Solenidade do Imaculado Coração de Maria

O que significa o Imaculado Coração de Maria?

O Imaculado Coração de Maria significa, antes de tudo, a grande pureza e o amor do coração da Bem-Aventurada Virgem Maria por Deus. Essa pureza se manifesta em seu “Sim” ao Pai na Encarnação, em seu amor e cooperação com o Filho Encarnado em Sua missão redentora, e em sua docilidade ao Espírito Santo, permitindo-lhe permanecer livre da mancha do pecado pessoal por toda a sua vida. O Imaculado Coração de Maria, portanto, nos aponta para sua profunda vida interior, onde experimentou alegrias e tristezas, mas permaneceu fiel, como também nós somos chamados a fazer.

Por que honramos o Imaculado Coração de Maria?

São João Paulo II disse: “De Maria, aprendemos a amar Cristo, seu Filho e Filho de Deus… Aprendam com ela a serem sempre fiéis, a confiar que a Palavra de Deus para vocês será cumprida e que nada é impossível para Deus.”

Quando honramos o Imaculado Coração, damos a máxima honra a Jesus. Ao honrarmos a Mãe, honramos o Filho. Além disso, a Santíssima Virgem também é nossa mãe (ver Apocalipse 12:17), e o coração de sua mãe é incomparável. São Luís de Montfort disse: “Se vocês reunissem todo o amor de todas as mães em um só coração, ele ainda não se igualaria ao amor do coração de Maria por seus filhos”.

Qual é a história do Imaculado Coração de Maria?

O Imaculado Coração de Maria foi honrado até certo ponto antes do século XVII, mas São João Eudes, um padre francês do século XVII, popularizou essa devoção com seu grande amor pela Mãe Santíssima.

O que é a devoção do Primeiro Sábado?

Parte da mensagem de Fátima é que Deus nos pede que reparemos os pecados do mundo. Em 1916, o Anjo ensinou às crianças orações de reparação e pediu-lhes que fizessem penitência. A Santíssima Virgem também pediu orações e atos de reparação e, em 13 de julho de 1917, prometeu que retornaria para pedir um tipo especial de reparação. Ela o fez em 1929, aparecendo a Lúcia, agora noviça em uma comunidade espanhola.

“Olha, minha filha, para o meu Coração, cercado de espinhos com que os homens ingratos me cravam a todo instante com suas blasfêmias e ingratidões. Tenta ao menos consolar-me e diz que prometo assistir na hora da morte, com as graças necessárias à salvação, todos aqueles que, no primeiro sábado de cinco meses consecutivos, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem cinco dezenas do Rosário e me fizerem companhia por quinze minutos, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com a intenção de me desagravar.”

Este é um pedido constante, tão necessário hoje, se não mais, do que em 1929. Está também ao alcance de todo católico. E, ao atendê-lo, agradamos a Nosso Senhor, que, como qualquer filho, se alegra quando outros defendem a honra de sua mãe.

Como o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria se relacionam?

A Serva de Deus Lúcia de Jesus Rosa dos Santos, uma das videntes de Fátima, disse: “A obra da nossa redenção começou no momento em que o Verbo desceu do Céu para assumir um corpo humano no ventre de Maria. A partir daquele momento, e pelos nove meses seguintes, o Sangue de Cristo foi o Sangue de Maria, tirado do Seu Imaculado Coração; o Coração de Cristo batia em uníssono com o Coração de Maria.”

Além disso, o próprio Jesus apareceu à Irmã Lúcia, dizendo: “Quero que a Minha Igreja… coloque a devoção a este Imaculado Coração ao lado da devoção ao Meu Sagrado Coração.”

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Por que Maria tem uma espada no coração?

A maioria das imagens do Imaculado Coração mostra uma ou mais espadas atravessando o Coração de Maria. Simeão disse à Santíssima Mãe que “uma espada traspassará a tua alma” (Lucas 2:35). Isso indica as dores que Maria experimentaria, particularmente pela Paixão de Jesus.

Quais são as sete dores de Maria?

  • A profecia de Simeão (Lucas 2:25-35)
  • A fuga para o Egito (Mateus 2:13-15)
  • Perda do Menino Jesus por três dias (Lucas 2:41-50)
  • Maria encontra Jesus a caminho do Calvário (Lucas 23:27-31; João 19:17)
  • Crucificação e Morte de Jesus (João 19:25-30)
  • O corpo de Jesus retirado da cruz (Salmo 130; Lucas 23:50-54; João 19:31-37)
  • O sepultamento de Jesus (Isaías 53:8; Lucas 23:50-56; João 19:38-42; Marcos 15:40-47)

O Coração de Maria é mencionado na Bíblia?

Duas vezes no Evangelho de São Lucas, ouvimos falar do coração de Maria. Após o nascimento de Jesus, Lucas 2:19 diz: “Maria, porém, guardava todas essas coisas, meditando-as em seu coração”. E depois que Maria e São José encontraram Jesus no Templo, após três dias de ausência, Lucas 2:51 diz: “A mãe [de Jesus] guardava todas essas coisas em seu coração”. Ambas as referências apontam para a vida interior de Maria, na qual ela meditava sobre os Mistérios que cercavam seu Filho.

O que significa consagrar-se ao Imaculado Coração de Maria?

Consagrar algo é separá-lo para Deus. Essa “santificação” identifica uma pessoa ou coisa como dedicada ao Seu serviço. Isso é demonstrado no Antigo Testamento, onde pessoas e coisas (os primogênitos, os sacerdotes, as ofertas, etc.) são entregues a Deus, e no Novo Testamento, onde Cristo é o consagrado enviado pelo Pai (João 10:36), que se consagra ao Pai em nosso favor (João 17:19) e por meio de quem nós mesmos somos consagrados (1 Pedro 2:9).

Quando nos consagramos ao Imaculado Coração, rededicamo-nos a Deus, imitando a consagração completa de Nossa Senhora na Encarnação (Lc 1,38) e sob a Cruz (Lc 2,35; Jo 19,25-27), e confiamo-nos a Ela para o cumprimento do nosso compromisso batismal. Como disse o Papa São João Paulo II na sua oração de consagração do mundo ao Imaculado Coração, em 25 de março de 1984:

. . . Diante de ti, Mãe de Cristo, diante do teu Imaculado Coração, eu hoje, juntamente com toda a Igreja, uno-me ao nosso Redentor nesta Sua consagração pelo mundo e pelos homens, que só no Seu Divino Coração tem o poder de obter o perdão e assegurar a reparação.

Uma Oração de Consagração a Maria

Ó Maria, Virgem poderosíssima e Mãe de misericórdia, Rainha do Céu e Refúgio dos pecadores, nós nos consagramos ao vosso Imaculado Coração.

