Surrexit, alleluia! Ressuscitou, aleluia! (Frates in Unun)

E eis que a terra treme, a pedra sepulcral é retirada, os guardas caem por terra como mortos. Jesus Cristo sai glorioso do túmulo. Surrexit! Ressuscitou! Sua alma pelo poder da divindade unira-se de novo ao  corpo, o qual se levanta majestoso, saindo triunfante do sepulcro. Surrexit! Alleluia! Ressuscitou! Aleluia! Que palavra!!! meus irmãos!!! Vinte séculos são passados que ela se fez ouvir pela primeira vez sobre um túmulo vazio. Um anjo a disse a algumas mulheres, estas a alguns discípulos e estes a toda Jerusalém. De Jerusalém ela passou pelas nações e percorreu rapidamente a terra inteira. E sob a ação desta palavra tudo se muda: o velho mundo desmorona-se, os velhos costumes caem-se, um mundo novo se eleva, novos costumes florescem. A humanidade regenerada sente um sangue novo circular em suas veias.

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Uma Feliz e Santa Páscoa a todos!

Pelas três horas da tarde, na sexta-feira Santa, estando tudo consumado, inclinando a cabeça Jesus rendeu o espírito. Suspenso entre o céu e a terra Jesus estava realmente morto. A obra ímpia dos filhos das trevas estava consumada. O Salvador do mundo tinha exalado o último suspiro. Seu corpo, descido da cruz, tinha sido colocado num sepulcro. Os fariseus triunfavam. Viram a seus pés o cadáver ensanguentado e inânime de Jesus a quem tanto odiavam. Nos arraiais dos escribas e fariseus a alegria era geral, embora mesclada de um certo temor. Pois Jesus tinha ressuscitado o jovem de Naim, a filha de Jairo e Lázaro. E isso agora pouco importaria se Jesus não tivesse também predito sua própria ressurreição: “Ao terceiro dia o Filho do Homem ressurgirá”. Sua desconfiança, portanto, não era de todo infundada. Impunha-se máxima cautela.

Antes prevenir que remediar. Cuidadosos, fariseus e escribas puseram guardas em redor do túmulo. Selaram a tampa com o selo da nação. Deixaram ordens severas ao pelotão dos soldados. Retiraram-se satisfeitos.

Vede homens cegos e insensatos, quereis ligar o Verbo Eterno. Credes selar para todo sempre nas entranhas da terra a Religião de Cristo!?

Três dias depois, era de madrugada. As estrelas iam desmaiando uma após outra na cúpula celeste. Meigos clarões de uma linda aurora purpurizavam as nuvens. Os passarinhos começavam a pipilar nos arbustos. O sol não tardaria a dourar os píncaros do Calvário.

E eis que a terra treme, a pedra sepulcral é retirada, os guardas caem por terra como mortos. Jesus Cristo sai glorioso do túmulo. Surrexit! Ressuscitou! Sua alma pelo poder da divindade unira-se de novo ao  corpo, o qual se levanta majestoso, saindo triunfante do sepulcro. Surrexit! Alleluia! Ressuscitou! Aleluia! Que palavra!!! meus irmãos!!! Vinte séculos são passados que ela se fez ouvir pela primeira vez sobre um túmulo vazio. Um anjo a disse a algumas mulheres, estas a alguns discípulos e estes a toda Jerusalém. De Jerusalém ela passou pelas nações e percorreu rapidamente a terra inteira. E sob a ação desta palavra tudo se muda: o velho mundo desmorona-se, os velhos costumes caem-se, um mundo novo se eleva, novos costumes florescem. A humanidade regenerada sente um sangue novo circular em suas veias.

Surrexit! Ressuscitou! E depois, cada ano, num dia marcado a Igreja repete esta palavra. Ela a canta em seus cânticos. Ela a diz em suas orações. Ela a proclama em seus ensinamentos. Ela a lança com entusiasmo nas abóbodas de seus templos. E os ecos sagrados, a voz dos fiéis e os instrumentos religiosos a repetem: Surrexit! Ressuscitou! Alleluia, Alleluia! A esta palavra o gozo renasce em todos os corações, a felicidade se pinta em todos os olhares, o luto da Santa Quaresma desaparece. Os altares se cobrem de flores, os sacerdotes entoam novamente seus cânticos de alegria. Alleluia! Repicam os sinos nos céus de primavera em cada ângulo do mundo, sob todas as latitudes!!!

Mas, caríssimos e amados irmãos, por que este gozo universal? É porque a Ressurreição de Jesus Cristo é a pedra angular do Cristianismo. Jesus ressuscitou! Tudo está aí contido: Dogma, Culto, Moral. Se Jesus Cristo ressuscitou, nossa fé é certa, nossa esperança é segura, nossa Religião é divina.

Mas não é este o único motivo de nossa alegria e extraordinário júbilo neste santo dia: A Ressurreição de Jesus Cristo é também o penhor e ao mesmo tempo o modelo de nossa ressurreição futura. E este pensamento leva ao auge a nossa felicidade. Jesus Cristo ressuscitou, logo nós ressuscitaremos também e nas mesmas condições e com a mesma glória, é claro, segundo nossa medida limitada de  puras criaturas. Assim, que a nossa carne se desfaça no pó do qual veio, nós não nos inquietaremos. Um dia ela se elevará deste mesmo pó cheia de vida e gloriosa. O próprio Jesus garantiu que os justos brilharão como o sol.

Jesus Cristo pôde ressuscitar a Si mesmo, Ele poderá ressuscitar também a nós. Nenhuma voz mortal, nenhuma voz divina, nenhum profeta, anjo algum Lhe disse: Levantai-Vos. Nenhuma mão estranha desligou as faixas que prendiam seu sudário. Só, no silêncio da noite rompeu as portas da morte, sozinho a abateu e venceu. Ora, o que Ele pôde para Si, não poderá para nós? Nossa carne não é porventura da mesma natureza que a Sua? Nosso corpo não é semelhante ao seu Corpo? Não disse Ele: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim e Eu nele; e Eu o ressuscitarei no último dia?

Depois, Jesus mesmo prometeu: ” Eu sou a Ressurreição e a Vida. O que crê em mim, ainda mesmo que tenha morrido, viverá e todo homem que vive e crê em mim não morrerá para sempre”.

São Paulo exclama: “Si compatimur ut et conglorificemur”. Se sofremos com Cristo para que com Ele sejamos igualmente glorificados”. Jesus Cristo é a nossa Cabeça e nós somos seus membros. Nossas mãos como as de Jesus devem distribuir benefícios sobre os homens; nossos pés, a exemplo dos Seus, devem correr a procura de nossos irmãos que se extraviaram. Nosso corpo todo inteiro como nossa alma deve se entregar às obras de piedade e de misericórdia. Pois bem, este corpo assim oferecido em vítima para a glória de Deus e ao bem das almas, estas mãos que tantas vezes depositaram o bálsamo nas chagas dos feridos, estes pés que levaram a consolação e a esperança nos tugúrios dos pobres e dos infelizes; estes pés tão belos que levaram o Evangelho às nações bárbaras; estes pés e estas mãos, este corpo, serão então para sempre cinza e pó e, depois de ter participado dos trabalhos do Corpo Mistico de Jesus Cristo, eles também não participarão da Sua glória?

Tanto no pensamento do grande Apóstolo como no pensamento de todos os cristãos, o dogma de nossa ressurreição futura está estreitamente ligado ao dogma da Ressurreição de Jesus Cristo. Um é a consequência rigorosa, necessária do outro.

Mas a Ressurreição de Jesus Cristo não é somente o penhor de nossa ressurreição. Ela é também o modelo da nossa.

Jesus sai do túmulo, inteiramente outro. Sai com seu corpo revestido com todos os dotes de um corpo glorioso. Não mais sujeito à dor, à enfermidade, à morte. Seu corpo ressuscitado é ligeiro como o espírito, penetrável, entrará no Cenáculo estando as portas fechadas. Todo ele revestido de glória e resplendente de luz, deslumbrará seus discípulos por aparições inesperadas. Ora, caríssimos irmãos, todas estas qualidades constituirão os dotes dos nossos corpos ressuscitados. Não haverá mais lugar para a morte. Esta foi tragada na vitória de Cristo. Nossos corpos terão por abrigo as abóbodas celestes, por vestes a luz deslumbrante do paraíso; por alimento, a eterna vista e eterna posse de Deus.

Alleluia! Alleluia! Regozija-te, portanto, ó minha carne no dia da Ressurreição de Jesus! Este dia é o anúncio de tua regeneração e de teu triunfo. Este dia é verdadeiramente o dia que fez o Senhor. Nossa alma está na alegria, nosso corpo cheio de esperança!

Não! Não! a separação de minha alma e de meu corpo não será eterna. Estes dois seres, tão longo tempo e tão estreitamente unidos se reunirão um dia. Quando a alma se separar com tanta pena do corpo que ela anima, o adeus que ela lhe diz não é um adeus sem esperança. Eles se tornarão a ver, se reencontrarão um dia. Ao som de trombeta angélica a alma acorrerá sobre este túmulo onde repousa seu mortal invólucro. Ela chamará seu companheiro bem amado; e a esta voz conhecida, o corpo se levantará do pó e se unirá em fraternais amplexos a alma, sua cara companheira.

Eis, caríssimos irmãos, o que a solenidade deste dia nos anuncia. Jesus Cristo saindo radioso do túmulo nos diz: Vede-Me. O que Eu sou, vós sereis um dia. Aleluia! Aleluia!

Uma mãe, a quem havia pouco, tinham morrido dois filhos, ouviu falar do juízo final e da ressurreição da carne.  – “Portanto – dizia ela extasiada – meus dois filhos eu os verei ainda, ainda poderei acariciá-los. Ver-lhes-ei os seus rostos, beijá-los-ei ainda; porém, não mais chorando, como os beijei, frios, frios, antes de os recompor no caixão. Mas quando será? “Quando as trombetas dos anjos soarem a hora do juízo final!”

E quase impaciente por tornar a ver seus filhos, aquela mãe disse: “E por que não é amanhã este dia?”

Caríssimos irmãos! Quem é que não chora algum parente defunto! Talvez sua mãe, talvez um irmão, talvez o esposo? Quantas vezes não vos assaltou um desejo veemente de lhes rever as feições, de olhar nos olhos tristes, de tornar a ouvir-lhes a voz qual a ouvíamos em horas felizes?

Pois bem! O mistério da Páscoa dá-nos um grande consolo. Revê-lo-emos, tornaremos a ver não só os seus espíritos mas também os seus corpos gloriosos; revê-lo-emos como os havemos conhecido e amado na terra.

Os santos sorriam na hora da morte. E tinham razão. Para o cristão que procura imitar a Cristo, a morte não passa de uma breve separação entre a alma e o corpo. É a alma que saúda seu corpo: Até breve irmão, combatemos juntos, estás cansado, deixo-te repousar. Depois de teu breve sono, ao soar da trombeta angélica, voltarei para te retomar, mas para gozares sempre, sem mais te cansares.

Ressurgiremos! Este é o grito de Jó: “Sei que o meu Redentor vive. Mas também sei que no último dia eu também ressurgirei para O ver com estes meus olhos!”

Preparemo-nos, caríssimos irmãos, para a gloriosa ressurreição dos corpos, ressurgindo do pecado e da tibieza.

Se caímos em algum pecado, comecemos tudo de novo. Confessemo-lo arrependidos.

O rei Felipe II de Espanha velou uma noite inteira para escrever ao Papa uma carta de suma importância. Quando acabou, distraído pela fadiga e pelo sono, em vez de derramar nela a areia para enxugar; derramou a tinta. Felipe II empalideceu, mas depois recolhendo a sua coragem disse: “Comecemos de novo”.

Oh! Se na nossa vida tem havido momentos de sono e distração em que havemos derramado a tinta dos pecados na nossa alma, hoje que é Páscoa, é justamente o momento oportuno de dizermos: Comecemos de novo! Amém! Assim seja!

Publicado em “Coluna do Padre Élcio” –  Frates in Unum.com .

O Sepulcro está vazio, Cristo ressuscitou!

Reflexão

O Sepulcro está vazio, Cristo ressuscitou!

Jesus, ao ressuscitar com seu corpo glorioso, vence o pecado e a morte.

