Saber viver o sofrimento a exemplo de Cristo e São Paulo

Ninguém gosta de sofrer e poucos conseguem perceber que o sofrimento é redentor. Para perceber que existe um mistério salvífico no sofrer, basta que olhemos como Cristo viveu o seu sofrimento. A Cruz foi para Cristo a coroação do seu sofrimento e o ápice de toda a paixão salvadora. Durante as dificuldades e sofrimentos da vida, muitos se perguntam: “Por que eu estou passando por este sofrimento?”.

A resposta para essa pergunta é complexa, porém, podemos buscar nos dois grandes exemplos encontrados nos relatos bíblicos, Jesus e São Paulo. Primeiro, Cristo sofre por um fim, existe uma finalidade no padecimento do Senhor. Segundo, o apóstolo São Paulo sabiamente configura-se a Cristo e utiliza dos seus sofrimentos para assemelhar-se mais ainda. Essas duas grandes figuras de maneira geral têm muito a nos ensinar, principalmente quando se fala de dor e sofrimento.

O sofrimento de Cristo

O livro de Is 53,3-4 quando escreve sobre o Servo sofredor, figura essa que a igreja identifica a prefiguração de Cristo, relata o seguinte: “Era o mais desprezado e abandonado de todos, homem do sofrimento, experimentado na dor, indivíduo de quem a gente desvia o olhar, repelente, dele nem tomamos conhecimento. Eram na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as nossas dores, que levava às costas”.

Esse trecho do livro de Isaías retrata o motivo pelo qual Cristo padeceu. Foi para nos livrar das nossas dores, para reparar o erro cometido por nós. E você pode se perguntar: “Por que ainda sofremos?”. As ações de Jesus têm sempre um teor de eternidade, por isso, o padecimento de Cristo livrou-nos não do que é passageiro, mas do que é definitivo, ou seja, livrou-nos do sofrimento eterno muito mais do que o sofrimento passageiro.

A Cruz, ao mesmo tempo que retrata a dor e a morte do Senhor, significa sinal de redenção. O que para os judeus era escândalo e para os pagãos loucura, para nós, cristãos, é sinal de salvação e da glória de Cristo. O Senhor transforma todas as coisas, até mesmo o antigo sentido da cruz que, agora, torna-se novo com a manifestação de Jesus.

Os sofrimentos de Paulo

O apóstolo São Paulo começa a Carta aos Colossenses com uma declaração que, ao olhar humano, pode ser insana: “Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24). São Paulo não se alegra por ter recebido a liberdade da prisão, por ter recebido o “título” de apóstolo ou por ser reconhecido pelas pessoas, mas ele se alegra por sofrer. Sim, São Paulo deixa explicitamente claro que a sua alegria é suportar os sofrimentos e ainda completar o que falta a Cristo.

O apóstolo não é nenhum tipo de masoquista ou alguém que busca o sofrimento pelo sofrimento, mas, assim como Cristo, ele o faz por um sentido. São Paulo sabe que ele pode tirar proveito do que a vida o proporcionou viver, não um proveito pessoal, e sim como ele mesmo disse: em favor do corpo de Cristo que é a Igreja. Ele ainda coloca numa progressão geométrica do sofrimento, pois, à medida que crescem os sofrimentos de Cristo para nós, cresce também a nossa consolação por Cristo, eis então o ângulo pelo qual os cristãos entendem o sentido do padecer. O sofrimento tem a condição de fazer crescer o conforto do homem em Cristo.

O meu sofrimento

O Senhor concede aos homens poderem contribuírem com a humanidade sendo cooperadores de d’Ele e de seu Reino. O Catecismo da Igreja Católica no n° 307 diz: “os homens podem entrar deliberadamente no plano divino, por suas ações, por suas orações, mas também por seus sofrimentos”. Partindo desse parágrafo do Catecismo e por meio do sacramento do Batismo, o cristão é convidado a ser outro Cristo assemelhando-se a Ele. Dessa forma, a semelhança não pode ser pela metade ou naquilo que nos convém, mas em tudo, até nas dores.

Precisamos utilizar dos nossos sofrimentos para remir as culpas obtidas pelos nossos pecados. A sabedoria que São Paulo expressou na Carta aos Romanos 8,18 é, de certa forma, reconfortante e nos promete uma recompensa sem medidas, impulsionando-nos a bem viver as dores que padecemos: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada”. Sabemos que somos peregrinos neste mundo, estamos de passagem e não há motivo de nos apegarmos aqui nesta vida eternidade, pois a eternidade está na glória de Cristo. A nossa espera deve ser na glória futura, no que Deus ainda tem reservado para os fiéis.

Foi por consequência da obra salvífica de Cristo que o homem passou a ter esperança da vida e da santidade. A linguagem da cruz quer nos comunicar um sentido, mas esse só poderá ser entendido se olhado pelas chagas abertas de Cristo pelas quais o ser humano é salvo. Aprendamos com São Paulo e com Nosso Senhor Jesus Cristo a dar sempre sentido às dores e dificuldades que passamos. Os insensatos murmuram dos sofrimentos e os sábios tiram proveito para a contribuição da obra de Cristo.

Por Fábio Nunes, via Canção Nova

Publicado em Catedral Divino Espírito Santo (Palmas – TO)

Meditar a Paixão de Cristo na Quaresma

“TENDO, POIS, CRISTO PADECIDO NA CARNE, ARMAI-VOS TAMBÉM VÓS DO MESMO PENSAMENTO.”

Christo igitur passo in carne, et vos cadem cogitatione armamini. (1Pd 4,1)

I — Se Cristo padeceu tanto na sua carne, não o fez porque sua carne tivesse necessidade disso, mas porque a tua tinha necessidade destes padecimentos. Ele foi puríssimo e perfeitíssimo. Nunca teve necessidade de subtrair de sua carne o mal; jamais teve necessidade de incitá-la ao bem. Padeceu pela tua carne, que tinha grandíssima necessidade desses padecimentos, porque é tão preguiçosa para o bem e sempre tão pronta para o mal. Pareceria, pois, que o Apóstolo deveria dizer: “Tendo Cristo padecido na carne, armai-vos também vós da mesma Paixão”. Porque, se Cristo se comportou tão severamente para com a sua carne, o que não deverias fazer tu contra a tua, que é tão inclinada ao mal? Mas o Apóstolo, que conhecia a nossa fraqueza, só disse: “Armai-vos também vós do mesmo pensamento”. Quer que, se não te armas da Paixão de Cristo, armes-te ao menos do pensamento de tal Paixão. Que desculpa poderias ter, se não te resolvesses nem mesmo a isso?

II — Esse armamento deve ser duplo. Defensivo e ofensivo.

    Defensivo, para rebater os assaltos da tua carne rebelde.

    Ofensivo, para assaltá-la, isto é, para mantê-la humilde, obediente, para jazer com que ela pague ao espírito aquele tributo que lhe convém.

    O pensamento da Paixão de Cristo te servirá, pois, antes de tudo como armadura, para rebateres virilmente os assaltos da carne. Todos ensinam que o mais eficaz remédio contra as tentações sensuais é pensar no que Cristo padeceu por nós. “Põe como escudo de seu coração o seu trabalho” (Lm 3,65). Como é possível que te ponhas a contemplar Cristo na Cruz, que o vejas despido, todo gotejante de sangue por tua causa, escarnecido, triturado, e penses ainda em dar ao teu corpo todas as delícias lícitas e ilícitas? Sentirás logo uma santa ira contra ti mesmo e quererás maltratar-te, castigar-te como convém. O que não é só defender-se da carne, mas fazer-lhe uma ofensiva. Nota, porém, que para isso não basta uma recordação, um pensamento superficial da Paixão de Cristo. É necessário um pensamento muito atento. ‘‘Tendo, pois, Cristo padecido na carne, armai-vos vós também do mesmo pensamento”. Com efeito, este pensamento é que é útil: o pensamento assíduo. Não digas que se tomam as armas quando se faz necessário, e depois se as depõem. Se a carne te faz guerra continuamente, ou está sempre disposta a mover-se, dize-me só em que tempo podes depor as armas contra ela?

IV — Para que o pensamento da Paixão te seja realmente útil, deves procurar sobretudo aprender com viveza Quem seja Aquele que sofreu por ti. Por isso, São Pedro diz: “Tendo, pois, Cristo padecido na carne”. Trata-se do Filho de Deus. Ainda que Ele não tivesse feito outra coisa pela tua salvação, o fato único de ter provado sobre a Cruz aquele fel amargo deveria ser suficiente para ti, pobre verme da terra, para que vivesses imerso num mar de amargura, por seu amor. Quando Tobias viu todos os benefícios que o companheiro de seu filho lhe tinha feito, pensou dar-lhe metade de todos os seus bens, em reconhecimento. Mas quando chegou a conhecer que se tratava de um Anjo do Céu, caiu por terra como aniquilado, na impossibilidade de exprimir de algum modo a sua admiração e a sua devoção. Tu também deves comover-te sem dúvida com o pensamento de quanto Jesus sofreu por ti na sua Paixão. Mas, quando te recordas que Quem sofreu tudo isso foi o Filho de Deus Eterno, que desceu do Céu à Terra, tens de ficar infinitamente comovido e pronto a qualquer momento também morrer por Ele. “Quem me concederá de morrer por ti?” (2Rs 18,33). Se o teu coração tem sensibilidade, por mínima que seja, não pode deixar de ficar profundamente comovido com a Paixão de Jesus. Então a tua carne retrocederá e começará a deixar de dar-te tanto trabalho: “Eu me lembrarei disto sem cessar e a minha alma definhará dentro de mim” (Lm 3,20). 

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** Da obrigatória obra do Venerável Padre Paulo Ségneri, “Maná da Alma”, vol. VII (São Paulo: Realeza, 2023) – para adquirir esta e outras obras com um desconto especial para leitores d’O Fiel Católico, acessar este link e usar o cupom OFielCatolico – (obs.: o vol. VII, do qual foi extraído o trecho aqui reproduzido, encontra-se em fase de revisão e será lançado nos próximos meses; os primeiros 4 volumes da coleção estão disponíveis na loja).

Publicado em O Fiel Católico.

