Bem-aventuradas carmelitas mártires de Compiégne (*) – 17 de julho

17.07.2025

A Revolução Francesa forneceu numerosos novos mártires para a Igreja; entre estes, neste dia se recordam as 16 (**) carmelitas de Compiégne.

Um decreto de 1790 suprimiu todas as ordens contemplativas existentes na França e o machado se abateu primeiramente sobre as freiras de clausura. Impuseram às 21 carmelitas de Compiégne que deixassem o mosteiro. Dezesseis responderam que queriam viver e morrer na casa de Deus, e se ofereceram, por meio de um ato solene, em holocausto a fim de que “a paz que Jesus veio trazer à terra fosse restituída à Igreja e à nação”.

Na noite de 17 julho foram conduzidas ao centro de Paris, onde havia sido instalada a guilhotina; subiram ao patíbulo entoando a salve-rainha. Juntamente com as religiosas, foram guilhotinadas as irmãs Caterina e Teresa Soiron, que executavam o serviço de portaria do mosteiro. Também estas, como as religiosas, foram beatificadas em 1906.


Aos 22 de Junho de 1794, catorze dias depois da Convenção reconhecer a existência de um Ente Supremo, levada por Robespierre, desprezando leis, a tramar, assim o queriam os revolucionários, “pour Le rétablissement de La royauté et l’anéantissement de La Republique”, várias religiosas, que viviam em comunidade, foram presas e encerradas no mosteiro da Visitação, o qual fora transformado em prisão.

Levadas a prestar o juramento de Liberté-Egalité, preferiram mil vezes morrer do que “rester coupables d’um serment”.

A recusa significava a guilhotina e, assim, dezesseis carmelitas receberam a palma do martírio, na triste tarde do dia 17 de Julho daquele mesmo ano de 1794.

(…)

Eram elas:

–  Reverenda Madre Teresa de Santo Agostinho (Maria Madalena Claudina Lidoire, priora, nascida em Paris no dia 22 de setembro de 1752.
– Irmã São Luís (Maria Ana Francisca Brideau) sub-priora, nascida em Belford aos 7 de Dezembro de 1752.
– Irmã de Jesus Crucificado (Maria Ana Piedcourt), de Paris, onde veio ao mundo aos 9 de Dezembro de 1715.
– Irmã Carlota da Ressurreição (Ana Maria Madalena Thouret), nascida em Mouy-Oise – a 16 de Setembro de 1715.
– Irmã Eufrásia da Imaculada Conceição (Maria Cláudia Cipriana Brard), de Bourth, onde nasceu aos 12 de Maio de 1736.
– Madre Henriqueta de Jesus (Maria Gabriela de Croissy), nascida em Paris no dia 18 de Junho de 1745.
– Irmã Teresa do Coração de Maria (Maria Ana Hanisset), de Reims, de 18 de Janeiro de 1742.
– Irmã Teresa de Santo Inácio (Maria Gabriela Trézelle), nascida em Compiégne aos 4 de Abril de 1743.
– Irmã Júlia Luísa de Jesus (Rosa Cristão de Neufville), nascida em Evreux aos 30 de Dezembro de 1741)
– Irmã Maria Henriqueta da Providência (Annette Pelras), nascida aos 16 de Junho de 1760 em Cajard.
– Irmã Constância (Maria Genoveva Meunier), de São Dionísio, onde nasceu aos 28 de Maio de 1765.
– Irmã Maria do Santo Espírito (Angélica Roussel), nascida em Fresnes no dia 3 de Agosto de 1742.
– Irmã Santa Marta (Maria Dufour), nascida em Bannes, Sarthe, aos 2 de Outubro de 1741.
– Irmã São Francisco (Isabel Júlia Vérolot), de Ligniéres, Aube, nascida aos 13 de Janeiro de 1764.
– Catarina Soiron, irmã rodeira, nascida em Compiégne aos 2 de Fevereiro de 1742.
– Teresa Soiron, irmã rodeira, nascida em Compiégne aos 23 de Janeiro de 1748.

Antes de morrer, serenes, indiferentes, cantavam o Miserere, o Salve Regina. Aos pés do cadafalso, entoaram o Te Deum, depois o Veni Creator.

Resultado de imagem para Martyrs of Compiègne

Mortas, tiveram os restos mutilados transportados para o cemitério de Picpus. E, como homenagem, no muro que rodeia a tuba comum, onde foram depositadas, lê-se, numa placa de mármore:

Beati qui in Domino moriuntur

Somente uma carmelita escapou do massacre: Francisca Genoveva Filipe, no século – Irmã Josefina Maria da Encarnação, na vida religiosa.

O processo de beatificação, aberto por iniciativa do cardeal Ricardo, arcebispo de Paris, a 23 de Fevereiro de 1896, teve tramitação rápida. No dia 6 de Dezembro de 1902, o Papa Leão XIII, declarava as carmelitas veneráveis, e, a 10 de Dezembro de 1905, Pio X, beatificava-as. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XIII, p. 118 à 120)

A escritora Gertrud von le Fort mostrou em seu livro A ÚLTIMA AO CADAFALSO (Ed. Quadrante, SP), o quão perversa e sanguinária foi a Revolução Francesa (1789) que nada teve de “Igualdade, liberdade e fraternidade”, como se propaga, mas foi a encarnação diabólica do mal na França, especialmente contra a Igreja Católica.

O texto abaixo mostra o assassinato covarde e revoltante de 16 irmãs carmelitas de Compiègne, na guilhotina, acusadas maldosamente de serem “subversivas” e inimigas da Revolução. Como, se eram enclausuradas? Foi o ódio de Satanás contra aquelas que ofereciam a Deus a sua vida para aplacar a cólera de Deus na França. Leia este relato e depois o livro todo, para não ser enganado.

“São cerca de oito horas da tarde. É verão e o céu ainda está claro. A multidão comprime-se em volta da guilhotina, erguida no centro da antiga Place du Thrône, atual Barriére de Vincennes. Junto dos degraus que conduzem ao cadafalso, o carrasco, Charles-Henri Sanson, espera respeitosamente de pé, flanqueado por dois ajudantes. O calor é opressivo, e em toda a praça reina um odor mefítico de sangue. Vindos da cidade, despontam os carroções. Hoje são dois, e vêm bastante cheios: ao todo, serão quarenta vítimas. Recebem-nas as exclamações e ameaças habituais, mas o barulho logo se abafa em murmúrios de espanto. Acontece que, entre os condenados, se veem diversas mulheres de capa branca: são as dezesseis carmelitas do convento de Compiègne, Ao contrário dos seus companheiros de infortúnio, não deixam pender a cabeça nem choram ou gritam; trazem o rosto erguido, e a linha firme do corpo é sublinhada pelas mãos amarradas às costas. E cantam: aos ouvidos de todos, ressoam as notas quase esquecidas da Salve Rainha em latim e do Te Deum. Até para o mais empedernido dos basbaques presentes, é um espetáculo inaudito.

Quando os carroções param ao pé do cadafalso, o burburinho faz-se silêncio absoluto. Até essas mulheres histéricas, as chamadas “fúrias da guilhotina”, que sempre estão na primeira fila dos espectadores, emudecem.

As primeiras a descer são as carmelitas. Uma delas, a priora, Madre Teresa de Santo Agostinho, aproxima-se do carrasco e pede-lhe que lhes conceda uns minutos para poderem renovar os seus votos e que a deixe ser a última a sofrer a execução, para que possa animar cada uma das suas filhas até o fim. Sanson, o carrasco, alma delicada, concorda de bom grado.

Todas juntas, cantam o Veni Creator Spiritus. A seguir, renovam os seus votos religiosos. Enquanto rezam, uma voz de mulher sussurra na multidão: “Essas boas almas, vejam se não parecem anjos! Pela minha fé, se essas mulheres não forem diretas ao paraíso, é porque o paraíso não existe!… “.

A priora recua até a base da escada. Tem nas mãos uma estatueta de cerâmica da Virgem Maria com o Menino Jesus ao colo. A primeira a ser chamada, a mais jovem de todas, é a noviça Constança. Ajoelha-se diante da Madre e pede-lhe a bênção. Segundo uma testemunha, ter-se-ia também acusado nesse momento de não haver terminado o ofício do dia.

