A misericórdia que pede conversão: o que muitos esquecem na Festa da Divina Misericórdia (27.04.2025*)

O domingo da Divina Misericórdia e a urgente necessidade de uma mudança de vida, à luz de Fátima

A misericórdia não é desculpa para o pecado

No domingo seguinte ao da Páscoa, a Igreja celebra a Festa da Divina Misericórdia, uma solenidade instituída em resposta ao pedido de Santa Faustina Kowalska, por mandato do próprio Nosso Senhor.

Essa solenidade é, para muitos, um bálsamo espiritual. Mas para outros tantos, infelizmente, tornou-se quase um álibi emocional: uma data na qual se celebra uma misericórdia desfigurada, sentimental, esvaziada de exigência.

Contudo, a verdadeira Divina Misericórdia é um chamado de fogo à conversão, à reparação, à penitência. Algo que tem uma ligação íntima com a Mensagem de Nossa Senhora em Fátima.

Em ambos os casos, Deus, por meio de Suas manifestações sobrenaturais, estende a mão ao pecador. Mas o faz com a majestade de um Rei que é também Juiz. Ele perdoa, mas exige mudança.

A misericórdia autêntica jamais abandona a justiça

Nosso Senhor disse a Santa Faustina: “A alma que confia na Minha misericórdia é a mais feliz, porque Eu mesmo cuido dela.”

Mas também advertiu: “A humanidade não encontrará paz enquanto não se voltar com confiança à Minha misericórdia.”

Ora, voltar-se à misericórdia não é pedir perdão sem desejo de emenda. 

É reconhecer-se miserável, e por isso mesmo, pronto a lutar contra o próprio pecado, a evitar as ocasiões de queda, a buscar a graça que fortalece.

Essa perspectiva, que se perdeu em muitos discursos modernos, está perfeitamente alinhada à mensagem de Fátima.

Ali, em 1917, a Santíssima Virgem não veio propor uma religião da “tolerância universal” ou da “autoaceitação incondicional”, mas advertiu severamente: “Os pecados do mundo são muitos. Se os homens não se converterem, virá um castigo terrível.”

A misericórdia que Nossa Senhora implora ao Céu passa, necessariamente, pela conversão de quem a pede.

Fátima e a Divina Misericórdia: dois lados da mesma moeda

Tanto a mensagem da Virgem Santíssima em Fátima quanto as promessas da Divina Misericórdia constituem luminosos apelos celestes para tempos de provação. Épocas em que a humanidade, afastando-se de Deus, se aproxima perigosamente da própria perdição.

Em Fátima, Nossa Senhora falou da necessidade do Rosário, da consagração ao Imaculado Coração de Maria e da penitência.

Santa Faustina, por sua vez, recebeu a missão de propagar a confiança na Misericórdia Divina, através da imagem de Jesus Misericordioso, da recitação do Terço da Misericórdia e da vivência da confiança.

Mas em ambas as revelações — tanto em Portugal como na Polônia — está o mesmo chamado: mudar de vida.

Voltar-se para Deus. Pedir perdão não com os lábios apenas, mas com a decisão de não ofendê-Lo mais.

O grande engano moderno: usar a misericórdia para justificar a tibieza

Hoje, mais do que nunca, muitos usam o nome da misericórdia como escudo para justificar omissões, pecados habituais, cumplicidade com o erro.

Quantos já não ouviram a expressão “Deus é misericordioso” para desculpar tudo, da falta à missa à aprovação do aborto, do adultério à indiferença religiosa?

Nada mais contrário ao verdadeiro espírito da Festa da Divina Misericórdia.

O próprio Jesus Cristo disse a Santa Faustina que aqueles que abusam da Sua paciência, e não se arrependem, serão julgados com rigor.

Disse também que o tempo da misericórdia precede o da justiça. O que significa que haverá, sim, um tempo em que o Juiz virá e cobrará.

Quem honra a Divina Misericórdia não é aquele que se acomoda na própria fraqueza, mas quem, reconhecendo-se fraco, levanta-se e combate o mal dentro de si, com a ajuda da graça.

Para aprofundar esse caminho de verdadeira conversão, baixe gratuitamente o e-book “A Divina Misericórdia: Promessa de Vida e Salvação”, que esclarece e apresenta a devoção a Divina Misericordia à luz das revelações de Jesus Misericordioso a Santa Faustina Kowalska.

Como viver essa festa com autenticidade

Para muitos, a Festa da Divina Misericórdia resume-se à recitação do Terço e à promessa de indulgência plenária.

É verdade que Nosso Senhor prometeu graças imensas para quem, neste domingo, comunga em estado de graça e reza confiando n’Ele.

Mas seria um erro limitar essa data a uma cerimônia externa. A verdadeira celebração exige algo muito mais profundo: um propósito firme de mudar de vida.

É preciso examinar a própria consciência, fazer uma boa confissão, fugir das ocasiões de pecado, abandonar os vícios.

E sobretudo, comprometer-se com atos concretos de caridade, de apostolado e de reparação.

A Misericórdia de Deus quer almas corajosas, dispostas a lutar por Ele. E esse combate não é opcional.

