenas por São Lucas: “Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito” (Lc 23, 46). Essa frase ressoa profundamente, sendo repetida tantas vezes na Sexta-feira Santa. O Evangelho de São Lucas, em seu início, apresenta Jesus, ainda menino, no Templo, dizendo a Maria: “Não sabíeis que eu devo cuidar das coisas do meu Pai?” (Lc 2, 49) e encerra-se com essa entrega total ao Pai. A primeira e a última palavra de Cristo é “Pai”, revelando a confiança absoluta do Filho. Enquanto o mundo gritava que Deus o havia abandonado, Jesus responde entregando-se inteiramente ao amor do Pai, como se dissesse: “O Pai não me abandonou, sou eu quem me abandono aos seus braços”.

Este Evangelho tão rico e repleto de ensinamentos nos convida a uma profunda reflexão. Estamos no tempo favorável da conversão, na Semana Santa, e não devemos deixar passar a Páscoa sem buscar a Confissão e a reconciliação com Nosso Senhor. Assim como Cristo rezou por Pedro, Ele também intercede por nós em nossas fraquezas. Se, a exemplo do Bom Ladrão, reconhecermos nossos pecados e a inocência de Cristo, ouviremos d’Ele a mesma promessa: “Estarás comigo no paraíso”. Entreguemo-nos, portanto, ao Pai, confiando-lhe nossa vida e nossos sofrimentos — assim como Jesus se entregou na sua Cruz.

Publicado em padrepauloricardo.orgChristo Nihil Præponere (“A nada dar mais valor do que a Cristo”) – (11.04.2025).

Castíssimo Coração de São José: lições que podemos com ele aprender

São José – Patrono da Sagrada Família – Solenidade – 19 de Março (*)

Wikipédia

O Castíssimo Coração de São José, esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus Cristo, é um símbolo de pureza, amor, fé e obediência. Através de sua vida exemplar, podemos aprender valiosas lições que nos guiam em nossa jornada de fé e crescimento espiritual.

1. Pureza de coração:

São José, guardião da Sagrada Família, nos ensina a importância da pureza de coração. Sua castidade não se limitava à abstinência sexual, mas se manifestava também em sua total entrega a Deus e à sua missão. Ele nos convida a cultivar um coração livre de vícios e paixões desordenadas, buscando sempre a santidade em nossos pensamentos, palavras e ações.

2. Amor incondicional:

O amor de São José por Maria e Jesus era puro, sacrificial e abnegado. Ele dedicou sua vida ao cuidado e proteção da Sagrada Família, renunciando aos seus próprios sonhos e ambições. Sua devoção nos inspira a amar com generosidade, colocando as necessidades do próximo à frente das nossas.

3. Fé inabalável:

Diante das provações e desafios, São José manteve sua fé inabalável em Deus e confiante na Providência Divina. Sua fé nos ensina a perseverar em meio às dificuldades, confiando na infinita misericórdia de Deus.

4. Obediência fiel:

São José foi um homem obediente à vontade de Deus. Em cada passo de sua vida, ele se colocava à disposição do Senhor, cumprindo com fidelidade os planos divinos. Sua obediência nos convida a discernir a vontade de Deus em nossas vidas e a segui-la com docilidade e prontidão.

5. Humildade profunda:

São José, apesar de sua posição elevada como pai adotivo de Jesus, foi um homem humilde e simples. Ele reconhecia sua total dependência de Deus e não buscava reconhecimento ou glória pessoal. Sua humildade nos ensina a cultivar a mansidão e a reconhecer que tudo o que somos e temos vem de Deus.

Conclusão:

O Castíssimo Coração de São José é um farol que nos guia em nossa jornada de fé. Ao contemplar suas virtudes, podemos aprender a cultivar a pureza de coração, o amor incondicional, a fé inabalável, a obediência fiel e a humildade profunda. Que a intercessão de São José nos inspire a viver uma vida santa e agradável a Deus, seguindo seus passos de amor, fé e devoção.

Reflexão:

  • Como posso cultivar a pureza de coração no meu dia a dia?
  • De que maneira posso demonstrar amor incondicional pelas pessoas que me rodeiam?
  • Como posso fortalecer minha fé em Deus, mesmo diante das dificuldades?
  • O que posso fazer para ser mais obediente à vontade de Deus?
  • Como posso ser mais humilde de coração?

Oração:

Ó São José, castíssimo esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus Cristo, a ti recorremos com filial confiança. Te pedimos que nos ensines a cultivar a pureza de coração, o amor incondicional, a fé inabalável, a obediência fiel e a humildade profunda. Que o teu testemunho nos inspire a viver uma vida santa e agradável a Deus, seguindo teus passos de amor, fé e devoção. Amém.

São José, rogai por nós!

Publicado em Paróquia Coração de Maria (Claretianos) – Londrina- PR.

* Acréscimo meu.

Solenidade da Epifania do Senhor – 5 de Janeiro de 2025

Celebramos a festa Litúrgica da Epifania do Senhor que significa manifestação. Deus fez-Se Homem, nasceu em Belém e manifestou-Se a todos os povos do mundo representados por um grupo de homens importantes que vieram de várias terras, guiados por uma estrela, até Belém, para O visitar e prestar-Lhe homenagem.

  1. A Luz de Deus brilha para nós

Deus incarnou para salvar todas as pessoas. De cem, interessam-Lhe cem, porque ama infinitamente a cada uma delas. Fez de cada um de nós filhos Seus e ama-nos infinitamente.

Por isso, a festa da Epifania é especialmente para nós, que fomos chamados a fazer parte da Igreja, vindos, não do mundo judaico, mas dos gentios. Estamos representados nestes homens corajosos que vieram das suas terras até Belém.

  • Cristo, sinal e razão da nossa alegria. Às vezes, quando falamos da situação do mundo e do seu afastamento de Deus, dos males que vemos, falamos em tais termos como se Deus tivesse sido definitivamente derrotado e posto fora do mundo; ou então, como se Ele tivesse desistido de nos salvar e nos tivesse abandonado nas mãos do Inimigo. É uma atitude contrária à fé, porque o nosso Deus não perde batalhas nem nos abandonará nunca nesta vida, sejam quais forem os nossos pecados.

O nascimento de Jesus inaugurou um tempo de alegria e otimismo que nunca mais terá fim. O profeta Isaías anima-nos a encarar com otimismo e alegria a nossa vida na terra. «Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor

  • A noite cobre o mundo à espera de Deus. De facto, a sensação que temos, quando olhamos o mundo. é de que uma grande escuridão o cobre. São muitos os que se desorientam caminho e na escolha dos verdadeiros bens.

Vale a pena guardar para ti bens que não te pertencem, se saciar a ambição com as coisas que nada valem é como tentar matar a sede com água salgada?

Vale a pena odiar, difamar e matar, se ao fim o ódio e o mal estar é ainda maior?

  • Somos estrelas na noite do mundo. O profeta imagina uma grande escuridão a cobrir o mundo e as multidões caminhando ao encontro da luz que brilha na cidade santa de Jerusalém, situada num alto.

«Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe, e as tuas filhas são trazidas nos braços.»

A luz de Cristo, da Verdade, da Alegria, do Amor, brilha na face da Igreja (Lumen Gentium). E como nós somos o rosto da Igreja no mundo, a luz de Cristo deve brilhar também no nosso rosto, nas nossas palavras e obras.

  • Acorrem os tesouros de Deus. Os homens procuram dinheiro e outros bens materiais com que possam assegurar estabilidade à sua vida.

Deus não precisa de dinheiro, porque foi Ele Quem criou todas as riquezas do mundo e pode criar ainda mais. Para Ele, a verdadeira fortuna são as pessoas a viverem na Sua amizade, e caminhando para uma eternidade feliz.

É à luz desta verdade que havemos de ler o texto sagrada do hoje: «a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá

  • Privilegiados de Deus. Não sabemos o que é passar séculos a suspirar pela vinda do Redentor e não ter humanamente a quem pedir ajuda.

A desorientação era de tal ordem, que a virtude se condenava e louvava-se o vício. Chegaram a adorar como deuses o deus dos ladrões, a deusa da sensualidade e outros.

Nós nascemos no tempo de Jesus que nos ilumina, anima e alimenta. Pede-nos apenas que aceitemos os Seus dons.

Vive connosco esta aventura de amor na terra e espera apenas que Lhe peçamos ajuda. Não precisamos de O ir procurar a terras distantes, como fazemos para os bens da terra, quando saímos do país à procura de melhores condições de vida.

  1. Com os Magos, vamos a Belém

Um corajoso grupo de homens, procedendo de terras distantes entre si, encaminhou-se para Belém, guiados por uma estrela. Foi a estrela que deu norte às suas vidas e acabou por juntá-los no mesmo ideal, quando estavam já próximos do berço do Salvador, mas sem o saberem.