Consagramos a ti o nosso próprio ser e toda a nossa vida; tudo o que temos, tudo o que amamos, tudo o que somos. A ti entregamos nossos corpos, nossos corações e nossas almas; a ti entregamos nossos lares, nossas famílias, nosso país.

Desejamos que tudo o que há em nós e ao nosso redor pertença a ti e participe dos benefícios da tua bênção maternal. E para que este ato de consagração seja verdadeiramente eficaz e duradouro, renovamos hoje a teus pés as promessas do nosso Batismo e da nossa primeira Comunhão.

Nós nos comprometemos a professar corajosamente e em todos os momentos as verdades da nossa santa Fé e a viver como convém a católicos devidamente submissos a todas as orientações do Papa e dos Bispos em comunhão com ele.

Nós nos comprometemos a guardar os mandamentos de Deus e de Sua Igreja, em particular, a santificar o Dia do Senhor.

Da mesma forma, nos comprometemos a fazer das práticas consoladoras da religião cristã, e acima de tudo, da Sagrada Comunhão, uma parte integrante de nossas vidas, na medida em que formos capazes de fazê-lo.

Por fim, prometemos-te, ó gloriosa Mãe de Deus e amorosa Mãe dos homens, dedicar-nos de todo o coração ao serviço do teu bendito culto, a fim de apressar e assegurar, pela soberania do teu Imaculado Coração, a vinda do reino do Sagrado Coração do teu adorável Filho, nos nossos corações e nos de todos os homens, na nossa pátria e em todo o mundo, assim na terra como no céu. Amém.

Publicado em EWTN – Global Catholic Network.

Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa – Memória – 27 de novembro

Conheça a história de Nossa Senhora das Graças, desde suas aparições à jovem Catarina até o seu papel nas nossas vidas

Conheça a história de Nossa Senhora das Graças, desde suas aparições à jovem Catarina até o seu papel nas nossas vidas.

Na Cruz, além de nos dar a salvação, Cristo nos deixou a Virgem Maria, Sua mãe, como nossa mãe, por meio das palavras dirigidas ao discípulo João: “Eis aí tua mãe” 1. Desse modo, Maria é nossa mãe, por isso podemos confiar a ela todas as nossas preocupações 2 — essa é a vontade de Deus.

Neste artigo, você vai conhecer um pouco sobre as aparições de Nossa Senhora das Graças à Santa Catarina Labouré. A Virgem Maria é a medianeira das graças de Deus, e isso nos é apresentado nas Escrituras — embora estas citem brevemente a Virgem. Na nossa vida, portanto, não poderia ser diferente, cabe a nós invocar Maria e crer que ela intercede age em nosso favor junto de Deus.

O que é a festa de Nossa Senhora das Graças?

A Festa de Nossa Senhora das Graças celebra a aparição da Virgem Maria à Santa Catarina Labouré, em 1830, em Paris. Nessa revelação, Maria pediu a criação da Medalha Milagrosa, simbolizando abundantes graças para aqueles que a usam com fé. Essa festividade destaca a generosidade de Deus, manifestada através da intercessão de Nossa Senhora — a tesoureira das graças divinas. Além disso, é um convite para mergulharmos ainda mais na devoção mariana e na busca incessante pela graça de Deus em nossas vidas, sobretudo para alcançarmos o nosso destino final, que é o Céu.

Quando a [Festa] de Nossa Senhora das Graças é celebrada?

A festa de Nossa Senhora das Graças é celebrada em 27 de novembro. Essa data especial marca o momento da primeira aparição da Virgem Maria à Santa Catarina Labouré. Desse modo, os católicos ao redor do mundo dedicam esse dia para honrar a Virgem e agradecer as graças concedidas pelas mãos de Nossa Senhora.

A história de Nossa Senhora das Graças

Santa Catarina Labouré, a vidente de Nossa Senhora das Graças

Catarina Labouré, a vidente de Nossa Senhora das Graças.
Santa Catarina Labouré. Fonte: The Basilica Shrine

Catarina Labouré, nascida em 2 de maio de 1806, dedicou-se à vida religiosa após a morte de sua mãe. Sendo assim, a jovem ingressou na Ordem das Filhas da Caridade em 1830, aos 23 anos, mas desde a infância, destacava-se pela devoção e seriedade com a qual vivia a fé. Suas visões eram frequentes, desde os primeiros dias de vida religiosa. Embora as mais conhecidas — e extraordinárias — sejam as aparições de Nossa Senhora das Graças, Catarina de Labouré costumava ver Jesus Cristo em frente ao Santíssimo e, por três vezes, viu também São Vicente de Paulo, o fundador da Ordem, sobre o relicário contendo seu coração incorrupto.

Conheça a cronologia da vida da Virgem.

A primeira visão

Na noite de 18 de julho de 1830, véspera da Festa de São Vicente de Paulo, Catarina Labouré foi despertada por seu anjo da guarda, que se manifestou como uma criança luminosa. Dessa forma, orientada pelo anjo, Catarina dirigiu-se à capela, onde a Santíssima Virgem Maria a aguardava. A jovem hesitou a princípio, mas foi assegurada de que todos estavam dormindo. E, ao adentrar a capela, testemunhou uma luminosidade extraordinária, como se preparada para a Missa da meia-noite. 3

Ao alcançar o santuário, Catarina se ajoelhou, testemunhando a aparição da Santíssima Virgem. A Mãe Celestial sentou-se graciosamente na cadeira próxima ao Evangelho. Catarina, tomada pela emoção, ajoelhou-se ao lado dela, vivenciando os momentos mais doces de sua vida. Em seguida, o anjo revelou que a Virgem Maria desejava falar com Catarina. Assim, Nossa Senhora confiou-lhe uma missão divina em meio a tempos difíceis na França e no mundo. Além disso, prometeu a proteção divina e a efusão de graças para todos que as buscarem com confiança e fervor. 4

Deus deseja encarregar-te de uma missão. Tu serás contraditada, mas não temas, pois terás a graça para fazer o que é necessário. […] Os tempos são maus na França e no mundo. Vem ao pé do altar. Graças serão derramadas sobre todos, grandes e pequenos, especialmente aqueles que procurarem por elas. Terás a proteção de Deus e de São Vicente. Eu sempre terei os olhos em ti. […] 4

A segunda visão

A segunda aparição da Virgem à Santa Catarina Labouré foi a que consolidou a criação da Medalha Milagrosa e fortaleceu a devoção à intercessão de Nossa Senhora das Graças. Ela aconteceu a 27 de novembro, durante a meditação comunitária na capela.