16/04/2017

Cidade do Vaticano (RV) – «O Evangelho de São João nos diz que no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de Jesus e o encontrou vazio. João faz questão de ressaltar que era de madrugada e ainda estava escuro. Podemos perceber que o evangelista ao registrar que o fato aconteceu no primeiro dia da semana, quer fazer alusão à nova criação. O que ele vai relatar é uma novidade radical, é a vida nova de um homem, não um fato como a denominada ressurreição de Lázaro, que volta à vida, mas continua submetido à necessidade de cuidar de sua saúde, de se alimentar e que voltará a morrer.

 João vai relatar a autêntica ressurreição, a vitória de Jesus sobre as limitações humanas, sobre suas fragilidades, sobre a morte. Jesus jamais voltará a morrer. A morte nunca mais terá poder sobre ele, porque ele, a Vida, a destruiu.

Contudo, Maria Madalena, apesar de ter escutado várias vezes Jesus dizer que ressuscitaria, a dor da morte é tal que ela se esquece das palavras do Mestre.

Apesar do corpo de Jesus já ter sido ungido na sexta-feira por José de Arimateia e por Nicodemos, ela não consegue ficar longe do corpo morto do Senhor. A escuridão enfatizada no texto é um símbolo do estado interior de Maria. Ela está com uma vida sem sentido, sem alegria. Seus grande libertador, seu grande amigo está morto. Ela vai ao sepulcro quando ainda está escuro, na natureza e no seu interior. Mas seu coração está iluminado pelo amor, por isso ela vai até ao sepulcro.

Ela o encontra vazio. Sente-se despontada e mais desolada, perdida e impotente.

Maria Madalena busca o cadáver de Jesus. Ela esqueceu totalmente a promessa dele de que iria ressuscitar.

Ela olha para o sepulcro vazio e vê dois anjos, um na cabeceira e outro nos pés. O evangelista quer nos recordar os dois anjos que foram colocados, um à cabeceira e outro aos pés da arca da aliança. Jesus é a nova aliança. Por isso a aliança de Jesus Cristo é eterna, pois ele ressuscitou.

Mas Madalena, abalada pela dor não reconhece os sinais e só vê o sepulcro vazio. Somente após a segunda pergunta de Jesus, ao ouvi-lo pronunciar seu nome e deixar de olhar para o sepulcro e voltar-se para o lado contrário é que ela vê o ressuscitado.

Como Maria Madalena, também nós só veremos os sinais da ressurreição, quando levantarmos nossos olhos dos sinais de morte, e dirigirmos nosso coração para a VIDA. Enquanto estivermos afeiçoados àquilo que é egoísmo, ambição, ira, não perceberemos que a Vida está à nossa frente, e sofreremos as consequências da opção pelos atrativos mortais. Ao contrário, quando acreditarmos no poder de Deus e formos mais irmãos, adeptos da partilha e do serviço, perceberemos os sinais da Vida a todo momento, pois estaremos desde agora vivendo à luz de Deus. Feliz Páscoa!»

Publicado em Rádio Vaticano.

Sábado Santo, Dia de Maria, do Amor e da Vida

Reflexão

Sábado Santo, Dia de Maria, do Amor e da Vida

15/04/2017

Rádio Vaticano (RV) – «Hoje, fazemos a experiência do vazio. O Senhor cumpriu sua missão nos redimindo, através de sua paixão e cruz, através de sua entrega até a morte. Na noite passada contemplamos o sepultamento de seu corpo.

Agora, nesta manhã de sábado, a saudade está presente, mas uma saudade cheia de paz e de esperança.

Como Maria, com o coração em luto, a Igreja aguarda esperançosa, que a promessa do Cristo se cumpra, que ele surja, que ele ressuscite. A ausência não é experiência do vazio, mas aprofunda a presença desejada.

Podemos recordar e refletir sobre os sábados santos de nossa vida, nossas experiências de vazio após sofrimentos e perdas.

Como vivenciamos esses mistérios dolorosos quando irromperam em nossa existência? Permitimos que luz da fé na certeza da vitória da Vida, iluminasse nossa mente e aquecesse nosso coração? Preenchemos esse vazio abrindo as portas de nosso coração a Jesus, Palavra de Vida, de Eternidade? Ou nos fragilizamos mais ainda, permitindo que a escuridão da morte nos envolvesse?

Jesus é Vida! Nossa Senhora, a verdadeira discípula, na manhã de sábado permaneceu, apesar da dor, do luto, esperançosa. Ela acreditou nas palavras de seu Filho e não permitiu que o sofrimento pela perda dissesse a última palavra, mas que a palavra definitiva seria a promessa de seu Filho, a própria Palavra, que disse que iria ressuscitar que ele era o Caminho, a Verdade, a Vida!

Hoje à noite iremos celebrar a Vitória da Vida, a ressurreição de Jesus, o encontro do Filho ressuscitado com a Mãe que deixará de ser a Senhora das Dores, para ser a Senhora da Glória.

Contudo, para nós que perdemos entes queridos, esse encontro ainda não aconteceu e sabemos que nesta vida, não acontecerá. Como viver, então, a Páscoa da Ressurreição?

Nossa vida deverá ser um permanente Sábado Santo, não com vazio, mas pleno de fé, de esperança na certeza da vitória da Vida e que também teremos o reencontro que Maria teve, e será para sempre! Quanto mais nos deixarmos envolver pela Palavra de Vida, que é Jesus, mais nos aproximaremos da tarde da ressurreição; de modo mais intenso essa palavra irá nos iluminar e aquecer.

Que nossas perdas não nos tirem a alegria de viver, que nos é dada com a presença de Jesus, a Vida plena, Eterna».

(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos)

Publicado em Rádio Vaticano.

Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor: “Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Santa Sexta-feira da Paixão do Senhor


HOJE É UM dos dias mais importantes de todo o calendário cristão. É o dia de celebrar o Sacrifício Redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo pela salvação de nossas almas.

Por isso mesmo, é triste observar certas comunidades católicas que caem na monotonia, que celebram seus momentos e datas mais importantes sem emoção, sem verdadeira entrega e sem entrar no espírito da celebração. Isso é válido para todos os momentos do Calendário Litúrgico, e mais ainda na ocasião das vésperas da Páscoa do Senhor, o momento máximo da Igreja, quando ela inteira vem celebrando a Semana Santa. É uma ocasião simplesmente, literalmente, maravilhosa para renovarmos nossa espiritualidade e nossa fé cristã! Uma Semana que começou contemplativa, segue agora introspectiva e se encerrará em grande festa.

Na expectativa do Domingo da Páscoa e da Ressurreição do Senhor, vivemos quarenta dias de contrição, interiorização e penitência, para comemorar enfim a grande Vitória sobre o pecado e a morte. Vencendo as forças das trevas, Jesus ressurgiu triunfal, para nos garantir a vida eterna! Mas antes do momento de celebrar nossa imensa alegria cristã, por sermos católicos e por termos sido feitos filhos de Deus, precisamos viver a Sexta-Feira da Paixão do Senhor.

Este é o segundo dia do Tríduo Pascal. O que Jesus realizou ontem nos ritos da Santa Ceia, Ele hoje realiza na dureza e angústia da Cruz: entregou-se totalmente por nós, consumou por nós a sua vida, numa total entrega ao Pai, que nos reconcilia com o Pai. Hoje não é dia de reuniões festivas nem de se empanturrar com bacalhoadas e consumo das bebidas alcoólicas. Hoje, o verdadeiro cristão católico jejua e se abstém de carne.

A Liturgia de hoje é solene e dramática. O Altar é desnudo, sem nenhum ornamento. De fato, não há palavras para exprimir o imenso Mistério que celebramos: o Filho eterno, Deus Santo, Vivo e Verdadeiro, nesta Tarde sacratíssima, por cada um de nós se entregou à morte, – e morte de cruz! Para contemplar o Mistério hoje celebrado, tomemos, então, com temor e tremor, as palavras da Epístola aos Hebreus, que escutamos. Hoje não se celebra a Eucaristia, mas, às 15h, os cristãos se reúnem em santa assembleia para fazer memória da Paixão e Morte do Senhor, exaltando a Santa Cruz. Que o dia de hoje seja de silêncio, oração e penitência. São as leituras do dia:

• Is 52,13 – 53,12
• Sl 30
• Hb 4,14-16; 5,7-9
• Jo 18,1–19,42

Mesmo sendo Deus e Filho de Deus, o Cristo aprendeu o que significa a obediência a Deus a partir da experiência humana, até as últimas consequências. Eis aqui uma realidade que jamais poderemos compreender totalmente! O Filho Eterno, o Filho que viveu sempre na intimidade do Pai, o Filho infinitamente amado pelo Pai, no seu caminho neste mundo aprendeu a descobrir, a cada dia, a vontade do Pai Celeste e a ser a ela obediente! Mais ainda: esta obediência lhe custou lágrimas, angústias, humilhação, dores e sofrimento extremo! Toda a existência do Senhor Jesus foi uma total dedicação ao Pai, uma absoluta entrega, no dia-a-dia, nas pequenas coisas… Jesus foi procurando e descobrindo a vontade do Pai nos acontecimentos, nas pessoas, nas Escrituras. E pouco a pouco foi percebendo que esta Vontade ia levá-lo à cruz. E nosso Deus Salvador, ao mesmo tempo Poderoso e Forte, e doce, manso e humilde de coração, foi se entregando, se esvaziando, se abandonando por Amor a cada um de nós.

Abba! Pai! Tudo é possível para Ti: afasta de mim este cálice; porém não o que eu quero, mas o que Tu queres!” (Mc 14,36). Para o Senhor Jesus Cristo, como para nós, a Vontade do Pai muitas vezes pareceu enigmática, e Ele teve que discerni-la e descobri-la entre trevas densas e dolorosas. Mas, ao fim, como nos comove a entrega total do Cristo: “Pai, em tuas Mãos entrego o meu Espírito!” (Lc 23, 46). Em tuas Mãos, amado Pai, eu me abandono! Para nós, o Filho é modelo e caminho de amor ao Pai. Ser cristão é entregar-se ao Senhor Deus como ele se entregou. E esta entrega total foi por nós: “Cristo, por nós, fez-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,8).

“Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem”. Isto é, tornado perfeito na obediência, consumando toda a sua existência humana de modo amoroso e total, entregando-se ao Pai por nós, ele se tornou causa da nossa salvação! Vejam, irmãos: não se oferecem mais ao Pai sacrifícios de vítimas irracionais e impessoais! Agora é o próprio Cordeiro santo e imaculado que, com todo o amor de seu Coração, com toda a dedicação de sua Alma, se oferece livremente por nós todos! Façamos também nós, de nossas vidas, uma entrega total ao Pai, com Jesus: entrega de nossos atos, de nossos pensamentos, de nossos afetos, de nossos negócios, de nossa vida familiar e profissional, de nossas decisões e escolhas, de nossas relações humanas, de nossas alegrias e sofrimentos. Tudo, absolutamente tudo, ofereçamos ao Pai com Jesus e por Jesus, e entraremos na salvação que Ele nos trouxe por sua cruz!

Nesta santíssima Sexta-Feira da Paixão, somos convidados a não somente contemplar, admirados, a entrega total do Filho ao Pai amado, mas também somos chamados a participar dessa mesma entrega. É assim que Cristo é causa de salvação para nós!

Senhor Jesus, que o teu sublime exemplo de amor ao Pai e a nós, nos comova e converta o coração, tire-nos da preguiça espiritual e nos livre de uma vida cristã morna e falsa! Senhor, obrigados por tão grande prova de Amor a nós e ao mundo todo! Obrigados por tuas dores, obrigados por tua cruz, obrigados por tua morte e por tua sepultura!

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Fonte: O Fiel Católico.

Sagrado Coração de Jesus – Devoção – Santo Afonso Maria de Ligório – Solenidade – 03 de junho de 2016

Fonte: Mulher Católica (www.mulhercatolica.org/)

Sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Por Santo Afonso Maria de Ligório
Ignem veni mittere in terram: et quid volo, nisi ut accendatur? ― «Eu vim trazer fogo à terra, e que quero senão que ele se acenda?» (Lc 12, 49)
Sumário. A devoção entre todas as devoções, a mais perfeita, é o amor a Jesus Cristo, com a recordação frequente do amor que nos dedicou e ainda sempre dedica. Exatamente para se fazer amar é que o Verbo Eterno quis que nestes últimos tempos se instituísse e propagasse a devoção ao seu Coração, com a promessa das graças mais assinaladas aos que a praticassem. Felizes se estivermos do número destes devotos. Podemos estar certos de que o divino Coração nos abençoará em tudo o que empreendermos, e em todas as ocorrências será o nosso seguro abrigo.
 
