Solenidade do Imaculado Coração de Maria

O que significa o Imaculado Coração de Maria?

O Imaculado Coração de Maria significa, antes de tudo, a grande pureza e o amor do coração da Bem-Aventurada Virgem Maria por Deus. Essa pureza se manifesta em seu “Sim” ao Pai na Encarnação, em seu amor e cooperação com o Filho Encarnado em Sua missão redentora, e em sua docilidade ao Espírito Santo, permitindo-lhe permanecer livre da mancha do pecado pessoal por toda a sua vida. O Imaculado Coração de Maria, portanto, nos aponta para sua profunda vida interior, onde experimentou alegrias e tristezas, mas permaneceu fiel, como também nós somos chamados a fazer.

Por que honramos o Imaculado Coração de Maria?

São João Paulo II disse: “De Maria, aprendemos a amar Cristo, seu Filho e Filho de Deus… Aprendam com ela a serem sempre fiéis, a confiar que a Palavra de Deus para vocês será cumprida e que nada é impossível para Deus.”

Quando honramos o Imaculado Coração, damos a máxima honra a Jesus. Ao honrarmos a Mãe, honramos o Filho. Além disso, a Santíssima Virgem também é nossa mãe (ver Apocalipse 12:17), e o coração de sua mãe é incomparável. São Luís de Montfort disse: “Se vocês reunissem todo o amor de todas as mães em um só coração, ele ainda não se igualaria ao amor do coração de Maria por seus filhos”.

Qual é a história do Imaculado Coração de Maria?

O Imaculado Coração de Maria foi honrado até certo ponto antes do século XVII, mas São João Eudes, um padre francês do século XVII, popularizou essa devoção com seu grande amor pela Mãe Santíssima.

O que é a devoção do Primeiro Sábado?

Parte da mensagem de Fátima é que Deus nos pede que reparemos os pecados do mundo. Em 1916, o Anjo ensinou às crianças orações de reparação e pediu-lhes que fizessem penitência. A Santíssima Virgem também pediu orações e atos de reparação e, em 13 de julho de 1917, prometeu que retornaria para pedir um tipo especial de reparação. Ela o fez em 1929, aparecendo a Lúcia, agora noviça em uma comunidade espanhola.

“Olha, minha filha, para o meu Coração, cercado de espinhos com que os homens ingratos me cravam a todo instante com suas blasfêmias e ingratidões. Tenta ao menos consolar-me e diz que prometo assistir na hora da morte, com as graças necessárias à salvação, todos aqueles que, no primeiro sábado de cinco meses consecutivos, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem cinco dezenas do Rosário e me fizerem companhia por quinze minutos, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com a intenção de me desagravar.”

Este é um pedido constante, tão necessário hoje, se não mais, do que em 1929. Está também ao alcance de todo católico. E, ao atendê-lo, agradamos a Nosso Senhor, que, como qualquer filho, se alegra quando outros defendem a honra de sua mãe.

Como o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria se relacionam?

A Serva de Deus Lúcia de Jesus Rosa dos Santos, uma das videntes de Fátima, disse: “A obra da nossa redenção começou no momento em que o Verbo desceu do Céu para assumir um corpo humano no ventre de Maria. A partir daquele momento, e pelos nove meses seguintes, o Sangue de Cristo foi o Sangue de Maria, tirado do Seu Imaculado Coração; o Coração de Cristo batia em uníssono com o Coração de Maria.”

Além disso, o próprio Jesus apareceu à Irmã Lúcia, dizendo: “Quero que a Minha Igreja… coloque a devoção a este Imaculado Coração ao lado da devoção ao Meu Sagrado Coração.”

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Por que Maria tem uma espada no coração?

A maioria das imagens do Imaculado Coração mostra uma ou mais espadas atravessando o Coração de Maria. Simeão disse à Santíssima Mãe que “uma espada traspassará a tua alma” (Lucas 2:35). Isso indica as dores que Maria experimentaria, particularmente pela Paixão de Jesus.

Quais são as sete dores de Maria?

  • A profecia de Simeão (Lucas 2:25-35)
  • A fuga para o Egito (Mateus 2:13-15)
  • Perda do Menino Jesus por três dias (Lucas 2:41-50)
  • Maria encontra Jesus a caminho do Calvário (Lucas 23:27-31; João 19:17)
  • Crucificação e Morte de Jesus (João 19:25-30)
  • O corpo de Jesus retirado da cruz (Salmo 130; Lucas 23:50-54; João 19:31-37)
  • O sepultamento de Jesus (Isaías 53:8; Lucas 23:50-56; João 19:38-42; Marcos 15:40-47)

O Coração de Maria é mencionado na Bíblia?

Duas vezes no Evangelho de São Lucas, ouvimos falar do coração de Maria. Após o nascimento de Jesus, Lucas 2:19 diz: “Maria, porém, guardava todas essas coisas, meditando-as em seu coração”. E depois que Maria e São José encontraram Jesus no Templo, após três dias de ausência, Lucas 2:51 diz: “A mãe [de Jesus] guardava todas essas coisas em seu coração”. Ambas as referências apontam para a vida interior de Maria, na qual ela meditava sobre os Mistérios que cercavam seu Filho.

O que significa consagrar-se ao Imaculado Coração de Maria?

Consagrar algo é separá-lo para Deus. Essa “santificação” identifica uma pessoa ou coisa como dedicada ao Seu serviço. Isso é demonstrado no Antigo Testamento, onde pessoas e coisas (os primogênitos, os sacerdotes, as ofertas, etc.) são entregues a Deus, e no Novo Testamento, onde Cristo é o consagrado enviado pelo Pai (João 10:36), que se consagra ao Pai em nosso favor (João 17:19) e por meio de quem nós mesmos somos consagrados (1 Pedro 2:9).

Quando nos consagramos ao Imaculado Coração, rededicamo-nos a Deus, imitando a consagração completa de Nossa Senhora na Encarnação (Lc 1,38) e sob a Cruz (Lc 2,35; Jo 19,25-27), e confiamo-nos a Ela para o cumprimento do nosso compromisso batismal. Como disse o Papa São João Paulo II na sua oração de consagração do mundo ao Imaculado Coração, em 25 de março de 1984:

. . . Diante de ti, Mãe de Cristo, diante do teu Imaculado Coração, eu hoje, juntamente com toda a Igreja, uno-me ao nosso Redentor nesta Sua consagração pelo mundo e pelos homens, que só no Seu Divino Coração tem o poder de obter o perdão e assegurar a reparação.

Uma Oração de Consagração a Maria

Ó Maria, Virgem poderosíssima e Mãe de misericórdia, Rainha do Céu e Refúgio dos pecadores, nós nos consagramos ao vosso Imaculado Coração.

Consagramos a ti o nosso próprio ser e toda a nossa vida; tudo o que temos, tudo o que amamos, tudo o que somos. A ti entregamos nossos corpos, nossos corações e nossas almas; a ti entregamos nossos lares, nossas famílias, nosso país.

Desejamos que tudo o que há em nós e ao nosso redor pertença a ti e participe dos benefícios da tua bênção maternal. E para que este ato de consagração seja verdadeiramente eficaz e duradouro, renovamos hoje a teus pés as promessas do nosso Batismo e da nossa primeira Comunhão.

Nós nos comprometemos a professar corajosamente e em todos os momentos as verdades da nossa santa Fé e a viver como convém a católicos devidamente submissos a todas as orientações do Papa e dos Bispos em comunhão com ele.

Nós nos comprometemos a guardar os mandamentos de Deus e de Sua Igreja, em particular, a santificar o Dia do Senhor.

Da mesma forma, nos comprometemos a fazer das práticas consoladoras da religião cristã, e acima de tudo, da Sagrada Comunhão, uma parte integrante de nossas vidas, na medida em que formos capazes de fazê-lo.

Por fim, prometemos-te, ó gloriosa Mãe de Deus e amorosa Mãe dos homens, dedicar-nos de todo o coração ao serviço do teu bendito culto, a fim de apressar e assegurar, pela soberania do teu Imaculado Coração, a vinda do reino do Sagrado Coração do teu adorável Filho, nos nossos corações e nos de todos os homens, na nossa pátria e em todo o mundo, assim na terra como no céu. Amém.

Publicado em EWTN – Global Catholic Network.

Homilia Dominical | Três lições da Ascensão para as nossas vidas (Solenidade da Ascensão do Senhor)

01 de junho de 2025

Ao meditarmos sobre o mistério da Ascensão do Senhor, percebemos três lições fundamentais para progredirmos na vida espiritual: a humildade de nos recolhermos interiormente, a eficácia da presença de Jesus entre nós e o desapego das realidades deste mundo. Essas três realidades nos mostram que a Ascensão do Senhor possui implicações bastante concretas em nossa vida. Ouça a homilia dominical do Padre Paulo Ricardo e perceba como o mistério da Ascensão do Senhor ecoa ainda hoje em nossas vidas.

Publicado em Padre Paulo Ricardo.

Castíssimo Coração de São José: lições que podemos com ele aprender

São José – Patrono da Sagrada Família – Solenidade – 19 de Março (*)

Wikipédia

O Castíssimo Coração de São José, esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus Cristo, é um símbolo de pureza, amor, fé e obediência. Através de sua vida exemplar, podemos aprender valiosas lições que nos guiam em nossa jornada de fé e crescimento espiritual.

1. Pureza de coração:

São José, guardião da Sagrada Família, nos ensina a importância da pureza de coração. Sua castidade não se limitava à abstinência sexual, mas se manifestava também em sua total entrega a Deus e à sua missão. Ele nos convida a cultivar um coração livre de vícios e paixões desordenadas, buscando sempre a santidade em nossos pensamentos, palavras e ações.

2. Amor incondicional:

O amor de São José por Maria e Jesus era puro, sacrificial e abnegado. Ele dedicou sua vida ao cuidado e proteção da Sagrada Família, renunciando aos seus próprios sonhos e ambições. Sua devoção nos inspira a amar com generosidade, colocando as necessidades do próximo à frente das nossas.

3. Fé inabalável:

Diante das provações e desafios, São José manteve sua fé inabalável em Deus e confiante na Providência Divina. Sua fé nos ensina a perseverar em meio às dificuldades, confiando na infinita misericórdia de Deus.

4. Obediência fiel:

São José foi um homem obediente à vontade de Deus. Em cada passo de sua vida, ele se colocava à disposição do Senhor, cumprindo com fidelidade os planos divinos. Sua obediência nos convida a discernir a vontade de Deus em nossas vidas e a segui-la com docilidade e prontidão.

5. Humildade profunda:

São José, apesar de sua posição elevada como pai adotivo de Jesus, foi um homem humilde e simples. Ele reconhecia sua total dependência de Deus e não buscava reconhecimento ou glória pessoal. Sua humildade nos ensina a cultivar a mansidão e a reconhecer que tudo o que somos e temos vem de Deus.

Conclusão:

O Castíssimo Coração de São José é um farol que nos guia em nossa jornada de fé. Ao contemplar suas virtudes, podemos aprender a cultivar a pureza de coração, o amor incondicional, a fé inabalável, a obediência fiel e a humildade profunda. Que a intercessão de São José nos inspire a viver uma vida santa e agradável a Deus, seguindo seus passos de amor, fé e devoção.

Reflexão:

  • Como posso cultivar a pureza de coração no meu dia a dia?
  • De que maneira posso demonstrar amor incondicional pelas pessoas que me rodeiam?
  • Como posso fortalecer minha fé em Deus, mesmo diante das dificuldades?
  • O que posso fazer para ser mais obediente à vontade de Deus?
  • Como posso ser mais humilde de coração?

