Homilia Dominical | Como reagiremos à visita de Maria? (4º Domingo do Advento) – Padre Paulo Ricardo – 22.12.2024

Quem quiser celebrar bem a festa do Natal precisa, a exemplo de Santa Isabel, receber Nossa Senhora em sua casa, isto é, abraçar fervorosamente a devoção à Virgem Santíssima, pela qual nos aproximamos cada vez mais da graça de Cristo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Lc 1, 39-45)

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu”.

Neste 4º Domingo do Advento, a Igreja proclama o Evangelho da Visitação, que é narrado em São Lucas, capítulo 1, versículos de 39 a 45. Esse mistério, que meditamos no Santo Rosário, relata como Maria, após receber o anúncio do Anjo Gabriel e já grávida de Jesus, parte apressadamente para a região montanhosa da Judeia a fim de visitar sua parenta Isabel — grávida de São João Batista.

Mas o que, afinal, esse Evangelho ensina-nos para a vida espiritual? Antes de tudo, recordemos que a primeira parte do Advento convida-nos à penitência e à mudança de vida. Por isso, os Evangelhos destacam tantas vezes as exortações de São João Batista: “Convertei-vos”, um claro chamado à mudança de vida, ao Batismo, à penitência, ao abandono completo do pecado — essa é a nova vida em Cristo. Entretanto, a partir de 17 de dezembro, o Advento entra em uma segunda fase, voltada diretamente para o Natal e a presença de Cristo. Nesse período, a figura central deixa de ser João Batista e passa a ser a Virgem Maria. É como se, nesse tempo final — especialmente marcado por práticas como a novena de Natal —, a Igreja, junto com Maria, estivesse grávida, aguardando a chegada do Salvador.

Acompanhamos, neste período, a presença da Virgem Maria: Nossa Senhora da Expectação, que está grávida, aguardando o nascimento de Jesus. Mas, afinal, o que isso significa espiritualmente? O que Maria pode trazer para a nossa vida espiritual? O Evangelho oferece-nos luzes importantes sobre essa realidade. Ele narra que, ao ouvir a saudação de Maria, Isabel sentiu a criança saltar em seu ventre e  ficou cheia do Espírito Santo.

A saudação de Nossa Senhora traz duas consequências marcantes. Primeiro, Isabel recebe uma efusão do Espírito Santo assim que ouviu Maria. Segundo, a criança em seu ventre, São João Batista, salta de alegria, como a própria Isabel explica no versículo 44: “Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre”. Não se trata de um simples movimento físico do bebê, mas de uma reação espiritual, percebida por Isabel, cheia do Espírito Santo, como um sinal da presença divina.

Além disso, o Espírito Santo, derramado abundantemente no coração de Isabel, permite que ela reconheça Maria como a mãe do Salvador. Isso é algo extraordinário, pois Maria estava nas primeiras semanas de gravidez, quando não há qualquer sinal externo de gestação. Ainda assim, Isabel, cheia do Espírito Santo, solta um grito de louvor. O Evangelho apresenta a cena de forma intensa e dramática, mostrando que Isabel bradou com força e entusiasmo: “Bendita és tu entre as mulheres!” (Lc 1, 42).

A frase que repetimos tantas vezes no terço, quando pronunciada pela primeira vez, foi um brado cheio do Espírito Santo. Isabel, transbordando de fé e entusiasmo, proclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres!” (Lc 1, 42). Não foi apenas uma declaração, senão uma verdadeira profissão de fé, efusiva e cheia do Espírito — algo análogo ao que aconteceu em Pentecostes. Aliás, a Visitação, de fato, é um pentecostes. E é algo extraordinário perceber como o Evangelho de São Lucas destaca, de forma emblemática, a presença constante do Espírito Santo.

São Lucas é o único autor do Novo Testamento que narra o Pentecostes, descrito nos Atos dos Apóstolos, que também é de sua autoria. Desde o início do seu Evangelho, porém, a presença do Espírito Santo já se destaca. No anúncio do anjo a Maria, ele declara: “O Espírito Santo virá sobre ti” (Lc 1, 35). Ali acontece o primeiro pentecostes, na própria Anunciação. Maria é a primeira a ser plena do Espírito Santo, um momento que os Santos Padres chamam de “protopentecostes”.

Quando Maria parte apressadamente para a região montanhosa da Judeia para visitar Isabel, sua saudação provoca um segundo pentecostes. Pela graça do Espírito Santo, Isabel recebe a revelação e, com os olhos da fé, reconhece a gravidez de Maria. Mais do que isso, ela percebe quem Maria está carregando: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. Isabel reconhece que Maria não traz em seu ventre um homem comum, mas o próprio Senhor, e exclama: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar?”. Assim, Isabel professa sua fé em Jesus e na maternidade divina de Maria.