A Virgem Maria se revelou em uma visão esplêndida. Vestida de branco, com um véu delicado, ela segurava uma bola dourada simbolizando o mundo, adornada com anéis representando as graças divinas. A Virgem explicou que as pedras nos anéis eram símbolos das graças que ela derrama sobre aqueles que as solicitam. O globo dourado desapareceu, dando lugar a uma moldura oval com a inscrição “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. 5

A visão disse então: “Manda gravar uma medalha de acordo com este modelo. Todos aqueles que a usarem receberão grandes graças; eles devem usá-la em volta do pescoço. Abundarão graças para aqueles que a usarem com confiança”. 6

A Medalha Milagrosa, conforme o pedido de Nossa Senhora à Santa Catarina Labouré.

[…]

A terceira visão

Na terceira aparição de Nossa Senhora das Graças a Catarina Labouré, a visão ocorreu de maneira semelhante à segunda, mas com a Virgem Maria posicionada acima e atrás do sacrário, no lugar agora ocupado por uma estátua que reproduz a cena. 6 Assim, ela reforçou a importância da criação da Medalha Milagrosa e o propósito de graças abundantes para aqueles que a usassem com confiança.

Catarina, após enfrentar desafios para a produção e distribuição das medalhas, testemunhou a rápida aceitação da Medalha Milagrosa como um objeto de devoção e fonte de graças extraordinárias. Sem dúvida, a terceira aparição consolidou a missão celestial de Nossa Senhora das Graças e sua intercessão contínua na vida dos fiéis que buscam as graças e a proteção da Virgem.

imagem de Nossa Senhora das Graças na capela da Medalha Milagrosa, em Paris.
Presbitério da Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, em Paris

Você sabe quais são os dogmas marianos? Confira aqui.

Nossa Senhora das Graças na Bíblia

Nossa Senhora das Graças encontra um eco significativo nas Bodas de Caná, um episódio onde Maria desempenha um papel fundamental na mediação da graça divina. Durante uma festa de casamento em Caná (João 2, 1-11), Maria percebe a falta de vinho — que simboliza a necessidade humana. E com compaixão materna, ela intercede junto Jesus, dizendo aos servos: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Sendo assim, a observação ativa da Virgem demonstra a confiança na capacidade de seu filho de atender às necessidades humanas.

Essa intercessão resulta no milagre da transformação da água em vinho, revelando a generosidade e a abundância da graça divina. Portanto, nessa narrativa bíblica, Maria emerge como dispensadora e mediadora da graça, antecipando o papel de Nossa Senhora das Graças na tradição católica. Assim como nas Bodas de Caná, onde a intercessão de Maria conduziu à manifestação da graça abundante, os devotos veem Nossa Senhora da Medalha Milagrosa como um canal de graças, o que fortalece a fé na intercessão materna e na obtenção das bênçãos divinas através dela.

[…]

Nossa Senhora das Graças nas nossas vidas

Embora as aparições de Nossa Senhora sejam grandiosas e tragam uma mensagem à humanidade, elas também se destinam especialmente a cada um de nós. Nossa Senhora das Graças desempenha nas nossas vidas o papel sublime de medianeira de todas as graças. Essa designação está enraizada na tradição católica, refletindo a crença de que Maria intercede junto a Deus em favor da humanidade — de cada um de nós que a invoca em particular.

Maria, ao ser coroada com o título de Nossa Senhora das Graças, é vista como a dispensadora generosa das graças divinas. Seu papel como medianeira destaca-se, portanto, na devoção cotidiana quando nós confiamos nela como intercessora que canaliza as graças necessárias para as diversas situações de nossas vidas. Da mesma forma que respondeu ao chamado divino nas Bodas de Caná, Nossa Senhora das Graças continua a desempenhar um papel ativo, guiando e proporcionando graças abundantes àqueles que buscam sua intercessão maternal.

Além disso, muitos santos destacaram o papel da Virgem Maria como mediadora das graças divinas. São Maximiliano Kolbe, por exemplo, descreveu-a como um instrumento nas mãos de Deus para a distribuição das graças. O Papa Bento XVI também proclamou que “não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora”. 7

A mediação de Maria faz parte do patrimônio da fé cristã e é a partir desta verdade, tão presente nos ensinamentos dos santos como também no Magistério ordinário da Igreja, que a porção dos fiéis pode unir-se mais eficazmente contra os desvios mundanos, a fim de alcançar a coroa do Céu. 8

Reze a Novena a Nossa Senhora das Graças.

Referências

  1. Jo 19, 26[]
  2. CIC, 2677[]
  3. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.105[]
  4. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.106[][]
  5. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.107[]
  6. Joan Carroll Cruz, Aparições de Nossa Senhora. Tradução: Eduardo Levy — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2022., p.108[][]
  7. Bento XVI, Homilia, 11 de Maio de 2007[]
  8. VATICAN NEWS, Mediação de Maria, parte do patrimônio da fé cristã[]

Publicado em Minha Biblioteca Católica (24.11.2024) – Redação Minha Biblioteca Católica (O maior clube de leitores católicos do Brasil.)

Leia também:

Minha Biblioteca Católica – A vida de Santa Catarina Labouré – Conheça a vida de Santa Catarina Labouré, a freira a quem apareceu Nossa Senhora das Graças pedindo a confecção da Medalha Milagrosa.

Nossa Senhora do Carmo – Memória – 16.07.2024

Doze chaves para usar o escapulário de Nossa Senhora do Carmo

16 de jul de 2024 às 01:00

“A devoção do Escapulário do Carmo fez descer sobre o mundo copiosa chuva de graças espirituais e temporais”, disse o papa Pio XII. Conheça aqui 12 chaves para quem usa este objeto religioso.

1. Não é um amuleto

Não é um amuleto nem nenhuma garantia automática de salvação ou uma dispensa para não viver as exigências da vida cristã. “Perguntas: e se eu quiser morrer com meus pecados? Eu te respondo, então morrerá em pecado, mas não morrerá com teu escapulário”, advertia São Cláudio de la Colombière.

2. Era uma veste

Escapulário vem do latim “scapulae” que significa “ombros” e originalmente era uma veste sobreposta que caia dos ombros, usada pelos monges no trabalho. Os carmelitas o assumiram como mostra de dedicação especial à Virgem, buscando imitar sua entrega a Cristo e ao próximo.

3. É um presente da Virgem

Segundo a tradição, o escapulário, tal como se conhece atualmente, foi dado pela própria Virgem Maria a São Simão Stock em 16 de julho de 1251. A Mãe de Deus lhe disse: “Deve ser um sinal e privilégio para ti e para todos os Carmelitas: Aquele que morrer usando o escapulário não sofrerá o fogo eterno”. Posteriormente, a Igreja estendeu este escapulário aos leigos.

4. É um mini hábito

É como um hábito carmelita em miniatura que todos os devotos podem portar como mostra de sua consagração à Virgem. Consiste em um cordão que se coloca no pescoço com duas peças pequenas de tecido cor de café. Uma das peças fica sobre o peito e a outra sobre as costas e se costuma usar sob a roupa.

