Fiéis são incentivados a retornar à mensagem de Fátima sobre a devoção dos Primeiros Sábados em seu centenário (10 de dezembro de 2025)

Centenas de milhares de fiéis reuniram-se no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, no dia 12 de maio de 2025, para rezar pelo recém-eleito Papa Leão XIV e pela paz mundial. Os peregrinos vieram ao santuário para participar das comemorações do 108º aniversário da primeira aparição de Maria a três crianças pastoras, em 13 de maio de 1917.
(Foto: OSV News/Pedro Nunes, Reuters)

(OSV News) ─ […] Nossa Senhora de Fátima – Nossa Mãe Santíssima […] em 1925 pediu aos fiéis que cumprissem a devoção dos Primeiros Sábados.

É um pedido que ─ em seu centenário, em 10 de dezembro ─ é frequentemente considerado “esquecido” entre os eventos sobrenaturais que cercam Fátima. Mas, após as aparições mais conhecidas de 1917, a Irmã Lúcia de Jesus Rosa dos Santos – uma das três videntes de Fátima, que mais tarde se tornou freira carmelita – revelou que Maria lhe apareceu duas vezes enquanto estava hospedada em um convento em Pontevedra, na Espanha, e pediu especificamente a prática.

Católicos do mundo todo foram convidados a dedicar o primeiro sábado do mês – por cinco meses consecutivos, daí o nome “Cinco Primeiros Sábados” – à confissão, à recepção da Sagrada Comunhão e ao rosário e meditação [por 15 minutos] sobre seus mistérios.

“Acredito que os aniversários de 100 anos são significativos porque ajudam a relembrar as novas gerações sobre as devoções que não desaparecem”, disse Barbara Ernster, gerente de comunicação e editora do Apostolado Mundial de Fátima EUA, à OSV News.

Embora não tenha havido qualquer investigação canônica, a devoção dos Primeiros Sábados foi aprovada pelo bispo de Leiria, Portugal, em 13 de setembro de 1939.

“Nossa Senhora pediu-nos que fizéssemos isto, e a mensagem de Fátima é atemporal”, disse Ernster, “porque é a mensagem do Evangelho. Nunca ficará desatualizada.”

Falando de Fátima — onde participava num programa e conferência do centenário, no âmbito do Apostolado Mundial — Ernster reforçou a mensagem de paz.

“Uma das coisas que Lúcia sempre dizia era que isso poderia ajudar a evitar guerras e contribuir para a paz mundial. E nos vemos agora em situações em que ouvimos falar de uma terceira guerra mundial – qualquer coisa poderia desencadeá-la. Mesmo em nosso próprio país, há tanta divisão… E então”, concluiu Ernster, “fazemos isso para que possamos ajudar a trazer a paz – paz para nossas famílias, para nossas nações, para nossa Igreja.”

São Carlos Acutis contou que, em um sonho após a morte da Irmã Lúcia, ela lhe disse: “A prática dos cinco primeiros sábados do mês pode mudar o destino do mundo.

O cardeal Raymond L. Burke, ex-prefeito do Supremo Tribunal do Vaticano e arcebispo de Saint-Louis de 2004 a 2008, incentivou uma maior participação na devoção dos Primeiros Sábados, apoiando uma iniciativa liderada pela França conhecida como “Aliança dos Primeiros Sábados de Fátima”, que também lançou o “Jubileu dos Primeiros Sábados de Fátima 2025” em 4 de janeiro.

A proximidade do centenário da aparição do Menino Jesus e de Sua Santíssima Mãe à Irmã Lúcia em Pontevedra, em 10 de dezembro de 1925, convida os fiéis a renovarem, com fé mais profunda e maior fervor, a prática da Devoção Reparadora dos Primeiros Sábados”, disse o Cardeal Burke em mensagem enviada à OSV News.

Essa devoção, insistentemente solicitada pela própria Nossa Senhora como um ato de amorosa reparação ao seu Coração Doloroso e Imaculado, permanece de importância duradoura para a salvação das almas e para a paz no mundo“, acrescentou o prelado, que, como bispo de La Crosse, Wisconsin (1995-2004), fundou o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe naquela cidade.

