São João da Cruz: mistagogo do homem e da mulher à procura do Deus verdadeiro – Estudo – Ir. Andréa dos Santos Lourenço (Discípulas de Jesus Eucarístico)

Fonte:  Discípulas de Jesus Eucarístico – Pastoral Vocacional

PoesiasSão João da Cruz – “Noite Escura“. Por Ir. Andréa dos Santos Lourenço : “Paradoxos”  – “Releituras”  – Estudo:São João da Cruz: Mistagogo do homem e da mulher à procura do Deus verdadeiro”.

ESTUDO

“São João da Cruz: Mistagogo do homem e da mulherà procura do Deus verdadeiro”

João da Cruz: um homem que orienta a busca do Deus verdadeiro para o homem e a mulher de hoje. Um homem que viveu há quase meio milênio, em que pode contribuir para as pessoas do terceiro milênio?
Sem dúvida, São João da Cruz ilumina a busca de Deus, do Deus verdadeiro, que realmente preenche o vazio e restitui O SENTIDO à existência humana.A atualidade do seu pensamento está na resposta satisfatória que ele consegue dar às angústias dos homens. Tenta penetrar o coração do homem e acalmá-lo nas suas revoltas, apresentando o ideal da unidade: DEUS. A situação “do homem”, de São João da Cruz, é a de homem de sempre: a busca do Absoluto, o ideal da perfeição, da libertação do nada, o encontro com o TUDO (Patrício Sciadini – OCD).

João da Cruz vem nos dizer que somente Deus pode plenificar o coração do homem. Ele é uma pessoa que faz a experiência do Absoluto em sua própria vida e, como um grande Mistagogo, consegue, a partir da própria experiência, nos conduzir seguramente a Deus. A busca de Deus é também busca de unidade interior. Porém, esta é uma busca árdua, difícil que exige força de vontade e empenho. É a ascese de que nos fala Platão no ilustre “Mito da Caverna”, referindo-se à alma que, saindo da caverna das suas sombras, quer contemplar não mais apenas as sombras, mas as realidades em si mesmas; quer não apenas reflexos de luz, mas, ao contrário, quer poder contemplar o próprio sol. Aquele que sai da caverna, num primeiro impacto com a claridade pode querer deixar a luta iniciada e permanecer nas sombras, temendo o enorme grau de esforço que será necessário empreender para acostumar-se definitivamente com a luz e, um dia finalmente, poder suportar olhar para o sol. Mas o desejo de “plenitude” o impulsionará em sua busca e não o deixará desanimar, pois o ser humano tem sede de infinito, tem sede de Deus.
João da Cruz nos ensina com a própria experiência que vale a pena a busca, apesar das dificuldades. É necessário ter claro diante dos olhos o ideal, a meta e investir tudo para atingi-la. Ele mesmo era um homem feliz, porque sabia onde queria chegar: tinha clareza de objetivos. Ele não vive simplesmente por acaso, mas vive e sabe porquê de seu viver. Mesmo em meio às adversidades, aos contrastes sombrios e turbulentos da vida, ele não desanima. Continua caminhando tranqüilo e sereno porque as dificuldades não lhe ofuscam a visão, e seu ideal continua visível aos olhos. Mesmo nas “noites” Deus continua resplandecendo em sua vida e na vida de todo homem, mesmo se, aparentemente dê a sensação de estar ausente.

A dificuldade da busca e a certeza do encontro

No cárcere, em Toledo, na experiência dura da incompreensão de seus confrades, na experiência do aparente silêncio e abandono de Deus, João sabe que a ausência é realmente aparente, e a sua se torna uma solidão “povoada” por Deus.

“Aquela eterna fonte está escondida,
Mas bem sei onde tem sua guarida,
Mesmo de noite.

Sua origem não a sei, pois não a tem,
Mas sei que toda origem dela vem,
Mesmo de noite.

Sei que não pode haver coisa tão bela,
E que os céus e a terra bebem dela,
Mesmo de noite.

Eu sei que nela o fundo não se pode achar,
E que ninguém pode nela a vau passar,
Mesmo de noite.

Sua claridade nunca é obscurecida,
E sei que toda luz dela é nascida,
Mesmo de noite.