5. É sinal de serviço

Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da Igreja, dizia: “Assim como os homens ficam orgulhosos quando outros usam a sua insígnia, assim a Santíssima Virgem se alegra quando os seus filhos usam o escapulário como sinal de que se dedicam ao seu serviço e são membros da família da Mãe de Deus”.

6. Tem três significados

O amor e o amparo maternal de Maria, a pertença a Nossa Senhora e o suave jugo de Cristo que Ela nos ajuda a levar.

7. É um sacramental

É reconhecido pela Igreja como um sacramental, ou seja, um sinal que ajuda a viver santamente e a aumentar nossa devoção. O escapulário não comunica graças como fazem os Sacramentos, mas sim dispõe ao amor do Senhor e ao arrependimento se recebido com devoção.

8. Pode ser dado a um não católico

Certo dia, levaram a São Stock um ancião moribundo, que ao recuperar a consciência disse ao santo que não era católico, que usava o escapulário como promessa a seus amigos e que rezava uma Ave Maria diariamente. Antes de morrer, recebeu o batismo e a unção dos enfermos.

9. Foi visto em uma aparição de Fátima

Lúcia, a vidente de Nossa Senhora de Fátima, contou que na última aparição (outubro de 1917), Maria apareceu com o hábito carmelita e o escapulário na mão e voltou a pedir que seus verdadeiros filhos o levassem com reverência. Deste modo, pediu que aqueles que se consagrem a Ela o usem como sinal desta consagração.

10. O escapulário que não se danificou

O Beato Papa Gregório X foi enterrado com seu escapulário e 600 anos depois, quando abriram sua tumba, o objeto mariano estava intacto. Algo semelhante aconteceu com Santo Afonso Maria de Ligório. São João Bosco e São João Paulo II também o usavam e São Pedro Claver investia com o escapulário os que convertia e preparava.

11. Não é qualquer um que o pode impor

A imposição do escapulário deve ser feita preferivelmente em comunidade e que na celebração fique bem expresso o sentido espiritual e de compromisso com a Virgem. O primeiro escapulário deve ser abençoado por um sacerdote e posto sobre o devoto com a seguinte oração.

“Recebe este santo Escapulário como sinal da Santíssima Virgem Maria, Rainha do Carmelo, para que, com seus méritos, o uses sempre com dignidade, seja tua defesa em todas as adversidades e te conduza à vida eterna”.

Publicado em acidigital.

Como Rezar o Terço?

como rezar o terço

Para recordar e compartilhar

A oração do Terço (ou Rosário) é uma oração milenar da igreja. Somente um coração puro, humilde e de fé compreende o valor desta oração. Ela é destinada aos que buscam ter um coração puro como de uma criança. Mas como rezar o terço corretamente?

Muitos têm dúvidas sobre algumas orações das orações recitadas no terço ou mesmo não descobriram ainda a riqueza que é esta oração. Por isso, preparamos este artigo explicando de forma bem didática como rezar o terço e o texto das orações.

A partir da cruz, siga as orações na sequência indicada:

  • Inicia-se segurando pela cruz, com a oração do Creio
  • Reza-se um Pai Nosso, seguido de três Ave-Marias (Cada Ave-Maria é precedida de uma oração. Vide orações abaixo)
  • Recita-se: Glória ao Pai, ao Filho…
  • O terço original possui 5 dezenas de Ave-Marias, contidas nos Mistérios Gozosos, Mistérios Dolorosos e Mistérios Gloriosos. A cada dezena contempla-se o mistério, seguido de 1 Pai Nosso e 10 Ave-Marias. São João Paulo II acrescentou os Mistérios Luminosos.
  • Ao final de cada dezena reza-se Glória ao Pai, seguido da jaculatória Oh! meu bom Jesus… (vide orações abaixo)
  • Ao concluir, reza-se o agradecimento.

Orações do Santo Terço

Orações do Santo Terço na sequência da oração.

Oferecimento do Terço

Divino Jesus, eu vos ofereço este terço (Rosário) que vou rezar, contemplando os mistérios de nossa Redenção. Concedei-me, pela intercessão de Maria, vossa Mãe Santíssima, a quem me dirijo, as graças necessárias para bem rezá-lo para ganhar as indulgências desta santa devoção.

Creio em Deus Pai

Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém.

Pai Nosso

Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossa ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

Ave Maria

Ave Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

  • A primeira Ave-Maria em honra a Deus Pai que nos criou [Ave-Maria…]
  • A segunda Ave Maria a Deus Filho que nos remiu: [Ave-Maria…]
  • A terceira Ave Maria ao Espírito Santo que nos santifica: [Ave-Maria…]
  • Amém.

Glória ao Pai

  • Glória ao Pai, ao Filho e o Espírito Santo. Como era no princípio, agora é sempre. Amém.

Oh! Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Amém.

Na oração do Rosário contemplam-se todos os mistérios. No caso da oração do Terço, contempla-se um dos mistérios, conforme dias e mistérios a seguir:

Mistérios Gozosos(segunda-feira e sábado)

1- Anunciação do Arcanjo São Gabriel à nossa Senhora.
No primeiro mistério contemplemos a Anunciação do Arcanjo São Gabriel à Nossa Senhora.

2- A visita de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel.
No segundo mistério contemplemos a Visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel.

3- O nascimento de Jesus em Belém.
No terceiro mistério contemplemos o Nascimento do Menino Jesus em Belém.

4- A apresentação do Menino Jesus no Tempo.
No quarto mistério contemplemos a Apresentação do Menino Jesus no templo e a Purificação de Nossa Senhora.

5- Encontro de Jesus no Templo entre os Doutores da Lei.
No quinto mistério contemplemos a Perda e o Encontro do Menino Jesus no templo.

Mistérios Dolorosos(terça-feira e sexta-feira)

1- A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras.
No primeiro mistério contemplemos a Agonia de Cristo Nosso Senhor, quando suou sangue no Horto.

2- A flagelação de Jesus atado à coluna.
No segundo mistério contemplemos a Flagelação de Jesus Cristo atado à coluna.

3- A coroação de espinhos de Jesus.
No terceiro mistério contemplemos a Coroação de espinho de Nosso Senhor.

4- A subida dolorosa do Calvário.
No quarto mistério contemplemos Jesus Cristo carregando a Cruz para o Calvário.

5- A morte de Jesus.
No quinto mistério contemplemos a Crucificação e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mistérios Gloriosos(quarta-feira e domingo)

1- A ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
No primeiro mistério contemplemos a Ressurreição de Cristo Nosso Senhor.

2- A ascensão admirável de Jesus Cristo ao céu.
No segundo mistério contemplemos a Ascensão de Nosso Senhor ao Céu.

3- A vinda do Espírito Santo.
No terceiro mistério contemplemos a Vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos reunidos com Maria Santíssima no Cenáculo em Jerusalém.

