Homilia Dominical | Como reagiremos à visita de Maria? (4º Domingo do Advento) – Padre Paulo Ricardo – 22.12.2024

Quem quiser celebrar bem a festa do Natal precisa, a exemplo de Santa Isabel, receber Nossa Senhora em sua casa, isto é, abraçar fervorosamente a devoção à Virgem Santíssima, pela qual nos aproximamos cada vez mais da graça de Cristo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Lc 1, 39-45)

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu”.

Neste 4º Domingo do Advento, a Igreja proclama o Evangelho da Visitação, que é narrado em São Lucas, capítulo 1, versículos de 39 a 45. Esse mistério, que meditamos no Santo Rosário, relata como Maria, após receber o anúncio do Anjo Gabriel e já grávida de Jesus, parte apressadamente para a região montanhosa da Judeia a fim de visitar sua parenta Isabel — grávida de São João Batista.

Mas o que, afinal, esse Evangelho ensina-nos para a vida espiritual? Antes de tudo, recordemos que a primeira parte do Advento convida-nos à penitência e à mudança de vida. Por isso, os Evangelhos destacam tantas vezes as exortações de São João Batista: “Convertei-vos”, um claro chamado à mudança de vida, ao Batismo, à penitência, ao abandono completo do pecado — essa é a nova vida em Cristo. Entretanto, a partir de 17 de dezembro, o Advento entra em uma segunda fase, voltada diretamente para o Natal e a presença de Cristo. Nesse período, a figura central deixa de ser João Batista e passa a ser a Virgem Maria. É como se, nesse tempo final — especialmente marcado por práticas como a novena de Natal —, a Igreja, junto com Maria, estivesse grávida, aguardando a chegada do Salvador.

Acompanhamos, neste período, a presença da Virgem Maria: Nossa Senhora da Expectação, que está grávida, aguardando o nascimento de Jesus. Mas, afinal, o que isso significa espiritualmente? O que Maria pode trazer para a nossa vida espiritual? O Evangelho oferece-nos luzes importantes sobre essa realidade. Ele narra que, ao ouvir a saudação de Maria, Isabel sentiu a criança saltar em seu ventre e  ficou cheia do Espírito Santo.

A saudação de Nossa Senhora traz duas consequências marcantes. Primeiro, Isabel recebe uma efusão do Espírito Santo assim que ouviu Maria. Segundo, a criança em seu ventre, São João Batista, salta de alegria, como a própria Isabel explica no versículo 44: “Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre”. Não se trata de um simples movimento físico do bebê, mas de uma reação espiritual, percebida por Isabel, cheia do Espírito Santo, como um sinal da presença divina.

Além disso, o Espírito Santo, derramado abundantemente no coração de Isabel, permite que ela reconheça Maria como a mãe do Salvador. Isso é algo extraordinário, pois Maria estava nas primeiras semanas de gravidez, quando não há qualquer sinal externo de gestação. Ainda assim, Isabel, cheia do Espírito Santo, solta um grito de louvor. O Evangelho apresenta a cena de forma intensa e dramática, mostrando que Isabel bradou com força e entusiasmo: “Bendita és tu entre as mulheres!” (Lc 1, 42).

A frase que repetimos tantas vezes no terço, quando pronunciada pela primeira vez, foi um brado cheio do Espírito Santo. Isabel, transbordando de fé e entusiasmo, proclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres!” (Lc 1, 42). Não foi apenas uma declaração, senão uma verdadeira profissão de fé, efusiva e cheia do Espírito — algo análogo ao que aconteceu em Pentecostes. Aliás, a Visitação, de fato, é um pentecostes. E é algo extraordinário perceber como o Evangelho de São Lucas destaca, de forma emblemática, a presença constante do Espírito Santo.

São Lucas é o único autor do Novo Testamento que narra o Pentecostes, descrito nos Atos dos Apóstolos, que também é de sua autoria. Desde o início do seu Evangelho, porém, a presença do Espírito Santo já se destaca. No anúncio do anjo a Maria, ele declara: “O Espírito Santo virá sobre ti” (Lc 1, 35). Ali acontece o primeiro pentecostes, na própria Anunciação. Maria é a primeira a ser plena do Espírito Santo, um momento que os Santos Padres chamam de “protopentecostes”.

Quando Maria parte apressadamente para a região montanhosa da Judeia para visitar Isabel, sua saudação provoca um segundo pentecostes. Pela graça do Espírito Santo, Isabel recebe a revelação e, com os olhos da fé, reconhece a gravidez de Maria. Mais do que isso, ela percebe quem Maria está carregando: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. Isabel reconhece que Maria não traz em seu ventre um homem comum, mas o próprio Senhor, e exclama: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar?”. Assim, Isabel professa sua fé em Jesus e na maternidade divina de Maria.

Observemos a realização do Espírito Santo: Ele nos faz reconhecer a presença de Cristo em Maria e a grandeza da própria Virgem. Reconhecer que Nossa Senhora é bendita não tem ligação alguma com idolatria. Muitas pessoas têm certa preocupação com a veneração a Maria, temendo que isso seja um exagero — mas é fundamental perceber a obra do Espírito Santo nesse Evangelho. Isso porque é Ele quem nos leva a reconhecer tanto o Filho quanto a Mãe. E é nesse contexto que acontece o primeiro milagre na ordem da graça: São João Batista é purificado, é perdoado de seus pecados ainda no ventre de Isabel.

A tradição ensina-nos que, ao ouvir a saudação de Maria, São João Batista recebeu naquele momento a graça extraordinária de ser purificado. Esse evento oferece-nos elementos essenciais para refletir e aplicar à nossa vida o Evangelho da Visitação — especialmente neste período de preparação para o Natal.

Como podemos, então, fazer uma boa preparação para celebrar o Santo Natal? Primeiramente, acolhamos a Virgem Maria em nossa casa. No Evangelho, lemos que Maria entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. No entanto, acolher Maria em nossa casa significa, sobretudo, recebê-la em nosso coração. Recordemos o que Jesus fez com o discípulo amado aos pés da Cruz: confiou Maria como mãe a todos nós.

Quando Jesus quis salvar a sua Igreja ao morrer na cruz, qual foi o passo concreto que Ele deu antes da sua morte? Ele nos entregou a Virgem Maria. Ele disse: “Filho, eis aí a tua mãe”. Nós também precisamos acolher a Virgem Maria em nossa casa, como está escrito no capítulo 19 de São João: “João então acolheu a mãe de Jesus em sua casa”. Porém, mais do que apenas em sua casa, João a recebeu na intimidade do seu coração, como está registrado: “idios”, que significa algo que é próprio, pessoal. João acolheu Maria em sua intimidade.