I. A devoção das devoções é o amor a Jesus Cristo, com a recordação frequente do amor que nos dedicou e ainda dedica o nosso amável Redentor. Com razão se queixa um devoto autor de que muitas pessoas praticam diversas devoções e se descuidam desta, ao passo que o amor de Jesus Cristo deve ser a principal, para não dizer a única, devoção do cristão. ― Este descuido é causa do pouco progresso que as almas fazem nas virtudes, da contínua languidez nos mesmos defeitos e das frequentes recaídas em culpas graves. Pouco se aplicam, e raras vezes são exortadas a adquirirem o amor a Jesus Cristo, sendo todavia o amor o laço que une e liga as almas a Deus.
Foi exatamente para se fazer amar que o Verbo Eterno quis que se instituísse e propagasse na Igreja a devoção a seu Sacratíssimo Coração. Lemos na vida de Santa Margarida Maria Alacoque, que, quando esta devota virgem estava um dia em oração diante do Santíssimo Sacramento, Jesus Cristo lhe mostrou o seu Coração num trono de chamas, cercado de espinhos e encimado por uma cruz. «Eis aqui», disse ele, «o Coração que tanto amou os homens, e nada poupou até se esgotar e consumir para lhes testemunhar o seu amor; e em reconhecimento, não recebe da maior parte senão ingratidões e irreverências neste Sacramento de amor. Mas, o que ainda mais sinto, é serem corações a mim consagrados que assim praticam».
Ordenou-lhe em seguida, que se empregasse em fazer celebrar, na primeira sexta-feira depois da oitava da festa do Corpo de Deus, uma festa particular em honra do seu divino Coração, e isto para três fins: O primeiro, para que os fiéis lhe deem ações de graças pelo grande dom que lhes fez na adorável Eucaristia. O segundo, para que as almas fervorosas reparem, pela sua afetuosa devoção, as irreverências e os desprezos que ele recebeu e recebe neste Sacramento da parte dos pecadores. O terceiro, enfim, para que lhe ofereçam compensação pela honra e culto que os homens deixam de lhe dar em muitas igrejas. Assim, a devoção ao Coração de Jesus não é senão um exercício de amor para com este amável Senhor.
II. Para compreendermos os bens imensos que nos provêm da devoção ao Coração de Jesus, basta que nos lembremos das promessas feitas por Jesus Cristo aos que a praticarem.
«Eu» ― assim disse o Senhor a Santa Margarida ― «darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias para o cumprimento dos deveres do seu estado; farei reinar a paz nas suas famílias; eu os consolarei nas suas aflições e lhes serei um refúgio na vida e na morte; lançarei abundantes bênçãos sobre todas as suas empresas, e o que no passado não puderam realizar com as suas diligências repetidas e perseverantes, obtê-lo-ão por meio desta devoção salutar»[1].
Se nós também queremos ter parte nestas promessas, avivemos a devoção ao Sagrado Coração, especialmente neste mês que lhe é consagrado. Guardemo-nos, por amor dele, das faltas deliberadas; pratiquemos alguma mortificação interna e externa; visitemos a miúde o Santíssimo Sacramento e preparemo-nos para a festa do Sagrado Coração por meio de uma devota novena. Cada manhã unamos as nossas ações do dia com as do divino Coração de Jesus, e façamos o oferecimento delas, dizendo:
† «Meu Senhor Jesus Cristo, em união com a divina intenção coma qual destes, na terra, louvor a Deus por vosso Sacratíssimo Coração, e lh’o continuais a dar agora sem interrupção até a consumação dos séculos, por todo o universo, no sacramento da Eucaristia, eu também, durante todo este dia, sem excetuar a mínima parte dele, à imitação do santíssimo Coração da Bem-Aventurada Virgem Maria Imaculada, Vos ofereço com alegria todas as minhas intenções e pensamentos, todas as minhas afeições e desejos, todas as minhas obras e palavras. † Amado seja por toda a parte o Sagrado Coração de Jesus. † Louvado, adorado, amado e agradecido seja a todo o instante o Coração Eucarístico de Jesus em todos os tabernáculos do mundo, até à consumação dos séculos. Assim seja»[2]. (*II 409.)
[1] Acrescentaremos aqui mais algumas promessas de Jesus Cristo: «Eu abençoarei as casas onde se achar exposta e venerada a imagem do meu sagrado Coração; os pecadores acharão no meu Coração a fonte e o oceano infinito de misericórdia; as almas tíbias se tornarão fervorosas; os religiosos se elevarão a uma alta perfeição; darei aos sacerdotes o talento de tocar os corações mais empedernidos; as pessoas que propagarem esta devoção terão para sempre o seu nome inscrito no meu Coração».
[2] Cada uma destas orações tem 100 dias de indulgências.
Nota: Quem durante o mês de junho honrar, privada ou publicamente, o Sagrado Coração de Jesus, ganha cada dia uma indulgência de 7 anos, e uma plenária uma vez no dia da própria escolha, debaixo das condições da confissão, comunhão e oração segundo a intenção do Santo Padre.
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LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Segundo: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 338-341.
Publicado em Mulher Católica.

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Fonte: Mulher Católica (www.mulhercatolica.org/)

Festa do Sagrado Coração de Jesus

Sagrado Coração de Jesus,
tenho confiança em Vós.
(300 dias de indulgência)

Que é a festa do Sagrado Coração?

É uma solenidade instituída para honrar a um tempo o Coração de Jesus, que lhe animou a vida e deu o sangue salvador do mundo, e o amor infinito de Cristo para com os homens, amor cujo órgão e foco tem sido o Sagrado Coração.
A pessoa inteira de Nosso Senhor era digna de adoração; sua carne, seu sangue, e sobretudo, seu Coração, hipostaticamente unidos à sua natureza divina, mereciam as adorações: assim crê e ensina a Igreja. Ora, o coração, universalmente considerado entre os homens como órgão mais nobre, deve especialmente participar das nossas homenagens. Mas o coração, considerado como centro e foco de amor divino, merece respeito e amor agradecido: dali a devoção ao Sagrado Coração. Entretanto, a festa destinada a lembrar essas verdades foi instituída somente no século XVIII. Segundo a sua própria palavra, Nosso Senhor quis guardar essa devoção para nossos dias, afim de reanimar o fervor amortecido da sociedade.
Para os fins do século XVII, uma santa religiosa da Visitação, chamada Margarida Maria, foi o instrumento que Deus empregou para dar a conhecer o desejo que nutria Nosso Senhor de ver mais amado e melhor glorificado o seu Sagrado Coração.
Em 1765, o clero da França adotou essa devoção. Clemente XIII aprovou com a festa um Ofício do Sagrado Coração. A festa, segundo o pedido feito à santa Margarida Maria, celebra-se na sexta-feira imediata à oitava do santíssimo Sacramento.
Quais são os sentimentos do verdadeiro cristão ao festejar o Sagrado Coração?
Para o bom cristão, a festa do Sagrado Coração há de ser um dia de desagravo pelos ultrajes que Jesus recebe na Eucaristia.
De acordo com os desejos do próprio Nosso Senhor, a festa do Sagrado Coração deve ser festa de reparação. Queixou-se da ingratidão, do desprezo, da frieza, dos sacrilégios que muitas vezes sofre, na Eucaristia, por parte de pessoas que se julgam piedosas. Pediu comunhões fervorosas e reparadoras, atos de desagravo, e especialmente, uma festa de reparação.
Mais ainda do que a festa do Corpo de Deus, a festa do Sagrado Coração servirá, pois, a manifestar a Jesus Cristo o nosso amor e a nossa gratidão; nossa presença nos ofícios e na procissão que se faz também nesse dia, será um desagravo pelos ultrajes que recebe no sacramento do seu amor, por nossa frieza e irreverência para com a Eucaristia.
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Monsenhor CAULY. Curso de Instrução Religiosa: Tomo I – Catecismo explicado: Dogma, Moral, Sacramentos, Culto. São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1924, p.576-578.

Publicado em Mulher Católica.

Cristo ressuscitado atrai para si todas as coisas (Ordem do Carmo em Portugal)

Cristo ressuscitado atrai para si todas as coisas

Cristo_ressuscitado

 

Constituído Senhor pela sua ressurreição, Cristo… atua já, pela força do Espírito Santo, nos corações dos homens; não suscita neles apenas o desejo da vida futura, mas, por isso mesmo, anima, purifica e fortalece também aquelas generosas aspirações, que levam a humanidade a tentar tornar a vida mais humana e a submeter para esse fim toda a terra.

Concílio Vaticano II

 Publicado em Ordem do Carmo em Portugal.

CRISTO RESSUSCITOU!

Desejo a todos uma vida nova, cheia de esperança no Cristo Ressuscitado! Ele vive e está entre nós para trazer a Boa Nova da vitória do amor sobre a morte e o pecado. Com Ele, seguimos confiantes, fortalecidos no combate pelo Bem e pela Paz que Jesus Cristo nos legou em sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição. Sejamos fortes e estejamos seguros em nossa caminhada rumo à Eternidade, porque fomos libertos por meio de seu sacrifício redentor, que propiciou a a redenção de toda Humanidade do passado, do presente e do futuro. Amém.

Lúcia Barden Nunes.

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Fonte: Suma Teológica

Ressurreicao

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Publicado em Suma Teológica.

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e o Magistério da Igreja (www.passioiesus.org)

Jesus no Horto das Oliveiras

A Igreja, sempre fiel ao seu Mestre, guia-nos, por meio do Espírito Santo, para a verdade total. Ela própria nasceu do lado aberto do Salvador.

« Esta obra da redenção humana e da glorificação perfeita de Deus, prefigurada pelas suas grandes obras no povo do Antigo Testamento, realizou-a Cristo, Senhor, principalmente pelo mistério pascal da sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição dos mortos e gloriosa Ascensão, em que, ‘morrendo, destruiu a nossa morte e ressurgindo restaurou a nossa vida’. Pois do lado aberto de Cristo, morto na Cruz, nasceu o sacramento admirável de toda a Igreja. Foi do lado de Cristo adormecido na cruz, que nasceu ‘o sacramento admirável de toda a Igreja’ » (SC 5). É por isso que, na Liturgia, a Igreja celebra principalmente o mistério pascal, pelo qual Cristo realizou a obra da nossa salvação ». (CIC 1067; CV II, SC 5)

A Igreja nunca cessa de nos recordar que “a obra mais excelente da misericórdia de Deus foi a justificação que nos foi merecida pela Paixão de Cristo”(CIC 2020).

Por isso, não podemos deixar de considerar a importância primordial que tem o meditar na Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. De facto, o Catecismo da Igreja Católica ensina-nos que “o cristão deve meditar regularmente” (CIC 2707); com muita mais razão devemos meditar na misericórdia de Cristo que “pela sua paixão nos libertou de Satanás e do pecado. Nos mereceu a vida nova no Espírito Santo. A Sua graça restaura em nós aquilo que o pecado destruiu” (CIC 1708).

Devido à importância que tem este tema, quisemos acrescentar as seguintes secções:

Os Papas e a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

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S.S. João Paulo II,
Audiência Geral das Quartas-feiras;
7 de Abril de 1993.
  Que Mistério tão grande é a Paixão de Cristo: Deus feito Homem, sofre para salvar o homem, carregando com toda a tragédia da Humanidade!
S.S. Bento XVI,
Santuário de Mariazell;
8 de Setembro del 2007
  Jesus transformou a Paixão, o Seu sofrimento e a Sua morte em oração, em acto de amor a Deus e aos homens. Por isso, os braços estendidos de Cristo crucificado são também um gesto de abraço, através do qual nos atrai a Si e com o qual nos quer estreitar nos Seus braços com amor. Deste modo, é imagem do Deus Vivo, é o próprio Deus, e podemos colocar-nos nas Suas mãos.
S. Leão Magno,
Sermão 15 sobre a Paixão.
 