Sei que tão caudalosas são suas correntes,
Que céus e infernos regam, e as gentes,
Mesmo de noite.

A corrente que desta fonte vem,
É forte e poderosa, eu sei-o bem,
Mesmo de noite.

A corrente que destas duas procede,
Sei que nenhuma delas a precede,
Mesmo de noite.

Aquela eterna fonte está escondida,
Neste pão vivo para dar-nos vida,
Mesmo de noite.

De lá está chamando as criaturas,
Que nela se saciam às escuras,
Mesmo de noite.

Aquela viva fonte que desejo,
Neste pão de vida já a vejo,
Mesmo de noite.”

João permanece fiel a Deus e o deseja, o busca porque é convicto de sua presença. Ele SABE que mesmo na escuridão pode confiar que a sua fonte está presente e que ele pode dela beber e saciar-se abundantemente. É o que lhe dá sustento na caminhada.

A Pós-Modernidade e a “privatização do divino”

A busca do transcendente excessivamente valorizada na Pós-Modernidade é uma busca em muitos aspectos egoísta, reflexo da atitude de um mundo onde o individualismo floresce vicejante no campo da competição pelo poder, pela riqueza e pelo status. Busca-se o privado, aquilo que satisfaz o indivíduo sem levar em conta o coletivo, a comunidade.

“A individuação de Deus na experiência privada da vivência da fé conduz ao desconhecimento do outro, porque satisfaz por si mesma… Uma atitude coerente com a busca da felicidade pessoal, recusa de sacrifícios pelos outros, liberação das imposições tradicionais, hedonismo no plano afetivo… A complexidade e diversificação deste espaço multifacetado para a vivência da fé possibilita que o indivíduo, nas suas reações, tenha como centro a si mesmo, caracterizando o individualismo”. (MOL, Joaquim Giovanni. In: Individualismo cultural e vivência da fé – dissertação de mestrado).

“O excessivo sucesso do esoterismo, da parapsicologia, mentalização psicológica, Yoga, para chegar à paz interior não é outra coisa que a tentativa de substituir a Deus. Estes meios, todavia, não são capazes de reunificar o homem, de alcançar-lhe a harmonia na qual foi criado e para a qual tende após a Redenção. O menor dos danos que essas pseudo-doutrinas podem gerar é a desembocadura em um naturalismo puro, que não liberta de nossas escravidões e limitações. O homem novo não é construído em cima de sua própria natureza, em cima de seu próprio barro. Ele nasce da postura de permanecer como objeto a ser remido por Deus” (Patrício Sciadini – OCD).

João da Cruz: abertura a Deus que não exclui o próximo

São João da Cruz não se fecha em si mesmo na sua experiência de Deus. A sua é uma experiência relacional com Deus que se prolonga no outro. A sua [experiência] não é uma busca egoísta de Deus para aprisioná-lo em si mesmo. Ao contrário, ele se torna mistagogo. Nos ajuda a fazermos também nós o nosso encontro com o Deus verdadeiro. Ele é uma pessoa feliz, realizada, que sente a necessidade de comunicar sua experiência, deixar que ela transborde para que outros possam se beneficiar.
O Deus ao qual João nos conduz é um Deus próximo. Está tão perto de nós, que habita dentro de nós e nos leva para dentro de si. Contudo, não nos aprisiona, nem nos escraviza, mas nos propõe uma relação de liberdade. Precisamos descer ao fundo de nós mesmos e encontrá-lo. Ele está escondido em nosso ser. Essa busca do divino no mundo atual, mostra justamente esta realidade: O Amado atrai como um ímã, quer ser buscado e quer ser encontrado.

“Onde é que te escondeste,
Amado, e me deixaste com gemido?
Como o cervo, fugiste,
Havendo-me ferido;
Saí, por ti clamando, e eras já ido.

Pastores que subirdes
Além, pelas malhadas, ao Outeiro,
Se, por ventura virdes
Aquele a quem mais quero,
Dizei-lhe que adoeço, peno e morro.
Ó bosques e espessuras,
Plantados pela mão de meu Amado.
Ó prado de verduras,
De flores esmaltado,
Dizei-me se por vós ele há passado.