A Santíssima Virgem nos alertou, em Fátima, que sem penitência, sem oração e sem combate espiritual, o mundo mergulha no caos.

Uma proposta concreta: reparar e consagrar-se

Neste domingo da Misericórdia, cada leitor é convidado a fazer mais do que apenas rezar.

Faça um propósito firme de reparação. Escolha um pecado grave que hoje impera na sociedade e combata-o espiritualmente: seja a impureza, a blasfêmia, a indiferença religiosa ou o orgulho.

Ofereça um sacrifício por amor a Jesus Misericordioso. Reze o Terço da Misericórdia diante do Santíssimo Sacramento.

E se ainda não o fez, consagre-se ao Imaculado Coração de Maria, pois foi por esse meio que Deus quis dar a salvação em nossos dias, conforme a mensagem de Fátima.

Uma maneira de viver essa consagração é unindo-se aos Missionários de Fátima — um exército de almas que vive o chamado à conversão e reparação feito por Nossa Senhora.
É uma forma concreta de responder ao apelo de Fátima e ajudar a espalhar a luz da fé num mundo tão ferido. 

Ligue 0800 878 2256 (Brasil) ou 707 502 677 (Portugal) e inscreva-se nesta família.

Essa consagração é um modo concreto de viver a misericórdia: entregar-se a Maria para que Ela nos molde à imagem de Seu Filho, e nos ajude a vencer o mal, começando dentro de nós.

Publicado em Associação Regina Fidei.

* Acréscimo meu.

Santa Maria – Mãe de Deus: Solenidade – 1º de janeiro – o Dogma

A Virgem Maria é também chamada de Mãe de Deus. Mas como se dá a maternidade divina? Conheça a festa e o dogma de Maria Mãe de Deus.

Quarta-feira, dia 1º de janeiro do ano do Jubileu de 2025, a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e o dia mundial da paz. A Virgem Maria é também chamada de Mãe de Deus. Mas como se dá a maternidade divina? Conheça a festa e o dogma de Maria Mãe de Deus.

Nossa Senhora foi designada e preservada desde o ventre para assumir o papel sublime de ser a mãe de Jesus. O dogma da Imaculada Conceição, proclamado pela Igreja, ressalta essa escolha divina ao designar Maria como “a toda santa”. 1 Além desse dogma, a Igreja possui outros três referentes a Maria, incluindo o reconhecimento de sua Maternidade Divina.

Neste artigo, mergulharemos no significado do dogma da Maternidade Divina, abordando passagens bíblicas que destacam Maria como Mãe de Deus e seu o fundamento teológico. Além disso, veremos o papel da Virgem Maria também como mãe na nossa vida espiritual.

Conheça aqui os quatro dogmas marianos.

O que é o dogma da Mãe de Deus ou Maternidade Divina?

Todo fiel católico deve crer nos dogmas da Igreja, ou seja, nas verdades de fé. No Catecismo da Igreja Católica encontramos o que significa o dogma da Mãe de Deus e por que a Igreja crê nesse fato.A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde que foi concebida. Por isso, o Concílio de Éfeso proclamou, em 431, que Maria se tornou, com toda a verdade, Mãe de Deus, por ter concebido humanamente o Filho de Deus em seu seio: «Mãe de Deus, não porque o Verbo de Deus dela tenha recebido a natureza divina, mas porque dela recebeu o corpo sagrado, dotado duma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne». 2

Desse modo, sendo Mãe de Jesus, que é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, Maria é também Mãe de Deus. Isto é o que afirma o dogma da Maternidade Divina.

O que é a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus?

A Solenidade de Maria, Mãe de Deus, é uma festa litúrgica que celebra o dogma da Maternidade Divina de Nossa Senhora. Durante esta solenidade, os fiéis recordam com alegria e reverência que a Virgem Maria é verdadeiramente a Mãe de Deus. Pois concebeu e deu à luz o Filho de Deus, uma pessoa divina, a segunda pessoa da Santíssima Trindade.

Esta solenidade destaca-se como um momento propício para mergulhar na relação íntima de Maria com a obra redentora do Pai, reconhecendo-a como a Mãe do Salvador e de todos nós. E Maria é parte integrante da realidade salvadora. Além disso, a solenidade é um dia santo de guarda, é preceito na fé católica, exigindo a participação dos fiéis na celebração da Santa Missa neste dia — ou na noite do dia anterior.

celebração da solenidade de Maria Mãe de Deus no vaticano.
Solenidade de Maria, Mãe de Deus na Basílica de São Pedro. Foto/divulgação: Vatican News.

Quando é celebrada Santa Maria, Mãe de Deus?

A Maternidade Divina de Maria, celebrada desde o século VII, teve sua festa litúrgica estabelecida pelo Papa Pio XI em 1931. Desde então, a Igreja celebra a Solenidade de Maria Mãe de Deus no dia primeiro de janeiro — que é ao mesmo tempo o dia da Oitava do Natal.Nós veneramos esta maternidade no primeiro dia do novo ano. É nosso desejo, de fato, que, nesta nova etapa do tempo humano, Maria continue a abrir a Cristo a via para a humanidade, do mesmo modo que lha abriu na noite do nascimento de Deus. 3

Saiba o que é a Oitava de Natal.