Oração:

Ó São José, castíssimo esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus Cristo, a ti recorremos com filial confiança. Te pedimos que nos ensines a cultivar a pureza de coração, o amor incondicional, a fé inabalável, a obediência fiel e a humildade profunda. Que o teu testemunho nos inspire a viver uma vida santa e agradável a Deus, seguindo teus passos de amor, fé e devoção. Amém.

São José, rogai por nós!

Publicado em Paróquia Coração de Maria (Claretianos) – Londrina- PR.

* Acréscimo meu.

O Menino Jesus nasceu. Viva o Natal do Senhor!

O Natal de Nosso Senhor Jesus recorda-nos que Deus está presente em todas as situações. Pensamos que Ele está ausente ou nas quais achamos que Ele não pode estar. A nossa fé estimula-nos a viver o tempo natalino com maior serenidade e esperança! Deus está aqui, tão presente que, talvez ou com certeza, nos convida a rever nossos costumes; convida-nos a lembrar que, assim como Ele veio para nos salvar, também nós, através d’Ele, só podemos nos salvar se caminharmos juntos, se aprendermos a cuidar uns dos outros. Somos convidados a ser uma “manjedoura”, onde os outros possam se alimentar do pão da amizade, do amor, da misericórdia, da esperança. 

Um convite

O Senhor oferece-se a nós para que possamos dar seu testemunho com a nossa vida. Como cristãos, somos convidados a assumir a esperança desta humanidade desnorteada e solitária, a sermos sentinelas da nova manhã, para que as trevas deste tempo sejam rompidas pela Luz, que vem do Senhor Jesus.

Minha oração

“Ó Senhor que vos revelastes tão pequenino e frágil, um Deus escondido na humanidade, porém, não menos poderoso. Concedei a nós a sabedoria para te encontrar nesses mistérios e a certeza da tua presença no meio de nós, todos os dias. Salvai-nos de nossas mazelas e durezas tornando-nos mais humildes e humanos assim como tu o fizeste. Amém.”

Um Santo Natal para você e para a sua família!

Publicado em Católico Orante (extraído de “Santo do Dia” – Comunidade Canção Nova). Obs.: Conteúdo editado.

Homilia Dominical | Como reagiremos à visita de Maria? (4º Domingo do Advento) – Padre Paulo Ricardo – 22.12.2024

Quem quiser celebrar bem a festa do Natal precisa, a exemplo de Santa Isabel, receber Nossa Senhora em sua casa, isto é, abraçar fervorosamente a devoção à Virgem Santíssima, pela qual nos aproximamos cada vez mais da graça de Cristo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Lc 1, 39-45)

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu”.

Neste 4º Domingo do Advento, a Igreja proclama o Evangelho da Visitação, que é narrado em São Lucas, capítulo 1, versículos de 39 a 45. Esse mistério, que meditamos no Santo Rosário, relata como Maria, após receber o anúncio do Anjo Gabriel e já grávida de Jesus, parte apressadamente para a região montanhosa da Judeia a fim de visitar sua parenta Isabel — grávida de São João Batista.

Mas o que, afinal, esse Evangelho ensina-nos para a vida espiritual? Antes de tudo, recordemos que a primeira parte do Advento convida-nos à penitência e à mudança de vida. Por isso, os Evangelhos destacam tantas vezes as exortações de São João Batista: “Convertei-vos”, um claro chamado à mudança de vida, ao Batismo, à penitência, ao abandono completo do pecado — essa é a nova vida em Cristo. Entretanto, a partir de 17 de dezembro, o Advento entra em uma segunda fase, voltada diretamente para o Natal e a presença de Cristo. Nesse período, a figura central deixa de ser João Batista e passa a ser a Virgem Maria. É como se, nesse tempo final — especialmente marcado por práticas como a novena de Natal —, a Igreja, junto com Maria, estivesse grávida, aguardando a chegada do Salvador.

Acompanhamos, neste período, a presença da Virgem Maria: Nossa Senhora da Expectação, que está grávida, aguardando o nascimento de Jesus. Mas, afinal, o que isso significa espiritualmente? O que Maria pode trazer para a nossa vida espiritual? O Evangelho oferece-nos luzes importantes sobre essa realidade. Ele narra que, ao ouvir a saudação de Maria, Isabel sentiu a criança saltar em seu ventre e  ficou cheia do Espírito Santo.

A saudação de Nossa Senhora traz duas consequências marcantes. Primeiro, Isabel recebe uma efusão do Espírito Santo assim que ouviu Maria. Segundo, a criança em seu ventre, São João Batista, salta de alegria, como a própria Isabel explica no versículo 44: “Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre”. Não se trata de um simples movimento físico do bebê, mas de uma reação espiritual, percebida por Isabel, cheia do Espírito Santo, como um sinal da presença divina.

Além disso, o Espírito Santo, derramado abundantemente no coração de Isabel, permite que ela reconheça Maria como a mãe do Salvador. Isso é algo extraordinário, pois Maria estava nas primeiras semanas de gravidez, quando não há qualquer sinal externo de gestação. Ainda assim, Isabel, cheia do Espírito Santo, solta um grito de louvor. O Evangelho apresenta a cena de forma intensa e dramática, mostrando que Isabel bradou com força e entusiasmo: “Bendita és tu entre as mulheres!” (Lc 1, 42).

A frase que repetimos tantas vezes no terço, quando pronunciada pela primeira vez, foi um brado cheio do Espírito Santo. Isabel, transbordando de fé e entusiasmo, proclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres!” (Lc 1, 42). Não foi apenas uma declaração, senão uma verdadeira profissão de fé, efusiva e cheia do Espírito — algo análogo ao que aconteceu em Pentecostes. Aliás, a Visitação, de fato, é um pentecostes. E é algo extraordinário perceber como o Evangelho de São Lucas destaca, de forma emblemática, a presença constante do Espírito Santo.

São Lucas é o único autor do Novo Testamento que narra o Pentecostes, descrito nos Atos dos Apóstolos, que também é de sua autoria. Desde o início do seu Evangelho, porém, a presença do Espírito Santo já se destaca. No anúncio do anjo a Maria, ele declara: “O Espírito Santo virá sobre ti” (Lc 1, 35). Ali acontece o primeiro pentecostes, na própria Anunciação. Maria é a primeira a ser plena do Espírito Santo, um momento que os Santos Padres chamam de “protopentecostes”.

Quando Maria parte apressadamente para a região montanhosa da Judeia para visitar Isabel, sua saudação provoca um segundo pentecostes. Pela graça do Espírito Santo, Isabel recebe a revelação e, com os olhos da fé, reconhece a gravidez de Maria. Mais do que isso, ela percebe quem Maria está carregando: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. Isabel reconhece que Maria não traz em seu ventre um homem comum, mas o próprio Senhor, e exclama: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar?”. Assim, Isabel professa sua fé em Jesus e na maternidade divina de Maria.

Observemos a realização do Espírito Santo: Ele nos faz reconhecer a presença de Cristo em Maria e a grandeza da própria Virgem. Reconhecer que Nossa Senhora é bendita não tem ligação alguma com idolatria. Muitas pessoas têm certa preocupação com a veneração a Maria, temendo que isso seja um exagero — mas é fundamental perceber a obra do Espírito Santo nesse Evangelho. Isso porque é Ele quem nos leva a reconhecer tanto o Filho quanto a Mãe. E é nesse contexto que acontece o primeiro milagre na ordem da graça: São João Batista é purificado, é perdoado de seus pecados ainda no ventre de Isabel.

A tradição ensina-nos que, ao ouvir a saudação de Maria, São João Batista recebeu naquele momento a graça extraordinária de ser purificado. Esse evento oferece-nos elementos essenciais para refletir e aplicar à nossa vida o Evangelho da Visitação — especialmente neste período de preparação para o Natal.

Como podemos, então, fazer uma boa preparação para celebrar o Santo Natal? Primeiramente, acolhamos a Virgem Maria em nossa casa. No Evangelho, lemos que Maria entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. No entanto, acolher Maria em nossa casa significa, sobretudo, recebê-la em nosso coração. Recordemos o que Jesus fez com o discípulo amado aos pés da Cruz: confiou Maria como mãe a todos nós.

Quando Jesus quis salvar a sua Igreja ao morrer na cruz, qual foi o passo concreto que Ele deu antes da sua morte? Ele nos entregou a Virgem Maria. Ele disse: “Filho, eis aí a tua mãe”. Nós também precisamos acolher a Virgem Maria em nossa casa, como está escrito no capítulo 19 de São João: “João então acolheu a mãe de Jesus em sua casa”. Porém, mais do que apenas em sua casa, João a recebeu na intimidade do seu coração, como está registrado: “idios”, que significa algo que é próprio, pessoal. João acolheu Maria em sua intimidade.

É isso que precisamos fazer para celebrar bem esse Santo Natal. Ao acolher Maria em nossa casa, fazemos como Santa Isabel, que recebe a salvação no seu lar. Ao receber a Virgem Maria em nosso coração, como o Apóstolo João aos pés da Cruz, a salvação também entra em nossa casa. É a mesma realidade. Precisamos abrir nosso coração para a Virgem Maria, porque Nossa Senhora, aqui, é causa instrumental da nossa salvação.

Vamos entender o que isso significa. Vamos explicar tendo como referência o ministério dos padres. O que é um padre? Ora, um padre é uma causa instrumental da salvação. Eu posso ser causa instrumental da salvação de duas maneiras diferentes. Por exemplo: posso ser causa instrumental como os demônios, ou como os Apóstolos. São coisas bem distintas. Imaginemos um padre em pecado mortal, alguém que vive uma vida afastada de Deus. Ele ainda é causa instrumental de salvação para as pessoas? Certamente. Deus o usa, apesar do seu pecado, assim como usa os demônios, apesar deles. O demônio não quer fazer a vontade de Deus; mas Deus, em sua sabedoria, é tão grandioso que consegue superar a malícia do diabo.

O diabo pensa que está atrapalhando o Reino de Deus, mas Deus permite que ele aja e cause destruição. No entanto, o mal que o diabo faz é usado por Deus como ocasião para obter um bem maior, a salvação das pessoas. Dessa forma, o diabo torna-se também um instrumento de Deus — mas sem fazê-lo de forma consciente e livre. É um instrumento quase inerte, porque, apesar da vontade rebelde do diabo e da sua recusa em reconhecer o Criador, Deus ainda o usa, assim como usamos uma vassoura para varrer o chão — um instrumento sem vontade própria.

O Apóstolo, por sua vez, é um instrumento consciente e livre, o que o torna diferente. Deus pode usar um padre que busca a santidade, que deseja agradar a Deus e seguir o seu caminho de uma forma mais profunda. Quanto mais o padre santifica-se, tornando-se dócil e maleável nas mãos de Deus, e quanto mais ele morre para suas próprias vontades, caprichos e desejos, mais Deus poderá usá-lo como um instrumento eficaz para a sua obra salvadora. 

Ou seja, o padre é causa instrumental de salvação na vida dos outros. É claro que um sacerdote santo, como São João da Cruz, por exemplo, que celebramos na semana passada, no dia 14, é um instrumento valiosíssimo nas mãos de Deus. Por outro lado, um padre que vive em estado de pecado mortal, que não se converte e acaba sendo condenado, pode também ser usado por Deus, mas de forma muito imperfeita e inadequada — de forma análoga ao modo como Deus usa os demônios.

Estou dizendo tudo isso para explicar que a Virgem Maria também é instrumento de Deus. Se um padre santo, como São João da Cruz, é instrumento de Deus, imaginemos a Virgem Maria, que não conheceu o pecado, cuja vontade perfeita está totalmente submissa à vontade de Deus, e cujo coração não tem outro desejo senão amar a Deus e fazer com que a vontade dele tome forma humana neste mundo. Assim, Maria é um instrumento excelente, apto de forma suprema, nas mãos de Nosso Senhor.