  Aquele que quer venerar, de verdade, a Paixão do Senhor deve contemplar, a Jesus crucificado, com os olhos da alma, até ao ponto de reconhecer a sua própria carne na Carne de Jesus.
S.S. João Paulo II
XIV Jornada Mundial da Juventude;
28 de Março de 1999
  Ao contemplar Jesus na Sua Paixão, vemos, como num espelho, os sofrimentos da Humanidade, assim como as nossas situações pessoais. Cristo, ainda que não tivesse pecado, tomou sobre Si aquilo que o homem não podia suportar: a injustiça, o mal, o pecado, o ódio, o sofrimento e, por último, a morte.
S.S. João Paulo II
XV Jornada Mundial da Juventude;
29 de Julho de 1999.
  Paixão, quer dizer amor apaixonado, que ao dar-se não faz cálculos: a Paixão de Cristo é o culminar de toda a Sua existência “dada” aos homens para revelar o Coração do Pai. A Cruz, que parece elevar-se da terra, na realidade desce do Céu, como abraço divino que estreita o universo. A Cruz manifesta-se como centro, sentido e fim de toda a história e de cada vida humana.

 

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São Pedro de Alcântara

Os Santos e a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

É muito importante saber que não há nenhum santo que tenha chegado ao cume da vida espiritual sem ter meditado frequentemente na Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Muitos deles, no início da sua vida espiritual, atribuíram à meditação da Paixão de Nosso Senhor, o facto de se terem entregado totalmente a Deus e à Sua Vontade Santíssima. Algumas vezes, nos seus escritos, eles dizem que se avança mais no caminho da santidade com a ajuda da meditação da Paixão de Nosso Senhor, que com a ajuda de qualquer outro meio. Naturalmente, não podemos dizer que supere o grande meio dos Sacramentos, porém pode-se dizer que estes não obteriam toda a sua eficácia sem a ajuda da meditação da Paixão, porque os próprios Sacramentos são os frutos preciosíssimos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Quisemos, portanto, dedicar aqui um espaço no qual colocámos várias citações daquilo que dizem os Santos a respeito da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Esperamos que possam fazer bem às nossas almas.

S. Afonso Maria de Ligório,
Meditações sobre a Paixão de Jesus Cristo, Cadernos Palavra, pág. 18.
  “Alma devota, se queres crescer sempre mais na virtude e de graça em graça, procura meditar todos os dias a Paixão de Jesus Cristo”. Isto é de S. Boaventura, e acrescenta: “Não existe exercício mais apropriado para santificar a tua alma que a meditação dos sofrimentos de Jesus Cristo”. E S. Agostinho diz “que vale mais uma lágrima derramada em memória da Paixão de Cristo que fazer uma peregrinação a Jerusalém e jejuar a pão e água durante um ano”.
Beato Rafael,
  “A Ti cuspiram-Te, insultaram-Te, açoitaram-Te, cravaram-Te num madeiro, e sendo Deus, humildemente, perdoavas, calavas e oferecias-Te…! O que poderei dizer eu da Tua Paixão!… Mais vale não dizer nada e que no meu íntimo medite naquelas coisas que o homem nunca poderá chegar a compreender”.
Santa Teresa de Lisieux,
“O canto do sofrimento unido aos Seus sofrimentos é aquilo que mais cativa o Seu coração.Jesus arde de amor por nós…! Olha a Sua Face adorável…! Olha os Seus olhos apagados e baixos…! Olha essas chagas… Olha a Face de Jesus… Ali verás como nos ama”.
S. José Maria Escrivá de Balaguer  “Na meditação, a Paixão de Cristo eleva-se além do limite frio da história ou a piedosa consideração, para se apresentar diante dos olhos, terrível, aflitiva, cruel, sangrenta…, cheia de Amor… E sente-se que o pecado não se reduz a uma pequena “falta de ortografia”: é crucificar, pregar com marteladas as mãos e os pés do Filho de Deus, e fazer-lhe saltar o coração.
S. Paulo da Cruz,
Cartas e diário espiritual.
“A recordação da Paixão Santíssima de Jesus Cristo e a meditação das Suas virtudes… conduzem a alma à união íntima com Deus, ao recolhimento interior e à contemplação mais sublime… A Paixão de Jesus Cristo é a obra mais maravilhosa do Amor de Deus. A Paixão de Jesus Cristo é o melhor meio para levar as almas à conversão, até mesmo as mais empedernidas. Conservem cuidadosamente a piedosa recordação dos sofrimentos do Filho de Deus e viverão eternamente.

O caminho mais rápido para chegar à santidade cristã é o de se perder, totalmente, no oceano dos sofrimentos do Filho de Deus.

No imenso oceano da Paixão de Jesus Cristo a alma cristã pesca as pérolas preciosas de todas as virtudes
e faz seus os sofrimentos do seu amado Bem.

El recuerdo de la Pasión Santísima de Jesucristo y la meditación de sus virtudes… conducen al alma a la unión íntima con Dios, al recogimiento interior y a la contemplación más sublime…

S. Pedro de AlcântaraSão seis as coisas que se devem meditar na Paixão de Cristo: A grandeza das Suas dores, para nos compadecermos delas. A gravidade do nosso pecado, que é a sua causa, para o detestarmos. A grandeza do benefício, para o agradecer. A excelência da Divina bondade e caridade, que se descobre nela, para a amar. A conveniência do mistério, para se maravilhar dele. E a multidão das virtudes de Cristo, que resplandecem nela, para as imitar.

De acordo com isto, quando vamos meditando devemos ir inclinando o nosso coração, umas vezes compadecendo-nos das dores de Cristo, pois foram as maiores do mundo, quer pela delicadeza do Seu Corpo, quer pela grandeza do Seu Amor, como também por padecer sem nenhuma forma de consolação, como está dito noutra parte.

Umas vezes, devemos ter em atenção o tirar desta motivos de dor pelos nossos pecados, considerando que eles foram a causa de que Ele padecesse tantas e tão graves dores como padeceu. Outras vezes, devemos tirar dela motivos de amor e agradecimento, considerando a grandeza do Amor que Ele através dela nos manifestou e a grandeza do benefício que nos fez redimindo-nos tão copiosamente, com tanto suor da sua parte e tanto proveito para nós.

S. Alberto Furtado,
Qual não terá sido o seu horror quando se olhou e não se reconheceu, quando se encontrou semelhante a um impuro, a um pecador detestável, portanto coberto de corrupção que O cobria desde a Sua cabeça, até à orla da Sua túnica! Qual não seria a sua confusão quando viu que os Seus olhos, as Suas mãos, os Seus pés, os Seus lábios, o Seu coração eram como os membros do malvado e não os do Filho de Deus! São estas as mãos do Cordeiro de Deus antes inocentes e agora roxas com mil actos bárbaros e sangrentos? São estes os lábios do Cordeiro, os olhos profanados por visões malignas, por fascinações idolátricas pelas quais os homens abandonaram o seu Criador? Os Seus ouvidos escutam o ruído de festas e combates. O Seu coração chagado pela avareza, a crueldade e a incredulidade… A Sua memória está carregada com a memória de todos os pecados cometidos desde Eva, em todas as partes da terra. A luxúria de Sodoma, a dureza dos egípcios, a ingratidão e desprezo de Israel… Todos os pecados dos vivos e dos mortos, dos que ainda não nasceram, dos condenados e dos escolhidos: Todos estavam lá.
S. Francisco de Sales,
Tratado do amor de Deus.
A Paixão de Nosso Senhor é o motivo mais doce e mais forte que pode mover os nossos corações nesta vida mortal… lá em cima, na glória, depois do motivo da Bondade divina conhecida e considerada em si mesma, e da morte do Salvador será o mais poderoso, para arrebatar o espírito dos Bem-aventurados no Amor de Deus.
Tomás de KempisO cristão que medite, atentamente, na Vida, Paixão e Morte do Senhor, encontrará ali, em abundância, tudo aquilo que lhe é necessário, para progredir na sua vida espiritual, sem necessidade de ir a buscar fora de Jesus algo que lhe possa aproveitar mais.
S. Afonso Maria de LigórioUm certo dia um cavaleiro encontrou (a S. Francisco de Assis) gemendo e gritando e tendo-lhe perguntado qual era a razão, respondeu: “Choro as dores, e a ignomínia do meu Senhor, e o que mais me faz chorar é que os homens não se recordam de Quem tanto padeceu por eles… por esta razão exortava, continuamente, os seus irmãos a pensarem sempre na Paixão de Jesus Cristo.
S. João da Cruz
Epistolário, carta 10
Acerca da Paixão do Senhor, procure… não querer fazer a sua vontade e gosto em nada, pois ela foi a causa da Sua Paixão e Morte.
S. Luís Beltran o.p
Obras e Sermões;
Meditações sobre a Paixão de Jesus; Tomo I
Saboreia o livro da Paixão de Cristo e captarás a sua doçura, porém quando o digerires experimentarás a amargura grande que existe nele. Contempla essa Paixão. Avalia o preço da tua redenção.
Beata Ângela de Foligno,
O Livro da vida.
Se a tua mente não se eleva à contemplação desse Homem-Deus crucificado, volta atrás e, começando desde início até ao fim, rumina todos os caminhos da Paixão e da Cruz do Homem-Deus vilipendiado. E se não podes retomar e falar de novo destas coisas com o coração, repete-as frequentemente e amorosamente com os lábios, porque aquilo que se repete com frequência com os lábios, dá calor e fervor ao coração.
S. Máximo de Turim,
Cristo dia sem ocaso;
Sermão 53, 1-2.4
A Paixão do Salvador tira-nos do abismo, eleva-nos acima do que é terreno e coloca-nos no mais alto dos Céus.
S. Boaventura
Legenda maior;
Conversão de S. Francisco, n.1.4.
Um dia em que (S. Francisco de Assis) estava a orar […] apareceu-lhe Cristo Jesus em figura de Crucificado, penetrando-o com eficácia aquelas palavras do Evangelho: “Aquele que quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, carregue a sua cruz e siga-Me”…, diante de tal visão…gravou-se-lhe, no mais íntimo do seu coração, a memória da Paixão de Cristo, que quase continuamente via com os olhos da alma as chagas do Senhor crucificado e apenas podia conter externamente as lágrimas e os gemidos.
S. Francisco de Sales,
Introdução à Vida devota.
Aconselho-te a oração mental e cordial e particularmente sobre a Vida e a Paixão de Nosso Salvador. Se frequentemente a contemplas na meditação, encherá a tua alma, aprenderás a Sua modéstia e modelarás as tuas acções pelo modelo das Suas. Ele é a Luz do mundo e n’Ele, por Ele e para Ele devemos ser instruídos e iluminados.
S. João de Ávila,
Audi Filha. II. Et Vide;
Frutos da meditação da Paixão.
Porque não existe nenhum livro tão eficaz para ensinar o homem todo o género de virtude, e quanto deve ser odiado o pecado e amada a virtude, como a Paixão do Filho de Deus; e também porque é extremo ser ingrato pôr em dúvida um tão imenso benefício de amor como foi o padecer por nós.

Através dos quais queremos proporcionar-lhes, ainda que brevemente, uma ajuda extra, para poder aprofundar a meditação da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Publicado em As Horas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (www.passioiesus.org)

O verdadeiro sentido do Natal para os católicos (Catolicismo Romano)

Há muito anda esquecido o Menino Jesus no Natal. Ele não é convidado, apesar de ser a razão da festa. Isto deve nos levar a uma reflexão profunda sobre a nossa conversão à Palavra de redenção que Jesus Cristo veio trazer  ao mundo há mais de dois mil anos.

O texto abaixo não deixa de ser um tanto irreverente em alguns trechos, mas este é um tempo de contradições, e graves.

Assim, ao lê-lo até o final, percebemos que faz muito sentido nessa época de neo-paganismo, que exalta o consumo, seja na forma  de presentes, seja na corrida aos supermercados para a “ceia de Natal”. Na verdade, o que temos são festas de confraternização entre familiares e amigos, onde não haverá moderação na comida , nem de bebidas alcoólicas, infelizmente. O sentido do Natal fica perdido em meio aos excessos.

Uma reflexão já é um passo importante no resgate do verdadeiro sentido do Natal: Jesus Cristo.