É isso que precisamos fazer para celebrar bem esse Santo Natal. Ao acolher Maria em nossa casa, fazemos como Santa Isabel, que recebe a salvação no seu lar. Ao receber a Virgem Maria em nosso coração, como o Apóstolo João aos pés da Cruz, a salvação também entra em nossa casa. É a mesma realidade. Precisamos abrir nosso coração para a Virgem Maria, porque Nossa Senhora, aqui, é causa instrumental da nossa salvação.

Vamos entender o que isso significa. Vamos explicar tendo como referência o ministério dos padres. O que é um padre? Ora, um padre é uma causa instrumental da salvação. Eu posso ser causa instrumental da salvação de duas maneiras diferentes. Por exemplo: posso ser causa instrumental como os demônios, ou como os Apóstolos. São coisas bem distintas. Imaginemos um padre em pecado mortal, alguém que vive uma vida afastada de Deus. Ele ainda é causa instrumental de salvação para as pessoas? Certamente. Deus o usa, apesar do seu pecado, assim como usa os demônios, apesar deles. O demônio não quer fazer a vontade de Deus; mas Deus, em sua sabedoria, é tão grandioso que consegue superar a malícia do diabo.

O diabo pensa que está atrapalhando o Reino de Deus, mas Deus permite que ele aja e cause destruição. No entanto, o mal que o diabo faz é usado por Deus como ocasião para obter um bem maior, a salvação das pessoas. Dessa forma, o diabo torna-se também um instrumento de Deus — mas sem fazê-lo de forma consciente e livre. É um instrumento quase inerte, porque, apesar da vontade rebelde do diabo e da sua recusa em reconhecer o Criador, Deus ainda o usa, assim como usamos uma vassoura para varrer o chão — um instrumento sem vontade própria.

O Apóstolo, por sua vez, é um instrumento consciente e livre, o que o torna diferente. Deus pode usar um padre que busca a santidade, que deseja agradar a Deus e seguir o seu caminho de uma forma mais profunda. Quanto mais o padre santifica-se, tornando-se dócil e maleável nas mãos de Deus, e quanto mais ele morre para suas próprias vontades, caprichos e desejos, mais Deus poderá usá-lo como um instrumento eficaz para a sua obra salvadora. 

Ou seja, o padre é causa instrumental de salvação na vida dos outros. É claro que um sacerdote santo, como São João da Cruz, por exemplo, que celebramos na semana passada, no dia 14, é um instrumento valiosíssimo nas mãos de Deus. Por outro lado, um padre que vive em estado de pecado mortal, que não se converte e acaba sendo condenado, pode também ser usado por Deus, mas de forma muito imperfeita e inadequada — de forma análoga ao modo como Deus usa os demônios.

Estou dizendo tudo isso para explicar que a Virgem Maria também é instrumento de Deus. Se um padre santo, como São João da Cruz, é instrumento de Deus, imaginemos a Virgem Maria, que não conheceu o pecado, cuja vontade perfeita está totalmente submissa à vontade de Deus, e cujo coração não tem outro desejo senão amar a Deus e fazer com que a vontade dele tome forma humana neste mundo. Assim, Maria é um instrumento excelente, apto de forma suprema, nas mãos de Nosso Senhor.

Se por meio da palavra do sacerdote Cristo faz-se carne na Eucaristia, pela palavra de Maria, ao dizer “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1, 38), também acontece a Encarnação — foi principalmente por sua palavra que o Verbo faz-se carne. Reflitamos: quantas vezes em nossa vida nós clamamos “Ave Maria”? Deixemos que, hoje, seja ela a nos saudar, a trazer o Espírito Santo à nossa vida.

Há um episódio bonito na vida de São Bernardo que mostra como ele, grande devoto de Nossa Senhora, cantava fervorosamente as glórias de Maria. Todos os dias, ao passar diante de uma imagem de Nossa Senhora em seu mosteiro, ele dizia com devoção “Ave Maria” antes de seguir seu caminho. Ele fazia isso todos os dias, até que, em um belo dia, para sua surpresa, ao dizer “Ave Maria”, a imagem respondeu: “Ave Bernardo”.

Isso é um grande incentivo para que ouçamos essa saudação da Virgem Maria e, com nossa vida, permitamos que ela diga também a nós: “Ave”. Assim como a criança no ventre de Isabel saltou de alegria, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo, recebamos também o Espírito Santo para celebrar um Natal verdadeiro, acolhendo a presença de Cristo em nossas vidas.

A presença de Cristo não é uma simples visita; Ele vem para transformar e salvar, assim como salvou São João Batista e trouxe vida nova e mudança para Santa Isabel.

Além disso, também precisamos observar a humildade e a caridade de Nossa Senhora, que, apressadamente, foi visitar Isabel para servir, levar a salvação e a graça — o Príncipe da graça, o Salvador do mundo. Ela sabia que a criança que carregava era infinitamente mais importante do que a criança que Isabel carregava, mas, mesmo assim, foi humildemente servir à sua parenta.

No entanto, Nossa Senhora foi até lá para servir, para amar e, principalmente, para levar o serviço da graça, trazendo Jesus e o Espírito Santo. Aceitemos o convite para também vivermos isso. Nossa Senhora tem pressa de entrar na nossa casa, no nosso lar, de saudar a nossa família, de, em suma, levar Jesus até nós. E como reagiremos? Vamos reagir como Isabel, enchendo-nos do Espírito Santo e abrindo nossa casa, nossa vida e nosso coração para Jesus? Ou reagiremos como Herodes, que, ao receber a notícia da Encarnação do Filho de Deus, agitou-se e, cheio de ódio, ordenou que perseguissem o Filho de Deus recém-nascido? 

Como nos colocaremos para receber Jesus? Que a devoção à Virgem Maria, especialmente nestes dias de preparação para o Natal, seja um verdadeiro instrumento de conversão em nossa vida, para que Jesus realmente entre em nosso coração. Que ela nos ajude na transformação que Deus quer realizar em nós. Mas, para isso, precisamos abrir nossa casa para ela. Deixemos de temer a devoção a Nossa Senhora. Se nós permitirmos que ela entre em nossa casa, ela trará o Espírito Santo e o Menino Jesus. Ela será um instrumento eficaz de verdadeira mudança de vida para nós e para nossa família.

Que, neste período de preparação para o Natal, a Virgem Maria seja presença constante em nossa vida espiritual. Rezemos o terço, entreguemo-nos a ela e meditemos os mistérios da nossa salvação. Não sejamos soberbos ao dizer que não precisamos de Maria. Deus a usa como instrumento, assim como fez para trazer o Espírito Santo a Isabel e a salvação a São João Batista.

Ao nos abrirmos a Maria, abrimos também nosso coração a Jesus. Que Ele nasça verdadeiramente em nós e em nossas famílias, ao acolhermos a Virgem Maria, que, cheia do Espírito Santo, traz-nos a graça de Cristo.

Publicado em padrepauloricardo.org.