Se por meio da palavra do sacerdote Cristo faz-se carne na Eucaristia, pela palavra de Maria, ao dizer “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1, 38), também acontece a Encarnação — foi principalmente por sua palavra que o Verbo faz-se carne. Reflitamos: quantas vezes em nossa vida nós clamamos “Ave Maria”? Deixemos que, hoje, seja ela a nos saudar, a trazer o Espírito Santo à nossa vida.

Há um episódio bonito na vida de São Bernardo que mostra como ele, grande devoto de Nossa Senhora, cantava fervorosamente as glórias de Maria. Todos os dias, ao passar diante de uma imagem de Nossa Senhora em seu mosteiro, ele dizia com devoção “Ave Maria” antes de seguir seu caminho. Ele fazia isso todos os dias, até que, em um belo dia, para sua surpresa, ao dizer “Ave Maria”, a imagem respondeu: “Ave Bernardo”.

Isso é um grande incentivo para que ouçamos essa saudação da Virgem Maria e, com nossa vida, permitamos que ela diga também a nós: “Ave”. Assim como a criança no ventre de Isabel saltou de alegria, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo, recebamos também o Espírito Santo para celebrar um Natal verdadeiro, acolhendo a presença de Cristo em nossas vidas.

A presença de Cristo não é uma simples visita; Ele vem para transformar e salvar, assim como salvou São João Batista e trouxe vida nova e mudança para Santa Isabel.

Além disso, também precisamos observar a humildade e a caridade de Nossa Senhora, que, apressadamente, foi visitar Isabel para servir, levar a salvação e a graça — o Príncipe da graça, o Salvador do mundo. Ela sabia que a criança que carregava era infinitamente mais importante do que a criança que Isabel carregava, mas, mesmo assim, foi humildemente servir à sua parenta.

No entanto, Nossa Senhora foi até lá para servir, para amar e, principalmente, para levar o serviço da graça, trazendo Jesus e o Espírito Santo. Aceitemos o convite para também vivermos isso. Nossa Senhora tem pressa de entrar na nossa casa, no nosso lar, de saudar a nossa família, de, em suma, levar Jesus até nós. E como reagiremos? Vamos reagir como Isabel, enchendo-nos do Espírito Santo e abrindo nossa casa, nossa vida e nosso coração para Jesus? Ou reagiremos como Herodes, que, ao receber a notícia da Encarnação do Filho de Deus, agitou-se e, cheio de ódio, ordenou que perseguissem o Filho de Deus recém-nascido? 

Como nos colocaremos para receber Jesus? Que a devoção à Virgem Maria, especialmente nestes dias de preparação para o Natal, seja um verdadeiro instrumento de conversão em nossa vida, para que Jesus realmente entre em nosso coração. Que ela nos ajude na transformação que Deus quer realizar em nós. Mas, para isso, precisamos abrir nossa casa para ela. Deixemos de temer a devoção a Nossa Senhora. Se nós permitirmos que ela entre em nossa casa, ela trará o Espírito Santo e o Menino Jesus. Ela será um instrumento eficaz de verdadeira mudança de vida para nós e para nossa família.

Que, neste período de preparação para o Natal, a Virgem Maria seja presença constante em nossa vida espiritual. Rezemos o terço, entreguemo-nos a ela e meditemos os mistérios da nossa salvação. Não sejamos soberbos ao dizer que não precisamos de Maria. Deus a usa como instrumento, assim como fez para trazer o Espírito Santo a Isabel e a salvação a São João Batista.

Ao nos abrirmos a Maria, abrimos também nosso coração a Jesus. Que Ele nasça verdadeiramente em nós e em nossas famílias, ao acolhermos a Virgem Maria, que, cheia do Espírito Santo, traz-nos a graça de Cristo.

Publicado em padrepauloricardo.org.

Tempo do Advento: Preparar a Vinda do Senhor

O Senhor não se retirou do mundo, não nos deixou sós. O Advento é um tempo no qual a Igreja convida os seus filhos a vigiar, a estar despertos para receber a Cristo que passa, a Cristo que vem. Editorial sobre este tempo do ano litúrgico.

“Ó Deus todo-poderoso, concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos.” Essas palavras da oração coleta do primeiro domingo do Advento iluminam com grande eficácia o caráter peculiar desse tempo, em que se dá início ao Ano litúrgico. Imitando a atitude das virgens prudentes da parábola evangélica, que souberam preparar o azeite para as bodas do Esposo [1], a Igreja convida os seus filhos a vigiar, a estar despertos para receber a Cristo que passa, a Cristo que vem.

Tempo de presença

Ao dizer adventus, os cristãos afirmavam, simplesmente, que Deus está aqui: o Senhor não se retirou do mundo, não nos deixou sós.

O desejo de sair ao encontro, de preparar a vinda do Senhor[2], nos coloca diante do termo grego parusia, que o latim traduz como adventus, de onde surge a palavra Advento. De fato, adventus pode ser traduzido como “presença”, “chegada”, “vinda”. Não se trata, portanto, de uma palavra inventada pelos cristãos: era usada na Antiguidade em âmbito não cristão para designar a primeira visita oficial de um personagem importante – o rei, o imperador ou um de seus funcionários – por motivo da sua tomada de posse. Também podia indicar a vinda da divindade, que sai da sua ocultação para se manifestar com força, o que se celebra no culto. Os cristãos adotaram o termo para expressar a sua relação com Jesus Cristo: Jesus é o Rei que entrou nesta pobre “província”, nossa terra, para visitar a todos, um Rei que convida a participar na festa do seu Advento todos os que creem n’Ele, a todos que estão certos de sua presença entre nós.

Ao dizer adventus, os cristãos afirmavam, simplesmente, que Deus está aqui: o Senhor não se retirou do mundo, não nos deixou sós. Mesmo que não possamos vê-lo ou tocá-lo, como ocorre com as realidades sensíveis, Ele está aqui e vem nos visitar de muitas formas: na leitura da Sagrada Escritura, nos sacramentos, especialmente na Eucaristia, no ano litúrgico, na vida dos santos, em tantos episódios, mais ou menos comuns, da vida cotidiana, na beleza da criação… Deus nos ama, conhece nosso nome, tudo o que é nosso lhe interessa e está sempre presente junto de nós. Esta segurança da sua presença, que a liturgia do Advento nos sugere discretamente, mas com constância ao longo destas semanas, não esboça uma nova imagem do mundo ante nossos olhos? “Essa certeza, que procede da fé, faz-nos olhar o que nos cerca sob uma nova luz, e leva-nos a perceber que, permanecendo tudo como antes, tudo se torna diferente, porque tudo é expressão do amor de Deus.”[3]

Uma memória agradecida

O Advento nos convida a pararmos, em silêncio, para captar a presença de Deus. São dias para voltar a considerar, com palavras de São Josemaria, que “Deus está junto de nós continuamente. – Vivemos como se o Senhor estivesse lá longe, onde brilham as estrelas, e não consideramos que também está sempre ao nosso lado. E está como um Pai amoroso – quer mais a cada um de nós do que todas as mães do mundo podem querer a seus filhos -, ajudando-nos, inspirando-nos, abençoando… e perdoando” [4].

Se esta realidade inundar a nossa vida, se a consideramos com frequência no tempo do Advento, nos sentiremos animados a dirigir-lhe a palavra com a confiança na oração, e muitas vezes durante o dia, lhe apresentaremos os sofrimentos que nos entristecem, a impaciência e as perguntas que brotam de nosso coração. Este é um momento oportuno para que cresça em nós a segurança de que Ele nos escuta sempre. “A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado!” [5]

Compreendemos também como os acontecimentos às vezes inesperados de cada dia são gestos personalíssimos que Deus nos dirige, sinais do seu olhar atento sobre cada um de nós. Acontece que costumamos estar muito atentos aos problemas, às dificuldades, e às vezes mal nos restam forças para perceber tantas coisas belas e boas que vêm do Senhor. O Advento é um tempo para considerar, com mais frequência, como Ele nos protegeu, guiou e ajudou nas vicissitudes de nossa vida, para louvá-lo por tudo o que fez e continua fazendo por nós.

Esse estar despertos e vigilantes perante os detalhes de nosso Pai no céu floresce em ações de graças. Nasce assim em nós uma memória do bem que nos ajuda inclusive na hora escura das dificuldades, dos problemas, da doença, da dor. “A alegria evangelizadora – escreve o Papa – refulge sempre sobre o horizonte da memória agradecida: é uma graça que precisamos pedir.” [6] O Advento nos convida a escrever, por dizer de alguma forma, um diário interior deste amor de Deus por nós. “Acredito que vós e eu – dizia São Josemaria – ao pensarmos nas circunstâncias que acompanharam a nossa decisão de nos esforçarmos por viver integralmente a fé, daremos muitas graças ao Senhor e teremos a convicção sincera – sem falsas humildades – de que não houve nisso mérito algum da nossa parte.” [7]

Deus vem

A alegria evangelizadora refulge sempre sobre o horizonte da memória agradecida: é uma graça que precisamos pedir (Papa Francisco)

Dominus veniet![8] Deus vem! Esta breve exclamação que abre o tempo do Advento ressoa especialmente ao longo destas semanas, e depois, durante todo o ano litúrgico. Deus vem! Não se trata simplesmente de que Deus tenha vindo, de algo do passado, nem tampouco é um simples anúncio de que Deus virá, em um futuro que poderia não ter excessiva transcendência para nosso hoje e agora. Deus vem: se trata de uma ação sempre em andamento, está acontecendo, acontece agora e continuará a acontecer conforme passe o tempo. A todo momento, “Deus vem”: em cada instante da história, o Senhor continua dizendo: “Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho”[9].

O Advento nos convida a tomar consciência desta verdade e a atuar de acordo com ela. “Já é hora de despertardes do sono”, “ficai atentos”, “o que vos digo, digo a todos: vigiai!”[10]. São chamadas da Sagrada Escritura nas leituras do primeiro domingo do Advento que nos lembram dessas constantes vindas, adventus, do Senhor. Nem ontem, nem amanhã, mas hoje, agora. Deus não está só no céu, desinteressado de nós e da nossa história; na realidade, Ele é o Deus que vem. A meditação atenta dos textos da liturgia do Advento nos ajuda a preparar-nos, para que a sua presença não passe despercebida.

Para os Padres da Igreja, a “vinda” de Deus -continua e conatural com seu próprio ser- se concentra nas duas principais vindas de Cristo: a de sua encarnação e a da sua volta glorioso no fim da história.[11] O tempo do Advento se desenvolve entre esses dois polos. Nos dias iniciais se sublinha a espera da última vinda do Senhor no fim dos tempos. E, à medida que se aproxima o Natal, abre-se caminho à memória do acontecimento em Belém, no qual se reconhece a plenitude dos tempos. “Por essas duas razões o Advento se manifesta como tempo de uma espera piedosa e alegre” [12].

O prefácio I do Advento sintetiza esse duplo motivo: “Revestido da nossa fragilidade, ele veio a primeira vez, para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos caminho da salvação. Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos” [13].

Dias de espera e esperança

Um aspecto fundamental do Advento é, portanto, a espera, mas uma espera que o Senhor converte em esperança. A experiência nos mostra que passamos a vida esperando: quando somos crianças queremos crescer, na juventude aspiramos a um amor grande, que nos preencha, quando somos adultos buscamos a realização profissional, o sucesso determinante para o resto de nossa vida, quando chegamos à idade avançada aspiramos ao merecido descanso. No entanto, quando essas esperanças se cumprem, ou quando fracassam, percebemos que isso, na realidade, não era tudo. Precisamos de uma esperança que vá além do que podemos imaginar, que nos surpreenda. Assim, mesmo que existam esperanças maiores ou menores que dia a dia nos mantêm no caminho, na verdade, sem a grande esperança – a que nasce do Amor que o Espírito Santo pôs em nosso coração[14] e aspira a esse Amor-, todas as outras não bastam.