A Mãe de Deus na Bíblia

A Sagrada Escritura nos oferece diversas passagens que ressaltam o papel único de Maria como Mãe de Deus. No Evangelho de Lucas, durante a Visitação, Isabel, cheia do Espírito Santo, saúda Maria, reconhecendo-a como “a mãe do meu Senhor”. Essa saudação destaca não apenas a maternidade de Maria sobre Jesus, mas sua condição como Mãe do próprio Senhor.Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? Pois quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. 4

imagem da visitação, quando Isabel reconhece Maria como mãe de Deus.

O Catecismo da Igreja Católica também reforça este ponto no seu número 495:Chamada nos evangelhos «a Mãe de Jesus» 5, Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito Santo e desde antes do nascimento do seu Filho, como «a Mãe do meu Senhor» 6. Com efeito, Aquele que Ela concebeu como homem por obra do Espírito Santo, e que Se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é, verdadeiramente, Mãe de Deus («Theotokos»)

Em outra passagem presente no Evangelho de Mateus, a citação da profecia de Isaías 7 destaca que o nascimento de Jesus, por meio de Maria, é o cumprimento divino da promessa de Deus de estar conosco, encarnado na pessoa de Jesus:Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa “Deus está conosco”. 8

Não deve haver dúvidas, portanto, em relação à Maternidade Divina de Nossa Senhora. Se ela é Mãe de Jesus e[…] para nós, contudo, existe um só Deus, o Pai, de quem tudo procede e para o qual caminhamos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por quem tudo existe e para quem caminhamos. 9

Fundamento teológico do dogma da maternidade divina

O fundamento teológico do dogma da Maternidade Divina remonta ao Concílio de Éfeso em 431, quando a Igreja oficialmente proclamou essa verdade de fé. O contexto envolveu a refutação das ideias equivocadas de Nestório, que separava as naturezas humana e divina de Cristo, negando assim o título de “Mãe de Deus” a Maria.

Nesse contexto, São Cirilo de Jerusalém emergiu como um defensor notável, contestando e condenando as ideias de Nestório. Suas argumentações, notavelmente expressas em cartas, foram incorporadas na proclamação dogmática. Contudo, vale lembrar que quando a Igreja proclama um dogma, ela não está introduzindo algo novo, mas reconhecendo uma realidade já existente, garantindo que não haja mais mal-entendidos.

A tradição dessa maternidade divina encontra-se em orações antigas e escritos dos Padres da Igreja, como Orígenes no século terceiro. Os Santos Padres já reconheciam que Maria não era apenas o lugar de nascimento de Jesus, mas a verdadeira fonte da encarnação divina. Santo Tomás de Aquino e o Beato Duns Scotus, doutor mariano, por exemplo, ressaltam a dignidade única de Maria como Mãe de Deus.

Além disso, mesmo reformadores protestantes como Lutero e Calvino reconheceram a maternidade divina. O fundamento teológico permeia, portanto, as Escrituras, a Tradição da Igreja e o pensamento de diversos teólogos ao longo dos séculos.

A solenidade da Mãe de Deus e a nossa vida espiritual

Esta solenidade também é um convite profundo para explorarmos a íntima relação entre Maria e a nossa vida espiritual. Quando Jesus, na cruz, diz Eis aí a tua mãe 10, Ele não apenas confiou Maria a João, mas simbolicamente a todos nós, tornando-a Mãe da Igreja, composta pela cabeça, que é Cristo, e pelo corpo, que somos nós, seus membros.

São Paulo, ao chamar a Igreja de Corpo Místico de Cristo, destaca a união vital entre Cristo e os fiéis. São Luís Maria Grignion de Montfort, formulando essa questão, destaca a necessidade natural de uma mãe dar à luz tanto a cabeça quanto o corpo. Assim, Maria, como Mãe de Deus, é também nossa mãe, uma mãe que não só deu à luz a Cristo, nosso irmão, mas que, por extensão, acolhe-nos como filhos espirituais.

menina rezando diante da imagem de Maria, mãe de Deus e nossa mãe.

Maria é, portanto, nosso modelo de vida com Deus. Sua humildade, obediência e amor são um guia para nos aproximarmos de Cristo e nos assemelharmos a Ele — o que buscamos quando pensamos na santidade. Além disso, como mãe, ela intercede por nós diante do Pai, conhecendo o papel vital da mãe na vida dos filhos. Deus, ao nos dar Maria como mãe, reconhece nossa necessidade espiritual de orientação e cuidado materno.

Por isso, recorramos à Nossa Senhora, nossa mãe. Ela deseja ser uma presença viva na nossa vida espiritual e derramar muitas graças. Mas para isso precisamos invocá-la, pedir que ela esteja presente nos diversos momentos de nossa vida. Um meio devoto e eficaz de recorrer à Nossa Senhora é repetir várias vezes ao dia: Ave Maria!A esta invocação – Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores –, a Mãe de Deus sempre responde! Escuta os nossos pedidos, abençoa-nos com o seu Filho nos braços, traz-nos a ternura de Deus feito carne; numa palavra, dá-nos esperança. 11

Conheça os mistérios do terço e saiba como rezá-lo.