São João da Cruz – Memória – 14 de dezembro

Origens

Juan de Yepes era seu nome de batismo. Nasceu em 1542, em Fontivaros, pertencente à província de Ávila, na Espanha. Seu pai, Gonzalo de Yepes, descendia de uma família tradicional e rica de Toledo. Porém, por ter se casado com uma jovem de família humilde, perdeu os direitos da herança. Catarina Alvarez, sua esposa e mãe de São João da cruz, era vista como sendo de classe inferior. Gonzalo, pai de São João da Cruz, faleceu ainda jovem, quando João ainda era uma criança. Por isso, a viúva, desprezada pela família do marido e obrigada a trabalhar para sobreviver, mudou-se com os filhos para a cidade de Medina.

Trabalho e vocação

Em Medina, João, já jovem, começou a trabalhar. Ele tentou algumas profissões. A última foi a de ajudante no hospital da cidade. À noite, João estudava gramática no colégio dos jesuítas. Sob a influência dos padres da Companhia de Jesus, a espiritualidade do jovem João de Yepes desabrochou. Por isso, aos vinte e um anos, ele entrou na Ordem Carmelita, procurando uma vida de oração profunda.

Estudos e caridade

Após o noviciado, João de Yepes foi transferido para a Universidade de Salamanca, com o objetivo de terminar o estudo da filosofia e da teologia. Mesmo cursando a Universidade, que exigia dele toda a dedicação aos estudos, João encontrava tempo para a caridade e fazia questão de visitar os doentes nos hospitais ou nas residências, onde prestava seu precioso serviço de enfermeiro.

Santa Tereza de Ávila cruza seu caminho

João foi ordenado sacerdote quando tinha vinte e cinco anos. Nessa ocasião, mudou seu nome para João da Cruz, pois já tinha o desejo de se aproximar dos sofrimentos da cruz de Cristo. Por causa disso, achava a Ordem dos Carmelitas muito suave, sem austeridade. Pensou, inclusive, em entrar numa congregação mais austera. Foi nessa ocasião que Madre Tereza de Ávila atravessou seu caminho. Na época, ela tinha autorização fundar conventos reformados da Ordem Carmelita. Tinha também autorização de todos os superiores da Espanha para intervir nos conventos masculinos. O entusiasmo de Santa Tereza contagiou o Padre João da Cruz e ele começou a trabalhar na reforma da Ordem Carmelita, voltando às origens da mesma, procurando reviver em todos o carisma fundante da Ordem e ajustando a disciplina.

Formador A partir de então, a Ordem Carmelita encarregou o Pe. João da Cruz na missão formador dos noviços. Por isso, ele assumiu o posto de reitor de um convento dedicado à formação e aos estudos dos novos carmelitas. Assim, ele contagiou um grande número de carmelitas e, por conseguinte, reformou vários conventos.

Barreiras e perseguições

Como era de se esperar, padre João da Cruz começou a enfrentar dificuldades dentro da Ordem. Conventos inteiros e vários superiores se opuseram às reformas quando ele começou a aplica-las efetivamente. Por isso, ele passou por sofrimentos insuportáveis se não fossem vistos com os olhos da fé. Chegou, por exemplo, a ficar preso durante nove meses num convento que recusava terminantemente a reforma proposta por ele. Tudo isso sem contar as perseguições que começaram a aparecer de todos os cantos.

Paciência, fé e louvor

Testemunhas dizem, no entanto, que Pe. João da Cruz fez jus ao nome que escolheu abraçando a cruz, os sofrimentos e as perseguições com alegria e louvor a Deus. E esta foi a grande marca de sua vida, além de seus escritos preciosos. São João da Cruz abraçou o sofrimento com prazer, desejando ao máximo, sofrer como Cristo e unir seus sofrimentos aos do Mestre, em sacrifício pela própria conversão e também da Igreja.

Doutor da Igreja

O espírito de sacrifício, o fugir das glórias humanas, a busca da humildade, a oração profunda e o conhecimento da Palavra de Deus renderam a São João da Cruz vários escritos de grande profundidade teológica e sabedoria divina. Dentre eles, destacam-se os livros Cântico Espiritual, Subida do Carmelo e Noite Escura. Por isso, ele foi aclamado Doutor da Igreja, equiparado a Santa Tereza de Ávila, também Doutora. Deixou uma grande obra escrita, que é lida, estudada e seguida até hoje por religiosos e leigos.

Apenas três pedidos a Deus

Os biógrafos de São João da Cruz relatam que ele sempre fazia três pedidos a Deus. Conta-se que ele pedia, insistentemente, três coisas a Deus. Primeiro, que ele tivesse forças para sofrer e trabalhar muito. Segundo, que ele não saísse deste mundo estando no cargo de superior de nenhuma comunidade. E, terceiro, que ele tivesse a graça de morrer humilhado e desprezado por todos, como aconteceu com Jesus. Isto fazia parte de sua mística: igualar-se ao máximo a Jesus no momento de sua paixão.

Três pedidos atendidos

Pouco antes de falecer, São João da Cruz passou, de fato, por grandes sofrimentos, advindos de calúnias e incompreensões. Foi destituído de todos os cargos que ocupava na Ordem Carmelita e passou os últimos meses de sua vida no abandono e na solidão. Antes de falecer, sofreu de uma terrível doença, sempre louvando e agradecendo a Deus por tudo. Faleceu no Convento de Ubeda, Espanha, no dia 14 de dezembro de 1591, tendo somente quarenta e nove anos. A reforma da Ordem Carmelita Descalça proposta por ele, por fim, tornou-se realidade. Pouco tempo após sua morte, São João da Cruz passou a ser venerado e seguido pelos seus confrades. Em 1952 foi aclamado como o Padroeiro dos Poetas da Espanha.

Oração a São João da Cruz (extraída do Primeiro dia da Novena)

“Glorioso São João da Cruz, que desde vossa infância fostes terno amante de Maria Santíssima e da cruz de seu Santíssimo Filho, merecendo por este amor ser protetor singular das almas aflitas e desconsoladas: Vos suplico, Pai meu, interponhais vossos rogos para com Mãe e Filho a fim de que me concedam viva fé, firme esperança, fervente caridade e terníssimo amor à cruz de meu Senhor, em cujo exercício viva e more amparado sempre de sua graça, e também consiga, se me convém, o que peço nesta novena. Amém.”

São João da Cruz, rogai por nós!

Publicado em IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA – Largo do Machado – Catete – Rio de Janeiro – RJ

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Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa – Memória – 27 de novembro

Conheça a história de Nossa Senhora das Graças, desde suas aparições à jovem Catarina até o seu papel nas nossas vidas

Conheça a história de Nossa Senhora das Graças, desde suas aparições à jovem Catarina até o seu papel nas nossas vidas.

Na Cruz, além de nos dar a salvação, Cristo nos deixou a Virgem Maria, Sua mãe, como nossa mãe, por meio das palavras dirigidas ao discípulo João: “Eis aí tua mãe” 1. Desse modo, Maria é nossa mãe, por isso podemos confiar a ela todas as nossas preocupações 2 — essa é a vontade de Deus.