No dia 10 de dezembro, o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe celebrará uma missa para comemorar o centenário das aparições em Pontevedra.

Encorajo a todos a perseverarem nesta devoção“, convidou o Cardeal Burke, “com a confiança de Nossa Senhora na fidelidade de Deus às suas promessas de vitória sobre o pecado e a vitória da vida eterna.” O Padre Edward Looney, secretário da Sociedade Mariológica da América, também afirmou que os fiéis devem atender ao pedido de Maria. “No que diz respeito a Fátima, todos nós nos esforçamos para rezar o terço todos os dias, como ela pediu. Os mais dedicados observam a devoção do Primeiro Sábado“, compartilhou. “Se todos os católicos praticantes atendessem a este pedido, como sacerdote, eu estaria muito ocupado com confissões.

Observando que os Primeiros Sábados também servem como reparação pelas ofensas contra Nossa Senhora, o Padre Looney acrescentou: “Temos visto estátuas vandalizadas e pessoas falando mal de Maria. Os Primeiros Sábados nos chamam a renovar nosso amor por Maria e a difundi-lo para que seu Imaculado Coração triunfe!” Para aqueles que não podem viajar para Fátima ou Pontevedra, o Apostolado Mundial de Fátima EUA oferece uma Peregrinação Virtual dos Primeiros Sábados a 12 locais sagrados relacionados a Fátima e às três videntes. Vídeos curtos, filmados no local, incluirão uma reflexão sobre os eventos e a devoção.

O mais importante é que esta era a parte que nos cabia fazer, a parte que nos foi dada“, enfatizou Ernster. “A Igreja recebeu a sua parte em Fátima, mas os leigos receberam a sua parte — e é por isso que fazemos isto para ajudar a responder à mensagem que Nossa Senhora nos trouxe.

Kimberley Heatherington é correspondente da OSV News.

Tradução e adaptação de Faithful urged to return to Fatima message about First Saturdays devotion on its centennial“.

Publicado em Detroit Catholic.






O Menino Jesus nasceu. Viva o Natal do Senhor!

O Natal de Nosso Senhor Jesus recorda-nos que Deus está presente em todas as situações. Pensamos que Ele está ausente ou nas quais achamos que Ele não pode estar. A nossa fé estimula-nos a viver o tempo natalino com maior serenidade e esperança! Deus está aqui, tão presente que, talvez ou com certeza, nos convida a rever nossos costumes; convida-nos a lembrar que, assim como Ele veio para nos salvar, também nós, através d’Ele, só podemos nos salvar se caminharmos juntos, se aprendermos a cuidar uns dos outros. Somos convidados a ser uma “manjedoura”, onde os outros possam se alimentar do pão da amizade, do amor, da misericórdia, da esperança. 

Um convite

O Senhor oferece-se a nós para que possamos dar seu testemunho com a nossa vida. Como cristãos, somos convidados a assumir a esperança desta humanidade desnorteada e solitária, a sermos sentinelas da nova manhã, para que as trevas deste tempo sejam rompidas pela Luz, que vem do Senhor Jesus.

Minha oração

“Ó Senhor que vos revelastes tão pequenino e frágil, um Deus escondido na humanidade, porém, não menos poderoso. Concedei a nós a sabedoria para te encontrar nesses mistérios e a certeza da tua presença no meio de nós, todos os dias. Salvai-nos de nossas mazelas e durezas tornando-nos mais humildes e humanos assim como tu o fizeste. Amém.”

Um Santo Natal para você e para a sua família!

Publicado em Católico Orante (extraído de “Santo do Dia” – Comunidade Canção Nova). Obs.: Conteúdo editado.

A Imaculada Conceição de Maria no Advento

No Advento eterno, antes da criação do mundo, a Imaculada Conceição de Maria já estava no desígnio amoroso de Deus para a humanidade. É significativo refletir sobre esta verdade, especialmente no Tempo do Advento e na proximidade da Solenidade da Imaculada Conceição. A este respeito, o Papa São João Paulo II nos ensina que existe um Advento primordial e eterno em Deus, que está se cumprindo na história da humanidade.