Referências

  1. CIC, 493[]
  2. CIC, 466[]
  3. Papa João Paulo II, Santa Missa para o XVII Dia Mundial da Paz Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, 1º de janeiro de 1984[]
  4. Lc 1,43-44[]
  5. Jo 2, 1; 19, 25[]
  6. Lc 1, 43[]
  7. 7, 14[]
  8. Mt 1, 22-23[]
  9. I Cor 8, 6[]
  10. João 19,26-27[]
  11. Papa Francisco, Santa Missa na Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus LVI Dia Mundial da Paz, 1º de janeiro de 2023[]

Publicado em Minha Biblioteca Católica.

O perigo do Halloween

Quando se trata de Halloween no meio cristão, existem duas reações muito comuns que estamos acostumados a ver nas pessoas: ou imediatamente se posicionam contra, com firmeza e repulsa, ou então reviram os olhos, achando que é exagero, por parte de alguns, privar-se de uma festa cultural que consideram inocente. Nenhuma dessas duas figuras, no entanto, vai de fato atrás para entender os verdadeiros motivos, raízes, perigos e tudo que está por trás do dia 31 de outubro de todos os anos.

O Halloween, em sua origem, não era uma festa pagã. Muito pelo contrário! Seu próprio nome se remete justamente a uma celebração católica. “All Hallow’s Eve”, em português, a Véspera do dia de Todos os Santos. É verdade que os povos celtas da Irlanda possuíam um pequeno festival pagão na mesma data, mas, conforme o catolicismo se espalhava pela Europa, os Papas da Igreja conseguiram ressignificar esta festa. No Século VIII, o Papa Gregório III definiu o dia 1º de novembro como dia da comemoração de Todos os Santos em Roma e, alguns anos mais tarde, o Papa Gregório IV estendeu a celebração para todos os lugares.

All Hallow’s Eve

A celebração da Véspera do dia de Todos os Santos se tornou uma forma de evangelização nos países do Reino Unido, embora ainda distante de ser como o Halloween que conhecemos hoje em dia. Naquela época, visitavam-se cemitérios e faziam-se encenações sobre demônios e sobre as almas condenadas como forma de catequese, ensinando ao povo sobre a existência do Inferno e a importância de renunciar à vida de pecado. No dia seguinte, ensinava-se sobre o Céu e sobre os Santos, e no próximo dia, sobre o Purgatório.

As mudanças sofridas nessa data tiveram início na Reforma Protestante e foram concretizadas com uma mistura de culturas na colonização da América do Norte. A retomada de práticas pagãs na noite do dia 31 de outubro, como o culto aos mortos, práticas ocultistas etc., foi ocasionada aos poucos a partir do momento em que a Família Real Inglesa proibia a celebração de cerimônias católicas.

Quando tudo isso chegou aos Estados Unidos, outras culturas foram inseridas e misturadas com a celebração. Existem diversas teorias que sugerem a origem de elementos como a abóbora, “doces ou travessuras”, e a formação do termo Halloween como conhecemos hoje. Não vem ao caso explorá-las aqui, embora se acredite que muitos desses aspectos também tenham surgido de práticas católicas (como por exemplo a doação de comida aos pobres).

“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém.” 1Cor 6, 12

O Halloween foi então, ao longo dos anos, de uma cerimônia de evangelização cristã que mostrava o horror do Inferno para uma cerimônia de exaltação a ele, aos seus demônios e ao espiritismo. E isso é motivo suficiente para que tenhamos cuidado com essa festa que, superficialmente, parece inocente e infantil.

Como São Paulo diz na carta aos Coríntios: nem tudo convém. Ainda que a intenção do seu coração seja boa, ainda que não haja malícia de sua parte, muito menos nas suas crianças, se expor ao que é a festa de Halloween hoje em dia é se expor ao perigo da contaminação espiritual. Práticas ocultistas acontecem às escondidas de um lado, enquanto, do outro, crianças inocentemente banalizam e contribuem para que, cada dia mais, as pessoas deixem de acreditar na existência de demônios e do Inferno.

Para Satanás, é extremamente vantajoso que deixem de acreditar nele, pois não combatemos aquilo que teoricamente não existe. E essa tem sido sua estratégia ao longo da história. O Inferno não escandaliza mais como escandalizava antes. Pelo contrário, uma inversão de valores tem sido impregnada na nossa cultura. Exalta-se o feio, o horrendo, o esquisito, o macabro. E o Belo, que é o que vem de Deus, é desprezado e zombado.

Tudo aquilo que envolve o Halloween atualmente não condiz mais com os verdadeiros valores cristãos, portanto diversos perigos cercam esta prática e não nos convém participar dela. Não devemos condenar, todavia, quem participa por ignorância. Sei que explicar isso para as crianças pode ser um desafio, mas nunca podemos nos esquecer da Sabedoria do Espírito Santo que nos auxilia nestes momentos.