Observemos a realização do Espírito Santo: Ele nos faz reconhecer a presença de Cristo em Maria e a grandeza da própria Virgem. Reconhecer que Nossa Senhora é bendita não tem ligação alguma com idolatria. Muitas pessoas têm certa preocupação com a veneração a Maria, temendo que isso seja um exagero — mas é fundamental perceber a obra do Espírito Santo nesse Evangelho. Isso porque é Ele quem nos leva a reconhecer tanto o Filho quanto a Mãe. E é nesse contexto que acontece o primeiro milagre na ordem da graça: São João Batista é purificado, é perdoado de seus pecados ainda no ventre de Isabel.

A tradição ensina-nos que, ao ouvir a saudação de Maria, São João Batista recebeu naquele momento a graça extraordinária de ser purificado. Esse evento oferece-nos elementos essenciais para refletir e aplicar à nossa vida o Evangelho da Visitação — especialmente neste período de preparação para o Natal.

Como podemos, então, fazer uma boa preparação para celebrar o Santo Natal? Primeiramente, acolhamos a Virgem Maria em nossa casa. No Evangelho, lemos que Maria entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. No entanto, acolher Maria em nossa casa significa, sobretudo, recebê-la em nosso coração. Recordemos o que Jesus fez com o discípulo amado aos pés da Cruz: confiou Maria como mãe a todos nós.

Quando Jesus quis salvar a sua Igreja ao morrer na cruz, qual foi o passo concreto que Ele deu antes da sua morte? Ele nos entregou a Virgem Maria. Ele disse: “Filho, eis aí a tua mãe”. Nós também precisamos acolher a Virgem Maria em nossa casa, como está escrito no capítulo 19 de São João: “João então acolheu a mãe de Jesus em sua casa”. Porém, mais do que apenas em sua casa, João a recebeu na intimidade do seu coração, como está registrado: “idios”, que significa algo que é próprio, pessoal. João acolheu Maria em sua intimidade.

É isso que precisamos fazer para celebrar bem esse Santo Natal. Ao acolher Maria em nossa casa, fazemos como Santa Isabel, que recebe a salvação no seu lar. Ao receber a Virgem Maria em nosso coração, como o Apóstolo João aos pés da Cruz, a salvação também entra em nossa casa. É a mesma realidade. Precisamos abrir nosso coração para a Virgem Maria, porque Nossa Senhora, aqui, é causa instrumental da nossa salvação.

Vamos entender o que isso significa. Vamos explicar tendo como referência o ministério dos padres. O que é um padre? Ora, um padre é uma causa instrumental da salvação. Eu posso ser causa instrumental da salvação de duas maneiras diferentes. Por exemplo: posso ser causa instrumental como os demônios, ou como os Apóstolos. São coisas bem distintas. Imaginemos um padre em pecado mortal, alguém que vive uma vida afastada de Deus. Ele ainda é causa instrumental de salvação para as pessoas? Certamente. Deus o usa, apesar do seu pecado, assim como usa os demônios, apesar deles. O demônio não quer fazer a vontade de Deus; mas Deus, em sua sabedoria, é tão grandioso que consegue superar a malícia do diabo.

O diabo pensa que está atrapalhando o Reino de Deus, mas Deus permite que ele aja e cause destruição. No entanto, o mal que o diabo faz é usado por Deus como ocasião para obter um bem maior, a salvação das pessoas. Dessa forma, o diabo torna-se também um instrumento de Deus — mas sem fazê-lo de forma consciente e livre. É um instrumento quase inerte, porque, apesar da vontade rebelde do diabo e da sua recusa em reconhecer o Criador, Deus ainda o usa, assim como usamos uma vassoura para varrer o chão — um instrumento sem vontade própria.

O Apóstolo, por sua vez, é um instrumento consciente e livre, o que o torna diferente. Deus pode usar um padre que busca a santidade, que deseja agradar a Deus e seguir o seu caminho de uma forma mais profunda. Quanto mais o padre santifica-se, tornando-se dócil e maleável nas mãos de Deus, e quanto mais ele morre para suas próprias vontades, caprichos e desejos, mais Deus poderá usá-lo como um instrumento eficaz para a sua obra salvadora. 

Ou seja, o padre é causa instrumental de salvação na vida dos outros. É claro que um sacerdote santo, como São João da Cruz, por exemplo, que celebramos na semana passada, no dia 14, é um instrumento valiosíssimo nas mãos de Deus. Por outro lado, um padre que vive em estado de pecado mortal, que não se converte e acaba sendo condenado, pode também ser usado por Deus, mas de forma muito imperfeita e inadequada — de forma análoga ao modo como Deus usa os demônios.