ORAÇÕES PARA O TEMPO DA QUARESMA (Para cada dia da semana)


ORAÇÃO PARA O INÍCIO DA QUARESMA

DEUS, Criador da minha vida, renova-me: traz-me para uma nova vida em Ti.
Toca-me e faz-me sentir integra novamente.
Ajuda-me a ver o Teu Amor na Paixão, morte e Ressurreição de Vosso Filho..
Ajuda-me a observar a Quaresma de uma forma que me permita celebrar esse
mesmo Amor.
Ajuda-me a preparar para viver estas semanas da Quaresma, à medida que eu
sinto uma profunda tristeza pelos meus pecados e Teu Amor Eterno por mim.
Pai Santo, que Jesus mande sobre mim o Espírito Santo, conduzindo-me neste
tempo favorável a uma sincera conversão.
Preciso Senhor viver a Graça do meu Batismo, morrendo para o que não é Teu
e vivendo conformada à Tua Vontade.
Que a Tua Palavra me conduza durante todos os dias deste Retiro Quaresmal.
Com o Jejum, a Oração e a Caridade operosa, unida à penitência, espero a
Vida Nova na Páscoa! Amém!

ORAÇÕES PARA CADA DIA DA SEMANA

Domingo
Deus de infinita misericórdia,
às vezes, há tanta escuridão na minha vida
que me escondo de Ti.
Eu humildemente te peço, pega minha mão,
e tira-me das sombras do meu medo.
Ajuda-me a mudar meu coração,
e leva-me para a Tua verdade.
ajudando-me a responder ao Teu generoso amor.
Deixe-me reconhecer a plenitude do Teu amor,
que preencherá a minha vida.
Livra-me da escuridão no meu coração.Assim seja.

Segunda-Feira
Senhor meu Deus,
o Vosso mandamento do amor é tão simples e tão desafiador.
Ajudai-me a deixar ir o meu orgulho e a ser humilde na minha penitência.
Eu quero viver da maneira que Vós me pedis para amar,
e amar da maneira Vós me pedis para viver.
Isto eu peço, através do Vosso filho, Jesus,
que está ao meu lado hoje e sempre.Assim seja.

Terça-Feira
Meu Deus,
que estais no céu
e sempre presente na minha vida,
guiai-me e protegei-me.
Leva-me com o Teu amor para longe do mal,
e guia-me pelo caminho certo.
Obrigada pelo cuidado que Vós tendes por mim.
Que o Vosso Espírito inspire a Igreja
e nos faça um instrumento do Teu amor. Assim seja.

Quarta-Feira
Deus de amor,
purifica os meus desejos para melhor Te servir.
através desta jornada quaresmal.
Livra-me da tentação de julgar os outros,
para me colocar acima deles;
e deixa-me render,
mesmo na minha impaciência, para com os outros.
Que com o Teu amor e Tua graça,
eu possa estar menos absorvido comigo mesmo,
e mais cheio do desejo a seguir-Te,
na vida que estabeleci,
de acordo com o Vosso Santo exemplo.Assim seja.

Quinta-Feira
Deus de amor eterno,
Eu ouço o Teu constante convite: “Vem, volta para Mim”,
e eu também anseio voltar para Vós.
Mas, preciso que me mostres o caminho para retornar.
Orienta-me neste dia, em boas obras que eu faça em Teu nome,
e envia-me o Teu Espírito, para guiar e fortalecer a minha fé.Assim seja.

Sexta-Feira
Amado Deus e Pai Carinhoso.
Eu sou apenas como uma criança
que vira tantas vezes as costas ao Teu Amor.
Por favor, aceita os meus atos de arrependimento de hoje
e ajuda-me a libertar do egocentrismo
que fecha o meu coração para Ti.
Como nesta jornada através de Quaresma,
deixa-me lembrar a festa que preparaste para mim,
na ressurreição da Vida Eterna.
Sendo assim preenchida com Graças e Louvores a Vós.Assim seja.
OBS: Todas as 6ª feiras recomenda-se rezar a Via Sacra.

Sábado
Deus de Amor infinito,
Vós me presenteais com inúmeras ofertas,
ao longo da minha vida.
Pelo que, no meu pensamento e ações de hoje,
Vos peço que me guiais à luz brilhante,
e cheia de Amor de Vosso Reino.
Ajuda-me a estar ciente,
das muitas maneiras que Vós me permitis
compartilhar Vossa vida.
Agradeço-Vos os presentes que Vós colocastes no meu caminho.
Deixai-me estar grato a cada momento deste dia.Assim seja.

Publicado em Nos Passas de Maria.

Amor de Jesus Cristo em dar-se a nós como alimento

Santa Comunhão - Eucaristia

Tire o maior proveito desta Meditação seguindo os passos
para se fazer a Oração Mental proposta por Santo Afonso!

In funiculis Adam traham eas, in vinculis caritatis… et declinavi ad eum ut vescerentur – “Eu as atrairei com as cordas com que se atraem os homens, com as prisões da caridade… inclinei-me para ele, para que comesse” (Os 11, 4)

Sumário. Quanto se julgaria distinguido o súdito a quem o príncipe mandasse algumas iguarias da sua mesa? Jesus Cristo, porém, na santa comunhão, nos dá para sustento, não só uma parte da sua mesa, mas o seu próprio corpo, a sua alma e a sua divindade. Será porventura uma pretensão exagerada da parte do Senhor, se, em compensação de tão grande dom, nos pede o nosso pobre coração todo inteiro? Todavia quantos cristãos não há que Lho recusam completamente ou Lho querem dar, mas dividido entre Ele e as criaturas?

I. Jesus Cristo não satisfez o seu amor, sacrificando a sua vida por nós num oceano de ignomínias e dores, a fim de patentear o amor que nos tinha. Além disso, e para nos obrigar mais fortemente a amá-Lo, quis, na véspera da sua morte, deixar-se todo a nós como nosso alimento na santíssima Eucaristia. ― Deus é todo-poderoso, mas depois de dar-se a uma alma neste Sacramento de amor, não lhe pode dar mais. Diz o Concílio de Trento que Jesus, dando-se aos homens na santa comunhão, derramou (por assim dizer) neste único dom todas as riquezas de seu amor infinito: Divitias sui erga homines amoris velut effudit.

Como não se julgaria honrado, escreve São Francisco de Sales, o vassalo a quem o príncipe enviasse algumas iguarias da sua mesa! E que seria se lhe desse para sustento alguma coisa da sua própria substância? Jesus Cristo, porém, na santa comunhão, nos dá para sustento, não só uma parte de sua mesa, não só uma parte da sua carne sacrossanta, mas o seu corpo inteiro: Accipite et comedite: hoc est corpus meum (1) ― “Tomai e comei, isto é o meu corpo”. E com o corpo nos dá também a alma e a divindade. Numa palavra, diz São João Crisóstomo, Jesus Cristo dando-se a si próprio no Santíssimo Sacramento, dá tudo o que tem e não Lhe resta mais nada para dar: Totum tibi dedit, nihil sibi reliquit.

É pois com razão que este dom é chamado por Santo Tomás: sacramento e penhor de amor, e por São Bernardo: amor dos amores: amor amorum, porque Jesus Cristo reúne e completa neste sacramento todas as outras finezas do seu amor para conosco. Pelo mesmo motivo Santa Maria Madalena de Pazzi chamava o dia em que Jesus instituiu este sacramento, o dia do amor. Ó maravilha e prodígio do amor divino! Deus, o Senhor de todas as coisas, se faz todo nosso!

II. Praebe, fili mi, cor tuum mihi (2) ― “Meu filho, dá-me teu coração”. Eis o que Jesus Cristo nos diz lá de dentro do santo Tabernáculo: Meu filho, em compensação do amor que te mostrei, dando-te o dom inapreciável do Santíssimo Sacramento, dá-me o teu coração e ama-me de hoje em diante com todas as tuas forças, com toda a tua alma. ― Parece-te porventura, meu irmão, que o nosso Salvador é exigente demais, depois de se ter dado a si próprio sem reserva? Todavia, quantos cristãos não há que recusam por completo seu coração a Jesus, ou querem dividi-lo entre Ele e as criaturas!

Ó meu caro Jesus, que mais podeis executar para nos atrair a vosso amor? Ah! Dai-nos a conhecer por que excesso de amor Vos reduzistes a estado de alimento, para Vos unir a pobres e vis pecadores como somos? Ó meu Redentor, vossa ternura para comigo tem sido tão grande, que não recusastes dar-Vos muitas vezes todo a mim na santa comunhão; e eu, quantas vezes tive a ingratidão de Vos expulsar da minha alma! Mas não é possível que desprezeis um coração contrito e humilhado. Por mim Vos fizestes homem, por mim morrestes e chegastes a Vos fazer meu alimento; após isto, que Vos fica ainda por fazer no intuito de conquistardes meu amor? Ah! Não poder eu morrer de dor, cada vez que me lembro de ter assim desprezado vossa graça! Ó meu Amor, arrependo-me de todo o meu coração de Vos ter ofendido. Amo-Vos, ó Bondade infinita; amo-Vos, ó Amor infinito. Nada mais desejo senão amar-Vos, e nada mais temo senão viver sem Vos amar.

Meu amado Jesus, não recuseis vir à minha alma. Vinde, porque estou resolvido a morrer antes mil vezes, que repelir-Vos de novo, e quero fazer tudo para Vos agradar. Vinde e abrasai-me todo no vosso amor. Fazei com que me esqueça de todas as coisas, para não mais pensar senão em Vós, e só a Vós buscar, meu único e soberano Bem. ― Ó Maria, minha Mãe, rogai por mim, e, por vossas orações, tornai-me reconhecido para com Jesus Cristo, que tanto amor me tem.

Referências:

(1) I Cor 11, 24
(2) Pv 23, 26

Publicado em Rumo à Santidade.

Quaresma, tempo de assumir a minha cruz


Quaresma, tempo de assumir a minha cruz!

“Cristo sofreu também por vós deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos.” (1Pd 2,21)

É bem desafiador assumir a minha cruz, mas quando me deparo com essa realidade e recordo o meu passado vejo como foi importante assumir, pois quando resisti e não quis assumir a vontade de Deus em minha vida, carregar a cruz foi mais pesado e doloroso.