O Advento nos anima a perguntar “O que esperamos?”, “Qual é a nossa esperança?” Ou, de modo ainda mais profundo, “Que sentido tem meu presente, meu hoje e agora?” “Se o tempo não foi preenchido por um presente dotado de sentido, a espera corre o risco de se tornar insuportável; se se espera algo, mas neste momento não há nada, ou seja se o presente permanece vazio, cada instante que passa parece exageradamente longo, e a expectativa transforma-se num peso demasiado grave, porque o futuro permanece totalmente incerto. Ao contrário, quando o tempo é dotado de sentido, e em cada instante compreendemos algo de específico e de válido, então a alegria da espera torna o presente mais precioso” [15].

Um presépio para nosso Deus

Nosso tempo presente tem um sentido porque o Messias, esperado por séculos, nasce em Belém. Juntamente com Maria e José, com a assistência dos nossos Anjos da Guarda, lhe esperamos com o desejo renovado. Cristo, ao vir entre nós, nos oferece o dom do seu amor e da sua salvação. Para os cristãos a esperança está animada por uma certeza: o Senhor está presente ao longo de toda nossa vida, no trabalho e nos afãs cotidianos, nos acompanha e um dia enxugará também nossas lágrimas. Um dia, não tão distante, tudo encontrará o seu cumprimento no reino de Deus, reino de justiça e de paz. “O tempo do Advento nos restitui o horizonte da esperança, uma esperança que não decepciona porque é fundada na Palavra de Deus. Uma esperança que não decepciona, simplesmente porque o Senhor não decepciona nunca!” [16]

O Advento é um tempo de presença e de espera do eterno, um tempo de alegria, de uma alegria íntima que nada pode eliminar: “eu vos verei novamente, e o vosso coração se alegrará, e ninguém poderá tirar a vossa alegria” [17]. O gozo no momento da espera é uma atitude profundamente cristã, que vemos plasmada na Santíssima Virgem: Ela, desde o momento da Anunciação, esperou “com amor de mãe” [18] a vinda de seu Filho, Jesus Cristo. Por isso, Ela também nos ensina a aguardar ansiosamente a chegada do Senhor, ao mesmo tempo que nos preparamos interiormente para esse encontro, com o desejo de “construir com o coração um presépio para nosso Deus” [19].

Juan José Silvestre

[1] Cfr. Mt 25, 1ss.

[2] Cfr. Tes 5, 23.

[3] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 144.

[4] São Josemaria, Caminho, n. 267.

[5] Missal Romano, I Domingo do Advento, Antífona de entrada. Cf. Sal 24 (25) 1-2.

[6] Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 24-XI-2013, n. 13.

[7] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 1.

[8] Cfr. Missal Romano, Feria III (terça-feira) das semanas I-III do Advento, Antífona de entrada. Cfr. Za 14, 5.

[9] Jo 5, 17.

[10] Rm 13, 11; Lc 21, 36; Mc 13, 37.

[11] Cfr. São Cirilo de Jerusalém, Catequese 15, 1: PG 33, 870 (II Leitura do Ofício de Leituras do I Domingo do Advento).

[12] Calendário Romano, Normas universais sobre o ano litúrgico e sobre o calendário, n. 39.

[13] Missal Romano, Prefácio I do Advento.

[14] Cfr. Rom 5, 5

[15] Bento XVI, Homilia I Véspera do I Domingo do Advento, 28-XI-2009.

[16] Francisco, Ângelus, 1-XII-2013.

[17] Jo 16, 22.

[18] Missal Romano, Prefácio II do Advento.

[19] Notas de uma meditação, 25-XII-1973 (AGP, biblioteca, P09, p. 199). Publicado em Álvaro del Portillo, Caminar con Jesús. Al compás del año litúrgico, Ed. Cristiandad, Madrid 2014, p. 21.

Publicado em Opus Dei.

Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa – Memória – 27 de novembro

Conheça a história de Nossa Senhora das Graças, desde suas aparições à jovem Catarina até o seu papel nas nossas vidas

Conheça a história de Nossa Senhora das Graças, desde suas aparições à jovem Catarina até o seu papel nas nossas vidas.

Na Cruz, além de nos dar a salvação, Cristo nos deixou a Virgem Maria, Sua mãe, como nossa mãe, por meio das palavras dirigidas ao discípulo João: “Eis aí tua mãe” 1. Desse modo, Maria é nossa mãe, por isso podemos confiar a ela todas as nossas preocupações 2 — essa é a vontade de Deus.

Neste artigo, você vai conhecer um pouco sobre as aparições de Nossa Senhora das Graças à Santa Catarina Labouré. A Virgem Maria é a medianeira das graças de Deus, e isso nos é apresentado nas Escrituras — embora estas citem brevemente a Virgem. Na nossa vida, portanto, não poderia ser diferente, cabe a nós invocar Maria e crer que ela intercede age em nosso favor junto de Deus.

O que é a festa de Nossa Senhora das Graças?

A Festa de Nossa Senhora das Graças celebra a aparição da Virgem Maria à Santa Catarina Labouré, em 1830, em Paris. Nessa revelação, Maria pediu a criação da Medalha Milagrosa, simbolizando abundantes graças para aqueles que a usam com fé. Essa festividade destaca a generosidade de Deus, manifestada através da intercessão de Nossa Senhora — a tesoureira das graças divinas. Além disso, é um convite para mergulharmos ainda mais na devoção mariana e na busca incessante pela graça de Deus em nossas vidas, sobretudo para alcançarmos o nosso destino final, que é o Céu.

Quando a [Festa] de Nossa Senhora das Graças é celebrada?

A festa de Nossa Senhora das Graças é celebrada em 27 de novembro. Essa data especial marca o momento da primeira aparição da Virgem Maria à Santa Catarina Labouré. Desse modo, os católicos ao redor do mundo dedicam esse dia para honrar a Virgem e agradecer as graças concedidas pelas mãos de Nossa Senhora.

A história de Nossa Senhora das Graças

Santa Catarina Labouré, a vidente de Nossa Senhora das Graças

Catarina Labouré, a vidente de Nossa Senhora das Graças.
Santa Catarina Labouré. Fonte: The Basilica Shrine

Catarina Labouré, nascida em 2 de maio de 1806, dedicou-se à vida religiosa após a morte de sua mãe. Sendo assim, a jovem ingressou na Ordem das Filhas da Caridade em 1830, aos 23 anos, mas desde a infância, destacava-se pela devoção e seriedade com a qual vivia a fé. Suas visões eram frequentes, desde os primeiros dias de vida religiosa. Embora as mais conhecidas — e extraordinárias — sejam as aparições de Nossa Senhora das Graças, Catarina de Labouré costumava ver Jesus Cristo em frente ao Santíssimo e, por três vezes, viu também São Vicente de Paulo, o fundador da Ordem, sobre o relicário contendo seu coração incorrupto.

Conheça a cronologia da vida da Virgem.

A primeira visão

Na noite de 18 de julho de 1830, véspera da Festa de São Vicente de Paulo, Catarina Labouré foi despertada por seu anjo da guarda, que se manifestou como uma criança luminosa. Dessa forma, orientada pelo anjo, Catarina dirigiu-se à capela, onde a Santíssima Virgem Maria a aguardava. A jovem hesitou a princípio, mas foi assegurada de que todos estavam dormindo. E, ao adentrar a capela, testemunhou uma luminosidade extraordinária, como se preparada para a Missa da meia-noite. 3

Ao alcançar o santuário, Catarina se ajoelhou, testemunhando a aparição da Santíssima Virgem. A Mãe Celestial sentou-se graciosamente na cadeira próxima ao Evangelho. Catarina, tomada pela emoção, ajoelhou-se ao lado dela, vivenciando os momentos mais doces de sua vida. Em seguida, o anjo revelou que a Virgem Maria desejava falar com Catarina. Assim, Nossa Senhora confiou-lhe uma missão divina em meio a tempos difíceis na França e no mundo. Além disso, prometeu a proteção divina e a efusão de graças para todos que as buscarem com confiança e fervor. 4

Deus deseja encarregar-te de uma missão. Tu serás contraditada, mas não temas, pois terás a graça para fazer o que é necessário. […] Os tempos são maus na França e no mundo. Vem ao pé do altar. Graças serão derramadas sobre todos, grandes e pequenos, especialmente aqueles que procurarem por elas. Terás a proteção de Deus e de São Vicente. Eu sempre terei os olhos em ti. […] 4

A segunda visão

A segunda aparição da Virgem à Santa Catarina Labouré foi a que consolidou a criação da Medalha Milagrosa e fortaleceu a devoção à intercessão de Nossa Senhora das Graças. Ela aconteceu a 27 de novembro, durante a meditação comunitária na capela.

A Virgem Maria se revelou em uma visão esplêndida. Vestida de branco, com um véu delicado, ela segurava uma bola dourada simbolizando o mundo, adornada com anéis representando as graças divinas. A Virgem explicou que as pedras nos anéis eram símbolos das graças que ela derrama sobre aqueles que as solicitam. O globo dourado desapareceu, dando lugar a uma moldura oval com a inscrição “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. 5

A visão disse então: “Manda gravar uma medalha de acordo com este modelo. Todos aqueles que a usarem receberão grandes graças; eles devem usá-la em volta do pescoço. Abundarão graças para aqueles que a usarem com confiança”. 6

A Medalha Milagrosa, conforme o pedido de Nossa Senhora à Santa Catarina Labouré.

[…]

A terceira visão

Na terceira aparição de Nossa Senhora das Graças a Catarina Labouré, a visão ocorreu de maneira semelhante à segunda, mas com a Virgem Maria posicionada acima e atrás do sacrário, no lugar agora ocupado por uma estátua que reproduz a cena. 6 Assim, ela reforçou a importância da criação da Medalha Milagrosa e o propósito de graças abundantes para aqueles que a usassem com confiança.

Catarina, após enfrentar desafios para a produção e distribuição das medalhas, testemunhou a rápida aceitação da Medalha Milagrosa como um objeto de devoção e fonte de graças extraordinárias. Sem dúvida, a terceira aparição consolidou a missão celestial de Nossa Senhora das Graças e sua intercessão contínua na vida dos fiéis que buscam as graças e a proteção da Virgem.

imagem de Nossa Senhora das Graças na capela da Medalha Milagrosa, em Paris.
Presbitério da Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, em Paris

Você sabe quais são os dogmas marianos? Confira aqui.

Nossa Senhora das Graças na Bíblia

Nossa Senhora das Graças encontra um eco significativo nas Bodas de Caná, um episódio onde Maria desempenha um papel fundamental na mediação da graça divina. Durante uma festa de casamento em Caná (João 2, 1-11), Maria percebe a falta de vinho — que simboliza a necessidade humana. E com compaixão materna, ela intercede junto Jesus, dizendo aos servos: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Sendo assim, a observação ativa da Virgem demonstra a confiança na capacidade de seu filho de atender às necessidades humanas.

Essa intercessão resulta no milagre da transformação da água em vinho, revelando a generosidade e a abundância da graça divina. Portanto, nessa narrativa bíblica, Maria emerge como dispensadora e mediadora da graça, antecipando o papel de Nossa Senhora das Graças na tradição católica. Assim como nas Bodas de Caná, onde a intercessão de Maria conduziu à manifestação da graça abundante, os devotos veem Nossa Senhora da Medalha Milagrosa como um canal de graças, o que fortalece a fé na intercessão materna e na obtenção das bênçãos divinas através dela.