Estou dizendo tudo isso para explicar que a Virgem Maria também é instrumento de Deus. Se um padre santo, como São João da Cruz, é instrumento de Deus, imaginemos a Virgem Maria, que não conheceu o pecado, cuja vontade perfeita está totalmente submissa à vontade de Deus, e cujo coração não tem outro desejo senão amar a Deus e fazer com que a vontade dele tome forma humana neste mundo. Assim, Maria é um instrumento excelente, apto de forma suprema, nas mãos de Nosso Senhor.

Se por meio da palavra do sacerdote Cristo faz-se carne na Eucaristia, pela palavra de Maria, ao dizer “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1, 38), também acontece a Encarnação — foi principalmente por sua palavra que o Verbo faz-se carne. Reflitamos: quantas vezes em nossa vida nós clamamos “Ave Maria”? Deixemos que, hoje, seja ela a nos saudar, a trazer o Espírito Santo à nossa vida.

Há um episódio bonito na vida de São Bernardo que mostra como ele, grande devoto de Nossa Senhora, cantava fervorosamente as glórias de Maria. Todos os dias, ao passar diante de uma imagem de Nossa Senhora em seu mosteiro, ele dizia com devoção “Ave Maria” antes de seguir seu caminho. Ele fazia isso todos os dias, até que, em um belo dia, para sua surpresa, ao dizer “Ave Maria”, a imagem respondeu: “Ave Bernardo”.

Isso é um grande incentivo para que ouçamos essa saudação da Virgem Maria e, com nossa vida, permitamos que ela diga também a nós: “Ave”. Assim como a criança no ventre de Isabel saltou de alegria, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo, recebamos também o Espírito Santo para celebrar um Natal verdadeiro, acolhendo a presença de Cristo em nossas vidas.

A presença de Cristo não é uma simples visita; Ele vem para transformar e salvar, assim como salvou São João Batista e trouxe vida nova e mudança para Santa Isabel.

Além disso, também precisamos observar a humildade e a caridade de Nossa Senhora, que, apressadamente, foi visitar Isabel para servir, levar a salvação e a graça — o Príncipe da graça, o Salvador do mundo. Ela sabia que a criança que carregava era infinitamente mais importante do que a criança que Isabel carregava, mas, mesmo assim, foi humildemente servir à sua parenta.

No entanto, Nossa Senhora foi até lá para servir, para amar e, principalmente, para levar o serviço da graça, trazendo Jesus e o Espírito Santo. Aceitemos o convite para também vivermos isso. Nossa Senhora tem pressa de entrar na nossa casa, no nosso lar, de saudar a nossa família, de, em suma, levar Jesus até nós. E como reagiremos? Vamos reagir como Isabel, enchendo-nos do Espírito Santo e abrindo nossa casa, nossa vida e nosso coração para Jesus? Ou reagiremos como Herodes, que, ao receber a notícia da Encarnação do Filho de Deus, agitou-se e, cheio de ódio, ordenou que perseguissem o Filho de Deus recém-nascido? 

Como nos colocaremos para receber Jesus? Que a devoção à Virgem Maria, especialmente nestes dias de preparação para o Natal, seja um verdadeiro instrumento de conversão em nossa vida, para que Jesus realmente entre em nosso coração. Que ela nos ajude na transformação que Deus quer realizar em nós. Mas, para isso, precisamos abrir nossa casa para ela. Deixemos de temer a devoção a Nossa Senhora. Se nós permitirmos que ela entre em nossa casa, ela trará o Espírito Santo e o Menino Jesus. Ela será um instrumento eficaz de verdadeira mudança de vida para nós e para nossa família.

Que, neste período de preparação para o Natal, a Virgem Maria seja presença constante em nossa vida espiritual. Rezemos o terço, entreguemo-nos a ela e meditemos os mistérios da nossa salvação. Não sejamos soberbos ao dizer que não precisamos de Maria. Deus a usa como instrumento, assim como fez para trazer o Espírito Santo a Isabel e a salvação a São João Batista.

Ao nos abrirmos a Maria, abrimos também nosso coração a Jesus. Que Ele nasça verdadeiramente em nós e em nossas famílias, ao acolhermos a Virgem Maria, que, cheia do Espírito Santo, traz-nos a graça de Cristo.

Publicado em padrepauloricardo.org.