Extingue os meus anseios
Porque ninguém os pode desfazer
E vejam-te meus olhos
Pois deles és a luz,
E para ti somente os quero ter.”

(Cântico Espiritual – Granada 1584 – 1586)

João orienta a busca do Deus que ele denomina como AMADO. Porém, é preciso silenciar tudo em nós para iniciarmos a busca e encontrarmos Deus.
Deus sabe que o coração do ser humano tem sede de infinito, tem sede de beber da fonte na qual tem sua origem. O coração humano vive na procura nostálgica de sua origem e estará “inquieto e insatisfeito enquanto não repousar em Deus”.
O homem e a mulher de hoje procuram Deus e muitas vezes tem a ilusão de o terem encontrado em realidades que não são, de fato orientadas para o DESEJADO, o AMADO, como O chama São João.
São João da Cruz pode orientar este homem e esta mulher inquietos na busca de Deus.
Às vezes nos é transmitida uma falsa imagem da figura deste santo, ao ponto de nos parecer inacessível e inatingível. Mas, ao contrário, São João da Cruz é uma pessoa muito próxima de nós. Viveu seu cotidiano buscando, com toda a sua energia a Deus. Também ele experimentou e sentiu o “silêncio de Deus” e dos homens.
O segredo dele está no fato de ter claro o que realmente queria. Era convicto do amor, da bondade e da presença de Deus. Era convicto de que Deus é fiel e nele se pode confiar e esperar, mesmo de noite.

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Autoria:

Ir. Andréa dos Santos Lourenço

Discípula de Jesus Eucarístico.

Publicado em Discípulas de Jesus Eucarístico (Poesias).

São João da Cruz – 14 de dezembro – Memória – Presbítero e Doutor da Igreja – Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares (OCDS)- Província Nossa Senhora do Carmo – Região Sul – Brasil

Fonte: Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares(OCDS) – Província Nossa Senhora do Carmo – Região Sul – Brasil

 Toda a minha glória está na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por Ele o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo (Gal 6, 14).

BIOGRAFIA

“São João da Cruz nasceu em Fontiveros, Ávila, Espanha. Em Medina del Campo, com 21 anos de idade, tomou o hábito da Ordem Carmelita.
Um providencial encontro com Santa Teresa de Jesus fez dele o primeiro carmelita descalço, comungando plenamente com o novo estilo de vida instaurado pela Madre Fundadora. Por essa razão é reconhecido, juntamente com Santa Teresa de Jesus, como verdadeiro Fundador do Carmelo Descalço.

São João da Cruz foi homem de refinada humanidade, modelo de humildade, sabedoria, paciência nas adversidades, grande amigo da oração e renomado diretor espiritual. Muitas foram as pessoas que beneficiaram-se da sua doutrina, entre elas Santa Teresa de Jesus e várias descalças da primeira geração.

Em época de grandes dificuldades na Ordem do Carmelo sofreu o cárcere, o desprezo e a perseguição. Tudo suportou com admirável paciência e espírito de caridade.
Na vida fraterna foi modelo de afabilidade, trato ameno e caridade heróica. Todos os que tratavam com ele saíam reconfortados e desejosos de uma vida mais perfeita. Dele disse Santa Teresa que era um “homem celestial e divino”!

Em 1726 foi canonizado por Bento XIII, em 1926 declarado Doutor da Igreja por Pio XI e em 1952 declarado Patrono dos poetas Espanhóis” (Fonte: Frei Davi de Maria Imaculada, OCD).

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OREMOS COM FÉ:

Senhor, que inspirastes a São João da Cruz, nosso pai,
a perfeita abnegação de si mesmo e o ardente amor à cruz,
concedei que, imitando o seu exemplo,
cheguemos à contemplação eterna da vossa glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

RECEBA A BÊNÇÃO SOLENE POR INTERCESSÃO DE SÃO JOÃO DA CRUZ:

“Deus, Pai misericordioso,
que vos fez participar da vida divina
na celebração destes santos mistérios
vos abençoe faça chegar à perfeição da santidade cristã. Amém.

Cristo Nosso Senhor,
vos conceda, como a São João da Cruz,
que caminheis na fé, na esperança e no amor,
sempre unidos a Ele,
através das noites escuras
e das jornadas luminosas da vida cristã. Amém.