Neste artigo, você vai conhecer um pouco sobre as aparições de Nossa Senhora das Graças à Santa Catarina Labouré. A Virgem Maria é a medianeira das graças de Deus, e isso nos é apresentado nas Escrituras — embora estas citem brevemente a Virgem. Na nossa vida, portanto, não poderia ser diferente, cabe a nós invocar Maria e crer que ela intercede age em nosso favor junto de Deus.

O que é a festa de Nossa Senhora das Graças?

A Festa de Nossa Senhora das Graças celebra a aparição da Virgem Maria à Santa Catarina Labouré, em 1830, em Paris. Nessa revelação, Maria pediu a criação da Medalha Milagrosa, simbolizando abundantes graças para aqueles que a usam com fé. Essa festividade destaca a generosidade de Deus, manifestada através da intercessão de Nossa Senhora — a tesoureira das graças divinas. Além disso, é um convite para mergulharmos ainda mais na devoção mariana e na busca incessante pela graça de Deus em nossas vidas, sobretudo para alcançarmos o nosso destino final, que é o Céu.

Quando a [Festa] de Nossa Senhora das Graças é celebrada?

A festa de Nossa Senhora das Graças é celebrada em 27 de novembro. Essa data especial marca o momento da primeira aparição da Virgem Maria à Santa Catarina Labouré. Desse modo, os católicos ao redor do mundo dedicam esse dia para honrar a Virgem e agradecer as graças concedidas pelas mãos de Nossa Senhora.

A história de Nossa Senhora das Graças

Santa Catarina Labouré, a vidente de Nossa Senhora das Graças

Catarina Labouré, a vidente de Nossa Senhora das Graças.
Santa Catarina Labouré. Fonte: The Basilica Shrine

Catarina Labouré, nascida em 2 de maio de 1806, dedicou-se à vida religiosa após a morte de sua mãe. Sendo assim, a jovem ingressou na Ordem das Filhas da Caridade em 1830, aos 23 anos, mas desde a infância, destacava-se pela devoção e seriedade com a qual vivia a fé. Suas visões eram frequentes, desde os primeiros dias de vida religiosa. Embora as mais conhecidas — e extraordinárias — sejam as aparições de Nossa Senhora das Graças, Catarina de Labouré costumava ver Jesus Cristo em frente ao Santíssimo e, por três vezes, viu também São Vicente de Paulo, o fundador da Ordem, sobre o relicário contendo seu coração incorrupto.

Conheça a cronologia da vida da Virgem.

A primeira visão

Na noite de 18 de julho de 1830, véspera da Festa de São Vicente de Paulo, Catarina Labouré foi despertada por seu anjo da guarda, que se manifestou como uma criança luminosa. Dessa forma, orientada pelo anjo, Catarina dirigiu-se à capela, onde a Santíssima Virgem Maria a aguardava. A jovem hesitou a princípio, mas foi assegurada de que todos estavam dormindo. E, ao adentrar a capela, testemunhou uma luminosidade extraordinária, como se preparada para a Missa da meia-noite. 3

Ao alcançar o santuário, Catarina se ajoelhou, testemunhando a aparição da Santíssima Virgem. A Mãe Celestial sentou-se graciosamente na cadeira próxima ao Evangelho. Catarina, tomada pela emoção, ajoelhou-se ao lado dela, vivenciando os momentos mais doces de sua vida. Em seguida, o anjo revelou que a Virgem Maria desejava falar com Catarina. Assim, Nossa Senhora confiou-lhe uma missão divina em meio a tempos difíceis na França e no mundo. Além disso, prometeu a proteção divina e a efusão de graças para todos que as buscarem com confiança e fervor. 4

Deus deseja encarregar-te de uma missão. Tu serás contraditada, mas não temas, pois terás a graça para fazer o que é necessário. […] Os tempos são maus na França e no mundo. Vem ao pé do altar. Graças serão derramadas sobre todos, grandes e pequenos, especialmente aqueles que procurarem por elas. Terás a proteção de Deus e de São Vicente. Eu sempre terei os olhos em ti. […] 4

A segunda visão

A segunda aparição da Virgem à Santa Catarina Labouré foi a que consolidou a criação da Medalha Milagrosa e fortaleceu a devoção à intercessão de Nossa Senhora das Graças. Ela aconteceu a 27 de novembro, durante a meditação comunitária na capela.

A Virgem Maria se revelou em uma visão esplêndida. Vestida de branco, com um véu delicado, ela segurava uma bola dourada simbolizando o mundo, adornada com anéis representando as graças divinas. A Virgem explicou que as pedras nos anéis eram símbolos das graças que ela derrama sobre aqueles que as solicitam. O globo dourado desapareceu, dando lugar a uma moldura oval com a inscrição “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. 5

A visão disse então: “Manda gravar uma medalha de acordo com este modelo. Todos aqueles que a usarem receberão grandes graças; eles devem usá-la em volta do pescoço. Abundarão graças para aqueles que a usarem com confiança”. 6

A Medalha Milagrosa, conforme o pedido de Nossa Senhora à Santa Catarina Labouré.

[…]

A terceira visão

Na terceira aparição de Nossa Senhora das Graças a Catarina Labouré, a visão ocorreu de maneira semelhante à segunda, mas com a Virgem Maria posicionada acima e atrás do sacrário, no lugar agora ocupado por uma estátua que reproduz a cena. 6 Assim, ela reforçou a importância da criação da Medalha Milagrosa e o propósito de graças abundantes para aqueles que a usassem com confiança.

Catarina, após enfrentar desafios para a produção e distribuição das medalhas, testemunhou a rápida aceitação da Medalha Milagrosa como um objeto de devoção e fonte de graças extraordinárias. Sem dúvida, a terceira aparição consolidou a missão celestial de Nossa Senhora das Graças e sua intercessão contínua na vida dos fiéis que buscam as graças e a proteção da Virgem.

imagem de Nossa Senhora das Graças na capela da Medalha Milagrosa, em Paris.
Presbitério da Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, em Paris

Você sabe quais são os dogmas marianos? Confira aqui.

Nossa Senhora das Graças na Bíblia

Nossa Senhora das Graças encontra um eco significativo nas Bodas de Caná, um episódio onde Maria desempenha um papel fundamental na mediação da graça divina. Durante uma festa de casamento em Caná (João 2, 1-11), Maria percebe a falta de vinho — que simboliza a necessidade humana. E com compaixão materna, ela intercede junto Jesus, dizendo aos servos: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Sendo assim, a observação ativa da Virgem demonstra a confiança na capacidade de seu filho de atender às necessidades humanas.