Homilia Dominical | De onde vem a verdadeira alegria? (3º Domingo do Advento)

A verdadeira alegria consiste na paz de encontrar a realidade que se ama. Portanto, a alegria cristã resulta da certeza de amar a Deus e de ser amado por Ele, realidade que é experimentada por quem vive na graça de Deus.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Lc 3, 10-18)

Naquele tempo, as multidões perguntavam a João: “Que devemos fazer?” João respondia: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!” Foram também para o batismo cobradores de impostos, e perguntaram a João: “Mestre, que devemos fazer?” João respondeu: “Não cobreis mais do que foi estabelecido”. Havia também soldados que perguntavam: “E nós, que devemos fazer?” João respondia: “Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário!” O povo estava na expectativa e todos se perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. Por isso, João declarou a todos: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele virá com a pá na mão: vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”. E ainda de muitos outros modos, João anunciava ao povo a Boa-Nova.

Neste 3º Domingo do Advento, também chamado de Domingo Gaudete, a Igreja nos convida a meditar sobre o que é a verdadeira alegria e de que modo ela se realiza, não só na preparação para o Natal do Senhor, mas também em toda a nossa vida.

A verdadeira alegria consiste na paz de encontrar a realidade que se ama. Por isso, a alegria realmente cristã resulta da certeza de amar a Deus e de ser amado por Ele, realidade que é experimentada plenamente por quem vive na graça de Deus.

Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para este domingo e perceba o que nos leva a alcançar a verdadeira alegria.

Publicado em padrepauloricardo.org.

São João da Cruz – Memória – 14 de dezembro

Origens

Juan de Yepes era seu nome de batismo. Nasceu em 1542, em Fontivaros, pertencente à província de Ávila, na Espanha. Seu pai, Gonzalo de Yepes, descendia de uma família tradicional e rica de Toledo. Porém, por ter se casado com uma jovem de família humilde, perdeu os direitos da herança. Catarina Alvarez, sua esposa e mãe de São João da cruz, era vista como sendo de classe inferior. Gonzalo, pai de São João da Cruz, faleceu ainda jovem, quando João ainda era uma criança. Por isso, a viúva, desprezada pela família do marido e obrigada a trabalhar para sobreviver, mudou-se com os filhos para a cidade de Medina.

Trabalho e vocação

Em Medina, João, já jovem, começou a trabalhar. Ele tentou algumas profissões. A última foi a de ajudante no hospital da cidade. À noite, João estudava gramática no colégio dos jesuítas. Sob a influência dos padres da Companhia de Jesus, a espiritualidade do jovem João de Yepes desabrochou. Por isso, aos vinte e um anos, ele entrou na Ordem Carmelita, procurando uma vida de oração profunda.

Estudos e caridade

Após o noviciado, João de Yepes foi transferido para a Universidade de Salamanca, com o objetivo de terminar o estudo da filosofia e da teologia. Mesmo cursando a Universidade, que exigia dele toda a dedicação aos estudos, João encontrava tempo para a caridade e fazia questão de visitar os doentes nos hospitais ou nas residências, onde prestava seu precioso serviço de enfermeiro.

Santa Tereza de Ávila cruza seu caminho

João foi ordenado sacerdote quando tinha vinte e cinco anos. Nessa ocasião, mudou seu nome para João da Cruz, pois já tinha o desejo de se aproximar dos sofrimentos da cruz de Cristo. Por causa disso, achava a Ordem dos Carmelitas muito suave, sem austeridade. Pensou, inclusive, em entrar numa congregação mais austera. Foi nessa ocasião que Madre Tereza de Ávila atravessou seu caminho. Na época, ela tinha autorização fundar conventos reformados da Ordem Carmelita. Tinha também autorização de todos os superiores da Espanha para intervir nos conventos masculinos. O entusiasmo de Santa Tereza contagiou o Padre João da Cruz e ele começou a trabalhar na reforma da Ordem Carmelita, voltando às origens da mesma, procurando reviver em todos o carisma fundante da Ordem e ajustando a disciplina.

Formador A partir de então, a Ordem Carmelita encarregou o Pe. João da Cruz na missão formador dos noviços. Por isso, ele assumiu o posto de reitor de um convento dedicado à formação e aos estudos dos novos carmelitas. Assim, ele contagiou um grande número de carmelitas e, por conseguinte, reformou vários conventos.

Barreiras e perseguições

Como era de se esperar, padre João da Cruz começou a enfrentar dificuldades dentro da Ordem. Conventos inteiros e vários superiores se opuseram às reformas quando ele começou a aplica-las efetivamente. Por isso, ele passou por sofrimentos insuportáveis se não fossem vistos com os olhos da fé. Chegou, por exemplo, a ficar preso durante nove meses num convento que recusava terminantemente a reforma proposta por ele. Tudo isso sem contar as perseguições que começaram a aparecer de todos os cantos.