Este Advento eterno, que é o projeto de Deus para a humanidade, realiza-se em três fases na história da salvação. No primeiro Advento, tem início a Criação do mundo, que tem como centro e ápice o gênero humano, ainda em plena harmonia com o Criador. O segundo, começa com a queda de Adão e termina na primeira vinda de Jesus Cristo. O terceiro e último, tem início naquele que chamamos de Tempo da Igreja, que vivemos hoje e que culminará com a segunda e definitiva vinda do Senhor.

Desde o Advento primordial, Maria foi escolhida, predestinada, para ser a Mãe do Verbo Eterno. Em vista dessa suprema dignidade, foi também concedida à Mãe de Deus a maravilhosa graça da Imaculada Conceição [Dogma]*. A graça da Imaculada, que celebramos com toda a Igreja no Tempo do Advento, diz respeito não somente a Santíssima Virgem, mas também à escolha de Deus a respeito de cada um de nós desde toda a eternidade.

A Imaculada Conceição no Advento primordial

Na carta aos Efésios, o apóstolo São Paulo nos dá uma belíssima imagem do Advento: “Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos”. Esta não é ainda a imagem do Advento da vinda de Jesus Cristo, mas “trata-se daquele Advento eterno cujo início se encontra em Deus mesmo, ‘antes da constituição do mundo’, porque já a ‘constituição do mundo’ foi o primeiro passo da Vinda de Deus ao homem, o primeiro ato do Advento”.

Créditos: by Getty Images / Sidney de Almeida/cancaonova.com

Neste primeiro Advento, todo o mundo visível foi criado para o homem como demonstra o livro do Gênesis. Mas “o início do Advento em Deus é o Seu eterno projeto de criação do mundo e do homem, projeto nascido do amor. Este amor se manifesta com a eterna opção do homem em Cristo, Verbo Encarnado”. Em Cristo, fomos escolhidos por Deus, antes da constituição do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos.

Leia mais:
.:Os cinco segredos para ser um cristão como Maria
.:Presença de Maria no Antigo Testamento
.:O mais doce e forte nome: Maria
.:O que é a suprema caridade maternal de Maria?

“Neste eterno Advento está presente Maria. Entre todos os homens que o Pai escolheu em Cristo, Ela foi-o de modo particular e excepcional, porque foi escolhida em Cristo para ser Mãe de Cristo”. E assim Ela, melhor do que qualquer outra pessoa entre os homens “predestinados pelo Pai” para a dignidade de filhos e filhas adotivos, foi predestinada de modo especialíssimo para fazer resplandecer a sua maravilhosa graça, que o Pai nos deu no Filho Bem-amado.

A Virgem Maria

A glória sublime da especialíssima graça de Deus é a Maternidade do Verbo eterno e, em consideração desta, a Mãe de Deus obteve em Cristo também a graça da Imaculada Conceição. Sendo assim, a Virgem Maria está presente naquele primeiro e eterno Advento da Palavra com a dignidade de Mãe de Deus e da sua Imaculada Conceição, segundo o desígnio de Amor do Pai na criação do mundo e no projeto de salvação da humanidade.

Publicado em Formação Canção Nova.

* Grifo meu.

Contemplar o Natal

Confira todos os capítulos desta riquíssima obra do Pe. Francisco Faus!

Contemplar o Natal

A Adoração dos Magos

Adoração dos Reis Magos ao Menino Jesus

«Prostrando-se, o adoraram»

Neste último capítulo, vamos continuar a olhar para os Magos, contemplando-os agora na cena da adoração, que o Evangelho descreve assim: Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram (cf. Mt 2, 9-12). Muitos pintores famosos deixaram-nos quadros belíssimos dessa cena. Ajoelhados ou inclinados perante o Menino Jesus, os Magos o adoram, com o olhar extasiado, e lhe oferecem os presentes que trouxeram. No centro desta bela cena, aparece uma palavra que merece a nossa reflexão: a palavra «adorar». É uma das atitudes mais elevadas, mais sadias e mais necessárias para nós, os homens, especialmente nos nossos tempos. Não duvide de que tudo iria muito melhor, em nossa vida e no mundo, se aprendêssemos a adorar a Deus.

