Proposta de cancelamento da dívida externa do Haiti pela Cáritas Internacional e pedido de organizações católicas para que crianças desacompanhadas em todo território haitiano sejam protegidas do tráfico de seres humanos (Agência Zenit – Roma)

Fonte: ZENIT – “O mundo visto de Roma” http://www.zenit.org/article-24081?l=portuguese 12-02-2010

Cáritas chama a cancelar dívida externa do Haiti

Apelo aos organismos financeiros internacionais

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- Cáritas Internationalis manifestou sua “decepção” com a falta de vontade política do Fundo Monetário Internacional (FMI) para decidir o cancelamento total da dívida pendente do Haiti, durante a reunião do Fundo celebrada na semana passada. Por outro lado, a instituição caritativa expressou sua satisfação com a recente decisão do FMI de conceder ao Haiti uma ajuda de 102 milhões de dólares, com condições muito favoráveis, para enfrentar as necessidades do país após o terremoto. Se bem que o diretor gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, ofereceu seu apoio às iniciativas orientadas a pedir o cancelamento das dívidas do Haiti e assinalou que o Fundo “está trabalhando com todos os doadores com a finalidade de tentar cancelar todas as dívidas do país, incluindo este novo empréstimo”, Cáritas recorda que “esse cancelamento da dívida poderia ser concedido dentro de cinco anos, quando o Haiti terá de começar a pagar as quotas da dívida”. “Dentro de cinco anos, o mundo estará enfrentando novas emergências e a atenção pública já não estará centrada no Haiti”.

Cáritas chama a atenção para as “surpreendentes imagens que nos chegam de Porto Príncipe, que demonstram que terão de passar muitos anos antes do Haiti se encontrar em situação de cobrir um empréstimo internacional”. Para a Cáritas Internacionalis, “agora é o momento de cancelar a dívida”. Por isso, exorta o FMI a garantir a eliminação da dívida já, quando o Haiti luta por sua reconstrução. Esse pedido também se estende ao Banco Mundial, com o qual o Haiti tem contraída uma dívida de 39 milhões de dólares; e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, ao qual o país caribenho deve 447 milhões de dólares. Apesar de que ambas entidades adiantaram seu apoio ao cancelamento da dívida, ainda não se estipulou oficialmente um acordo neste sentido. (ZENIT)

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Fonte: ZENIT http://www.zenit.org/article-24069?l=portuguese

Organizações católicas pedem que crianças haitianas sejam protegidas

Para prevenir o tráfico de vítimas do terremoto

WASHINGTON, D.C., quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- Diversas organizações católicas se uniram para elaborar um documento no qual pedem por programas de proteção a crianças em todo o território do Haiti, para evitar que menores desacompanhados sejam vítimas do tráfico de seres humanos.

A carta, publicada na sexta-feira passada pela Conferência Episcopal dos EUA, propõe várias medidas para ajudar os órfãos haitianos. O texto foi enviado à secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, à secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, e à secretária de Serviços de Saúde e Humanos, Kathleen Sebelius.

“A compaixão do povo dos Estados Unidos tem sido evidente na sua resposta às crianças haitianas que ficaram desamparadas após o terremoto, que incluiu várias ofertas de adoção”, indica a carta.

“Como prestadores de serviços sociais com experiência no cuidado de menores não acompanhados, acreditamos que certos processos devem ser estabelecidos antes dessas crianças serem trazidas para os EUA e envolvidas nos procedimentos legais de adoção”, dizem.

Também destacam a “necessidade de assistência especial e proteção” destas crianças.

Alta prioridade

“Estas medidas visando a garantia da segurança e o auxílio material das crianças, que de outro modo poderiam ser objeto de sequestros e do tráfico de seres humanos, deveriam constituir a mais alta prioridade”, indica a carta.

Os lideres católicos destacam que as ações devem necessariamente envolver especialistas em bem-estar infantil, “capazes de tomar decisões tendo em visita o melhor para cada criança”, e enfatizam a necessidade de localizar a família na tentativa de encontrar familiares vivos, privilegiando uma reunificação sempre que possível.

“Reunificação familiar é um objetivo importante que deve ser priorizado, e caso não seja possível, a melhor solução seria encontrar um tutor no próprio Haiti”, afirmam.

A carta pede que as crianças desacompanhadas sejam levadas para abrigos específicos, onde ficariam aos cuidados de profissionais especializados, e onde fosse facilitado um possível reencontro com a família ou um processo de adoção por famílias cuidadosamente selecionadas.

Para as crianças que têm pais ou familiares vivendo nos EUA, os representantes pediram por uma “aceleração nos trâmites de imigração, para ajudá-las a ingressar no país”.

“Com base em nossa experiência trabalhando com crianças em contextos de desastres ou de deslocamentos forçados, entendemos que não é benéfico nem para a criança do Haiti, nem para o país como um todo, que os menores desacompanhados sejam retirados de seu país de origem sem uma cuidadosa avaliação”.

Os líderes católicos expressaram ainda seu desejo de continuar trabalhando com as autoridades norte-americanas para “garantir que estas crianças vulneráveis, assim como as demais vítimas do terremoto, recebam o cuidado e o apoio que necessitam para retomar suas vidas”. (ZENIT)

Memória: Santos Inocentes – Mártires – 28 de dezembro – in “Catolicismo”

Fonte/imagem/matéria: Campanha “Nascer é um Direito”

Matéria – Entrevista com Padre Luiz Lodi da Cruz: “Aborto, jamais. Nenhuma circunstância o justifica”. Aconselhamento.
9/6/2008 – Revista Catolicismo

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Hoje, 30 de dezembro, ante-véspera das comemorações do “Final de Ano”, que se darão no mundo inteiro, é um bom dia para pensarmos nas crianças que nascem sob a égide da injustiça. Há cinco dias comemoramos o Natal (onde o “papai-noel” foi o centro da festa”…), e recordamos a “saga” do Menino Jesus, da concepção à fuga para o Egito. No final das contas, Jesus Menino era um “refugiado” já no ventre da Virgem Maria, acompanha de seu esposo, São José. Estes, certamente são protetores especiais de todos que por eles clamam, porque estão em trânsito, de um país a outro, tanto por perigo de extermínio, quanto, por melhores condições de vida.

Sob outro aspecto, os bebês, as crianças pobres de nosso tempo terão uma heróica mãe subnutrida, desnutrida para os amamentar. E, isto vem se espalhando pelos quatro cantos do planeta, em meio ao prometido e alardeado progresso do binômio “Ciência&Tecnologia”, de fato, não cumprido. é quase um clichê na boca dos tecnocratas e dos burocratas políticos. Não se restringe portanto tão somente aos chamados “Terceiro” e Quarto” Mundos. O “problema”, ou seja, povos itinerantes, trazido pela “ambígua” globalização (ambiguidadade proposital, sem dúvida) começa a minar suas próprias economias nacionais – as do “Primeiro”. Efeito reverso…

Tudo se passa com um indiferença brutal em bairros paupérrimos, na África, na Ásia, e mais recentemente em redutos de pessoas que fogem da miséria de seu país. Nestes guetos, situados em países ricos, não há mais compaixão pela situação em que vivem, salvo exceções. É graça divina o fato de existirem (sem desistência) – iniciativas individuais, de organismos não governamentais sérios, da Igreja Católica e outras igrejas cristãs.

No caso, dos guetos do “Primeiro Mundo”, ao final e ao cabo, por não serem brancos, estes bebês se tornarão trabalhadores “escravos” de pessoas abastadas… São por elas exploradas devido à sua condição de ilegalidade, que remonta a seus pais, avós, tios, etc.. Moram em antros, abandonados pelo poder público que não os legaliza, perseguindo-os como animais, desde os jovens aos mais velhos. Enquanto bebês e crianças não têm direito à assistência pública ampla do país em que são chamados “apátridas”, isto é, sem país. A contradição é que seus pais e familiares lá residem há décadas… Eu diria que os governos fazem “vista grossa” porque, geração após geração, se tornam mão-de-obra barata… Quem vai recolher o lixo, varrer as ruas, limpar prédios turísticos antigos, servir e preparar os jantares, com requintes mantidos há séculos?

O texto abaixo também menciona a naturalização ou banalização, por parte das autoridades públicas, em âmbito mundial, que se dá a partir de propaganda e iniciativas a favor da legalização do aborto. No mundo, a partir desta realidade mais recente (porque, ao que parece, orquestrada…), milhões de bebês-embriões, em clínicas, legais ou ilegais, afora os ambientes sem quaisquer condições de higiene são privados do direito mais elementar: nascer!

Levam faixas e nas ruas gritam suas teorias “pró-escolha”, mas diariamente, de fato, dizem um silencioso e nefasto NÃO à VIDA!

Lembro então que, tudo, desde o início dos tempos, está sendo escrito no Livro da Vida, tanto o bem que fazemos, quanto o mal que perpetramos e não nos arrependemos diante de Deus, o Criador de tudo, de todas as vidas…

Pensando bem, a Humanidade há muito não tem o que comemorar. Esqueceu deliberadamente de praticar o bem que é possível, do amor e de sua partilha…

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Dia dos SANTOS INOCENTES – MÁRTIRES

28 de dezembro

Neste dia a Igreja recorda os meninos inocentes de Belém e arredores, de idade inferior a dois anos, os quais, conforme o relato do Evangelho, foram arrancados de suas mães e assassinados cruelmente, por ordem de Herodes. Embora não tivessem uso da razão, morreram por Cristo Jesus, e por isso a Igreja os honra com o título de mártires.

Em nossos dias, assistimos a uma nova matança dos inocentes, desta vez – é triste reconhecê-lo – tantas e tantas vezes perpetrada pelas próprias mães desnaturadas! De fato, em que consiste o aborto voluntariamente provocado? Consiste, pura e simplesmente, no assassinato do filho pela própria mãe. O feto, ou seja, o ser humano desde o momento da concepção até o do nascimento, é um ser distinto de sua mãe. Eliminar o embrião, seja em que fase for de seu desenvolvimento, é um assassinato que viola os direitos humanos. Ora, com toda a naturalidade se vai disseminando a prática pecaminosa do aborto, consagrada e protegida pelas legislações! E em alguns casos são legalmente punidos médicos ou enfermeiras católicos que em consciência se recusam a participar desses crimes!

Fonte: “Cada dia tem seu Santo”, de A. de França Andrade.

“AO NASCIMENTO DE JESUS”, “PARA A NATIVIDADE”, “AO NASCIMENTO DO MENINO JESUS” – Poesias XI-XIII-XIV – Santa Teresa de Jesus

NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
A caminho de Belém..

Fonte/imagens: Blog da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares – Província São José (Liturgia)

“Deus se faz um Menino indefeso a fim de vencer a soberba, a violência, o ímpeto de possuir do homem.”

(Bento XVI – 23/12/2009)

Frase extraída do Blog da OCDS.
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Fonte: Obras Completas – Santa Teresa de Jesus – Edição brasileira estabelecida a partir de texto revisado e anotado por Frei Tomas de La Cruz O.C.D.  Editorial Monte carmelo, Burgos, 1997. Edições Loyola,  2002 (2ª edição), São Paulo, Brasil.

Nota 1 (pg.983) – Poesia XI Nas poesias que tratam do nascimento do Menino Deus, Santa Teresa figura os pastores (Gil, Vicente, Pascoal, Brás, Menga, etc.) falando entre si.

XI

AO NASCIMENTO DE JESUS

Ò pastores que velais,

A guardar vosso rebanho, Eis que vos nasce um Cordeiro,

Filho de Deus soberano.

Vem pobre, vem desprezado,

Tratai logo de o guardar.

Porque o lobo o há de levar

sem que o tenhamos gozado.

– Gil, dá-me aquele cajado.

Vou tê-lo nas mãos todo o ano,

Não se nos leve o Cordeiro:

Não vês que é Deus Soberano?

Sinto-me todo aturdido

De gozo e pena. e pergunto:

– Se é Deus o que hoje é nascido,

Como pode ser defunto?

É que é homem e Deus junto;

governa o destino humano;

Olha que o nosso Cordeiro

Filho é Deus Soberano.

Não sei para que é que o pedem,

Pois lhe dão depois tal guerra.

-Olha, Gil melhor será

Que se torne à sua terra…

Mas se todo o bem encerra,

E apaga o pecado humano,

Já que é nascido, padeça

Este Deus tão soberano.

Pouco te dói sua pena!

Tanto é certo que esquecemos

O que os outros por nós sofrem,

Se proveito recebemos!

No vês que um dia o teremos

Pastor do gênero humano?

Contudo é coisa tremenda

Que morra Deus soberano.

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XIII

PARA A NATIVIDADE

Já Deus nos há dado

O amor: assim, pois,

Não há que temer,

Morramos os dois.

Seu Único Filho

O Pai nos envia:

Nasce hoje na lapa,

Da Virgem Maria.

O homem – que alegria!

É Deus: assim, pois,

Não há que temer,

Morramos os dois.

– Olha bem, Viente:

Que amor! e que brio!

Vem Deus, inocente,

A padecer de frio;

Deixa o senhorio

Que tem; assim, pois,

Não há que temer,

Morramos os dois.

– Mas como Pascoal,

tem tanta franqueza,

Que veste saial,

Deixando riqueza?

Mais quer a pobreza!

Sigamo-lo pois:

Se já vem feito homem,

Morramos os dois.

Mas qual sua paga

Por tanta grandeza?

– Só grandes açoites

Com muita crueza.

– Que imensa tristeza

Teremos depois!

Ah! se isto é verdade,

Morramos os dois.

– Mas como se atrevem,

sendo Onipotente?

– Será morto um dia

Por perversa gente.

–  Se assim é, Vicente,

Furtemo-lo pois:

-Não vês que o deseja?

Morramos os dois!

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XIV

AO NASCIMENTO DO MENINO JESUS

Galego, quem chama aí fora?

– São Anjos, à luz da aurora.

– Grande rumos ouço ao longe

Que parece cantilena,

– vamos ver, Brás, – que amanhece –

A Zagala tão serena.

–  Galego, quem chama aí fora?

– São Anjos, à luz da aurora.

Será do alcaide parenta?

Ou quem é esta donzela?

É Filha do Eterno Padre

E reluz como uma estrela.

Galego, quem chama aí fora?

São Anjos, à luz da aurora.