Desejo a todos que acompanham este blog um santo e abençoado Natal.

Lúcia Barden Nunes.

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Fonte: Catolicismo Romano

O verdadeiro sentido do Natal para os católicos

O verdadeiro Natal nunca muda, pois não muda também a compreensão do que é o Natal na alma dos católicos de verdade.

Nessas almas, mais do que o consumismo estúpido, mais do que a vermelha figura do Papai Noel, em seu trenó deslizante no verão brasileiro, mais do que a maçante Gingle Bells, exaustivamente tocada nas lojas com descartáveis produtos coloridos, ressoa o hino cantado pelos anjos “Glória in excelsis Deo”.

Ressoam as puras notas do “Puer natus est nobis, et filium nobis est datum”. Porque, para nós que “habitávamos nas sombras da morte, para nós brilhou uma grande luz”.

Que se entende, hoje, que é um “Feliz natal, para você” ? No máximo da inocência, um regabofe em família, com presentinhos, beijinhos e indigestão.

E quando o Natal não é tão inocente…

Quando o Natal não é tão inocente se realiza o canto pagão e naturalista; “Adeus ano velho. Feliz ano novo. Muito dinheiro no bolso. Saúde para dar e vender”.

Eis a felicidade pagã: dinheiro, saúde, prazer.

Sem Deus. Sem Redenção. Sem alma. Que triste Natal esse!

Que infeliz e decrépito ano novo, tão igual aos velhos anos do paganismo!

Será que o povo que habitava nas sombras da morte já não vê a grande luz que brilhou para ele em Belém?

Até a luz do Natal está ofuscada. E quão poucos compreendem essa luz!

No presépio se conta tudo.

Tudo está lá bem resumido. Mas o povo olha as pequenas figuras e não compreende o que significa que um Menino nos foi dado, que um Filho nasceu para nós.

No presépio se vê um Menino numa manjedoura, entre um boi e um burro…

A Virgem Maria, Mãe de Deus adorando seu Filhinho que é o Verbo de Deus encarnado, envolto em panos. São José, contemplando o Deus Menino tiritante de frio, à luz de uma tosca lanterna.

Um anjo esvoaçante sobre a cabana rústica. Uma estrela. Pastores com suas ovelhas, cabras e bodes. Um galo que canta na noite. Os Reis que chegam olhando a estrela, seguindo a estrela, para encontrar o Menino com sua Mãe.

Tudo envolto no cântico celeste dos anjos;

“Glória a Deus nas alturas! E paz, na terra, aos homens que têm boa vontade” (Luc. II, 14)

Isso aconteceu nos dias de Herodes, quando César Augusto decretou um recenseamento.

E como não havia lugar para Maria e José na estalagem, em Bethleem, terra de Davi, eles tiveram que se refugiar numa cocheira, entre um boi e um burro.

Porque assim se realizaram as profecias:

* “E tu, Bethleem Efrata, tu és a mínima entre as milhares de Judá, mas de ti há de me sair Aquele que há de reinar em Israel, e cuja geração é desde o Princípio, desde os dias da eternidade”, como profetizou o Profeta Miquéias (Mi. V, 1).

** ”O Senhor vos dará este sinal: uma Virgem conceberá, e dará à luz um filho, e seu nome será Emanuel” (Is. VII,14)

*** “O Boi conhece o seu dono, e o burro conhece o presépio de seu senhor, mas Israel não me conheceu e o meu povo não teve inteligência” profetizou Isaías muitos séculos antes (Is. I,3).

E Cristo, nos dias de Herodes, nasceu em Bethleem que quer dizer casa do pão (Beth = casa. Lêem = pão).

Cristo devia nascer em Belém, casa do pão, porque Ele é o pão que desceu dos céus, para nos alimentar. Por isso foi posto numa manjedoura, para alimentar os homens.

Devia nascer num estábulo, porque recebemos a Cristo como pão do Céu na Igreja, representada pelo estábulo, visto que nas cocheiras, os animais deixam a sujeira no chão, e comem no cocho. E na Igreja os católicos deixam a sujeira de seus pecados no confessionário, e, depois, comem o Corpo e bebem o Sangue de Jesus Cristo presente na Hóstia consagrada, na mesa da comunhão.

Jesus devia nascer de uma mulher, Maria, para provar que era homem como nós. Mas devia nascer de uma Virgem — coisa impossível sem milagre — para provar que era Deus. Este era o sinal, isto é, o milagre que anunciaria a chegada do Redentor: uma Virgem seria Mãe. Nossa Senhora é Virgem Mãe. E para os protestantes, que não crêem na virgindade perpétua de Maria Santíssima, para eles Maria não foi dada por Mãe, no Calvário. Pois quem não tem a Maria por Mãe, não tem a Deus por Pai.

E por que profetizou Isaías sobre o boi e o burro no presépio?

Que significam o boi e o burro?

O boi era o animal usado então, para puxar o arado na lavoura da terra.

Terra é o homem. Adão foi feito de terra. Trabalhar a terra é símbolo de santificar o homem. Ora, os judeus tinham sido chamados por Deus para ser o sal da terra e a luz do mundo, isto é, para dar vida (sal) espiritual, santidade, aos homens, e ensinar-lhes a verdade (luz).

O boi era então símbolo do judeu.

O burro, animal que simboliza falta de sabedoria, era o símbolo do povo gentio, dos pagãos, homens sem sabedoria.

Mas Deus veio salvar objetivamente a todos os homens, judeus e pagãos. Por isso, no presépio de Cristo, deviam estar o boi (o judeu) e o burro (o pagão).

Foi também por isso que Jesus subiu ao Templo montado num burrico que jamais havia sido montado, isto é, um povo pagão que não fora sujeito ao domínio de Deus. E os judeus não gostaram que o burro fosse levado ao Templo, isto é, que Cristo pretendesse levar também os pagãos à casa de Deus, à religião verdadeira. Por isso foi escrito: “mas Israel não me conheceu e o meu povo não teve inteligência”.

Como também o povo católico, hoje, já não tem inteligência para compreender o Natal, pois “coisas espantosas e estranhas se tem feito nesta terra: os profetas profetizaram a mentira, e os sacerdotes do Senhor os aplaudiram com as suas mãos. E o meu povo amou essas coisas. Que castigo não virá, pois, sobre essa gente, no fim disso tudo?” (Jer. V, 30-31).

Pois se chegou a clamar: “Glória ao Homem, já rei da Terra e agora príncipe do céu”, só porque o homem fora até a Lua num foguete, única maneira do homem da modernidade subir ao céu.

No Natal de Cristo, tudo mostra como Ele era Deus e homem ao mesmo tempo.

Como já lembramos, Ele nasceu de uma mulher, para provar que era homem como nós. Nasceu de uma Virgem, para provar que era Deus.

Como um bebê, Ele era incapaz de andar e de se mover sozinho. Como Deus, Ele movia as estrelas.

Como criança recém nascida era incapaz de falar. Como Deus fazia os anjos cantarem.

Ele veio salvar objetivamente a todos, mas nem todos o aceitaram. E Herodes quis matá-lo.

Ele chamou para junto de si, no presépio, os pastores e os Reis, para condenar a Teologia da Libertação e os demagogos pauperistas que pregam que Cristo nasceu como que exclusivamente para os pobres. É falso!

Assim como o sol brilha para todos, Deus quis salvar a todos sem acepção de pessoa. Por isso chamou os humildes e os poderosos junto à manjedoura de Belém.

Mas, dirá um seguidor do bizarro frei Betto ou do ex frei Boff, que nada compreendem do Evangelho pois o lêem com os óculos heréticos e assassinos de Fidel e de Marx, sendo “cegos ao meio dia” (Deut. XXVIII, 29): Deus tratou melhor os pastores pobres, pois lhes mandou um anjo, do que os reis poderosos, exploradores do povo, aos quais chamou só por meio de uma estrela. É verdade!!!

Deus tratou melhor aos pastores. Mas não porque eram pastores, e sim porque eram judeus. Sendo judeus, por terem a Fé verdadeira, então, mandou-lhes um sinal espiritual. Aos reis magos, porque pertenciam a um povo sem a religião verdadeira, mandou-lhes um sinal material: a estrela.

No presépio havia ovelhas e bodes, porque Deus veio salvar os bons e os pecadores.

E a Virgem envolveu o menino em panos.

Fez isso, é claro, porque o pequeno tinha frio, e por pudor.

Mas simbolicamente porque aquele Menino —que era o Verbo de Deus feito homem—, que era a palavra de Deus humanada, tinha que ser envolta em panos, pois que a palavra de Deus, na Sagrada Escritura, aparece envolta em mistério, pois não convém que a palavra de Deus seja profanada. Daí estar escrito: “A glória de Deus consiste em encobrir a palavra; e a glória dos reis está em investigar o discurso” (Prov, XXV, 2).

E “Um Menino nasceu para nós, um filho nos foi dado, e o império foi posto sobre os seus ombros, e seu nome será maravilhoso, Deus Poderoso, Conselheiro, o Deus eterno, o Príncipe da Paz” (Is. IX, 5).

Porque todos os homens, em Adão, haviam adquirido uma dívida infinita para com Deus, já que toda culpa gera dívida conforme a pessoa ofendida. E a ofensa de Adão a Deus produzira dívida infinita, que nenhum homem poderia pagar, pois todo mérito humano é finito. Só Deus tem mérito infinito. Portanto, desde Adão, nenhum homem poderia salvar-se. Todos nasceriam, viveriam e iriam para o inferno. E a humanidade jazia então nas sombras da morte.

Mas porque Deus misericordiosamente se fez homem, no seio de Maria, era um Homem que pagaria a dívida dos homens, porque esse Menino, sendo Deus, teria mérito infinito, podendo pagar a dívida do homem. Por isso, quando Ele morreu por nós, foi condenado por Pilatos, representando o maior poder humano — o Império — que O apresentou no tribunal dizendo: “Eis o Homem”. (Jo XIX, 5)

Ele era O Homem.

Era um homem que pagava os pecados dos homens assumindo a nossa natureza e nossas culpas, mas sem o pecado. Era Deus-Menino sofrendo frio e fome por nossos confortos ilícitos e nossa gula, na pobreza e no desprezo, por nossa ambição e nosso orgulho.

E os pastores e os Reis O encontraram com Maria sua Mãe, para mostrar que só encontra a Cristo quem O busca com sua Mãe.

E para demonstrar que diante de Jesus, ainda que Menino, todo poder deve dobrar o joelho.

E os pastores levaram ao Deus Menino suas melhores ovelhas, e seus melhores cabritos, enquanto os Reis Lhe levaram mirra, incenso e ouro. A mirra da penitência. O incenso da adoração. O ouro do poder.

Tudo é de Cristo.

Todos, levando esses dons, reconheciam que Ele era Deus, o Senhor de todas as coisas, Ele que dá todas as ovelhas e cabras aos pastores. Ele que dá aos Reis o poder e o ouro.

Deus é o Supremo Senhor de todas as coisas. Ele é o Soberano Absoluto a quem devemos tudo. E para reconhecer que Ele é a fonte de todos os bens que temos é que devemos levar-Lhe em oferta o melhor do que temos.

Publicado em Catolicismo Romano.

Imagem: WikiCommons.

“Vivamos o grande retiro da Quaresma, tempo do deserto e do combate espiritual, com abertura para estes valores que nos aproximam de Deus pelo próximo.” – Artigo – Cardeal Orani João Tempesta Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ) – (CNBB)

Quaresma: Tempo de Luta Espiritual

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

Exorto-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereçais vossos corpos como hóstia viva, santa e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito” (Rm 12, 1s).

 A Quaresma tem um sentido eminentemente pascal: é um tempo de caminho de conversão a Cristo, período de cristificação. “Morremos com o Cristo; trazemos em nosso corpo a morte de Cristo, para que também a vida de Cristo se manifeste em nós”. “Já não vivemos, portanto, nossa própria vida, mas a vida de Cristo, vida de inocência, vida de castidade, vida de sinceridade e de todas as virtudes”. “Ressuscitamos com o Cristo; vivamos, pois, com ele, subamos com ele, a fim de que a serpente não possa encontrar na terra nosso calcanhar”. (Santo Ambrósio, Tratado sobre a Fuga do Mundo).