Assumir a cruz não é uma tarefa fácil e nem tão simples, exige coragem, fé decisão e vida de oração. Pois volto a dizer que assumir a cruz é seguir os passos de Jesus.

Assumir a cruz é um exercício diário e muito particular, o que pode ser cruz para mim, pode não ser para você.

Nesta quaresma faça essa experiência de fé, “Assuma sua cruz”, e você verá que  Deus  sempre envia um Simão Cirineu  no meio do caminho, e olha se eu for detalhar minha trajetória, o Bom Deus enviou alguns. Assumir a cruz faz parte da vida de cada cristão, porque não a enxergamos somente como sacrifício, mas também como alegria e salvação.

Qual a sua cruz?

A depressão, ansiedade, desemprego, enfermidade, traição, dependência química?

Apresenta a Jesus, cada cruz tem seu peso, sua dor, seu sacrifício. Se puder pare uns 10 minutos diante de um crucifixo,  contemple  e peça a graça de assumir a sua cruz com amor, Jesus irá nos ensinar,  Ele derramou seu amor por mim e por você. Queira assumir com coragem e fé, pois assim trilharemos nosso caminho rumo ao céu!

“Quem não busca a cruz  de Cristo, não busca a glória de Cristo. ” (São João da Cruz)

Daniela da Silva de Amorim

Missionária Consagrada Arca da Aliança

Missão Joinville/SC

Publicado em Arca da Aliança – Comunidade Católica.

Cantos Gregorianos para Quaresma (Gregorian Chants)

Publicado por Marcelo Fernandes Ferreira.

MEDITAÇÃO DE SANTA TERESA D’ÁVILA SOBRE A PAIXÃO DE CRISTO

Não vos peço agora que penseis n’Ele, nem que formais muitos conceitos, nem que façais grandes e perfeitas considerações com o vosso entendimento; só vos peço que olheis para Ele. (…) Olhai que Ele, como diz à Esposa[1], não está à espera de outra coisa senão que olhemos para Ele. Encontrá-l’O-eis da forma que quiserdes. Ele quer tanto que volvamos os nossos olhos para Ele, que para isso não poupará nenhuma diligência sua. (…)

Se estais a sofrer ou tristes, vede-O a caminho do Horto. Que angústia não Lhe ia na alma, pois, apesar da sua conformidade com o sofrimento, manifesta-a e queixa-se dela. Vede-O atado à coluna, cheio de dores, com o corpo todo despedaçado por vos amar tanto. Quantos tormentos! Uns perseguiam-n’O; outros cuspiam-Lhe! Negado e abandonado pelos seus amigos, sem ninguém que seja por Ele! Gelado de frio e em total solidão! Olhai-O e, assim, podereis consolar-vos mutuamente. Vede-O com a cruz às costas, que mal O deixavam tomar fôlego. Com Seus olhos tão belos e compassivos, cheios de lágrimas, Ele olhar-vos-á e olvidará as Suas dores para aliviar as vossas, somente para que vos conforteis com Ele e volteis a cabeça para O ver!

Se o vosso coração se enterneceu de O ver assim; se não vos contentais só em olhar para Ele, mas atá gostaríeis de Lhe falar, não com orações feitas mas com a dor do vosso coração – que Ele muitíssimo estima – podeis dizer-Lhe: Ó Senhor do mundo e meu verdadeiro Esposo, se estais tão necessitado, meu Senhor e meu Bem, admiti uma pobre companhia como a minha, pois vejo a consolação do vosso rosto por me ver! Mas como é possível, meu Senhor, que os anjos Vos tenham deixado tão só e nem mesmo o Vosso Pai Vos console? Se é assim, Senhor, que tudo quereis sofrer por mim, o que é isto que agora sofro por Vós? De que me queixo? Até me sinto envergonhada de Vos ter visto assim! Eu quero, Senhor, sofrer todos os trabalhos que me vierem, e tê-los em grande bem por Vos imitar nalguma coisa. Andemos juntos, Senhor; por onde fordes, tenho de ir; por onde passardes, tenho de passar.

Pegai, filhas, naquela cruz, para que não vá tão carregado, e não vos importeis que os judeus vos maltratem. Não façais caso do que vos disserem. Fazei-vos surdas às murmurações. Tropeçando, caindo com o vosso Esposo, não vos separeis da cruz, nem a largueis. Olhai bem o Seu cansaço e vede o quanto maiores são os seus trabalhos em relação aos vossos! Por grandes que os quereis imaginar, e por muito que os quereis sentir, saireis deles consoladas, porque vereis que são uma farsa comparados com os de Senhor.

Direis, irmãs, como é possível fazerem isto, porque, se O tivésseis visto como os olhos do corpo no tempo em que sua Majestade andava no mundo, o teríeis feito de boa vontade e olhado sempre para Ele.

Não acrediteis nisso. Quem não quer fazer agora um bocadinho de esforço para recolher a vista e ficar dentro de si a contemplar este Senhor – podendo fazê-lo sem perigo, bastando só alguma cautela – como poderia ficar ao pé da cruz com Madalena, que via a morte diante dos olhos? Ah, quando deve ter sofrido a gloriosa Virgem Maria e esta santa bendita! Quanta ameaça, quantas palavras más e inconvenientes! Mas que gente tão cortês era essa com quem lidavam! Sim, era gente do inferno, porque eram ministros do demônio. Por certo que devia ter sido terrível o que passaram, porém, diante de uma dor maior, nem sentiriam a sua.

Santa Teresa d’Ávila,

In Caminho de Perfeição, capitulo 26.

Publicado em Apostolado da Oração – Paróquia de Nossa Senhora da Assunção Colares.

Mensagens sobre a Quaresma

Os quarenta dias que antecedem o grande momento em que Jesus retornou é um período marcado por alguns aspectos importantes. Desenvolva-os se inspirando em mensagens religiosas e modifique sua forma de enxergar a Quaresma. É preciso ter muita fé, preparo e reflexão.

Toque de Deus

Que nesta Quaresma o amor de Deus preencha o seu coração e a sua vida. Que você sinta o Seu poder emanando de seu corpo, mudando a sua vida e a sua mente. Que você aproveite tudo isso para se tornar uma pessoa melhor e mais completa. Que você siga os ensinamentos de Jesus Cristo!

Solidão

Por mais que você sinta que está sozinho, saiba que Deus e Jesus Cristo estão sempre te acompanhando! Principalmente nesse período de Quaresma, acredite: eles estão olhando por você e colocando as pessoas certas no seu caminho. Tudo o que você deve fazer é prestar atenção ao seu redor!

Gratidão sem fim

Estamos na Quaresma. Isso quer dizer que estamos no momento perfeito para pensar um pouquinho sobre tudo o que conquistamos na nossa vida e todas as pessoas que fazem ela valer a pena. Aproveite o momento que você tem ao lado delas e nunca deixa de dizer o quanto elas significam para você!

Que Deus entre em nossas vidas nesta Quaresma

Tudo o que eu desejo nesta Quaresma é que Deus entre em nossas vidas e nos ofereça o seu perdão e o seu amor. Só assim nós seremos capazes de encontrar a força necessária que fica sempre dentro de nós. Só assim nós poderemos mudar as nossas vidas para melhor, transformando assim, a vida de todas as pessoas que nos cercam.

Tempo de perdão

Jesus Cristo não pensou duas vezes antes de perdoar todas as pessoas que lhe fizeram mal. Ele também não pensou duas vezes antes de sacrificar a sua própria vida para que nós pudéssemos viver a nossa. É por esse motivo que a Quaresma é tempo de perdão. Então, deixe de lado tudo aquilo que te separa do que é bom e do que é amor. Perdoe a si mesmo e a todos!

Momento de refletir!

Tudo bem errar, afinal, ninguém é perfeito. Mas é importante aprender com aquilo que você faz de errado para que isso não se repita. Então, nessa Quaresma, aproveite para refletir sobre a sua vida, sobre tudo o que você está fazendo que está dando certo e também sobre tudo o que você poderia fazer para consertar os erros. Aproveite esse momento para se tornar uma pessoa melhor.

Quaresma: uma oportunidade de amor

Aproveite a Quaresma e o sentimento de amor que ela nos proporciona! Use essa época do ano como uma oportunidade para você colocar em prática tudo de bom que Jesus Cristo ensinou. Lembre-se que ele se sacrificou por nós para que a gente pudesse fazer o bem ao próximo!

Não deixe de agradecer

O ato mais importante que você pode fazer durante a Quaresma é agradecer por todas as bênçãos que você recebeu e todas as coisas boas que você pode observar em sua vida. Mesmo que não pareça, você é uma pessoa muito sortuda simplesmente por estar vivo! Então, não subestime o poder da nossa vida e aproveite para contemplar sobre as suas ações e como você pode melhorar o seu dia a dia!

Aproveite a sua própria companhia

Durante a Quaresma, está tudo bem em querer ficar um pouco sozinho. Afinal, esse período sempre nos deixa muito pensativos e reflexivos. Mas lembre-se sempre que, mesmo que você não tenha ninguém ao seu redor, Deus e Jesus Cristo estão sempre guiando os seus pensamentos!

Caridade

Com o amor de Jesus Cristo, você é capaz de fazer coisas extraordinárias na sua vida, então, use isso para o bem! Não deixe de ajudar os necessitados nesse tempo de Quaresma. Prepare-se para a Páscoa seguindo todos os ensinamentos cristãos!

Quaresma: momento de sorrir

Nesta Quaresma, ofereça o seu sorriso como uma bênção para você e para todos que estiverem próximos de ti. Ofereça a sua mão para ajudar alguém a se levantar em um momento difícil. Ofereça o seu ombro amigo para quem precisar. Nesta Quaresma, seja a pessoa que Jesus Cristo gostaria que você fosse!

Venha aqui… Chegue mais perto! Não vamos nos isolar nesse momento tão importante de nossas vidas. Vamos aproveitar que estamos passando pela Quaresma e vamos celebrar essa data juntos, vamos permitir que o amor de Deus molde os nossos corações e as nossas atitudes!