  • Renunciar ao sofá e calçar as sapatilhas. Estes homens viviam bem, humanamente falando. Tinham bens e gastavam o seu tempo no estudo dos astros. Foi precisamente no seu trabalho de cada dia que o Senhor os desafiou.

Deus chama-nos, porque tem uma missão para cada um de nós. Se a não realizarmos, ficará por fazer.

Precisamos de andar perto de Deus, pela oração e sacramentos, para descobrirmos o que Ele quer de nós.

Além disso, precisamos de disponibilidade para fazer o que Deus quer de nós, espírito de sacrifício. Muitos e muitas dão cabo da sua fé, porque se deixam colar ao sofá. O Santo Padre desafia-nos a deixá-lo, e a caminhar ao encontro dos outros, com a sapatilhas calçadas.

  • Manifestamo-l’O pela nossa vida. Foi uma estrela que conduziu estes homens corajosos até junto do berço de Jesus. Cada um de nós tem de ser, de algum modo, esta estrela que guia as outras pessoas até junto de Jesus, para que O conheçam, amem e sigam.

Quando temos as mesmas dificuldades que todos os outros, ou possivelmente até maiores, porque não temos privilégios e, a pesar disso, somos capazes de sorrir e de ter esperança, levamos as pessoas à descoberta de Cristo que é o segredo da nossa esperança e alegria.

Quando, depois de ofendidos e prejudicados, somos capazes, a pesar disso, de perdoar e amar quem nos ofendeu ou prejudicou, somos a estrela que ilumina e guia.

Quando, a pesar de termos tanto ou mais trabalho do que os outros e encontramos tempo para rezar e frequentar os sacramentos, iluminamos o caminho dos que andam desorientados.

  • Modos de ser estrela. Em primeiro lugar, somo-lo pela vida que levamos, porque não rastejamos pela lama dos caminhos, mas brilhamos nas alturas da graça.

Fazemo-lo pela nossa perseverança na prática da vida cristã, e não apenas durante alguns momentos na vida. A estrela brilha continuamente.

Quando damos um bom conselho que orienta quem tinha perdido o sentido da vida, também desempenhamos este papel.

  • Recomeçar o caminho. Depois de realizados alguns esforços, alguns deixam-se cair com desânimo, logo que encontram as primeiras dificuldades. Talvez isto tenha acontecido connosco.

A Liturgia da Palavra deste Domingo anima-nos a recomeçar o nosso caminho até ao Céu.

Se o Senhor nos traz à memória o dia da primeira comunhão, a profissão de fé ou qualquer outro momento em que nos parecia que estávamos mais perto de Deus – vimos uma estrela – e agora nos parece que a vida não tem sentido, é porque Deus nos está a chamar.

  • Pedir ajuda. Os magos pediram ajuda a quem lhes foi possível fazê-lo e Deus serviu-se de um homem mau – Herodes – para voltar a colocá-los no caminho certo.

Nós não precisamos de recorrer a Herodes, porque Jesus Cristo fundou a Igreja e nela encontramos sempre ajuda para nos orientar. Peçamos ajuda aos pastores da Igreja ou a um amigo com bom critério, quando nos sentirmos desorientados no caminho do Céu.

  • Generosidade. Podemos, como os magos, oferecer o ouro do nosso trabalho, o incenso da nossa oração e a mirra dos sacrifícios que a vida nos pede para sermos fiéis ao Senhor.

Estas ofertas ao Menino aproximam-nos cada vez mais d’Ele, porque nos libertam das dificuldades que nos tolhem e fazem crescer a nossa amizade com Ele.

  • Encontrar Maria. Os Magos encontraram Maria e, com Ela, Jesus. Quando encontramos Maria no nosso caminho, pela visita a um Santuário Mariano, contemplação da sua imagem, reza do terço ou qualquer outra devoção, podemos ter a certeza de que junto d’Ela encontraremos Jesus e recobraremos a alegria e a coragem. Maria foi e será sempre o caminho mais fácil e seguro para Jesus.

Publicado em Paróquia São Luis – Faro – Diocese do Algarve – Portugal.

Santa Maria – Mãe de Deus: Solenidade – 1º de janeiro – o Dogma

A Virgem Maria é também chamada de Mãe de Deus. Mas como se dá a maternidade divina? Conheça a festa e o dogma de Maria Mãe de Deus.

Quarta-feira, dia 1º de janeiro do ano do Jubileu de 2025, a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e o dia mundial da paz. A Virgem Maria é também chamada de Mãe de Deus. Mas como se dá a maternidade divina? Conheça a festa e o dogma de Maria Mãe de Deus.

Nossa Senhora foi designada e preservada desde o ventre para assumir o papel sublime de ser a mãe de Jesus. O dogma da Imaculada Conceição, proclamado pela Igreja, ressalta essa escolha divina ao designar Maria como “a toda santa”. 1 Além desse dogma, a Igreja possui outros três referentes a Maria, incluindo o reconhecimento de sua Maternidade Divina.

Neste artigo, mergulharemos no significado do dogma da Maternidade Divina, abordando passagens bíblicas que destacam Maria como Mãe de Deus e seu o fundamento teológico. Além disso, veremos o papel da Virgem Maria também como mãe na nossa vida espiritual.

Conheça aqui os quatro dogmas marianos.

O que é o dogma da Mãe de Deus ou Maternidade Divina?

Todo fiel católico deve crer nos dogmas da Igreja, ou seja, nas verdades de fé. No Catecismo da Igreja Católica encontramos o que significa o dogma da Mãe de Deus e por que a Igreja crê nesse fato.A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde que foi concebida. Por isso, o Concílio de Éfeso proclamou, em 431, que Maria se tornou, com toda a verdade, Mãe de Deus, por ter concebido humanamente o Filho de Deus em seu seio: «Mãe de Deus, não porque o Verbo de Deus dela tenha recebido a natureza divina, mas porque dela recebeu o corpo sagrado, dotado duma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne». 2

Desse modo, sendo Mãe de Jesus, que é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, Maria é também Mãe de Deus. Isto é o que afirma o dogma da Maternidade Divina.

O que é a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus?

A Solenidade de Maria, Mãe de Deus, é uma festa litúrgica que celebra o dogma da Maternidade Divina de Nossa Senhora. Durante esta solenidade, os fiéis recordam com alegria e reverência que a Virgem Maria é verdadeiramente a Mãe de Deus. Pois concebeu e deu à luz o Filho de Deus, uma pessoa divina, a segunda pessoa da Santíssima Trindade.

Esta solenidade destaca-se como um momento propício para mergulhar na relação íntima de Maria com a obra redentora do Pai, reconhecendo-a como a Mãe do Salvador e de todos nós. E Maria é parte integrante da realidade salvadora. Além disso, a solenidade é um dia santo de guarda, é preceito na fé católica, exigindo a participação dos fiéis na celebração da Santa Missa neste dia — ou na noite do dia anterior.

celebração da solenidade de Maria Mãe de Deus no vaticano.
Solenidade de Maria, Mãe de Deus na Basílica de São Pedro. Foto/divulgação: Vatican News.

Quando é celebrada Santa Maria, Mãe de Deus?

A Maternidade Divina de Maria, celebrada desde o século VII, teve sua festa litúrgica estabelecida pelo Papa Pio XI em 1931. Desde então, a Igreja celebra a Solenidade de Maria Mãe de Deus no dia primeiro de janeiro — que é ao mesmo tempo o dia da Oitava do Natal.Nós veneramos esta maternidade no primeiro dia do novo ano. É nosso desejo, de fato, que, nesta nova etapa do tempo humano, Maria continue a abrir a Cristo a via para a humanidade, do mesmo modo que lha abriu na noite do nascimento de Deus. 3

Saiba o que é a Oitava de Natal.

A Mãe de Deus na Bíblia

A Sagrada Escritura nos oferece diversas passagens que ressaltam o papel único de Maria como Mãe de Deus. No Evangelho de Lucas, durante a Visitação, Isabel, cheia do Espírito Santo, saúda Maria, reconhecendo-a como “a mãe do meu Senhor”. Essa saudação destaca não apenas a maternidade de Maria sobre Jesus, mas sua condição como Mãe do próprio Senhor.Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? Pois quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. 4

imagem da visitação, quando Isabel reconhece Maria como mãe de Deus.