Com um sorriso, a Madre diz-lhe: “Vai, minha filha, confiança! Acabarás de rezá-Io no Céu”…, e dá-lhe a beijar a imagem. Constança sobe rapidamente os degraus, entoando o salmo Laudate Dominum omnes gentes, “Louvai o Senhor, todos os povos”. “Ia alegre, como se se dirigisse para uma festa”. O carrasco e seus ajudantes, com gesto profissional, dispõem-na debaixo da guilhotina. Ouve-se o golpe surdo do contrapeso, o ruído seco da lâmina que cai, o baque da cabeça recolhida num saco de couro. Sem solução de continuidade, o corpo é lançado ao carroção funerário.

Uma por uma, as freiras ajoelham-se diante da priora e pedem-lhe a bênção e permissão para morrer. Cantam o hino iniciado por Constança. Quando chega a vez da Irmã de Jesus Crucificado, que tem 78 anos, os jovens ajudantes do carrasco têm de descer para ajudá-la a vencer os degraus. Ela diz-lhes afavelmente: “Meus amigos, eu vos perdoo de todo o coração, tal como desejo que Deus me perdoe”.

(*) Essa imagem foi devolvida mais tarde à Ordem e encontra-se hoje no Carmelo de Compiègne, novamente fundado em 1867.

Os corpos foram levados às pressas para o antigo convento dos agostinianos do Faubourg de Picpus. Lá foram lançados na fossa comum e cobertos de cal viva. Hoje há ali um gramado cercado de ciprestes, com uma simples cruz de ferro. É um lugar de silêncio e oração.

Na capelinha anexa a esse cemitério, há uma lápide que traz o nome das dezesseis mártires beatificadas em 27 de maio de 1906 por São Pio X.

Prof. Felipe Aquino

Publicado em Templário de Maria.

(*) “Durante a audiência concedida, nesta quarta-feira (18/12), ao prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, o Papa Francisco aprovou os votos favoráveis da Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos, Membros do Dicastério, e decidiu estender a toda a Igreja o culto à Beata Teresa de Santo Agostinho, no século, Maria Madalena Claudia Lidoine, e 15 companheiras da Ordem das Carmelitas Descalças de Compiègne, mártires, mortas por ódio à fé durante a Revolução Francesa, em 17 de julho de 1794, em Paris, França, inscrevendo-as no catálogo dos Santos, Canonização Equipolente, uma prática iniciada por Bento XIV com a qual o Papa estende o culto de um servo de Deus ainda não canonizado a toda a Igreja por meio de um decreto. A Beata Teresa de Santo Agostinho e suas companheiras são agora santas. (…)” – Fonte: Vatican News (18.12.2024)

(**) Correção: No texto original, elaborado pelo Prof. Felipe Aquino, há referência a 17 carmelitas descalças, no entanto, na lista acima, por ele apresentada, das carmelitas guilhotinadas, constam os nomes de 16 delas. Talvez tenha havido confusão, em vista do fato de que uma delas havia viajado, ou se trata de um simples erro de digitação.

Leia também:

Em 17 de julho, dia seguinte à celebração litúrgica de Nossa Senhora do Carmo, a Igreja rememora o martírio de 16 religiosas carmelitas durante a Revolução Francesa. Vítimas do ódio à fé que caracterizava uma parte muito relevante do assim chamado “iluminismo”, elas foram decapitadas em Compiègne, na França.(…)” – Fonte: Aleteia

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus (Solenidade – 2025)

Conheça a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, qual a sua origem, como se popularizou, quais são as suas promessas e como praticá-la.

Quando é a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus em 2025?

Em 2025, celebraremos a festa do Sagrado Coração de Jesus no dia 27 de junho — oito dias depois da solenidade de Corpus Christi, conforme o decreto do Papa Pio IX.

Conheça a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, qual a sua origem, como se popularizou, quais são as suas promessas e como praticá-la.

É parte da cultura universal fazer referência ao coração quando o assunto é sentimento, especialmente amor. Sem dúvida, o coração é um símbolo do amor. Imagine então o coração do próprio Jesus! João foi o único apóstolo que teve a graça de se reclinar no peito de Jesus, na última Ceia. Ele ouviu o pulsar do Coração que mais amou os homens.

Neste artigo, você vai conhecer a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Ela pode ser considerada a fonte de todas as devoções, pois consiste numa devoção intimamente ligada ao Amor do próprio Deus por cada um de nós.

O que é a devoção ao Sagrado Coração de Jesus?

Na linguagem bíblica, o coração quer dizer “toda a pessoa na sua unidade de consciência, inteligência, liberdade. O coração indica a interioridade do homem, como também a sua capacidade de pensar: é a sede da memória, centro de escolhas e projetos.” 1 A devoção ao Sagrado Coração de Jesus revela, sobretudo, o infinito amor de Deus por cada um de nós, seus filhos. Sendo assim, é também um chamado para que aprendamos a amar como Ele nos amou — e ama.

Em primeiro lugar, Deus quis ter um coração de carne. Isso se torna evidente na Encarnação do Verbo, pois Ele se fez homem, através de Jesus Cristo, para nos amar com o coração de Seu Filho. “O objeto específico dessa devoção é o imenso amor do Filho de Deus, que O levou a entregar-se por nós à morte e a dar-se inteiramente a nós no Santíssimo Sacramento do Altar.” 2Dessa forma, a devoção ao Sagrado Coração resulta também na devoção a Jesus Eucarístico, portanto é um dogma de fé.

Ao se fazer homem, viver tudo como nós — exceto o pecado —, e ainda sofrer e morrer numa cruz, Cristo nos convence de que um coração humano é capaz de amar. E nos convence também do Seu amor por nós. Se para nós é difícil compreender que Deus, Criador de todo o universo, nos ama, talvez seja mais simples imaginar que um homem, humano como nós, nos ama e anseia pelo nosso amor.

Por isso, viver essa devoção é honrar de todas as formas possíveis — por meio de orações, adorações, agradecimentos etc. — tudo quanto Cristo fez por nós, especialmente entregar-se na Santa Eucaristia.

As origens da devoção

A França é filha primogênita da Igreja. Ela foi um berço de santos e também um lugar de aparições marianas, como La Salette (em 1846) e Lourdes (em 1858). E foi neste país que Deus quis também despertar a devoção ao Seu Sagrado Coração.

Alguns místicos na Idade Média, como Matilde de Magdeburg (1212-1283) e o Beato dominicano Enrico Suso (1295 – 1366) já cultivavam a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. E em 1672, João Eudes, sacerdote francês, celebrou esta festa pela primeira vez. 1 Mas foram especialmente com as revelações de Nosso Senhor feitas à mística francesa Santa Margarida Maria Alacoque, a partir de 1673, que a devoção se propagou ainda mais.

Santa Margarida Maria Alacoque

Santa Margarida Maria Alacoque nasceu em 1647. Era de uma família católica e recebeu uma boa formação cultural e religiosa. No entanto, seus pais hesitavam em deixá-la ir para o convento, como era sua vontade. Contudo, depois de ter sido curada de uma doença — tinha convicção da intervenção divina —, entra para a Ordem da Visitação, aos 24 anos.

Foi uma freira e mística francesa da Ordem da Visitação. Ela recebeu visões de Jesus e de Maria, as quais revelaram o poder do Sagrado Coração de Jesus. A primeira vez que o Senhor lhe apareceu — em 27 de dezembro de 1673 — foi na capela do convento Visitação de Paray-le-Monial, enquanto o Santíssimo Sacramento estava exposto e a santa em profundo recolhimento interior.

Na segunda aparição, a santa decide ofertar o seu coração a Cristo, que lhe adverte o quanto ela teria de sofrer dali em diante para que a devoção fosse difundida. Mas também a consola com a certeza de estar sempre unido a ela, como o esposo à esposa. Ela relatava todas as visões ao seu diretor espiritual, o padre jesuíta francês Jean Croiset, que encorajado pela própria Santa deixa uma grande obra escrita sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

Por fim, o Senhor apresenta a Santa Margarida o seu desejo de que o Rei da França (Luís XIV) consagre a si mesmo e toda a sua corte ao Sagrado Coração de Jesus. Apesar de o pedido ter sido negado, e de toda a prudência da Igreja, muitos bispos permitiram a fundação de confrarias em honra a esta preciosa devoção ao longo do século XVIII. E, desde então, a devoção só aumentou. 3

Santa Margarida Maria Alacoque morre aos 43 anos, em 1690, depois de muito sofrer e lutar para propagar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

As 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus

Nas aparições de Nosso Senhor à Santa Margarida Maria Alacoque, Ele revela como está o seu coração, que é desprezado pelos homens diariamente: “Eis o Coração que tanto tem amado os homens, que a nada se poupou até se esgotar e consumir para testemunhar-lhes o seu amor; e em reconhecimento não recebo da maior parte deles senão ingratidões por meio das irreverências e sacrilégios, tibiezas e desdéns que usam para comigo neste sacramento de amor. E o que mais me custa é tratar-se de corações a mim consagrados os que assim me tratam.”