4- A assunção de Nossa Senhora no Céu.
No quarto mistério contemplemos a Assunção de Nossa Senhora ao Céu.

5- A coroação de Nossa Senhora no Céu .
No quinto mistério contemplemos a Coroação de Nossa Senhora no Céu como Rainha de todos os anjos e santos.

Mistérios Luminosos (quinta-feira)

1- Batismo de Jesus no rio Jordão.
No primeiro mistério contemplemos o Batismo de Jesus no rio Jordão.

2- Auto revelação de Jesus nas Bodas de Caná.
No segundo mistério contemplemos a auto revelação de Jesus nas Bodas de Caná.

3- Anúncio do Reino de Deus.
No terceiro mistério contemplemos o Anúncio do Reino de Deus.

4- Transfiguração de Jesus.
No quarto mistério contemplemos a Transfiguração de Jesus.

5- Instituição da Eucaristia.
No quinto mistério contemplemos a Instituição da Eucaristia.

Agradecimento

Infinitas graças vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de vossa mão liberais. Dignai-vos, agora e para sempre, tomar-nos debaixo do vosso poderoso amparo e para mais vos obrigar vos saudamos com uma Salve Rainha:

Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva; a vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro nos mostrai a Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó Clemente, ó Piedosa, ó Doce, sempre virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

(via No colo de Maria)

Publicado em Aleteia.

Obs.: Após o Oferecimento do Terço, acrescenta-se as intenções, particulares e gerais, que, a título de exemplo, podem ser as seguintes:

INTENÇÕES DO TERÇO

  1. Em desagravo às ofensas, blasfêmias e indiferenças dirigidas ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria.
  2. Pela união das famílias.
  3. Pelo Papa.
  4. Pela santificação e aumento dos sacerdotes
  5. Pelas vocações.
  6. Pela Igreja.
  7. Pelos jovens.
  8. Pelas Benditas Almas do Purgatório.
  9. Pela cura dos doentes.
  10. Pela conversão dos que não creem.
  11. Pela conversão dos pobres pecadores.
  12. Pelo triunfo do Imaculado Coração de Maria.
  13. Pela efusão dos dons do Espírito Santo.

O amor de Jesus e a Cruz, maior motivo para amá-lo

São Bernardo ensina que os padecimentos pelos quais passou Nosso Senhor, passou por amor a nós. Portanto, a relação do amor de Jesus Cristo e o sacrifício da Cruz é o maior motivo que nos faz amar Jesus.

Além disso, São Luis Maria Grignion de Montfort nos diz que entre todos os motivos que nos podem impulsionar a amar Jesus Cristo, o mais poderoso são os sofrimentos que aceitou padecer para nos testemunhar o seu amor pela humanidade.

Justamente esta obra de redenção, este testemunho de caridade que tornou Jesus Cristo amável aos nossos corações. Nesse sentido, as circunstâncias que acompanharam a Paixão de Nosso Senhor tornam nítido aos nossos olhos esse infinito amor.

Podemos citar três circunstâncias de seus sofrimentos.

O amor de Jesus foi apresentado na Cruz

A primeira circunstância consistiu na excelência da sua pessoa, que deu valor infinito a todos os sofrimentos da sua paixão.

Se Deus tivesse enviado um Serafim para morrer por nós, sem dúvida que isso teria sido um fato admirável, porém, o Criador do céu e da terra fez algo infinitamente maior. O Filho Unigênito de Deus encarnou-se e deu sua vida.

Da mesma forma, se pudéssemos colocar ao lado da Vida de Jesus, a vida de todos os Anjos, de todos os homens e de todas as criaturas juntas, elas seriam menos que a vida de um mosquito comparada com o Deus que nos amou e por isso morreu na Cruz.

A Cruz e amor de Jesus pela humanidade pecadora

A qualidade das quais Cristo sofreu é a segunda circunstância. Trata-se dos próprios homens, criaturas desprezíveis e inimigas de Deus pelo pecado.

Por outro lado, é verdade que já houve casos de amigos que deram a vida pelos seus amigos; porém, será que alguém – com exceção do Filho de Deus – já tenha dado a vida por um de seus inimigos?

Assim, observando o  amor de Jesus e a Cruz, ficam claras as palavras de São Paulo: “Deus, porém, demonstra o Seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós, quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,8).

Porque amou todos os homens, Jesus sofreu até o fim

Qual o tamanho e a duração dos sofrimentos de Cristo?

Esta é a terceira circunstância, pois, foi tal a quantidade dos seus tormentos que veio a ser chamado por Isaías de o Homem das Dores, no qual, desde a planta dos pés até o alto da cabeça, não há nada nele sem sofrimento.

Definitivamente, este Amigo tão querido de nossas almas sofreu de todas as maneiras: padecimentos exteriores e interiores, no corpo e na alma.

Diante de tudo isso, os santos dizem que Jesus Cristo, apesar de ter podido ficar na Glória do Paraíso, infinitamente distante de nossas misérias, preferiu vir à terra, tornar-se homem  e demonstrar seu amor através da Cruz.

Ao mesmo tempo, se fosse sua vontade, depois de ter assumido um corpo mortal, Ele poderia tê-lo revestido de glória e felicidade. Porém, não quis proceder assim e preferiu sofrer. Sofrer por mim, por você, leitor.

Nesse sentido, um autor afirma que, o Pai Eterno ofereceu a Jesus, no momento da encarnação, a possibilidade de escolher como salvar a humanidade.

Poderia redimir o mundo pela via do prazer, das honras e das riquezas ou pela via dos tormentos, desprezos e pobreza, se pela vida ou pela morte.

Imediatamente Ele escolheu os padecimentos e a Cruz para dar assim maior glória ao Pai e, deste modo, testemunhar do amor de Jesus pela humanidade, por cada um de nós!

A sede de Amor pela humanidade

Além disso, podemos recordar que, enquanto Nosso Senhor estava na Cruz ele exclamou: “Tenho sede”. Mas de que sede Ele falava?

Em primeiro lugar, é São Lourenço Justiniano que explica, esta sede jorrava do ardor do amor de seu Coração, da torrente de sua caridade. Ou seja, tinha sede de nós e suspirava por nós, de sofrer e oferecer-se por nós!

Finalmente, depois de tudo isso dito, podemos entender porque devemos amar Jesus.

De fato, a Santa Igreja nos faz refletir todos os dias sobre este amor de Jesus pela humanidade, e concluímos que “o mundo não O conheceu”.

O mundo não conheceu Jesus Cristo. E, para dizer a verdade, conhecer o que Nosso Senhor padeceu por nós e não amar a Ele ardentemente é algo moralmente impossível.

Amemos este que tanto nos amou!

Publicado em Maria Rainha dos Corações.