O Catecismo da Igreja Católica também reforça este ponto no seu número 495:Chamada nos evangelhos «a Mãe de Jesus» 5, Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito Santo e desde antes do nascimento do seu Filho, como «a Mãe do meu Senhor» 6. Com efeito, Aquele que Ela concebeu como homem por obra do Espírito Santo, e que Se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é, verdadeiramente, Mãe de Deus («Theotokos»)

Em outra passagem presente no Evangelho de Mateus, a citação da profecia de Isaías 7 destaca que o nascimento de Jesus, por meio de Maria, é o cumprimento divino da promessa de Deus de estar conosco, encarnado na pessoa de Jesus:Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa “Deus está conosco”. 8

Não deve haver dúvidas, portanto, em relação à Maternidade Divina de Nossa Senhora. Se ela é Mãe de Jesus e[…] para nós, contudo, existe um só Deus, o Pai, de quem tudo procede e para o qual caminhamos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por quem tudo existe e para quem caminhamos. 9

Fundamento teológico do dogma da maternidade divina

O fundamento teológico do dogma da Maternidade Divina remonta ao Concílio de Éfeso em 431, quando a Igreja oficialmente proclamou essa verdade de fé. O contexto envolveu a refutação das ideias equivocadas de Nestório, que separava as naturezas humana e divina de Cristo, negando assim o título de “Mãe de Deus” a Maria.

Nesse contexto, São Cirilo de Jerusalém emergiu como um defensor notável, contestando e condenando as ideias de Nestório. Suas argumentações, notavelmente expressas em cartas, foram incorporadas na proclamação dogmática. Contudo, vale lembrar que quando a Igreja proclama um dogma, ela não está introduzindo algo novo, mas reconhecendo uma realidade já existente, garantindo que não haja mais mal-entendidos.

A tradição dessa maternidade divina encontra-se em orações antigas e escritos dos Padres da Igreja, como Orígenes no século terceiro. Os Santos Padres já reconheciam que Maria não era apenas o lugar de nascimento de Jesus, mas a verdadeira fonte da encarnação divina. Santo Tomás de Aquino e o Beato Duns Scotus, doutor mariano, por exemplo, ressaltam a dignidade única de Maria como Mãe de Deus.

Além disso, mesmo reformadores protestantes como Lutero e Calvino reconheceram a maternidade divina. O fundamento teológico permeia, portanto, as Escrituras, a Tradição da Igreja e o pensamento de diversos teólogos ao longo dos séculos.

A solenidade da Mãe de Deus e a nossa vida espiritual

Esta solenidade também é um convite profundo para explorarmos a íntima relação entre Maria e a nossa vida espiritual. Quando Jesus, na cruz, diz Eis aí a tua mãe 10, Ele não apenas confiou Maria a João, mas simbolicamente a todos nós, tornando-a Mãe da Igreja, composta pela cabeça, que é Cristo, e pelo corpo, que somos nós, seus membros.

São Paulo, ao chamar a Igreja de Corpo Místico de Cristo, destaca a união vital entre Cristo e os fiéis. São Luís Maria Grignion de Montfort, formulando essa questão, destaca a necessidade natural de uma mãe dar à luz tanto a cabeça quanto o corpo. Assim, Maria, como Mãe de Deus, é também nossa mãe, uma mãe que não só deu à luz a Cristo, nosso irmão, mas que, por extensão, acolhe-nos como filhos espirituais.

menina rezando diante da imagem de Maria, mãe de Deus e nossa mãe.

Maria é, portanto, nosso modelo de vida com Deus. Sua humildade, obediência e amor são um guia para nos aproximarmos de Cristo e nos assemelharmos a Ele — o que buscamos quando pensamos na santidade. Além disso, como mãe, ela intercede por nós diante do Pai, conhecendo o papel vital da mãe na vida dos filhos. Deus, ao nos dar Maria como mãe, reconhece nossa necessidade espiritual de orientação e cuidado materno.

Por isso, recorramos à Nossa Senhora, nossa mãe. Ela deseja ser uma presença viva na nossa vida espiritual e derramar muitas graças. Mas para isso precisamos invocá-la, pedir que ela esteja presente nos diversos momentos de nossa vida. Um meio devoto e eficaz de recorrer à Nossa Senhora é repetir várias vezes ao dia: Ave Maria!A esta invocação – Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores –, a Mãe de Deus sempre responde! Escuta os nossos pedidos, abençoa-nos com o seu Filho nos braços, traz-nos a ternura de Deus feito carne; numa palavra, dá-nos esperança. 11

Conheça os mistérios do terço e saiba como rezá-lo.

Referências

  1. CIC, 493[]
  2. CIC, 466[]
  3. Papa João Paulo II, Santa Missa para o XVII Dia Mundial da Paz Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, 1º de janeiro de 1984[]
  4. Lc 1,43-44[]
  5. Jo 2, 1; 19, 25[]
  6. Lc 1, 43[]
  7. 7, 14[]
  8. Mt 1, 22-23[]
  9. I Cor 8, 6[]
  10. João 19,26-27[]
  11. Papa Francisco, Santa Missa na Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus LVI Dia Mundial da Paz, 1º de janeiro de 2023[]

Publicado em Minha Biblioteca Católica.

São João da Cruz – Memória – 14 de dezembro

Origens

Juan de Yepes era seu nome de batismo. Nasceu em 1542, em Fontivaros, pertencente à província de Ávila, na Espanha. Seu pai, Gonzalo de Yepes, descendia de uma família tradicional e rica de Toledo. Porém, por ter se casado com uma jovem de família humilde, perdeu os direitos da herança. Catarina Alvarez, sua esposa e mãe de São João da cruz, era vista como sendo de classe inferior. Gonzalo, pai de São João da Cruz, faleceu ainda jovem, quando João ainda era uma criança. Por isso, a viúva, desprezada pela família do marido e obrigada a trabalhar para sobreviver, mudou-se com os filhos para a cidade de Medina.

Trabalho e vocação

Em Medina, João, já jovem, começou a trabalhar. Ele tentou algumas profissões. A última foi a de ajudante no hospital da cidade. À noite, João estudava gramática no colégio dos jesuítas. Sob a influência dos padres da Companhia de Jesus, a espiritualidade do jovem João de Yepes desabrochou. Por isso, aos vinte e um anos, ele entrou na Ordem Carmelita, procurando uma vida de oração profunda.

Estudos e caridade

Após o noviciado, João de Yepes foi transferido para a Universidade de Salamanca, com o objetivo de terminar o estudo da filosofia e da teologia. Mesmo cursando a Universidade, que exigia dele toda a dedicação aos estudos, João encontrava tempo para a caridade e fazia questão de visitar os doentes nos hospitais ou nas residências, onde prestava seu precioso serviço de enfermeiro.

Santa Tereza de Ávila cruza seu caminho

João foi ordenado sacerdote quando tinha vinte e cinco anos. Nessa ocasião, mudou seu nome para João da Cruz, pois já tinha o desejo de se aproximar dos sofrimentos da cruz de Cristo. Por causa disso, achava a Ordem dos Carmelitas muito suave, sem austeridade. Pensou, inclusive, em entrar numa congregação mais austera. Foi nessa ocasião que Madre Tereza de Ávila atravessou seu caminho. Na época, ela tinha autorização fundar conventos reformados da Ordem Carmelita. Tinha também autorização de todos os superiores da Espanha para intervir nos conventos masculinos. O entusiasmo de Santa Tereza contagiou o Padre João da Cruz e ele começou a trabalhar na reforma da Ordem Carmelita, voltando às origens da mesma, procurando reviver em todos o carisma fundante da Ordem e ajustando a disciplina.

Formador A partir de então, a Ordem Carmelita encarregou o Pe. João da Cruz na missão formador dos noviços. Por isso, ele assumiu o posto de reitor de um convento dedicado à formação e aos estudos dos novos carmelitas. Assim, ele contagiou um grande número de carmelitas e, por conseguinte, reformou vários conventos.

Barreiras e perseguições

Como era de se esperar, padre João da Cruz começou a enfrentar dificuldades dentro da Ordem. Conventos inteiros e vários superiores se opuseram às reformas quando ele começou a aplica-las efetivamente. Por isso, ele passou por sofrimentos insuportáveis se não fossem vistos com os olhos da fé. Chegou, por exemplo, a ficar preso durante nove meses num convento que recusava terminantemente a reforma proposta por ele. Tudo isso sem contar as perseguições que começaram a aparecer de todos os cantos.

Paciência, fé e louvor

Testemunhas dizem, no entanto, que Pe. João da Cruz fez jus ao nome que escolheu abraçando a cruz, os sofrimentos e as perseguições com alegria e louvor a Deus. E esta foi a grande marca de sua vida, além de seus escritos preciosos. São João da Cruz abraçou o sofrimento com prazer, desejando ao máximo, sofrer como Cristo e unir seus sofrimentos aos do Mestre, em sacrifício pela própria conversão e também da Igreja.