Essa intercessão resulta no milagre da transformação da água em vinho, revelando a generosidade e a abundância da graça divina. Portanto, nessa narrativa bíblica, Maria emerge como dispensadora e mediadora da graça, antecipando o papel de Nossa Senhora das Graças na tradição católica. Assim como nas Bodas de Caná, onde a intercessão de Maria conduziu à manifestação da graça abundante, os devotos veem Nossa Senhora da Medalha Milagrosa como um canal de graças, o que fortalece a fé na intercessão materna e na obtenção das bênçãos divinas através dela.

[…]

Nossa Senhora das Graças nas nossas vidas

Embora as aparições de Nossa Senhora sejam grandiosas e tragam uma mensagem à humanidade, elas também se destinam especialmente a cada um de nós. Nossa Senhora das Graças desempenha nas nossas vidas o papel sublime de medianeira de todas as graças. Essa designação está enraizada na tradição católica, refletindo a crença de que Maria intercede junto a Deus em favor da humanidade — de cada um de nós que a invoca em particular.

Maria, ao ser coroada com o título de Nossa Senhora das Graças, é vista como a dispensadora generosa das graças divinas. Seu papel como medianeira destaca-se, portanto, na devoção cotidiana quando nós confiamos nela como intercessora que canaliza as graças necessárias para as diversas situações de nossas vidas. Da mesma forma que respondeu ao chamado divino nas Bodas de Caná, Nossa Senhora das Graças continua a desempenhar um papel ativo, guiando e proporcionando graças abundantes àqueles que buscam sua intercessão maternal.

Além disso, muitos santos destacaram o papel da Virgem Maria como mediadora das graças divinas. São Maximiliano Kolbe, por exemplo, descreveu-a como um instrumento nas mãos de Deus para a distribuição das graças. O Papa Bento XVI também proclamou que “não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora”. 7

A mediação de Maria faz parte do patrimônio da fé cristã e é a partir desta verdade, tão presente nos ensinamentos dos santos como também no Magistério ordinário da Igreja, que a porção dos fiéis pode unir-se mais eficazmente contra os desvios mundanos, a fim de alcançar a coroa do Céu. 8

Reze a Novena a Nossa Senhora das Graças.

Referências

  1. Jo 19, 26[]
  2. CIC, 2677[]
  3. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.105[]
  4. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.106[][]
  5. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.107[]
  6. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.108[][]
  7. Bento XVI, Homilia, 11 de Maio de 2007[]
  8. VATICAN NEWS, Mediação de Maria, parte do patrimônio da fé cristã[]

Publicado em Minha Biblioteca Católica (24.11.2024) – Redação Minha Biblioteca Católica (O maior clube de leitores católicos do Brasil.)

Leia também:

Minha Biblioteca Católica – A vida de Santa Catarina Labouré – Conheça a vida de Santa Catarina Labouré, a freira a quem apareceu Nossa Senhora das Graças pedindo a confecção da Medalha Milagrosa.

Solenidade de Jesus Cristo – Rei do Universo -24 de novembro de 2024

24 novembro 2024

Hoje celebramos o nosso Rei! Jesus é Rei! Ele é o Rei do reino de Deus, teve uma coroa, mas espinhos; como cetro uma cana; um manto púrpura e como trono a Cruz!

Jesus Cristo é Rei do Universo e, no entanto, o Evangelho apresenta Jesus diante de Pilatos, no momento da entrada na sua Paixão… pobre, humilde, humilhado e torturado!

Que paradoxo da nossa fé! “JESUS DE NAZARÉ, REI DOS JUDEUS”

Não é pela coerção, nem diminuindo a nossa liberdade que Jesus quer reinar. Ele o faz  destruindo o mal e pelo poder do seu amor.

Ele quer libertar os nossos corações pelo amor para nos tornar capazes de escolhê-Lo! Porque Ele é o único caminho, a única verdade e a única vida!

Como entrar nesta verdade? 

“Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” João 18:37

1. Escutando a sua voz para acolher o desígnio de Deus 

– “O meu reino não é deste mundo” João 18:36

A glória de Deus está muito além do que podemos imaginar. 

O plano de Deus ultrapassa-nos infinitamente. 

– no tempo: “desde sempre e para sempre” Salmos 103:17, “Eu sou o alfa e o ômega” Apocalipse 22:13, “Seu domínio é um domínio eterno que não acabará” Daniel 7:14

– na loucura do seu amor: o Rei da verdade entrega a sua vida pelo seu povo para que se realize o desígnio do Pai!

– no motivo: “Ele fez nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai” Apocalipse 1:6.

– A única maneira de entrar neste plano é fazer-se pequeno e pobre, permanecendo nesta alegre expectativa.

2. Escutando a sua voz para manter a coragem e a esperança.

– Uma vez que Jesus deu a sua vida para vencer o pecado e o mal, devemos confiar nessa verdade! “Àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado” Apocalipse 1:6

– Devemos manter a coragem e a esperança nas situações difíceis, porque o amor triunfou! O mal foi derrotado! Há alguém ao leme: Ele é “o Senhor do Universo” 

3. Escutando a sua voz para O seguirmos no amor 

– Para seguir Jesus, nosso Rei, na verdade, devemos segui-Lo e crescer no amor. 

“A verdade vos libertará” João 8:32… livres para nos superarmos no amor e conquistarmos novas terras e novos corações para o nosso Rei por amor a Ele. 

– Jesus é um rei sem palácio, mas o seu reino de amor está em toda a parte e especialmente em nós! Fazemo-lo crescer através de todas as pequenas coisas da vida quotidiana e de pequenos atos de caridade.

– Jesus é um rei sem exército, mas reina por todos os sinais de paz e benevolência que realiza em nós através do Espírito Santo. 

A nossa vida é o reino de Jesus Rei. O nosso coração é o palácio de Jesus Rei. Somos o exército de Jesus Rei. Somos o tesouro de Jesus Rei.

Publicado em IAA – Igreja de Arroios e Anjos (Lisboa).

Imagem: Alma Carmelita – “A História da Solenidade de Cristo Rei nos questiona”.

Vatican News

Solenidade de Todos os Santos, BAV Vat. sir. 559, f. 93v

Ao final do século II, já era grande a veneração dos Santos. No início, os santos mártires, aos quais os Apóstolos foram logo assimilados, eram testemunhas oficiais da fé.

Depois das grandes perseguições do Império Romano, homens e mulheres, que viveram a vida cristã, de modo belo e heroico, começaram a tornar-se, paulatinamente, exemplos de veneração: o primeiro santo, não mártir, foi São Martinho de Tours.

Em fins do ano mil, diante do incontrolado desenvolvimento da veneração dos santos e do “comércio” em torno das suas relíquias, iniciou-se um processo de canonização, até se chegar à comprovação dos milagres.

A Solenidade de Todos os Santos começou no Oriente, no século IV. Depois, difundiu-se em datas diferentes. Em Roma, dia 13 de maio; na Inglaterra e Irlanda, a partir do século VIII, dia 1º de novembro, uma data que também foi adotada em Roma, a partir do século IX.