[…]

Nossa Senhora das Graças nas nossas vidas

Embora as aparições de Nossa Senhora sejam grandiosas e tragam uma mensagem à humanidade, elas também se destinam especialmente a cada um de nós. Nossa Senhora das Graças desempenha nas nossas vidas o papel sublime de medianeira de todas as graças. Essa designação está enraizada na tradição católica, refletindo a crença de que Maria intercede junto a Deus em favor da humanidade — de cada um de nós que a invoca em particular.

Maria, ao ser coroada com o título de Nossa Senhora das Graças, é vista como a dispensadora generosa das graças divinas. Seu papel como medianeira destaca-se, portanto, na devoção cotidiana quando nós confiamos nela como intercessora que canaliza as graças necessárias para as diversas situações de nossas vidas. Da mesma forma que respondeu ao chamado divino nas Bodas de Caná, Nossa Senhora das Graças continua a desempenhar um papel ativo, guiando e proporcionando graças abundantes àqueles que buscam sua intercessão maternal.

Além disso, muitos santos destacaram o papel da Virgem Maria como mediadora das graças divinas. São Maximiliano Kolbe, por exemplo, descreveu-a como um instrumento nas mãos de Deus para a distribuição das graças. O Papa Bento XVI também proclamou que “não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora”. 7

A mediação de Maria faz parte do patrimônio da fé cristã e é a partir desta verdade, tão presente nos ensinamentos dos santos como também no Magistério ordinário da Igreja, que a porção dos fiéis pode unir-se mais eficazmente contra os desvios mundanos, a fim de alcançar a coroa do Céu. 8

Reze a Novena a Nossa Senhora das Graças.

Referências

  1. Jo 19, 26[]
  2. CIC, 2677[]
  3. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.105[]
  4. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.106[][]
  5. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.107[]
  6. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.108[][]
  7. Bento XVI, Homilia, 11 de Maio de 2007[]
  8. VATICAN NEWS, Mediação de Maria, parte do patrimônio da fé cristã[]

Publicado em Minha Biblioteca Católica (24.11.2024) – Redação Minha Biblioteca Católica (O maior clube de leitores católicos do Brasil.)

Leia também:

Minha Biblioteca Católica – A vida de Santa Catarina Labouré – Conheça a vida de Santa Catarina Labouré, a freira a quem apareceu Nossa Senhora das Graças pedindo a confecção da Medalha Milagrosa.

Festa da Exaltação da Santa Cruz

Festa da Exaltação da Santa Cruz

A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e libertou.” (Gl 6,14)

Festa da Exaltação da Santa Cruz

Celebramos hoje uma festa muito importante no seguimento cristão: a EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ. Sempre tenho a maior alegria e o santo orgulho de relembrar a frase que marcou a minha infância e juventude, pelo zelo de meu querido pároco, que da visão beatífica do céu continua sendo um vivo exemplo de dignidade sacerdotal, Monsenhor Victor Arantes Vieira, que nos ensinou a viver diariamente: “Enquanto o mundo gira, a Cruz permanece de pé”. Cruz que representa a nossa fé. Cruz que simboliza a nossa doce salvação. Cruz que uniu o céu e a terra, a terra ao céu. Cruz que nos torna companheiros de Jesus no nosso itinerário de salvação. Cruz que simboliza o amor absoluto de um Deus Pai que envia seu Filho, em prova de absoluta doação, para nos amar e por amor morrer no Madeiro da Cruz.

Celebrar a Exaltação da Santa Cruz é relembrar que, na cruz e na doce entrega de Cristo, deve residir nossa força, porque a Cruz é fonte de vida e fonte de salvação. Não a cruz em si, mas todo o evento salvífico, que se iniciou na paixão, passou pela morte e culminou na ressurreição. Tudo isso é a motivação maior da nossa esperança e da nossa vida.

Irmãos e irmãs,

A origem da festa que celebramos hoje remonta à dedicação das basílicas do Gólgota e do Santo Sepulcro, constituídas pelo Imperador Constantino, em 13 de setembro de 335, sendo que no dia imediato se mostrava os restos da Santa Cruz.

A Celebração da Santa Cruz é a significativa e viva celebração de Nosso Senhor Jesus Cristo. É relembrar o evento da paixão, da morte e da ressurreição de Cristo, lembrando que celebramos a fonte de onde jorra a salvação para toda a humanidade. Significa celebrar o Cristo vitorioso sobre o pecado e a morte. Mais do que tudo isso, é celebrar a transfiguração do ser humano em Filho de Deus.

A celebração de hoje nos pede uma atitude dialética: sofrimento e triunfo, penitência e amor/reconciliação. Quando Jesus nos pede para que para segui-lo é mister abandonar a tudo, renunciar a si mesmo, tomar a sua Cruz e segui-Lo. É preciso ter presente sempre o sofrimento, a renúncia de seus próprios interesses em benefício de um projeto muito mais amplo, muito mais desafiador, um projeto de Igreja, um caminho de salvação. Caminhando com Cristo, carregamos com Ele a sua Cruz, as suas humilhações, os pesos físicos do próprio madeiramento, configurando-nos aos mistérios da Paixão do Senhor.

Por isso, a liturgia de hoje nos pede para nos configurarmos a Cristo, soframos com Cristo, carreguemos a Cruz com o Salvador, para que o nosso sofrimento, a nossa dor, se transforme em alegria, se transforme em festa, se transforme em vitória da graça contra o pecado. O sofrimento como meio de redenção em Cristo e o da glória como meta, sempre em Cristo, deve iluminar, por esta festa, todo o nosso agir e a nossa práxis de batizados.

Meus queridos irmãos,

Porque Jesus morreu na Cruz? Esse era, meus irmãos, o castigo mais atroz contra aqueles que eram considerados subversivos pelos romanos. A própria historiografia romana diz que a Cruz é o “máximo suplício”. Constantino, ao se fazer batizar em 315, aboliu a condenação pela Cruz.

Mas, a pergunta do significado da crucificação se faz necessária no dia de hoje. Quais, afinal, eram as razões para se crucificar alguém? A primeira para castigar o criminoso; a segunda para intimidar a outros crimes. Tudo isso tinha um ritual. As autoridades judiciárias escolhiam um lugar movimentado por onde aquele que seria crucificado iria passar rumo ao local adrede. A crucificação se fazia em lugar alto, de grande visibilidade, para servir de corretivo para a sociedade judaica, impondo ao alto do madeiro a motivação de sua condenação. Chegando ao lugar do suplício o condenado era despido e crucificado nu. Jesus, por ser judeu, dentro do costume daquele povo que se escandalizava fácil, teve como consolo uma tanga ao baixo-ventre. Depois de pregar o condenado na horizontal, a cruz era suspensa, de sorte que ficava alto para que todos pudessem assistir a condenação fatal.

Meus irmãos,

Ao comemorarmos neste dia o simbolismo da elevação na cruz, como elevação na glória, desenvolvido por São João no Evangelho, contemplamos a cruz de Cristo. Não o fazemos para recair no dolorismo de tempos idos, quando se pensava que quanto mais sofrimento, mas regalia no céu; ainda, que Jesus teve de sofrer na cruz para “pagar” a Deus. A liturgia de hoje nos ensina a olhar para a cruz com um novo sentido: como manifestação do próprio ser de Deus, que é um Deus Amor. A Cruz não é um instrumento de suplício que o Pai aplica a seu Filho – por nossa culpa -, mas o sinal do quanto o Pai e o Filho nos amam – o Filho instruído pelo Pai. Nada de sádica exigência de sangue, só amor, até o FIM.

A primeira leitura (Números 21,4-9) da celebração da Missa nos ensina o simbolismo prefigurado no episódio da serpente de bronze que Moisés levantou diante dos olhos dos hebreus, para esconjurar a praga das serpentes. O tema de elevação/exaltação, inspirado por Isaías 52, 13, servo padecente, preside também à segunda leitura, em que a exaltação é contrabalançada pelo rebaixamento no sofrimento infligido àquele que nem deveria considerar apropriação injusta à forma divina. Nos capítulos 20-21 dos Números são narradas as últimas peripécias dos hebreus no deserto, antes da entrada na terra prometida. O povo murmura porque não tem o que deseja; revolta-se, não suporta o cansaço do caminho (v. 2) por causa da fome e da sede (v. 5). Já não é capaz de reconhecer o poder de Deus, já não tem fé no Senhor que agora vê como Aquele que lhe envenena a vida. Deus manifesta o seu juízo de castigo em relação ao povo, mandando serpentes venenosas (v. 6). Na experiência da morte, os hebreus reconhecem o pecado cometido contra Deus e pedem perdão. E, tal como a mordedura da serpente era letal, assim, agora, a imagem de bronze erguida sobre um poste torna-se motivo de salvação física para quem for mordido. São João reconhece na serpente de bronze erguida no deserto por Moisés a prefiguração profética da elevação do Filho do homem crucificado.

Caros irmãos,

Vamos, pois, amados irmãos, mergulhar no mistério, na profundeza do Evangelho de hoje (Jo 3,13-17). O dom da vida de Jesus, morrendo por amor fiel até a morte na cruz, é a manifestação da glória, isto é, do ser de Deus que aparece, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8-9). Isso, a tal ponto, que Jesus, na hora de assumir a morte na cruz, pôde dizer: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9).

Dentro do contexto do longo discurso com que Jesus responde a Nicodemos, apontando a necessidade da fé para obter a vida eterna e fugir ao juízo de condenação. Jesus, o Filho do homem (v. 13), provém do seio do Pai; é aquele que “desceu do Céu” (v. 13), o único que viu a Deus e pode comunicar o seu projeto de amor, que se realiza na oblação do Filho unigênito. Jesus compara-se à serpente de bronze (cf. Nm 21, 4-9), afirmando que a plena realização do que aconteceu no deserto irá verificar-se quando Ele for elevado na cruz (v. 14) para salvação do mundo (v. 17). Quem olhar para Ele com fé, isto é, quem acreditar que Cristo crucificado é o Filho de Deus, o salvador, terá a vida eterna. Acolhendo n´Ele o dom de amor do Pai, o homem passa da morte do pecado à vida eterna. No horizonte deste texto, transparece o cântico do “Servo de Javé” (cf. Is 52, 13ss.), onde encontramos juntos os verbos “elevar” e “glorificar”. Compreende-se, portanto, que São João quer apresentar a cruz, ponto supremo de ignomínia, como vértice da glória.

Caros irmãos,

Qual é, caros irmãos, a conseqüência desta exaltação da Cruz?

Se Cristo deu a vida por nós todos, somos convidados a dar a nossa vida pelos nossos irmãos. Dessa forma, cantamos na segunda leitura em que Jesus, esvaziado como escravo e exaltado como Senhor, é o exemplo dos que se reúnem em seu nome. Assim, consideremos os outros mais importantes que a nós mesmos e tenhamos o mesmo pensar e sentir d’Ele.

O itinerário da Cruz nos ensina que o Mistério da Paixão está no centro da espiritualidade cristã: a Igreja nasce com a Paixão e é somente nela que os sacramentos e a vivência da ação evangelizadora e pastoral encontram a sua razão de ser. A Paixão, não como morte, mas como vida, é o caminho que nos aproxima de Deus. No calvário, a revelação é levada ao seu cume e o Senhor Crucificado atrai os olhares humanos para a contemplação de um mistério envolvente, de amor.

Deus aceitou trilhar o caminho da cruz para aproximar-se solidariamente da humanidade, constituindo-o lugar indispensável, através do qual os cristãos conhecem o seu Deus com misericórdia e perdão. Neste sentido, ele é descida de Deus em favor da humanidade e elevação da humanidade que deseja assemelhar-se a Deus. Não devemos morrer na cruz, mas assumir a cruz um caminho, uma orientação de vida.