Encontre motivação na Quaresma

Jesus Cristo sacrificou a sua vida para que nós tivéssemos a chance de viver e fazer o bem para o próximo. Por isso, durante a Quaresma desse ano, não deixe de encontrar a motivação que você precisa para seguir em frente no caminho do amor, da fé e da esperança.

A Quaresma está aqui!

A Quaresma está aqui, e agora é o momento de olhar para dentro de si e ver todas as mudanças que precisam ser realizadas em sua vida. Com a força de Cristo, você será capaz de enfrentar todos os desafios que aparecerão no seu caminho, da melhor forma possível. Coragem, você vai conseguir!

Publicado em Mensagens com Amor.

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Piedosas e edificantes meditações sobre os sofrimentos de Jesus

Por Sto. Afonso Maria de Ligório.

INVOCAÇÃO A JESUS E MARIA

Ó Salvador do mundo, ó amante das almas, ó Senhor, o mais digno objeto de nosso amor, vós, por meio de vossa Paixão, viestes a conquistar os nossos corações, testemunhando-lhes o imenso afeto que lhes tendes, consumando uma redenção que a nós trouxe um mar de bênçãos e a vós um mar de penas e ignomínias. Foi por este motivo principalmente que instituístes o SS. Sacramento do altar, para que nos lembrássemos continuamente de vossa Paixão, como diz S. Tomás: ut autem tanti beneficii jugis in nobis maneret memoria, corpus suum in cibum fidelibus dereliquit (Opusc. 57). E já antes dele disse S. Paulo: Quotiescumque enim manducabitis panem hunc… mortem Domini annunciabitis (1Cor 11,26).

Como tais prodígios de amor já tendes conseguido que inúmeras almas santas, abrasadas nas chamas de vosso amor, renunciassem a todos os bens da terra, para se dedicarem exclusivamente a amar tão somente a vós, amabilíssimo Senhor. Fazei, pois, ó meu Jesus, que eu me recorde sempre de vossa Paixão e que, apesar de miserável pecador, vencido finalmente por tantas finezas de vosso amor, me resolva a amar-vos e a dar-vos com o meu pobre amor algumas provas de gratidão pelo excessivo amor que vós, meu Deus e meu Salvador, me tendes demonstrado.

Recordai-vos, ó Jesus meu, que eu sou uma daquelas vossas ovelhinhas, por cuja salvação viestes à terra sacrificar vossa vida divina. Eu sei que vós, depois de me terdes remido com vossa morte, não deixastes de me amar e ainda me consagrais o mesmo amor que tínheis ao morrer por mim na cruz. Não permitais que eu continue a viver ingrato para convosco, ó meu Deus, que tanto mereceis ser amado e tanto fizestes para ser de mim amado.

E vós, ó SS. Virgem Maria, que tivestes tão grande parte na Paixão de vosso Filho, impetrai-me pelos merecimentos de vossas dores a graça de experimentar um pouco daquela compaixão que sentistes na morte de Jesus e obtende-me uma centelha daquele amor, que constituiu o martírio de vosso coração tão compassivo.

Suplico-vos, Senhor Jesus Cristo, que a força de vosso amor, mais ardente que o fogo, e mais doce que o mel, absorva a minha alma, a fim de que eu morra por amor de vosso amor, ó vós que vos dignastes morrer por amor de meu amor. Amém.

FRUTOS QUE SE COLHEM NA MEDITAÇÃO DA PAIXÃO DE JESUS CRISTO.

INTRODUÇÃO.

1. O amante das almas, nosso amantíssimo Redentor, declarou que não teve outro fim, vindo à terra e fazendo-se homem, que acender o fogo do santo amor nos corações dos homens. “Eu vim trazer fogo à terra e que mais desejo senão que ele se acenda?” (Lc 12,49).

E, de fato, que belas chamas de caridade não acendeu ele em tantas almas, particularmente com os sofrimentos que teve de padecer na sua morte, a fim de patentear-nos o amor imenso que nos dedica! Oh! quantos corações, sentindo-se felizes nas chagas de Jesus, como em fornalhas ardentes de amor, se deixaram inflamar de tal modo por seu amor, que não recusaram consagrar-lhe os bens, a vida e a si mesmos inteiramente, vencendo corajosamente todas as dificuldades que se lhes deparavam na observância da Divina lei, por amor daquele Senhor que, sendo Deus, quis sofrer tanto por amor deles! Foi justamente este o conselho que nos deu o Apóstolo, para não desfalecermos mas até corrermos expeditamente no caminho do céu: “Considerai, pois, atentamente aquele que suportou tal contradição dos pecadores contra a sua pessoa, para que vos não fatigueis, desfalecendo em vossos ânimos” (Hb 12,3).

2. Por isso, S. Agostinho, ao contemplar Jesus todo chagado na cruz, orava afetuosamente:“Escrevei, Senhor, vossas chagas em meu coração, para que nelas eu leia a dor e o amor: a dor, para suportar por vós todas as dores; o amor, para desprezar por vós todos os amores”. Porque, tendo diante dos meus olhos a grande dor que vós, meu Deus, sofrestes por mim, sofrerei pacientemente todas as penas que tiver de suportar, e à vista do vosso amor, de que me destes prova na cruz, eu não amarei nem poderei amar senão a vós.

3. E de que fonte hauriram os santos o ânimo e a força para sofrer os tormentos, o martírio e a morte, senão dos tormentos de Jesus crucificado? S. José de Leonissa, capuchinho, vendo que queriam atá-lo com cordas para uma operação dolorosa que o cirurgião devia fazer-lhe, tomou nas mãos o seu crucifixo e disse: Cordas? Que cordas! Eis aqui os meus laços. Este Senhor pregado por meu amor com suas dores obriga-me a suportar qualquer tormento por seu amor.

E dessa maneira suportou a operação sem se queixar, olhando para Jesus, que “como um cordeiro se calou diante do tosquiador e não abriu a sua boca” (Is 53,7). Quem mais poderá dizer que padece injustamente vendo Jesus que “foi dilacerado por causa de nossos crimes?” Quem mais poderá recusar-se a obedecer, sob pretexto de qualquer incômodo, contemplando Jesus “feito obediente até à morte?” Quem poderá rejeitar as ignomínias, vendo Jesus tratado como louco, como reide burla, como malfeitor, esbofeteado, cuspido no rosto e suspenso num patíbulo infame?

4. Quem, pois, poderá amar um outro objeto além de Jesus, vendo-o morrer entre tantas dores e desprezos, a fim de conquistar o nosso amor? Um pio solitário rogava ao Senhor que lhe ensinasse o que deveria fazer para amá-lo perfeitamente. O Senhor revelou-lhe que, para chegar a seu perfeito amor, não havia exercício mais próprio que meditar frequentemente na sua Paixão.

Queixava-se S.Teresa amargamente de alguns livros, que lhe haviam ensinado a deixar de meditar na Paixão de Jesus Cristo, porque isto poderia servir de impedimento à contemplação da divindade. Pelo que a santa exclamava: “Ó Senhor de minha alma, ó meu bem, Jesus Crucificado, não posso recordar-me dessa opinião sem me julgar culpada de uma grande infidelidade. Pois seria então possível que vós, Senhor, fôsseis um impedimento para um bem maior? E donde me vieram todos os bens senão de vós?”

E em seguida ajuntava: “Eu vi que, para contentar a Deus e para que nos conceda grandes graças, ele quer que tudo passe pelas mãos dessa humanidade sacratíssima, na qual se compraz sua divina majestade”.

5. Por isso dizia o Padre Baltasar Álvarez que o desconhecimento dos tesouros que possuímos em Jesus é a ruína dos cristãos, sendo por essa razão a Paixão de Jesus Cristo sua meditação preferida e mais usada, considerando em Jesus especialmente três de seus tormentos: a pobreza, o desprezo e as dores, e exortava os seus penitentes a meditar frequentemente na Paixão do Redentor, afirmando que não julgassem ter feito progresso algum se não chegassem a ter sempre impresso no coração a Jesus crucificado.

6. Ensina S. Boaventura que quem quiser crescer sempre de virtude em virtude, de graça em graça, medita sempre Jesus na sua Paixão. E ajunta que não há exercício mais útil para fazer santa uma alma do que considerar assiduamente os sofrimentos de Jesus Cristo.

7. Além disso afirmava S. Agostinho (ap. Bern. de Bustis) que vale mais uma só lágrima derramada em recordação da Paixão de Jesus, que uma peregrinação a Jerusalém e um ano de jejum a pão e água. E na verdade, porque vosso amante Salvador padeceu tanto senão para que nisso pensássemos e pensando nos inflamássemos no amor para com ele? “A caridade de Cristo nos constrange”, diz S. Paulo (2Cor 5,14).

Jesus é amado por poucos, porque poucos são os que meditam nas penas que por nós sofreu; que, porém, as medita a miúdo, não poderá viver sem amar a Jesus: sentir-se-á de tal maneira constrangido por seu amor que não lhe será possível resistir e deixar de amar a um Deus tão amante e que tanto sofreu para se fazer amar.

8. Essa é a razão por que dizia o Apóstolo que não queria saber outra coisa senão Jesus e Jesus Crucificado, isto é, o amor que ele nos testemunhou na cruz. “Não julgueis que eu sabia alguma coisa entre vós senão a Jesus Cristo e este crucificado (1Cor 2,2). E na verdade, em que livros poderíamos aprender melhor a ciência dos santos (que é a ciência de amar a Deus) do que em Jesus Crucificado?

O grande servo de Deus, Frei Bernardo de Corleone, capuchinho, não sabendo ler, queriam seus confrades ensinar-lhe. Ele, porém, foi primeiro aconselhar-se com seu crucifixo e Jesus respondeu-lhe da cruz: “Que livro! Que ler! eu sou o teu livro, no qual poderás sempre ler o amor que eu te consagro!” Oh! que grande assunto de meditação para toda a vida e para toda a eternidade: um Deus morto por meu amor!