ORAÇÃO PENITENCIAL PARA A QUARESMA

Abre-me as portas da penitência, Senhor, Fonte de vida, pois desde a aurora, meu espírito que leva o templo de meu corpo todo manchado de pecado está voltado para Teu Templo santo! Em Tua infinita bondade, purifica-me por Tua doce misericórdia. Aplana-me o caminho da salvação, ó Mãe de Deus! Pois sujei minha alma com pecados infames dissipando minha vida na negligência. Por Tua intercessão, salva-me de toda impureza! Quando medito, miserável, sobre a multidão de minhas más ações fico aterrorizado ao pensar no temível dia do Julgamento. Porém confiando em Tua bondade misericordiosa, chamo a Ti, como David: Tem piedade de mim, ó Deus segundo Tua imensa misericórdia!

(Fonte: in Devocionário Quaresmal, J. L. Risoto, p. 5, em formato PDF)

Publicado em Sou Todo Teu, Maria.

O carnaval santificado e as divinas beneficências

Fiedm posside cum amico in paupertate illius, ut et in bonis illius laeteris ― “Guarda fé ao teu amigo na sua pobreza, para que também te alegres com ele nas suas riquezas” (Ecclus. 22, 28).

Para desagravar o Senhor ao menos um pouco dos ultrajes que lhe são feitos, os Santos aplicavam-se nestes dias do carnaval, de modo especial, ao recolhimento, à oração, à penitência, e multiplicavam os atos de amor, de adoração e de louvor para com seu Bem-Amado. Procuremos imitar estes exemplos, e se mais não pudermos fazer, visitemos muitas vezes o Santíssimo Sacramento e fiquemos certos de que Jesus Cristo no-lo remunerará com as graças mais assinaladas. Por este amigo, a quem o Espírito Santo nos exorta a sermos fiéis no tempo da sua pobreza, podemos entender Jesus Cristo, que especialmente nestes dias de carnaval é deixado sozinho pelos homens ingratos e como que reduzido à extrema penúria. Se um só pecado, como dizem as Escrituras, já desonra a Deus, o injúria e o despreza, imagina quanto o divino Redentor deve ficar aflito neste tempo em que são cometidos milhares de pecados de toda a espécie, por toda a condição de pessoas, e quiçá por pessoas que Lhe estão consagradas.

Jesus Cristo não é mais suscetível de dor; mas, se ainda pudesse sofrer, havia de morrer nestes dias desgraçados e havia de morrer tantas vezes quantas são as ofensas que lhe são feitas. É por isso que os santos, afim de desagravarem o Senhor um pouco de tantos ultrajes, aplicavam-se no tempo de carnaval, de modo especial, ao recolhimento, à penitência, à oração, e multiplicavam os atos de amor, de adoração e de louvor para com o seu Bem-Amado. No tempo de carnaval Santa Maria Madalena de Pazzi passava as noites inteiras diante do Santíssimo Sacramento, oferecendo a Deus o sangue de Jesus Cristo pelos pobres pecadores. O Bem-aventurado Henrique Suso guardava um jejum rigoroso afim de expiar as intemperanças cometidas. São Carlos Borromeu castigava o seu corpo com disciplinas e penitências extraordinárias. São Filipe Néri convocava o povo para visitar com ele os santuários e exercícios de devoção.

O mesmo praticava São Francisco de Sales, que, não contente com a vida mais recolhida que então levava, pregava ainda na igreja diante de um auditório numerosíssimo. Tendo conhecimento que algumas pessoas por ele dirigidas se relaxavam um pouco nos dias de carnaval, repreendia-as com brandura e exortava-as à comunhão frequente. Numa palavra, todos os santos, porque amaram a Jesus Cristo, esforçaram-se por santificar o mais possível o tempo de carnaval. Meu irmão, se amas também este Redentor amabilíssimo, imita os santos. Se não podes fazer mais, procura ao menos ficar, mais do que em outros tempos, na presença de Jesus sacramentado, ou bem recolhido em tua casa, aos pés de Jesus crucificado, para chorar as muitas ofensas que lhe são feitas.

Ouça também: De onde veio o carnaval? Como o cristão deve viver este período?

Ut et in bonis illius laeteris ― “para que te alegres com ele nas suas riquezas”. O meio para adquirires um tesouro imenso de méritos e obteres do céu as graças mais assinaladas, é seres fiel a Jesus Cristo em sua pobreza e fazeres-Lhe companhia neste tempo em que é mais abandonado pelo mundo: Fidem posside cum amico in paupertate illius, ut et in bonis illius laeteris. Oh, como Jesus agradece e retribui as orações e os obséquio que nestes dias de carnaval Lhe são oferecidos pelas almas suas prediletas!

Conta-se na vida de Santa Gertrudes que certa vez ela viu num êxtase o divino Redentor que ordenava ao Apóstolo São João escrevesse com letras de ouro os atos de virtude feitos por ela no carnaval, afim de a recompensar com graças especialíssimas. Foi exatamente neste mesmo tempo, enquanto Santa Catarina de Sena estava orando e chorando os pecados que se cometiam na quinta-feira gorda, que o Senhor a declarou sua esposa, em recompensa (como disse) dos obséquio praticados pela Santa no tempo de tantas ofensas.

Assista também: O Católico pode “pular” carnaval?

A nossa fonte de alegria: Jesus!

Amabilíssimo Jesus, não é tanto para receber os vossos favores como para fazer coisa agradável ao vosso divino Coração, que quero nestes dias unir-me às almas que Vos amam, para Vos desagravar da ingratidão dos homens para convosco, ingratidão essa que foi também a minha, cada vez que pequei. Em compensação de cada ofensa que recebeis, quero oferecer-Vos todos os atos de virtude, todas as boas obras, que fizeram ou ainda farão todos os justos, que fez Maria Santíssima, que fizestes Vós mesmo, quando estáveis nesta terra. Entendo renovar esta minha intenção todas as vezes que nestes dias disser: + Meu Jesus, misericórdia (1). ― Ó grande Mãe de Deus e minha Mãe Maria, apresentai vós este humilde ato de desagravo a vosso divino Filho, e por amor de seu sacratíssimo Coração obtende para a Igreja sacerdotes zelosos, que convertam grande número de pecadores.

Santo Afonso Maria de Ligório
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Primeiro: Desde o primeiro Domingo do Advento até Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 272-274.

Publicado em Editora Cléofas (Prof. Felipe Aquino).

Leitura espiritual do poema “Nada te perturbe”

Em homenagem ao aniversário de nascimento de Santa Madre, publicamos a tradução de um texto de Tomás Alvares.