Mas, além das visões, o próprio Jesus revela que cumprirá grandes promessas na vida daqueles que se dedicarem, de fato, à devoção ao Seu Sagrado Coração. Não se sabe exatamente quem as enumerou em 12, como conhecemos hoje, mas é certo que elas estão contidas nas revelações, conforme os registros da própria Santa Margarida.

Conheça as 12 promessas

1ª: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração”;

2ª: “Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”;

3ª: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”;

4ª: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”;

5ª: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”;

6ª: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”;

7ª: “Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias”;

8ª: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”;

9ª: “As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição”;

10ª: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”;

11ª: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração”;

12ª: “A todos os que comunguem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.

A popularização da devoção

Depois da morte de Santa Margarida, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus foi se popularizando cada vez mais. O processo de reconhecimento e aprovação da Igreja também é prudente, a Festa do Sagrado Coração de Jesus foi instituída quase dois séculos depois das aparições. No entanto, isso não impediu que muitos mantivessem uma devoção particular durante esses anos. Vamos conhecer agora alguns acontecimentos que contribuíram para propagar a devoção.

A revolta da Vendeia

A revolta da Vendeia acontece em meio à Revolução Francesa. A região da Vendeia era uma área rural que, anos antes da revolução, foi evangelizada por São Luís de Montfort. Ele esteve lá pregando em missões, e a fé do povo se manteve de tal forma que os princípios da revolução foram por ele contrariados. Mesmo com a pobreza da região, os camponeses se recusaram a invadir e tomar as terras da nobreza, porque estas não lhe pertenciam.

Era um povo simples, mas de muita fé. Conheciam os mandamentos que lhes foram ensinados pelo santo e diziam que fazer aquilo seria atentar contra os mandamentos “não roubar” e “não cobiçar as coisas alheias”. A pregação de São Luís contemplava também o culto mariano e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus — o que foi refúgio para essa gente católica durante a revolução.

Logo, diversos homens e mulheres, nobres, padres e leigos se uniram para resistir à revolução e poderem viver a sua fé. A imagem do Sagrado Coração — como na visão de Santa Margarida: “um coração em chamas, coroado de espinhos e encimado por uma cruz”, 4 — passou a ser para eles um distintivo e também uma proteção contra os males da época.

Inclusive, muitas pessoas, durante a revolução, foram levadas à prisão e até mortas por confeccionar, distribuir ou portar a estampa do Sagrado Coração. Os contrarrevolucionários de Vendeia usavam uma insígnia do Sagrado Coração, onde se tinha escrito “Dieux le Roi“, que quer dizer, Deus é Rei.

Conheça a história dos Mártires do Sagrado Coração!

A recomendação dos Papas

A devoção foi sancionada em uma bula papal em 1794, pelo Papa Pio VI, a Auctorem Fidei. Na beatificação de Santa Margarida Maria Alacoque, pelo Papa Pio XI, ele diz: “Não havia nada mais caro ao Coração de Jesus do que acender no coração dos homens a mesma chama de amor que ardia no seu. A fim de alcançar este objetivo, Ele quis que se estabelecesse e se difundisse na Igreja a devoção ao seu Sacratíssimo Coração.”

Além disso, a devoção ao Sacratíssimo Coração de Jesus aparece recomendada por muitos outros pontífices no decorrer da história da Igreja. Papa Leão XIII, Inocêncio XII, Bento XIII, Clemente XIII, Pio VI e Pio IX contribuíram devotamente para a sua propagação. A encíclica Haurietis Aquas — promulgada em 15 de maio de 1956 —, do venerável Papa Pio XII, foi o maior documento pontifício a fundamentar com excelência a devoção, no que diz respeito a sua teologia. 5

Já Pio IX enfatizava a necessidade do sacrifício e da oração para que Nosso Senhor reinasse nos corações dos homens. Os Padres da Igreja viram no coração de Jesus aberto de Jesus, na Cruz, a origem dos sacramentos, a Eucaristia e sobretudo o sacerdócio. Também São João Paulo II afirma que o Coração de Jesus é fonte de santidade e que nele tem início a nossa santidade. É este coração que nos leva a compreender o amor de Deus e o mistério do pecado. 6

Festa litúrgica

Na segunda aparição, em 1675, depois de revelar Seu coração dilacerado, Jesus pede à Santa Margarida: “Por isso, que seja constituída uma festa especial para honrar meu Coração na primeira sexta-feira depois da oitava do corpo de Deus [Corpus Christi]. Comungue-se, nesse dia, e seja feita a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo que fica exposto sobre os altares. Eu te prometo que o meu Coração se dilatará, para derramar com abundância os benefícios de seu divino amor sobre os que lhe tributarem essa honra e procurarem que outros a tributem” 7

E, na última aparição de Nosso Senhor à Santa Margarida, Ele pede que seja instituída uma festa litúrgica para honrar o Seu Sagrado Coração. Depois de muitas dificuldades — como já previsto —, em 1856, o Papa Pio IX estabelece a Festa do Sagrado Coração de Jesus como obrigatória para toda a Igreja. Então, ela passa a ser celebrada na sexta-feira após a oitava de Corpus Christi, como pedido pelo próprio Cristo. Em 28 de junho de 1889, o Papa Leão XIII promulga um decreto por meio do qual a festa do Sagrado Coração de Jesus é elevada à dignidade de primeira classe no calendário litúrgico romano.

(…)

Um livro para se aprofundar na Devoção ao Sagrado Coração de Jesus

As aparições de Nosso Senhor à Santa Margarida são um apelo para que possamos amar e reparar o Sagrado Coração de Jesus. Deus vem primeiro até nós, revela o Seu amor e nos convida a amá-lo de volta. Agora cabe a nós buscar os meios de responder a esse amor, como é o desejo do Seu Sacratíssimo Coração.

Uma das formas de fazer isso é se aprofundar no conhecimento da devoção. Para isso, um livro que pode nos ajudar é “A Devoção ao Sagrado Coração”, do Pe. Jean Croiset. Ele foi amigo do confessor de Santa Margarida Maria Alacoque, o qual acompanhou de perto os relatos de suas visões.

(…)

Livro sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Esta preciosa obra conta com uma linguagem de fácil compreensão. É um livro completo sobre o tema. Ele vai te ajudar a entender no que consiste a devoção, a conhecer os meios para obtê-la e a colocá-la em prática — com exercícios e meditações para todas as semanas do ano. Além disso, ela apresenta orações próprias para dias específicos.

A própria Santa Margarida incentivou o padre a escrever tal obra para divulgar essa singular devoção. Por isso, este é um verdadeiro tesouro para a vida espiritual de todo católico que deseja corresponder ao amor de Jesus Cristo e reparar o Seu Coração tão desprezado e, muitas vezes, esquecido pelos homens.

(…)

Oração ao Sagrado Coração de Jesus

Sagrado Coração de Jesus ofereço-vos, através do Coração Imaculado de Maria, mãe da Igreja, em união com o Sacrifício Eucarístico, as orações, obras, sofrimentos e alegrias deste dia, em reparação das nossas ofensas e pela salvação de todos os homens, com a graça do Espírito Santo, para a glória do Pai Divino. Amém. 1

Reze também a Consagração ao Sagrado Coração de Jesus!

Referências

  1. Vatican News, SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS[][][]
  2. Pe. Jean Croiset S.J., Devoção ao Sagrado Coração de Jesus, Dois Irmãos, Minha Biblioteca Católica, p. 19. []
  3. Editorial MBC, Guia: Deus é Rei, Dois Irmãos, Minha Biblioteca Católica, p. 9.[]
  4. Editorial MBC, Guia: Deus é Rei, Dois Irmãos, Minha Biblioteca Católica, p. 60.[]
  5. Editorial MBC, Guia: Deus é Rei, Dois Irmãos, Minha Biblioteca Católica, p. 42.[]
  6. São João Paulo II, Homilia, Junho de 1999[]
  7. Editorial MBC, Guia: Deus é Rei, Dois Irmãos, Minha Biblioteca Católica, p. 54.[]

Publicado em Minha Biblioteca Católica.

Leia mais: ORAÇÕES JACULATÓRIAS – SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS.