São João da Cruz, o “Doutor Místico” – 14 de dezembro (memória) – Site “Igrejas Católicas Orientais”

Fonte/imagem-textos: Igrejas Católicas Orientais http://www.igrejascatolicasorientais.com/ : “Una, Santa, Católica e Apostólica – A Igreja de Jesus Cristo)   –  http://www.igrejascatolicasorientais.com/artigos/SAO_JOAO_DA_CRUZ.htm

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SÃO JOÃO DA CRUZ: O DOUTOR MÍSTICO

Conheçamos mais um dos baluartes da gloriosa Ordem Carmelita Descalça: seu fundador, São João da Cruz. Ele nasceu em 1542, talvez no dia 24 de junho, em Fontiveros, província de Ávila, na Espanha. Seus pais se chamavam Gonzalo de Yepes e Catalina Alvarez. Gonzalo pertencia a uma família de posses da cidade de Toledo. Por ter-se casado com uma jovem de classe “inferior” foi deserdado por seus pais e tornou-se tecelão de seda.  Em 1548, a família muda-se para Arévalo. Em 1551 transfere-se para Medina Del Campo, onde o futuro reformador do Carmelo estuda numa escola destinada a crianças pobres. Por suas aptidões, torna-se empregado do diretor do Hospital de Medina Del Campo. Entre 1559 a 1563 estuda Humanidades com os Jesuítas. Ingressou na Ordem dos Carmelitas aos vinte e um anos de idade, em 1563, quando recebe o nome de Frei João de São Matias, em Medina Del Campo. Pensa em tornar-se irmão leigo, mas seus superiores não o permitiram. Entre 1564 e 1568 faz sua profissão religiosa e estuda em Salamanca. Tendo concluído com êxito seus estudos teológicos, em 1567 ordena-se sacerdote e celebra sua Primeira Missa.

Infelizmente, ficou muito desiludido pelo relaxamento da vida monástica em que viviam os conventos carmelitas. Decepcionado, tenta passar para a Ordem dos Cartuxos, ordem muito austera, na qual poderia viver a severidade de vida religiosa à que se sentia chamado. Em setembro de 1567 encontra-se com Santa Teresa, que lhe fala sobre o projeto de estender a Reforma da Ordem Carmelita também aos padres. O jovem de apenas vinte e cinco anos de idade aceitou o desafio. Trocou o nome para João da Cruz. No dia 28 de novembro de 1568, juntamente com Frei Antônio de Jesús Heredia, inicia a Reforma. O desejo de voltar à mística religiosidade do deserto custou ao santo fundador maus tratos físicos e difamações. Em 1577 foi preso por oito meses no cárcere de Toledo. Nessas trevas exteriores acendeu-se-lhe a chama de sua poesia espiritual. “Padecer e depois morrer” era o lema do autor da “Noite Escura da alma”, da “Subida do monte Carmelo”, do “Cântico Espiritual” e da “Chama de amor viva”.

A doutrina de João da Cruz é plenamente fiel à antiga tradição: o objetivo do homem na terra é alcançar “Perfeição da Caridade e elevar-se à dignidade de filho de Deus pelo amor”; a contemplação não é um fim em si mesma, mas deve conduzir ao amor e à união com Deus pelo amor e, por último, deve levar à experiência dessa união à qual tudo se ordena ““.Não há trabalho melhor nem mais necessário que o amor “, disse o Santo”.Fomos feitos para o amor ““.O único instrumento do qual Deus se serve é o amor ““.Assim como o Pai e o Filho estão unidos pelo amor, assim o amor é o laço da união da alma com Deus ““.

O amor leva às alturas da contemplação, mas como o amor é produto da fé, que é a única ponte que pode salvar o abismo que separa a nossa inteligência do infinito de Deus, a fé ardente e vívida é o princípio da experiência mística. João da Cruz costuma pedir a Deus três coisas: que não deixasse passar um só dia de sua vida sem enviar-lhe sofrimentos, que não o deixasse morrer ocupando o cargo de superior e que lhe permitisse morrer humilhado e desprezado.

Faleceu no convento de Ubeda, aos quarenta e nove anos, à meia-noite do dia 14 de dezembro de 1591, após três meses de sofrimentos atrozes.  Seu corpo foi trasladado para Segovia em maio de 1593. A primeira edição de suas obras deu-se em Alcalá, em 1618. No dia 25 de janeiro de 1675 foi beatificado por Clemente X. Foi canonizado em 27 de dezembro de 1726 e declarado Doutor da Igreja em 1926 por Pio XI. Em 1952 foi proclamado “Patrono dos Poetas Espanhóis”.

Talvez a mais bela e completa descrição física e espiritual do Santo Fundador tenha sido feita por Frei Eliseu dos Mártires que com ele conviveu em Baeza: “Homem de estatura mediana, de rosto sério e venerável. Um pouco moreno e de boa fisionomia. Seu trato era muito agradável e sua conversa bastante espiritual era muito proveitosa para os que o ouviam. Todos os que o procuravam saíam espiritualizados e atraídos à virtude. Foi amigo do recolhimento e falava pouco. Quando repreendia como superior, que o foi muitas vezes, agia com doce severidade, exortando com amor paternal”.Santa Teresa de Jesus o considerava “uma das almas mais puras que Deus tem em sua Igreja. Nosso Senhor lhe infundiu grandes riquezas da sabedoria celestial. Mesmo pequeno ele é grande aos olhos de Deus. Não há frade que não fale bem dele, porque tem sido sua vida uma grande penitência”. Poucos homens falaram dos sublimes mistérios de Deus na alma e da alma em Deus como São João da Cruz. Santa Teresinha conheceu João da Cruz quando ainda vivia nos Buissonnets. Ela, em seus escritos, refere-se ao Santo Fundador cento e seis vezes, direta ou indiretamente, e confessa a forte influência que dele recebeu: “Ah, que luzes hauri nas obras de Nosso Pai São João da Cruz!… Com a idade de 17 a 18 anos, não tinha outro alimento espiritual…” (MA 83r).

PENSAMENTOS DE SÃO JOÃO DA CRUZ

Extraídos do livro “O Amor não cansa nem se cansa”, seleção de textos feita por Frei Patrício Scidiani, ocd, Editora Paulus, 2a. ed.

Dizem assim:

Para chegares a saborear tudo,

Não queiras ter gosto em coisa alguma.

Para chegares a possuir tudo,

Não queiras possuir coisa alguma.

Para chegares a ser tudo,

Não queiras ser coisa alguma.

Para chegares, a saber, tudo,

Não queiras saber coisa alguma.

Para chegares ao que não gostas,

Hás de ir por onde não gostas.

Para chegares ao que não sabes,

Hás de ir por onde não sabes.

Para vires ao que não possuis,

Hás de ir por onde não possuis.

Para chegares ao que não és,

Hás de ir por onde não és.

Modo de não impedir o tudo:

Quando reparas em alguma coisa,

Deixas de arrojar-te ao tudo.

Porque para vir de todo ao tudo,

Hás de negar-te de todo em tudo.

E quando vieres a tudo ter,

Hás de tê-lo sem nada querer.

Porque se queres ter alguma coisa em tudo,

Não tens puramente em Deus teu tesouro.

Que mais queres, ó alma, e que mais buscas fora de ti,

se encontras em teu próprio ser a riqueza, a satisfação,

a fartura e o reino, que é teu Amado a quem procuras e desejas?

….

Em teu recolhimento interior, regozija-te com ele, pois ele está muito perto de ti.

A alma que verdadeiramente ama a Deus não deixa de fazer o que pode para achar o Filho de Deus, seu Amado. Mesmo depois de haver empregado todos os esforços, não se contenta e julga não ter feito nada.

Ó Senhor, Deus meu! Quem te buscará com amor tão puro e singelo que deixe de te encontrar, conforme o desejo de sua vontade, se és tu o primeiro a mostrar-te e a sair ao encontro daqueles que te desejam?

A alma que busca a Deus e permanece em seus desejos e comodismo, busca-o de noite, e, portanto, não o encontrará. Mas quem o busca através das obras e exercícios da virtude, deixando de lado seus gostos e prazeres, certamente o encontrará, pois o busca de dia.

Quando a pessoa abre e se liberta de todo condicionamento, e une perfeitamente sua vontade à de Deus, transforma-se naquele que lhe comunica o ser sobrenatural, de tal maneira que se parece com o próprio Deus e se deixa possuir totalmente por ele.

O amor consiste em despojar-se e desapegar-se, por Deus, de tudo o que não é ele.

A pessoa, cujo estado de perfeição não corresponde à sua própria capacidade, jamais gozará da verdadeira paz e satisfação, porque, em suas faculdades, não chegou ainda àquele grau de despojamento, que se requer para a simples união.

O centro da alma é Deus. Quando a pessoa se encontra com ele, em todas as suas faculdades, energias e desejos, terá atingido o cerne e a raiz mais profunda de si mesma, que é Deus.

Nesta desnudez acha o espírito sua quietação e descanso, pois nada cobiçando, nada o fatiga para cima e nada o oprime para baixo, por estar no centro de sua humildade. Porque quando alguma coisa cobiça, nisto mesmo se cansa e atormenta.

Quanto mais a pessoa se aproxima de Deus, mais profundas são as trevas que sente, e maior a escuridão, por causa de sua própria fraqueza. Assim, quanto mais alguém se aproxima do sol, sentirá, com seu grande resplendor, maior obscuridade e sofrimento, em razão da fraqueza e incapacidade de seus olhos.

Quem não procura senão a Deus não anda nas trevas, por mais fraco e pobre que seja.

Todo poder e liberdade do mundo, comparados com a soberania e a independência do espírito de Deus, são completa servidão, angústia e cativeiro.

Deus é inacessível. Não repares, portanto, no que as tuas faculdades podem compreender, nem teus sentidos experimentar, para que não te satisfaças com menos e assim perderes a presteza necessária para chegar a ele.

As visões e apreensões dos sentidos não têm proporção alguma com Deus: não podem servir de meio para a união com ele.

Quando a pessoa ama alguma coisa fora de Deus, torna-se incapaz de se transformar nele e de se unir a ele.
A criatura atormenta, e o espírito de Deus gera alegria.
A mosca que pousa no mel não pode voar; a alma que fica presa ao sabor do prazer sente-se impedida em sua liberdade e contemplação.
O caminho da vida é de muito pouco ativismo e barulho. Requer mais mortificação da vontade do que muito saber. Caminhará mais quem carregar consigo menos coisas e desejos.
Quem souber morrer a tudo terá vida em tudo.
A fé e o amor são os dois guias de cego que te conduzirão, através de caminhos desconhecidos, até os segredos de Deus.
O caminho que conduz a vós, Senhor, é caminho santo que se percorre na pureza da fé.
A esperança em Deus só pode ser perfeita quando se afasta da memória tudo o que se contrapõe a Deus.
O amor não consiste em sentir grandes coisas, mas em despojar-se e sofrer pelo Amado.
Por causa de prazeres passageiros, sofrem-se grandes tormentos eternos.
Criatura alguma merece amor senão pelo bem que nela há. Amar desse modo é amar segundo a vontade de Deus e com grande liberdade; e se este amor nos une à criatura, mais fortemente ainda nos une ao Criador.
Quanto mais se acredita em Deus e se serve a ele sem testemunhos e sinais, tanto mais ele é exaltado pelo homem.
O amor não cansa nem se cansa.
Onde não há amor, põe amor e colherás amor.
Para quem ama, a morte não pode ser amarga, pois nela se encontram todas as doçuras e alegrias do amor. Sua lembrança não é triste, mas traz alegria. Não apavora nem causa sofrimento, pois é o término de todas as dores e o início de todo bem.
Para se progredir, o que mais se necessita é saber calar diante de Deus… A linguagem que ele melhor ouve é a do silêncio de amor.
No ocaso da vida serás examinado sobre o amor. Aprende a amar a Deus como ele quer ser amado.
Quando tiveres teus desejos apagados, tuas afeições na aridez e angústias, e tuas faculdades incapazes de qualquer exercício interior, não sofras por isso; considera-te feliz por estares assim. É Deus que te vai livrando de ti mesmo, e tirando-te das mãos todas as coisas que possuis.
O progresso da pessoa é maior quando ela caminha às escuras e sem saber.
À medida que Deus prova o espírito e o sentido, a pessoa vai adquirindo, com sofrimento, virtudes, forças e perfeição.
Enquanto a pessoa não se despojar de tudo, não terá capacidade para receber o espírito de Deus em pura transformação.
O que busca satisfação em alguma coisa não está livre para que Deus o plenifique de seu inefável sabor.
Ainda que estejas no sofrimento, não queiras fazer a tua vontade, pois terás assim o dobro de sofrimento.
Quanto mais Deus quer-se dar, tanto mais desperta em nós o desejo dele, até deixar-nos vazios para encher-nos de seus bens.
A amplidão do deserto ajuda muito o espírito e o corpo. O Senhor se compraz quando também o espírito tem o seu deserto.
Sofrer por Deus é melhor que fazer milagres.
É humilde quem se esconde no seu nada e sabe abandonar-se em Deus.
Põe a atenção amorosamente em Deus, sem ambição de querer sentir ou entender coisa particular a seu respeito.
Quando a alma deseja a Deus com toda a sinceridade, já possui o seu Amado.
Abandone-se a alma nas mãos de Deus e não queira ficar em suas próprias mãos; fazendo assim e deixando livres as potências, caminhará segura.
Quem não busca a cruz de Cristo não busca a glória de Cristo.
Quando tiveres algum aborrecimento e desgosto, lembra-te de Cristo crucificado e cala.
Queres alguma palavra de consolação? Olha o meu Filho, submisso, humilhado, por meu amor, e verás quantas palavras te responde.
Não é bem orientado o espírito que quer caminhar por doçuras e facilidades, fugindo de imitar a Cristo.
A pessoa crucificada interior e exteriormente com Cristo viverá feliz e satisfeita e, na paciência, possuirá a sua alma.
Se quiseres chegar a possuir Cristo, jamais o busques sem a cruz.
Não te detenhas em coisas mesquinhas, nem repares nas migalhas que caem da mesa de teu Pai. Sai, e gloria-te em tua glória; esconde-te nela e aí goza, e alcançarás os pedidos de teu coração.
O amor é a união do Pai e do Filho: e assim é a união da alma com Deus.

Embora a alma tenha altíssimas revelações divinas, a mais elevada contemplação, a ciência de todos os mistérios… Se lhe falta amor, de nada lhe servirá para unir-se a Deus.

Deus só coloca sua graça e predileção numa alma, na medida da vontade e do amor da mesma alma.

O olhar de Deus é amar e conceder favores.

Quando a alma se acha livre e purificada de tudo, em união com Deus, nenhuma coisa poderá aborrecê-la. Daqui se origina para ela, neste estado, o gozo de uma contínua suavidade e tranqüilidade, que ela nunca perde nem jamais lhe falta.

Como a alma já possui, enfim, perfeito amor, é chamada Esposa do Filho de Deus.

Tal é a alma que está enamorada de Deus. Não pretende vantagem ou prêmio algum a não ser perder tudo e a si mesma, voluntariamente, por Deus, e nisto encontra todo o seu lucro.

Não basta que Deus que nos ame para dar-nos virtudes; é preciso que, de nossa parte, também o amemos, a fim de podermos recebê-las e conservá-las.

É próprio do perfeito amor nada querer admitir ou tomar para si, nem se atribuir coisa alguma, mas tudo referir ao Amado. Se nos amores da terra é assim, quanto mais no amor de Deus.