Esta Solenidade era celebrada no fim do Ano litúrgico, quando a Igreja mantinha seu olhar fixo ao término da vida terrena, pensando naqueles que haviam atravessado as portas do Céu.

«Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então, abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”»
(Mt 5,1-12a).

Os Santos

Os Santos e as Santas – autênticos amigos de Deus – aos quais a Igreja nos convida, hoje, a dirigir nossos olhares, são homens e mulheres, que se deixaram atrair pela proposta divina, aceitando percorrer o caminho das Bem-aventuranças; não porque sejam melhores ou mais intrépidos que nós, mas, simplesmente, porque “sabiam” que todos nós somos filhos de Deus e assim viveram; sentiram-se “pecadores perdoados”… Eis os verdadeiros de Santos! Eles aprenderam a conhecer-se, a canalizar suas forças para Deus, para si e para os outros, sabendo confiar sempre, nas suas fragilidades, na Misericórdia divina.
Hoje, os Santos nos animam a apontar para o alto, a olhar para longe, para a meta e o prêmio que nos aguardam; exortam-nos a não nos resignar diante das dificuldades da vida diária, pois a vida não só tem fim, mas, sobretudo, tem uma finalidade: a comunhão eterna com Deus.
Com esta Solenidade, a Igreja nos propõe os Santos, amigos de Deus e exemplos de uma vida feliz, que nos acompanham e intercedem por nós; eles nos estimulam a viver com maior intensidade esta última etapa do Ano litúrgico, sinal e símbolo do caminho da nossa vida.

Condições evangélicas

Trata-se de percorrer o caminho, ou melhor, as nove condições traçadas por Jesus e indicadas no Evangelho: as Bem-aventuranças!
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus…”: o ponto forte não é tanto ser “bem-aventurado”, mas o “porquê”. Uma pessoa não é “bem-aventurada” porque é “pobre”, mas porque, como pobre, tem a condição privilegiada de entrar no Reino dos Céus.
A mesma coisa acontece com as outras oito condições: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem… Alegrai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos Céus”.
A explicação de tudo encontra-se naquele “porquê”, pois revela onde os mansos encontrarão confiança, onde os pacíficos encontrarão alegria… Logo, “bem-aventurados”, não deve ser entendido como uma simples emoção, se bem que importante, mas como um auspício para se reerguer, não desanimar, não desistir e seguir em frente… pois Deus está conosco.
A questão, portanto, consiste em ver Deus, estar da sua parte, ser objeto das suas atenções; contemplar Deus, não no paraíso, mas, aqui e agora.
Enfim, eis o caminho que devemos percorrer para participar também da alegria indicada pelo Apocalipse, que todos nós podemos conseguir: “Caríssimos, considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato… desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser” (1 Jo 3,1-2). Nós, diz o refrão do Salmo, em resposta à primeira leitura da Carta de João: “Somos a geração que busca a face do Senhor”. Não porque somos melhores que os outros, mas porque Deus quis assim.

E nós?

Com essas Bem-aventuranças, Jesus nos faz um convite: “O Reino dos Céus pode-lhes interessar? Vocês tem interesse em viver uma vida melhor?”. Claro, o mundo vai para a direção oposta e nos convida a ser felizes com uma vida opulenta e economicamente tranquila, bem diferente daquela dos “pobres de espírito”; convida-nos a uma vida de diversão, em todos os sentidos, a todo custo e com todos os meios, bem diferente daquela dos “Bem-aventurados os que choram”; convida-nos a ter sempre razão e a prevalecer sobre os outros, mas não a ser mansos; convida-nos a satisfazer-nos com tudo, sem objeção, mas não a satisfazer-nos com a paz e a justiça; convida-nos a pensar só em nós mesmos, mas não em ser misericordiosos; convida-nos a ir para aonde nosso coração nos levar, satisfazendo as nossas paixões, mas não a ser puros de coração; convida-nos a defender nossos muros, mas não a ser pacificadores; convida-nos a prevalecer e a perseguir os outros, ao invés de deixar-nos insultar!
Enfim, as Bem-aventuranças podem, realmente, parecer absurdas, mas são apenas algumas condições para uma vida melhor, feliz e linda… uma vida bem sucedida ou, então, uma vida santa. Não se trata apenas de palavras ou ideias… porque se observarmos bem, as Bem-aventuranças são um retrato do próprio Jesus: pobre, manso, dócil, misericordioso… animado apenas pelo desejo “de ocupar-se das coisas do Pai” (Cf. Lc 2,49).
Como dizíamos acima, o ponto forte não é tanto ser “bem-aventurado”, mas o “porquê”: a felicidade ou a bem-aventurança depende do sentido que dermos à nossa vida, da direção que tomarmos, da nossa razão de viver, mas, também, do valor que dermos ao sentido de perder a vida: “Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas do meu Pai?” “…porque delas depende é o Reino dos Céus”.
Portanto, a alegria ou a bem-aventurança não depende das condições externas, como o bem-estar, o prazer, o sucesso… que são experiências frágeis e efêmeras (Cf. Mt 7,24-28: a casa construída na areia ou na rocha), mas depende da felicidade prometida por Deus aos que adotam certos comportamentos em seus corações e os manifestam na vida de cada dia.

Santos da porta ao lado

Logo, a Solenidade de hoje confirma que uma vida “beata”, “bela”, “bem-sucedida” e “santa”… é possível, tanto ontem como hoje! Para nós e para todos. Podemos sempre nos tornar aqueles “santos da porta ao lado”, sobre os quais o Papa Francisco se refere: homens e mulheres reconciliados conosco, com os outros e com Deus, capazes de fazer brilhar a luz do amor misericordioso de Deus no dia a dia, na família, no trabalho, nos tempos livres… sabendo viver “Jesus” e confiando nas suas “Bem-aventuranças”.
Todos nós somos santos ao recebermos o Batismo, mas muitos não sabem! Muitas vezes, nem nos damos conta desta possibilidade que o Batismo nos proporciona. Não obstante, ela existe, porque Jesus quis assim!

Anedota

Durante uma visita a uma igreja de Turim, um aluno pediu à professora uma explicação sobre alguns vitrais luminosos e belos do templo. E ela respondeu: “Representam os Santos, homens e mulheres, que viveram, de forma especial e forte, a amizade com Jesus”.
Poucos dias depois, Dia de Todos os Santos, um sacerdote perguntou aos mesmos alunos: “Alguém saberia me explicar quem foram e o que fizeram aqueles que a Igreja venera como “Santos?”. O menino, que havia pedido explicações à professora sobre os vitrais, levantou a mão e, com voz firme e confiante, respondeu: “São os que deixam a Luz passar!”.

Publicado em VATICAN NEWS.