Esta cristificação é ação do Espírito Santo: o homem não pode atingir tal escopo sem a graça do Santo Espírito, único que pode testemunhar Jesus em nós e conformar-nos a Cristo. Por isso mesmo, a busca da cristificação é um combate espiritual: combate porque é luta contra as tendências desencontradas do homem velho, que ainda persistem em nós; espiritual porque é combate na força do Espírito do Cristo: “Por ele, os corações são elevados ao alto, os fracos são conduzidos pela mão, os que progridem na virtude chegam à perfeição. Ele ilumina os que foram purificados de toda a mancha e torna-os espirituais pela comunhão consigo. Dele nos vem a alegria sem fim, a união constante e a semelhança com Deus; dele procede, enfim, o bem mais sublime que se pode desejar: o homem é divinizado” (São Basílio Magno, Tratado sobre o Espírito Santo).

A Quaresma é, pois, tempo do combate espiritual, tempo de uma ascese mais cuidadosa, ascese de caráter cristo-pneumatológico, tendo como fim a divinização (a vida de filhos do Pai). Sendo assim, esse tempo nada mais é que uma intensificação daquilo que é e deve ser toda a vida do cristão. São Bento, por exemplo, dizia a seus monges que a vida deles deveria ser uma contínua quaresma (ou seja, uma contínua preparação para a Páscoa).

Aproveitemos para viver esse combate espiritual com algumas atitudes de ascese.

Temos várias atitudes e comportamentos que podem nos ajudar, como por exemplo, o jejum: meio de tomar consciência da dependência de Deus; meio de domar nossas paixões, meio de atingir a educação de nossos instintos, modo de nos sensibilizarmos para a fome alheia.

Faz parte também a vida de oração: como modo de nos abrir para Deus e sua Presença; como meio de nos fazer sensíveis à sua Palavra; como modo de nos ajudar a compreender sua santa vontade; como meio de tudo avaliar com o coração de Deus; como modo privilegiado de fazer-se dócil à ação do Espírito Santo.

Uma atitude de desprendimento importante para hoje é a esmola, pois nos abre para os outros; é sinal da própria comunhão trinitária; é remédio contra nossas concupiscências; descentra-nos.

Outra prática não muito comum entre nós são as vigílias, que nos ajudam a vigiar pela vinda do Reino; no combate à preguiça espiritual; faz-nos intercessores pelo mundo que dorme e nos ajudam no autodomínio.

Vivamos o grande retiro da Quaresma, tempo do deserto e do combate espiritual, com abertura para estes valores que nos aproximam de Deus pelo próximo.

No Ano Arquidiocesano da Esperança sejamos portadores da boa notícia do Reino de Deus e aproveitemos do tempo favorável para vivermos a caminhada de conversão, sendo ajudados pela penitência física e silenciosa do jejum. Jejum não só de carne e de alimentos às sextas-feiras, mas jejum da maldade, jejum da perversidade, jejum dos maus atos e pensamentos, jejum da desagregação e jejum da intolerância religiosa.

Sejamos generosos com as obras de caridade da Igreja, doando o que deixamos de comer, como gesto concreto em favor dos mais pobres e das necessidades das obras caritativas da Igreja (de maneira especial no Domingo de Ramos, dia da Coleta da Solidariedade). A oração que é ouvida por Deus é aquela que é acompanhada destes gestos concretos.

Boa Quaresma e profunda conversão rumo à Páscoa!

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

Segunda, 09 de Março de 2015.

Publicado em CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

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4ª-feira da 3ª Semana da Quaresma
Cor: Roxo 1ª Leitura – Dt 4,1.5-9 Cumpri e praticai as leis e decretos. Leitura do Livro do Deuteronômio (4,1.5-9):

Moisés falou ao povo, dizendo:
1 ‘Agora, Israel, ouve as leis e os decretos
que eu vos ensino a cumprir,
para que, fazendo-o, vivais
e entreis na posse da terra prometida
que o Senhor Deus de vossos pais vos vai dar.
5 Eis que vos ensinei leis e decretos
conforme o Senhor meu Deus me ordenou,
para que os pratiqueis na terra em que ides entrar
e da qual tomareis posse.
6 Vós os guardareis, pois, e os poreis em prática,
porque neles está vossa sabedoria
e inteligência perante os povos,
para que, ouvindo todas estas leis, digam:
‘Na verdade, é sábia e inteligente esta grande nação!
7 Pois, qual é a grande nação
cujos deuses lhe são tão próximos
como o Senhor nosso Deus,
sempre que o invocamos?
8 E que nação haverá tão grande
que tenha leis e decretos tão justos,
como esta lei que hoje vos ponho diante dos olhos?
9 Mas toma cuidado!
Procura com grande zelo não te esqueceres
de tudo o que viste com os próprios olhos,
e nada deixes escapar do teu coração
por todos os dias de tua vida;
antes, ensina-o a teus filhos e netos.

Palavra do Senhor.

Salmo – Sl 147, 12-13. 15-16. 19-20 (R. 12a)

R. Glorifica o Senhor, Jerusalém!
12 Glorifica o Senhor, Jerusalém!*
Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
13 Pois reforçou com segurança as tuas portas,*
e os teus filhos em teu seio abençoou. R.15 Ele envia suas ordens para a terra,*
e a palavra que ele diz corre veloz.
16 ele faz cair a neve como a lã *
e espalha a geada como cinza. R.19 Anuncia a Jacó sua palavra,*
seus preceitos suas leis a Israel.
20 Nenhum povo recebeu tanto carinho,*
a nenhum outro revelou os seus preceitos.

Evangelho – Mt 5,17-19

Jesus fala aos discipulos.Aquele que praticar e ensinar os mandamentos,
este será considerado grande.+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus (5,17-19)Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
17 Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas.
Não vim para abolir,
mas para dar-lhes pleno cumprimento.
18 Em verdade, eu vos digo:
antes que o céu e a terra deixem de existir,
nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei,
sem que tudo se cumpra.
l9 Portanto, quem desobedecer
a um só destes mandamentos, por menor que seja,
e ensinar os outros a fazerem o mesmo,
será considerado o menor no Reino dos Céus.
Porém, quem os praticar e ensinar
será considerado grande no Reino dos Céus.Palavra da Salvação.

Reflexão – Mt 5, 17-29

Todos nós estamos de acordo que devemos obedecer a Deus, mas não estamos muito de acordo se perguntarmos por que devemos obedecer a Deus. Isto porque existem duas formas de obediência. A primeira é a obediência de quem reconhece o poder de quem manda e se submete a este poder por causa das vantagens da obediência ou das conseqüências da desobediência. É aquele que diz que manda quem pode e obedece quem tem juízo. A segunda é de quem reconhece os valores que motivam a autoridade e assume esses valores como próprios, vendo na obediência a grande forma de concretização desses valores. Jesus não veio mudar a lei, mas mostrar as suas motivações, os seus valores, a fim de que a sua observância não seja um jugo, mas uma forma de realização pessoal.
Fonte: Paróquia Nossa Senhora do Resgate (extraído de CNBB).

Jesus é tentado em três momentos no deserto… – Quaresma (Caritatis – Portal Católico)

Quaresma_Tentação-no-deserto
Mt 4,1-11: “E os anjos se aproximaram para servir Jesus”.

Artigo e imagem publicados em Caritatis – Portal Católico

Jesus posto à prova (Mateus 4, 1-11)

1Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio.  2Jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois, teve fome. 3O tentador aproximou-se dele e lhe disse: Se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães. 4Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus (Dt 8,3). 5O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe: 6Se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra (Sl 90,11s). 7Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6,16). 8O demônio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe: 9Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares. 10Respondeu-lhe Jesus: Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás (Dt 6,13).   11Em seguida, o demônio o deixou, e os anjos aproximaram-se dele para servi-lo.

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Comentando:

A pedagogia de Jesus quer nos mostrar que antes de qualquer iniciativa, devemos nos recolher, e no silêncio, orar, experimentar Deus em nossa vida, conversar e escutar o que Ele nos fala. Assim, será este tempo da Quaresma, propício a este recolhimento. O caminho é longo e precisamos, neste momento, fazer um balanço de nossa vida. É tempo de conversão.

Jesus se deixa conduzir pelo Espírito do Pai, mesmo sabendo que será tentado pelo demônio em três momentos. Ele vai, exorta confiança, se defronta com dificuldades, mas confia para onde está sendo levado. Jesus quer nos ensinar como devemos lutar e vencer as nossas tentações: com confiança em Deus, com a oração, com a graça divina e com a fortaleza. Rezamos, diariamente, na oração do Pai Nosso, pedindo a Deus que nos ajude com a Sua graça. “Não nos deixeis cair em tentação”.

Jesus manifesta a sua natureza humana, fazendo jejum, tendo fome, para mostrar que somos capazes de uma parada em nossa vida para a reflexão, contemplação. Jesus quer mostrar que antes de começar a sua obra messiânica, será necessário uma preparação, com oração e jejum no deserto. Da mesma forma, Moisés, o fez antes de promulgar, em nome de Deus, a Antiga lei do Sinai (cf. Ex 34,28), e também Elias, que caminhou quarenta dias no deserto para levar avante a sua missão: fazer renovar o cumprimento da Lei (1Rs 19,5-8).

A Igreja estabelece anualmente o tempo de jejum quaresmal (neste domingo contemplamos o retiro de Jesus no deserto), tempo este, que devemos nos preparar, com a oração e penitência, que será fundamental a nossa vida. Inclusive uma boa reflexão, no silêncio, sempre deverá acontecer antes de empreendermos alguma atividade ou tomarmos alguma decisão importante.

Recordo que no ano de 2010, tive a graça de participar da Quaresma, de forma diferenciada, pois estava sendo acompanhado pelo Pe. Paulo Pedreira, sj, nos Exercícios Espirituais. Então, foi uma Quaresma e Semana Santa intensas, onde pude perceber o amor que Jesus tem por cada um de nós. A nossa vida dá um salto de qualidade. Sentimos o ardor do coração de Cristo sofredor e crucificado e pedimos a graça de estar com Ele. Foi a melhor Quaresma, por isto estou aqui, continuando, convidando outros a esta experiência dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio.

Ser cristão hoje é ser um “super herói”, onde necessitamos nos livrar das armadilhas do inimigo a cada instante, principalmente pessoas como nós, que vivem em uma grande cidade, como o Rio de Janeiro. Este Primeiro Domingo da Quaresma se faz necessário, para contemplarmos Jesus, em sua fome, por ter ficado um tempo, sem alimento e observarmos o diálogo entre Jesus e o acusador.

Num primeiro momento, a fome de Jesus é intensa, o diabo aproveita para tentá-Lo, mas o Senhor o rejeita com uma frase do Dt 8,3. Jesus, não se assusta, apenas responde com Palavras da Sagrada Escritura, para mostrar, que como Ele podemos ser fortes, se tivermos a vivência da Palavra de Deus, que nos conforta e poderá ser nosso verdadeiro alimento, o Pão da Palavra da mesma forma como Yahweh alimentou os filhos de Israel com o maná no deserto e hoje, somos alimentados com o maná como imagem da Eucaristia. Com efeito, “o homem não vive só de pão, mas também de toda a palavra que sai da boca de Deus”.

Num segundo momento, Jesus é levado ao pináculo do Templo, e o acusador pede que Ele se jogue, pois os anjos o protegerão. Nesta passagem, Jesus quer mostrar aos cristãos que se deve estar alerta, quanto as falsas interpretações da Sagrada Escritura, como a citação proposta pelo diabo. Jesus chama a atenção para o erro da heresia, que consiste em fixar o olhar em um determinado trecho da Escritura, com exclusão de outros, com interpretação ao bel prazer, o que nos faz perder de vista a unidade da Escritura e a totalidade da fé.

Num terceiro momento, Jesus é levado para um monte muito alto e o demônio oferece a Jesus, todos os reinos, se o adorar. Jesus, responde de forma enérgica “para trás satanás”. Tiramos deste momento o ensinamento de Jesus, que devemos estar firme na missão salvífica em nossos ambientes e não podemos se deixar seduzir por ofertas, que muitas vezes, nos encantam. Vemos o grave problema da corrupção em nosso país, onde cada vez mais se agrava. As pessoas dormindo pelas ruas, pedindo esmolas nos sinais, se prostituindo. Tudo é lamentável, tudo é fruto da corrupção. Mas, aprendemos de Jesus: a sua atitude, a sua oposição as coisas do mundo.