9. Visitando uma vez S.Tomás d’Aquino a S. Boaventura, perguntou-lhe de que livro se havia servido para escrever tão belas coisas que havia publicado. S. Boaventura mostrou-lhe a imagem de Jesus crucificado, toda enegrecida pelos muitos beijos que lhe imprimira, dizendo-lhe: “Eis o meu livro, donde tiro tudo o que escreve; ele ensinou-me o pouco que eu sei”. Todos os santos aprenderam a arte de amar a Deus no estudo do crucifixo. Fr. João de Alvérnia, todas as vezes que contemplava Jesus coberto de chagas, não podia conter a lágrimas. Fr.Tiago de Todi, ouvindo ler a Paixão do Redentor, não só derramava abundantes lágrimas, mas prorrompia em soluços, oprimido pelo amor de que se sentia abrasado por seu amado Senhor.

10. S. Francisco fez-se aquele grande serafim pelo doce estudo do crucifixo. Chorava tanto ao meditar os sofrimentos de Jesus Cristo, que perdeu quase totalmente a vista. Uma vez encontraram-no chorando em altas vozes e perguntaram-lhe a razão. “O que eu tenho? Respondeu o santo, eu choro por causa dos sofrimentos e das afrontas ocasionadas ao meu Senhor e minha pena cresce e aumenta vendo a ingratidão dos homens que não o amam e dele se esquecem”.

Todas as vezes que ouvia balar um cordeiro, sentia grande compaixão, pensando na morte de Jesus, Cordeiro imaculado, sacrificado na cruz pelos pecados do mundo. Por isso, esse grande amante de Jesus nada recomendava com tanta solicitude a seus irmãos como a meditação constante da Paixão de Jesus.

11. Eis, portanto, o livro, Jesus Crucificado, que, se for constantemente lido por nós, também nós aprenderemos de um lado temer o pecado e doutro nos abrasaremos em amor por um Deus tão amante, lendo em suas chagas a malícia do pecado que reduziu um Deus a sofrer uma morte tão amarga para por nós satisfazer a justiça divina e o amor que nos manifestou o Salvador, querendo sofrer tanto para nos fazer compreender o quanto nos amava.

12. Supliquemos à divina Mãe Maria, que nos obtenha de seu Filho a graça de entrarmos nessa fornalha de amor onde ardem tantos corações para que aí sejam destruídos nossos afetos terrenos e possamos nos abrasar naquelas chamas bem-aventuradas que fazem as almas santas na terra e bem-aventuradas no céu.

Publicado em A Obra do Divino Espírito Santo.

O amor de Jesus e a Cruz, maior motivo para amá-lo

São Bernardo ensina que os padecimentos pelos quais passou Nosso Senhor, passou por amor a nós. Portanto, a relação do amor de Jesus Cristo e o sacrifício da Cruz é o maior motivo que nos faz amar Jesus.

Além disso, São Luis Maria Grignion de Montfort nos diz que entre todos os motivos que nos podem impulsionar a amar Jesus Cristo, o mais poderoso são os sofrimentos que aceitou padecer para nos testemunhar o seu amor pela humanidade.

Justamente esta obra de redenção, este testemunho de caridade que tornou Jesus Cristo amável aos nossos corações. Nesse sentido, as circunstâncias que acompanharam a Paixão de Nosso Senhor tornam nítido aos nossos olhos esse infinito amor.

Podemos citar três circunstâncias de seus sofrimentos.

O amor de Jesus foi apresentado na Cruz

A primeira circunstância consistiu na excelência da sua pessoa, que deu valor infinito a todos os sofrimentos da sua paixão.

Se Deus tivesse enviado um Serafim para morrer por nós, sem dúvida que isso teria sido um fato admirável, porém, o Criador do céu e da terra fez algo infinitamente maior. O Filho Unigênito de Deus encarnou-se e deu sua vida.

Da mesma forma, se pudéssemos colocar ao lado da Vida de Jesus, a vida de todos os Anjos, de todos os homens e de todas as criaturas juntas, elas seriam menos que a vida de um mosquito comparada com o Deus que nos amou e por isso morreu na Cruz.

A Cruz e amor de Jesus pela humanidade pecadora

A qualidade das quais Cristo sofreu é a segunda circunstância. Trata-se dos próprios homens, criaturas desprezíveis e inimigas de Deus pelo pecado.

Por outro lado, é verdade que já houve casos de amigos que deram a vida pelos seus amigos; porém, será que alguém – com exceção do Filho de Deus – já tenha dado a vida por um de seus inimigos?

Assim, observando o  amor de Jesus e a Cruz, ficam claras as palavras de São Paulo: “Deus, porém, demonstra o Seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós, quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,8).

Porque amou todos os homens, Jesus sofreu até o fim

Qual o tamanho e a duração dos sofrimentos de Cristo?

Esta é a terceira circunstância, pois, foi tal a quantidade dos seus tormentos que veio a ser chamado por Isaías de o Homem das Dores, no qual, desde a planta dos pés até o alto da cabeça, não há nada nele sem sofrimento.

Definitivamente, este Amigo tão querido de nossas almas sofreu de todas as maneiras: padecimentos exteriores e interiores, no corpo e na alma.

Diante de tudo isso, os santos dizem que Jesus Cristo, apesar de ter podido ficar na Glória do Paraíso, infinitamente distante de nossas misérias, preferiu vir à terra, tornar-se homem  e demonstrar seu amor através da Cruz.

Ao mesmo tempo, se fosse sua vontade, depois de ter assumido um corpo mortal, Ele poderia tê-lo revestido de glória e felicidade. Porém, não quis proceder assim e preferiu sofrer. Sofrer por mim, por você, leitor.

Nesse sentido, um autor afirma que, o Pai Eterno ofereceu a Jesus, no momento da encarnação, a possibilidade de escolher como salvar a humanidade.

Poderia redimir o mundo pela via do prazer, das honras e das riquezas ou pela via dos tormentos, desprezos e pobreza, se pela vida ou pela morte.

Imediatamente Ele escolheu os padecimentos e a Cruz para dar assim maior glória ao Pai e, deste modo, testemunhar do amor de Jesus pela humanidade, por cada um de nós!

A sede de Amor pela humanidade

Além disso, podemos recordar que, enquanto Nosso Senhor estava na Cruz ele exclamou: “Tenho sede”. Mas de que sede Ele falava?

Em primeiro lugar, é São Lourenço Justiniano que explica, esta sede jorrava do ardor do amor de seu Coração, da torrente de sua caridade. Ou seja, tinha sede de nós e suspirava por nós, de sofrer e oferecer-se por nós!

Finalmente, depois de tudo isso dito, podemos entender porque devemos amar Jesus.

De fato, a Santa Igreja nos faz refletir todos os dias sobre este amor de Jesus pela humanidade, e concluímos que “o mundo não O conheceu”.

O mundo não conheceu Jesus Cristo. E, para dizer a verdade, conhecer o que Nosso Senhor padeceu por nós e não amar a Ele ardentemente é algo moralmente impossível.

Amemos este que tanto nos amou!

Publicado em Maria Rainha dos Corações.

Abraça Jesus crucificado, amante e amado

Wikipédia

“Querida irmã em Jesus. Eu, Catarina, serva dos servos de Jesus, escrevo-te no seu precioso sangue, desejosa que te alimentes do amor de Deus e que dele te nutras, como do seio de uma doce mãe. Ninguém, de facto, pode viver sem este leite!

Quem possui o amor de Deus, nele encontra tanta alegria que cada amargura se transforma em doçura e cada grande peso se torna leve. E isto não nos deve surpreender porque, vivendo na caridade, vive-se em Deus:

“Deus é amor; quem permanece no amor habita em Deus e Deus habita nele”.

Vivendo em Deus, por conseguinte, não se pode ter amargura alguma porque Deus é delícia, doçura e alegria infinita!

É esta a razão pela qual os amigos de Deus são sempre felizes! Mesmo se doentes, necessitados, aflitos, atribulados, perseguidos, nós estamos alegres.

Mesmo quando todas as línguas caluniosas nos metessem em má luz, não nos preocuparemos, mas nos alegraremos com tudo porque vivemos em Deus, nosso repouso, e saboreamos o leite do seu amor. Como a criança suga o leite do seio da mãe assim nós, enamorados de Deus, atingimos o amor de Jesus Crucificado, seguindo sempre as suas pegadas e caminhando com ele pelo caminho das humilhações, das penas e das injúrias.

Não procuramos a alegria se não em Jesus e fugimos de toda a glória que não seja aquela da cruz.

Abraça, portanto, Jesus Crucificado elevando a ele o olhar do teu desejo! Toma em consideração o seu amor ardente por ti, que levou Jesus a derramar sangue de todas as partes do seu corpo!  

Abraça Jesus Crucificado, amante e amado e nele encontrarás a verdadeira vida, porque ele é Deus que se fez homem. Que o teu coração e a tua alma ardam pelo fogo do amor do qual foi coberto Jesus cravado na cruz!

Tu deves, portanto, tornar-te amor, olhando para o amor de Deus, que tanto te amou, não porque te devesse obrigação alguma, mas por um puro dom, impelido somente pelo seu inefável amor.

Não terás outro desejo para além daquele de seguir Jesus! E, como que inebriada do Amor, não farás caso se te encontras só ou acompanhada: não te preocuparás com tantas coisas mas somente de encontrar Jesus e segui-lo!

Corre, Bartolomea, e não estejas a dormir, porque o tempo corre e não espera nem um momento!

Permanece no doce amor de Deus.

Doce Jesus, amor Jesus.

Das Cartas de Santa Catarina de Sena (1347-1380) (carta n.165 a Bartolomea, esposa de Salviato da Lucca)

Oração

Oh inestimável Amor! Tu nos iluminas com a tua sabedoria para que nos possamos conhecer a nós mesmos, conhecer a tua verdade e os enganos subtis do demônio.

Com o fogo do teu amor acendes os nossos corações com o desejo de te amar e de te seguir na verdade.  

Só tu és o Amor, somente digno de ser amado!

(de Santa Catarina de Sena)

Organizado pelo “Movimento dos Focolares”

Publicado em vatican.va.