A partir do momento em que sabemos sobre a origem do Halloween no catolicismo, podemos usar disso para recapitular este sentido na vida de nossas crianças. E também usar da oportunidade para ensiná-las sobre o Céu e o Inferno, e convidá-las a celebrar então o dia de Todos os Santos, com doces e fantasias assim como gostam.

Giovana Cardoso
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator

Publicado em Comunidade Católica Pantokrator.

Palavra de Vida: “Tende coragem! Eu venci o mundo.” (João 16,33).

Com essas palavras concluem-se os discursos de despedida dirigidos por Jesus aos discípulos na sua última ceia, antes de morrer. Foi um diálogo denso, em que revelou a realidade mais profunda do seu relacionamento com o Pai e da missão que este lhe confiou.

Jesus está prestes a deixar a terra e voltar ao Pai, enquanto que os discípulos permanecerão no mundo para continuar a sua obra. Também eles, como Jesus, serão odiados, perseguidos, até mesmo mortos (cf. Jo 15,18.20; 16,2). Sua missão será difícil, como foi a Dele: “No mundo tereis aflições”, como acabara de dizer (16,33).

Jesus fala aos apóstolos, reunidos ao seu redor para aquela última ceia, mas tem diante de si todas as gerações de discípulos que haveriam de segui-lo, inclusive nós.

É a pura verdade: entre as alegrias esparsas no nosso caminho não faltam as “aflições”: a incerteza do futuro, a precariedade do trabalho, a pobreza e as doenças, os sofrimentos causados pelas calamidades naturais e pelas guerras, a violência disseminada em casa e entre os povos. E existem ainda as aflições ligadas ao fato de alguém ser cristão: a luta diária para manter-se coerente com o Evangelho, a sensação de impotência diante de uma sociedade que parece indiferente à mensagem de Deus, a zombaria, o desprezo, quando não a perseguição aberta, por parte de quem não entende a Igreja ou a ela se opõe.

Jesus conhece as aflições, pois viveu-as em primeira pessoa. Mas diz:

“Tende coragem! Eu venci o mundo.” 

Essa afirmação, tão decidida e convicta, parece uma contradição. Como Jesus pode afirmar que venceu o mundo, quando pouco depois é preso, flagelado, condenado, morto da maneira mais cruel e vergonhosa? Mais do que ter vencido, Ele parece ter sido traído, rejeitado, reduzido a nada e, portanto, ter sido clamorosamente derrotado.

Em que consiste a sua vitória? Com certeza é na ressurreição: a morte não pode mantê-lo cativo. E a sua vitória é tão potente, que faz com que também nós participemos dela: Ele torna-se presente entre nós e nos leva consigo à vida plena, à nova criação.

Mas antes disso ainda, a sua vitória consistiu no ato de amar com aquele amor maior, de dar a vida por nós. É aí, na derrota, que Ele triunfa plenamente. Penetrando em cada canto da morte, libertou-nos de tudo o que nos oprime e transformou tudo o que temos de negativo, de escuridão e de dor, em um encontro com Ele, Deus, Amor, plenitude.

Cada vez que Paulo pensava na vitória de Jesus, parecia enlouquecer de alegria. Se é verdade, como ele dizia, que Jesus enfrentou todas as contrariedades, até a adversidade extrema da morte e as venceu, também é verdade que nós, com Ele e Nele, podemos vencer todo tipo de dificuldade. Mais ainda, graças ao seu amor somos “mais que vencedores”: “Tenho certeza de que nem a morte, nem a vida […], nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus, que está no Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,37; cf. 1Cor 15,57).

Então compreende-se o convite de Jesus a não ter medo de mais nada:

“Tende coragem! Eu venci o mundo.”

Essa frase de Jesus poderá nos infundir confiança e esperança. Por mais duras e difíceis que possam ser as circunstâncias em que nos encontramos, elas já foram vividas e superadas por Jesus.

É verdade que não temos a sua força interior, mas temos a presença Dele mesmo, que vive e luta conosco. “Se tu venceste o mundo” – diremos a Ele nas dificuldades, provações, tentações – “saberás vencer também esta minha ‘aflição’. Para mim, para todos nós, ela parece um obstáculo intransponível. Temos a impressão de não dar conta. Mas com tua presença entre nós encontraremos a coragem e a força, até chegarmos a ser ‘mais que vencedores’”.

Não é uma visão triunfalista da vida cristã, como se tudo fosse fácil e coisa já resolvida. Jesus é vitorioso justamente no drama do sofrimento, da injustiça, do abandono e da morte. A sua vitória é a de quem enfrenta a dor por amor, de quem acredita na vida após a morte.

Talvez também nós, como Jesus e como os mártires, tenhamos de esperar o Céu para ver a plena vitória sobre o mal. Muitas vezes temos receio de falar do Paraíso, como se esse pensamento fosse uma droga para não enfrentar com coragem as dificuldades, uma anestesia para suavizar os sofrimentos, uma desculpa para não lutar contra as injustiças. Ao contrário, a esperança do Céu e a fé na ressurreição são um poderoso impulso para enfrentar qualquer adversidade, para sustentar os outros nas provações, para acreditar que a palavra final é a do amor que venceu o ódio, da vida que derrotou a morte.