Veja também: Filme A história de Santa Margarida Maria Alacoque e o Sagrado Coração de Jesus:

O que você deve saber sobre a Quarta-feira de Cinzas

2 de mar de 2025 às 01:00

Daqui alguns dias a igreja viverá a Quaresma de 2025, por isso compartilhamos com você algumas informações fundamentais para entender a importância da Quarta Festa de Cinzas e, assim, viver adequadamente esse tempo litúrgico de preparação para a Páscoa.

1. O que é a Quarta-feira de Cinzas?

É o primeiro dia da Quaresma, ou seja, dos 40 dias nos quais a igreja chama os fiéis a se converterem e a se prepararem verdadeiramente para viver os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo durante a Semana Santa. Este ano será celebrada no dia 05 de março*.

A Quarta-feira de Cinzas é uma celebração que está no Missal Romano, o qual explica que no final da Missa, abençoa-se e impõe-se as cinzas obtidas da queima dos ramos usados no Domingo de Ramos do ano anterior.

2. Como nasceu a tradição de impor as cinzas?

A tradição de impor as cinzas remonta à Igreja primitiva. Naquela época, as pessoas colocavam as cinzas sobre a cabeça e se apresentavam diante da comunidade com um “hábito penitencial” para receber o Sacramento da Reconciliação na Quinta-feira Santa.

A Quaresma adquiriu um sentido penitencial para todos os cristãos por volta do ano 400 d.C. e, a partir do século XI, a Igreja de Roma passou a impor as cinzas no início deste tempo.

3. Por que se impõe as cinzas?

A cinza é um símbolo. Sua função está descrita em um importante documento da Igreja, mais precisamente no artigo 125 do Diretório sobre a piedade popular e a liturgia:

“O começo dos quarenta dias de penitência, no Rito romano, caracteriza-se pelo austero símbolo das Cinzas, que caracteriza a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas. Próprio dos antigos ritos nos quais os pecadores convertidos se submetiam à penitência canônica, o gesto de cobrir-se com cinza tem o sentido de reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, que precisa ser redimida pela misericórdia de Deus. Este não era um gesto puramente exterior, a Igreja o conservou como sinal da atitude do coração penitente que cada batizado é chamado a assumir no itinerário quaresmal. Deve-se ajudar os fiéis, que vão receber as Cinzas, para que aprendam o significado interior que este gesto tem, que abre a cada pessoa a conversão e ao esforço da renovação pascal”.

4. O que as cinzas simbolizam e o que recordam?

A palavra cinza, que provém do latim “cinis”, representa o produto da combustão de algo pelo fogo. Esta adotou desde muito cedo um sentido simbólico de morte, expiração, mas também de humildade e penitência.

A cinza, como sinal de humildade, recorda ao cristão a sua origem e o seu fim: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra” (Gn 2,7); “até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3,19).

5. Onde podemos conseguir as cinzas?

Para a cerimônia devem ser queimados os restos dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. Estes recebem água benta e logo são aromatizados com incenso.

6. Como se impõe as cinzas?

Este ato acontece durante a Missa, depois da homilia, e está permitido que os leigos ajudem o sacerdote. As cinzas são impostas na fronte, em forma de cruz, enquanto o ministro pronuncia as palavras Bíblicas: “Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás” ou “Convertei-vos e crede no Evangelho”.

Depois de receber as cinzas, o fiel deverá retirar-se em silêncio, meditando na frase proferida.

7. O que devem fazer quando não há sacerdote?

Quando não há sacerdote, a imposição das cinzas pode ser realizada sem Missa, de forma extraordinária. Entretanto, é recomendável que antes do ato participem da liturgia da palavra.

É importante recordar que a bênção das cinzas, como todo sacramental, somente pode ser feita por um sacerdote ou um diácono.

8. Quem pode receber as cinzas?

Qualquer pessoa pode receber este sacramental, inclusive os não católicos. Como explica o Catecismo (1670 ss.), “sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos; mas, pela oração da Igreja, preparam para receber a graça e dispõem para cooperar com ela”.

9. A imposição das cinzas é obrigatória?

A Quarta-feira de Cinzas não é dia de preceito e, portanto, não é obrigatória. Não obstante, nesse dia muitas pessoas costumam participar da Santa Missa, algo que sempre é recomendável.

10. Quanto tempo é necessário permanecer com a cinza na fronte?

Quanto tempo a pessoa quiser. Não existe um tempo determinado.

11. O jejum e a abstinência são necessários?

O jejum e a abstinência são obrigatórios durante a Quarta-feira de Cinzas, como também na Sexta-feira Santa, para as pessoas maiores de 18 e menores de 60 anos. Fora desses limites, é opcional. Nesse dia, os fiéis podem ter uma refeição “principal” uma vez durante o dia.

A abstinência de comer carne é obrigatória a partir dos 14 anos. Todas as sextas-feiras da Quaresma também são de abstinência obrigatória. Às sextas-feiras do ano também são dias de abstinência. O gesto, dependendo da determinação da Conferência Episcopal de cada país, pode ser substituído por outro tipo de mortificação ou oferecimento como a oração do terço.

Publicado em Agência Católica de Informação – ACI Digital.

*Na matéria publicada pela ACI Digital (cfe. o registro acima – 02.03.2025), erroneamente, está escrito 14 de fevereiro. Friso que o correto é 05.03.2025.

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Origens

Juan de Yepes era seu nome de batismo. Nasceu em 1542, em Fontivaros, pertencente à província de Ávila, na Espanha. Seu pai, Gonzalo de Yepes, descendia de uma família tradicional e rica de Toledo. Porém, por ter se casado com uma jovem de família humilde, perdeu os direitos da herança. Catarina Alvarez, sua esposa e mãe de São João da cruz, era vista como sendo de classe inferior. Gonzalo, pai de São João da Cruz, faleceu ainda jovem, quando João ainda era uma criança. Por isso, a viúva, desprezada pela família do marido e obrigada a trabalhar para sobreviver, mudou-se com os filhos para a cidade de Medina.

Trabalho e vocação

Em Medina, João, já jovem, começou a trabalhar. Ele tentou algumas profissões. A última foi a de ajudante no hospital da cidade. À noite, João estudava gramática no colégio dos jesuítas. Sob a influência dos padres da Companhia de Jesus, a espiritualidade do jovem João de Yepes desabrochou. Por isso, aos vinte e um anos, ele entrou na Ordem Carmelita, procurando uma vida de oração profunda.

Estudos e caridade

Após o noviciado, João de Yepes foi transferido para a Universidade de Salamanca, com o objetivo de terminar o estudo da filosofia e da teologia. Mesmo cursando a Universidade, que exigia dele toda a dedicação aos estudos, João encontrava tempo para a caridade e fazia questão de visitar os doentes nos hospitais ou nas residências, onde prestava seu precioso serviço de enfermeiro.

Santa Tereza de Ávila cruza seu caminho

João foi ordenado sacerdote quando tinha vinte e cinco anos. Nessa ocasião, mudou seu nome para João da Cruz, pois já tinha o desejo de se aproximar dos sofrimentos da cruz de Cristo. Por causa disso, achava a Ordem dos Carmelitas muito suave, sem austeridade. Pensou, inclusive, em entrar numa congregação mais austera. Foi nessa ocasião que Madre Tereza de Ávila atravessou seu caminho. Na época, ela tinha autorização fundar conventos reformados da Ordem Carmelita. Tinha também autorização de todos os superiores da Espanha para intervir nos conventos masculinos. O entusiasmo de Santa Tereza contagiou o Padre João da Cruz e ele começou a trabalhar na reforma da Ordem Carmelita, voltando às origens da mesma, procurando reviver em todos o carisma fundante da Ordem e ajustando a disciplina.

Formador A partir de então, a Ordem Carmelita encarregou o Pe. João da Cruz na missão formador dos noviços. Por isso, ele assumiu o posto de reitor de um convento dedicado à formação e aos estudos dos novos carmelitas. Assim, ele contagiou um grande número de carmelitas e, por conseguinte, reformou vários conventos.

Barreiras e perseguições

Como era de se esperar, padre João da Cruz começou a enfrentar dificuldades dentro da Ordem. Conventos inteiros e vários superiores se opuseram às reformas quando ele começou a aplica-las efetivamente. Por isso, ele passou por sofrimentos insuportáveis se não fossem vistos com os olhos da fé. Chegou, por exemplo, a ficar preso durante nove meses num convento que recusava terminantemente a reforma proposta por ele. Tudo isso sem contar as perseguições que começaram a aparecer de todos os cantos.