Paciência, fé e louvor

Testemunhas dizem, no entanto, que Pe. João da Cruz fez jus ao nome que escolheu abraçando a cruz, os sofrimentos e as perseguições com alegria e louvor a Deus. E esta foi a grande marca de sua vida, além de seus escritos preciosos. São João da Cruz abraçou o sofrimento com prazer, desejando ao máximo, sofrer como Cristo e unir seus sofrimentos aos do Mestre, em sacrifício pela própria conversão e também da Igreja.

Doutor da Igreja

O espírito de sacrifício, o fugir das glórias humanas, a busca da humildade, a oração profunda e o conhecimento da Palavra de Deus renderam a São João da Cruz vários escritos de grande profundidade teológica e sabedoria divina. Dentre eles, destacam-se os livros Cântico Espiritual, Subida do Carmelo e Noite Escura. Por isso, ele foi aclamado Doutor da Igreja, equiparado a Santa Tereza de Ávila, também Doutora. Deixou uma grande obra escrita, que é lida, estudada e seguida até hoje por religiosos e leigos.

Apenas três pedidos a Deus

Os biógrafos de São João da Cruz relatam que ele sempre fazia três pedidos a Deus. Conta-se que ele pedia, insistentemente, três coisas a Deus. Primeiro, que ele tivesse forças para sofrer e trabalhar muito. Segundo, que ele não saísse deste mundo estando no cargo de superior de nenhuma comunidade. E, terceiro, que ele tivesse a graça de morrer humilhado e desprezado por todos, como aconteceu com Jesus. Isto fazia parte de sua mística: igualar-se ao máximo a Jesus no momento de sua paixão.

Três pedidos atendidos

Pouco antes de falecer, São João da Cruz passou, de fato, por grandes sofrimentos, advindos de calúnias e incompreensões. Foi destituído de todos os cargos que ocupava na Ordem Carmelita e passou os últimos meses de sua vida no abandono e na solidão. Antes de falecer, sofreu de uma terrível doença, sempre louvando e agradecendo a Deus por tudo. Faleceu no Convento de Ubeda, Espanha, no dia 14 de dezembro de 1591, tendo somente quarenta e nove anos. A reforma da Ordem Carmelita Descalça proposta por ele, por fim, tornou-se realidade. Pouco tempo após sua morte, São João da Cruz passou a ser venerado e seguido pelos seus confrades. Em 1952 foi aclamado como o Padroeiro dos Poetas da Espanha.

Oração a São João da Cruz (extraída do Primeiro dia da Novena)

“Glorioso São João da Cruz, que desde vossa infância fostes terno amante de Maria Santíssima e da cruz de seu Santíssimo Filho, merecendo por este amor ser protetor singular das almas aflitas e desconsoladas: Vos suplico, Pai meu, interponhais vossos rogos para com Mãe e Filho a fim de que me concedam viva fé, firme esperança, fervente caridade e terníssimo amor à cruz de meu Senhor, em cujo exercício viva e more amparado sempre de sua graça, e também consiga, se me convém, o que peço nesta novena. Amém.”

São João da Cruz, rogai por nós!

Publicado em IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA – Largo do Machado – Catete – Rio de Janeiro – RJ

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A Imaculada Conceição de Maria no Advento

No Advento eterno, antes da criação do mundo, a Imaculada Conceição de Maria já estava no desígnio amoroso de Deus para a humanidade. É significativo refletir sobre esta verdade, especialmente no Tempo do Advento e na proximidade da Solenidade da Imaculada Conceição. A este respeito, o Papa São João Paulo II nos ensina que existe um Advento primordial e eterno em Deus, que está se cumprindo na história da humanidade.

Este Advento eterno, que é o projeto de Deus para a humanidade, realiza-se em três fases na história da salvação. No primeiro Advento, tem início a Criação do mundo, que tem como centro e ápice o gênero humano, ainda em plena harmonia com o Criador. O segundo, começa com a queda de Adão e termina na primeira vinda de Jesus Cristo. O terceiro e último, tem início naquele que chamamos de Tempo da Igreja, que vivemos hoje e que culminará com a segunda e definitiva vinda do Senhor.

Desde o Advento primordial, Maria foi escolhida, predestinada, para ser a Mãe do Verbo Eterno. Em vista dessa suprema dignidade, foi também concedida à Mãe de Deus a maravilhosa graça da Imaculada Conceição [Dogma]*. A graça da Imaculada, que celebramos com toda a Igreja no Tempo do Advento, diz respeito não somente a Santíssima Virgem, mas também à escolha de Deus a respeito de cada um de nós desde toda a eternidade.