Portanto, em qualquer dificuldade, seja ela pessoal ou de outros, renovemos a confiança em Jesus, presente em nós e entre nós: Ele venceu o mundo e nos torna participantes da sua própria vitória, Ele nos escancara o Paraíso, para onde foi preparar-nos um lugar. Desse modo encontraremos a coragem para enfrentar toda provação. Seremos capazes de superar tudo, Naquele que nos dá a força.

Fabio Ciardi 

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Movimento dos Focolares/Brasil.

Publicado em I. Católica.

Indulgência Plenária na Festa da Divina Misericórdia (Equipe Christo Nihil Praeponere – Padre Paulo Ricardo)

Saiba por que a Igreja celebra, neste domingo, a festa da Divina Misericórdia e aprenda como lucrar a indulgência plenária nessa celebração.

A devoção à Divina Misericórdia, de acordo com as revelações de Nosso Senhor a Santa Faustina Kowalska, é um grande dom concedido à Igreja Católica no terceiro milênio. Essa expressão de piedade foi de tal modo reconhecida e aprovada pela Igreja que, em 2000, o Papa São João Paulo II — conterrâneo de Santa Faustina — instituiu para a Igreja universal a festa da Divina Misericórdia, a ser celebrada todos os anos, na Oitava da Páscoa.

Mas por que instituir essa festa justamente no segundo domingo do Tempo Pascal?

Além do pedido expresso de Jesus Misericordioso [1], uma das razões pode ser encontrada no fato de que, nesse dia, a liturgia católica relembra com particular intensidade dois grandes instrumentos da divina misericórdia para a salvação humanaos sacramentos do Batismo e da Penitência. Esses dois sacramentos são chamados também de “sacramentos de mortos”, porque foram “instituídos principalmente para restituir a vida da graça às almas mortas pelo pecado” [2]: o Batismo, como a porta pela qual todos temos de passar; e a Confissão, como uma “segunda tábua de salvação” [3], pois é por ela que são restituídos à graça os que voltaram a cair depois de terem sido batizados.

De fato, este domingo da Oitava da Páscoa era chamado, desde os primeiros tempos da Igreja, de Dominica in albis. A expressão latina significa “em vestes brancas” e faz referência ao fato de que, durante essa celebração, os neófitos que foram batizados na Vigília Pascal pela primeira vez aparecem com suas vestes alvas, simbolizando a brancura da alma purificada do pecado. Também neste domingo, o Evangelho proclama a instituição do sacramento da Penitência, quando Nosso Senhor Ressuscitado se põe no meio dos discípulos e, soprando sobre eles, diz: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos.” (Jo 20, 22-23)

Para fazer com que vivêssemos mais intensamente esta celebração, o Papa São João Paulo II estabeleceu, em 2002, através de um decreto com “vigor perpétuo”, que este Domingo da Divina Misericórdia fosse enriquecido com a Indulgência Plenária, entre outras razões, para que os fiéis pudessem ” alimentar uma caridade crescente para com Deus e o próximo“. Os termos da concessão são os seguintes:

Concede-se a Indulgência plenária nas habituais condições (Confissão sacramental, Comunhão eucarística e orações segundo a intenção do Sumo Pontífice) ao fiel que no segundo Domingo de Páscoa, ou seja, da “Misericórdia Divina”, em qualquer igreja ou oratório, com o espírito desapegado completamente da afeição a qualquer pecado, também venial, participe nas práticas de piedade em honra da Divina Misericórdia, ou pelo menos recite, na presença do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, publicamente exposto ou guardado no Tabernáculo, o Pai-Nosso e o Credo, juntamente com uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso (por ex., “Ó Jesus Misericordioso, confio em Ti”).

Concede-se a Indulgência parcial ao fiel que, pelo menos com o coração contrito, eleve ao Senhor Jesus Misericordioso uma das invocações piedosas legitimamente aprovadas.

Também aos homens do mar, que realizam o seu dever na grande extensão do mar; aos numerosos irmãos, que os desastres da guerra, as vicissitudes políticas, a inclemência dos lugares e outras causas do género, afastaram da pátria; aos enfermos e a quantos os assistem e a todos os que, por uma justa causa, não podem abandonar a casa ou desempenham uma actividade que não pode ser adiada em benefício da comunidade, poderão obter a Indulgência plenária no Domingo da Divina Misericórdia, se com total detestação de qualquer pecado, como foi dito acima, e com a intenção de observar, logo que seja possível, as três habituais condições, recitem, diante de uma piedosa imagem de Nosso Senhor Jesus Misericordioso, o Pai-Nosso e o Credo, acrescentando uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso (por ex., “Ó Jesus Misericordioso, Confio em Ti”).