Para Deus, amar a alma é, de certa maneiram integrá-la em si mesmo, igualando-a consigo; ama, então, essa alma, nele e com ele, com o próprio amor com que se ama.

O olhar de Deus produz na alma quatro bens, isto é, a purificam, a favorecem, a enriquecem e a iluminam. É como o sol que, dardejando na terra os seus raios, seca, aquece, embeleza e faz resplandecer os objetos.

Não fujas dos sofrimentos, porque neles está a tua saúde.

Amado meu, tudo o que é difícil e trabalhoso o quero para mim, e tudo o que é suave e saboroso o quero para ti.

Na união com o Amado, à alma verdadeiramente se rejubila e louva a Deus, com o mesmo Deus, e assim este louvor é perfeitíssimo e muito agradável a ele.

Oh, que bens serão aqueles que gozaremos com o olhar da SANTÍSSIMA TRINDADE!

Deus quer mais de ti um mínimo de obediência e docilidade do que todas as ações que realizas por ele.

O falar distrai e o silêncio na ação leva ao recolhimento e dá força ao espírito.

Nenhuma representação ou imaginação serve de meio próximo para a união com Deus; portanto, deve a alma despojar-se de todas elas.

Aprendam a permanecer em Deus, com atenção amorosa, com calma, sem se preocuparem com a imaginação e com as imagens que ela forma. Assim, as faculdades descansam e não atuam; recebem passivamente a ação divina.

Grande mal é olhar mais para os bens de Deus do que para o próprio Deus. Ele pede oração e despojamento.

Ao que está desprendido, não lhe pesam cuidados, na hora da oração ou fora dela.

Para entrar no caminho do espírito (que é a contemplação) deve a pessoa espiritual deixar o caminho da imaginação e da meditação sensível.

O Senhor se comunica passivamente ao espírito, assim como a luz se comunica passivamente a quem não faz mais que abrir os olhos para recebê-la.

É humilde quem se esconde no seu nada e sabe abandonar-se em Deus.

(São João da Cruz)

SÃO JOÃO DA CRUZ – ” O ROUXINOL DO CARMELO”, CRONOLOGIA, OBRAS E SÍNTESE ESPIRITUAL

a) CRONOLOGIA
1542: Nasce em Fontiveros (Ávila), talvez no dia 24 de junho, filho do casal Gonzalo de Yepes e Catalina Alvarez.

1548: Vai residir em Arévalo.

1551: Muda com a família para Medina Del Campo.

1559-63: Cursa humanidades com os Jesuítas de Medina.

1563: Veste o hábito carmelitano, recebendo o nome de Fr. Juan de San Matias, em Medina Del Campo.

1564-68: Professa os votos e estuda em Salamanca na Universidade e no Colégio de San Andrés.

1567: Ordena-se sacerdote e celebra sua Primeira Missa em Medina.

1567: Em setembro se encontra com a Santa Madre Teresa, que lhe fala sobre o projeto da Reforma da Ordem, também entre os religiosos.

1568.28.11: Em Duruelo começa a Reforma com o PE Antonio de Jesús Heredia.

1568-71: Mestre dos noviços em Duruelo, Mancera e Pastrana.

1569: Abre-se o convento de Pastrana e o Santo vai para lá, a fim de suavizar a excessiva dureza de sua vida.

1570: A comunidade de Duruelo se transfere para Mancera

1571: Abril.  Nomeado Reitor do Colégio de Alcalá.

1572-77: Confessor e Vigário na Encarnação, em Ávila.

1577: Na noite de três para 4 de dezembro é levado para o cárcere de Toledo, onde ficará até 15 de agosto de 1578.

Outubro. Prior de Calvano (Jaén).

1579. Reitor do colégio de Baeza.

1581: Março. No Capítulo de Alcalá é nomeado terceiro Definidor, Provincial e Prior de Granada.

1583: Maio. Reeleito Prior de Granada.

1585: Maio. Em Lisboa foi eleito segundo Definidor e em outubro o nomeiam Vigário Provincial de Andaluzia.

1586: Faz a fundação dos padres em Córdoba, Manchuela e Caravaca.

1587: No Capítulo de Valladolid o nomeiam pela terceira vez Prior de Granada.

1588: Junho. No Primeiro Capítulo Geral celebrado em Madrid é nomeado Primeiro Definidor Geral, Prior de Segóvia e Terceiro Conselheiro de consulta.

1591: Junho. Assiste ao Capítulo Geral em Madri e terminam todos os seus cargos.

1591.14.12: Morre em Ubeda (Jaén), à meia-noite, aos 49 anos.

1593: Maio.  Seu corpo é trasladado para Segóvia.Segóvia

1618: Primeira edição de suas obras em Alcalá.

1675.25.1: Beatificado por Clemente X.

1726.27.12: Canonizado por Bento XIII.

1926.24.8: Declarado Doutor Místico da Igreja por Pio Xl.

1952.21.3: Proclamado patrono dos poetas espanhóis.

b) RETRATO DO SANTO
Parece que não se conserva nenhum retrato pessoal, feito a pincel, nenhum desenho.

Mas se conservam maravilhosas descrições de muitos que conviveram com ele e apresentaram depoimentos para o seu processo de beatificação.

Certamente a mais bela e completa descrição foi-nos deixada pelo PE Eliseu dos Mártires, que conviveu com o santo no Colégio de Baeza. Ele nos diz:

“Tinha estatura média, dono de rosto sério e venerável, um pouco moreno e de boa fisionomia; bom no trato e de boa conversação, agradável, homem muito espiritual que trazia muito proveito para os que o ouviam e com ele se comunicavam. E isto o fez tão de modo tão especial e singular, que todos que o procuravam, homens e mulheres, saiam espiritualizados, piedosos e cheios de virtudes.”

Viveu intensamente a oração como trato com Deus. Todas as questões que lhe eram apresentadas sobre estas questões eram respondidas com alta sabedoria, deixando àqueles que o consultavam muitos satisfeitos.

Foi amigo da vida em recolhimento e do pouco falar. Seu riso não era muito freqüente. Era uma pessoa compenetrada.

Quando Superior, o que foi muitas vezes, quando precisava repreender, o fazia com doce severidade, exortando com amor paternal, movido por admirável serenidade e seriedade.

c) PINCELADAS DE SANTA TERESA

* O padre Frei João da Cruz é uma das almas mais puras que Deus tem em sua Igreja. Nosso Senhor lhe infundiu grandes riquezas da sabedoria celeste.

* Ainda criança, tornou-se grande aos olhos de Deus. Não há frade que não fale bem dele, porque toda sua vida foi de grande penitência. Muito me animou a virtude e o espírito que o Senhor lhe deu. Tem uma vida farta em oração e um bom entendimento das coisas de Deus.

* Todos têm Frei João da Cruz como santo.

* “Os ossos daquele pequeno corpo farão milagres”.

d) SUAS OBRAS
Poucos falaram dos mistérios sublimes de Deus na alma e da alma em Deus como este angelical Carmelita de Fontiveros.

Sua prosa e sua poesia são divinas e, como muito bem disse Menéndez y Pelayo, “não se podem avaliar com critérios literários, porque o espírito de Deus embelezou-lhe tudo”.

I. -OBRAS MAIORES:

1. Subida ao Monte Carmelo: É sua obra fundamental. É quase uma única obra com a Noite Escura, começada no Calvário de Jaén, em 1578, e depois continuada em Baeza e Granada.

2. Noite Escura da alma:
A) Livro primeiro, Noite passiva do sentido; consta de 14 cap.
B) Libro segundo: Noite passiva do espírito, consta de 25 cap.

3. Cântico Espiritual. É a mais bela obra do santo. 30 estrofes foram escritas no cárcere. Trata da união com Deus. Consta de 40 estrofes e se divide em três partes.

4. Chama Viva de Amor. Escrita em Granada entre 1585 e 1587, em quinze dias. É o livro mais ardente de todos. Consta de quatro canções com seis versos cada uma.

II. OBRAS MENORES:

1. Avisos: Conselhos que dava às monjas de Beas, quando era seu Confessor.
2. Cautelas: Escreveu-as para as mesmas monjas.
3. Quatro conselhos a um religioso.
4. Cartas: Conservam-se apenas 32 cartas. Devido ao processo que abriram contra ele, muitas cartas foram destruídas.
5. Poesias: As principais são as que aparecem nos grandes tratados: Noite Escura, Cântico Espiritual e Chama.
É sem dúvida o que melhor se escreveu em espanhol.

6. DITOS DE LUZ E AMOR:

Frases de direção para suas carmelitas, que o Santo escrevia ocasionalmente.

A obra sanjuanista – escreveu um ilustre teresianista – se divide em duas partes: “A ensinar os métodos para se conseguir o vazio dos sentidos e as potências da alma mediante engenhosas purificações ativas e passivas se ordenam os dois primeiros tratados de profunda doutrina espiritual e forte consistência: A Subida e a Noite.

Ninguém cantou melhor os amores divinos que o rouxinol do Carmelo. Algumas poesias imediatamente inflamam a alma no mesmo amor em que Deus se abrasa. Sobre seu inspirado lirismo, sobrevoa seu profundo sentido místico.

7) SUA ESPIRITUALIDADE
Impossível sintetizar o maravilhoso magistério vivo e ensinado pelo Doutor Místico em tão breves linhas. O Doutor é a máxima figura mística do Carmelo. À vida ele une a doutrina e a ciência. A santa vida e a ciência sagrada ou a teologia mística são uma só realidade, como o provam suas magníficas obras. Pio XI, que lhe deu o título de Doutor Místico da Igreja, batizou suas obras como “Código e escola da alma fiel que se propõe a empreender uma vida mais perfeita”.  Aqui seguem algumas observações sobre sua rica espiritualidade:

O Santo, em seus escritos, tem sempre presente o fim da vida espiritual, ou seja, Deus, levar as almas a Deus. E subjetivamente uni-las a ele por amor, quer dizer, deseja levar a transformação perfeita em Deus por amor o quanto é possível nesta vida seguindo-se a Jesus Cristo.

Em sua admirável obra recorda a seus leitores freqüentemente o cume daquela montanha e deseja que todos a subam. Ela é a sublime perfeição à qual os encaminha com suas palavras e exemplos convincentes.

Seu raciocínio demonstra que esta subida é necessária porque é um meio indispensável para se despojar de todas as outras coisas, obstáculos para a suprema transformação da alma em Deus.

João da Cruz era um profundo conhecedor do coração humano. Por isso, “como o amor de Deus e o amor da criatura são opostos, é preciso ir limpando a alma do amor das criaturas para que a graça a invista e encha de amor divino”.

E tanto maior será este investimento e plenitude, quanto maior for o vazio da criatura que acha na alma: “Olvido do que é criado, memória do criador, atenção ao interior, e estás amando o Amado”.

Ao ensino os métodos para conseguir este vazio nos sentidos e potências da alma mediante engenhosas purificações ativas e passivas se ordenam os tratados “Subida ao Monte Carmelo” e “Noite Escura da Alma”, ambos de profunda doutrina espiritual e de forte liame lógico.

No Cântico Espiritual e na Chama Viva do Amor, entre metáforas e comparações esplêndidas, tomadas da natureza, vai-se descortinando pouco a pouco as excelências do amor divino nas almas desde os graus inferiores aos mais altos do esposamento e matrimônio espiritual.

Em síntese, pode-se dizer que a grande originalidade do magistério espiritual sanjuanista e o segredo de sua vitalidade encontra-se precisamente na íntima relação entre abnegação e união na vida sobrenatural e, para usar sua terminologia clássica, entre o nada o tudo, que se fundem um no outro.

São João da Cruz, o Doutor Místico, influenciou grandemente a espiritualidade cristã. Alimentou, quando vivo, através de sua direção espiritual e depois de falecido com seus escritos imortais.

Especialmente depois que foi declarado Doutor da Igreja Universal em 1926, suas obras são lidas e citadas por todos os autores espirituais.

Inclusive nossos irmãos da Igreja Anglicana, da Comunidade de Taizé e da Igreja Ortodoxa confessam sua predileção pelo carmelita de Fontiveros.

Literatos, poetas, cientistas e até não-crentes ficam admirados ante a profundidade e a beleza que brotam dos escritos sanjuanistas.

Sua Mensagem

Que Descubramos o tesouro da Cruz;

Que a oração e o silêncio nos levem a descobrir a Deus;

Que sejamos dóceis às inspirações do alto;

Que saibamos perdoar a todos os que nos ofendem.

….

NOITE ESCURA

São João da Cruz

Em uma Noite escura,
com ânsias em amores inflamada,
ó ditosa ventura!,
Saí sem ser notada.
estando minha casa sossegada.

A ocultas, e segura,
pela secreta escada, disfarçada,
ó ditosa ventura!
A ocultas, embuçada,
estando minha casa sossegada.

Em uma Noite ditosa,
tão em segredo que ninguém me via,
nem eu nenhuma coisa,
sem outra luz e guia
senão aquela que em meu seio ardia.
Só ela me guiava,
mais certa do que a luz do meio-dia,
adonde me esperava
quem eu mui bem sabia,
em parte onde ninguém aparecia.

Ó Noite que guiaste!
Ó Noite amável mais do que a alvorada!
Ó Noite que juntaste
Amado com amada,
amada nesse Amado transformada!

No meu peito florido,
que inteiro para ele se guardava,
quedou adormecido
do prazer que eu lhe dava,
e a brisa no alto cedro suspirava.

Da torre a brisa amena,
quando eu a seus cabelos revolvia,
com fina mão serena
a meu colo feria,
e todos meus sentidos suspendia.

Quedei-me e me olvidei,
e o rosto reclinei sobre o do Amado:
tudo cessou, me dei,
deixando meu cuidado
por entre as açucenas olvidado.

….

Tradução de Jorge de Sena [poema].

Postado por “Igrejas Católicas Orientais” – http://www.igrejascatolicasorientais.com/artigos/SAO_JOAO_DA_CRUZ.htm

«Somos as crianças do mundo. Ouvem as nossas vozes?» (Congresso da SIGNIS – Associação Católica Mundial para a Comunicação – 17 a 21 de outubro-Tailândia (Agência Ecclesia)

"Congresso Mundial da Signis 2009 fez dos direitos da infância uma prioridade"

Pax Christi International

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Fonte: Agência Ecclesia Agência de notícias da Igreja Católica em Portugal

26.10.2009

SIGNIS - Asociación Católica Mundial para la Comunicación

Conclusão

«Somos as crianças do mundo. Ouvem as nossas vozes?»

Crianças ainda são demasiadamente invisíveis nos meios de comunicação social

Cerca de 660 participantes de 70 países participaram no Congresso da SIGNIS, Associação Católica Mundial para a Comunicação, que se reuniu entre 17 e 21 de Outubro em Chiang Mai, Tailândia. O encontro teve como tema “Media para uma cultura de paz: Direitos das crianças, uma promessa para o amanhã”.