O Espírito Santo,
vos torne dóceis às suas inspirações
para que possais alcançar a liberdade dos filhos de Deus
e as alegria da vida eterna. Amém.”

Abençoe-vos O Deus todo-poderoso,
Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

“A alma que verdadeiramente ama a Deus não deixa de fazer o que pode para achar o Filho de Deus, seu Amado. Mesmo depois de haver empregado todos os esforços, não se contenta e julga não ter feito nada.”

São João da Cruz, rogai por nós!

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Oração da Novena a São João da Cruz

São João da Cruz, rogai por nós!

Nós vos agradecemos, ó Deus
Porque suscitastes na Vossa Igreja
e no Carmelo São João da Cruz, sacerdote santo
Que passou pela vida ensinando
O caminho da oração.

Ele, que aqui na terra
Experimentou o sofrimento, a pobreza,
As incompreensões, e nunca desanimou,
Olhe as nossas necessidades
E obtenha a graça que lhe pedimos…
Confiantes na intercessão deSão João da Cruz e
Na Vossa InfinitaMisericórdia e amor de Pai,
Concedei-nos, percorrer
O caminho da santidade.
E que sejamos atendidos nos
Nossos pedidos. Amém.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

São João da Cruz, rogai por nós!

Fonte: http://www.carmelosantateresa.com/

Publicado em http://comsantateresa.org.brOrdem dos Carmelitas Descalços Seculares (OCDS) – Província Nossa Senhora do Carmo – Região Sul (Brasil).

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Fonte: http://www.carmelosantateresa.com/santos/joaodacruz.htm Carmelo Santa Teresa – Irmãs Carmelitas Descalças – Itajaí – SC – Brasil.

Página Principal: http://www.carmelosantateresa.com/

Carmelo Santa Teresa – Mensagem de Natal

Natal é tempo de espera, de conversão e de reconciliação com Deus. Preparemo-nos para a vinda do Senhor Jesus, que se fez pobre e habitou entre nós pelo seio de Maria.

Que a Sagrada Família de Nazaré suscite em nosso corações tempos e amor, paz e fidelidade a Deus e à sua Igreja.

Irmãs Carmelitas

Por SÃO JOÃO DA CRUZ

PÉTALAS DE ROSAS

1.    Ó Senhor! Deus meu! Quem te buscará com amor puro e singelo que deixei de Te encontrar muito a seu gosto e vontade, se és tu o primeiro a mostrar-te e sais ao encontro daqueles que te desejam?

2.    O que cai estando cego, não se levantará só, e se acaso se levantar, encaminhar-se-á por onde não lhe convém.

3.    Deus prefere de ti o menor grau de pureza de consciência a quantas obras possa fazer.

4.    Ó dulcíssimo amor de Deus, mal conhecido! Aquele que entrou a Tua fonte, repousou.

5.    O que cai estando só, caído a sós fica e em pouca conta tem a alma, pois a si unicamente confiou.

6.    A alma enamorada é suave, humilde, paciente e mansa.

7.    A alma dura no seu próprio amor se endurece. Se tu, não suaviza a sua alma no Teu amor, ó bom Jesus, ela preservará sempre na sua dureza.

8.    Um só pensamento do homem vale mais do que o mundo todo; portanto só Deus é digno dele.

9.    O pai disse uma palavra que foi seu Filho. Di-la sempre no eterno silêncio; ela há de ser ouvida pela alma.

10.  Eu quero para mim todo o áspero e trabalhoso, e para Ti, Amado meu, tudo quanto é suave e saboroso.

11.  O amor não consiste em sentir grandes coisas, mas em ter uma grande desnudez e em padecer pelo (Cristo) Amado.

12.  A sabedoria entra pelo amor, pelo silêncio e mortificação; grande sabedoria é saber calar e não olhar aos ditos nem feitos nem vidas alheias.

13.  Para se enamorar duma alma não põe Deus os olhos na grandeza dela, mas na grandeza da sua humildade.

14.  A alma que caminha no amor não se cansa.

Leia mais…

Publicado em Carmelo Santa Teresa – Irmãs Carmelitas Descalças – Itajaí – SC (Brasil).