Se nem sequer isto pode ser feito, naquele mesmo dia poderão obter a Indulgência plenária todos os que se unirem com a intenção de espírito aos que praticam de maneira ordinária a obra prescrita para a Indulgência e oferecem a Deus Misericordioso uma oração e juntamente com os sofrimentos das suas enfermidades e os incómodos da própria vida, tendo também eles o propósito de cumprir logo que seja possível as três condições prescritas para a aquisição da Indulgência plenária.

Para aqueles que não sabem ou não se lembram mais, é sempre válido recordar o que são as indulgências:https://www.youtube.com/embed/JVsCraBwQDk?rel=0

Aproveitemos essa concessão da Igreja, por ocasião da festa da Divina Misericórdia, para fortalecermos o nosso amor a Cristo, vivendo a vida da graça, e mantermos “o espírito desapegado completamente da afeição a qualquer pecado”, pois só assim poderemos receber de Deus as indulgências que Ele, misericordiosíssimo, sempre nos quer conceder.

Referências

  1. Diário de Santa Faustina, n. 49: “Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia […] no primeiro domingo depois da Páscoa”.
  2. Catecismo de São Pio X, n. 539.
  3. “O primeiro remédio para os que atravessamos os mares é nos conservarmos num navio em bom estado; o segundo, se ele naufraga, apegarmo-nos a uma tábua. Do mes­mo modo, o primeiro remédio no mar desta vida é conservarmos a nossa integridade; o segundo, recuperarmos essa integridade pela penitência, se a perdemos pelo pecado.” (Santo Tomás de Aquino, S. Th. III, q. 84, a. 6).

Publicado em Equipe Christo Nihil Praeponere (Padre Paulo Ricardo).

Imagem (com pequeno texto): Comunidade Olhar Misericordioso.

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Jesus Merciful heart

Entenda o poder destas palavras: “Pela sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!”

Jesus ensinou a Santa Faustina o Terço da Misericórdia e pediu que ela o espalhasse pelo mundo; graças a Deus, essa devoção se espalhou: é uma fonte de graça e de misericórdia, especialmente para os moribundos.

Segundo o Diário de Santa Faustina, ela escreveu após uma visão em 13 de setembro de 1935:

Eu vi um anjo, o executor da cólera de Deus […] a ponto de atingir a terra […] Eu comecei a implorar intensamente a Deus pelo mundo, com palavras que ouvia interiormente. À medida em que assim rezava, vi que o anjo ficava desamparado, e não mais podia executar a justa punição […]”.

Como rezar

No dia seguinte, uma voz interior lhe ensinou esta oração nas contas do rosário:

1 – Primeiro reze um ‘Pai Nosso’, uma ‘Ave Maria’, e o ‘Credo’.

“Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e do mundo inteiro”.

3 – Nas contas menores, diga as seguintes palavras:

“Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro”.

4 – Conclua dizendo estas palavras três vezes:

“Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro”.

A promessa de Jesus

Mais tarde, Jesus disse à Irmã Faustina:

Pela recitação desse Terço agrada-me dar tudo que Me pedem. Quando o recitarem os pecadores empedernidos, encherei suas almas de paz, e a hora da morte deles será feliz“.

Escreve isto para as almas atribuladas: Quando a alma vê e reconhece a gravidade dos seus pecados, quando se desvenda diante dos seus olhos todo o abismo da miséria em que mergulhou, que não desespere, mas se lance com confiança nos braços da minha Misericórdia, como uma criança nos braços da mãe querida. Estas almas têm sobre meu Coração misericordioso um direito de precedência. Dize que nenhuma alma que tenha recorrido a minha Misericórdia se decepcionou nem experimentou vexame […]”.

[…] Quando rezarem este Terço junto aos agonizantes, Eu me colocarei entre o Pai e a alma agonizante, não como justo Juiz, mas como Salvador misericordioso”.

Publicado em Aleteia – Brasil.

Leia mais…

Congregação das Irmãs de Jesus Misericordioso:  O TERÇO DA DIVINA MISERICÓRDIA  – “Oh! que grandes graças concederei às almas que recitarem esse Terço. (…) Anota estas palavras, Minha filha, fala ao mundo da Minha misericórdia, que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça. Enquanto é tempo, recorram à fonte da Minha misericórdia, tirem proveito do Sangue e da Água que jorraram para eles” (Diário, 848).

Derradeiras Graças – A DIVINA MISERICÓRDIA (Festa: 1º. Domingo após a Páscoa) – A Hora da Divina Misericórdia: A devoção à Divina Misericórdia foi pedida por Jesus à Irmã Faustina Kowalska, na Polônia –  “Às três horas da tarde implora à Minha Misericórdia, especialmente pelos pecadores, e, ao menos por um breve tempo, reflete sobre a Minha Paixão, especialmente sobre o abandono em que Me encontrei no momento da agonia. Esta é a hora de grande Misericórdia para o mundo inteiro.”