Doutor da Igreja

O espírito de sacrifício, o fugir das glórias humanas, a busca da humildade, a oração profunda e o conhecimento da Palavra de Deus renderam a São João da Cruz vários escritos de grande profundidade teológica e sabedoria divina. Dentre eles, destacam-se os livros Cântico Espiritual, Subida do Carmelo e Noite Escura. Por isso, ele foi aclamado Doutor da Igreja, equiparado a Santa Tereza de Ávila, também Doutora. Deixou uma grande obra escrita, que é lida, estudada e seguida até hoje por religiosos e leigos.

Apenas três pedidos a Deus

Os biógrafos de São João da Cruz relatam que ele sempre fazia três pedidos a Deus. Conta-se que ele pedia, insistentemente, três coisas a Deus. Primeiro, que ele tivesse forças para sofrer e trabalhar muito. Segundo, que ele não saísse deste mundo estando no cargo de superior de nenhuma comunidade. E, terceiro, que ele tivesse a graça de morrer humilhado e desprezado por todos, como aconteceu com Jesus. Isto fazia parte de sua mística: igualar-se ao máximo a Jesus no momento de sua paixão.

Três pedidos atendidos

Pouco antes de falecer, São João da Cruz passou, de fato, por grandes sofrimentos, advindos de calúnias e incompreensões. Foi destituído de todos os cargos que ocupava na Ordem Carmelita e passou os últimos meses de sua vida no abandono e na solidão. Antes de falecer, sofreu de uma terrível doença, sempre louvando e agradecendo a Deus por tudo. Faleceu no Convento de Ubeda, Espanha, no dia 14 de dezembro de 1591, tendo somente quarenta e nove anos. A reforma da Ordem Carmelita Descalça proposta por ele, por fim, tornou-se realidade. Pouco tempo após sua morte, São João da Cruz passou a ser venerado e seguido pelos seus confrades. Em 1952 foi aclamado como o Padroeiro dos Poetas da Espanha.

Oração a São João da Cruz (extraída do Primeiro dia da Novena)

“Glorioso São João da Cruz, que desde vossa infância fostes terno amante de Maria Santíssima e da cruz de seu Santíssimo Filho, merecendo por este amor ser protetor singular das almas aflitas e desconsoladas: Vos suplico, Pai meu, interponhais vossos rogos para com Mãe e Filho a fim de que me concedam viva fé, firme esperança, fervente caridade e terníssimo amor à cruz de meu Senhor, em cujo exercício viva e more amparado sempre de sua graça, e também consiga, se me convém, o que peço nesta novena. Amém.”

São João da Cruz, rogai por nós!

Publicado em IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA – Largo do Machado – Catete – Rio de Janeiro – RJ

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A Imaculada Conceição de Maria no Advento

No Advento eterno, antes da criação do mundo, a Imaculada Conceição de Maria já estava no desígnio amoroso de Deus para a humanidade. É significativo refletir sobre esta verdade, especialmente no Tempo do Advento e na proximidade da Solenidade da Imaculada Conceição. A este respeito, o Papa São João Paulo II nos ensina que existe um Advento primordial e eterno em Deus, que está se cumprindo na história da humanidade.

Este Advento eterno, que é o projeto de Deus para a humanidade, realiza-se em três fases na história da salvação. No primeiro Advento, tem início a Criação do mundo, que tem como centro e ápice o gênero humano, ainda em plena harmonia com o Criador. O segundo, começa com a queda de Adão e termina na primeira vinda de Jesus Cristo. O terceiro e último, tem início naquele que chamamos de Tempo da Igreja, que vivemos hoje e que culminará com a segunda e definitiva vinda do Senhor.

Desde o Advento primordial, Maria foi escolhida, predestinada, para ser a Mãe do Verbo Eterno. Em vista dessa suprema dignidade, foi também concedida à Mãe de Deus a maravilhosa graça da Imaculada Conceição [Dogma]*. A graça da Imaculada, que celebramos com toda a Igreja no Tempo do Advento, diz respeito não somente a Santíssima Virgem, mas também à escolha de Deus a respeito de cada um de nós desde toda a eternidade.

A Imaculada Conceição no Advento primordial

Na carta aos Efésios, o apóstolo São Paulo nos dá uma belíssima imagem do Advento: “Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos”. Esta não é ainda a imagem do Advento da vinda de Jesus Cristo, mas “trata-se daquele Advento eterno cujo início se encontra em Deus mesmo, ‘antes da constituição do mundo’, porque já a ‘constituição do mundo’ foi o primeiro passo da Vinda de Deus ao homem, o primeiro ato do Advento”.

Créditos: by Getty Images / Sidney de Almeida/cancaonova.com

Neste primeiro Advento, todo o mundo visível foi criado para o homem como demonstra o livro do Gênesis. Mas “o início do Advento em Deus é o Seu eterno projeto de criação do mundo e do homem, projeto nascido do amor. Este amor se manifesta com a eterna opção do homem em Cristo, Verbo Encarnado”. Em Cristo, fomos escolhidos por Deus, antes da constituição do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos.

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“Neste eterno Advento está presente Maria. Entre todos os homens que o Pai escolheu em Cristo, Ela foi-o de modo particular e excepcional, porque foi escolhida em Cristo para ser Mãe de Cristo”. E assim Ela, melhor do que qualquer outra pessoa entre os homens “predestinados pelo Pai” para a dignidade de filhos e filhas adotivos, foi predestinada de modo especialíssimo para fazer resplandecer a sua maravilhosa graça, que o Pai nos deu no Filho Bem-amado.

A Virgem Maria

A glória sublime da especialíssima graça de Deus é a Maternidade do Verbo eterno e, em consideração desta, a Mãe de Deus obteve em Cristo também a graça da Imaculada Conceição. Sendo assim, a Virgem Maria está presente naquele primeiro e eterno Advento da Palavra com a dignidade de Mãe de Deus e da sua Imaculada Conceição, segundo o desígnio de Amor do Pai na criação do mundo e no projeto de salvação da humanidade.

Publicado em Formação Canção Nova.

* Grifo meu.

Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa – Memória – 27 de novembro

Conheça a história de Nossa Senhora das Graças, desde suas aparições à jovem Catarina até o seu papel nas nossas vidas

Conheça a história de Nossa Senhora das Graças, desde suas aparições à jovem Catarina até o seu papel nas nossas vidas.

Na Cruz, além de nos dar a salvação, Cristo nos deixou a Virgem Maria, Sua mãe, como nossa mãe, por meio das palavras dirigidas ao discípulo João: “Eis aí tua mãe” 1. Desse modo, Maria é nossa mãe, por isso podemos confiar a ela todas as nossas preocupações 2 — essa é a vontade de Deus.

Neste artigo, você vai conhecer um pouco sobre as aparições de Nossa Senhora das Graças à Santa Catarina Labouré. A Virgem Maria é a medianeira das graças de Deus, e isso nos é apresentado nas Escrituras — embora estas citem brevemente a Virgem. Na nossa vida, portanto, não poderia ser diferente, cabe a nós invocar Maria e crer que ela intercede age em nosso favor junto de Deus.

O que é a festa de Nossa Senhora das Graças?

A Festa de Nossa Senhora das Graças celebra a aparição da Virgem Maria à Santa Catarina Labouré, em 1830, em Paris. Nessa revelação, Maria pediu a criação da Medalha Milagrosa, simbolizando abundantes graças para aqueles que a usam com fé. Essa festividade destaca a generosidade de Deus, manifestada através da intercessão de Nossa Senhora — a tesoureira das graças divinas. Além disso, é um convite para mergulharmos ainda mais na devoção mariana e na busca incessante pela graça de Deus em nossas vidas, sobretudo para alcançarmos o nosso destino final, que é o Céu.

Quando a [Festa] de Nossa Senhora das Graças é celebrada?

A festa de Nossa Senhora das Graças é celebrada em 27 de novembro. Essa data especial marca o momento da primeira aparição da Virgem Maria à Santa Catarina Labouré. Desse modo, os católicos ao redor do mundo dedicam esse dia para honrar a Virgem e agradecer as graças concedidas pelas mãos de Nossa Senhora.

A história de Nossa Senhora das Graças

Santa Catarina Labouré, a vidente de Nossa Senhora das Graças

Catarina Labouré, a vidente de Nossa Senhora das Graças.
Santa Catarina Labouré. Fonte: The Basilica Shrine

Catarina Labouré, nascida em 2 de maio de 1806, dedicou-se à vida religiosa após a morte de sua mãe. Sendo assim, a jovem ingressou na Ordem das Filhas da Caridade em 1830, aos 23 anos, mas desde a infância, destacava-se pela devoção e seriedade com a qual vivia a fé. Suas visões eram frequentes, desde os primeiros dias de vida religiosa. Embora as mais conhecidas — e extraordinárias — sejam as aparições de Nossa Senhora das Graças, Catarina de Labouré costumava ver Jesus Cristo em frente ao Santíssimo e, por três vezes, viu também São Vicente de Paulo, o fundador da Ordem, sobre o relicário contendo seu coração incorrupto.