ORAÇÕES PARA O TEMPO DA QUARESMA

ORAÇÃO PARA O INÍCIO DA QUARESMA

DEUS, Criador da minha vida, renova-me: traz-me para uma nova vida em Ti.
Toca-me e faz-me sentir integra novamente.
Ajuda-me a ver o Teu Amor na Paixão, morte e Ressurreição de Vosso Filho..
Ajuda-me a observar a Quaresma de uma forma que me permita celebrar esse
mesmo Amor.
Ajuda-me a preparar para viver estas semanas da Quaresma, à medida que eu
sinto uma profunda tristeza pelos meus pecados e Teu Amor Eterno por mim.
Pai Santo, que Jesus mande sobre mim o Espírito Santo, conduzindo-me neste
tempo favorável a uma sincera conversão.
Preciso Senhor viver a Graça do meu Batismo, morrendo para o que não é Teu
e vivendo conformada à Tua Vontade.
Que a Tua Palavra me conduza durante todos os dias deste Retiro Quaresmal.
Com o Jejum, a Oração e a Caridade operosa, unida à penitência, espero a
Vida Nova na Páscoa! Amém!

ORAÇÕES PARA CADA DIA DA SEMANA

Domingo
Deus de infinita misericórdia,
às vezes, há tanta escuridão na minha vida
que me escondo de Ti.
Eu humildemente te peço, pega minha mão,
e tira-me das sombras do meu medo.
Ajuda-me a mudar meu coração,
e leva-me para a Tua verdade.
ajudando-me a responder ao Teu generoso amor.
Deixe-me reconhecer a plenitude do Teu amor,
que preencherá a minha vida.
Livra-me da escuridão no meu coração.Assim seja.

Segunda-Feira
Senhor meu Deus,
o Vosso mandamento do amor é tão simples e tão desafiador.
Ajudai-me a deixar ir o meu orgulho e a ser humilde na minha penitência.
Eu quero viver da maneira que Vós me pedis para amar,
e amar da maneira Vós me pedis para viver.
Isto eu peço, através do Vosso filho, Jesus,
que está ao meu lado hoje e sempre.Assim seja.

Terça-Feira
Meu Deus,
que estais no céu
e sempre presente na minha vida,
guiai-me e protegei-me.
Leva-me com o Teu amor para longe do mal,
e guia-me pelo caminho certo.
Obrigada pelo cuidado que Vós tendes por mim.
Que o Vosso Espírito inspire a Igreja
e nos faça um instrumento do Teu amor. Assim seja.

Quarta-Feira
Deus de amor,
purifica os meus desejos para melhor Te servir.
através desta jornada quaresmal.
Livra-me da tentação de julgar os outros,
para me colocar acima deles;
e deixa-me render,
mesmo na minha impaciência, para com os outros.
Que com o Teu amor e Tua graça,
eu possa estar menos absorvido comigo mesmo,
e mais cheio do desejo a seguir-Te,
na vida que estabeleci,
de acordo com o Vosso Santo exemplo.Assim seja.

Quinta-Feira
Deus de amor eterno,
Eu ouço o Teu constante convite: “Vem, volta para Mim”,
e eu também anseio voltar para Vós.
Mas, preciso que me mostres o caminho para retornar.
Orienta-me neste dia, em boas obras que eu faça em Teu nome,
e envia-me o Teu Espírito, para guiar e fortalecer a minha fé.Assim seja.

Sexta-Feira
Amado Deus e Pai Carinhoso.
Eu sou apenas como uma criança
que vira tantas vezes as costas ao Teu Amor.
Por favor, aceita os meus atos de arrependimento de hoje
e ajuda-me a libertar do egocentrismo
que fecha o meu coração para Ti.
Como nesta jornada através de Quaresma,
deixa-me lembrar a festa que preparaste para mim,
na ressurreição da Vida Eterna.
Sendo assim preenchida com Graças e Louvores a Vós.Assim seja.
OBS: Todas as 6ª feiras recomenda-se rezar a Via Sacra.

Sábado
Deus de Amor infinito,
Vós me presenteais com inúmeras ofertas,
ao longo da minha vida.
Pelo que, no meu pensamento e ações de hoje,
Vos peço que me guiais à luz brilhante,
e cheia de Amor de Vosso Reino.
Ajuda-me a estar ciente,
das muitas maneiras que Vós me permitis
compartilhar Vossa vida.
Agradeço-Vos os presentes que Vós colocastes no meu caminho.
Deixai-me estar grato a cada momento deste dia.Assim seja.

Publicado em Nos Passos de Maria.

ORAÇÃO PENITENCIAL PARA A QUARESMA

Abre-me as portas da penitência, Senhor, Fonte de vida, pois desde a aurora, meu espírito que leva o templo de meu corpo todo manchado de pecado está voltado para Teu Templo santo! Em Tua infinita bondade, purifica-me por Tua doce misericórdia. Aplana-me o caminho da salvação, ó Mãe de Deus! Pois sujei minha alma com pecados infames dissipando minha vida na negligência. Por Tua intercessão, salva-me de toda impureza! Quando medito, miserável, sobre a multidão de minhas más ações fico aterrorizado ao pensar no temível dia do Julgamento. Porém confiando em Tua bondade misericordiosa, chamo a Ti, como David: Tem piedade de mim, ó Deus segundo Tua imensa misericórdia!

(Fonte: in Devocionário Quaresmal, J. L. Risoto, p. 5, em formato PDF)

Publicado em Sou Todo Teu, Maria.

A Santa Quaresma

(Wikipédia)

É chegado o grande período de reflexão e profundo recolhimento para nós católicos: a Quaresma! E para ajudar a todos os leitores do Apostolado Rumo à Santidade, criamos este grande guia sobre a Quaresma, a fim de contribuir na formação e melhor aproveitamento deste tempo precioso para nós.

O guia sobre a Quaresma está dividido da seguinte maneira:

  • O que é a Quaresma e quando ela começa?
  • Por que 40 Dias de Quaresma?
  • Qual o Sentido da Quaresma?
  • O que devemos fazer na Quaresma? Quais são as práticas Quaresmais?
  • Como é a Liturgia durante a Quaresma?
  • Ficha de Vivência Quaresmal
  • Dicas e Sugestões de Penitências para a Quaresma
  • Livros recomendados para Quaresma
  • Oração para bem viver a Quaresma
  • Ladainha da Quaresma

O que é a Quaresma e quando ela começa?

A Quaresma é um período de 40 dias de penitência e de combate espiritual. A característica fundamental e indispensável da Quaresma é a renúncia de alimentos e o jejum!

Inicia-se na Quarta-feira de Cinzas, prolongando-se até a Quinta-feira Santa, antes da Missa na Ceia do Senhor. A penitência prolonga-se até o Sábado Santo, perfazendo exatos 40 dias penitenciais, excetuados os domingos. Trata-se de um tempo privilegiado de conversão, combate espiritual, jejum e escuta da Palavra de Deus.

Por que 40 Dias de Quaresma?

O número de quarenta dias é importante, pois tem toda uma significação bíblica: a preparação para o encontro com Deus:

  • Os quarenta dias do Dilúvio,
  • Os quarenta dias de Moisés no Monte Sinai,
  • Os quarenta anos de Israel no deserto,
  • Os quarenta dias do caminho de Elias até o Horeb/Sinai
  • E, sobretudo, os quarenta dias do Senhor Jesus no deserto, preparando Sua vida pública.

É digno de nota que o mesmo Jesus que entrou na penitência dos quarenta dias aparece transfigurado com dois outros penitentes: Moisés e Elias!

Por isso mesmo, o cuidado da Igreja de reservar exatos quarenta dias para a penitência! É tão antigo que tem suas raízes na própria prática da Igreja apostólica.

Na Igreja Antiga, este era o tempo no qual os catecúmenos (adultos que se preparavam para o Batismo) recebiam os últimos retoques em sua formação para a vida cristã. Assim, surgiu a Quaresma: tempo no qual os não batizados completavam seu catecumenato pela oração a penitência e os ritos próprios, chamados escrutínios, e os cristãos, já batizados, pela purificação e a oração, buscavam renovar sua conversão batismal para celebrarem na alegria espiritual a Santa Vigília de Páscoa, na madrugada do Domingo da Ressurreição, renovando suas promessas batismais.

Qual o Sentido da Quaresma?

A finalidade da penitência e do combate quaresmais é conformar-se ao Cristo ressuscitado! A Quaresma tem, portanto, uma finalidade pascal:

“Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos! Fiel é esta palavra: Se com Ele morremos, com Ele viveremos, Se com Ele sofremos, com Ele reinaremos!” (2Tm 2,8ss)

Dom Henrique Soares, Bispo de Palmares, nos explica de forma bem simples como podemos viver melhor este período e ainda nos fornece algumas dicas!

O que devemos fazer na Quaresma? Quais são as práticas Quaresmais?

A Oração

Neste tempo os cristãos se dedicam mais à oração. Uma boa prática é rezar diariamente um salmo ou, para os mais generosos, rezar todo o saltério no decorrer dos quarenta dias. Pode-se, também, rezar a Via Sacra às sextas-feiras! Ainda é possível, além do terço costumeiro, rezar-se mais um terço, com os mistérios dolorosos.

A Penitência

Os dias quaresmais (exceto os domingos!) são dias de penitência. Aliás, esta é a prática que melhor caracteriza a Quaresma! Sem renúncia ao alimento, não há observância quaresmal.

Cada um deve escolher uma pequena prática penitencial para este tempo. Por exemplo: renunciar a um lanche diariamente, ou a uma sobremesa, não comer carne às quartas e sextas-feiras, etc…

Na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa os cristãos jejuam: o jejum nos faz recordar que somos frágeis e que a vida que temos é um dom de Deus, que deve ser vivida em união com Ele; também nos ensina a domar nossos instintos. Os mais generosos podem jejuar todas as sextas-feiras da Quaresma. Farão muitíssimo bem!

Recordemo-nos que às sextas-feiras os católicos não devem comer carne; e isto vale para o ano todo!

O Jejum consiste numa só refeição completa; as outras duas não devem, juntas, chegar a uma refeição.

A Abstinência de carne consiste em não comer carne de animais de sangue quente: mamíferos ou aves, de modo geral.

A Esmola

Trata-se da caridade fraterna. Este tempo santo deve abrir nosso coração para os irmãos: esmola, capacidade de ajudar, visitar os doentes, aprender a escutar os outros, reconciliar-se com alguém de quem estamos afastados – eis algumas das coisas que se pode fazer neste sentido!