A assembleia acolheu igualmente uma centena de estudantes entre os 13 e 15 anos, provenientes das escolas da região, que participaram num atelier sobre “direitos da criança num mundo digital”. O congresso contou também com a presença de dez jovens jornalistas de vários países asiáticos.

A infância foi também evocada através da exibição de 200 lenços com mensagens e impressões de palmas das mãos de crianças de todo o mundo.

“As crianças e a juventude desafiaram a SIGNIS a assumir seriamente o nosso papel na promoção dos direitos dos mais novos, no contexto de sociedades que estão a ser transformadas através dos media”, afirmou o secretário-geral da organização, Alvito de Souza.

Promessa de amanhãs melhores

O presidente do comité organizador do congresso, Chainarong Monthienvichienchai, lembrou que “quando perguntavam ao futebolista Johan Cruyff o que fazia dele um jogador excepcional, ele respondia que ia para onde a bola se dirigia, e não para onde ela estava. Este ponto de vista tornou-se o lema de todos aqueles que estão comprometidos nas comunicações sociais, isto é, ir para onde está o futuro”, ou seja, para junto “das crianças, que são a nossa promessa de amanhã”.

A SIGNIS, por seu lado, “terá que se adaptar para continuar a ser relevante e activa num panorama digital em mudança”, defendeu Alvito de Souza.

“Com as crianças, para as crianças, dando voz aos sem voz: apesar destas intenções tantas vezes repisadas, as crianças são ainda demasiadamente invisíveis nos media; devemos fazer mais”, afirmou o presidente da SIGNIS no discurso de abertura do congresso.

“As autoridades eclesiais, em particular, devem renovar o seu apoio aos profissionais leigos que trabalham nos meios de comunicação católicos e que se encontram numa posição única para assumir de maneira criativa os desafios de um mundo digital, para o bem das nossas crianças”, que são a “promessa de amanhãs melhores”, referiu Augustine Loorthusamy.

Na mensagem dirigida ao Congresso, Bento XVI assinalou que a maneira como as crianças são formadas pelos media e o modo como os mais novos são educados a dar-lhes uma resposta apropriada “devem estar no centro das preocupações dos profissionais da comunicação”.

O primeiro-ministro tailandês, Abhisit Vejjajiva, enviou uma saudação de boas-vindas aos participantes, escrevendo que os “os media têm uma grande influência nos comportamentos, e neste mundo sem fronteiras podem ajudar a preparar as gerações futuras a construir a paz e a harmonia”.

Vídeo dedicado aos direitos das criançasBICE - Bureau International Católica da Infância

Os participantes do congresso assistiram à exibição de um vídeo sobre os direitos da infância, produzido pela SIGNIS e pelo Gabinete Internacional Católico para a Infância.

O documentário apresenta os comentários de crianças de treze países sobre questões relacionadas com respeito, pobreza, violência, família, trabalho, educação, saúde, deficiências físicas, justice e tecnologia.
Internacional | Rui Martins | 2009-10-26 | 16:04:05  Comunicações Sociais

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SIGNIS reflecte sobre «Media para uma cultura de Paz: direitos das crianças, promessa de amanhã»

Agência Ecclesia

A influência que os media exercem nas crianças pode conduzi-las a uma progressiva desumanização ou, pelo contrário, a contribuírem para a edificação da paz. É esta ambivalência que a SIGNIS (Associação Católica Mundial para a Comunicação) debate desde Sábado no seu congresso mundial, que se realiza em Chiang Mai, Tailândia.

Na mensagem que dirigiu aos participantes, Bento XVI afirma que a relação dos mais novos com os meios de comunicação social “pode perceber-se em duas direcções: por um lado são os media que formam as crianças; por outro, as crianças estão cada vez mais predispostas a responder adequadamente aos media”.

O encontro de 2009 será “um congresso de transformação”, prometeu o presidente da SIGNIS, Augustine Loorthusamy, na alocução de boas vindas.

“Se o tema do nosso congresso são os media para um cultura de paz, é porque o nosso mundo ainda está marcado por conflitos sangrentos e destrutivos. Continua-se a explorar, abusar e a matar as pessoas. A busca da paz é a razão da nossa existência. Isso é ser Igreja no mundo de hoje”, afirmou o responsável.

Construir pontes

O presidente da SIGNIS recordou que “dois terços da população mundial é jovem. São o nosso futuro e, portanto, devem ser a nossa preocupação. Se queremos que este encontro seja de transformação, tem que ser um congresso para construir pontes.”

Augustine Loorthusamy recordou que essas ligações também devem ser estabelecidas entre pessoas de diferentes credos. “Não é por acaso que este congresso se realiza num país budista. Se a SIGNIS é o braço comunicativo da Igreja, então deve levar por diante a sua missão com povos de diferentes confissões.”

O congresso, que terminará a 21 de Outubro, reúne centenas de profissionais da comunicação de todo o mundo. “Questões globais actuais sobre direitos humanos e direitos das crianças”, “Novas perspectivas sobre media e transformação social” e “O desafio de crescer numa era digital” são alguns dos temas a abordar durante o encontro.

Com Rádio Vaticano

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Associação Católica Mundial para a Comunicação fala dos direitos das crianças

Agência Ecclesia

19.10.2009

Desenvolvimento dos Debates

Está a decorrer em Chiang Mai, na Tailândia, o Congresso Mundial da Associação Católica Mundial para a Comunicação (SIGNIS). O tema em debate é “Media para uma cultura de Paz: direitos das crianças, promessa de amanhã”.

Na mensagem de boas-vindas, o presidente da Associação, Augustine Loorthusamy, afirmou que a edição 2009 será diferente, pois será “um Congresso de transformação”.

“Se o tema do nosso Congresso são os media para um cultura de paz é porque o nosso mundo ainda está marcado por conflitos sangrentos e destrutivos; os direitos de milhões de pessoas são violados”, disse.

Para o presidente da SIGNIS, este será um Congresso diferente porque no centro da atenção estão os direitos das crianças: “Dois terços da população mundial é jovem. São o nosso futuro e, portanto, devem ser a nossa preocupação. Se queremos que este Congresso seja de transformação, tem de ser um Congresso para construir pontes.”

A cerimónia de boas-vindas contou com a presença do núncio apostólico na Tailândia, D. Salvatore Pennacchio, que pediu aos comunicadores católicos que sejam servidores de Deus. Durante a celebração, realizada com danças e músicas tradicionais do norte do país, foi lida a mensagem do presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, D. Claudio Maria Celli.

“Intercâmbios pessoais, profissionais e culturais são muito importantes e, sem dúvida, vão criar novo entusiasmo no nosso trabalho de comunicadores”, afirma o arcebispo italiano, que aprovou o envolvimento de jovens e crianças em vários workshops.

“É muito importante ouvir os jovens e aprender com eles, principalmente porque frequentemente eles são os primeiros e a usar e desenvolver os media interactivos, até mesmo ensinando os adultos”.

Zilda Arns, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança no Brasil (*), foi a responsável pela conferência de ontem, falando sobre a experiência da Pastoral da Criança no campo da Comunicação e da Educação. (Com Rádio Vaticano)

Internacional | Agência Ecclesia | 2009-10-19 | 14:12:15 Comunicações Sociais

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Papa saúda Congresso da SIGNIS

Agência Ecclesia

16.10.2009

Abertura

Profissionais da comunicação juntam-se na Tailândia para debater os direitos das crianças na era da comunicação

Bento XVI enviou uma mensagem de saudação aos participantes do Congresso Mundial 2009 da Signis. O encontro que vai juntar profissionais dos media, a partir do dia 17 em Chiang Mai, na Tailândia, vai centrar-se no tema «Media para uma cultura de Paz: direitos das crianças, promessa de amanhã».

“A necessidade de uma responsabilidade no uso da mensagem e dos métodos atraem em particular os jovens”, afirma Bento XVI na sua mensagem. “A sua relação com os media pode perceber-se em duas direcções: por um lado são os media que formam as crianças; por outro as crianças estão cada vez mais predispostas a responder adequadamente aos media”, evidencia o Papa recordando aqui a sua mensagem, de 2007, para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Bento XVI dá conta da sua oração para que os “trabalhos do Congresso prossigam a favor da promoção dos direitos das crianças e de forma a incentivar as comunidades a ver os direitos como uma prioridade do seu trabalho diário a favor de uma cultura de paz”.

O Congresso da Signis decorre até ao dia 21 de Outubro. São esperados centenas de profissionais da comunicação de todo o mundo e em causa vão estar «Questões globais actuais sobre direitos humanos e direitos das crianças», «Novas perspectivas sobre media e transformação social» e «O desafio de crescer numa era digital».

Internacional | Agência Ecclesia | 2009-10-16 | 10:47:54 |Comunicações Sociais

Postados por Agência Ecclesia – Portugal.

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(*) Grifo meu.

Mês do Santo Rosário

A devoção do Santo Rosário

 

Virgem do Rosário

Domingo, 04 de outubro de 2009

Mês do Santo Rosário

A devoção do Santo Rosário

A oração do Santo Rosário surge aproximadamente no ano 800 à sombra dos mosteiros, como Saltério dos leigos. Dado que os monges rezavam os salmos (150), os leigos, que em sua maioria não sabiam ler, aprenderam a rezar 150 Pai nossos. Com o passar do tempo, se formaram outros três saltérios com 150 Ave Marias, 150 louvores em honra a Jesus e 150 louvores em honra a Maria.

No ano 1365 fez-se uma combinação dos quatro saltérios, dividindo as 150 Ave Marias em 15 dezenas e colocando um Pai nosso no início de cada uma delas. Em 1500 ficou estabelecido, para cada dezena a meditação de um episódio da vida de Jesus ou Maria, e assim surgiu o Rosário de quinze mistérios.

A palavra Rosário significa ‘Coroa de Rosas’. A Virgem Maria revelou a muitas pessoas que cada vez que rezam uma Ave Maria lhe é entregue uma rosa e por cada Rosário completo lhe é entregue uma coroa de rosas. A rosa é a rainha das flores, sendo assim o Rosário a rosa de todas as devoções e, portanto, a mais importante.
O Santo Rosário é considerado a oração perfeita porque junto com ele está a majestosa história de nossa salvação. Com o rosário, meditamos os mistérios de gozo, de dor e de glória de Jesus e Maria. É uma oração simples, humilde como Maria. É uma oração que podemos fazer com ela, a Mãe de Deus. Com o Ave Maria a convidamos a rezar por nós. A Virgem sempre nos dá o que pedimos. Ela une sua oração à nossa. Portanto, esta é mais poderosa, porque Maria recebe o que ela pede, Jesus nunca diz não ao que sua mãe lhe pede. Em cada uma de suas aparições, nos convida a rezar o Rosário como uma arma poderosa contra o maligno, para nos trazer a verdadeira paz.

O Rosário é composto de dois elementos: oração mental e oração verbal

No Santo Rosário a oração mental é a meditação sobre os principais mistérios ou episódios da vida, morte e glória de Jesus Cristo e de sua Santíssima Mãe. A oração verbal consiste em recitar quinze dezenas (Rosário completo) ou cinco dezenas do Ave Maria, cada dezena iniciada por um Pai Nosso, enquanto meditamos sobre os mistério do Rosário. A Santa Igreja recebeu o Rosário em sua forma atual em 1214 de uma forma milagrosa: quando a Virgem apareceu a Santo Domingo e o entregou como uma arma poderosa para a conversão dos hereges e outros pecadores daquele tempo. Desde então sua devoção se propagou rapidamente em todo o mundo com incríveis e milagrosos resultados. (Fonte: ACI Digital)

“Quem persevera na meditação, mesmo que o demônio a tente de muitas maneiras, tenho certeza que Senhor a levará ao porto da salvação…Quem não pára no caminho da meditação, chegará ainda que tarde”. Também dizia que: “O demônio se esforça muito em afastar a pessoa da meditação porque ele sabe que as pessoas perseverantes na oração estão perdidas para ele”. Santa Teresa de Ávila

Postado por Flos Carmeli às 13:46.

“São Pedro de Alcântara, consciente de que no seguimento de Cristo nunca se pode dizer que se tenha alcançado a meta e que sempre se pode bater o próprio recorde, se lançou atrás da mais alta santidade, sem olhar o preço que isso lhe pudesse custar, atraindo a si os que, como ele, se sentiam inquietos e desejosos de alcançar a perfeição.” – Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (19 de outubro)

São Pedro de Alcântara, monge e prior franciscano, confessor, diretor espiritual, e idoso amigo de Santa Teresa de Jesus. Co-Padroeiro do Brasil.

Fonte:  Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

SÃO PEDRO DE ALCÃNTARA

Dados biográficos

Atualidade de São Pedro de Alcântara

O Padroeiro do Brasil

Sobre São Pedro

Oração

“Para dentro e para fora da Ordem”

Sua vida tem duas vertentes bem diferenciadas e, ao mesmo tempo, complementares: para dentro e para fora da Ordem. Para dentro, foi homem de governo, desempenhando o ofício de guardião, mestre de noviços, definidor provincial e ministro provincial; e reformador da vida franciscana em seus aspectos fundamentais. Para fora, foi homem de conselho e de discernimento, acompanhando espiritualmente homens e mulheres que, sabedores de sua santidade e vida espiritual, a ele recorriam: Carlos V, que o chamou a Yuste para falar de sua alma; reis e infantes de Portugal; condes de Oropesa; Rodrigo de Chaves, a quem dedicou seu “Tratado da Oração e Meditação”; Santa Teresa de Ávila e São Francisco Borja.

Frei Pedro viveu um momento histórico, um tempo marcado por intensa inquietude espiritual e grande desejo de renovação de vida. Tempo, como diz um cronista da época, “em que todo o mundo queria entrar no paraíso”. Eram tempos carregados de intensa vida eclesial: celebração de dois Concílios ecumênicos: o Latrão V e o de Trento; três anos santos: o de 1500, com Alexandre VI, o de 1525, com Clemente VII, e o de 1550, com Júlio III; nascimento de numerosas Ordens religiosas: mínimos, barnabitas, teatinos, jesuítas, irmãos de São João de Deus, ursulinas. Tempos de grandes iniciativas missionárias, particularmente na América por obra dos mendicantes, e na Ásia, pelos jesuítas. Eram tempos também de grandes reformas ao interno da Igreja, particularmente a reforma teresiana, e de muitas outras reformas contra a Igreja: a de Martinho Lutero, na Alemanha; a de Henrique VIII, na Inglaterra e Irlanda; a de Calvino, na Escócia; a da igreja nacional na Holanda.