Meus irmãos,

Para todo ser humano, a salvação e a vida passam pela cruz. Não a cruz pela cruz, simplesmente. Mas a cruz como expressão de amor, de realização do plano de Deus, do seguimento de Cristo: “Se alguém quiser seguir-me, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Pois aquele que pretender salvar a sua vida, há de perdê-la; e quem perder a sua vida por amor de mim, há de encontrá-la” (Mt 16,24-25).

A cruz é o caminho da vida. Nela se encontra a esperança da vida. Por isso, a Igreja proclama e canta: “Salve, ó cruz, única esperança”. Ou então: “Nós vos adoramos, santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque, pela vossa santa cruz, remistes o mundo!”

Santa Cruz, seja-nos o santo alento nas tribulações desta vida, fazendo-nos desejosos de unir nossas provações ao sofrimento de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Homilia por: Padre Wagner Augusto Portugal

Publicado em  Catequese Católica.

O que fazer contra a aridez espiritual?

A vida interior não é um parque de diversões, mas um esforço feito por amor, sendo este mais valioso quanto mais sacrificado for. Colocar-se em oração, mesmo não “tendo vontade”, é um ato muito mais precioso aos olhos de Deus do que as orações que fazemos em momentos de consolação.

A vida espiritual de todo cristão passa por diversas fases. Uma delas, bastante difícil, é aquela chamada de “aridez”, na qual a alma parece estar num deserto e se caracteriza por uma espécie de falta de apetite espiritual, um fastio. Nessa fase, estar com Deus, sobretudo na oração pessoal, torna-se um fardo.

A aridez do espírito nada tem a ver com a chamada “noite escura da alma”, oriunda do pensamento de São João da Cruz, que se constitui numa purificação passiva da alma perpetrada por Deus e endereçada às almas que estão mais avançadas espiritualmente e é algo incomum. Para os demais, principiantes na vida espiritual, por assim dizer, o que ocorre é a aridez espiritual. Como lidar com ela? Quais são as suas causas?

Para responder a essas perguntas é preciso, antes de tudo, ter uma visão sobrenatural da própria vida espiritual. Quando se está somente sob a perspectiva carnal, as consolações permitidas por Deus (comuns no início da caminhada espiritual), tornam-se um sinal de progresso e, da mesma forma, quando vem a aridez (também comum), ela é vista como sinal de distanciamento de Deus, até mesmo como fracasso.

Contudo, na maior parte das vezes, o fastio é permitido por Deus justamente para que a pessoa obtenha progresso na vida espiritual. É por isso que a visão sobrenatural é importante, pois ela permite receber esses momentos com fé e confiança em Deus.

A aridez espiritual pode ter causa física. Constituído de corpo e mente, o homem terá uma vida espiritual melhor se a sua mente E o seu corpo estiverem bem. Mens sana in corpore sano. Não se fala aqui só de doença, mas também do stress e do ativismo, os quais podem cansar tanto a pessoa que ela se sente incapacitada para a oração. Se o problema for físico, o remédio também será físico, ou seja, é preciso retirar as causas, talvez cuidando da doença, reduzindo o ritmo de vida, descansando um pouco mais, pois é muito difícil crescer na vida espiritual quando o corpo, cansado, está indo no sentido contrário.

A segunda causa da aridez espiritual pode ser psíquica, ou seja, da própria pessoa. Quando não se dá a devida importância à vida de santidade, sendo condescendente com os pecados veniais, apegando-se aos pequenos prazeres etc., tudo isso pode contribuir para que a aridez se instale. O modo de se relacionar com Deus também é determinante, pois se a relação é superficial, baseada apenas numa troca de favores (emprego, finanças, saúde, amor, etc.), Ele se torna apenas um empregado e não o Senhor. Portanto, o apego ao mundo material, uma visão carnal da própria fé e uma relação superficial com Deus podem causar também a aridez espiritual.

Ainda relacionado à segunda hipótese, é possível apontar a tibieza como causa da aridez espiritual. A frouxidão é uma espécie de preguiça espiritual, que leva a pessoa à mornidão, à falta de ardor no servir a Deus. O remédio, portanto, é colocar mais generosidade no serviço a Deus.

Finalmente, a terceira causa da aridez espiritual pode ser espiritual, proveniente de Deus ou do diabo.

Diante da aridez espiritual, a primeira atitude deve ser a de resignação, aceitando a falta de consolação e entendendo que se trata de uma maneira de servir melhor a Deus e procurando auferir dela algum fruto.

A segunda atitude é a de humilhação diante de Deus. Trata-se de um bom momento para se colocar humildemente perante o Senhor, reconhecendo a própria pequenez e o imerecimento de qualquer consolação. É um tempo propício para reconhecer o senhorio de Deus, deixando de exigir consolações como se as merecesse, como se tivesse algum direito.

A terceira postura deve ser a de união a Jesus no Horto das Oliveiras. Nosso Senhor sofreu grandes angústias naquele momento. É possível perceber a dificuldade Dele em rezar, chegando mesmo a suar sangue. Se o próprio Deus sofreu e suportou, o homem também é capaz de sofrer e suportar.

Santo Inácio de Loyola, em seus exercícios espirituais ensina que o remédio para a aridez é a generosidade o que, na prática, significa aumentar o tempo de oração, o tempo dedicado às coisas do Senhor. Contudo, não existe um remédio único, certeiro, pois cada caso é um e, além do mais, existe também a liberdade divina, o desígnio de Deus para cada um de seus filhos que pode implicar também em permitir um tempo sem consolações, conforme já foi dito.

A vida de oração, portanto, não é um parque de diversão, mas sim, um esforço feito por amor que, tanto mais valioso quanto mais sacrificado. Colocar-se em oração, mesmo não querendo, torna este momento muito mais precioso aos olhos de Deus do que outras orações feitas em momentos de consolação.

Publicado em Padre Paulo Ricardo (Resposta Católica).

“Igreja precisa desprender-se do mundo” – (Papa Emérito Bento XVI)

Créditos: ThePapalVisit.org

O papa emérito Bento XVI recentemente deu uma entrevista à revista alemã Herder Korrespondenz em comemoração aos 70 anos de sua ordenação presbiteral. Ele ressaltou a importância da Igreja afastar-se do mundanismo e buscar mais a conversão.

“Igreja precisa desprender-se do mundo”, diz Bento XVI

“Para cumprir sua missão”, diz o papa, a Igreja precisa “desprender-se do mundo”. E explica: “enquanto nos textos oficiais da Igreja as funções falarem mais alto que o coração e o espírito, o mundo continuará a se distanciar-se da fé”.

Bento XVI lamentou que algumas instituições católicas (escolas, hospitais, Caritas etc) tenham um papel importante na sociedade, mas ainda sim, “não partilham a missão interior da Igreja” e pior, “em muitos casos, obscurecem o seu testemunho”.

“Espera-se um testemunho de fé verdadeiro e pessoal dos operadores da Igreja”, disse o papa emérito.

Publicado em ChurchPOP.

Devoção às Cinco Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo

Ao estar de joelhos ante vossa imagem sagrada

Oh! Salvador meu, minha consciência me diz que tem sido eu que vos cravou na cruz, com estas minhas mãos, todas as vezes que tenho ousado cometer um pecado mortal. Deus meu, meu amor e meu tudo, digno de toda adoração e amor, vendo como tantas vezes me haveis cumulado de bênçãos, me acho de joelhos, convencido de que ainda posso reparar as injúrias com que vos tenho ofendido. Ao menos posso me compadecer, posso dar-Vos graças por todo o que haveis feito por mim. Perdoai-me, Senhor meu. Por isso com o coração e com os lábios digo: Perdoai-me, Senhor meu.

A Chaga do Pé Esquerdo: Santíssima Chaga do pé esquerdo de meu Jesus, Vos adoro.

Me dói, Bom Jesus, ver-Vos sofrer aquela pena dolorosa. Vos dou graças, Oh! Jesus de minha alma, porque haveis sofrido tão atrozes dores para deter-me em minha carrera ao precipício, sofrendo-Vos a causa dos pulsantes espinhos de meus pecados.

Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor de vossa santíssima Humanidade para ressarcir meus pecados, que detesto com sincera contrição.

A Chaga do Pé Direito: Santíssima Chaga do pé direito de meu Jesus, Vos adoro.

Me dói, Bom Jesus, de ver-Vos sofrer tão dolorosa pena. Vós dou graças, Oh! Jesus de minha vida , por aquele amor que sofreu tão atrozes dores, derramando sangue para castigar meus desejos pecaminosos e andadas em pró do prazer.

Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor de vossa santíssima Humanidade, e peço a graça de chorar minhas transgressões e de perseverar no caminho do bem, cumprindo fidelíssimamente os mandamentos de Deus.

A Chaga da Mão Esquerda: Santíssima Chaga da mão esquerda de meu Jesus, Vos adoro.

Me dói, Bom Jesus, de ver-Vos sofrer tão dolorosa pena. Vós dou graças, Oh! Jesus de minha vida, porque por vosso amor me haveis livrado a mim de sofrer a flagelação e a eterna condenação, que tenho merecido por causa de meus pecados.

Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor de vossa santíssima Humanidade e suplico me ajude a fazer bom uso de minhas forças e de minha vida, para produzir frutos dignos da glória e vida eterna e assim desarmar a justa ira de Deus.

A Chaga da Mão Direita: Santíssima Chaga da mão direita de meu Jesus, Vos adoro.

Me dói, Bom Jesus, de ver-Vos sofrer tão dolorosa pena. Vós dou graças, Oh! Jesus de minha vida, por ter-me acumulado de benefícios e graças, e isso a pesar de minha obstinação no pecado.

Ofereço ao Eterno Pai o sofrimento e o amor de vossa santíssima Humanidade e suplico me ajude a fazer tudo para maior honra e Glória de Deus.

A Chaga do Sacratíssimo Peito: Santíssima Chaga do Sacratíssimo Peito de meu Jesus, Vos adoro.

Me dói, Bom Jesus, de ver-Vos sofrer tão grande injúria. Vós dou graças, Oh! Bom Jesus, pelo o amor que me tendes, ao permitir que Vos abrissem o peito, com uma lançada e assim derramar a última gota de sangue, para redimir-me.

Ofereço ao Eterno Pai esta oferta e o amor de vossa santíssima Humanidade, para que minha alma possa encontrar em vosso coração transpassado um seguro Refúgio. Assim seja.

Publicado em Últimas e Derradeiras Graças.

Oração à Chaga do Ombro de Jesus I

Perguntando São Bernardo ao Divino Redentor, qual era a dor que sofrera mais, e desconhecida dos homens: Jesus lhe respondeu:

“Eu tinha uma chaga profundíssima no ombro sobre o qual carreguei minha pesada cruz: Essa chaga era mais dolorosa que as outras. Os homens não fazem dela menção, porque não a conhecem. Honra pois, essa chaga a farei tudo o que por ela me pedires”.

Oração:

Oh! amante Jesus, manso cordeiro de Deus, apesar de ser eu uma criatura miserável e pecadora vos adoro e venero a chaga causada pelo peso de vossa cruz, que dilacerando vossas carnes, desnudou os ossos de vosso ombro Sagrado e da qual vossa Mãe dolorosa tanto se compadeceu.

Também eu, ó altíssimo Jesus, me compadeço de vós e do fundo do meu coração vos louvo, vos glorifico, vos agradeço por essa chaga dolorosa de vosso Ombro em que quisestes carregar vossa Cruz por minha salvação.