Contemplar o Natal

A Estrela dos Magos

A Estrela de Belém e os Reis Magos

Uns magos vieram do Oriente

Em todo presépio que se preze, sempre estão presentes as figuras dos três Reis Magos, montados em seus camelos e com um cortejo de pajens e oferendas. Eles avançam pela estrada que leva a Belém. Quantos de nós não fizemos avançar suas figurinhas de barro no presépio, um centímetro por dia, até colocá-los aos pés de Jesus Menino na data em que a Igreja comemora a sua chegada, 6 de Janeiro. O Evangelho (cf. Mt 2, 1-10) não diz se eram mesmo três, nem de que país procediam. Mas usa uma expressão – «magos» – que naquele tempo designava, no Oriente, homens sábios, homens de ciência e estudo, conselheiros de reis (talvez por isso o povo cristão usou chamá-los de «Reis» Magos). Diante deles, marcando o rumo, brilhou no início do caminho uma estrela, que logo se ocultou e reapareceu mais brilhante quando já se aproximavam de Belém.

Contemplar o Natal

Jesus nasce em Belém

Nascimento de Jesus em Belém

A Luz veio ao mundo

O nascimento de Jesus (cf. Lc 2, 1-20) é contemplado pela Liturgia da Igreja sob o símbolo da Luz: «Ó Deus, que fizestes resplandecer esta noite santa com a claridade da verdadeira luz!»; «O povo que caminhava na escuridão viu uma grande luz»; «Hoje surgiu a luz para o mundo: o Senhor nasceu para nós». Todas essas expressões são um eco das palavras do prólogo do Evangelho de São João:

No princípio era o Verbo […] e o Verbo era Deus. […] Nele estava a Vida, e a vida era a Luz dos homens. […] Era a Luz verdadeira, que vindo ao mundo, ilumina todo homem […]. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós (Jo 1, 1 seg.)

Neste capítulo, a nossa meditação quer ser mais contemplativa: ajudar-nos a voltar os olhos e o coração para Jesus Menino, que repousa sobre as palhas do Presépio, envolto nos paninhos que a Mãe lhe preparou, de modo a sentirmos o impulso de agradecer-lhe a sua entrega «por nós, homens e para a nossa salvação», e de adorá-lo: Meu Senhor e meu Deus!

Contemplar o Natal

Jesus nasce em Belém

Menino Jesus reclinado em uma Manjedoura

Reclinou-O numa Manjedoura

Dos arredores de Belém, onde contemplávamos os pastores, vamos passar neste capítulo para a cidade, a cidadezinha onde Maria e José chegaram buscando pousada. Ao olhar para eles, procuraremos fazer uma meditação que seja, ao mesmo tempo, uma contemplação e um exame de consciência pessoal, como que um pequeno retiro espiritual de preparação para o Natal. Há uma coisa que vemos em todos os presépios: o lugar onde Jesus nasceu é desamparado, um pobre estábulo onde se recolhe o gado. Umas vezes, tem a aparência de uma gruta – assim deve ter sido na realidade – e outras, a de um telheiro ou galpão de adobe e tábuas, chão batido e palha. A tradição do presépio é fiel ao Evangelho (Lc 2, 1-7), pois nele se diz que Maria e José chegaram a Belém para se recensear, e

estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o numa manjedoura; porque não havia lugar para eles na estalagem.

Contemplar o Natal

Os Pastores

Pastores adorando Menino Jesus

Os Pastores Vigiavam

Vamos dirigir a atenção, neste capítulo, àqueles pastores que cuidavam dos seus rebanhos nos arredores de Belém na noite em que Jesus nasceu (Lc 2, 8-20). As suas figuras estão em todos os presépios, e são dignas de ser contempladas, porque eles foram os primeiros a adorar o Menino Deus na noite de Natal. Não é por acaso que Deus lhes anunciou essa alegria em primeiro lugar, antes que a ninguém mais. É porque eram criaturas simples e Deus ama, juntamente com a humildade, a simplicidade de coração. Talvez você se lembre daquelas palavras que Jesus proferiu com entusiasmo: Eu te dou graças, Pai, Senhor do Céu e da terra, porque revelaste estas coisas – as grandezas da nossa Redenção – aos pequeninos, aos simples.