Paciência, fé e louvor

Testemunhas dizem, no entanto, que Pe. João da Cruz fez jus ao nome que escolheu abraçando a cruz, os sofrimentos e as perseguições com alegria e louvor a Deus. E esta foi a grande marca de sua vida, além de seus escritos preciosos. São João da Cruz abraçou o sofrimento com prazer, desejando ao máximo, sofrer como Cristo e unir seus sofrimentos aos do Mestre, em sacrifício pela própria conversão e também da Igreja.

Doutor da Igreja

O espírito de sacrifício, o fugir das glórias humanas, a busca da humildade, a oração profunda e o conhecimento da Palavra de Deus renderam a São João da Cruz vários escritos de grande profundidade teológica e sabedoria divina. Dentre eles, destacam-se os livros Cântico Espiritual, Subida do Carmelo e Noite Escura. Por isso, ele foi aclamado Doutor da Igreja, equiparado a Santa Tereza de Ávila, também Doutora. Deixou uma grande obra escrita, que é lida, estudada e seguida até hoje por religiosos e leigos.

Apenas três pedidos a Deus

Os biógrafos de São João da Cruz relatam que ele sempre fazia três pedidos a Deus. Conta-se que ele pedia, insistentemente, três coisas a Deus. Primeiro, que ele tivesse forças para sofrer e trabalhar muito. Segundo, que ele não saísse deste mundo estando no cargo de superior de nenhuma comunidade. E, terceiro, que ele tivesse a graça de morrer humilhado e desprezado por todos, como aconteceu com Jesus. Isto fazia parte de sua mística: igualar-se ao máximo a Jesus no momento de sua paixão.

Três pedidos atendidos

Pouco antes de falecer, São João da Cruz passou, de fato, por grandes sofrimentos, advindos de calúnias e incompreensões. Foi destituído de todos os cargos que ocupava na Ordem Carmelita e passou os últimos meses de sua vida no abandono e na solidão. Antes de falecer, sofreu de uma terrível doença, sempre louvando e agradecendo a Deus por tudo. Faleceu no Convento de Ubeda, Espanha, no dia 14 de dezembro de 1591, tendo somente quarenta e nove anos. A reforma da Ordem Carmelita Descalça proposta por ele, por fim, tornou-se realidade. Pouco tempo após sua morte, São João da Cruz passou a ser venerado e seguido pelos seus confrades. Em 1952 foi aclamado como o Padroeiro dos Poetas da Espanha.

Oração a São João da Cruz (extraída do Primeiro dia da Novena)

“Glorioso São João da Cruz, que desde vossa infância fostes terno amante de Maria Santíssima e da cruz de seu Santíssimo Filho, merecendo por este amor ser protetor singular das almas aflitas e desconsoladas: Vos suplico, Pai meu, interponhais vossos rogos para com Mãe e Filho a fim de que me concedam viva fé, firme esperança, fervente caridade e terníssimo amor à cruz de meu Senhor, em cujo exercício viva e more amparado sempre de sua graça, e também consiga, se me convém, o que peço nesta novena. Amém.”

São João da Cruz, rogai por nós!

Publicado em IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA – Largo do Machado – Catete – Rio de Janeiro – RJ

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Solenidade de Jesus Cristo – Rei do Universo -24 de novembro de 2024

24 novembro 2024

Hoje celebramos o nosso Rei! Jesus é Rei! Ele é o Rei do reino de Deus, teve uma coroa, mas espinhos; como cetro uma cana; um manto púrpura e como trono a Cruz!

Jesus Cristo é Rei do Universo e, no entanto, o Evangelho apresenta Jesus diante de Pilatos, no momento da entrada na sua Paixão… pobre, humilde, humilhado e torturado!

Que paradoxo da nossa fé! “JESUS DE NAZARÉ, REI DOS JUDEUS”

Não é pela coerção, nem diminuindo a nossa liberdade que Jesus quer reinar. Ele o faz  destruindo o mal e pelo poder do seu amor.

Ele quer libertar os nossos corações pelo amor para nos tornar capazes de escolhê-Lo! Porque Ele é o único caminho, a única verdade e a única vida!

Como entrar nesta verdade? 

“Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” João 18:37

1. Escutando a sua voz para acolher o desígnio de Deus 

– “O meu reino não é deste mundo” João 18:36

A glória de Deus está muito além do que podemos imaginar. 

O plano de Deus ultrapassa-nos infinitamente. 

– no tempo: “desde sempre e para sempre” Salmos 103:17, “Eu sou o alfa e o ômega” Apocalipse 22:13, “Seu domínio é um domínio eterno que não acabará” Daniel 7:14

– na loucura do seu amor: o Rei da verdade entrega a sua vida pelo seu povo para que se realize o desígnio do Pai!

– no motivo: “Ele fez nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai” Apocalipse 1:6.

– A única maneira de entrar neste plano é fazer-se pequeno e pobre, permanecendo nesta alegre expectativa.

2. Escutando a sua voz para manter a coragem e a esperança.

– Uma vez que Jesus deu a sua vida para vencer o pecado e o mal, devemos confiar nessa verdade! “Àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado” Apocalipse 1:6

– Devemos manter a coragem e a esperança nas situações difíceis, porque o amor triunfou! O mal foi derrotado! Há alguém ao leme: Ele é “o Senhor do Universo” 

3. Escutando a sua voz para O seguirmos no amor 

– Para seguir Jesus, nosso Rei, na verdade, devemos segui-Lo e crescer no amor. 

“A verdade vos libertará” João 8:32… livres para nos superarmos no amor e conquistarmos novas terras e novos corações para o nosso Rei por amor a Ele. 

– Jesus é um rei sem palácio, mas o seu reino de amor está em toda a parte e especialmente em nós! Fazemo-lo crescer através de todas as pequenas coisas da vida quotidiana e de pequenos atos de caridade.

– Jesus é um rei sem exército, mas reina por todos os sinais de paz e benevolência que realiza em nós através do Espírito Santo. 

A nossa vida é o reino de Jesus Rei. O nosso coração é o palácio de Jesus Rei. Somos o exército de Jesus Rei. Somos o tesouro de Jesus Rei.

Publicado em IAA – Igreja de Arroios e Anjos (Lisboa).

Imagem: Alma Carmelita – “A História da Solenidade de Cristo Rei nos questiona”.

O perigo do Halloween

Quando se trata de Halloween no meio cristão, existem duas reações muito comuns que estamos acostumados a ver nas pessoas: ou imediatamente se posicionam contra, com firmeza e repulsa, ou então reviram os olhos, achando que é exagero, por parte de alguns, privar-se de uma festa cultural que consideram inocente. Nenhuma dessas duas figuras, no entanto, vai de fato atrás para entender os verdadeiros motivos, raízes, perigos e tudo que está por trás do dia 31 de outubro de todos os anos.

O Halloween, em sua origem, não era uma festa pagã. Muito pelo contrário! Seu próprio nome se remete justamente a uma celebração católica. “All Hallow’s Eve”, em português, a Véspera do dia de Todos os Santos. É verdade que os povos celtas da Irlanda possuíam um pequeno festival pagão na mesma data, mas, conforme o catolicismo se espalhava pela Europa, os Papas da Igreja conseguiram ressignificar esta festa. No Século VIII, o Papa Gregório III definiu o dia 1º de novembro como dia da comemoração de Todos os Santos em Roma e, alguns anos mais tarde, o Papa Gregório IV estendeu a celebração para todos os lugares.

All Hallow’s Eve

A celebração da Véspera do dia de Todos os Santos se tornou uma forma de evangelização nos países do Reino Unido, embora ainda distante de ser como o Halloween que conhecemos hoje em dia. Naquela época, visitavam-se cemitérios e faziam-se encenações sobre demônios e sobre as almas condenadas como forma de catequese, ensinando ao povo sobre a existência do Inferno e a importância de renunciar à vida de pecado. No dia seguinte, ensinava-se sobre o Céu e sobre os Santos, e no próximo dia, sobre o Purgatório.

As mudanças sofridas nessa data tiveram início na Reforma Protestante e foram concretizadas com uma mistura de culturas na colonização da América do Norte. A retomada de práticas pagãs na noite do dia 31 de outubro, como o culto aos mortos, práticas ocultistas etc., foi ocasionada aos poucos a partir do momento em que a Família Real Inglesa proibia a celebração de cerimônias católicas.