Ah! pelos sofrimentos que padecestes e que aumentaram o enorme peso de vossa Cruz vos rogo com muita humildade: Tende piedade de mim, pobre criatura pecadora, perdoai os meus pecados e conduzi-me ao céu pelo caminho da Cruz.

Rezam-se sete Ave-Marias e acrescenta-se: “Minha Mãe Santíssima imprimi em meu coração as Chagas de Jesus Crucificado”

Indulgência de 300 dias cada vez.

“Oh! dulcíssimo Jesus, não sejais meu juiz, mas meu Salvador”

Indulgência de 100 dias cada vez.

Oração à Chaga do Ombro de Jesus II

Nas Atas do convento de Claraval (França) lêem-se estas palavras: São Bernardo perguntou ao Divino Salvador qual tinha sido a maior de suas dores desconhecida dos homens.

Jesus lhe respondeu:

Eu tinha uma Ferida no Ombro, em que havia carregado a Cruz, e esta Ferida era mais dolorosa que as outras.Os homens não fazem menção dela, porque é desconhecida. Honrai-a, pois, e Eu vos concederei tudo o que me pedires por sua virtude. Todos aqueles que a venerarem, obterão a remissão dos seus pecados veniais e graças eficazes para conseguirem o perdão dos pecados mortais que tiverem cometido.

Oração:

Oh! bom Jesus, Senhor e Redentor meu, que carregastes a pesada Cruz de todos os pecados do Mundo e também os meus; pelos méritos da Chaga e dor que tal Cruz rasgou no vosso Ombro, eu Vos peço humildemente o arrependimento e perdão de todas as minhas culpas e a graça de morrer sem pecado.

E lembrando o auxílio que vos deu Simão Cireneu, aliviando o peso da vossa Cruz, peço-Vos ainda, em virtude da Chaga do vosso Ombro, que foi a mais escondida do vosso sacrifício redentor, que susciteis no mundo muitas almas vítimas, a continuarem nelas a vossa Paixão, e, pela generosidade do seu holocausto, suportando com amor heróico, resgatem muitos pecadores, salvem muitos moribundos, e atraiam sobre a Terra uma chuva da Caridade e Pureza. Amém.

Rezam-se sete Ave-Marias e acrescenta-se: Minha Mãe Santíssima imprimi em meu coração as Chagas de Jesus Crucificado”

Indulgência de 300 dias cada vez.

“Oh! dulcíssimo Jesus, não sejais meu juiz, mas meu Salvador”

Indulgência de 100 dias cada vez.

Publicado em Últimas e Derradeiras Graças

Meditação sobre as Santas Chagas de Jesus

A Chaga do Lado: Lembra a Eucaristia, fonte de Vida, graça, amor e luz. É seguro refúgio para todos nós, e é especialmente reaberta pelos profanadores do Santíssimo Sacramento.

A Chaga da Mão Direita: Por ela Jesus eleva ao Pai as almas que se santificam por força do Amor divino. É reaberta pela ingratidão e falta de amor das almas que fogem aos sacrifícios que Deus lhes pede.

A Chaga da Mão Esquerda: É por ela que Jesus faz chegar ao Pai os anseios das almas dedicadas ao apostolado. Ferem-na os hipócritas que trabalham no reino de Deus apenas por vaidade e ostentação.

A Chaga do Pé Direito: Por ela Jesus promete salvar os pecadores, socorrer os atribulados e aliviar as Almas do Purgatório. É reaberta pela insensibilidade e falta de caridade para com o próximo.

A Chaga do Pé Esquerdo: Por esta Chaga se salvarão os pecadores mais obstinados, se o Senhor lhes der a graça do arrependimento final, pelos Seus infinitos merecimentos e dos balsamizadores desta mesma Chaga. Ferem-na os indiferentes para com a sorte eterna dos seus irmãos.

A Chaga do Ombro: É reaberta pela ingratidão e falta de amor de tantas almas a Deus consagradas.

São Bernardo ouviu de Jesus estas palavras:

“Eu tinha uma Chaga profundíssima no ombro sobre a qual carreguei a Minha pesada Cruz. Essa Chaga era mais dolorosa que as outras. Honra, pois, essa Chaga, e farei tudo o que pedires.”

A Chaga da Fronte: Por esta Chaga que ensanguentou o rosto triste e machucado de Jesus, o mesmo Jesus promete aceitar os espinhos das almas que trabalham para defender a Sua seara. Os pecados de inveja, ciúme, ódio, derrotismo, entre as almas do santuário, ofendem a Fronte de Jesus.

Publicado em Últimas e Derradeiras Graças.

Nossa Senhora do Carmo – Solenidade a 16 de Julho (Carmelitas Descalços em Portugal)

Nossa Senhora do Carmo

Solenidade a 16 de Julho

Os Carmelitas contemplam aquela que é o ideal de vida carmelita, a Virgem Maria, a quem invocamos com o doce título de Senhora do Carmo; recordando o Monte do Carmo, sítio privilegiado onde a nossa família nasceu.

Quando em 1191 Ricardo I reconquista a Terra Santa, um sem número de cristãos, esquecendo a Europa fixam-se nos Lugares Santos, sobretudo em locais de tradição bíblica. O Monte Carmelo com o seu silêncio, as suas águas vivas, o encanto da vegetação, a vista deliciosa sobre o mar, a solidão que apelava para Deus atraíram muitos desses homens para a beleza deste Monte.

Recordavam-se daquela frase do profeta Jeremias que dizia: «Levar-vos-ei ao Carmo onde saboreareis os seus deliciosos frutos». Recordavam-se do profeta Elias e da nuvenzinha pequenina e frágil que ele vira subir do mar, como símbolo de Maria. E resolveram construir uma capela em honra de Nossa Senhora que passou a ser conhecida, desde o início, como a Senhora do Carmo.

Carmo quer dizer «jardim de Deus», «vinha de Deus». Os carmelitas eram as flores do jardim cuidado e protegido por Maria, eram vinha preciosa que Maria diligente trabalhava para dar frutos apetecíveis.
No ano de 1251, já na Europa, a família do Carmo, é alvo de perseguições de várias proveniências, de dentro e fora da Igreja. S. Simão Stock, VI Geral da Ordem, reza com todos os carmelitas a Maria para que ela lhes acuda.

No dia 16 de Julho, enquanto o Geral reza a oração do Flos Carmeli, vê a Virgem que o anima e lhe promete ajuda, enquanto lhe entrega o Escapulário do Carmo, convidando todos a usá-lo para terem a sua protecção. A partir desta data a devoção à Mãe e Irmã dos carmelitas aumentou dentro e fora da Ordem.

Em Lourdes, Bernardete viu Nossa Senhora várias vezes; a última aparição foi no dia de Nossa Senhora do Carmo, 16 de Julho de 1858. Bernardete declara ter visto nesse dia a Virgem «tão bela e gloriosa como nunca».
Em Fátima, a última aparição, no dia 13 de Outubro de 1917, foi de Nossa Senhora do Carmo. A Ir. Lúcia diz que «por fim lhes apareceu Nossa Senhora do Carmo a abençoar o mundo» e imediatamente se deu o início do milagre do sol.

Muitos santos, depois da aparição de Nossa Senhora do Carmo se quiseram revestir do escapulário ou da medalha para melhor manifestarem o seu amor a Maria e assim serem por Ela protegidos: S. Cláudio de la Colombière, Santo Afonso Maria de Ligório, Santo António Maria Claret, o Santo Cura d’Ars, Santa Bernardete, S. João Bosco, S. Domingos Sávio, S. Gabriel das Dores e um inumerável número de santos. Para já não falar de todos os santos e santas carmelitas, sobretudo Santa Teresa de Jesus e S. João da Cruz que sentiam a maior glória em usar o hábito carmelita da Ordem de Nossa Senhora do Carmo.

Também os papas manifestaram o seu amor ao Escapulário do Carmo. João XXII, no séc. XIV promoveu esta devoção. Nos nossos dias, Leão XIII, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II têm manifestado entusiasticamente o seu amor pelo Escapulário e pela devoção a Nossa Senhora do Carmo.

Também os nossos reis, sobretudo os da IV Dinastia, de quem há documentação, usaram o Escapulário e amavam Nossa Senhora do Carmo, a quem tinham muita devoção.

(…)

Desde muito cedo a devoção a Virgem Maria passa a ser, como outros aspectos da vida da Santa, uma experiência dos seus mistérios, quando Deus faz entrar Santa Teresa em contacto com o mistério de Cristo de tudo o que a Ele pertence.

Na experiência mística teresiana do mistério da Virgem há como uma progressiva contemplação e experiência dos momentos mais importantes da vida da Virgem, segundo a narração evangélica.
Vamos agora escutar o que nos diz a Santa Teresa de Jesus nos Conceitos do Amor de Deus (Cap. 6, 7), sobre a Virgem Maria.

SANTA TERESA DE JESUS FALA-NOS DE MARIA.

Oh segredos de Deus! Aqui não há senão render entendimentos e pensar que para entender as grandezas de Deus, não valem nada.
Aqui vem a propósito ajoelharmo-nos como fez a Virgem Nossa Senhora com toda a sabedoria que Deus lhe deu, que perguntou ao anjo quando A saudou: “Como se fará isto?” Em dizendo-lhe: “O Espírito Santo sobrevirá em ti, e a virtude do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra”, não tratou de mais disputas.
Como quem tinha grande fé e sabedoria, entendeu logo que, intervindo estas duas coisas, não havia mais que saber nem que duvidar.

(Conceitos do Amor de Deus, Cap. 6,7).

(…)

Oração Final:
Deus todo-poderoso, que, segundo o que anunciaste pelo anjo, quisestes que o teu Filho se encarnara no seio da Virgem Maria, escuta as nossas súplicas e faz que sintamos a proteção da Virgem Maria os que a proclamamos com firmeza Mãe de Deus. Amém.

Publicado em Ordem dos Carmelitas Descalços em Portugal.

Solenidade do Imaculado Coração de Maria – 20/06/2020 (Convento da Penha)

Solenidade do Imaculado Coração de Maria

O Pai e Jesus querem estabelecer no mundo inteiro a devoção do Imaculado Coração.

Neste sábado, dia em que a Igreja celebra a memória Litúrgica do Imaculado Coração de Maria, queremos pedir a materna intercessão da Santíssima Virgem Mãe de Deus, concebida sem pecado.

Esta memória ao Imaculado Coração de Maria não é nova na Igreja; tem as suas profundas raízes no Evangelho que repetidamente chama a nossa atenção para o Coração da Mãe de Deus. Por isto na Tradição Viva da Igreja encontramos confirmada pelos Santos Padres, Místicos da Idade Média, Santos, Teólogos e Papas como o nosso João Paulo II.

“Depois ele desceu com eles para Nazaré; era-lhes submisso; e a sua mãe guardava todos esses acontecimentos em seu coração”. Este relato bíblico que se encontra no Evangelho segundo São Lucas, uni-se ao do canto de Louvor – Magnificat – a compaixão e intercessão diante do vinho que havia acabado e a presença de Maria de pé junto a Cruz, para assim nos revelar a sintonia do Imaculado Coração de Maria para com o Sagrado Coração de Jesus.

Dentre os santos se destacou como apóstolo desta devoção São João Eudes, e dentre os Papas que propagaram esta devoção de se destaca Pio XII que em 1942 consagrou o mundo inteiro ao Coração Imaculado de Maria.

As aparições de Nossa Senhora em Fátima, Portugal, no ano de 1917, de tal forma espalhou a devoção ao Coração de Maria que o Cardeal local disse: “Qual é precisamente a mensagem de Fátima? Creio que poderá resumir-se nestes termos: a manifestação do Coração Imaculado de Maria ao mundo atual, para o salvar”. Desta forma pudemos conhecer do Céu que o Pai e Jesus querem estabelecer no mundo inteiro a devoção do Imaculado Coração que encontra fundamentada na Consagração e Reparação a este Coração que no final Triunfará.