Conheça a cronologia da vida da Virgem.

A primeira visão

Na noite de 18 de julho de 1830, véspera da Festa de São Vicente de Paulo, Catarina Labouré foi despertada por seu anjo da guarda, que se manifestou como uma criança luminosa. Dessa forma, orientada pelo anjo, Catarina dirigiu-se à capela, onde a Santíssima Virgem Maria a aguardava. A jovem hesitou a princípio, mas foi assegurada de que todos estavam dormindo. E, ao adentrar a capela, testemunhou uma luminosidade extraordinária, como se preparada para a Missa da meia-noite. 3

Ao alcançar o santuário, Catarina se ajoelhou, testemunhando a aparição da Santíssima Virgem. A Mãe Celestial sentou-se graciosamente na cadeira próxima ao Evangelho. Catarina, tomada pela emoção, ajoelhou-se ao lado dela, vivenciando os momentos mais doces de sua vida. Em seguida, o anjo revelou que a Virgem Maria desejava falar com Catarina. Assim, Nossa Senhora confiou-lhe uma missão divina em meio a tempos difíceis na França e no mundo. Além disso, prometeu a proteção divina e a efusão de graças para todos que as buscarem com confiança e fervor. 4

Deus deseja encarregar-te de uma missão. Tu serás contraditada, mas não temas, pois terás a graça para fazer o que é necessário. […] Os tempos são maus na França e no mundo. Vem ao pé do altar. Graças serão derramadas sobre todos, grandes e pequenos, especialmente aqueles que procurarem por elas. Terás a proteção de Deus e de São Vicente. Eu sempre terei os olhos em ti. […] 4

A segunda visão

A segunda aparição da Virgem à Santa Catarina Labouré foi a que consolidou a criação da Medalha Milagrosa e fortaleceu a devoção à intercessão de Nossa Senhora das Graças. Ela aconteceu a 27 de novembro, durante a meditação comunitária na capela.

A Virgem Maria se revelou em uma visão esplêndida. Vestida de branco, com um véu delicado, ela segurava uma bola dourada simbolizando o mundo, adornada com anéis representando as graças divinas. A Virgem explicou que as pedras nos anéis eram símbolos das graças que ela derrama sobre aqueles que as solicitam. O globo dourado desapareceu, dando lugar a uma moldura oval com a inscrição “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. 5

A visão disse então: “Manda gravar uma medalha de acordo com este modelo. Todos aqueles que a usarem receberão grandes graças; eles devem usá-la em volta do pescoço. Abundarão graças para aqueles que a usarem com confiança”. 6

A Medalha Milagrosa, conforme o pedido de Nossa Senhora à Santa Catarina Labouré.

[…]

A terceira visão

Na terceira aparição de Nossa Senhora das Graças a Catarina Labouré, a visão ocorreu de maneira semelhante à segunda, mas com a Virgem Maria posicionada acima e atrás do sacrário, no lugar agora ocupado por uma estátua que reproduz a cena. 6 Assim, ela reforçou a importância da criação da Medalha Milagrosa e o propósito de graças abundantes para aqueles que a usassem com confiança.

Catarina, após enfrentar desafios para a produção e distribuição das medalhas, testemunhou a rápida aceitação da Medalha Milagrosa como um objeto de devoção e fonte de graças extraordinárias. Sem dúvida, a terceira aparição consolidou a missão celestial de Nossa Senhora das Graças e sua intercessão contínua na vida dos fiéis que buscam as graças e a proteção da Virgem.

imagem de Nossa Senhora das Graças na capela da Medalha Milagrosa, em Paris.
Presbitério da Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, em Paris

Você sabe quais são os dogmas marianos? Confira aqui.

Nossa Senhora das Graças na Bíblia

Nossa Senhora das Graças encontra um eco significativo nas Bodas de Caná, um episódio onde Maria desempenha um papel fundamental na mediação da graça divina. Durante uma festa de casamento em Caná (João 2, 1-11), Maria percebe a falta de vinho — que simboliza a necessidade humana. E com compaixão materna, ela intercede junto Jesus, dizendo aos servos: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Sendo assim, a observação ativa da Virgem demonstra a confiança na capacidade de seu filho de atender às necessidades humanas.

Essa intercessão resulta no milagre da transformação da água em vinho, revelando a generosidade e a abundância da graça divina. Portanto, nessa narrativa bíblica, Maria emerge como dispensadora e mediadora da graça, antecipando o papel de Nossa Senhora das Graças na tradição católica. Assim como nas Bodas de Caná, onde a intercessão de Maria conduziu à manifestação da graça abundante, os devotos veem Nossa Senhora da Medalha Milagrosa como um canal de graças, o que fortalece a fé na intercessão materna e na obtenção das bênçãos divinas através dela.

[…]

Nossa Senhora das Graças nas nossas vidas

Embora as aparições de Nossa Senhora sejam grandiosas e tragam uma mensagem à humanidade, elas também se destinam especialmente a cada um de nós. Nossa Senhora das Graças desempenha nas nossas vidas o papel sublime de medianeira de todas as graças. Essa designação está enraizada na tradição católica, refletindo a crença de que Maria intercede junto a Deus em favor da humanidade — de cada um de nós que a invoca em particular.

Maria, ao ser coroada com o título de Nossa Senhora das Graças, é vista como a dispensadora generosa das graças divinas. Seu papel como medianeira destaca-se, portanto, na devoção cotidiana quando nós confiamos nela como intercessora que canaliza as graças necessárias para as diversas situações de nossas vidas. Da mesma forma que respondeu ao chamado divino nas Bodas de Caná, Nossa Senhora das Graças continua a desempenhar um papel ativo, guiando e proporcionando graças abundantes àqueles que buscam sua intercessão maternal.

Além disso, muitos santos destacaram o papel da Virgem Maria como mediadora das graças divinas. São Maximiliano Kolbe, por exemplo, descreveu-a como um instrumento nas mãos de Deus para a distribuição das graças. O Papa Bento XVI também proclamou que “não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora”. 7

A mediação de Maria faz parte do patrimônio da fé cristã e é a partir desta verdade, tão presente nos ensinamentos dos santos como também no Magistério ordinário da Igreja, que a porção dos fiéis pode unir-se mais eficazmente contra os desvios mundanos, a fim de alcançar a coroa do Céu. 8

Reze a Novena a Nossa Senhora das Graças.

Referências

  1. Jo 19, 26[]
  2. CIC, 2677[]
  3. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.105[]
  4. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.106[][]
  5. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.107[]
  6. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.108[][]
  7. Bento XVI, Homilia, 11 de Maio de 2007[]
  8. VATICAN NEWS, Mediação de Maria, parte do patrimônio da fé cristã[]

Publicado em Minha Biblioteca Católica (24.11.2024) – Redação Minha Biblioteca Católica (O maior clube de leitores católicos do Brasil.)

Leia também:

Minha Biblioteca Católica – A vida de Santa Catarina Labouré – Conheça a vida de Santa Catarina Labouré, a freira a quem apareceu Nossa Senhora das Graças pedindo a confecção da Medalha Milagrosa.

Solenidade de Jesus Cristo – Rei do Universo -24 de novembro de 2024

24 novembro 2024

Hoje celebramos o nosso Rei! Jesus é Rei! Ele é o Rei do reino de Deus, teve uma coroa, mas espinhos; como cetro uma cana; um manto púrpura e como trono a Cruz!

Jesus Cristo é Rei do Universo e, no entanto, o Evangelho apresenta Jesus diante de Pilatos, no momento da entrada na sua Paixão… pobre, humilde, humilhado e torturado!

Que paradoxo da nossa fé! “JESUS DE NAZARÉ, REI DOS JUDEUS”

Não é pela coerção, nem diminuindo a nossa liberdade que Jesus quer reinar. Ele o faz  destruindo o mal e pelo poder do seu amor.

Ele quer libertar os nossos corações pelo amor para nos tornar capazes de escolhê-Lo! Porque Ele é o único caminho, a única verdade e a única vida!

Como entrar nesta verdade? 

“Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” João 18:37

1. Escutando a sua voz para acolher o desígnio de Deus 

– “O meu reino não é deste mundo” João 18:36

A glória de Deus está muito além do que podemos imaginar. 

O plano de Deus ultrapassa-nos infinitamente. 