Quando tudo isso chegou aos Estados Unidos, outras culturas foram inseridas e misturadas com a celebração. Existem diversas teorias que sugerem a origem de elementos como a abóbora, “doces ou travessuras”, e a formação do termo Halloween como conhecemos hoje. Não vem ao caso explorá-las aqui, embora se acredite que muitos desses aspectos também tenham surgido de práticas católicas (como por exemplo a doação de comida aos pobres).

“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém.” 1Cor 6, 12

O Halloween foi então, ao longo dos anos, de uma cerimônia de evangelização cristã que mostrava o horror do Inferno para uma cerimônia de exaltação a ele, aos seus demônios e ao espiritismo. E isso é motivo suficiente para que tenhamos cuidado com essa festa que, superficialmente, parece inocente e infantil.

Como São Paulo diz na carta aos Coríntios: nem tudo convém. Ainda que a intenção do seu coração seja boa, ainda que não haja malícia de sua parte, muito menos nas suas crianças, se expor ao que é a festa de Halloween hoje em dia é se expor ao perigo da contaminação espiritual. Práticas ocultistas acontecem às escondidas de um lado, enquanto, do outro, crianças inocentemente banalizam e contribuem para que, cada dia mais, as pessoas deixem de acreditar na existência de demônios e do Inferno.

Para Satanás, é extremamente vantajoso que deixem de acreditar nele, pois não combatemos aquilo que teoricamente não existe. E essa tem sido sua estratégia ao longo da história. O Inferno não escandaliza mais como escandalizava antes. Pelo contrário, uma inversão de valores tem sido impregnada na nossa cultura. Exalta-se o feio, o horrendo, o esquisito, o macabro. E o Belo, que é o que vem de Deus, é desprezado e zombado.

Tudo aquilo que envolve o Halloween atualmente não condiz mais com os verdadeiros valores cristãos, portanto diversos perigos cercam esta prática e não nos convém participar dela. Não devemos condenar, todavia, quem participa por ignorância. Sei que explicar isso para as crianças pode ser um desafio, mas nunca podemos nos esquecer da Sabedoria do Espírito Santo que nos auxilia nestes momentos.

A partir do momento em que sabemos sobre a origem do Halloween no catolicismo, podemos usar disso para recapitular este sentido na vida de nossas crianças. E também usar da oportunidade para ensiná-las sobre o Céu e o Inferno, e convidá-las a celebrar então o dia de Todos os Santos, com doces e fantasias assim como gostam.

Giovana Cardoso
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator

Publicado em Comunidade Católica Pantokrator.

SANTA TERESA DE JESUS – Memória – 15 de outubro

Nunca um santo ou santa mostrou-se tão “carne e osso” como Teresa d’Ávila, ou Teresa de Jesus, nome que assumiu no Carmelo. Nascida no dia 28 de março de 1515, seus pais, Alonso Sanchez de Cepeda e Beatriz d’Ávila y Ahumada, a educaram, junto com os irmãos, dentro do exemplo e dos princípios cristãos. Aos sete anos, tentou fugir de casa e peregrinar ao Oriente para ser martirizada pelos mouros, mas foi impedida. A leitura da vida dos santos mártires tinha sobre ela uma força inexplicável e, se não fossem os parentes terem-na encontrado por acaso, teria fugido, levando consigo o irmão Roderico.

Órfã de mãe aos doze anos, Teresa assumiu Nossa Senhora como sua mãe adotiva. Mas o despertar da adolescência a levou a ter experiências excessivas ao lado dos primos e primas, tornando-se uma grande preocupação para seu pai. Aos dezesseis anos, sua atração pelas vaidades humanas era muito acentuada. Por isso, ele a colocou para estudar no colégio das agostinianas em Ávila. Após dezoito meses, uma doença grave a fez voltar para receber tratamento na casa de seu pai, o qual se culpou pelo acontecido.

Nesse período, pela primeira vez, Teresa passou por experiências espirituais místicas, de visões e conversas com Deus. Todavia as tentações mundanas não a abandonavam. Assim atormentada, desejando seguir com segurança o caminho de Cristo, em 1535, já com vinte anos, decidiu tornar-se religiosa, mas foi impedida pelo pai. Como na infância, resolveu fugir, desta vez com sucesso. Foi para o Convento carmelita da Encarnação de Ávila.

Entretanto a paz não era sua companheira mais presente. Durante o noviciado, novas tentações e mais o relaxamento da fé não pararam de atormentá-la. Um ano depois, contraiu outra doença grave, quase fatal, e novamente teve visões e conversas com o Pai. Teresa, então, concluiu que devia converter-se de verdade e empregou todas as forças do coração em sua definitiva vivência da religião, no Carmelo, tomando o nome de Teresa de Jesus.

Aos trinta e nove anos, ocorreu sua “conversão”. Teve a visão do lugar que a esperaria no inferno se não tivesse abandonado suas vaidades. Iniciou, então, o seu grande trabalho de reformista. Pequena e sempre adoentada, ninguém entendia como conseguia subir e descer montanhas, deslocar-se pelos caminhos mais ermos e inacessíveis, de convento em convento, por toda a Espanha. Em 1560, teve a inspiração de um novo Carmelo, onde se vivesse sob as Regras originais. Dois anos depois, fundou o primeiro Convento das Carmelitas Descalças da Regra Primitiva de São José em Ávila, onde foi morar.

Porém, em 1576, enfrentou dificuldades muito sérias dentro da Ordem. Por causa da rigidez das normas que fez voltar nos conventos, as comunidades se rebelaram junto ao novo geral da Ordem, que também não concordava muito com tudo aquilo. Por isso ele a afastou. Teresa recolheu-se em um dos conventos e acreditou que sua obra não teria continuidade. Mas obteve o apoio do rei Felipe II e conseguiu dar sequência ao seu trabalho. Em 1580, o papa Gregório XIII declarou autônoma a província carmelitana descalça.

Apesar de toda essa atividade, ainda encontrava espaço para transmitir ao mundo suas reflexões e experiências místicas. Na sua época, toda a cidade de Ávila sabia das suas visões e diálogos com Deus. Para obter ajuda, na ânsia de entender e conciliar seus dons de espiritualidade e as insistentes tentações, ela mesma expôs os fatos para muitos leigos e não apenas aos seus confessores. E ela só seguiu numa rota segura porque foi devidamente orientada pelos últimos, que eram os agora santos Francisco Bórgia e Pedro de Alcântara, que perceberam os sinais da ação de Deus.

A pedido de seus superiores, registrou toda a sua vida atribulada de tentações e espiritualidade mística em livros como “O caminho da perfeição”, “As moradas”, “A autobiografia” e outros. Neles, ela própria narra como um anjo transpassou seu coração com uma seta de fogo. Doente, morreu no dia 4 de outubro de 1582, aos sessenta e sete anos, no Convento de Alba de Torres, Espanha. Na ocasião, tinha reformado dezenas de conventos e fundado mais trinta e dois, de carmelitas descalças, sendo dezessete femininos e quinze masculinos.

Beatificada em 1614, foi canonizada em 1622. A comemoração da festa da transverberação do coração de Santa Teresa ocorre em 27 de agosto, enquanto a celebração do dia de sua morte ficou para o dia 15 de outubro, a partir da última reforma do calendário litúrgico da Igreja. O papa Paulo VI, em 1970, proclamou santa Teresa d’Ávila doutora da Igreja, a primeira mulher a obter tal título.

Publicado em Diocese de Ji-Paraná.

Leia também um artigo resumido e muito interessante (imagem acima): “Moradas da alma”: as etapas da vida mística segundo Santa Teresa”

Nossa Senhora do Rosário – Memória – 07 de outubro (ACI Digital)

“O Rosário é minha oração preferida. Oração maravilhosa em sua simplicidade e em sua profundidade. Nesta oração repetimos muitas vezes as palavras que a Virgem Maria escutou da boca do anjo e de sua prima Isabel. A estas palavras toda a Igreja se associa”. Estas são as palavras de São João Paulo II que remetem à data celebrada neste dia 7 de outubro, Festa de Nossa Senhora do Rosário.

Foi a própria mãe de Deus quem pediu que essa oração fosse difundida para a obtenção de graças abundantes. Em 1208, a Virgem Maria apareceu a São Domingos de Gusmão para ensinar-lhe a rezar o Rosário e pediu que ele difundisse a devoção desta arma poderosa para vencer os inimigos da fé. Foi por causa deste anúncio do santo que as tropas cristãs, antes da Batalha de Lepanto (7 de outubro de 1571), rezaram o Santo Rosário e venceram os turcos otomanos.