O demônio deixa Jesus, é a vitória, consequência da constância na luta. Os anjos vêm e servem a Jesus. Este trecho do Evangelho mostra a alegria interior que teremos, quando, pela nossa confiança em Deus, nos opormos às tentações às coisas do mundo. Contra as tentações, Deus nos dá poderosos defensores, que quando precisarmos devemos invocar: os anjos da guarda.

Publicado em Caritatis – Portal Católico.

Quaresma: “Tempo do combate – na Quaresma se deve combater – um tempo de combate espiritual contra o espírito do mal.” – Papa Francisco – Ângelus – 1º Domingo da Quaresma ( Rádio Vaticano)

Fonte: Rádio Vaticano.

No Angelus Papa convida a entrar sem medo no deserto, local de combate espiritual

“O significado deste primeiro Domingo da Quaresma, disse o Papa, é nos colocarmos decididamente no caminho de Jesus, o caminho que conduz à vida”. – AFP
22/02/2015 12:40

Cidade do Vaticano (RV) – Neste I Domingo da Quaresma o Papa Francisco assomou à janela do apartamento Pontíficio para rezar, com os milhares de fiéis presentes na Praça São Pedro, a oração mariana do Angelus.(…)

Eis o Angelus na íntegra:

Queridos irmãs e irmãs
Quarta-feira passada, com o rito das Cinzas, teve início a Quaresma e hoje é o primeiro Domingo deste tempo litúrgico que faz referência aos quarenta dias que Jesus passou no deserto, após o Batismo no Rio Jordão. São Marcos escreve no Evangelho de hoje: “O Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre animais selvagens, e os anjos o serviam”.Com estas breves palavras o evangelista descreve a prova enfrentada voluntariamente por Jesus, antes de iniciar sua missão messiânica. É uma prova da qual o Senhor sai vitorioso e que o prepara a anunciar o Evangelho do Reino de Deus. Ele, naqueles quarenta dias de solidão, enfrentou Satanás “corpo a corpo”, desmascarou as suas tentações e o venceu. E nele todos vencemos, mas nós devemos proteger esta vitória no nosso dia-a-dia.A Igreja nos faz recordar tal mistério no início da Quaresma, porque isto nos dá a perspectiva e o sentido deste tempo, que é o tempo do combate – na Quaresma se deve combater – um tempo de combate espiritual contra o espírito do mal. E enquanto atravessamos o deserto quaresmal, nós temos o olhar dirigido à Páscoa, que é a vitória definitiva de Jesus contra o Maligno, contra o pecado e contra a morte. Eis então o significado deste primeiro Domingo da Quaresma: colocar-nos decididamente no caminho de Jesus, o caminho que conduz à vida. Olhar Jesus, o que fez Jesus e seguir com Ele.Este caminho de Jesus passa pelo deserto. O deserto é o lugar onde se pode escutar a voz de Deus e a voz do tentador. No barulho, na confusão, isto não pode ser feito; ouve-se somente vozes superficiais. Pelo contrário, no deserto, podemos descer em profundidade onde se joga verdadeiramente o nossos destino, a vida ou a morte. E, como ouvimos a voz de Deus? A ouvimos na sua Palavra. Por isto é importante conhecer as Escrituras, pois, de outra maneira, não sabemos responder às insídias do maligno. E aqui gostaria de retornar ao meu conselho para ler a cada dia o Evangelho: cada dia ler o Evangelho, meditá-lo, um pouquinho, dez minutos, e levá-los empre conosco, no bolso, na bolsa..Mas ter sempre o Evangelho à mão; O deserto quaresmal nos ajuda a dizer não à mundanidade, aos ídolos, nos ajuda a fazer escolhas corajosas conforme o Evangelho e a reforçar a solidariedade com os irmãos.Então entremos no deserto sem medo, porque não estamos sozinhos: estamos com Jesus, com o Pai e com o Espírito Santo. Assim como foi para Jesus, é justamente o Espírito Santo que nos guia no caminho quaresmal, o mesmo Espírito descido sobre Jesus e que nos é dado no batismo. A Quaresma, por isto, é um tempo propício que deve nos levar a tomar sempre mais consciência do quanto o Espírito Santo, recebido no Batismo, operou e pode operar em nós. E ao final do itinerário quaresmal, na Vigília Pascal, poderemos renovar com maior consciência a aliança batismal e os compromissos que dela derivam.

Que a Virgem Santa, modelo de docilidade ao Espírito, nos ajude a deixar-nos conduzir por Ele, que quer fazer de cada um de nós “uma nova criatura”.

Publicado por Rádio do Vaticano.

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Quaresma, tempo de voltar para Deus

quaresma23O momento favorável é agora! Será que amanhã estaremos aqui? Sabemos que a morte encerra o nosso tempo de se arrepender dos pecados e encontrar Deus, para viver com ele. Não deixemos para depois.

A quaresma é um tempo em que Jesus nos convida a ir para o “deserto” com Ele, não o deserto de areia, mas o deserto do nosso coração, onde Deus habita desde o nosso batismo, mas que tantas vezes esquecemos. Esses quarenta dias tem um significado grande na Bíblia; significa “um tempo de prova” antes de uma grande “vitória”.

Assim, vemos Noé que passa 40 dias na barca com toda a criação para depois sair dali para uma vida nova, salvando a humanidade (Gn 8,6). Moisés permaneceu quarenta dias no monte Sinai (Ex 24,18) antes de dar ao povo as Tábuas da Lei e a Aliança com Deus. O povo de Deus caminhou quarenta anos no deserto antes de chegar com Josué `a Terra Prometida (Js 5,6); por quarenta anos Golias desafiou Israel até que Davi o vencesse (1Sm 17,16); Elias, fugindo da morte, caminhou durante quarenta dias ate´ chegar ao Horeb, na montanha onde Deus se mostrou a ele numa brisa suave (1Rs 19,8-12); quarenta dias foi o prazo que Jonas marcou para Nínive ser destruída, mas se converteu (Jn 3,4); etc. Jesus passa quarenta dias no deserto antes de vencer Satanás e começar a Sua missão de evangelização.

Depois de quarenta dias de luta vem uma grande vitória. Assim deve ser hoje a nossa Quaresma, quarenta dias de luta para conquistar a grande vitória de “voltar para Deus”. Não há felicidade maior do que estar com Deus, amar a Deus e servir a Deus. Santo Agostinho disse que: “Um homem sem Deus, é um peregrino sem meta, um questionado sem resposta, um lutador sem vitória, um moribundo sem nova vida”. “Quem ama a Deus nunca envelhece. Leva em si Aquele que é mais jovem que todos os outros”. “Eu não seria nada, meu Deus, absolutamente nada, se não estivesses em mim”. “O maior castigo do homem é não amar a Deus.”

Deus é tudo para nós: quando temos fome, é pão; quando temos sede, é água; quando estamos no escuro, é luz. Deus não nos abandona a não ser que nós O abandonemos primeiro. Quem não tem Deus na sua vida não se contenta com nada, está sempre insatisfeito. Deus colocou uma sede infinita de felicidade em nosso coração que só pode ser saciada por Ele mesmo, e por nada mais.

São Tomás de Aquino disse que “quanto mais o homem se afasta de Deus, mas se aproxima do nada”. Tanto mais é infeliz e sofredor, ainda que tenha todas as riquezas, prazeres e glórias terrenas. Santo Agostinho nos faz um alerta: “Declaraste guerra a Deus? Tem cuidado. Quantas mais e maiores pedras lances ao céu, mais e maiores serão as feridas que te causarão ao cair”.

Mas, o que nos afasta de Deus? Só uma coisa, o pecado. Por isso Jesus nos convida à conversão: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).

“Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro”, diz o Catecismo (n. 1489). “Quem peca fere a honra de Deus e seu amor, sua própria dignidade de homem chamado a ser filho de Deus e a saúde espiritual da Igreja, da qual cada cristão é uma pedra viva (n. 1488).

É por isso que Jesus veio ao mundo e morreu numa cruz, ensanguentado, flagelado, coroado de espinhos e zombado. Só podemos entender o horror que é o pecado olhando o quanto custou para Jesus, o Filho único de Deus, arrancá-lo de nossas almas. Ele não veio ao mundo para outra coisa, a não ser para ser o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). São Pedro disse que “não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado….” (1 Pe 1,18).

A Quaresma é o tempo de voltar para Deus, é o tempo da graça do arrependimento. São Paulo pediu insistentemente: “Em nome de Jesus Cristo, nós vos suplicamos: deixar-vos reconciliar com Deus… Como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes a graça de Deus em vão, pois Ele diz: “No momento favorável eu te ouvi, e no dia da salvação eu te socorri. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2 Cor 6,1-2).

O momento favorável é agora, a Quaresma, o tempo de procurar um padre e fazer uma Confissão bem feita, deixando que o Sangue de Cristo lave as nossas almas. O profeta disse: “Buscai o Senhor, já que ele se deixa encontrar; invocai-o, já que está perto” (Isaías 55, 6). Até quando poderemos ter essa oportunidade de encontrar Deus. Será que amanhã estaremos aqui? Sabemos que a morte encerra o nosso tempo de se arrepender dos pecados e encontrar Deus, para viver com ele. Não deixe para depois. Quem deixa as coisas para depois é porque não quer fazer nunca. Deus não pode ser deixado para depois.

Prof. Felipe Aquino

Publicado em Editora Cléofas.

“O Natal é, portanto, a nossa festa, onde aquele dia glorioso nos toca através da liturgia que realizamos. Sim, o Natal é para nós um dia glorioso. Andávamos nas trevas. Tendo sido criados à imagem e semelhança de Deus, desconhecíamos o modelo a partir do qual fomos criados. Para isso o Verbo se fez carne, para revelar ao homem o seu mistério, para nos dizer o que significa ser homem e mulher.” Homilia – Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

As comemorações natalinas que se dão em família ou dentro das relações de amizade, por mais que tenham se sofisticado, devido aos detalhes, na realidade, têm perdido quase totalmente  o seu  sentido original, aliás, um significado que  permaneceu vivo para a Cristandade por quase dois mil anos: o nascimento do Menino Jesus, em uma gruta de Belém. No entanto, desde a década de sessenta, ou talvez, um pouco antes, a partir da segunda metade do século XX, com o incremento de propagandas por meio do rádio, impressos e com o surgimento da televisão, o abandono do seu verdadeiro sentido foi pouco a pouco sendo firmado. O resultado disso foi a intensa exploração comercial da  figura do Papai Noel, que, paulatinamente, acabou  dessacralizando a data de 25 de dezembro nos meios de comunicação do mundo inteiro, e, por extensão, mesmo dentro das famílias cristãs.

Ainda que seja assim, sem qualquer sinal de uma reversão desta realidade, mais e mais distorcida, cada um de nós pode repensar o conteúdo que envolve o período de festas de fim de ano, e, assim, proporcionar a si próprio e aos semelhantes mais próximos, uma oportunidade de viver o sentido original da comemoração da vinda de Jesus Cristo à face da Terra.

Amor, perdão e redenção envolvem-nos a cada Natal. Nada deveria ser mais  importante. Assim, vivamos o Natal acompanhados da amizade de Jesus, relembrando sua pequenez na manjedoura, para que vivamos o ano todo envolvidos pela pureza de seu Amor, que em Sua Paixão e Ressurreição nos resgatou para a verdadeira vida!

Um abençoado Natal a  todos!

Lúcia Barden Nunes

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Fonte: Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

Homilia: Natal do Senhor

24/12/2014

“Nosso Salvador, amados filhos, nasceu hoje; alegremo-nos. Não pode haver tristeza quando nasce a vida: dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade. Ninguém está excluído da participação nessa felicidade; a causa da alegria é comum a todos porque nosso Senhor, aquele que destrói o pecado e a morte, não tendo encontrado nenhum homem isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória. Rejubile o pecador, porque é convidado ao perdão. Reanime-se o gentio, porque é chamado à vida.”