“O que a oração pede, o jejum alcança e a esmola recebe. O jejum é a alma da oração, e a esmola é a vida do jejum. Ninguém tente dividi-las porque são inseparáveis. Portanto, quem ora, jejue; e quem jejua, pratique a esmola” (São Pedro Crisólogo – século IV)

A Meditação da Palavra de Deus

Este é um tempo de escuta mais atenta da Palavra: o homem não vive somente de pão, mas de toda Palavra saída da boca de Deus. Seria muitíssimo recomendável ler durante este tempo o Livro do Êxodo ou o Profeta Jeremias ou Oséias ou, ainda, um dos Evangelhos ou a Epístola aos Romanos.

A Conversão

“Eis o tempo da conversão!”, diz-nos São Paulo. Que cada um veja um vício, um ponto fraco, que o afasta de Cristo, e procure lutar, combatê-lo nesta Quaresma! É o que a Tradição ascética de Igreja chama de “combate espiritual” e “luta contra os demônios”. Nossos demônios são nossos vícios, nossas más tendências, que precisam ser combatidas.

Os antigos davam o nome de sete demônios principais (sete vícios capitais): a soberba, a avareza, a tristeza (hoje diz-se a inveja), a preguiça, a ira, a gula, a sensualidade. Estes demônios geram outros.

Na Quaresma, é necessário identificar aqueles que são mais fortes em nós e combatê-los!

Como é a Liturgia durante a Quaresma?

Este tempo sagrado é marcado por alguns sinais especiais nas celebrações da Igreja

O importante é que todas estas práticas nos levem a uma preparação séria e empenhada para o essencial: a Páscoa!
As observâncias quaresmais não são atos folclóricos, mas instrumentos para nos fazer crescer no processo de conversão que nos leva ao conhecimento espiritual e ao amor de Cristo. Tenhamos em vista que o ponto alto do caminho quaresmal é a renovação das promessas batismais na Santa Vigília pascal e a celebração da Eucaristia de Páscoa nesta mesma Noite Santa, virada do sábado para o Domingo da Ressurreição.

Empenhemo-nos sincera e devidamente nas práticas quaresmais. Elas não são essenciais, mas são sinal concreto de que entramos de corpo e alma no caminho da conversão. Uma vida religiosa sem práticas concretas em comunidade, reguladas pela Igreja, é como um corpo sem vértebras: não se sustentará de pé e terminará por negar praticamente a realidade da Encarnação. O Verbo fez-Se carne, fez-Se matéria, “concretizou-Se”. O cristianismo é uma religião da alma e do corpo, das intenções e das práticas!

Ficha de Vivência Quaresmal

Senhor Jesus Cristo, seguindo o Teu caminho no deserto e preparando-me para celebrar dignamente a Tua santa Páscoa, suplico Teu misericordioso auxílio para as seguintes práticas quaresmais que me proponho fazer em Tua honra e para melhor ser Teu discípulo:

Oração: (o que rezarei a mais durante este tempo, todos os dias)

Jejum/penitência: (o que retirarei diariamente, exceto aos domingos, da minha alimentação)

Esmola: (o que farei para ir ao encontro dos meus próximos, sobretudo praticando obras de misericórdia corporais e espirituais)

Vício a combater:
(quais das minhas más tendências combaterei nesta Quaresma, evitando as ocasiões, as situações e os atos)

Livro da Escritura a ler: (que livro lerei completamente, de preferência o Êxodo ou Números ou Deuteronômio ou a Epístola aos Romanos)

Leitura espiritual: (é recomendável também escolher um livro para leitura espiritual. Podem ser: as Chamas de Amor a Jesus Cristo, as Meditações Dolorosas de Santo Afonso de Ligório, A Imitação de Cristo, de Tomás de Kempis, o Tratado da Vida Espiritual de São Vicente Ferrer, etc.)

A Confissão Sacramental

Dicas e Sugestões de Penitências para a Quaresma

Neste tempo de reflexão e preparação para a Páscoa, muitos católicos ficam com dúvidas em relação às Penitências. Desta forma, apresento-lhe algumas sugestões feitas pelo Pe. José Eduardo para vivermos uma Santa Quaresma:

1) Penitências gastronômicas

– Trocar a carne por peixe, ovos ou queijo (ou mesmo comer puro)
– Comer menos arroz, feijão, pão, macarrão, para sair da mesa com um pouco de apetite
– Eliminar todos doces, refrigerantes, chocolate e demais guloseimas
– Nas refeições, acrescentar algo que seja desagradável, como diminuir a quantidade de sal ou colocar um condimento que quebre um pouco o sabor
– Comer algum legume ou verdura que não se goste muito
– Diminuir ou mesmo tirar as refeições intermediárias (como o lanche da tarde).
– Tomar café sem açúcar, ou água numa temperatura menos agradável
– Reservar algum dia para o jejum total ou parcial

2) Penitências corporais

Apenas para ajudarem a não perdermos o sentido do sacrifício ao longo do dia, a não sermos relaxados, devendo ser pequenas e discretas.

– Dormir sem travesseiro
– Sentar-se apenas em cadeiras duras
– Rezar alguma oração mais prolongada de joelhos
– Não usar elevadores ou escadas rolantes
– Trabalhar sem se encostar na cadeira
– Cuidar da postura corporal
– Descer um ponto antes do ônibus e fazer uma parte do caminho à pé
– Deixar de usar o carro e pegar um transporte coletivo

3) Penitências Morais

São as mais importantes

– Não reclamar das contrariedades do dia, mas agradecer e louvar a Deus
– Sorrir sempre, mesmo quando haja um nervoso
– Moderar a frequência às redes sociais, celular e computador (reduzir a poucas vezes ao dia)
– Desligar as notificações do celular
– Fazer os serviços mais incômodos na casa e no trabalho, ajudando os outros
– Acordar mais cedo para fazer oração
– Não ouvir música no carro
– Não assistir TV, mas dedicar este tempo à leitura
– Não usar jogos eletrônicos, caso seja viciado
– Fazer algum trabalho voluntário
– Rezar mais pelos outros, do que por si mesmo
– Reservar dinheiro para dar esmolas, mas sobretudo atenção aos mendigos
– Falar bem das pessoas que se gostaria de criticar
– Ouvir as pessoas incômodas sem as interromper
– Dormir no horário, mesmo sem vontade

Que todos possam ter uma intensa vivência quaresmal, para celebrarmos na alegria espiritual a santa Páscoa do Senhor!

Recomendo esta belíssima e profunda oração do Beato Francisco Palau, Carmelita e sacerdote espanhol do século XIX, beatificado em 1988:

Senhor, nesta Quaresma, tempo de mergulhar no meu interior, de revisão e de conversão, ensina-me a descer sempre mais até onde Tu te encontras: o meu coração.

Como “descer” até aí? Pelo silêncio, encontrando tempo para rezar, pela leitura da Tua Palavra que tanto me quer dizer,
pelos Sacramentos, especialmente a Confissão e a Santa Missa.

Também pela aceitação das contrariedades, o peso das circunstâncias e da monotonia da vida… com os olhos postos em Ti.

Senhor, Tu que estás no meu íntimo, ajuda-me nesta Quaresma, a fazer uma viagem ao meu interior, para aí me encontrar contigo!

Ladainha da Quaresma

Oração devocional, de uso restrito para meditação particular, para ser rezada durante a Quaresma, contendo uma série de invocações relacionadas a passagens bíblicas penitenciais do Antigo e do Novo Testamento, particularmente aquelas que fazem referência a súplicas, a obras de mortificação e ao jejum.

Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Pai Santo, ouvi-nos.
Pai de Justiça, atendei-nos.
Deus Pai do céu, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Deus, que não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva, tende piedade de nós.
Deus, que destes a Moisés, depois dele ter jejuado por quarenta dias, as tábuas da Lei no Monte Sinai, tende piedade de nós.
Deus, que, pelo jejum e orações de Moisés, perdoastes os pecados do seu povo, tende piedade de nós.
Deus, que, pelo jejum de Daniel, o preservastes incólume na cova dos leões, tende piedade de nós.
Deus, que poupastes os ninivitas quando jejuaram e clamaram por Vós, tende piedade de nós.
Deus, que livrastes os ninivitas da destruição da sua cidade, quando se arrependeram e fizeram penitência vestidos de saco, cilício e cinza, tende piedade de nós.
Deus, que perdoastes o pecado do rei Davi, quando este confessou o seu pecado e se cingiu com o cilício e se arrependeu, tende piedade de nós.
Deus, que ouvistes e consolastes Judite, quando ela se prostrou diante de Vós, vestindo o cilício e cobrindo a cabeça com cinzas, tende piedade de nós.
Deus, que salvastes a Jonas quando clamou por Vós no ventre da baleia, tende piedade de nós.
Deus, que libertastes Ezequiel do exército dos assírios, quando ele e seu povo jejuaram e se vestiram de sacos e cinzas, tende piedade de nós.
Deus, que concedestes a Ester, enquanto jejuava, que achasse graça aos olhos do rei, tende piedade de nós.
Deus, que libertastes Mardoqueu da forca, quando este clamou pelo Vosso auxílio, vestido de saco e cinza, tende piedade de nós.
Deus, que intercedestes pelos macabeus enquanto jejuavam, vestidos de saco e cinza, e clamaram por Vós, tende piedade de nós.
Deus, que manifestastes a Ana no templo enquanto jejuava e orava constantemente a Vós, tende piedade de nós.
Deus, que revelastes muitos mistérios aos Profetas enquanto jejuavam e se afligiam com muitas penitências, tende piedade de nós.
Deus, que ouvistes as preces dos sacerdotes de Israel enquanto se penitenciavam com cilício e oravam e ofereciam sacrifícios pelo seu povo, tende piedade de nós.
Deus, que jejuastes durante quarenta dias e quarenta noites no deserto, tende piedade de nós.
Deus, que instituístes o tempo quaresmal por meio dos Vossos apóstolos, tende piedade de nós.
Deus, que iluminastes Paulo enquanto orava e jejuava por três dias, tende piedade de nós.
Deus, que perdoais os pecados dos homens por causa do seu arrependimento, tende piedade de nós.
Deus, que nos escolhestes e nos temperastes na fornalha da humildade, tende piedade de nós.
Deus, que julgais os Vossos escolhidos como ouro no cadinho, tende piedade de nós.
Deus, que concedeis um tempo e um lugar para o arrependimento dos pecadores, tende piedade de nós.
Deus, que castigais a todo filho de Vossa predileção, tende piedade de nós.
Deus, que desejais que ninguém se perca, mas que volvam a Vós arrependidos, tende piedade de nós.
Deus, que por Vossa graça chamastes Mateus, sentado no posto de coleta de impostos, tende piedade de nós.
Deus, que justificastes o publicano que golpeava o peito em arrependimento, tende piedade de nós.
Deus, que recebestes de forma paternal o filho pródigo que voltou a Vós, tende piedade de nós.
Deus, que fizestes brotar a fonte da água viva para a mulher samaritana, tende piedade de nós.
Deus, que recebia coletores de impostos e pecadores e comia com eles, tende piedade de nós.
Deus, que amastes muito Maria Madalena e a perdoastes de muitos pecados, tende piedade de nós.
Deus, que olhastes com ternura para Pedro, que três vezes Vos negastes, tende piedade de nós.
Deus, que prometestes o Paraíso ao ladrão penitente, tende piedade de nós.
Deus, que nos livrais de nossas iniquidades e pecados, tende piedade de nós.
Deus, que nos clamais por penitência, pela imposição do cilício e pela cabeça coberta com cinzas, para não nos alcançar a Vossa ira santa, tende piedade de nós.
Deus, que tendes misericórdia de todos os que se voltam para Vós em jejum, dor e arrependimento, tende piedade de nós.
Deus, que esqueceis por completo todos os nossos pecados depois que nos arrependemos, tende piedade de nós.