Contemplar o Natal

As Alegrias de Maria e Isabel. A Alegria do Espírito Santo

Neste capítulo (cada capítulo do livro é uma meditação íntima), vamos transportar-nos de novo, com a imaginação, para a cena da Visitação de Maria a santa Isabel. Acabamos de considerar nas páginas anteriores a bela lição de caridade – «adivinhar» e «adiantar-se» -, que Nossa Senhora nos dá. Contemplaremos agora lições de «alegria» e de «humildade». Lendo o relato da Visitação no Evangelho (Lc 1, 41-55), impressiona ver que a visita de Nossa Senhora a santa Isabel foi uma grande explosão de alegria. Vemos aí a alegria de Deus fundida com a alegria das duas futuras mães e com a alegria dos filhos que ambas trazem no seio: Jesus e João Batista. Todos ficam inundados de júbilo. O Evangelho narra assim: Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, o menino [o futuro São João Batista] saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então Isabel olhou, encantada, para Maria e exclamou em voz alta:

Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E de onde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor? Pois logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio.

Contemplar o Natal

Maria visita Isabel. Coração aberto ao Próximo

Maria visita sua prima Isabel

No primeiro capítulo, víamos Maria abrir as portas do coração a Deus, respondendo com um sim cristalino àquilo que o Anjo lhe anunciava da parte do Senhor. Como resposta de Deus àquele sim da Virgem, o Verbo se fez carne no seu ventre imaculado. Não é difícil imaginar como Maria deve ter se sentido depois da Anunciação. Trazia Deus no seu seio. Começava a amar a Deus com amor de Mãe. Teria sido lógico que se ensimesmasse, que ficasse concentrada em si mesma, que se absorvesse no mistério divino que habitava nela. Como não ficar pensando no Filho, na vida nova que começava para ela, no futuro que jamais teria imaginado? Agir desse modo seria humano, seria lógico. Mas ela não fez assim: não ficou enclausurada em si, concentrada no seu mistério interior, mesmo tendo fortes razões para fazê-lo.

Contemplar o Natal

José: O Amor Fiel. Um Homem Justo

São José, Amor fiel. Um homem Justo

Vamos contemplar, neste capítulo, a figura de são José. No presépio, ele costuma estar um pouco recuado, quase na sombra, olhando para o Menino e amparando Maria e Jesus com a sua vigilância carinhosa. Que figura, a de são José! O Evangelho o define com uma só palavra: era justo (Mt 1, 19). Vale a pena meditarmos nisso. Pode ajudar-nos lembrar que, quando a Bíblia afirma que alguém é justo, quer dizer que é bom, que é reto, que está sempre «ajustado» com Deus, ou seja, que vive sempre em sintonia com Deus, com os seus preceitos e os seus pedidos. Numa palavra, que é santo e que, por isso mesmo, também é íntegro e honesto com os outros. Essas qualidades brilham mais quando lembramos que São José teve um caminho bastante sofrido, misto de sombras e de luzes, até chegar ao Natal. Foi reto no meio das perplexidades, foi totalmente leal a Deus e a Maria nos dias desconcertantes em que não podia entender o que estava acontecendo.

Contemplar o Natal

A Aurora do Natal: Maria

Virgem Maria: Aurora do Natal

O raiar da antemanhã

Depois de uma noite escura de séculos, um dia surgiu sobre o mundo a luz de um novo amanhecer: apareceu Maria, criatura em quem se refletia sem sombras a imagem de Deus, pois foi concebida livre da mancha do pecado original. Quem é esta que avança como a aurora que desponta? – pergunta a Liturgia, com palavras do Cântico dos Cânticos (6, 10), e responde que é a Virgem Maria, preparada por Deus desde toda a eternidade para ser a digna Mãe do seu Filho, a aurora do Sol nascente, que é Cristo (Lc 1, 78). Há uma oração em honra de Nossa Senhora, que reza assim: «A maternidade de Maria foi a aurora da Salvação». E o Bem-aventurado Paulo VI, comentando essa frase poética, dizia:

O aparecimento de Nossa Senhora no mundo foi como a chegada da aurora que precede a luz da salvação, que é Cristo Jesus. Foi como o abrir-se sobre a terra, toda coberta pela lama do pecado, da mais bela flor que jamais tenha desabrochado no vasto jardim da humanidade. (Homilia, 08.09.1964)

Publicado em Rumo à Santidade.