A Imaculada Conceição no Advento primordial

Na carta aos Efésios, o apóstolo São Paulo nos dá uma belíssima imagem do Advento: “Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos”. Esta não é ainda a imagem do Advento da vinda de Jesus Cristo, mas “trata-se daquele Advento eterno cujo início se encontra em Deus mesmo, ‘antes da constituição do mundo’, porque já a ‘constituição do mundo’ foi o primeiro passo da Vinda de Deus ao homem, o primeiro ato do Advento”.

Créditos: by Getty Images / Sidney de Almeida/cancaonova.com

Neste primeiro Advento, todo o mundo visível foi criado para o homem como demonstra o livro do Gênesis. Mas “o início do Advento em Deus é o Seu eterno projeto de criação do mundo e do homem, projeto nascido do amor. Este amor se manifesta com a eterna opção do homem em Cristo, Verbo Encarnado”. Em Cristo, fomos escolhidos por Deus, antes da constituição do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos.

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“Neste eterno Advento está presente Maria. Entre todos os homens que o Pai escolheu em Cristo, Ela foi-o de modo particular e excepcional, porque foi escolhida em Cristo para ser Mãe de Cristo”. E assim Ela, melhor do que qualquer outra pessoa entre os homens “predestinados pelo Pai” para a dignidade de filhos e filhas adotivos, foi predestinada de modo especialíssimo para fazer resplandecer a sua maravilhosa graça, que o Pai nos deu no Filho Bem-amado.

A Virgem Maria

A glória sublime da especialíssima graça de Deus é a Maternidade do Verbo eterno e, em consideração desta, a Mãe de Deus obteve em Cristo também a graça da Imaculada Conceição. Sendo assim, a Virgem Maria está presente naquele primeiro e eterno Advento da Palavra com a dignidade de Mãe de Deus e da sua Imaculada Conceição, segundo o desígnio de Amor do Pai na criação do mundo e no projeto de salvação da humanidade.

Publicado em Formação Canção Nova.

* Grifo meu.

Tempo do Advento: Preparar a Vinda do Senhor

O Senhor não se retirou do mundo, não nos deixou sós. O Advento é um tempo no qual a Igreja convida os seus filhos a vigiar, a estar despertos para receber a Cristo que passa, a Cristo que vem. Editorial sobre este tempo do ano litúrgico.

“Ó Deus todo-poderoso, concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos.” Essas palavras da oração coleta do primeiro domingo do Advento iluminam com grande eficácia o caráter peculiar desse tempo, em que se dá início ao Ano litúrgico. Imitando a atitude das virgens prudentes da parábola evangélica, que souberam preparar o azeite para as bodas do Esposo [1], a Igreja convida os seus filhos a vigiar, a estar despertos para receber a Cristo que passa, a Cristo que vem.

Tempo de presença

Ao dizer adventus, os cristãos afirmavam, simplesmente, que Deus está aqui: o Senhor não se retirou do mundo, não nos deixou sós.

O desejo de sair ao encontro, de preparar a vinda do Senhor[2], nos coloca diante do termo grego parusia, que o latim traduz como adventus, de onde surge a palavra Advento. De fato, adventus pode ser traduzido como “presença”, “chegada”, “vinda”. Não se trata, portanto, de uma palavra inventada pelos cristãos: era usada na Antiguidade em âmbito não cristão para designar a primeira visita oficial de um personagem importante – o rei, o imperador ou um de seus funcionários – por motivo da sua tomada de posse. Também podia indicar a vinda da divindade, que sai da sua ocultação para se manifestar com força, o que se celebra no culto. Os cristãos adotaram o termo para expressar a sua relação com Jesus Cristo: Jesus é o Rei que entrou nesta pobre “província”, nossa terra, para visitar a todos, um Rei que convida a participar na festa do seu Advento todos os que creem n’Ele, a todos que estão certos de sua presença entre nós.

Ao dizer adventus, os cristãos afirmavam, simplesmente, que Deus está aqui: o Senhor não se retirou do mundo, não nos deixou sós. Mesmo que não possamos vê-lo ou tocá-lo, como ocorre com as realidades sensíveis, Ele está aqui e vem nos visitar de muitas formas: na leitura da Sagrada Escritura, nos sacramentos, especialmente na Eucaristia, no ano litúrgico, na vida dos santos, em tantos episódios, mais ou menos comuns, da vida cotidiana, na beleza da criação… Deus nos ama, conhece nosso nome, tudo o que é nosso lhe interessa e está sempre presente junto de nós. Esta segurança da sua presença, que a liturgia do Advento nos sugere discretamente, mas com constância ao longo destas semanas, não esboça uma nova imagem do mundo ante nossos olhos? “Essa certeza, que procede da fé, faz-nos olhar o que nos cerca sob uma nova luz, e leva-nos a perceber que, permanecendo tudo como antes, tudo se torna diferente, porque tudo é expressão do amor de Deus.”[3]

Uma memória agradecida

O Advento nos convida a pararmos, em silêncio, para captar a presença de Deus. São dias para voltar a considerar, com palavras de São Josemaria, que “Deus está junto de nós continuamente. – Vivemos como se o Senhor estivesse lá longe, onde brilham as estrelas, e não consideramos que também está sempre ao nosso lado. E está como um Pai amoroso – quer mais a cada um de nós do que todas as mães do mundo podem querer a seus filhos -, ajudando-nos, inspirando-nos, abençoando… e perdoando” [4].