Fonte: Revista “Teresa de Jesús”, n. 109

Parece quase supérfluo fazer a apresentação do poema da Santa. Quem não o conhece? Nós o lemos de sua própria letra, catamo-lo, sussurrando sua música de seda. Tantas vezes repetimos seus versos em grupos de oração, abrindo espaço ao silêncio de todos. Em momentos difíceis o oferecemos ao amigo: veja que tudo passa! Nada te perturbe, dizia Santa Teresa. Deus está acima de tudo…

É tão breve o poema que apenas ocupa espaço. O reproduzimos uma vez mais, para lê-lo pausadamente e debulhar um a um a espiga de seus versos:

Nada te perturbe,

nada te espante,

tudo passa,

Deus não muda,

a paciência

tudo alcança.

Quem a Deus tem,

nada lhe falta.

Só Deus basta!

Como ler o poema? Como entendê-lo e apropriarmo-nos dele? Será um salmo sapiencial, de corte gnômico, como pretendem os entendidos? Ou um salmo íntimo, como certos poemas do saltério bíblico, que convidam a própria alma a prorromper em determinados sentimentos? Por exemplo, “Louva, minh’alma o Senhor, e todo meu seu ser Santo Nome”.

Se é um breve salmo sapiencial, deve ser lido deixando-o flechar-nos na alma como um dardo de cada verso, carregado de ressonâncias, que a partir de cada sentença, nos devolvem às sendas da própria vida, sendas às vezes tortuosas, às vezes encrespadas ou espinhosas.

Se, ao invés, é um salmo íntimo, nos introduz na alma da autora, que vai dizendo a si mesma: “Teresa, que nada te perturbe”…

São duas leituras possíveis, ou dois ensaios de escuta diante da melodia de cada verso. Pessoalmente, prefiro a segunda.

O “nada te perturbe” é uma fineza em solidão. Teresa escreve seu poema a sós. Como fazem sempre ou quase sempre os poetas líricos e os místicos. É certo de que ela não compõe estes versos como um bilhete de envio para convertê-los em missiva espiritual para alguns de seus amigos. Mas os compõe como uma vivência a mais, ou como um simples balbucio da alma.

Em primeiro lugar, Teresa não costuma dirigir-se a seus amigos com o “tu”. Nem sequer à sua irmã Juana ou à sua sobrinha Teresita. Basta ler as cartas que lhes dirige. A Teresita, por exemplo: “… filha minha, muito me alegrei com sua carta e de que lhe deem contento as minhas.” A Teresa, trata-a com o “tu” a voz interior: “Teresa, não tenhas medo”; “não te metas nisso”, etc. Porém, nesse diálogo, ela é a destinatária do “tuteio”.

Ela, por sua vez, só usa a segunda pessoa falando consigo mesma. Ou melhor, quando ela fala à Teresa profunda: “tu, alma minha, por que estás triste?”

Teresa é capaz desse estranho desdobramento de personalidade que lhe permite falar com o tu de si mesma. Exatamente com seu tu interior. Ela tem densa interioridade. Falando do “castelo de sua alma”, não diz ela que se parecia com um castelo cheio de moradas? Está convencida de que, nessa densidade da alma, é-lhe possível enviar mensagens (ou clamores) a partir das moradas superficiais até a morada central do castelo. Porque o tu mais identificado com ela reside aí, no centro do castelo. Pois bem, aí, no fundo, nasce seu poema: “Teresa, que nada te perturbe”.

À parte essa chave literária ou estilística, há também outra razão puramente espiritual, para propor a leitura do poema como um murmúrio da intimidade. Teresa já tinha vivido muitas coisas na vida. Em seu drama interior, porém, aconteceu-lhe algo tremendo, que a tomou de sobressalto. Foi o encontro repentino com uma Presença interior que a transpassa e a desborda. Essa Presença novidadeira a desconcerta de tal sorte, que prontamente surge, em seu interior, uma voz capaz de sedar toda a onda. A voz interior lhe diz: “Não tenhas medo, Teresa”. Referendado pelo tremendo “Eu sou” da Bíblia. Exatamente estas três palavras: “Não tenhas medo, filha, que Eu sou, e não te desampararei” (Vida 25,18).

Esse “não tenhas medo, filha” não seria o ponto de arranque de sua inspiração poética e mística? No Livro da Vida, Teresa o comenta assim: “Parece-me que, segundo estava, eram mister muitas horas para persuadir-me a que me sossegasse, e que não bastaria ninguém. Hei-me aqui sossegada só com estas palavras, com fortaleza, com ânimo, com segurança, com uma quietude e luz, que em um segundo vi minha alma transformada… Oh, que bom Deus!” (ib).

Pois bem. Sabemos que os autênticos poemas líricos, uma vez criados, tornam-se autônomos, têm vida própria, independentes da vontade do autor que os compôs. E que por isso, são polivalentes ou polissêmicos. Cada leitor pode escutá-los livremente: ou como uma voz em que Teresa excepcionalmente o chama de tu: “a ti, leitor, que nada te perturbe”… ou pode sentir-se convocado a esse misterioso ambiente em que sucedem muitas coisas à autora, e ele a escutará dizendo-se a si mesma: “Teresa, que nada te perturbe! ‘Eu sou’ está contigo!”

Não esqueçamos. Teresa é uma contemplativa. Nutre-se de palavra bíblica. Através de suas meditações, tantas palavras bíblicas ficaram presas às cordas da harpa interior.

Em nosso poema, o certo é que cada verso resulta ser um anel enfeitado de palavras bíblicas que ela passou tantas vezes do livro aos olhos, dos olhos à alma.

Nós, leitores de seu poema, podemos rastrear o eco dessas vibrações. Sem pretensões de erudita busca literária. Senão como prolongações de onda na vivência espiritual de Teresa orante ou de Teresa poeta.

O primeiro verso – nada te perturbe – é claro eco da palavra de Jesus ao amedrontados discípulos, momentos antes da Paixão: “Que o vosso coração não se perturbe” (Jo. 14,1).

O segundo verso – “nada te espante”: não fala de susto, senão de assombro. Basta recordar qualquer outra passagem teresiana: comovia-se-lhe de gozo a alma, “espantada da grande bondade e magnificência e misericórdia de Deus” (V. 4,10). Também é ressonância do assombro dos discípulos diante dos gestos taumatúrgicos de Jesus: “Isto vos amedronta? Como estareis admirados quando vereis o Filho do Homem subir para onde antes residia!” (Jo. 6,63).

O verso “tudo passa”, que materialmente remete á consigna do filósofo grego, também é eco da palavra de Paulo: “passa este mundo” (1Cor. 7,31), ou as palavras de Jesus: “céu e terra passarão” (Mt. 34,25), seguidas da eterna vigência da palavra de Jesus – “minhas palavras não passarão” -, que dá passo à sentença do verso seguinte.

“Deus não muda”. Sim, o Senhor e sua verdade permanecem para sempre (Sl. 116,2). Para Teresa, a fidelidade de Deus na amizade (“ele é amigo verdadeiro”) contrasta com a versatilidade das amizades humanas: “Vós sois o amigo verdadeiro. Todas as coisas faltam. Vós, Senhor de todas elas, nunca faltais…, que já tenho experiência da ganância com que atraís a quem só em Vós confia” (V. 25,17). Trata-se de uma antecipação do último verso do poema.