A importância do Natal

O Natal anuncia que o criador do universo entrou na história e vestiu pele humana. O Natal fala desse glorioso mistério que a mente mais brilhante não pode alcançar: Deus se fez homem, o Rei dos reis se fez servo.

Foi planejado na eternidade e anunciado na história. Os patriarcas falaram desse dia. Os profetas descreveram esse dia. O tabernáculo e o templo de Jerusalém apontavam para esse dia. Os sacrifícios e as festas judaicas eram sombras daquele que nasceria nesse dia. Jesus nasceu na plenitude dos tempos. Deus preparou o mundo para a chegada de seu Filho. Através dos gregos, Deus deu ao mundo uma língua universal. Através dos romanos, Deus deu ao mundo uma lei universal. Através dos judeus, Deus deu ao mundo uma revelação sobrenatural. Quando tudo estava pronto, Deus desceu!

O Natal fala da encarnação do Verbo eterno, pessoal e divino

O Natal anuncia que o criador do universo entrou na história e vestiu pele humana. O Natal fala desse glorioso mistério que a mente mais brilhante não pode alcançar: Deus se fez homem, o Rei dos reis se fez servo. O eterno entrou no tempo. O infinito nasceu de uma virgem. Aquele que nem o céu dos céus pode contê-lo foi enfaixado em panos e deitado numa manjedoura.

O Natal traz à lume esse mistério dos mistérios

Jesus sendo Deus esvaziou-se e tornou-se homem sem deixar de ser Deus. Mesmo assumindo um corpo humano, nele residiu toda a plenitude da divindade. Ele veio para nos revelar Deus. Ele é a exata expressão do ser de Deus. Nele está todo o resplendor da glória divina. O Verbo habitou entre nós cheio de graça e de verdade. Quem vê a Jesus vê o próprio Deus, pois ele e o Pai são um.

O Natal é a sublime mensagem de que Deus enviou seu Filho Unigênito e o Filho voluntariamente veio, no poder do Espírito Santo, para dar sua vida em resgate do seu povo. Jesus nasceu não num palácio, cercado de glória e poder, mas numa estrebaria humilde, pois entrou no mundo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Veio para estabelecer seu reino de graça em nossos corações e preparar-nos para o seu reino de glória. Veio não para brandir a espada da condenação, mas oferecer-nos o presente da salvação.

Quando Deus desceu até nós, os anjos celebraram no céu e os homens se alegraram na terra

 Houve glória a Deus no céu e paz na terra entre os homens. O Natal precisa celebrado, pois é uma boa notícia de grande alegria! O Salvador do mundo, o Messias esperado e o Senhor dos senhores veio até nós, como nosso Redentor. Ele é a porta do céu. Ele é o novo e vivo caminho para Deus. Ele o único Mediador entre Deus e os homens. Só em seu nome há salvação. Por meio dele temos livre a acesso à graça e exultamos na esperança da glória.

É tempo de recristianizarmos o Natal e devolvê-lo a seu verdadeiro dono

 É tempo de celebrarmos Cristo e não a nós mesmos. É tempo de nos prostrarmos diante dele para adorá-lo, como o fizeram os magos do Oriente e não fazermos festa para nós mesmos. É tempo de nos alegrarmos com grande e intenso júbilo, porque Deus nos amou de tal maneira que nos deu seu próprio Filho Unigênito, para que nele pudéssemos ter a vida eterna. Eis o conteúdo do Natal! Eis o propósito do Natal! Eis a glória do Natal! Deus desceu até nós para nos tirar do império das trevas e da escravidão do pecado. Deus desceu até nós para nos adotar como seus filhos. Deus desceu até nós para nos dar vida e vida em abundância!

Eis a magia do Natal: Deus se dá a nós. O ato de dar algo de presente expressa que nós mesmos somos presenteados. Hoje em dia, a maioria das pessoas provavelmente tem vontade de um presente que seja expressão de amor. Quando coloco meu coração num presente, este chega até o outro e satisfaz seu desejo. Presentear é um sinal de amor e de relações vivas. “Eu estarei sempre com vocês” (cf. Mt 28,20). Por isso, não há porque desanimar diante das inevitáveis incompreensões e dificuldades. Pois, como dizia Paulo, a partir da sua experiência prática de missionário, quando Deus está conosco nada estará contra nós (cf. Rm 8,11).