A Ordem dos Frades Menores participou plenamente dessas ânsias de profunda renovação e de dinamismo missionário: início da reforma capuchinha; fortaleceu-se o trabalho missionário da Ordem no Novo Mundo, iniciado pelos chamados “XII Apóstolos”, que saíram para o México em 1523, renovou-se e cresceu com a chegada de mais 150 missionários; na Espanha consolidou-se a reforma dos descalços, iniciada por Frei Juan de Puebla e Frei Juan de Guadalupe e estruturada definitivamente por Frei Pedro de Alcântara com suas Ordenações. Uma reforma que logo se estendeu pela Espanha inteira, Portugal, Brasil, México e Filipinas e que tinha como motor a “estreitíssima observância” da Regra Bulada de São Francisco, lida à luz do Testamento, sem glosas nem comentários acomodatícios.

Como Provincial, Frei Pedro entregou-se aos ofícios humildes, dedicou-se com carinho aos irmãos leigos. Cuidou dos doentes e adotou como lema de sua vida o pensamento de São Pascoal Bailón: “É preciso ter para com Deus um coração de menino, para com o próximo um coração de mãe, e para consigo mesmo um coração de juiz.”

A espiritualidade de São Pedro de Alcântara era de uma profundidade tão grande, que sem interromper a contemplação dedicava-se  aos seus deveres de estado. Acima de todos os êxtases ele colocava as obras de misericórdias, o servir Cristo na pessoa dos pobres. Frei Pedro escreveu o “Tratado da Oração e Meditação”.

Frei Pedro foi testemunha privilegiada de todos esses acontecimentos e participou ativamente em muitos deles. Apesar de seu gosto pela solidão e pela oração, não se recusou aos pedidos de conselho e orientação que pequenos e grandes, nobres e plebeus, santos e pecadores lhe faziam para se sentirem seguros nos caminhos da santidade.

São Pedro, consciente de que no seguimento de Cristo nunca se pode dizer que se tenha alcançado a meta e que sempre se pode bater o próprio recorde, se lançou atrás da mais alta santidade, sem olhar o preço que isso lhe pudesse custar, atraindo a si os que, como ele, se sentiam inquietos e desejosos de alcançar a perfeição. No momento em que muitos de seus conterrâneos se lançavam à descoberta e conquista de novos mundos e glórias humanas, Frei Pedro de Alcântara, como um dia fizeram Paulo de Tarso e Francisco de Assis, deixou tudo para ganhar Cristo e viver nele (cf. Fl 3,8).

Sua memória histórica continua viva por onde passou: El Palancar (Cáceres), lugar despojado, rico de solidão e recolhimento, pedra angular de sua reforma, modelo e referência de todas as outras fundações. Frei Pedro, que considerava a alegria espiritual “remo sem o qual não se pode navegar”, começou aqui a última etapa de sua vida; Arrábida, em Portugal, experiência de vida penitente e contemplativa, na qual o importante era manter vivo o “espírito de oração e devoção” com gestos concretos, com a busca intensa da presença de Deus, com “a mente e o coração voltados para o Senhor” (Rnb 22,19); Solitudine, em Piedimonte Matese (Itália), lugar de rigoroso silêncio, de intensa oração e penitência; Arenas de San Pedro (Ávila), com suas ermidas e capelas para recolhimento e solidão orante, onde repousam os restos mortais deste homem que, apesar de sua “áspera penitência – no dizer de Santa Teresa era muito afável… e de privilegiada inteligência”.

Frei Giacomo Bini, então Ministro Geral da OFM,  em outubro de 1999, por ocasião do V Centenário de Nascimento de São Pedro de Alcântara.

“A dimensão apostólica da vida contemplativa é « amar e fazer amar o Amor!»” – Santa Teresa de Jesus (Solenidade – 15 de outubro – Carmelo Santa Teresa-Coimbra)

Fonte: Carmelo de Santa Teresa – Coimbra

“Vossa sou para Vós nasci, que quereis Senhor de mim?” teresa_carmelocoimbra

Santa Teresa de Jesus

No dia 15 de Outubro, o Carmelo celebra
a Solenidade de Santa Teresa de Jesus.

No Carmelo de Santa Teresa
a Eucaristia será às 18.00 horas,
presidida pelo Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto.

Convidamos todos os nossos amigos a unirem-se à
nossa alegria e gratidão a esta grande Carmelita.

VIDA

NASCIMENTO E PRIMEIROS ANOS

Teresa, quando e onde nasceste?

Nasci em Ávila, Espanha, no dia 28 de Março de 1515. O meu pai chamava-se António Sánches de Cepeda e a minha mãe Beatriz de Ahumada.

Quantos irmãos eram?

Eramos três raparigas e nove rapazes. Do primeiro casamento do meu pai nasceu: o João, a Maria e o Pedro. Ficando viúvo muito cedo voltou a casar com a minha mãe de cujo casamento nasceram: o Fernando, o Rodrigo, eu, o Lorenço António, o Pedro, o Jerónimo, o Agostinho e a Joana. A todos estimava muito e era muito querida de todos, mas o meu companheiro preferido nas brincadeiras era o Rodrigo, com o qual tinha várias aventuras!

Podias contar-nos alguma?

Sim! Juntamente com Rodrigo lia muitas vidas de Santos e um dia, quando eu tinha 7 anos de idade, despertou em nós o desejo de ganhar depressa o céu, então, os dois juntos, decidimos fugir para terra de mouros à procura do martírio. Não conseguimos, porque o meu tio, D. Francisco, nos encontrou à saída de Ávila  e arrastou-nos para casa!

Quantos anos tinhas quando ficaste sem a tua mãe?

Tinha então 14 anos, quando me apercebi do que tinha acontecido a minha primeira reacção foi ir junto de uma imagem de Nossa Senhora e pedir-lhe que daí em diante fosse a minha Mãe. Parece-me que embora o tenha feito com ingenuidade valeu-me de muito, porque sempre encontrei ajuda junto dela.

COLEGIAL E CARMELITA

Quando entraste no Colégio das Irmã Agostinhas?

Quando tinha 16 anos o meu pai, receando que me entregasse demasiado às vaidades próprias da sociedade de então, decidiu meter-me neste Colégio a fim de que aí recebesse a boa educação e formação que minha mãe já não me podia dar.

Então o teu pai queria que fosses Religiosa?

Não, pelo contrário! Quando eu, aos 20 anos, decidi optar pela vida religiosa o meu pai negou-se terminantemente a dar-me licença, o que me forçou a fugir de casa na madrugada do dia 2 de Novembro de 1935, para entrar no Convento das Carmelitas da Encarnação em Ávila.

Como foram os primeiros tempos de Carmelita?

Como se sabe no Convento da Encarnação viviam mais de cento e cinquenta monjas, foi no meio delas que comecei o meu Noviciado precisamente um ano depois de entrar e fiz a Profissão a 3 de Novembro de 1537. Foi um tempo vivido com muito fervor e alegria, até que fiquei doente… O meu pai levou-me a Bacedas para me curar, mas voltei a Ávila ainda pior!

É verdade que foste considerada como morta durante três dias?

Por incrível que pareça, é verdade! Chegaram a pôr-me cera nos olhos, como então se fazia aos cadáveres. O meu estado era grave e os médicos davam-me por perdida. Como me vi paralisada com tão pouca idade e no que haviam dado comigo os médicos da terra, determinei-me a recorrer aos do Céu, para que me sarassem, pois desejava a saúde, embora sofresse com muito alegria a sua falta. Pensava algumas vezes que, se estando boa me havia de condenar, melhor seria estar assim. Pensava, no entanto que serviria muito mais a Deus com saúde. Tomei por advogado S. José e encomendei-me muito a ele. Vi claramente que, desta necessidade, como de outras maiores, este pai me tirou com maior bem do que lhe sabia pedir. Embora tenha ficado ainda três anos paralisada e sempre mais ou menos doente, o que é isto comparado com a alegria de continuar a servir o Senhor!

Durante a viagem que fizeste a Bacedas para te curares aconteceu algo importante…

Sim, o meu tio deu-me um livro “O terceiro abecedário” que ensinava a praticar a oração de recolhimento; eu sempre fui muito amiga de livros, mas este devorei-o com especial predilecção e posso dizer que influenciou muito na minha espiritualidade e nas decisões futuras. Outro acontecimento importante foi a morte do meu pai, em 1543. Fui prestar-lhe assistência durante alguns dias e aí conheci o P. Barrón, O. P., que me ajudou a regressar à prática da oração e dos Sacramentos, de que andava um pouco distraída.

REFORMADORA E ESCRITORA

Quando começaste a reforma do Carmelo?

O primeiro Carmelo, de S. José, foi fundado em Ávila no dia 24 de Agosto de 1562, tinha então 47 anos. Aí passei os cinco anos mais tranquilos da minha vida na companhia das Irmãs que partilhavam o mesmo ideal de vida e santidade que eu.

Como surgiu a «ideia» de reformar a Ordem do Carmo?

Ao saber das rupturas na Igreja deste séc. XVI, ao ter notícias de tantos povos sem Evangelho no «novo mundo», comecei a pensar o que poderia fazer por todos eles… depois, numa conversa entre amigas, uma jovem lançou a pergunta: « E porque não fazer uma fundação, com poucas monjas, de vida mais solitária?» Não o tinha pensado, mas o Senhor mandou-me muito que o fizesse.

Quais foram as características principais que desejas-te incutir nas Carmelitas Descalças ou Reformadas?

Quis que o Convento de S. José, assim como os que lhe seguiram, fosse uma fiel IMITAÇÃO DO COLÉGIO DE CRISTO, apenas 12 Irmãs e a Prioresa, favorecendo assim o espírito fraterno, o clima familiar e a ajuda mutua. Aqui todas hão-de ser amigas, todas se hão-de amar no amor d’ Aquele que aqui nos juntou. Ao contrário da maioria dos Convento então existentes que viviam de rendas fixas, quis fundar este Convento em POBREZA, para que as que nele vivessem esperassem tudo, espiritual e material, apenas do Senhor, que nunca falta a quem O ama. Outra característica foi o clima de SILÊNCIO alternado com tempos de CONVÍVIO ENTRE AS IRMÃS, para assim favorecer a oração, a intimidade com o Senhor e alcançarmos melhor o fim para o qual o Senhor nos juntou aqui.

Foram muitas as contradições?

Sim! Quase todos se opuseram, o povo de Ávila que não queria ver-se obrigado a dar esmolas a mais um Convento, nessa altura eram às dezenas naquela cidade, alguns Sacerdotes e até as próprias freiras do Convento da Encarnação, que queriam continuar com a vida mitigada e achavam que o facto de eu querer mais radicalidade era uma injúria para elas, embora algumas me tivessem acompanhado na fundação do Convento de S. José.

Quantos Conventos fundaste em vida?

Com a ajuda e a graça do Senhor e apesar da minha fraca saúde, fundei 16 Conventos de Carmelitas Descalças em Espanha.

Fundou-se mais algum em que não tenhas ido pessoalmente?

Sim. O de Granada, que não podendo ir eu pessoalmente foi a Madre Ana de Jesus com um grupo de Irmãs e Fr. João da Cruz, primeiro Padre Carmelita Descalço.

Como se realizavam as fundações?

Com inumeráveis trabalhos e sacrifícios, cruzando os caminhos de Espanha juntamente com as Irmãs fundadoras, sempre em carros de cavalos. Por vezes o frio ou o calor eram em demasia, outras vezes os caminhos eram péssimos,… Enfim, tudo se passava com ânimo e confiança, pois tínhamos os olhos postos n’ Aquele que nos enviava e que esperava por nós no destino.

Por quem rezam as Carmelitas?

A nossa oração deve abraçar toda a humanidade, todos aqueles que pelo mundo fora mais precisam dela e aqueles que diariamente se dirigem aos Carmelos pedindo a oração das Irmãs, no entanto, temos especialmente presente duas grandes intenções: a conversão dos pecadores (aqueles que andam mais afastados de Deus, que mais O ofendem e se condenam pelos seus próprios actos) e  a santificação dos Sacerdotes. Estas intenções que o Senhor, no séc. XVI, me inspirou a pedir às Carmelitas que tivessem presentes na oração continuam a ser de maior importância, urgência e necessidade no séc. XXI.

Foi por estas alturas que começaste a escrever…

Comecei a escrever ainda estava em S. José, a pedido das Irmãs e por vontade dos meus confessores. Não foi sem algum sacrifício que o fiz entre as canseiras das fundações, o peso da doença e a falta de tempo, mas fi-lo para cumprir a vontade de Deus e sempre com o desejo de, com a minha experiência de vida, poder ajudar quem os lesse.

Sem contar as poesias, as muitas cartas e outras pequenas obras, escreveste vários livros, podias enumerá-los?

O primeiro foi o «Livro da Vida», a minha autobiografia;

depois o «Caminho de Perfeição» especialmente dedicado às minhas Irmãs que me pediam continuamente que lhes escrevesse sobre a oração;
o «Livro das Fundações» onde conto o que nelas de mais notável acontecia;
o «Castelo Interior» que eu considero uma das maiores “luzes” que o Senhor me deu; entre outros…

No final da fundação de Burgos, talvez a mais difícil de todas, Teresa chega a Alba de Tormes esgotada. A 4 de Outubro de 1582 (que passará a ser 15 pela reforma do calendário ocorrida nesse dia) ela entra definitivamente na vida para desfrutar de todo o trabalho que teve pela expansão do Reino e principalmente pelo bem da Ordem do Carmelo e da igreja. Depois de passar com valentia por aventuras, obstáculos, negociações, difamações, ameaças a si própria e à reforma iniciada, ela parte feliz exclamando:

Enfim, morro filha da Igreja!”

SANTA E DOUTORA DA IGREJA

Onde se conserva o corpo de Teresa?

Os seus restos mortais encontram-se à veneração dos fieis no Convento das Carmelitas Descalças de Alba de Tormes, onde morreu.

Quando foi beatificada?

No dia 24 de Abril de 1614, por Paulo V.

Quando foi canonizada?

No dia 12 de Março de 1622, pelo Papa Gregório XV.

Quando e porquê foi, S. Teresa de Jesus, proclamada Doutora da Igreja?

No dia 27 de Setembro de 1970, por Paulo VI. Foi a primeira mulher  a quem a Igreja atribuiu este título, porque reconheceu na sua vida um modelo exemplar e os seus escritos alcançaram um lugar eminente na literatura universal da Igreja. Assim,  a doutrina de Teresa passa a ser, não só do Carmelo, mas de toda a Igreja, que pode e deve encontrar nela ajuda e luz.

MISSÃO

“A Carmelita não tem um lugar para viver,

ela vive pelo mundo.”

«A vocação das Carmelitas  é essencialmente eclesial e apostólica.
O apostolado a que S. Teresa quis que se dedicassem suas filhas  é puramente contemplativo e consiste na oração e na imolação com a Igreja e pela Igreja” ( Const. 126 )

« Iluminados pelo testemunho de S. Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões, todos os Carmelos procurarão fomentar o espírito missionário , que deve animar a sua vida contemplativa. » ( Const. 127 )

O Carmelo define assim a sua missão:

Buscar e viver neste mundo a presença do Deus vivo e verdadeiro que,

na pessoa de Cristo, habitou entre nós. Mediante a nossa vida esforçamo-nos por ser

testemunhas desta verdade escatológica,

sensibilizando os outros para descobrirem

a presença de Deus nas suas Vidas.