– no tempo: “desde sempre e para sempre” Salmos 103:17, “Eu sou o alfa e o ômega” Apocalipse 22:13, “Seu domínio é um domínio eterno que não acabará” Daniel 7:14

– na loucura do seu amor: o Rei da verdade entrega a sua vida pelo seu povo para que se realize o desígnio do Pai!

– no motivo: “Ele fez nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai” Apocalipse 1:6.

– A única maneira de entrar neste plano é fazer-se pequeno e pobre, permanecendo nesta alegre expectativa.

2. Escutando a sua voz para manter a coragem e a esperança.

– Uma vez que Jesus deu a sua vida para vencer o pecado e o mal, devemos confiar nessa verdade! “Àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado” Apocalipse 1:6

– Devemos manter a coragem e a esperança nas situações difíceis, porque o amor triunfou! O mal foi derrotado! Há alguém ao leme: Ele é “o Senhor do Universo” 

3. Escutando a sua voz para O seguirmos no amor 

– Para seguir Jesus, nosso Rei, na verdade, devemos segui-Lo e crescer no amor. 

“A verdade vos libertará” João 8:32… livres para nos superarmos no amor e conquistarmos novas terras e novos corações para o nosso Rei por amor a Ele. 

– Jesus é um rei sem palácio, mas o seu reino de amor está em toda a parte e especialmente em nós! Fazemo-lo crescer através de todas as pequenas coisas da vida quotidiana e de pequenos atos de caridade.

– Jesus é um rei sem exército, mas reina por todos os sinais de paz e benevolência que realiza em nós através do Espírito Santo. 

A nossa vida é o reino de Jesus Rei. O nosso coração é o palácio de Jesus Rei. Somos o exército de Jesus Rei. Somos o tesouro de Jesus Rei.

Publicado em IAA – Igreja de Arroios e Anjos (Lisboa).

Imagem: Alma Carmelita – “A História da Solenidade de Cristo Rei nos questiona”.

Vatican News

Solenidade de Todos os Santos, BAV Vat. sir. 559, f. 93v

Ao final do século II, já era grande a veneração dos Santos. No início, os santos mártires, aos quais os Apóstolos foram logo assimilados, eram testemunhas oficiais da fé.

Depois das grandes perseguições do Império Romano, homens e mulheres, que viveram a vida cristã, de modo belo e heroico, começaram a tornar-se, paulatinamente, exemplos de veneração: o primeiro santo, não mártir, foi São Martinho de Tours.

Em fins do ano mil, diante do incontrolado desenvolvimento da veneração dos santos e do “comércio” em torno das suas relíquias, iniciou-se um processo de canonização, até se chegar à comprovação dos milagres.

A Solenidade de Todos os Santos começou no Oriente, no século IV. Depois, difundiu-se em datas diferentes. Em Roma, dia 13 de maio; na Inglaterra e Irlanda, a partir do século VIII, dia 1º de novembro, uma data que também foi adotada em Roma, a partir do século IX.

Esta Solenidade era celebrada no fim do Ano litúrgico, quando a Igreja mantinha seu olhar fixo ao término da vida terrena, pensando naqueles que haviam atravessado as portas do Céu.

«Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então, abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”»
(Mt 5,1-12a).

Os Santos

Os Santos e as Santas – autênticos amigos de Deus – aos quais a Igreja nos convida, hoje, a dirigir nossos olhares, são homens e mulheres, que se deixaram atrair pela proposta divina, aceitando percorrer o caminho das Bem-aventuranças; não porque sejam melhores ou mais intrépidos que nós, mas, simplesmente, porque “sabiam” que todos nós somos filhos de Deus e assim viveram; sentiram-se “pecadores perdoados”… Eis os verdadeiros de Santos! Eles aprenderam a conhecer-se, a canalizar suas forças para Deus, para si e para os outros, sabendo confiar sempre, nas suas fragilidades, na Misericórdia divina.
Hoje, os Santos nos animam a apontar para o alto, a olhar para longe, para a meta e o prêmio que nos aguardam; exortam-nos a não nos resignar diante das dificuldades da vida diária, pois a vida não só tem fim, mas, sobretudo, tem uma finalidade: a comunhão eterna com Deus.
Com esta Solenidade, a Igreja nos propõe os Santos, amigos de Deus e exemplos de uma vida feliz, que nos acompanham e intercedem por nós; eles nos estimulam a viver com maior intensidade esta última etapa do Ano litúrgico, sinal e símbolo do caminho da nossa vida.

Condições evangélicas

Trata-se de percorrer o caminho, ou melhor, as nove condições traçadas por Jesus e indicadas no Evangelho: as Bem-aventuranças!
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus…”: o ponto forte não é tanto ser “bem-aventurado”, mas o “porquê”. Uma pessoa não é “bem-aventurada” porque é “pobre”, mas porque, como pobre, tem a condição privilegiada de entrar no Reino dos Céus.
A mesma coisa acontece com as outras oito condições: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem… Alegrai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos Céus”.
A explicação de tudo encontra-se naquele “porquê”, pois revela onde os mansos encontrarão confiança, onde os pacíficos encontrarão alegria… Logo, “bem-aventurados”, não deve ser entendido como uma simples emoção, se bem que importante, mas como um auspício para se reerguer, não desanimar, não desistir e seguir em frente… pois Deus está conosco.
A questão, portanto, consiste em ver Deus, estar da sua parte, ser objeto das suas atenções; contemplar Deus, não no paraíso, mas, aqui e agora.
Enfim, eis o caminho que devemos percorrer para participar também da alegria indicada pelo Apocalipse, que todos nós podemos conseguir: “Caríssimos, considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato… desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser” (1 Jo 3,1-2). Nós, diz o refrão do Salmo, em resposta à primeira leitura da Carta de João: “Somos a geração que busca a face do Senhor”. Não porque somos melhores que os outros, mas porque Deus quis assim.

E nós?

Com essas Bem-aventuranças, Jesus nos faz um convite: “O Reino dos Céus pode-lhes interessar? Vocês tem interesse em viver uma vida melhor?”. Claro, o mundo vai para a direção oposta e nos convida a ser felizes com uma vida opulenta e economicamente tranquila, bem diferente daquela dos “pobres de espírito”; convida-nos a uma vida de diversão, em todos os sentidos, a todo custo e com todos os meios, bem diferente daquela dos “Bem-aventurados os que choram”; convida-nos a ter sempre razão e a prevalecer sobre os outros, mas não a ser mansos; convida-nos a satisfazer-nos com tudo, sem objeção, mas não a satisfazer-nos com a paz e a justiça; convida-nos a pensar só em nós mesmos, mas não em ser misericordiosos; convida-nos a ir para aonde nosso coração nos levar, satisfazendo as nossas paixões, mas não a ser puros de coração; convida-nos a defender nossos muros, mas não a ser pacificadores; convida-nos a prevalecer e a perseguir os outros, ao invés de deixar-nos insultar!
Enfim, as Bem-aventuranças podem, realmente, parecer absurdas, mas são apenas algumas condições para uma vida melhor, feliz e linda… uma vida bem sucedida ou, então, uma vida santa. Não se trata apenas de palavras ou ideias… porque se observarmos bem, as Bem-aventuranças são um retrato do próprio Jesus: pobre, manso, dócil, misericordioso… animado apenas pelo desejo “de ocupar-se das coisas do Pai” (Cf. Lc 2,49).
Como dizíamos acima, o ponto forte não é tanto ser “bem-aventurado”, mas o “porquê”: a felicidade ou a bem-aventurança depende do sentido que dermos à nossa vida, da direção que tomarmos, da nossa razão de viver, mas, também, do valor que dermos ao sentido de perder a vida: “Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas do meu Pai?” “…porque delas depende é o Reino dos Céus”.
Portanto, a alegria ou a bem-aventurança não depende das condições externas, como o bem-estar, o prazer, o sucesso… que são experiências frágeis e efêmeras (Cf. Mt 7,24-28: a casa construída na areia ou na rocha), mas depende da felicidade prometida por Deus aos que adotam certos comportamentos em seus corações e os manifestam na vida de cada dia.

Santos da porta ao lado

Logo, a Solenidade de hoje confirma que uma vida “beata”, “bela”, “bem-sucedida” e “santa”… é possível, tanto ontem como hoje! Para nós e para todos. Podemos sempre nos tornar aqueles “santos da porta ao lado”, sobre os quais o Papa Francisco se refere: homens e mulheres reconciliados conosco, com os outros e com Deus, capazes de fazer brilhar a luz do amor misericordioso de Deus no dia a dia, na família, no trabalho, nos tempos livres… sabendo viver “Jesus” e confiando nas suas “Bem-aventuranças”.
Todos nós somos santos ao recebermos o Batismo, mas muitos não sabem! Muitas vezes, nem nos damos conta desta possibilidade que o Batismo nos proporciona. Não obstante, ela existe, porque Jesus quis assim!