Padre Lício de Araújo Vale – Diocese de São Miguel Paulista (SP)

Publicado em Vatican News.

Um cordel sobre o presépio

O agente da Pastoral Familiar Gerardo Carvalho Frota, da paróquia de Nazaré, na arquidiocese de Fortaleza (CE), enviou para o Portal Vida e Família um cordel sobre o presépio, com o título Presépio: Sinal do Natal Cristão.

Também conhecido por Pardal, Gerardo é professor, jornalista e poeta cordelista. Sua composição foi feita após a última reunião da Pastoral Familiar, na qual o padre diretor espiritual fez uma explanação sobre os personagens do presépio.

Confira:

PRESÉPIO: SINAL DO NATAL CRISTÃO

Foi na cidade de Creccio (*)
Que Francisco viu uma gruta
O Santo achou parecida
Com a manjedoura impoluta
Que o menino-Deus nasceu.
Nesta hora apareceu
Uma ideia resoluta:

São Francisco quis fazer
Ao vivo o acontecimento
Do Natal ali na gruta
Pro nosso contentamento.
Conta pra João Velita
Que achou a ideia bonita
E ajudou no grande intento!

Veja o que Francisco fez
Como ele preparou
Naquela gruta o PRESÉPIO
Um burrinho e um boi e levou.
Encheu a concha de feno
Nela de um Jesus pequeno
Uma imagem colocou.
____________________
(*) Cidade italiana na região de Lazio

Camponeses e pastores
Dos vales das regiões
Se aproximaram da gruta
Cantando bela canções.
Vinham com fachos de luz
Era o Natal de Jesus
Alegrando os corações!

À meia noite uma missa
Na gruta então foi rezada.
Os frades vinham de longe
De região afastada
E ao redor do grande altar
Todos ali a coroar
Uma festa inusitada.

Logo depois do evangelho
O santo a todos pregava
Discorreu sobre o mistério
Que Deus nos proporcionava.
Era tão grande a alegria
Que até os lábios lambia
Quando de Jesus falava!

Ao pronunciar “Belém”
A sua voz parecia
Com a de um anjo de paz
Pois o que ali acontecia
Neste verso verbalizo:
“A noite no paraíso”
Por tão perfeita alegria!

Depois de contada a história
De como o Santo de Assis
Teve a ideia do presépio
Como uma força motriz.
Veja agora os personagens
Do PRESÉPIO e suas mensagens
Pra tornar um Natal Feliz.

O primeiro personagem
Foi o ANJO anunciador
O famoso GABRIEL
Vindo de Nosso Senhor
Para dizer à MARIA
A grande Graça e alegria
De gestar o SALVADOR!

Maria sem entender nada
Quando ouviu a saudação
Do anjo que lhe abordava
Estremeceu o coração.
Com a divina sapiência
Ela mostrou obediência
Disse SIM como opção…

Depois vemos São José
Que foi o pai adotivo
De Jesus Menino-Deus
Que num momento furtivo
Achou que tinha certeza
De abandonar sua princesa
E tentou criar um motivo.

Temos o mais importante
O Jesus Filho de Deus
O Menino que nasceu
Para a salvação dos seus.
Aquele já anunciado
Por profetas do passado
Desde os tempos dos hebreus.

Nasceu num ambiente pobre
Uma espécie de curral
Onde só tinha capim
Comida para animal.
Fizeram um berço e em Jesus
Se agasalhava uma luz
Pra dissipar todo o mal!

Temos o jumento e o boi
Que ali estão representando
O jumento são os pagãos
Que Jesus está chamando
Para uma conversão
À humildade do cristão
Que estava se inaugurando.

O boi então representa
A força também a bondade
Do povo de Deus o hebreu
O sacrifício e a humildade.
O jumento e o boi se encontram
Pra acabar o que lhes afrontam:
Desunião e má vontade…

Temos também os pastores
Homens marginalizados
Pessoas que a sociedade
Via cheios de pecados.
Enquanto o Menino-Deus
Tinha como filhos seus
Muito bem abençoados…

Tem as figuras dos anjos
Anunciando aos pastores
A chegada do Messias
Com suas vozes de cantores:
“Glória a Deus Pai de bondade
E aos homens de boa vontade
Que da paz são construtores”.