Se esta realidade inundar a nossa vida, se a consideramos com frequência no tempo do Advento, nos sentiremos animados a dirigir-lhe a palavra com a confiança na oração, e muitas vezes durante o dia, lhe apresentaremos os sofrimentos que nos entristecem, a impaciência e as perguntas que brotam de nosso coração. Este é um momento oportuno para que cresça em nós a segurança de que Ele nos escuta sempre. “A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado!” [5]

Compreendemos também como os acontecimentos às vezes inesperados de cada dia são gestos personalíssimos que Deus nos dirige, sinais do seu olhar atento sobre cada um de nós. Acontece que costumamos estar muito atentos aos problemas, às dificuldades, e às vezes mal nos restam forças para perceber tantas coisas belas e boas que vêm do Senhor. O Advento é um tempo para considerar, com mais frequência, como Ele nos protegeu, guiou e ajudou nas vicissitudes de nossa vida, para louvá-lo por tudo o que fez e continua fazendo por nós.

Esse estar despertos e vigilantes perante os detalhes de nosso Pai no céu floresce em ações de graças. Nasce assim em nós uma memória do bem que nos ajuda inclusive na hora escura das dificuldades, dos problemas, da doença, da dor. “A alegria evangelizadora – escreve o Papa – refulge sempre sobre o horizonte da memória agradecida: é uma graça que precisamos pedir.” [6] O Advento nos convida a escrever, por dizer de alguma forma, um diário interior deste amor de Deus por nós. “Acredito que vós e eu – dizia São Josemaria – ao pensarmos nas circunstâncias que acompanharam a nossa decisão de nos esforçarmos por viver integralmente a fé, daremos muitas graças ao Senhor e teremos a convicção sincera – sem falsas humildades – de que não houve nisso mérito algum da nossa parte.” [7]

Deus vem

A alegria evangelizadora refulge sempre sobre o horizonte da memória agradecida: é uma graça que precisamos pedir (Papa Francisco)

Dominus veniet![8] Deus vem! Esta breve exclamação que abre o tempo do Advento ressoa especialmente ao longo destas semanas, e depois, durante todo o ano litúrgico. Deus vem! Não se trata simplesmente de que Deus tenha vindo, de algo do passado, nem tampouco é um simples anúncio de que Deus virá, em um futuro que poderia não ter excessiva transcendência para nosso hoje e agora. Deus vem: se trata de uma ação sempre em andamento, está acontecendo, acontece agora e continuará a acontecer conforme passe o tempo. A todo momento, “Deus vem”: em cada instante da história, o Senhor continua dizendo: “Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho”[9].

O Advento nos convida a tomar consciência desta verdade e a atuar de acordo com ela. “Já é hora de despertardes do sono”, “ficai atentos”, “o que vos digo, digo a todos: vigiai!”[10]. São chamadas da Sagrada Escritura nas leituras do primeiro domingo do Advento que nos lembram dessas constantes vindas, adventus, do Senhor. Nem ontem, nem amanhã, mas hoje, agora. Deus não está só no céu, desinteressado de nós e da nossa história; na realidade, Ele é o Deus que vem. A meditação atenta dos textos da liturgia do Advento nos ajuda a preparar-nos, para que a sua presença não passe despercebida.

Para os Padres da Igreja, a “vinda” de Deus -continua e conatural com seu próprio ser- se concentra nas duas principais vindas de Cristo: a de sua encarnação e a da sua volta glorioso no fim da história.[11] O tempo do Advento se desenvolve entre esses dois polos. Nos dias iniciais se sublinha a espera da última vinda do Senhor no fim dos tempos. E, à medida que se aproxima o Natal, abre-se caminho à memória do acontecimento em Belém, no qual se reconhece a plenitude dos tempos. “Por essas duas razões o Advento se manifesta como tempo de uma espera piedosa e alegre” [12].

O prefácio I do Advento sintetiza esse duplo motivo: “Revestido da nossa fragilidade, ele veio a primeira vez, para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos caminho da salvação. Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos” [13].