“A paciência tudo alcança”… Jesus dizia aos discípulos anunciando-lhes as perseguições: “com vossa paciência possuireis vossa vida” (Lc. 21,19). O versículo final – “só Deus basta” – é a palavra lema dos contemplativos. Trata-se do “só Deus” de São Bernardo ou do irmão Rafael. “A sós com O só” será o lema teresiano para as jovens pioneiras do Carmelo de São José.

Os três absolutos do poema são estes:

nada, nada, nada

tudo, tudo

só Deus!

Três nadas, dois tudos, um único só Deus.

É possível que a dose balsâmica e sedante que do poema impregna o leitor, deva-se à cadência dos dois versos finais, com sua assonância em a-a: “nada lhe falta / só Deus basta”. Assonância suavemente introduzida nos versos anteriores: “tudo passa – tudo alcança”.

Porém, sem dúvida, mais forte que essa cadência musical, é o medular e absoluto da mensagem que nos chega através do poema, com sua alternância de tudos – nadas – só Deus. Três vezes nada. Duas vezes tudo. E uma só vez, porém fechando o poema, no verso final: “Só Deus!” e ponto O “só Deus” e basta. Se o poema era um sedante psicológico, acima da psicologia prevalece a teologia da contemplativa e mística que é Teresa.

Rose Lemos (Ordem Carmelita Descalça Secular – OCDS)

Publicado em Lugar de Partilha.

Dia de todos os santos – 1º de novembro

Hoje, 1º de novembro, celebramos o Dia de Todos os Santos, entretanto no Brasil, esta Solenidade é transferida para o próximo domingo. A origem desta festa se deu no século IV, com a celebração de todos os mártires, no primeiro domingo depois de Pentecostes, mas anos depois, em 835, ela foi transferida pelo papa Gregório IV para o dia 1º de novembro. Sendo que, posteriormente, a Solenidade se tornou ocasião para celebrar Todos os Santos, não só os mártires, inclusive os desconhecidos.

Portanto, celebrar a festa de Todos os Santos é fazer memória destes incontáveis irmãos que nos precedem na contemplação do rosto de Deus em nossa Pátria Celeste, é recordar o testemunho daqueles munidos de obediência ao mandato divino, crucificaram suas paixões e se ofertaram como hóstia viva por amor ao Reino dos Céus.

Sendo assim, tal celebração também nos oferece a oportunidade de refletir sobre o que é ser santo. Neste aspecto, observa-se que houve uma época que se pensou que a santidade era alcançável somente para religiosos, para tanto para refutar esse pensamento, o Concílio Vaticano II recordou sobre a “vocação universal à santidade”, e que todos são chamados à perfeição cristã, como pedira Nosso Senhor Jesus Cristo: “sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48).

Neste dia, peçamos a Jesus que “dos santos todos fostes caminho, vida, esperança, Mestre e Senhor” que nos ajude a não nos conformarmos com este mundo e a buscarmos sempre fazer da santidade nosso projeto de vida. Aos nossos Santos, agradeçamos pelas indicações deixadas de como amar a Deus, por nos apontarem que a santidade está ao nosso alcance e por intercederem por nós junto a Deus.

Todos os santos do céu, rogai por nós!

Publicado em Comunidade Olhar Misericordioso.

O que fazer quando as consolações não vêm?

Neste pequeno texto, São Pedro de Alcântara, mestre da vida interior, ensina-nos como lidar com a falta de consolações espirituais na prática da oração.

Para aquele a quem faltarem as consolações espirituais, o remédio é que nem por isso deixe o exercício da oração acostumada, ainda que lhe pareça desenxabida e de pouco fruto, mas ponha-se na presença de Deus como réu e culpado, examine a sua consciência e olhe se porventura perdeu esta graça por sua culpa, suplique ao Senhor com inteira confiança lhe perdoe e alegue as riquezas inestimáveis da sua paciência e misericórdia em sofrer e perdoar a quem outra coisa não sabe senão ofendê-lo.

Desta maneira tirará proveito da sua secura, tomando ocasião para mais se humilhar, vendo o muito que peca, e para mais amar a Deus, vendo o muito que Ele lhe perdoa.

E conquanto não ache gosto nestes exercícios, não desista deles, porque não se requer que seja sempre saboroso o que há de ser proveitoso.

Ao menos isto se acha por experiência, a saber, que todas as vezes que o homem persevera na oração com um pouco de atenção e cuidado, fazendo calmamente o pouco que pode, ao cabo sai dali consolado e alegre, vendo que fez de sua parte algo do que estava em si. Muito faz, aos olhos de Deus, quem faz tudo o que pode, ainda quando pouco possa. Não olha Nosso Senhor tanto ao cabedal do homem quanto à sua possibilidade e vontade. Muito dá quem deseja dar muito, quem dá tudo o que tem, quem não deixa nada para si. Não é muita coisa o durar muito na oração, quando muita é a consolação. O muito é, quando a devoção é pouca, ser muita a oração e muito maior a humildade, a paciência e a perseverança no bem orar.

Também é necessário nestes tempos andar com maior solicitude e cuidado do que nos outros, velando sobre a guarda de si mesmo e examinando com muita atenção seus pensamentos, palavras e obras; porque, como então nos falte a alegria espiritual (que é o principal remo desta navegação), é mister suprir com cuidado e diligência o que falta de graça.

Quando assim te vires, hás de fazer de conta (como diz São Bernardo) que se te dormiram as sentinelas que te guardavam e que se te caíram os muros que te defendiam. E por isso toda a esperança de salvação está nas armas, pois já não te há de defender o muro, senão a espada e a destreza no pelejar. Oh! Quanta é a glória da alma que desta maneira batalha, que sem escudo se defende, que sem armas peleja, sem fortaleza é forte e achando-se sozinha na batalha toma o esforço e ânimo por companhia!

Não há maior glória no mundo do que imitar as virtudes do Salvador. E entre as suas virtudes conta-se por mui principal o haver Ele padecido o que padeceu, sem admitir em sua alma nenhum gênero de consolo. De maneira que quem assim padecer e pelejar, tanto maior imitador de Cristo será quanto mais carecer de todo gênero de consolo. E isto é beber o cálice da obediência, puro, sem mistura de outro licor. Este é o toque principal em que se prova a fineza dos amigos, se são verdadeiros ou não o são.

Referências

  • Trecho retirado do livro “Tratado da Oração e da Meditação”, 4.ª ed., Petrópolis: Vozes, 2013, pp. 120-122.

Publicado em Equipe Christo Nihil Praeponere (Padre Paulo Ricardo).