A dimensão apostólica da vida contemplativa é

« amar e fazer amar o Amor!»

(S. Teresa do Menino Jesus)

As Carmelitas apresentam a Deus na oração “as alegrias e as esperanças, as tristezas e angústias da humanidade actual.” ( G.S. )

A Carmelita é missionária, porque  tem o coração no mundo inteiro,
porque sabe que existe para os outros.

Ser Carmelita é ser Igreja com a Igreja é ter o coração aberto a todas a humanidade!

CARISMA

ESCUTA DA PALAVRA

Os primeiros ermitas do Monte Carmelo
identificaram-se como grupo ou fraternidade,
quando se uniram por um ideal comum:
Viver em obséquio de Jesus Cristo”. velinha

Tinham que realizá-lo adquirindo uma
docilidade especial ao Espírito
que se manifesta na Palavra
e que transmite a mensagem
radical do Evangelho.

Para que a palavra seja eficaz
e se converta em acção
há que aceitá-la e encarná-la.

IRMANDADE MARIANA

Quando foi exigido aos Carmelitas um nome ou

uma identificação que os distinguisse dos outros

religiosos, eles definiram-se como

“Irmãos da Bem-Aventurada Virgem

Maria do Monte Carmelo” .

Esta eleição, que vem praticamente das origens,

foi escolhida, não como distintivo honorífico,

mas como conteúdo espiritual definido,

tendo como ideal a perfeição evangélica em comunhão

com a Santa Mãe de Deus.

EM ESPÍRITO E VIRTUDE DE ELIAS

O  «eleanismo» juntamente com o marianismo definem e qualificam todos os Carmelitas.

O começo histórico da Ordem na montanha bíblica do
profeta cria uma espécie de enlace entre o Carmelo e Elias.

« Ardo de zelo pela glória do Senhor, Deus do Universo »

Deus não está nem no furacão , nem no terramoto :

o Profeta Elias encontrou-O na brisa suave.

ENCONTRO DOS IRMÃOS

A Palavra aceite com docilidade na Contemplação

traduz-se necessariamente em acção.

O Carmelo existe em favor da Igreja e dos Irmãos,  por isso projecta a sua vida de maneira a que o contacto com Deus se converta em busca do bem do próximo.

“Esta é a primeira grande peregrinação após o anúncio da visita do Papa em 2010, e a última antes de Maio do próximo ano.” (D. José Policarpo – Cardeal Patriarca de Lisboa, em 13 de outubro de 2009)

Imagem de Nossa Senhora retorna à Fátima em 13.05.2010.

Imagem da ‘Virgem Peregrina’ é recebida com festa, desde o Aeroporto até a Sé do Funchal (Agência Ecclesia – 12 de outubro de 2009)

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Fonte: Agência Ecclesia – Portugal

Fátima em festa com a perspectiva de visita do Papa

Milhares de fiéis à peregrinação de Outubro, presidida por D. José Policarpo

Santuário de Fátima - Peregrinação - 13.10.2009
Santuário de Fátima - Peregrinação - 13.10.2009

Milhares de peregrinos marcam presença esta Terça-feira no recinto do Santuário de Fátima, para participar nas celebrações da peregrinação de 13 de Outubro, este ano presididas pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa.

Esta é a primeira grande peregrinação após o anúncio da visita do Papa em 2010 e a última antes de Maio do próximo ano. D. José Policarpo lembrou, por isso, este momento especial em que “o País inteiro se prepara para receber o Sucessor de Pedro, cabeça do Colégio dos Apóstolos”.

No final da celebração, uma salva de palmas sublinhou as palavras de D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, que lembrava a próxima vinda de Bento XVI ao Santuário.

“Queremos recebê-lo com alegria, com entusiasmo, com participação pessoal, com afecto filial ao sucessor de Pedro, que vem confirmar os irmãos na fé”, disse.

D. António Marto quis ainda fazer chegar ao Papa, através do Núncio Apostólico, presente na Cova da Iria, uma palavra de “grande alegria, grande regozijo, grande gratidão” pela viagem que empreenderá ao Santuário, no próximo ano.

“Muito Obrigado”, concluiu.

Padres atentos às necessidades concretas

Homilia de D. José Policarpo

A identidade e a missão do sacerdote estiveram no centro da homilia proferida esta manhã por D. José Policarpo. Para o Patriarca de Lisboa, a atenção à vida concreta de cada homem, “desafio a toda a Igreja, Povo Sacerdotal, é-o particularmente para nós, sacerdotes, chamados a sermos presenças vivas de Cristo Bom Pastor”.D. José Policarpo afirmou que “a dimensão sacerdotal é, no meio dos homens, a manifestação da solicitude de Deus pelas necessidades do Povo e de cada um. Ele é o pastor do seu Povo, conhece as suas ovelhas, sabe do que precisam, cuida das doentes e das débeis, vai à procura delas, carrega aos ombros a que está ferida”.

“Nas Bodas de Caná, Maria mostra essa atitude pastoral de atenção ao pequeno-grande problema que afligia os esposos. Mostra-o quando diz a Jesus: «não têm vinho» (Jo. 2,5). Que solicitude, que atenção ao pormenor, que capacidade de avaliar um problema pessoal”, precisou.

Em pleno ano sacerdotal, D. José Policarpo afirmou que “o sacerdócio é um mistério de amor, do amor infinito de Deus pelo homem que criou à sua imagem, que destinou a partilhar, na intimidade com Ele, a comunhão de amor, onde encontrará a plenitude da vida”.

“Desse desígnio eterno o homem afastou-se e continua a afastar-se pelo pecado. O sacerdócio resume toda a pedagogia salvífica de Deus: suscita na humanidade o fermento dessa vocação sublime de amor; apesar do pecado, renuncia aos critérios do mundo e deixa-se guiar pela Palavra do Senhor, oferecendo-lhe a sua vida e aprendendo a vivê-la como expressão de louvor”, acrescentou.

O Cardeal-Patriarca referiu que “todos os membros da Igreja são sacerdotes porque são ungidos pelo espírito Santo” e, referindo-se aos padres, lembra que “são ungidos e consagrados pelo Espírito na sua ordenação”. Por isso, recorda que o ministério sacerdotal é fecundo por obra do Espírito Santo. Isto, nas palavras do Patriarca de Lisboa, significa que “a Deus nada é impossível”.

A função sacerdotal passa por “reconhecer e fazer memória da acção salvífica de Deus”, oferecer “a Deus sacrifício de louvor” – de forma particular na “oferta da sua vida a Deus”, proclamar a Palavra que nos revela o amor de Deus e levar o povo a escutá-la e a segui-la, pondo-a em prática”.

O Patriarca de Lisboa considera que “nem podemos imaginar a intensidade com que Maria amou o mundo, encarnando a intensidade do amor salvífico de Deus. Essa intensidade comoveu o próprio coração de Deus, a ponto de o mensageiro divino a saudar como a «cheia de graça», aquela que vive a plenitude do amor”.

“Na sua vocação, ao aceitar o chamamento de Deus, onde ela identifica o desígnio salvífico, ao partilhar com o seu Filho o sacrifício redentor, Maria viveu, na radicalidade do seu coração o amor sacerdotal”, defendeu.

Presentes na Cova da Iria, onde há 92 anos se deu o acontecimento conhecido como “Milagre do Sol” estão 92 grupos de 22 países.

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Visita do Papa a Portugal

Nota Pastoral do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa

1. Júbilo e Gratidão

O Santo Padre Bento XVI, correspondendo ao convite, várias vezes reiterado, dos Bispos portugueses bem como ao convite do Senhor Presidente da República, aceitou visitar o nosso País, por ocasião da peregrinação aniversária de 12 e 13 de Maio a Fátima, no próximo ano. O anúncio da visita suscitou, de imediato, um sentimento de júbilo e regozijo entre o nosso povo. Trata-se da concretização de um desejo, ansiosamente esperada, que muito nos honra e distingue, até porque Bento XVI escolhe os gestos e as viagens que faz, com motivações espiritualmente profundas e teologicamente ricas.

Queremos, pois, agradecer, de todo o coração, ao Santo Padre e corresponder a esta honra com aquele amor ao Papa que é uma dimensão profunda do catolicismo português. A comunhão visível com o Sucessor de Pedro, fisicamente presente entre nós, será, mais uma vez, ocasião da expressão espontânea desse amor à sua pessoa, ao seu magistério e ao seu serviço universal e de fidelidade à Igreja.

2. Peregrino de Fátima

O Santo Padre vem, essencialmente, como peregrino de Fátima, onde encontrará uma expressão viva de todas as Igrejas de Portugal.

A sua vinda a Fátima coincide com o décimo aniversário da beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta e com as comemorações do centenário do nascimento da Jacinta. Todavia, projecta-se no horizonte mais amplo das suas peregrinações aos maiores santuários marianos espalhados pelo mundo, como grandes centros de evangelização.

Quando o Papa se faz peregrino, na qualidade de Pastor universal da Igreja, é toda a Igreja que peregrina com ele. Por isso, esta sua peregrinação reveste um grande significado pastoral, doutrinal e espiritual.

Ele conhece como ninguém o cerne e o alcance da Mensagem de Fátima, de que se tornou intérprete singular com o seu Comentário Teológico ao “terceiro segredo”, quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Já como Papa, na visita ao Brasil, evocando o nonagésimo aniversário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, não hesitou em falar da “mais profética das aparições modernas”. Sabe, pois, muito bem qual é a actualidade e a importância de Fátima para a Igreja e para o mundo, tal como as exprimiu o Papa João Paulo II, de santa memória: “De Fátima irradia para todo o mundo uma mensagem de conversão e de esperança; uma mensagem que, em conformidade com a fé cristã, está profundamente inserida na história… O apelo que Deus nos faz chegar através da Virgem Santa conserva intacta, ainda hoje, a sua actualidade”.

A peregrinação do Santo Padre a Fátima é, assim, uma interpelação para nós. O Santuário de Fátima, onde se torna viva e actual a Mensagem de Nossa Senhora, é hoje um elemento importante para a evangelização e para a edificação da Igreja no nosso País. Nós, os Bispos, estamos conscientes da importância decisiva deste Santuário. Desejamos que ele exprima o lugar particular de Maria no mistério de Cristo e da Igreja, como estrela da evangelização.

Maria, que o Papa chama “Estrela do mar” na encíclica “Spe salvi”, é aquela que acompanha a viagem de cada um de nós e de toda a Igreja no mar da vida e da história com o amor vigilante e atento de uma mãe que ama os seus filhos e deseja a sua felicidade. E na viagem indica a Luz verdadeira que é Jesus e convida a fixar nele o nosso olhar, repetindo a cada um de nós o que disse aos serventes nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.

Maria é também a “Estrela da esperança” porque indica continuamente a meta, o porto seguro e feliz, a comunhão eterna e definitiva com Deus e com todos os homens, os novos céus e a nova terra onde habitará para sempre a justiça.

Neste sentido, a visita do Santo Padre quer também encorajar o empenho constante e generoso na obra de evangelização, ajudando a passar de uma religiosidade tradicional a uma fé adulta e pensada, capaz de testemunho corajoso em privado e em público, que saiba enfrentar os desafios do secularismo e do relativismo doutrinal e ético, típicos do nosso tempo, que Bento XVI lembra frequentemente.

3. Acolher e acompanhar o Papa peregrino

Neste momento, ainda não está definido o programa da visita do Santo Padre. Na próxima Assembleia dos Bispos, em Novembro, reflectiremos sobre como prepará-la espiritualmente, a fim de que possamos vivê-la como um momento de graça e uma significativa experiência cristã para a Igreja em Portugal.

Desde já convidamos todos os fiéis a acolher o Santo Padre em verdade, como Sucessor de Pedro que vem confirmar os irmãos na fé, e com afecto e participação pessoal, unindo-nos em oração às suas intenções pela Igreja e pelos grandes anseios da humanidade.

Elevemos, pois, a nossa oração à Virgem Maria, Mãe da Igreja, Nossa Senhora de Fátima, para que, com a sua bondade materna, acompanhe os passos do Santo Padre nesta peregrinação e o assista no seu ministério de Sucessor de Pedro, que nos preparamos para acolher e acompanhar com alegria, entusiasmo e devoção filial.

Fátima, 6 de Outubro de 2009

“Ora, quando o Arcanjo Miguel discutia com o demónio e lhe disputava o corpo de Moisés, não ousou fulminar contra ele uma sentença de execração, mas disse somente: Que o próprio Senhor te repreenda” (Jd 1,9) – (Senhora da Nazaré – “Sobre São Miguel Arcanjo” – Portugal)

Por uma questão de espaço, acesse o novamente, ao final do post, o blog da Capelinha de Nossa Senhora de Nazaré – “Sobre São Miguel Arcanjo”, que traz a íntegra da Novena de São Miguel Arcanjo e dos Nove Coros d’Anjos, aprovada pelo papa Pio IX. No texto, logo abaixo, ele afirma:“Deus, na primeira luta, venceu, servindo-se do Arcanjo São Miguel, devemos, portanto, acreditar firmemente que a luta actual terminará triunfante e também, como outrora, com o socorro e ajuda deste Arcanjo bendito!”. Por admiração ao papa Leão XIII, publiquei o 5º dia, que é denominado “Exorcismo de Leão XIII”.

Acredito, por pesquisas que fui encontrando na internet, que a aparição de Nossa Senhora em Fátima tem estreita ligação com São Miguel Arcanjo, devido à batalha espiritual que ambos travaram, na Anunciação e no combate celeste, respectivamente. Jesus se referiu ao Maligno, dizendo que por esta razão veio até nós: para que os poderes das trevas não triunfassem sobre as criaturas de Deus. Devemos aprofundar mais este “elo espiritual” de Nossa Senhora e o Arcanjo São Miguel porque, a meu ver, envolve a minha, a nossa salvação em Cristo Jesus. São inúmeros os perigos a que nossa alma está exposta. Alguns são sutis, outros se mostram dramáticos, e pior, a maioria deles são insidiosos porque nos distraem da vontade de Deus… Santa Teresa de Jesus fala bastante da ameaça real de nem “merecermos” o purgatório das almas… A Eternidade será nossa companhia; o mundo passará…

Durante a minha infância lia, ou melhor, esquadrinhava o “Almanaque Santo Antônio” e outra publicação jesuíta “Anuário Inaciano”. Nestas leituras encantadoras descobri os relatos sobre as aparições de Nossa Senhora, em Fátima. Foram leituras inesquecíveis. Meu avô materno havia entrado para o seminário Cristo Rei, na região do Vale do Rio dos Sinos, mais especificamente em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Com sua saída para casar com minha avó, por certo comprou as publicações quando minha mãe e meu tio foram alfabetizados. Minha mãe buscou as novas publicações, por assinatura, nos anos posteriores. No início de minha adolescência assinou a “Revista Família Cristã”. Agradeço a ela por tais iniciativas (pelo que me lembro  somente eu e ela líamos…). São tentativas de compor a bagagem religiosa dos filhos. Mulheres inteligentes, quando se tornam mães , põem em prática o que o Espírito Santo lhes sopra com sutileza… Para minhas irmãs bem mais novas e meu irmão não surtiu um contínuo e vivo interesse. É o que dizem: todos temos livre-arbítrio. Talvez passassem os olhos pelos anuários. Hoje, se fossem meu filhos, este gesto mínimo já me agradaria.