Em agradecimento a Nossa Senhora, o Papa São Pio V instituiu esta data como a Festa de Nossa Senhora das Vitórias e acrescentou o título de “Auxílio dos Cristãos” às ladainhas da Mãe de Deus. Mais tarde, o Papa Gregório III mudou o nome para Festa de Nossa Senhora do Rosário.

Rosário significa “coroa de rosas”. Foi definido por São Pio V como “um modo muito piedoso de oração, ao alcance de todos, que consiste em ir repetindo a saudação que o anjo fez a Maria; intercalando um ‘Pai Nosso’ entre cada dez ‘Ave Marias’ e tratando de ir meditando enquanto isso na vida de Nosso Senhor”.

São João Paulo II, que acrescentou os mistérios luminosos à oração do Santo Rosário, escreveu em sua Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae” que esta oração “na sua simplicidade e profundidade, permanece, mesmo no terceiro milênio recém iniciado, uma oração de grande significado e destinada a produzir frutos de santidade”.

Ao visitar o Santuário de Pompeia, na Itália, em março de 2015, o Papa Francisco se deteve em oração durante alguns minutos em frente à imagem de Nossa Senhora do Rosário e recitou a “Pequena Súplica”, extraída da histórica oração, composta pelo Beato Bartolo Longo, que, em 1875, levou a imagem ao Santuário de Pompeia. Esta é a oração:

“Virgem do Santo Rosário, Mãe do Redentor, mulher da nossa terra elevada aos céus, humilde serva do Senhor, proclamada Rainha do mundo, do profundo das nossas misérias recorremos a Ti. Com confiança de filhos, contemplamos o teu rosto dulcíssimo.

Coroada por doze estrelas, tu nos conduzes ao mistério do Pai, tu resplandeces de Espírito Santo, tu nos dais o teu Menino divino, Jesus, nossa esperança, única salvação do mundo. Mostrando-nos o teu Rosário, nos convidas a fixar o seu rosto. Tu nos abres o seu coração, abismo de alegria e de dor, de luz e de glória, mistério do Filho de Deus, que se fez homem por nós. Aos teus pés, nas pegadas dos Santos, sentimo-nos família de Deus.

Mãe e modelo da Igreja, tu és nossa guia e sustento seguro. Tu nos tornas um só coração e uma só alma, povo forte a caminho para a pátria do céu. Nós te apresentamos as nossas misérias, os tantos caminhos do ódio e do sangue, as antigas e novas pobrezas, sobretudo os nossos pecados. A ti confiamos, Mãe de Misericórdia! Obtém-nos o perdão de Deus! Ajuda-nos a construir um mundo, segundo o teu coração.

Ó Rosário bendito de Maria, doce corrente que nos liga a Deus; corrente de amor, que nos faz irmãos, não te deixaremos jamais. Nas nossas mãos serás a arma da paz e do perdão, estrela do nosso caminho. O nosso beijo a ti, com o último respiro, nos imergirá em um mar de luz, na visão da amada Mãe e do seu Filho divino, anseio e alegria do nosso coração, com o Pai e o Espírito Santo. Amém”.

Publicado em ACI Digital (07.10.2020).

Confira também: “As razões de Irmã Lúcia para não deixar de rezar o Terço diariamente” – ACI Digital.

Nossa Senhora do Carmo – Solenidade a 16 de Julho (Carmelitas Descalços em Portugal)

Nossa Senhora do Carmo

Solenidade a 16 de Julho

Os Carmelitas contemplam aquela que é o ideal de vida carmelita, a Virgem Maria, a quem invocamos com o doce título de Senhora do Carmo; recordando o Monte do Carmo, sítio privilegiado onde a nossa família nasceu.

Quando em 1191 Ricardo I reconquista a Terra Santa, um sem número de cristãos, esquecendo a Europa fixam-se nos Lugares Santos, sobretudo em locais de tradição bíblica. O Monte Carmelo com o seu silêncio, as suas águas vivas, o encanto da vegetação, a vista deliciosa sobre o mar, a solidão que apelava para Deus atraíram muitos desses homens para a beleza deste Monte.

Recordavam-se daquela frase do profeta Jeremias que dizia: «Levar-vos-ei ao Carmo onde saboreareis os seus deliciosos frutos». Recordavam-se do profeta Elias e da nuvenzinha pequenina e frágil que ele vira subir do mar, como símbolo de Maria. E resolveram construir uma capela em honra de Nossa Senhora que passou a ser conhecida, desde o início, como a Senhora do Carmo.

Carmo quer dizer «jardim de Deus», «vinha de Deus». Os carmelitas eram as flores do jardim cuidado e protegido por Maria, eram vinha preciosa que Maria diligente trabalhava para dar frutos apetecíveis.
No ano de 1251, já na Europa, a família do Carmo, é alvo de perseguições de várias proveniências, de dentro e fora da Igreja. S. Simão Stock, VI Geral da Ordem, reza com todos os carmelitas a Maria para que ela lhes acuda.

No dia 16 de Julho, enquanto o Geral reza a oração do Flos Carmeli, vê a Virgem que o anima e lhe promete ajuda, enquanto lhe entrega o Escapulário do Carmo, convidando todos a usá-lo para terem a sua protecção. A partir desta data a devoção à Mãe e Irmã dos carmelitas aumentou dentro e fora da Ordem.

Em Lourdes, Bernardete viu Nossa Senhora várias vezes; a última aparição foi no dia de Nossa Senhora do Carmo, 16 de Julho de 1858. Bernardete declara ter visto nesse dia a Virgem «tão bela e gloriosa como nunca».
Em Fátima, a última aparição, no dia 13 de Outubro de 1917, foi de Nossa Senhora do Carmo. A Ir. Lúcia diz que «por fim lhes apareceu Nossa Senhora do Carmo a abençoar o mundo» e imediatamente se deu o início do milagre do sol.

Muitos santos, depois da aparição de Nossa Senhora do Carmo se quiseram revestir do escapulário ou da medalha para melhor manifestarem o seu amor a Maria e assim serem por Ela protegidos: S. Cláudio de la Colombière, Santo Afonso Maria de Ligório, Santo António Maria Claret, o Santo Cura d’Ars, Santa Bernardete, S. João Bosco, S. Domingos Sávio, S. Gabriel das Dores e um inumerável número de santos. Para já não falar de todos os santos e santas carmelitas, sobretudo Santa Teresa de Jesus e S. João da Cruz que sentiam a maior glória em usar o hábito carmelita da Ordem de Nossa Senhora do Carmo.

Também os papas manifestaram o seu amor ao Escapulário do Carmo. João XXII, no séc. XIV promoveu esta devoção. Nos nossos dias, Leão XIII, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II têm manifestado entusiasticamente o seu amor pelo Escapulário e pela devoção a Nossa Senhora do Carmo.

Também os nossos reis, sobretudo os da IV Dinastia, de quem há documentação, usaram o Escapulário e amavam Nossa Senhora do Carmo, a quem tinham muita devoção.

(…)

Desde muito cedo a devoção a Virgem Maria passa a ser, como outros aspectos da vida da Santa, uma experiência dos seus mistérios, quando Deus faz entrar Santa Teresa em contacto com o mistério de Cristo de tudo o que a Ele pertence.

Na experiência mística teresiana do mistério da Virgem há como uma progressiva contemplação e experiência dos momentos mais importantes da vida da Virgem, segundo a narração evangélica.
Vamos agora escutar o que nos diz a Santa Teresa de Jesus nos Conceitos do Amor de Deus (Cap. 6, 7), sobre a Virgem Maria.

SANTA TERESA DE JESUS FALA-NOS DE MARIA.

Oh segredos de Deus! Aqui não há senão render entendimentos e pensar que para entender as grandezas de Deus, não valem nada.
Aqui vem a propósito ajoelharmo-nos como fez a Virgem Nossa Senhora com toda a sabedoria que Deus lhe deu, que perguntou ao anjo quando A saudou: “Como se fará isto?” Em dizendo-lhe: “O Espírito Santo sobrevirá em ti, e a virtude do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra”, não tratou de mais disputas.
Como quem tinha grande fé e sabedoria, entendeu logo que, intervindo estas duas coisas, não havia mais que saber nem que duvidar.

(Conceitos do Amor de Deus, Cap. 6,7).

(…)

Oração Final:
Deus todo-poderoso, que, segundo o que anunciaste pelo anjo, quisestes que o teu Filho se encarnara no seio da Virgem Maria, escuta as nossas súplicas e faz que sintamos a proteção da Virgem Maria os que a proclamamos com firmeza Mãe de Deus. Amém.