Festa Nacional da Divina Misericórdia: “Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás com o pincel, seja abençoada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” – Jesus à Santa Faustina (Divina Misericórdia – Festa Nacional 2019 – misericordia.org)

A Festa da Misericórdia e Santa Faustina

O elemento mais importante da devoção à Divina Misericórdia presente nas revelações de Nosso Senhor à Santa Faustinaé a Festa da Misericórdia. No Diário, o tema recorre em 37 números, em 16 dos quais nos deparamos com uma manifestação extraordinária de Jesus a seu respeito. Com efeito, aos 22/02/1931, uma das primeiras revelações de Jesus à Santa Faustina diz respeito exatamente à Festa da Misericórdia, que deveria ser celebrada no 2º domingo da Páscoa:

“Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás com o pincel, seja abençoada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia”

(Diário, 49; cf. 88; 280; 299b; 458; 742; 1048; 1517).

A Festa é uma obra divina, mas Deus quer que Santa Faustina se empenhe tanto em sua implantação (Diário 74; 341; 463; 1581; 1680), como em seu incremento:

Na Minha Festa — na Festa da Misericórdia — percorrerás o mundo inteiro e trarás as almas que desfalecem para a fonte da Minha misericórdia. Eu as curarei e fortalecerei” (Diário 206); “Pede ao Meu servo fiel que nesse dia fale ao mundo inteiro desta Minha grande misericórdia, que aquele que nesse dia se aproximar da Fonte da Vida alcançará perdão total das culpas e das penas” (Diário 300; cf. 1072). Santa Faustina abraça com toda a alma esta causa, pelo que exclama e reza: “Oh, como desejo ardentemente que a Festa da Misericórdia seja conhecida pelas almas!” (Diário 505); “Apressai, Senhor, a Festa da Misericórdia, a fim de que as almas conheçam a fonte da Vossa bondade” (Diário 1003; cf. 1041). Jesus leva a sério a dedicação de Santa Faustina nesta missão: “Pelos teus ardentes desejos, estou apressando a Festa da Misericórdia.”

Em 1935, no domingo de encerramento do Jubileu da Redenção promovido pelo Papa Pio XI, Santa Faustina participou da Eucaristia como se estivesse celebrando a Festa da Misericórdia; Jesus então se lhe manifesta como está na imagem e lhe diz: “Essa Festa saiu do mais íntimo da Minha misericórdia e está aprovada nas profundezas da Minha compaixão. Toda alma que crê e confia na Minha misericórdia irá alcançá-la” (Diário 420; cf. 1042; 1073).

No Diário encontramos uma relação muito estreita entre a Festa da Misericórdia a confiança na divina misericórdia, a proclamação da divina misericórdia, a celebração dos sacramentos (Eucaristia e Confissão), a remissão dos pecados (culpas e penas) e a veneração da Imagem:

A tua tarefa e obrigação é pedir aqui na terra a misericórdia para o mundo inteiro. Nenhuma alma terá justificação enquanto não se dirigir com confiança à Minha misericórdia. E é por isso que o primeiro domingo depois da Páscoa deve ser a Festa da Misericórdia. Nesse dia, os sacerdotes devem falar às almas desta Minha grande e insondável misericórdia. Faço-te dispensadora da Minha misericórdia. Diz ao teu confessor que aquela Imagem deve ser exposta na igreja, e não dentro da clausura desse convento. Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; que toda alma tenha, por isso, acesso a ela” (Diário 570); “Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Nesse dia estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças. Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate. A Minha misericórdia é tão grande que, por toda a eternidade, nenhuma mente, nem humana, nem angélica, a aprofundará. Tudo o que existe saiu das entranhas da Minha misericórdia. Toda alma contemplará em relação a Mim, por toda a eternidade, todo o Meu amor e a Minha misericórdia. A Festa da Misericórdia saiu das Minhas entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa” (Diário 699); “Desejo conceder indulgência plenária às almas que se confessarem e receberem a santa Comunhão na Festa da Minha misericórdia” (Diário 1109).

Preparação para a Festa da Misericórdia

A devoção à Divina Misericórdia pede uma Novena em preparação à Festa da Divina Misericórdia, coincidindo com parte do Tríduo Pascal (começa na Sexta-Feira Santa) e acompanhando toda a Oitava Pascal (até o sábado). Com sabedoria pastoral é possível organizar tudo de tal modo que, de um lado, não se obscureça a centralidade das solenidades litúrgicas pascais e, de outro, não se “extinga o Espírito” ao se condenar a priori expressões da piedade (neste caso, mais do que popular) que brotam da mesma fé e esperança informadas pela caridade sobrenatural – e contribuem para o seu incremento.

De resto, é a própria Santa Faustina a nos ensinar a maravilhosa harmonia que deve reinar entre Liturgia e Piedade:

Quase toda solenidade na Santa Igreja proporciona-me um mais profundo conhecimento de Deus e uma graça especial, por isso me preparo para cada solenidade e uno-me estreitamente com o espírito da Igreja. Que alegria ser uma filha fiel da Igreja” (Diário, 481; sobre suas vivências pascais, cf. 205; 649; 1067; 1668; 1670).

Ó Deus, foi por nós que o Cristo, Vosso Filho, derramando o Seu Sangue, instituiu o mistério da Páscoa. Lembrai-vos sempre de Vossas misericórdias, e santificai-nos pela Vossa constante proteção. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Publicado em Divina Misericórdia – Festa Nacional 2019 (misericordia.org).