Havia notícias do  mundo católico e textos, algumas bem antigos (história de santos, santas, do Padre João Baptista Reus, por exemplo, me fascinavam…). Portanto, tive formação religiosa sólida através de minha mãe, que sempre recitou o Rosário.Há algum tempo, uma doença a pegou de surpresa, mas agora está praticamente recuperada. Que Deus a ilumine, a fortifique na Fé, que nos traz o discernimento, necessário a todos, e a abençoe. Amém. Afinal, ninguém, nem nada poderá nos afastar do Amor de Deus, como dizem os sacerdotes ao interpretarem as palavras das Escrituras Sagradas. Amém.

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Logo abaixo haverá menção ao Confiteor (palavra que tem origem no latim, bem como a oração). Como não teria condições (pelo teclado) de publicá-la, ofereço a versão em língua portuguesa. Esta oração precede a novena, quando se formula o pedido , de acordo com  minha pesquisa sobre o “Confiteor”, e depois se recita três Pai-Nossos, três Ave-Marias, três Glórias ao Pai. A seguir recita-se a oração do dia.

CONFITEOR (CONFESSO-ME)

Eu pecador confesso-me a Deus Todo-Poderoso, à Bem-Aventurada Virgem Maria, ao Bem-Aventurado São Miguel Arcanjo, Ao Bem-Aventurado São João Batista, aos Santos Apóstolos, São Pedro e São Paulo. a todos os santos e a vós, Padre, porque pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras e obras (bate-se por três vezes no peito), por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Portanto, rogo à Bem-Aventurada Virgem Maria, ao Bem-Aventurado São Miguel Arcanjo, ao Bem-Aventurado São João Batista, aos santos Apóstolos, São Pedro e São Paulo, a todos os Santos e avós, Padre, que rogueis a Nosso Senhor por mim.

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São Miguel Arcanjo combate o anjo rebelde e o expulsa do Céu.

Fonte: Senhora da Nazaré – Capelinha de Nossa Senhora da Nazaré (Fátima – Portugal)

Segunda-feira, 21 de Setembro de 2009

Sobre São Miguel Arcanjo

“Quem como Deus”

“Quis ut Deus”

“Eu sou o chefe dos exércitos do Senhor” (Js 5,14)

“Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande chefe, o protector dos filhos do seu povo. Será uma época de tal desolação, como jamais houve igual desde que as nações existem até aquele momento” (Dn 12,1)

“O chefe do reino persa resistiu-me durante vinte e um dias; porém Miguel, um dos principais chefes, veio em meu socorro” (Dn 10,13)

“Contra esses adversários não há ninguém que me defenda a não ser Miguel, vosso chefe” (Dn 10,22)

“Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles.” (Ap 12,7-8)

“Ora, quando o Arcanjo Miguel discutia com o demónio e lhe disputava o corpo de Moisés, não ousou fulminar contra ele uma sentença de execração, mas disse somente: Que o próprio Senhor te repreenda” (Jd 1,9)

Disse o Papa Beato Pio IX: “São Miguel é quem tem maior capacidade para exterminar as forças malditas, filhas de satanás, que geraram a ruína da sociedade cristã”.

O Papa São Pio X disse: “Deus, na primeira luta, venceu, servindo-se do Arcanjo São Miguel, devemos, portanto, acreditar firmemente que a luta actual terminará triunfante e também, como outrora, com o socorro e ajuda deste Arcanjo bendito!”.

O Papa Pio XII proclamou em 08 de maio de 1940, que: “era urgente hoje, mais do que nunca, recorrer à protecção de São Miguel, lembrando que ele é o protector e o defensor da igreja e dos fiéis, o guardião do Paraíso, o apresentador das almas junto de DEUS; o Anjo da Paz e o Vencedor de satanás”.E no dia 08 de maio de 1945, fez novamente outro apelo: “Desfraldai o Estandarte do insigne Arcanjo, repeti o seu grito: QUEM É COMO DEUS?”.

São Francisco de Sales dizia: “A veneração a São Miguel é o maior remédio contra a rebeldia e a desobediência aos mandamentos de Deus, e contra o ateísmo, asceticismo e a infidelidade.” Precisamente, estes vícios são muitos evidentes nos nossos tempos. Mais do que nunca na nossa era actual necessitamos da ajuda de São Miguel a fim de mantermos fieis a Fé. O ateísmo e a falta de fé estão infiltrado todos os sectores da sociedade humana. É nossa missão como fieis católicos confessar nossa fé com valentia e gozo, e demonstrar com zelo nosso amor por Jesus Cristo”

E São Boaventura disse: “Nossa Senhora nos manda o Príncipe São Miguel com todos os Anjos, para que imediatamente os defenda das investiduras dos demónios e recebam as almas de todos os que a Ela continuamente se têm encomendado.”

Novena de São Miguel Arcanjo e dos Nove Coros d’Anjos

Conforme o testemunho piedoso do arquidiácono d’Évreux, o Sr. Boudon, o mais fervoroso apóstolo dos Santos Anjos no séc. XVIII, essa prática devocional obtém “graças extraordinárias”. Por causa dela, ele presenciara “maravilhas… e a ruina dos poderes demoníacos nos misteres mais importantes”. Além disso afiança que esse é um meio eficacíssimo para lograr o socorro do Céu durante as calamidades públicas e as dificuldades pessoais.A Novena de São Miguel e dos Nove Coros d’Anjos pode se fazer a qualquer tempo, em comum ou sozinho. Não há fórmulas prescritas. Propomos tão-somente as orações abaixo. Pode-se, se for do agrado, adotá-las outras.
Nas condições ordinárias, pode-se lucrar uma indulgência plenária no curso da novena (em dia a se escolher) ou depois de oito dias consecutivos.
Pio IX, 26 de novembro de 1876.
A cada dia:
Recitar o Confiteor, formular o pedido, depois recitar três Pai-Nossos, três Ave-Marias, três Glórias ao Pai.
O Confiteor

1. Confiteor (Eu me confesso)

O que é o Confiteor?

Uma oração na qual nos reconhecemos diante de Deus como pecadores.

É uma ciência se saber pecador?

É uma ciência rara e preciosa, a qual só podemos alcançar por uma  graça gratuita de Deus.

A que nos conduz essa tão rara ciência?

Pedir e obter de Deus o perdão de nossos pecados.

E o que é o Confiteor nessa ciência?

É como o resumo dessa ciência, é a penitência em prática, ou melhor, é o ato de contrição dramatizado.

Porque dramatizado?

Porque nele está a constituição de um grande tribunal, a instrução da causa, a defesa dos advogados e enfim uma sentença que não é nunca uma condenação.

Isso pede uma explicação.

2. O tribunal

Qual é esse tribunal mencionado no Confiteor?

É o tribunal do próprio Deus, o soberano Juiz, tendo como assessores toda a corte celeste.

Porque razão pomos no papel de juizes todos os santos do céu?

Porque Deus nos assegura que os santos julgarão com ele e também por uma razão que descobriremos depois.

Quais são os santos designados no Confiteor?

Primeiramente a Santíssima Virgem, depois são Miguel, o primeiro dos Anjos, são João Batista, o primeiro dos santos, são Pedro o primeiro dos apóstolos e dos Papas, são  Paulo seu companheiro de apostolado e de martírio, depois todos os santos do céu.

Mas não se nomeia também o padre?

Sim, o padre é nomeado depois de Deus e dos santos.

Porque?

Porque no sacramento da Penitência ele é o ministro de Deus para pronunciar a sentença que é a do próprio Deus.

3. A instrução da causa

Como se faz a instrução da causa nos tribunais humanos?

Ouvindo as testemunhas e a confrontação das testemunhas com o que diz o acusado.

É a mesma coisa no tribunal de Deus?

Não, porque aqui toda a instrução consiste na acusação do culpado, confissão que está significada desde o começo pelas palavras: Eu me confesso, Confiteor.

Quais são as acusações do culpado?

Ele confessa seus pecados de pensamento, palavras e atos.

Quais são as conseqüências dessas acusações?

Estando o tribunal suficientemente instruído, segue em frente e  ouve a  defesa.

Mas como encontrar defensores se o pecador já confessou tudo?

É precisamente a confissão do culpado que vai se tornar o grande meio da defesa. Assim quis a eterna bondade do Deus de misericórdia.

4. A defesa

Quais serão os defensores do culpado?

Todos os assessores do soberano Juiz.

Como podem os juizes se transformarem em advogados?

Ao pedido da oração do pecador, todos os santos se voltarão para Deus e pedirão misericórdia.

Como o pecador os incita a lhe prestarem tão bom oficio?

Como os nomeou na primeira vez para juízes, nomeia todos na mesma ordem, lhes suplicando que sejam seus intercessores junto ao Senhor nosso Deus.

E os santos aceitarão esse convite?

Sem dúvida, sua caridade para conosco os levarão a isso e acolherão sempre nossos pedidos com tanto mais empenho quanto mais completa nossa confissão.

E Deus, escutará sua defesa em nosso favor?

Sim, porque está escrito que ele não quer a morte do pecador, mas que ele viva (Ez.XXX,11)

5. A sentença

Depois disso, qual será a sentença?

O pecador que se confessa, que põe sua confiança na bondade de Deus e na intercessão dos santos, indica por si mesmo a fórmula.

Como ele concebe a sentença?

Ele reclama para si mesmo uma sentença de perdão, e a pede ao Deus todo poderoso e misericordioso.

E o próprio Deus julga assim?

Sim, porque Nele, todo homem penitente encontra graça e misericórdia

Sendo assim, como devemos dizer nosso Confiteor?

Devemos dize-lo com o pensamento no julgamento final onde tudo será revelado, tudo será julgado; mas então será um julgamento de justiça, e agora imploramos um julgamento de misericórdia.

Podemos afastar de nós o julgamento de justiça?

Sim, pedindo agora a misericórdia de Deus, recebendo a sentença de nosso perdão na absolvição do padre.

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Novena de São Miguel Arcanjo e dos Nove Coros d’Anjos

A cada dia:
Recitar o Confiteor, formular o pedido, depois recitar três Pai-Nossos, três Ave-Marias, três Glórias ao Pai.
Encerrar com a seguinte oração (conforme o dia)…

PRIMEIRO DIA (em honra aos Serafins)

SEGUNDO DIA (em honra aos Querubins)

TERCEIRO DIA (em honra aos Tronos)

QUARTO DIA (em honra das Dominações

QUINTO DIA (em honra às Potestades)

São Miguel Arcanjo, a quem a Santa Igreja venera como guardião e protetor, a vós o Senhor confiou a missão de introduzir na celeste felicidade as almas resgatadas. Implorai ao Deus da Paz para calcar satanás a nossos pés, a fim de que não possa mais reter os homens em cadeias e lesar a Santa Madre Igreja. Apresentai ao Altíssimo nossas orações, para que instantemente o Senhor faça-nos a misericórdia. A vós também imploramos, vós que aprisionastes o dragão, o diabo-satã da antiga serpente, e que o lançastes acorrentado no abismo, para que não mais seduzisse as nações. Ámen. (Exorcismo de Leão XIII)

SEXTO DIA(em honra às Virtudes)

SÉTIMO DIA (em honra aos Principados)

São Miguel Arcanjo, que tendes por missão reunir as orações, dirigir os combates e pesar as almas, presto homenagem à vossa beleza – em tudo semelhante a beleza de Deus e que, segundo o Verbo Eterno, como vós não há outro espírito igual. Presto homenagem ainda a vosso poder sem limites em favor daqueles que são vossos devotos, e à vossa vontade toda em harmonia com o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria, para o bem dos homens [1]. Defendei-me contra os inimigos da alma e do corpo. Tornai-me sensível à consolação de vossa assistência invisível e aos efeitos de vossa terna vigilância. Ámen.
[1] Ven. Filomena de Santa Colomba.

OITAVO DIA(em honra aos Arcanjo

NONO DIA (em honra aos Anjos)

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Segundo uma antiga fórmula de oração.

Nihil Obstat :Constantiis, die 18 a feb. 1949L. LERIDEZc. d.Imprimatur+ JEANÉvêque de Coutances et Avranches

“Glorioso Arcanjo São Miguel, Príncipe da Milícia Celeste, protector das almas, eu vos chamo e invoco para que me livres de toda adversidade e de todo pecado, fazendo-me progredir no serviço de Deus e conseguindo-me Dele a graça da perseverança final, para que eu possa habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida.Amém.”

Publicada por Senhora da Nazaré (Portugal).

CNBB divulga Declaração sobre o direito à objeção de consciência (CNBB – Documento publicado em 24.09.2009)

Acredito que devemos estar preparados para certos enfrentamentos que se avizinham nos âmbitos político e legal, que exigirão uma firme resolução a respeito de nossas convicções morais e religiosas.

A Itália, que há alguns anos aprovou a legalização da prática do aborto, vive atualmente em meio ao combate sistemático de grupos contrários aos postulados dos abortistas. Os grupos pró-vida italianos não aceitam  a pílula abortiva “RU486”, denominada por eles com termos radicais (na minha ótica, corretos) tais como “pesticida humano” ou pílula homicida”.  Por aqui, ainda não conseguimos levar a sério temas que envolvem dilemas morais, que inegavelmente têm por base princípios religiosos.

Como pano de fundo, a cultura atual, auto-denominada “pós-moderna”, relativista, quer a todo custo por abaixo o edifício dos valores universais. Os mesmos valores que fundaram e continuam fundamentando a cultura ocidental, aliás cristã. Esta, é bom lembrarmos,  não ignorou o legado da cultura grega – com seus três mil ou mais anos anteriores à vinda de Cristo. Temos, assim, Aristóteles, um pensador grego, que foi incorporado à cultura religiosa cristã-católica. Fala das virtudes –  as consequências quanto ao excesso ou falta de qualquer uma delas: amizade, caridade, coragem, etc. Portanto, a meu ver, não será porque chegamos ao século XXI que deixaremos todo este legado na convivência entre casais (com ou sem filhos), ou entre os demais familiares. Do mesmo modo, seria desastroso, se nós brasileiros aceitássemos essa desintegração ou diluição de valores (amor, ternura, compaixão, perdão, etc.) também em nosso convívio social, em nossas atividades profissionais, de renda, na formação das crianças, adolescentes e de jovens.