Anedota

Durante uma visita a uma igreja de Turim, um aluno pediu à professora uma explicação sobre alguns vitrais luminosos e belos do templo. E ela respondeu: “Representam os Santos, homens e mulheres, que viveram, de forma especial e forte, a amizade com Jesus”.
Poucos dias depois, Dia de Todos os Santos, um sacerdote perguntou aos mesmos alunos: “Alguém saberia me explicar quem foram e o que fizeram aqueles que a Igreja venera como “Santos?”. O menino, que havia pedido explicações à professora sobre os vitrais, levantou a mão e, com voz firme e confiante, respondeu: “São os que deixam a Luz passar!”.

Publicado em VATICAN NEWS.

O perigo do Halloween

Quando se trata de Halloween no meio cristão, existem duas reações muito comuns que estamos acostumados a ver nas pessoas: ou imediatamente se posicionam contra, com firmeza e repulsa, ou então reviram os olhos, achando que é exagero, por parte de alguns, privar-se de uma festa cultural que consideram inocente. Nenhuma dessas duas figuras, no entanto, vai de fato atrás para entender os verdadeiros motivos, raízes, perigos e tudo que está por trás do dia 31 de outubro de todos os anos.

O Halloween, em sua origem, não era uma festa pagã. Muito pelo contrário! Seu próprio nome se remete justamente a uma celebração católica. “All Hallow’s Eve”, em português, a Véspera do dia de Todos os Santos. É verdade que os povos celtas da Irlanda possuíam um pequeno festival pagão na mesma data, mas, conforme o catolicismo se espalhava pela Europa, os Papas da Igreja conseguiram ressignificar esta festa. No Século VIII, o Papa Gregório III definiu o dia 1º de novembro como dia da comemoração de Todos os Santos em Roma e, alguns anos mais tarde, o Papa Gregório IV estendeu a celebração para todos os lugares.

All Hallow’s Eve

A celebração da Véspera do dia de Todos os Santos se tornou uma forma de evangelização nos países do Reino Unido, embora ainda distante de ser como o Halloween que conhecemos hoje em dia. Naquela época, visitavam-se cemitérios e faziam-se encenações sobre demônios e sobre as almas condenadas como forma de catequese, ensinando ao povo sobre a existência do Inferno e a importância de renunciar à vida de pecado. No dia seguinte, ensinava-se sobre o Céu e sobre os Santos, e no próximo dia, sobre o Purgatório.

As mudanças sofridas nessa data tiveram início na Reforma Protestante e foram concretizadas com uma mistura de culturas na colonização da América do Norte. A retomada de práticas pagãs na noite do dia 31 de outubro, como o culto aos mortos, práticas ocultistas etc., foi ocasionada aos poucos a partir do momento em que a Família Real Inglesa proibia a celebração de cerimônias católicas.

Quando tudo isso chegou aos Estados Unidos, outras culturas foram inseridas e misturadas com a celebração. Existem diversas teorias que sugerem a origem de elementos como a abóbora, “doces ou travessuras”, e a formação do termo Halloween como conhecemos hoje. Não vem ao caso explorá-las aqui, embora se acredite que muitos desses aspectos também tenham surgido de práticas católicas (como por exemplo a doação de comida aos pobres).

“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém.” 1Cor 6, 12

O Halloween foi então, ao longo dos anos, de uma cerimônia de evangelização cristã que mostrava o horror do Inferno para uma cerimônia de exaltação a ele, aos seus demônios e ao espiritismo. E isso é motivo suficiente para que tenhamos cuidado com essa festa que, superficialmente, parece inocente e infantil.

Como São Paulo diz na carta aos Coríntios: nem tudo convém. Ainda que a intenção do seu coração seja boa, ainda que não haja malícia de sua parte, muito menos nas suas crianças, se expor ao que é a festa de Halloween hoje em dia é se expor ao perigo da contaminação espiritual. Práticas ocultistas acontecem às escondidas de um lado, enquanto, do outro, crianças inocentemente banalizam e contribuem para que, cada dia mais, as pessoas deixem de acreditar na existência de demônios e do Inferno.

Para Satanás, é extremamente vantajoso que deixem de acreditar nele, pois não combatemos aquilo que teoricamente não existe. E essa tem sido sua estratégia ao longo da história. O Inferno não escandaliza mais como escandalizava antes. Pelo contrário, uma inversão de valores tem sido impregnada na nossa cultura. Exalta-se o feio, o horrendo, o esquisito, o macabro. E o Belo, que é o que vem de Deus, é desprezado e zombado.

Tudo aquilo que envolve o Halloween atualmente não condiz mais com os verdadeiros valores cristãos, portanto diversos perigos cercam esta prática e não nos convém participar dela. Não devemos condenar, todavia, quem participa por ignorância. Sei que explicar isso para as crianças pode ser um desafio, mas nunca podemos nos esquecer da Sabedoria do Espírito Santo que nos auxilia nestes momentos.

A partir do momento em que sabemos sobre a origem do Halloween no catolicismo, podemos usar disso para recapitular este sentido na vida de nossas crianças. E também usar da oportunidade para ensiná-las sobre o Céu e o Inferno, e convidá-las a celebrar então o dia de Todos os Santos, com doces e fantasias assim como gostam.

Giovana Cardoso
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator

Publicado em Comunidade Católica Pantokrator.

Junho: mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus

Neste mês de junho, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, somos convidados, pela Igreja, a contemplar e experimentar, nesta devoção, o infinito amor de Deus por nós.

“Na encíclica Deus caritas est, citei a afirmação da primeira carta de São João: «Nós conhecemos o amor que Deus nos tem e cremos nele» para sublinhar que, na origem da vida cristã, está o encontro com uma Pessoa (cf. n.1). Dado que Deus se manifestou da maneira mais profunda por meio da encarnação de Seu Filho, fazendo-se «visível» n’Ele.

Na relação com Cristo, podemos reconhecer quem é verdadeiramente Deus (cf. encíclica Haurietis aquas, 29,41; encíclica «Deus caritas est»,12-15). Mais ainda dado que o amor de Deus encontrou sua expressão mais profunda na entrega que Cristo fez de sua vida por nós na Cruz. Ao contemplarmos seu sofrimento e morte, podemos reconhecer, de maneira cada vez mais clara, o amor sem limites de Deus por nós: «tanto amou Deus ao mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que crer nele não pereça, mas que tenha vida eterna» (João 3,16).

Junho: mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus

Foto ilustrativa: by Getty Images Sedmak

Devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Por outro lado, esse mistério do amor de Deus por nós não constitui só o conteúdo do culto e da devoção ao Coração de Jesus: é, ao mesmo tempo, o conteúdo de toda verdadeira espiritualidade e devoção cristã. Portanto, é importante sublinhar que o fundamento dessa devoção é tão antigo como o próprio cristianismo. De fato, só se pode ser cristão dirigindo o olhar à Cruz de nosso Redentor, «a quem transpassaram» (João 19, 37; cf. Zacarias 12, 10).

A encíclica Haurietis aquas lembra que a ferida do lado e as dos pregos foram para numeráveis almas os sinais de um amor que transformou, cada vez mais incisivamente, sua vida (cf. número 52). Reconhecer o amor de Deus no Crucificado se converteu para elas em uma experiência interior, o que as levou a confessar junto a Tomé: «Meu Senhor e meu Deus!» (João 20,28), permitindo-lhes alcançar uma fé mais profunda na acolhida sem reservas do amor de Deus (cf. encíclica «Haurietis aquas», 49).

Experimentar o amor de Deus

O significado mais profundo desse culto ao amor de Deus só se manifesta quando se considera mais atentamente sua contribuição não só ao conhecimento, mas também, e sobretudo, à experiência pessoal desse amor na entrega confiada a seu serviço (cf. encíclica Haurietis aquas, 62). Obviamente, experiência e conhecimento não podem separar-se: um faz referência ao outro. Também é necessário sublinhar que um autêntico conhecimento do amor de Deus só é possível no contexto de uma atitude de oração humilde e de disponibilidade generosa.

Partindo dessa atitude interior, o olhar posto no lado transpassado da lança se transforma em silenciosa adoração. O olhar no lado transpassado do Senhor, do qual saem «sangue e água» (cf. Gv 19, 34), ajuda-nos a reconhecer a multidão de dons de graça que daí procedem (cf. encíclica Haurietis aquas, 34-41) e nos abre a todas as demais formas de devoção cristã que estão compreendidas no culto ao Coração de Jesus.