O perigo do Halloween

Quando se trata de Halloween no meio cristão, existem duas reações muito comuns que estamos acostumados a ver nas pessoas: ou imediatamente se posicionam contra, com firmeza e repulsa, ou então reviram os olhos, achando que é exagero, por parte de alguns, privar-se de uma festa cultural que consideram inocente. Nenhuma dessas duas figuras, no entanto, vai de fato atrás para entender os verdadeiros motivos, raízes, perigos e tudo que está por trás do dia 31 de outubro de todos os anos.

O Halloween, em sua origem, não era uma festa pagã. Muito pelo contrário! Seu próprio nome se remete justamente a uma celebração católica. “All Hallow’s Eve”, em português, a Véspera do dia de Todos os Santos. É verdade que os povos celtas da Irlanda possuíam um pequeno festival pagão na mesma data, mas, conforme o catolicismo se espalhava pela Europa, os Papas da Igreja conseguiram ressignificar esta festa. No Século VIII, o Papa Gregório III definiu o dia 1º de novembro como dia da comemoração de Todos os Santos em Roma e, alguns anos mais tarde, o Papa Gregório IV estendeu a celebração para todos os lugares.

All Hallow’s Eve

A celebração da Véspera do dia de Todos os Santos se tornou uma forma de evangelização nos países do Reino Unido, embora ainda distante de ser como o Halloween que conhecemos hoje em dia. Naquela época, visitavam-se cemitérios e faziam-se encenações sobre demônios e sobre as almas condenadas como forma de catequese, ensinando ao povo sobre a existência do Inferno e a importância de renunciar à vida de pecado. No dia seguinte, ensinava-se sobre o Céu e sobre os Santos, e no próximo dia, sobre o Purgatório.

As mudanças sofridas nessa data tiveram início na Reforma Protestante e foram concretizadas com uma mistura de culturas na colonização da América do Norte. A retomada de práticas pagãs na noite do dia 31 de outubro, como o culto aos mortos, práticas ocultistas etc., foi ocasionada aos poucos a partir do momento em que a Família Real Inglesa proibia a celebração de cerimônias católicas.

Quando tudo isso chegou aos Estados Unidos, outras culturas foram inseridas e misturadas com a celebração. Existem diversas teorias que sugerem a origem de elementos como a abóbora, “doces ou travessuras”, e a formação do termo Halloween como conhecemos hoje. Não vem ao caso explorá-las aqui, embora se acredite que muitos desses aspectos também tenham surgido de práticas católicas (como por exemplo a doação de comida aos pobres).

“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém.” 1Cor 6, 12

O Halloween foi então, ao longo dos anos, de uma cerimônia de evangelização cristã que mostrava o horror do Inferno para uma cerimônia de exaltação a ele, aos seus demônios e ao espiritismo. E isso é motivo suficiente para que tenhamos cuidado com essa festa que, superficialmente, parece inocente e infantil.

Como São Paulo diz na carta aos Coríntios: nem tudo convém. Ainda que a intenção do seu coração seja boa, ainda que não haja malícia de sua parte, muito menos nas suas crianças, se expor ao que é a festa de Halloween hoje em dia é se expor ao perigo da contaminação espiritual. Práticas ocultistas acontecem às escondidas de um lado, enquanto, do outro, crianças inocentemente banalizam e contribuem para que, cada dia mais, as pessoas deixem de acreditar na existência de demônios e do Inferno.

Para Satanás, é extremamente vantajoso que deixem de acreditar nele, pois não combatemos aquilo que teoricamente não existe. E essa tem sido sua estratégia ao longo da história. O Inferno não escandaliza mais como escandalizava antes. Pelo contrário, uma inversão de valores tem sido impregnada na nossa cultura. Exalta-se o feio, o horrendo, o esquisito, o macabro. E o Belo, que é o que vem de Deus, é desprezado e zombado.

Tudo aquilo que envolve o Halloween atualmente não condiz mais com os verdadeiros valores cristãos, portanto diversos perigos cercam esta prática e não nos convém participar dela. Não devemos condenar, todavia, quem participa por ignorância. Sei que explicar isso para as crianças pode ser um desafio, mas nunca podemos nos esquecer da Sabedoria do Espírito Santo que nos auxilia nestes momentos.

A partir do momento em que sabemos sobre a origem do Halloween no catolicismo, podemos usar disso para recapitular este sentido na vida de nossas crianças. E também usar da oportunidade para ensiná-las sobre o Céu e o Inferno, e convidá-las a celebrar então o dia de Todos os Santos, com doces e fantasias assim como gostam.

Giovana Cardoso
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator

Publicado em Comunidade Católica Pantokrator.

Julho é o mês dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor

O mês de julho, na tradição católica, é especialmente dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Esta devoção destaca o sacrifício redentor de Cristo e a importância do seu sangue derramado para a salvação da humanidade. Celebrar o Preciosíssimo Sangue é reconhecer o profundo mistério da redenção e a grandeza do amor de Deus pelos seus filhos. Quando olhamos a imagem do Sagrado Coração de Jesus observamos que Jesus aponta para o seu coração. O coração de Jesus é a fonte de amor e Jesus expressou esse amor doando todo o seu sangue para nos resgatar. Sangue é vida!

Origem da Devoção

A devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo tem raízes profundas na história da Igreja. Desde os primeiros tempos do cristianismo, o sangue de Cristo foi venerado como o preço da redenção da humanidade. Um dos primeiros a ter a devoção ao preciosíssimo sangue de Jesus foi São Gaspar de Búfalo. Ele propagou fortemente essa devoção, tendo a aprovação da Santa Sé. Foi o fundador da Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue (CPPS) em 1815.

No entanto, a formalização desta devoção como um mês específico dedicado ao Preciosíssimo Sangue ocorreu no século XIX. O Papa Pio IX, em 1849, instituiu oficialmente a festa do Preciosíssimo Sangue em resposta à turbulência política da época e às ameaças contra a Igreja. Em 1969, o Papa Paulo VI incorporou a festa ao Calendário Litúrgico Geral, estabelecendo o primeiro domingo de julho como o dia da sua celebração.

Significado Teológico

O Preciosíssimo Sangue de Cristo é um símbolo poderoso do sacrifício redentor de Jesus na cruz. Segundo a doutrina católica, o sangue de Cristo foi derramado para expiar os pecados da humanidade, oferecendo salvação e reconciliação com Deus. Este sacrifício é central para a fé cristã e é celebrado na Eucaristia, onde os fiéis participam do corpo e sangue de Cristo. Através do seu sangue, Jesus estabelece uma nova aliança, superando a antiga aliança baseada nos sacrifícios de animais, e oferecendo uma redenção eterna.

Práticas Devocionais

Durante o mês de julho, os católicos são incentivados a aprofundar a sua devoção ao Preciosíssimo Sangue de várias maneiras. Entre as práticas mais comuns estão a participação na Santa Missa, a recitação do Terço do Preciosíssimo Sangue, a realização de novenas e a meditação sobre as Estações da Cruz. Essas práticas ajudam os fiéis a refletir sobre o sacrifício de Cristo e a renovar o compromisso com a vida cristã. A oração “Anima Christi”, que pede especificamente a proteção do sangue de Cristo, também é frequentemente recitada durante este mês.