Nossa Senhora das Graças – Solenidade – 27 de novembro (A Medalha Milagrosa e seu Significado – Vídeo – YouTube – 2012)

A Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças e seu Significado

Santa Teresa de Ávila – Memória – 15 de Outubro – 1515-1582 (Vídeo – Gloria TV)

SANTA TERESA DE JESUS (1515-1582) – Memória – 15 de Outubro

Jesus of nazareth Productions: Nada te Turbe – Words of St. Teresa Of Avila.

12 de Outubro – Dia das Crianças e Dia da Padroeira do Brasil – Nossa Senhora da Conceição Aparecida – Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto (Portal da Família) – Entrevista: Norma Técnica ministerial pode legalizar o aborto no Brasil? (Blog Teologia e Corpo – Agência Zenit)

Dia Nacional do Nascituro – 08 de outubro –
Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto (2012).

Foto:Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto

Fonte/artigo:  Portal da Família –  “Cronologia da morte: Principais fatos da história que contribuíram para introduzir o aborto no mundo e no Brasil”Portal da Família –   O dia 12 de outubro – Dia da Padroeira do BrasilEspecial Dia das CriançasComo surgiu o Dia das Crianças  Passe um dia diferente ao lado de seu filho   Piquenique: Uma boa alternativa para o dia 12  Declaração dos Direitos da Criança   Brinquedos que você mesmo pode fazer  – 15 de Outubro – Dia dos Professores – Você sabe como surgiu o Dia do Professor?Ser Mestre   Mestre   Oração do Professor   Aos Professores    O Professor sempre está errado

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Fonte: Teologia e Corpo ( extraído de Agência Zenit)

Norma Técnica ministerial pode legalizar o aborto no Brasil?

Publicado a 1 de Outubro de 2012

Entrevista com Dra. Renata Gusson

Por Thácio Siqueira

SAO PAULO, segunda-feira, 01 de outubro de 2012 (ZENIT.org) – Publicamos a seguir uma entrevista que a Dra. Renata Gusson, bioquímica e mestre em ciências, concedeu a ZENIT sobre o tema do aborto no Brasil.

Dra. Renata Gusson é Farmacêutica-Bioquímica, especialista em Biologia Molecular e mestre em Ciências pela Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

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ZENIT: Dra. Renata, explique-nos como uma Norma Técnica ministerial pode legalizar o aborto no Brasil uma vez que a população é majoritariamente contrária ao aborto?

Dra. Renata: é realmente de pasmar qualquer cidadão que vive em uma democracia, não é mesmo? O assunto não é simples, e quem considera o aborto apenas um “problema de saúde pública” não tem a menor ideia das implicações realmente profundas que ele tem na geopolítica. Como é um tema complexo, eu não poderia em poucas linhas apresentar de forma adequada sua gravidade. Sugiro a leitura do documento “Maio de 2012, a nova estratégia mundial da Cultura da Morte”, publicado recentemente pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul-1 da CNBB. Entretanto, para não deixar o leitor sem uma resposta, eu posso adiantar que, devido à altíssima resistência à legalização do aborto verificada na América Latina, criou-se uma nova estratégia para vencer esse obstáculo. Trata-se de normatizar que, a fim de garantir uma política que vise “reduzir os danos” de um aborto clandestino mal-provocado, o Sistema de Saúde brasileiro deve passar a acolher e orientar as mulheres que desejam abortar. A essa mulher seria explicado como tomar um medicamento abortivo e, tão logo começasse o processo de expulsão da criança, ela se dirigisse a um hospital que seria obrigado a recebê-la de forma “humanizada” e completar o procedimento. Seria proibido ao médico denunciar um caso de aborto provocado. É justamente isso que, na prática, se traduz como uma legalização do aborto. Os idealizadores de tal estratégia afirmam que é preciso burlar a lei para modificar a lei. Portanto, uma vez que essa política tenha sido implantada e largamente difundida, ficará muito mais fácil promover mudanças na legislação. É uma manobra astuta.

ZENIT: Dados divulgados por organizações pró-aborto afirmam que anualmente são feitos no Brasil mais de um milhão de abortos e que 200.000 mil mulheres morrem todos os anos devido a abortos clandestinos.