Dias de espera e esperança

Um aspecto fundamental do Advento é, portanto, a espera, mas uma espera que o Senhor converte em esperança. A experiência nos mostra que passamos a vida esperando: quando somos crianças queremos crescer, na juventude aspiramos a um amor grande, que nos preencha, quando somos adultos buscamos a realização profissional, o sucesso determinante para o resto de nossa vida, quando chegamos à idade avançada aspiramos ao merecido descanso. No entanto, quando essas esperanças se cumprem, ou quando fracassam, percebemos que isso, na realidade, não era tudo. Precisamos de uma esperança que vá além do que podemos imaginar, que nos surpreenda. Assim, mesmo que existam esperanças maiores ou menores que dia a dia nos mantêm no caminho, na verdade, sem a grande esperança – a que nasce do Amor que o Espírito Santo pôs em nosso coração[14] e aspira a esse Amor-, todas as outras não bastam.

O Advento nos anima a perguntar “O que esperamos?”, “Qual é a nossa esperança?” Ou, de modo ainda mais profundo, “Que sentido tem meu presente, meu hoje e agora?” “Se o tempo não foi preenchido por um presente dotado de sentido, a espera corre o risco de se tornar insuportável; se se espera algo, mas neste momento não há nada, ou seja se o presente permanece vazio, cada instante que passa parece exageradamente longo, e a expectativa transforma-se num peso demasiado grave, porque o futuro permanece totalmente incerto. Ao contrário, quando o tempo é dotado de sentido, e em cada instante compreendemos algo de específico e de válido, então a alegria da espera torna o presente mais precioso” [15].

Um presépio para nosso Deus

Nosso tempo presente tem um sentido porque o Messias, esperado por séculos, nasce em Belém. Juntamente com Maria e José, com a assistência dos nossos Anjos da Guarda, lhe esperamos com o desejo renovado. Cristo, ao vir entre nós, nos oferece o dom do seu amor e da sua salvação. Para os cristãos a esperança está animada por uma certeza: o Senhor está presente ao longo de toda nossa vida, no trabalho e nos afãs cotidianos, nos acompanha e um dia enxugará também nossas lágrimas. Um dia, não tão distante, tudo encontrará o seu cumprimento no reino de Deus, reino de justiça e de paz. “O tempo do Advento nos restitui o horizonte da esperança, uma esperança que não decepciona porque é fundada na Palavra de Deus. Uma esperança que não decepciona, simplesmente porque o Senhor não decepciona nunca!” [16]

O Advento é um tempo de presença e de espera do eterno, um tempo de alegria, de uma alegria íntima que nada pode eliminar: “eu vos verei novamente, e o vosso coração se alegrará, e ninguém poderá tirar a vossa alegria” [17]. O gozo no momento da espera é uma atitude profundamente cristã, que vemos plasmada na Santíssima Virgem: Ela, desde o momento da Anunciação, esperou “com amor de mãe” [18] a vinda de seu Filho, Jesus Cristo. Por isso, Ela também nos ensina a aguardar ansiosamente a chegada do Senhor, ao mesmo tempo que nos preparamos interiormente para esse encontro, com o desejo de “construir com o coração um presépio para nosso Deus” [19].

Juan José Silvestre

[1] Cfr. Mt 25, 1ss.

[2] Cfr. Tes 5, 23.

[3] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 144.

[4] São Josemaria, Caminho, n. 267.

[5] Missal Romano, I Domingo do Advento, Antífona de entrada. Cf. Sal 24 (25) 1-2.

[6] Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 24-XI-2013, n. 13.

[7] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 1.

[8] Cfr. Missal Romano, Feria III (terça-feira) das semanas I-III do Advento, Antífona de entrada. Cfr. Za 14, 5.

[9] Jo 5, 17.

[10] Rm 13, 11; Lc 21, 36; Mc 13, 37.

[11] Cfr. São Cirilo de Jerusalém, Catequese 15, 1: PG 33, 870 (II Leitura do Ofício de Leituras do I Domingo do Advento).

[12] Calendário Romano, Normas universais sobre o ano litúrgico e sobre o calendário, n. 39.

[13] Missal Romano, Prefácio I do Advento.

[14] Cfr. Rom 5, 5

[15] Bento XVI, Homilia I Véspera do I Domingo do Advento, 28-XI-2009.

[16] Francisco, Ângelus, 1-XII-2013.

[17] Jo 16, 22.

[18] Missal Romano, Prefácio II do Advento.

[19] Notas de uma meditação, 25-XII-1973 (AGP, biblioteca, P09, p. 199). Publicado em Álvaro del Portillo, Caminar con Jesús. Al compás del año litúrgico, Ed. Cristiandad, Madrid 2014, p. 21.

Publicado em Opus Dei.