Reflexão Espiritual

A devoção ao Preciosíssimo Sangue não é apenas uma lembrança do sofrimento de Cristo, mas também um chamado à transformação pessoal. Os fiéis são convidados a refletir sobre o significado do sacrifício de Jesus nas suas vidas, a reconhecer os seus pecados e a procurar a misericórdia divina. O sangue de Cristo, como fonte de vida e redenção, inspira os católicos a viverem de maneira mais plena e comprometida com os valores do Evangelho. Esta devoção promove uma espiritualidade de gratidão, humildade e renovação constante.

Importância para a Igreja

A devoção ao Preciosíssimo Sangue de Cristo fortalece a identidade e a unidade da Igreja. Ela lembra aos fiéis que todos são redimidos pelo mesmo sacrifício e chamados a viver em comunhão com Deus e com os outros. Adicionalmente, esta devoção destaca a centralidade da Eucaristia na vida da Igreja, onde o mistério da redenção é renovado e celebrado continuamente. O mês de julho, dedicado ao Preciosíssimo Sangue, oferece uma oportunidade para a Igreja renovar a sua missão de testemunhar o amor redentor de Cristo ao mundo.

Conclusão

O mês de julho, dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor, é um período de profunda reflexão e renovação espiritual para os católicos. Através desta devoção, os fiéis são lembrados do imenso amor de Cristo, manifestado no seu sacrifício redentor. Celebrar o Preciosíssimo Sangue é uma oportunidade para os cristãos aprofundarem a sua fé, renovarem o seu compromisso com a vida cristã e unirem-se mais intimamente à missão da Igreja. Ao refletir sobre o sacrifício de Cristo, os fiéis são inspirados a viver de maneira mais plena e comprometida, testemunhando o amor redentor de Deus nas suas vidas diárias.

Publicado em Via Crucis.

A Paixão de Cristo: uma Profunda Análise Católica

QUARESMA – 2024

A Paixão de Cristo é um dos eventos mais significativos e profundamente simbólicos da fé católica, representando o ápice do amor de Deus pela humanidade e o sacrifício redentor de Jesus Cristo. Este artigo visa explorar o significado e o simbolismo da Paixão de Cristo, destacando como esses eventos, descritos nos Evangelhos, continuam a influenciar e moldar a fé católica. 

Entendendo a Paixão de Cristo

A narrativa da Paixão de Cristo se desenrola em várias etapas, cada uma com seu significado teológico e espiritual profundo:

A Entrada em Jerusalém

A entrada de Jesus em Jerusalém, aclamado como Messias, cumpre a profecia de Zacarias: “Alegra-te muito, filha de Sião! Exulta, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti; ele é justo e salvador” (Zacarias 9:9). Este momento simboliza a aceitação de Jesus de sua missão redentora e a expectativa messiânica do povo.

A Última Ceia

Durante a Última Ceia, Jesus institui a Eucaristia, dizendo: “E, tomando o pão, deu graças, partiu-o e deu-lhes, dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim’. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é o novo pacto no meu sangue, que é derramado por vós'” (Lucas 22:19-20). Aqui, Jesus estabelece um novo pacto, marcando a transição da Antiga para a Nova Aliança.

A Oração no Jardim do Getsêmani

Confrontado com a realidade de sua iminente morte, Jesus ora intensamente no Getsêmani: “Pai, se quiseres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42). Este momento destaca a humanidade de Jesus, sua angústia e sua submissão total à vontade do Pai.

A Traição de Judas e o Julgamento

A traição de Judas e os julgamentos subsequentes perante as autoridades religiosas e Pilatos revelam tanto a injustiça humana quanto a integridade inabalável de Jesus: “Então, o levaram a Pilatos. E começaram a acusá-lo” (Lucas 23:1).

A Crucificação e Morte

Na crucificação, o amor supremo de Jesus é revelado: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lucas 23:34). Sua morte na cruz é o ponto culminante do amor redentor e da salvação oferecida à humanidade.

O Sepultamento

O sepultamento de Jesus marca a realidade de sua morte humana e prepara o cenário para o milagre da Ressurreição.

Simbolismo Teológico da Paixão

Cada aspecto da Paixão possui um significado teológico profundo. A entrada em Jerusalém mostra Jesus como o Messias esperado; a Última Ceia estabelece a Eucaristia como um pilar central da fé católica; o Getsêmani destaca a obediência e humanidade de Cristo; a traição e julgamento revelam as falhas humanas e a retidão de Cristo; a crucificação simboliza o amor sacrificial e a redenção dos pecados. Juntos, esses eventos formam um poderoso testemunho do plano de salvação de Deus e do amor infinito de Cristo pela humanidade.

A Paixão de Cristo não é apenas um relato histórico; é um convite contínuo à reflexão, transformação e renovação espiritual. Ela nos inspira a seguir o exemplo de amor, sacrifício e obediência de Jesus e a viver nossas vidas em resposta ao seu chamado de amor e serviço.

A Paixão na Liturgia e na Devoção Católica

A Paixão de Cristo ocupa um lugar central na liturgia e na devoção católica. A Semana Santa, culminando na Páscoa, é marcada por liturgias que rememoram os eventos da Paixão. A Via Sacra, uma meditação sobre as “Estações da Cruz”, ajuda os fiéis a se conectarem com o sacrifício de Cristo.

Reflexão e Identificação com o Sofrimento de Cristo

A contemplação da Paixão permite uma reflexão profunda sobre o significado do sofrimento e sacrifício em nossas vidas. Identificar-se com o sofrimento de Cristo conduz a uma compreensão mais profunda do amor sacrificial e da redenção, reforçando a crença na vitória sobre o pecado e a morte.

A Paixão e a Vida Cristã Contemporânea

A Paixão de Cristo vai além de um evento histórico; é um convite contínuo à transformação pessoal. Em um mundo marcado por desafios, a história da Paixão oferece uma mensagem de esperança e salvação.

A Paixão como Modelo de Amor e Serviço

A entrega de Jesus é um modelo para os cristãos em termos de amor, serviço e sacrifício, inspirando a viver vidas de compaixão, buscar justiça e oferecer misericórdia.

A Paixão na Educação da Fé

No ensino da fé católica, a Paixão é um ponto de referência constante para compreender o amor de Deus, a realidade do pecado e a promessa da redenção.

Conclusão

A Paixão de Cristo permanece como um símbolo poderoso e transformador na fé católica, encapsulando a essência do amor de Deus, e continua a moldar as práticas devocionais e a vida espiritual dos cristãos. Ao refletir sobre a Paixão, somos convidados a mergulhar mais profundamente em nossa jornada de fé, reconhecendo o amor incondicional de Deus e respondendo com uma vida de serviço, amor e dedicação total.

Publicado em Santos Católicos.