Deus misericordioso e pronto a nos perdoar, tende piedade de nós.
Sede propício, perdoai-nos Senhor.
Sede propício, atendei-nos Senhor.

De todo mal, livrai-nos, Senhor.
De todo pecado, livrai-nos, Senhor.
De todo perigo do corpo e da mente, livrai-nos, Senhor.
De toda malícia e ira, livrai-nos, Senhor.
Dos pecados da carne e dos vícios, livrai-nos, Senhor.
De toda impureza e luxúria, livrai-nos, Senhor.
De todas as disputas e contendas, livrai-nos, Senhor.
De toda negligência e preguiça, livrai-nos, Senhor.
Da impenitência e dureza de coração, livrai-nos, Senhor.
De uma morte súbita e inesperada, livrai-nos, Senhor.
Da condenação eterna, livrai-nos, Senhor.

Pelo Vosso batismo e jejum, livrai-nos, Senhor.
Pelas Vossas três tentações no deserto, livrai-nos, Senhor.
Pela Vossa sede e fome, livrai-nos, Senhor.
Pelos Vossos trabalhos e Vossas dores, livrai-nos, Senhor.
Pela Vossa sentença de morte, livrai-nos, Senhor.
Pelo Vosso sacrifício cruento na Cruz, livrai-nos, Senhor.
No dia do Juízo, livrai-nos, Senhor.

Pecadores que somos, Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que sejais misericordioso conosco, Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que nos digneis a buscar o verdadeiro arrependimento, Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que possamos obter frutos dignos de arrependimento, Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que nos digneis lamentar os nossos pecados e buscar a Vossa graça, Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que nos digneis pelo jejum purificar a Vossa Igreja e libertá-la de toda iniquidade, Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que possamos nos apresentar sempre como um sacrifício vivo, santo e agradável a Vós, Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que possamos obter o perdão e a remissão de todos os nossos pecados, Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que, por meio das tribulações desta vida, sejamos dignos de alcançar a glória futura, Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que Vos digneis acolher as nossas súplicas, Vos rogamos, ouvi-nos.
Filho de Deus, Vos rogamos, ouvi-nos.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, atendei-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Pai Nosso…
e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

V. Entre o pórtico e o altar, os sacerdotes, os servos do Senhor, hão de lamentar:
R. Tende piedade de vosso povo, Senhor.
V. Não nos trateis segundo os nossos pecados,
R. Nem nos castigueis em proporção às nossas faltas.
V. Não leveis em consideração as nossas iniquidades passadas,
R. Nem tomeis tento de nossos pecados.
V. Ajudai-nos, ó Deus nosso Salvador,
R. E livrai-nos em nome da glória do Vosso nome, Senhor.
V. Sede misericordioso diante os nossos pecados, ó Senhor,
R. Em favor do vosso Santo Nome.
V. Ó Senhor, ouvi a minha oração,
R. E chegue a Vós o meu clamor.

Oremos

Ó Deus onipotente e eterno, tende piedade dos que se arrependem sinceramente e Vos imploram o perdão dos seus pecados e que, invocando humildemente o Vosso Santo Nome, prestam penitência das suas faltas; concedei-lhes, nesta Quaresma, as graças necessárias para o perdão dos pecados e a saúde do corpo e da alma e, assim, em nome da recompensa que prometestes, possam ser contados entre Vossos Filhos e alcançarem um dia as eternas bem-aventuranças.

Ó Deus, que por Graça suprema criastes o homem e por Graça ainda maior o redimistes, concedei-nos, nós Vos suplicamos, novas graças de mente e coração para resistir às tentações do pecado e Vos servir fielmente. Ouvi com clemência as nossas orações, nós Vos suplicamos, para que sejamos libertados dos pecados que nos afligem, pela glória e misericórdia do Vosso Santo Nome. Como Vossos filhos, nós Vos suplicamos, guardai-nos de todo mal e protegei-nos nas adversidades e dai-nos a graça de Vos servir sempre com zelo e devoção.

Ó Deus, que não desejais a morte, mas o arrependimento dos pecadores, olhai com clemência para a fragilidade da nossa natureza humana e auxiliai, com a Vossa benevolência, os nossos esforços de arrependimento e penitência para alcançarmos, pela Vossa misericórdia, o perdão dos nossos pecados, a perseverança nas nossas ações e o prêmio da felicidade eterna. Amém.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que vive e reina Convosco na unidade do Espírito Santo, como um só Deus, pelos séculos dos séculos. Amém.

V. Ó Senhor, ouvi a minha oração,
R. E chegue a Vós o meu clamor.
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.
V. Que as almas dos fiéis defuntos, por meio da misericórdia de Deus, descansem em paz.
R. Amém.

Publicado em Rumo à Santidade.

A Quaresma, com início na Quarta-feira de Cinzas, é um tempo litúrgico muito importante para a nossa caminhada cristã

Quaresma: A CAMINHO DA PÁSCOA DO SENHOR

A CAMINHO DA PÁSCOA DO SENHOR

Tentação de Cristo – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Quaresma, com início na Quarta-feira de Cinzas, é um tempo litúrgico muito importante para a nossa caminhada cristã. Ajuda as pessoas e as comunidades eclesiais a se prepararem dignamente para a celebração da Páscoa do Senhor.

O período quaresmal é tempo sobremaneira apropriado à conversão de vida e à renovação interior. Aliás, não há Quaresma sem conversão. Converter-se é separar-se do mal e voltar-se para o bem. É mudar radicalmente de vida e de critérios. A conversão radical insere-se no coração da vida. Exige gestos concretos de amor e de misericórdia, de partilha fraterna e de justiça. Podemos dizer que o cristão é um convertido em estado de conversão, pois a conversão dura, enquanto perdurar nosso peregrinar neste mundo.

Converter-se é procurar viver todos os dias a “vida nova”, da qual Cristo nos revestiu, transformando-nos Nele, para fazer um só corpo com Ele e com os irmãos.

Há em nós atitudes que devem morrer. Converter-se cada dia exige morrer aos poucos, sepultar-nos com Cristo para ressuscitarmos com Ele.

O amor de Deus chama-nos à conversão, a renunciar a tudo o que Dele nos afasta. O que mais nos afasta de Deus é o pecado. Pecar é estar no lugar errado, longe da amizade e da graça de Deus.

A conversão quaresmal significa, portanto, crescer na prática das virtudes cristãs. Somos sempre catecúmenos em formação permanente, progredindo no conhecimento e no amor de Cristo.

Ao longo da Quaresma, somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, entrando em comunhão com os seus sofrimentos, tornando-nos semelhantes a Ele na Sua morte, para alcançarmos a Ressurreição dentre os mortos (cf. Fl 3, 10-11). Isso exige uma transformação profunda pela ação do Espírito Santo, orientando nossa vida segundo a vontade de Deus, libertando-nos de todo egoísmo, superando o instinto de dominação sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo (cf. Bento XVI, Mensagem da Quaresma 2011).

O período quaresmal é ainda tempo favorável para reconhecermos a nossa fragilidade, abeirando-nos do trono da graça, mediante uma purificadora confissão de nossos pecados (cf. Hb 4, 16). Na Igreja “existem a água e as lágrimas: a água do Batismo e as lágrimas da penitência” (Santo Ambrósio). Vale a pena derramar essas lágrimas, através de uma boa confissão sacramental.

Jesus convida à conversão. Este apelo é parte essencial do anúncio do Reino: “Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc, 1, 15).

O itinerário quaresmal é um convite à prática de exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna e às obras de caridade (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1438). É igualmente um tempo forte de escuta mais intensa da Palavra de Deus e de oração mais assídua.

Quanto mais fervorosa for a prática dos exercícios quaresmais, maiores e mais abundantes serão os frutos que colheremos e hauriremos do Mistério de nossa redenção.

Também a vivência da Campanha da Fraternidade ajuda a fazermos uma boa preparação para a Páscoa. A CNBB propõe para este ano o tema “Fraternidade e a Vida no Planeta”, e como Lema: “A criação geme em dores de parto” (Rm 8, 22).

Maria Santíssima, Mãe do Redentor, guie-nos neste itinerário quaresmal, caminho de conversão ao encontro pessoal com Cristo ressuscitado.

Com o coração voltado para Cristo, vencedor da morte e do pecado, vivamos intensamente o período santo e santificador da Quaresma.

Dom Nelson Westrupp, scj – Bispo Diocesano de Santo André – SP

(fonte: http://senhorbomjesus.net)

Publicado em Ordem Franciscana – Irmãs Clarissas.

Imagem: Wikipédia.

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