Leia mais:
.: Os melhores dons são aqueles que recebemos de Deus
.: As 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus
.: Um coração consagrado a Jesus
.: Sagrado Coração: mais que uma devoção, uma espiritualidade

A fé é um dom que vem do amor

A fé, compreendida como fruto do amor de Deus experimentado, é uma graça, um dom divino. O homem, no entanto, poderá experimentar a fé como uma graça só na medida em que ele a aceita dentro de si como um dom, e procura vivê-lo. O culto do amor de Deus, ao que convidava aos fiéis a encíclica Haurietis aquas (cf. ibidem, 72), deve nos ajudar a recordar incessantemente que Ele carregou com este sofrimento voluntariamente «por nós», «por mim».

Quando praticamos este culto, não só reconhecemos com gratidão o amor de Deus, mas continuamos nos abrindo a esse amor, de maneira que a nossa vida vai ficando cada vez mais modelada por ele. Deus, que derramou seu amor «em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (cf. Romanos 5, 5), convida-nos, incansavelmente, a acolher seu amor. O convite a entregar-se totalmente ao amor salvífico de Cristo (cf. ibidem, n. 4) tem como primeiro objetivo a relação com Deus. Por esse motivo, esse culto totalmente orientado ao amor de Deus que se sacrifica por nós tem uma importância insubstituível para nossa fé e para nossa vida no amor.”

(Trecho da Carta de Bento XVI ao padre Peter-Hans Kolvenbach, Companhia de Jesus.)

Publicado em Canção Nova.

Liturgia Diária – 1ª Semana da Quaresma – Terça-feira (20/02/2024)

Início » Liturgia Diária

Liturgia diária de Terça-feira, 20 de fevereiro de 2024. Homilia diária do evangelho, oração do dia de hoje.

Publicado por Mundo dos Católicos em 20/02/2024

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Liturgia Diária

Liturgia Diária de Terça-feira, 20 de fevereiro de 2024.

Leia diariamente a Liturgia do Dia aqui no Mundo dos Católicos. Reflita a Homilia do Dia do Evangelho e acompanhe a Liturgia de hoje aqui no Mundo dos Católicos.

1ª Leitura

Primeira leitura: Isaías 55, 10-11

Leitura do livro do Profeta Isaías:

Isto diz o Senhor: 10″Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra e fazê-la germinar e dar semente para o plantio e para a alimentação, 11assim a palavra que sair de minha boca não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi ao enviá-la”.

– Palavra do Senhor

– Graças a Deus

Salmo

Salmo 33 (34)

– O Senhor liberta os justos de todas as angústias.

– Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos todos juntos o seu nome! Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu e de todos os temores me livrou.

– Contemplai a sua face e alegrai-vos, e vosso rosto não se cubra de vergonha! Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido, e o Senhor o libertou de toda angústia.

– O Senhor pousa seus olhos sobre os justos, e seu ouvido está atento ao seu chamado; mas ele volta a sua face contra os maus, para da terra apagar sua lembrança.

– Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta e de todas as angústias os liberta. Do coração atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido.

Evangelho do Dia

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 6, 7-15

– Glória a Cristo, Palavra eterna do Pai, que é amor!

– O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus (Mt 4,4);

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus:

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7″Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. 9Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 13E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes”.

– Palavra da Salvação

– Glória a Vós, Senhor

Reflexão da Liturgia Diária

Lembre-se de que Jesus costumava sair sozinho às vezes e passar a noite inteira em oração. Assim, fica claro que Jesus é a favor de momentos de oração longos e sinceros, pois nos deu como lição o seu próprio exemplo. Mas há claramente uma diferença entre aquilo que nosso Senhor fez a noite toda e aquilo que Ele criticou os pagãos por fazerem quando eles “balbuciavam” com muitas palavras. Depois desta crítica à oração dos pagãos, Jesus dá-nos a oração do “Pai Nosso” como modelo da nossa oração pessoal.

A oração do Pai Nosso começa dirigindo-se a Deus de uma forma profundamente pessoal. Isto é, Deus não é apenas um ser cósmico todo-poderoso. Ele é pessoal, familiar – Ele é nosso Pai. Jesus continua a oração instruindo-nos a honrar nosso Pai, proclamando Sua santidade. Deus e somente Deus é o Santo do qual deriva toda a santidade da vida. Ao reconhecermos a santidade do Pai, devemos também reconhecê-Lo como Rei e procurar a Sua Realeza para as nossas vidas e para o mundo. Isto só é realizado quando Sua vontade perfeita é feita “na terra como no céu”. Esta oração perfeita termina reconhecendo que Deus é a fonte de todas as nossas necessidades diárias, incluindo o perdão dos nossos pecados e a proteção contra todo o mal.

Após a conclusão desta oração de perfeição, Jesus fornece um contexto no qual esta e todas as orações devem ser feitas. Ele diz: “Se você perdoar aos homens as suas transgressões, seu Pai celestial irá perdoar você. Mas se vocês não perdoarem aos homens, também o seu Pai não perdoará as suas transgressões.” A oração só será eficaz se permitirmos que ela nos mude e nos torne mais semelhantes ao Pai Celestial. Portanto, se quisermos que a nossa oração de perdão seja eficaz, devemos viver aquilo pelo que oramos. Devemos também perdoar os outros para que Deus nos perdoe.

Reflita, hoje, sobre esta oração perfeita, o Pai Nosso. Uma tentação é que podemos ficar tão familiarizados com esta oração que encobrimos o seu verdadeiro significado. Se isso acontecer, descobriremos que estamos orando mais como os pagãos que simplesmente balbuciam as palavras. Mas se entendermos com humildade e sinceridade cada palavra, então poderemos ter certeza de que nossa oração se tornará mais parecida com a de nosso Senhor. Santo Inácio de Loyola recomenda ponderar cada palavra dessa oração muito lentamente, uma palavra de cada vez. Tente orar desta forma, hoje, e permita que o Pai Nosso passe do balbucio para a comunicação autêntica com o Pai Celestial.

Oração do Dia

Pai Nosso, que estás nos céus, Santificado seja o Teu Nome. Venha o Teu Reino. Seja feita a Tua Vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. E perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aqueles que nos ofenderam. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. Amém. Jesus eu confio em vós.

A Liturgia Diária para os Católicos

Usada nas missas, a Liturgia Diária também pode ser usada em outras celebrações. E também pode ser utilizada em outros momentos como em Grupos de Meditação e Orações.

Apesar da igreja celebrar o Mistério de Cristo todos os dias, o ponto central é a missa dominical. É neste dia que os católicos devem ir obrigatoriamente à missa como forma de fé.

Deste modo, a Liturgia Diária é a ação do povo de Deus em unidade. Durante a celebração da missa católica, a Liturgia do Dia pode ser praticada por gestos, palavras ou sinais .

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Publicado em Mundo dos Católicos.

Os Papas e a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

S.S. João Paulo II,
Audiência Geral das Quartas-feiras;
7 de Abril de 1993.

Que Mistério tão grande é a Paixão de Cristo: Deus feito Homem, sofre para salvar o homem, carregando com toda a tragédia da Humanidade!

S.S. Bento XVI,
Santuário de Mariazell;
8 de Setembro del 2007

Jesus transformou a Paixão, o Seu sofrimento e a Sua morte em oração, em acto de amor a Deus e aos homens. Por isso, os braços estendidos de Cristo crucificado são também um gesto de abraço, através do qual nos atrai a Si e com o qual nos quer estreitar nos Seus braços com amor. Deste modo, é imagem do Deus Vivo, é o próprio Deus, e podemos colocar-nos nas Suas mãos.

S. Leão Magno,
Sermão 15 sobre a Paixão.

Aquele que quer venerar, de verdade, a Paixão do Senhor deve contemplar, a Jesus crucificado, com os olhos da alma, até ao ponto de reconhecer a sua própria carne na Carne de Jesus.

S.S. João Paulo II
XIV Jornada Mundial da Juventude;
28 de Março de 1999

Ao contemplar Jesus na Sua Paixão, vemos, como num espelho, os sofrimentos da Humanidade, assim como as nossas situações pessoais. Cristo, ainda que não tivesse pecado, tomou sobre Si aquilo que o homem não podia suportar: a injustiça, o mal, o pecado, o ódio, o sofrimento e, por último, a morte.

S.S. João Paulo II
XV Jornada Mundial da Juventude;
29 de Julho de 1999.

Paixão, quer dizer amor apaixonado, que ao dar-se não faz cálculos: a Paixão de Cristo é o culminar de toda a Sua existência “dada” aos homens para revelar o Coração do Pai. A Cruz, que parece elevar-se da terra, na realidade desce do Céu, como abraço divino que estreita o universo. A Cruz manifesta-se como centro, sentido e fim de toda a história e de cada vida humana.

Publicado em As Horas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (passioiesus.org)