Dra. Renata: Eu costumo dizer que quem advoga pela morte dos inocentes já perdeu faz tempo o compromisso com a verdade. Esses dados realmente são difundidos a plenos pulmões por organizações pró-aborto. O que dizer deles? Dizer a verdade: são falsos. E não sou eu, que sou contrária à legalização do aborto que digo isso. São os próprios abortistas e o próprio Sistema Único de Saúde que assim afirmam. Para citar um exemplo: em 2010, a “Pesquisa Nacional do Aborto” realizada pela Universidade de Brasília em parceria com a ANIS (uma ONG pró-aborto), mostrou que de cada 2 mulheres que cometem aborto, uma acaba sendo internada. Dados do SUS revelam que, no mesmo ano, foram realizadas cerca de 200.000 curetagens devidas a abortos (tanto provocados como espontâneos). Médicos que trabalham em emergências obstétricas de hospitais públicos em todo o Brasil afirmam que cerca de, no máximo, 20-25% das curetagens são devidas a abortos provocados. A grande maioria é por abortos espontâneos. Vamos então raciocinar: se anualmente são feitas 200.000 curetagens e dessas, no máximo, 25% são devidas a abortos provocados, chegamos a um número de 50.000 abortos provocados. Se a pesquisa da UnB afirma que de cada 2 mulheres que abortam uma acaba recorrendo ao serviço de saúde, temos que são realizados, de fato, cerca de 100.000 abortos anualmente no Brasil. Esse número representa então, apenas 10% dos tão propalados um milhão de abortos no Brasil. Mas essa é uma estratégia já há muito conhecida: é preciso inflacionar a realidade para chocar a opinião pública. Outra inverdade contada para nós: o número de mortes maternas por aborto. O DataSus revela que no ano de 2011 ocorreram  95 mortes maternas devido a abortos (novamente aqui, tanto abortos espontâneos quanto provocados). Então, só nos resta perguntar: o que ocorreu com as mais de 199.900 mulheres que os abortistas afirmam terem morrido em decorrência de abortos mal-provocados? Elas simplesmente despareceram? Mentiras e mais mentiras. Isso é tudo o que os abortistas contam para nós.

ZENIT: Realmente, são informações importantes para o conhecimento da população.  Deixe uma mensagem para os leitores de Zenit.

Dra. Renata: Eu quero dizer que não podemos cair na mentira de aceitar o aborto como algo inevitável; como se fosse uma realidade que veio para ficar e contra a qual nada ou muito pouco podemos fazer. Muitíssimo pelo contrário. Ficou evidente no que acima foi dito, que os abortistas contrariam o bom senso, a verdade, a boa-fé. O avanço da agenda abortista só é possível se nós não fizermos absolutamente nada em contrário. Basta um pouquinho de atuação para que as coisas sigam o rumo certo. A verdade carrega uma força em si mesma. Quando você mostra para uma pessoa o que é o aborto e ela apreende a maldade do ato, nunca mais ela cairá na mentira de aceitar o aborto como, por exemplo, um direito da mulher. Então, eu sugiro aos leitores que divulguem para seus contatos vídeos sobre o aborto, como por exemplo, o “grito silencioso”, produzido por um médico ex-abortista norte-americano. É preciso fazer as pessoas verem sobre o que se trata o aborto: a morte dos inocentes mais indefesos. Outra importante iniciativa é contactar o seu representante político e cobrar dele uma atuação pró-vida com o poder que o seu voto deu a ele. Estamos em uma luta real. Não podemos nos deixar anestesiar ou fazer de conta que não existe problema algum. Para vencer uma batalha, a primeira coisa a fazer, é tomar consciência que não se vive tempos de paz. O nosso tempo, apesar de não se caracterizar por uma luta armada entre exércitos inimigos, caracteriza-se sim por uma luta velada contra os inocentes. O volume de sangue derramado pelo aborto já ultrapassou e muito qualquer outra guerra existente. Eu ousaria dizer que já ultrapassou, inclusive, o volume total de sangue derramado por todas as guerras já existentes. De que lado vamos lutar?
Publicado em Teologia e Corpo (extraído de Agência Zenit).