As ovelhas por sua vez
Tinham ali o seu ofício
Um símbolo que Jesus
Veio para o sacrifício
Por todos nós pecadores
Pra nos libertar das dores
Que trazem tanto suplício.

Um sinal no céu surgiu
Tipo uma estrela cadente
Os reis magos entenderam
Que o menino no oriente
Nasceu conforme o profeta
Traçaram logo uma meta
Para lhe entregar presente!

Melchior e Baltasar
E Gaspar ofereceram
Presentes: Incenso e Mirra
E o Ouro que enalteceram
O menino ora nascido
O esperado o prometido
Por vates que O antecederam.

Cada presente que deram
Tinha uma significação
O ouro era a realeza
A mirra era a paixão.
O incenso era divindade
De Jesus junto à Trindade
Desde a sua criação…

Depois de contar a história
Do presépio e suas figuras
Bom será nos perguntar:
Como estão nossas fissuras
Na mente e no coração
Na hora de ser cristão
Temos fortes estruturas?

Natal comercializado
É o que tem o papai noel
De lucro desenfreado
De venda feita a granel.
Enquanto o maior presente
Deve estar dentro da gente
Que é Jesus o Emanuel…

Nosso natal é o cristão
Pois queremos renascer
Numa conversão contínua
Para o amor sempre viver
Um eterno natal de luz
Em que o Menino Jesus
Alimente nosso ser!
FIM
Fortaleza, dezembro/2020

Autor: Gerardo Carvalho Frota (Pardal)

Publicado em Porta vida e Família.

Leia mais:

O primeiro presépio foi de São Francisco

O presépio é talvez a mais antiga forma de caracterização do Natal. Sabe-se que foi São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, em 1223, o primeiro a usar a manjedoura com figuras esculpidas formando um presépio, tal qual o conhecemos hoje. A idéia surgiu enquanto o santo lia, numa de suas longas noites dedicadas à oração, um trecho de São Lucas que lembrava o nascimento de Cristo. Resolveu então montá-lo em tamanho natural, em uma gruta de sua cidade. O que restou desse presépio encontra-se atualmente na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.

Presépio significa em hebraico “a manjedoura dos animais”, mas a palavra é usada com freqüência para indicar o próprio estábulo. Jesus ao nascer foi reclinado em um presépio que provavelmente seria urna manjedoura, como as muitas que existiam nas grutas naturais da Palestina, utilizadas para recolher animais. Outra versão é que o presépio de Jesus era feito de barro, aproveitando-se uma saliência da rocha e adaptando-a para tal finalidade. Esta é, sem dúvida, a versão mais aceita.

O presépio de São Francisco incluía uma manjedoura, acima da qual foi improvisado um altar. Nesse cenário ocorreu a missa da meia-noite, na qual o próprio santo com a vestimenta de diácono cantou o Evangelho juntamente com o povo simples e pronunciou um sermão sobre o nascimento do Menino Jesus.

Conta-se que naquela noite especial, enquanto o santo proferia as palavras do Evangelho sobre o nascimento do Menino Jesus, todos os presentes puderam ver uma criança em seu colo, envolvida em um raio de luz. A cena foi narrada em 1229 por Tommaso da Celano, biógrafo de São Francisco de Assis. Desde então, os presépios foram se tornando cada vez mais populares e, além das figuras tradicionais do Menino Jesus deitado na manjedoura, Maria e José, acabaram incluindo uma enorme variedade de personagens como os pastores, os Reis Magos, a estrela e os animais.

No Brasil, em muitos estados do Nordeste, até hoje a montagem dos presépios é acompanhada de danças e festejos conhecidos como Pastorinhas, versões brasileiras dos autos de Natal, que eram encenações do nascimento de Jesus típicas de algumas regiões da Europa, como a Provença, na França.

Publicado em Paróquia N.Sra. Mãe da Divina Providência.

Imagem: Paróquia N.Sra. da Divina Providência.