Publicado em Ordem dos Carmelitas Descalços em Portugal.

Nossa Senhora do Carmo – Solenidade – 16 de Julho – História, Significado e Simbolismo (Cruz Terra Santa)

Nossa Senhora do Carmo

História de Nossa Senhora do Carmo

Nossa Senhora do Carmo tem origem no século XII, quando um grupo de eremitas começou a se formar no monte Carmelo, na Palestina, Terra Santa, iniciando um estilo de vida simples e pobre, ao lado da fonte de Elias, que se estendeu ao mundo todo.A palavra Carmo, corresponde ao monte do Carmo ou monte Carmelo, em Israel, onde o profeta Elias se refugiou. A palavra carmo ou carmelo significa jardim.
História de Nossa Senhora do Carmo e os carmelitas
A ordem dos carmelitas venera com carinho o profeta Elias, que é seu patriarca, e a Virgem Maria, venerada com o título de Bem Aventurada Virgem do Carmo. Devido ao lugar, esse grupo foi chamado de carmelitas. Lá, esse grupo de eremitas construiu uma pequena capela dedicada a Senhora do Carmo, ou Nossa Senhora do Carmelo.
Posteriormente os carmelitas foram obrigados a ir para a Europa fugindo da perseguição dos muçulmanos. Aí se espalhou ainda mais a Ordem do Carmelo.

Devoção a Nossa Senhora do Carmo

Com a expulsão dos carmelitas de Israel, a devoção a Nossa Senhora do Carmo começou a se espalhar por toda a Europa. Também foi levada para a América Latina, logo no começo de sua colonização, passando a ser conhecida em todos os lugares. E não somente no Carmelo. Foram construídas várias igrejas, capelas e até catedrais dedicadas a Senhora do Carmo.

Aparição de Nossa Senhora do Carmo a São Simão

São Simão era um dos mais piedosos carmelitas que vivia na Inglaterra. Vendo a Ordem dos Carmelitas ser perseguida, até estar prestes a ser eliminada da face da terra, ele sofria muito e pedia socorro a Nossa Senhora do Carmo.Sua oração, que os carmelitas usam até hoje, foi a seguinte: “Flor do Carmelo, videira florida. Esplendor do Céu. Virgem Mãe incomparável. Doce Mãe, mas sempre virgem. Sede propícia aos carmelitas. Ó Estrela do mar.” Então, Maria Santíssima, rodeada de anjos, apareceu para São Simão, entregou-lhe o Escapulário e lhe disse: “Recebe, meu filho muito amado, este escapulário de tua ordem, sinal do meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas. Quem com ele morrer não se perderá. Eis aqui um sinal  da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e amor eterno”. A partir desse milagre, o escapulário passou a fazer parte do hábito dos carmelitas.

Milagre de Nossa Senhora do Carmo

A partir da aparição de Nossa Senhora do Carmo a São Simão, a Ordem do Carmelo começou a florescer na Europa e em vários lugares do mundo, permanecendo firme até os dias de hoje.

O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, tradição do Carmelo

A palavra escapulário, vem do latim, escápula, que significa  armadura, proteção. O escapulário é uma forma de devoção a Maria Santíssima. O uso do escapulário é um sinal de confiança em Nossa Senhora do Carmo. A pessoa que o usa, é coberta com a proteção e as graças da Virgem Do Carmo.O escapulário, segundo o Concilio do Vaticano II é um Sacramental, um sinal sagrado, obtendo efeitos de proteção da Igreja Católica. É uma realidade visível que nos conduz a Deus. Santa Tereza dizia que: portar o escapulário, era estar vestida com o hábito de Nossa Senhora.

Oração à Nossa Senhora do Carmo

Senhora do Carmo, Rainha dos anjos, canal das mais ternas mercês de Deus para com os homens. Refúgio e advogada dos pecadores, com confiança eu me prostro diante de vós, suplicando-vos que obtenhais a graça que necessito, ( pede-se a graça). Em reconhecimento, solenemente prometo recorrer a vós em todas as minhas dificuldades, sofrimentos e tentações, e farei de tudo que ao meu alcance estiver, a fim de induzir outros a amar-vos, reverenciar-vos e invocar-vos em todas as suas necessidades. Agradeço as inúmeras bênçãos que tenho recebido de vossa  mercê e poderosa intercessão. Continuai a ser meu escudo nos perigos, minha guia na vida e minha consolação na hora da morte. Nossa Senhora do Carmo, advogada dos pecadores mais abandonados, rogai pela alma do pecador mais abandonado do mundo. Ó Senhora, rogai por nós que recorremos a vós. Amém.

Significado e Simbolismo de Nossa Senhora do Carmo

Nossa Senhora do Carmo

A imagem de Nossa Senhora do Carmo, padroeira dos Carmelitas, tem vários símbolos, todos interessantes e significativos para a nossa vida espiritual. Vejamos.

O hábito marrom de Nossa Senhora do Carmo é o hábito da Ordem Carmelita, tanto no ramo masculino, quanto feminino. Nossa Senhora apareceu pela primeira vez dessa maneira a São Simão Stock, num tempo em que a ordem carmelita estava sendo perseguida. São Simão era um carmelita inglês que pedia insistentemente que Nossa Senhora protegesse sua Ordem religiosa. Então, num momento de oração profunda, a Virgem Maria apareceu a ele trajando o hábito dos carmelitas, significando que ela dava total apoio à Ordem. A partir desse momento, as perseguições contra os carmelitas cessaram.

O manto branco de Nossa Senhora do Carmo

A Ordem dos Carmelitas tem uma ligação espiritual profunda com o Monte Carmelo em Israel. Neste local, o profeta Elias esteve na presença de Deus e sua vida se transformou depois disso. Neste local, Elias, pressentindo que seria levado para o céu, viu que era hora de passar o poder profético que Deus tinha lhe dado a seu discípulo Eliseu. Assim, Elias colocou sobre Eliseu o seu Manto Branco, simbolizando que ele passava sua missão de profeta para seu discípulo. Esta é a origem do Manto Branco que os Carmelitas usam nas cerimônias religiosas. Quando Nossa Senhora Aparece usando também o Manto Branco sobre o hábito carmelita, significa que ela passa também a missão profética de viver segundo o Evangelho, a todos os carmelitas e a todos os devotos de nossa Senhora do Carmo.

O Menino Jesus no colo de Nossa Senhora do Carmo

O Menino Jesus no colo de Nossa Senhora do Carmo tem três significados. O primeiro é ela, como Mãe, apresenta Jesus ao mundo. O segundo é que, com sua mão direita em gesto de bênção, o Menino Jesus está abençoando a humanidade. E o terceiro é que estando o menino Jesus com uma túnica branca, significa que ele também passa a missão de viver o Evangelho aos Carmelitas e aos devotos de Nossa Senhora do Carmo.

A coroa de Nossa Senhora do Carmo

A coroa de Nossa Senhora do Carmo rodeada de estrelas e uma aura brilhante simboliza a realeza da Mãe de Jesus. Significa que, como rainha do céu e da terra, a Virgem Maria pode interceder por todos aqueles que recorrerem a ela em oração, especialmente os Carmelitas e os devotos de Nossa Senhora do Carmo.

O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo

Quando Nossa Senhora do Carmo apareceu a São Simão, ela entregou a ele, em mãos, o Escapulário e disse as seguintes palavras: ‘Recebe, meu filho muito amado, este escapulário de tua ordem, sinal do meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas. Quem com ele morrer não se perderá. Eis aqui um sinal da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e amor eterno.’ Como vemos, o escapulário de Nossa Senhora do Carmo é um sinal de proteção que ela mesma ofereceu a seus devotos. Em algumas representações, o Menino Jesus no colo de Nossa Senhora do Carmo também segura um escapulário. Significa que Nosso Senhor Jesus Cristo endossa as palavras de Nossa Senhora sobre o escapulário. Assim, a pessoa que usa o Escapulário com devoção, respeito e fé, recebe as graças prometidas por Nossa Senhora aos que assim o usarem.

Os pés de Maria sobre o mundo

Os pés de Nossa Senhora do Carmo estão sobre o globo terrestre, simbolizando que a mensagem da Virgem do Carmo deve chegar a todos os povos, a todos os cantos da terra. A Salvação de Jesus, da qual Nossa Senhora é portadora, deve chegar a todos os lugares do mundo.

Publicado em Cruz Terra Santa.