Imaculado Coração de Maria, sede a nossa salvação!

Publicado em Convento da Penha.

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus – 2020 – 19 de junho (Christo Nihil Præponere – Padre Paulo Ricardo)

“Seus ultrajes abateram meu Coração e desfaleci. Esperei em vão quem tivesse compaixão de mim, quem me consolasse, e não encontrei” (Sl 68, 21).

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 11, 25-30)

Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

Celebrar a solenidade do Sagrado Coração de Jesus é tributar ao Senhor um culto de adoração que manifeste, com especiais homenagens, toda a nossa gratidão pelo mistério de amor que, por meio de sua amantíssima Redenção, Ele se dignou manifestar-nos. É pois, com um Coração de carne, unido hipostaticamente à sua divina pessoa, que o Verbo humanado simboliza, numa imagem natural e expressiva, a caridade transbordante que Deus tem para conosco. Ao Filho eterno do Pai, com efeito, não bastou amar a humanidade com um amor unicamente espiritual; amando-nos mais do que poderíamos imaginar, o Redentor do gênero humano, ao fazer-se semelhante a nós segundo a carne, amou-nos com um amor também sensível e afetivo, como convinha a uma natureza humana íntegra e perfeitíssima, cujos sentimentos não poderiam jamais se contrapor à infinita caridade que a Divindade tem por nós. Índice desse divino amor — a um tempo espiritual e sensível —, o Coração de Jesus Cristo é, recorda o Papa Pio XII, como que uma “mística escada” pela qual nos é dado subir “ao amplexo ‘de Deus nosso Salvador’” (Haurietis Aquas, 28; cf. Tt 3, 4). Prova concreta de que fomos amados por primeiro (cf. 1Jo 4, 19), o Coração do Senhor, chagado pelos nossos muitos pecados, pode hoje nos levar a um maior comprometimento com a vida de santidade. Ao meditarmos neste dia de festa no quanto somos queridos por Deus, muitíssimo mais do que um filho pode ser querido por sua mãe, peçamos ao Pai de misericórdias a graça de amarmos com verdadeira e “louca” paixão o seu Filho unigênito. Queiramos conhecê-lo mais nas páginas do Evangelho e nos momentos de oração; façamos, além disso, o propósito de o imitarmos de mais perto, mantendo sempre diante dos olhos os exemplos de virtude e amor que Ele, a fim de nos instruir e dar um caminho seguro à perfeição na caridade, quis prodigalizar-nos. Recorramos também àquela que, sendo Mãe dos membros de Cristo, é um dom preciosíssimo do mesmo Sagrado Coração. Genitora espiritual de toda a família cristã, a Virgem SS. decerto se alegrará em ouvir, especialmente hoje, as nossas súplicas por seu auxílio. Imploremos-lhe pois a alegria de amar a Deus com generosidade e audácia, colocando por inteiro o nosso pobre e miserável coração em cada pequeno ato de caridade que, com a ajuda da graça, formos capazes de realizar.

Ouça neste link a Homilia Diária com Padre Paulo Ricardo.

Leia também: De onde procede a devoção ao Sagrado Coração de Jesus? (Fonte: ACI Digital – imagem acima).

Publicado em padrepauloricardo.org .

 

Nossa Senhora de Fátima – 13 de maio – Mensagem para o nosso tempo (Formação Canção Nova)

A mensagem de Fátima para o nosso tempo

Em 1917, Nossa Senhora apareceu em Fátima a três crianças: Lúcia, Francisco e Jacinta, para revelar ao mundo uma mensagem significativa para aquela época, mas que não perdeu a sua importância em nossos dias. Em seu livro “Luz do mundo”, o Papa emérito Bento XVI disse que a mensagem de Fátima nos ajuda a “entender um momento crítico na história: aquele no qual se desencadeia toda a força do mal que se cristalizou nas grandes ditaduras e que, de outra maneira, age ainda hoje”1. Essas duas grandes ditaduras, o nazismo e o comunismo, que, juntas mataram centenas de milhões de pessoas, devastaram a Europa e a Ásia, e, depois da “queda”, espalharam seus erros por todo o mundo.

A resposta desafiadora a todos esses erros “não consiste em grandes ações políticas, mas, ultimamente, pode chegar somente da transformação dos corações. […] Nesse sentido, a mensagem de Fátima não está concluída, mesmo que as duas grandes ditaduras tenham desaparecido”2, pois permanece o sofrimento da Igreja, resta a ameaça às pessoas, que se faz presente não somente por meio da perseguição, da violência, da escravidão, da morte, como vemos no mundo islâmico e em países comunistas, mas também nas ideologias: relativismo, feminismo, ideologia de gênero, cultura de morte e tantos outros erros que corrompem as culturas e as sociedades pelo mundo todo.

Foto Ilustrativa: bpperry by Getty Imagens

As aparições de Fátima e a Penitência pela salvação das almas

Para fazer frente a todos esses males, mantém-se atual a resposta que nos foi dada na mensagem de Fátima, persiste a orientação que Maria nos revelou por intermédio de Lúcia, Francisco e Jacinta. Como profetizou a Santíssima Virgem, nosso tempo está marcado por grandes tribulações. Hoje, o poder das trevas ameaça pisotear a nossa fé de todas as formas possíveis. Por isso, em nossos dias, como outrora, são necessários os ensinamentos que a Mãe de Deus transmitiu aos três pastorinhos.

Na carta com o terceiro segredo de Fátima, revelado por Nossa Senhora aos pastorinhos, em 13 de julho de 1917, a Irmã Lúcia descreve uma visão extraordinária que nos ajuda a compreender a importância da penitência, especialmente para o nosso tempo: “(…) vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despendia chamas que pareciam incendiar o mundo; mas se apagavam com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência!”3

A palavra “penitência” aparece nada menos do que 57 vezes na “Documentação Crítica de Fátima”. Em suas aparições, Nossa Senhora recomendou insistentemente que todos fizessem penitência, inclusive as três crianças, videntes das aparições. Lúcia, Francisco e Jacinta fizeram duras penitências, principalmente pela conversão e salvação dos pecadores.

Entre as penitências que nos pediu a Virgem de Fátima, tem particular importância os sacrifícios. A palavra “sacrifício”, que aparece 38 vezes na Documentação, também é muito importante para compreender a Mensagem de Fátima. Na 4ª aparição, no dia 19 de agosto de 1917, Nossa Senhora deu uma ordem expressa aos pastorinhos: “Rezai, rezai muito, e fazei sacrifícios pelos pecadores”, dizia ela. “Muitas almas vão para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”4. Pois é um dos meios que a Virgem Maria nos revelou para afastar os males do mundo. Alguns sacrifícios foram ensinados pela própria Virgem, como rezar de joelhos, jejuns e abstinências. Mas outros foram as três crianças que tiveram a inspiração, como aconteceu certa vez, quando encontraram uma corda áspera no caminho por onde passavam. Os três pastorinhos tomaram a corda e repartiram para usar na cintura como um cilício 5, dia e noite.

Nossa Senhora e o Santo Rosário pela salvação dos pecadores

O Santo Rosário tem grande importância na mensagem de Fátima. O próprio título com o qual a Virgem Maria se apresentou revela a grande importância dessa oração mariana para a Igreja em nosso tempo. Nossa Senhora apresentou-se aos pastorinhos sob o título de “Senhora do Rosário”. Esse nome aparece por 121 vezes na Documentação das aparições. O termo “Rosário” aparece 282 vezes; e o nome “Nossa Senhora do Rosário”, 51 vezes no Documento.

Leia mais:
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De fato, a própria Virgem pediu que Lúcia, Francisco e Jacinta rezassem o terço a Nossa Senhora do Rosário. Primeiramente, pelos próprios pecados, mas também e, principalmente, pela salvação dos pecadores. A devoção a Senhora do Rosário começou com a construção de uma capela dedicada a ela, na Cova da Iria, local das aparições. Com a crescente peregrinação dos fiéis e pelo manifesto desejo desses, foi erigida a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que posteriormente foi elevada a Santuário.

Nossa Senhora pediu insistentemente que os pastorinhos rezassem o Rosário de modo particular para a salvação das almas do inferno. A princípio, as três crianças não levaram muito a sério o pedido da Virgem Maria. Rezavam rapidamente para ter mais tempo para as brincadeiras comuns às crianças de suas idades. Mas, em pouco tempo, passaram a rezar com grande fervor o Santo Terço, pois compreenderam a importância da oração do Rosário para a salvação das almas.

A reparação ao Imaculado Coração da Virgem Maria

Em 13 de junho de 1917, na segunda de suas aparições em Fátima, Nossa Senhora confiou uma missão especial a pequena Lúcia, justamente quando ela pediu para os levar os três para o céu. A Santíssima Virgem respondeu-lhe: “Sim. A Jacinta e o Francisco, levo-os em breve; mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação e serão queridas de Deus essas almas, como flores postas por mim a adornar o Seu trono”. “Fico cá sozinha?”, disse com tristeza. “Não, filha, eu nunca te deixarei, o meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.6

Depois de ouvir essas palavras, Lúcia, Francisco e Jacinta viram a Virgem Maria com um coração na mão, cercado de espinhos. Os pastorinhos compreenderam que aquele era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que necessitava de reparação. Na aparição seguinte, no dia 13 de julho, a Santíssima Virgem repetiu as mesmas palavras e disse que voltaria para pedir a devoção reparadora dos primeiros sábados. Sete anos depois, no dia 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha, foi revelado a Irmã Lúcia, na época postulante no Instituto de Santa Doroteia, a devoção reparadora dos cinco primeiros sábados. A princípio, a Irmã ficou perplexa e não quis expor o fato. Somente em dezembro de 1927, por ordem de seu confessor, Lúcia escreveu as palavras que lhe dirigiu a Santíssima Virgem: “Olha, minha filha, o meu coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de me consolar e dize que todos aqueles que, durante cinco meses, no primeiro sábado, confessarem-se, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”7.

A mensagem de Fátima como remédio contra os males do mundo atual

Assim, a mensagem de Fátima teve grande importância naquele momento histórico. No entanto, quase cem anos depois, a mensagem de Nossa Senhora mantém-se atual. Talvez, hoje, mais do que naquele tempo, as penitências serão remédios eficazes contra o mal, a busca desenfreada pelas coisas materiais, pelo prazer e poder. O Santo Rosário será uma “arma” contra o poder dos demônios. A devoção dos primeiros sábados, em reparação das ofensas contra o Imaculado Coração de Maria, será o caminho seguro de muitas almas para o Reino dos Céus.

Hoje, as grandes ditaduras permanecem agindo em nossos dias, por meio das ideologias, das falsas religiões, das lutas pelo poder e pelas riquezas. Em Fátima, a resposta que nos é dada a essas pela Virgem Maria não consiste em grandes ações políticas, mas na transformação dos corações através da penitência e do sacrifício, da oração do Santo Rosário e da devoção ao Imaculado Coração de Maria.

Se ouvirmos os apelos de Jesus Cristo e da Virgem Maria, veremos, no Brasil e em todas as partes do mundo, aquilo que viu o Papa emérito Bento XVI: “Em Fátima, vi centenas de milhares de pessoas que, por meio daquilo que Maria havia confiado às crianças, neste mundo cheio de obstáculos e fechamentos, reencontram, de algum modo, o acesso a Deus”8. Esse nosso encontro com o Senhor será o grande triunfo profetizado pela Virgem Maria: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”9.

Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós!

Publicado em Formação Canção Nova.