O texto de São Leão Magno citado acima nos dá o sentido da festa que celebramos. Não celebramos o Natal como um fato passado. Não se trata de um aniversário, porque o aniversário de alguém ou de algum acontecimento nos representa um fato passado, que fica cada vez mais no passado e cujo acontecimento fundante nós não podemos tocar de novo. O Natal de Nosso Senhor, ao contrário, tendo acontecido uma vez por todas não pode se repetir, mas nós o experimentamos de forma misteriosa na sua celebração anual. As celebrações se repetem, não o mistério de Deus. Em cada ano, é sempre o mesmo e único mistério do Natal do Senhor que nos toca e renova a nossa vida. O mesmo São Leão nos recorda em outra passagem: “(…) o retorno do ano apresenta-nos de novo o sacramento de nossa salvação que, prometido desde o início dos tempos, foi dado no fim para perdurar sem fim.” É o Natal do Senhor, o Natal da cabeça, mas também o Natal o Corpo. O Natal é, portanto, a nossa festa, onde aquele dia glorioso nos toca através da liturgia que realizamos. Sim, o Natal é para nós um dia glorioso. Andávamos nas trevas. Tendo sido criados à imagem e semelhança de Deus, desconhecíamos o modelo a partir do qual fomos criados. Para isso o Verbo se fez carne, para revelar ao homem o seu mistério, para nos dizer o que significa ser homem e mulher (cf. GS 22). Aquele que nos criou de modo admirável, de modo ainda mais admirável restabeleceu a nossa dignidade, nos recorda a oração coleta dessa eucaristia.

Deus hoje nos presenteia com a abundância da sua palavra. Ao ouvirmos o profeta o nosso coração transborda numa grande confirmação, num grande Amém, porque de fato “os confins da terra viram a salvação do nosso Deus”. Em íntima unidade com a profecia, o salmista canta a beleza dessa manifestação gloriosa de Deus. Isaías pensa aqui no retorno do exílio, uma grande Páscoa para Israel. Todavia, o profeta tem também os seus olhos voltados para a expectativa do Messias, Aquele que salvará definitivamente Israel. Para nós, em Cristo, essa espera chegou ao fim e já temos em nosso meio Aquele que é a nossa Salvação.

Gostaria de me ater, sobretudo, ao Evangelho que ouvimos. Trata-se do prólogo do Evangelho de João. João nos apresenta a preexistência do Filho. Ele é a Palavra eterna do Pai. Seu lógos, gerado da própria substância do Pai. Igual ao Pai na sua divindade. E o Filho sempre esteve com Deus. Não houve um tempo em que o Pai não fosse Pai porque Ele sempre teve junto de si o Filho (Orígenes). Faz parte da própria essência de Deus ser Pai e do Filho, ser Filho. É a vida trinitária antes da criação. O Pai que ama seu Filho gerando-o e o Filho que ama o Pai submetendo-se totalmente à sua vontade. Essa circulação de amor entre os dois chama-se Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho como rezávamos ontem no Credo. Todavia, a Trindade quer se abrir à criação. E o Pai cria o mundo pelo poder da sua Palavra. No Filho, na Palavra, tudo foi criado. Ele é o mediador da criação e, quando o mundo caiu em trevas, Ele que é a luz dos homens, a “luz da luz” como também rezávamos ontem no Credo, veio ao mundo nos iluminar, nos devolver de novo a visão que havíamos perdido pelo pecado. Ele, que outrora se manifestava a Moisés na transitoriedade da tenda, armou definitivamente a sua tenda no meio dos homens (v. 14). Assumiu a nossa humanidade realmente. Fez da nossa humanidade uma habitação para si. Não que Ele tivesse apenas se revestido aparentemente de nossa humanidade, mas que assumiu verdadeiramente como morada para si a nossa humanidade. A sua divindade ungiu e divinizou a nossa humanidade. E nós, que tínhamos nos solidarizado com Adão e Eva no pecado em virtude da participação na sua mesma natureza, temos o Filho que se solidariza conosco, que se compadece de nós, e assume a nossa humanidade, para reerguer-nos das trevas onde havíamos caído. E nós que o recebemos, nos tornamos filhos de Deus. Eis a nossa dignidade devolvida.

Ele é o “esplendor da glória do Pai” como nos diz a carta aos Hebreus. Nós o olhamos na humildade do presépio, no sacrifício da cruz, na luz da ressurreição e dizemos: Ele é “o esplendor da glória do Pai”. A Deus, ou seja, ao Pai, ninguém jamais viu. O AT nos fala que ninguém pode ser a Deus e continuar vivo. De nosso lado, porque sendo pecadores não podemos contemplar o Santo. Do lado de Deus, Ele não se deixa ver para que não caíamos no erro de querer manipulá-lo como se fosse um objeto. Mas, Cristo nos revelou Àquele que não podíamos, por nossas próprias forças contemplar. Ele que está na intimidade do Pai, voltado para o seu coração, nos “contou”, nos “interpretou” o Pai, porque por força de nossa própria inteligência não podíamos chegar sozinhos ao “tudo” que Deus é.

Devemos conscientizar-nos, como nos ensina São Leão, da nossa dignidade. Procuremos não somente imitá-lo exteriormente, de fora para dentro. Mas, tomemos consciência do que aconteceu em nós pelo seu nascimento, de como fomos transformados no mais íntimo de nós mesmos. E assim, poderemos externar, manifestar, a glória do Senhor com a nossa vida.

NATAL DO SENHOR

1ª Leitura: Is 52,7-10
Sl 97
2ª Leitura: Hb 1,1-6
Evangelho: Jo 1,1-18

Padre Fábio Siqueira

Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida.

Publicado em Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Imagem: Menino Jesus na manjedoura –  Paróquia Santo Antônio do Pari.

Papa Francisco envia uma mensagem aos cristãos do Oriente Médio para encorajá-los neste período de “lágrimas e suspiros” (23.12.2014 – Rádio Vaticano)

Fonte: Rádio Vaticano

Papa Francisco \ Documentos

Sem medo e vergonha de ser cristão: Papa quer visitar Oriente Médio

Cristãos iraquianos que fugiram de Mosul e agora se encontram no campo de refugiados em Erbil, no norte do país.

Cidade do Vaticano (RV) –23.12.2014 – Solidariedade e esperança: às vésperas do Natal, o Papa Francisco enviou uma mensagem aos cristãos do Oriente Médio para encorajá-los neste período de “lágrimas e suspiros”.

“A aflição e a tribulação não faltaram, infelizmente, no passado mesmo recente do Oriente Médio. Mas agravaram-se nos últimos meses por causa dos conflitos que atormentam a Região e, sobretudo, pela atuação duma organização terrorista mais recente e preocupante, de dimensões antes inconcebíveis, que comete toda a espécie de abusos e práticas indignas do homem, atingindo de forma particular alguns de vós que foram brutalmente expulsos das suas terras, onde os cristãos têm estado presentes desde a época apostólica”, escreve o Papa em sua mensagem.

Francisco afirma que acompanha diariamente as notícias do sofrimento de tantas pessoas no Oriente Médio. De modo especial, cita as crianças, as mães, os idosos, os deslocados e os refugiados, os que sofrem a fome, e os que têm de enfrentar a dureza do inverno sem um teto para se protegerem.

“Este sofrimento brada a Deus e faz apelo ao compromisso de todos nós por meio da oração e de todo o tipo de iniciativa. Desejo exprimir a todos unidade e solidariedade, minha e da Igreja, e oferecer uma palavra de consolação e de esperança.”

O Papa indica o caminho do diálogo como o único possível para tentar resolver os conflitos. “Não há outra estrada. O diálogo baseado numa atitude de abertura, na verdade e no amor é também o melhor antídoto contra a tentação do fundamentalismo religioso, que é uma ameaça para os crentes de todas as religiões. Simultaneamente, o diálogo é um serviço à justiça e uma condição necessária para a tão desejada paz.”

O Pontífice cita os inúmeros problemas, como o sequestro de pessoas – inclusive de bispos –, o tráfico de armas e a inércia internacional, mas também os sinais de esperança, como o testemunho dos membros da Igreja e a assistência humanitária.

“Não tenhais medo nem vergonha de ser cristãos”, encoraja Francisco, que se pergunta quanto tempo deverá ainda sofrer o Oriente Médio por carência de paz. “Não podemos resignar-nos aos conflitos, como se não fosse possível uma mudança!”, conclui o Papa, garantindo sua oração diária por todos os cristãos e manifestando o desejo de visitar em breve pessoalmente a região.

(BF)

Publicado em Rádio Vaticano.

 

“O Espírito do Advento consiste em boa parte em vivermos unidos à Virgem Maria neste tempo em que Ela traz Jesus em seu seio.” – Homilia do Mons. José Maria – IV Domingo do Advento (Site Presbíteros)

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Jesus, Maria e José em Belém

Fonte: PRESBÍTEROS

Homilia do Mons. José Maria – IV Domingo do Advento

A Virgem e o Emanuel

No Quarto Domingo do Advento entra em cena Maria. Seu Filho é o Deus conosco e já se faz presente, ainda de modo velado, mas real, no seio da Virgem, que concebeu por obra do Espírito Santo (cf. Mt 1, 18 – 24).

Ao descrever a genealogia de Jesus, Mateus demonstra que é verdadeiro homem, filho de Davi, filho de Abraão; ao narrar o Seu nascimento de Maria Virgem, que foi mãe por virtude do Espírito Santo, afirma que é verdadeiro Deus; e, finalmente, ao citar o profeta Isaias, declara que Ele é o Salvador prometido pelos profetas, o Emanuel, o Deus conosco.
Nossa Senhora fomenta na alma a alegria, porque, quando procuramos a sua intimidade, leva-nos a Cristo. Ela é Mestra de esperança. Maria proclama que a chamarão bem-aventurada todas as gerações (Lc. 1, 18).
Dentro de poucos dias veremos Jesus reclinado numa manjedoura, o que é uma prova de misericórdia e do amor de Deus. Poderemos dizer: “Nesta noite de Natal, tudo pára dentro de mim. Estar diante dEle; não há nada mais do que Ele na branca imensidão. Não diz nada, mas está aí… Ele é o Deus amando-me. E se Deus se faz homem e me ama, como não procurá-Lo? Como perder a esperança de encontrá-Lo, se é Ele que me procura? Afastemos todo o possível desalento; as dificuldades exteriores e a nossa miséria pessoal não podem nada diante da alegria do Natal que se aproxima.
Faltam poucos dias para que vejamos no presépio Aquele que os profetas predisseram, que a Virgem esperou com amor de mãe, que João anunciou estar próximo e depois mostrou presente entre os homens.
Desde o presépio de Belém até o momento da sua Ascensão aos céus, Jesus Cristo proclama uma mensagem de esperança. Ele é a garantia plena de que alcançaremos os bens prometidos. Olhamos para a gruta de Belém, em vigilante espera, e compreendemos que somente com Ele poderemos aproximar-nos confiadamente de Deus Pai.
Nas festas que celebramos por ocasião do Natal, lutemos com todas as nossas forças, agora e sempre, contra o desânimo na vida espiritual, o consumismo exagerado, e a preocupação quase exclusiva pelos bens materiais. Na medida em que o mundo se cansar da sua esperança cristã, a alternativa que lhe há de restar será o materialismo, do tipo que já conhecemos; isso e nada mais. Por isso, nenhuma nova palavra terá atrativo para nós se não nos devolver à gruta de Belém, para que ali possamos humilhar o nosso orgulho, aumentar a nossa caridade e dilatar o nosso sentimento de reverência com a visão de uma pureza deslumbrante.
O Espírito do Advento consiste em boa parte em vivermos unidos à Virgem Maria neste tempo em que Ela traz Jesus em seu seio.
A devoção a Nossa Senhora é a maior garantia de que não nos faltarão os meios necessários para alcançarmos a felicidade eterna a que fomos destinados. Maria é verdadeiramente “porto dos que naufragam, consolo do mundo, resgate dos cativos, alegria dos enfermos” (Santo Afonso M. de Ligório). Nestes dias que precedem o Natal e sempre, peçamos-Lhe a graça de saber permanecer, cheios de fé, à espera do seu Filho Jesus Cristo, o Messias anunciado pelos Profetas.

Mons. José Maria Pereira

Publicado em PRESBÍTEROS.

Imagem: Canção Nova (Artigo: O caminho com Jesus, Maria e José, com link para a homilia do Padre Paulo Ricardo sobre a “Visitação de Nossa Senhora – 4º Domingo do Advento“)

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