Percebo que há há alguns anos as universidades (inclusive algumas públicas) passaram a ser aqui em nosso País,  apenas  “fornecedoras” de diplomas… E o compromisso humano de uns para com os outros? O resultado prático é a selvagem realidade da saúde pública: médicos formados para o próprio enriquecimento, enfermeiras, admisnistradores de hospitais, e políticos de carreira que em punham um diploma universitário, que em nada, leva em conta o sofrimento humano…

Quanto aos endereços eletrônicos abaixo, por favor, ignorem os anúncios de publicidade. Sou contra a fertilização in-vitro (apesar de ser portadora de uma doença crônica “enigmática”, segundo especialistas, chamada Endometriose. No meu caso, foi causa de infertilidade – tenho 49 anos.

Quanto ao blog abaixo (que agrega elementos para  o temor justificadíssimo da CNBB, bem como o dos católicos pró-vida e dos demais cristãos brasileiros),  é admiravelmente completo e amplo a respeito do que expus sucintamente acima – a campanha pró-legalização do aborto (pró-escolha), e outros elementos fragilizadores de nossa humanidade. Não é  um site católico, ainda que, no segundo endereço do blog, apresentem  um artigo em que é mencionada a visão da psiquiatria e os danos provocados pela prática do aborto.  Neste, fazem menção inclusive a passagens da Bíblia. Em um todo, acredito que acrescentará, já que há temas paralelos sutis sobre questões que envolvem família e amor. A ênfase é dada ao aspecto da falta do último e o quanto é  desintegradora para o grupo familiar. Falam, por exemplo, o que me surpreendeu – na importância da reconciliação conjugal, quanto aos aspectos impactantes sobre o casal e os filhos, e a contra-partida, isto é, o crescimento pessoal individual que se dá através do perdão. Tenho lido pouco a respeito deste aspecto na web… Aqui, a meu ver, novamente temos a visão “pós-moderna” tentando solapar o que, por dois mil anos, foi a fonte da paz, da felicidade humana (pelo menos a que é possível alcançarmos na Terra…): o amor. O diferencial na abordagem é que apontam saídas práticas e simples para inúmeros problemas de nível afetivo, sentimental..

http://aborto.aaldeia.net/metodos-aborto-ru-486/

http://familia.aaldeia.net/

http://familia.aaldeia.net/remedios-para-o-desamor/

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Notícias  – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB  (texto integral)

Fonte: CNBB

24/09/2009 13:46:01

A Presidência da CNBB divulgou hoje uma declaração a respeito do direito à objeção de consciência afirmando que é direito de toda pessoa “manifestar sua objeção de consciência frente a tudo o que contraria as exigências da ordem moral, os princípios e valores éticos e a fé professada, de modo que ninguém, por tal motivo, possa ser punido ou forçado a agir de modo contrário àquilo que a consciência o move a fazer”.

A Declaração foi divulgada após a reunião do Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB (Consep), que terminou no final da manhã desta quinta-feira.

Leia a íntegra da Declaração.

Declaração sobre o direito à objeção de Consciência

A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz” (Gaudium et Spes 16).

Em nome dos Bispos do Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB, reunidos em Brasília, nos dias 22 a 24 de setembro de 2009, desejamos expressamos nossa solidariedade a todas as pessoas que se empenham na defesa e promoção da vida humana em todas as fases de seu desenvolvimento, sobretudo, daqueles seres sem nenhuma possibilidade de defesa.

Em nossa sociedade, marcada por tantas e tão contrastantes concepções acerca do ser humano e de sua dignidade, todos os que se propõem a assumir o compromisso de promover a justiça e defender a vida, certamente, enfrentarão muitas resistências e objeções. Movidos pelos ideais cristãos e empenhados na nobre e grave causa da defesa da vida, não nos é permitido ceder a qualquer tipo de pressão ou arrefecer nosso ânimo frente às dificuldades que continuamente enfrentamos.

É direito de toda pessoa manifestar sua objeção de consciência frente a tudo o que contraria as exigências da ordem moral, os princípios e valores éticos e a fé professada, de modo que ninguém, por tal motivo, possa ser punido ou forçado a agir de modo contrário àquilo que a consciência o move a fazer. Em certas ocasiões, com destemida firmeza, é necessário dizer: “É preciso obedecer antes a Deus que aos homens” (At 5,29).

Brasília – DF, 24 de setembro de 2009

Dom Geraldo Lyrio Rocha

Presidente da CNBB

Arcebispo de Mariana

Dom Luiz Soares Vieira

Vice-Presidente da CNBB

Arcebispo de Manaus

Dom Dimas Lara Barbosa

Secretário Geral da CNBB

Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro

São Mateus – Apóstolo e Evangelista: “Testemunha da Ressurreição, assistiu à Ascensão e recebeu o Espírito Santo no dia de Pentecostes.” (SpeDeus – Memória 21 de setembro)

Na imagem abaixo, São Mateus parece receber instruções de um pequeno anjo. Ao folhear passagens sobre este Apóstolo (Mateus 18, 1-11),  admirável em seu pronto seguimento de Jesus e, ainda mais, por seu Evangelho, vemos que destaca o cuidado com os “pequenos”, segundo as palavras do Mestre e Salvador. Em uma rápida leitura fiquei impressionada com o alerta que Cristo Jesus faz sobre o juízo implacável de Deus sobre quem causar escândalo (escandalizar), maltratar um de seus pequenos… Jesus evoca a imagem de que há anjos que permanecem sempre diante da face de Deus no Céu… O privilégio entre os privilégios. Parece-me indicar,  que, crianças, na escala crescente da maldade humana, são como anjos… Faz-nos refletir também que uma criança é modelo de santidade, e para melhor exemplificar, em um gesto rápido, coloca uma delas no centro daquela pregação.

Fica evidente o peso da culpa, uma culpa estrondosa, que recai sobre os ombros da humanidade atual, já que as compara a anjos…  Tanto é assim  que enfatiza a necessidade de que nos tornemos crianças, ou seja, devemos ser simples e sinceros como elas. Se assim não for, de acordo este ensinamento de Jesus, em São Mateus,  não faremos parte do Reino de Deus.

Portanto, entendo que a busca da santidade deve ser o foco de nossas vidas. A oração simples, a recitação do Rosário, do Terço (este tem sido minha “salvação” nesta Babel…), deve fazer parte de nossas vidas como o ar que respiramos  Ou O seguimos, de fato, ou fechamos os olhos e mergulhamos na vertigem do mundo…

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Fonte: SpeDeus

São Mateus
São Mateus - Apóstolo e Evangelista

São Mateus, Apóstolo e Evangelista

Trata-se de um dos apóstolos, homem decidido e generoso desde o primeiro momento da sua vocação. É também evangelista – o primeiro que, por inspiração divina, pôs por escrito a mensagem messiânica de Jesus.

Foi Judeu. Exercia as funções de cobrador de direitos de portagem, ao serviço de Herodes Antipas. Um dia, Jesus saía de Cafarnaum em direcção ao Lago, olhou para ele com atenção e disse-lhe: “Mateus, segue-me”. E Mateus seguiu-o e foi generoso ao seguir o chamamento e agradecido ao mesmo tempo. Acompanhou sempre o Salvador. Foi testemunha da Ressurreição, assistiu à Ascensão e recebeu o Espírito Santo no dia de Pentecostes.

A glória principal de S. Mateus é o seu Evangelho, escrito primeiro em aramaico e traduzido pouco depois para o grego.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

Publicado por spedeus às 00:03.

Papa Bento XVI sobre São Gregório Magno:”(…)A esperança do cumprimento em Cristo de todas as coisas é um pensamento constante do grande pontífice e acaba por converter-se em motivo inspirador de todo seu pensamento e atividade. Daqui brotam seus incessantes chamados à vigilância e ao empenho nas boas obras.(…)” – Veritatis Splendor (03 de setembro-Memória)

Fonte: Apostolado Veritatis Splendor

Tradução: Élison Santos (Fonte: Zenit)

SÃO GREGÓRIO I DE ROMA

São Gregório Magno (São Gregório I de Roma)
São Gregório Magno

Por Papa Bento XVI

Queridos irmãos e irmãs!

Na quarta-feira passada, falei de um Padre da Igreja pouco conhecido no Ocidente, Romano o Meloda; hoje desejo apresentar a figura de um dos maiores Padres da história da Igreja, um dos quatro doutores do Ocidente, o Papa São Gregório, que foi bispo de Roma entre o ano 590 e 604, e que mereceu da parte da tradição o título Magnus/Grande. Gregório foi verdadeiramente um grande Papa e um grande Doutor da Igreja! Nasceu em Roma, em torno de 540, de uma rica família patrícia da gens Anicia, que se distinguia não só pela nobreza de sangue, mas também pelo apego à fé cristã e pelos serviços prestados à Sé Apostólica. Desta família procediam dois Papas: Félix III (483-492), tataravô de Gregório, e Agapito (535-536). A casa na qual Gregório cresceu se levantava na Clivus Scauri, rodeada de solenes edifícios que testemunhavam a grandeza da antiga Roma e a força espiritual do cristianismo. Para inspirar-lhe elevados sentimentos cristãos estiveram também os exemplos de seus pais Giordiano e Silvia, ambos venerados como santos, e os de suas tias paternas Emiliana e Tarsília, que viviam na própria casa como virgens consagradas em um caminho compartilhado de oração e ascese.

Gregório ingressou logo na carreira administrativa, que havia seguido também seu pai, e em 572 alcançou o cume, convertendo-se em prefeito da cidade. Este cargo, complicado pela tristeza daqueles tempos, permitiu-lhe aplicar-se em um amplo raio a todo tipo de problemas administrativos, obtendo deles luz para suas futuras tarefas. Em particular ficou nele um profundo sentido da ordem e da disciplina: já como Papa, sugerirá aos bispos que tomem como modelo na gestão dos assuntos eclesiásticos a diligência e o respeito das leis próprias dos funcionários civis. Aquela vida não lhe devia satisfazer, visto que, não muito depois, decidiu deixar todo cargo civil para retirar-se em sua casa e começar a vida de monge, transformando a casa de família no mosteiro de Santo André. Desse período de vida monástica, vida de diálogo permanente com o Senhor na escuta de sua palavra, ficou nele uma perene nostalgia que sempre de novo e cada vez mais aparece em suas homilias: em meio às preocupações pastorais, ele recordará várias vezes em seus escritos como um tempo feliz de recolhimento em Deus, de dedicação à oração, de serena imersão no estudo. Pôde assim adquirir esse profundo conhecimento da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja, do qual se serviu depois em suas obras.

Mas o retiro claustral de Gregório não durou muito. A preciosa experiência amadurecida na administração civil em um período carregado de graves problemas, as relações que teve nesta tarefa com os bizantinos, a estima universal que havia ganhado, induziram o Papa Pelágio a nomeá-lo diácono e a enviá-lo a Constantinopla como seu «apocrisiario» – hoje se diria «Núncio Apostólico» – para favorecer a superação dos últimos restos de controversa monofisista e sobretudo para obter o apoio do imperador no esforço de conter a pressão longobarda. A permanência em Constantinopla, onde havia reiniciado a vida monástica com um grupo de monges, foi importantíssima para Gregório, pois lhe permitiu ganhar experiência direta no mundo bizantino, assim como se aproximar do problema dos Longobardos, que depois colocaria à prova sua habilidade e sua energia nos anos do Pontificado. Passados alguns anos, foi chamado de novo a Roma pelo Papa, que o nomeou seu secretário. Eram anos difíceis: as contínuas chuvas, o transbordamento dos rios e a carestia atingiam muitas áreas da Itália e da própria Roma. No final se desatou a peste, que causou numerosas vítimas, entre elas também o Papa Pelágio II. O clero, o povo e o senado foram unânimes em eleger como seu sucessor na Sede de Pedro precisamente ele, Gregório. Tentou resistir, inclusive buscando a fuga, mas tudo foi inútil: ao final teve de ceder. Era o ano de 590.

Reconhecendo que havia sucedido a vontade de Deus, o novo pontífice se pôs imediatamente ao trabalho com empenho. Desde o princípio revelou uma visão singularmente lúcida da realidade com a qual devia medir-se, uma extraordinária capacidade de trabalho ao enfrentar os assuntos tanto eclesiais como civis, um constante equilíbrio nas decisões, também valentes, que sua missão lhe impunha. Conserva-se de seu governo uma ampla documentação graças ao Registro de suas cartas (aproximadamente 800), nas quais se reflete o enfrentamento diário dos complexos interrogantes que chegavam à sua mesa. Eram questões que procediam dos bispos, dos abades, dos clérigos, e também das autoridades civis de toda ordem e grau. Entre os problemas que afligiam naquele tempo a Itália e Roma, havia um de particular relevância no âmbito tanto civil como eclesial: a questão longobarda. A ela o Papa dedicou toda a energia possível com vistas a uma solução verdadeiramente pacificadora. Ao contrário do Imperador bizantino, que partia do pressuposto de que os Longobardos eram só indivíduos depredadores a quem era preciso derrotar ou exterminar, São Gregório via estas pessoas com os olhos do bom pastor, preocupado por anunciar-lhes a palavra de salvação, estabelecendo com eles relações de fraternidade orientadas a uma futura paz fundada no respeito recíproco e na serena convivência entre italianos, imperiais e longobardos. Preocupou-se pela conversão dos jovens povos e da nova organização civil da Europa: os Visigodos da Espanha, os Francos, os Saxões, os imigrantes na Bretanha e os Lonbogardos foram os destinatários privilegiados de sua missão evangelizadora. Ontem celebramos a memória litúrgica de Santo Agostinho de Canterbury, guia de um grupo de monges aos que Gregório encomendou ir a Bretanha para evangelizar a Inglaterra.

Para obter uma paz efetiva em Roma e na Itália, o Papa se empenhou a fundo – era um verdadeiro pacificador – empreendendo uma estreita negociação com o rei longobardo Agilulfo. Tal conversa levou a um período de trégua que durou cerca de três anos (598-601), após os quais foi possível estipular em 603 um armistício mais estável. Este resultado positivo se conseguiu graças também aos contatos paralelos que, entretanto, o Papa mantinha com a rainha Teodolinda, que era uma princesa bávara e, ao contrário dos chefes dos outros povos germanos, era católica, profundamente católica. Conserva-se uma série de cartas do Papa Gregório a esta rainha, nas quais ele mostra sua estima e sua amizade para com ela. Teodolinda conseguiu, pouco a pouco, orientar o rei para o catolicismo, preparando assim o caminho para a paz. O Papa se preocupou também de enviar-lhe as relíquias para a basílica de São João Batista que ela levantou em Monza, e não deixou de felicitar e oferecer preciosos presentes para a mesma catedral de Monza por ocasião do nascimento e do batismo de seu filho Adoaloaldo. A vicissitude desta rainha constitui um belo testemunho sobre a importância das mulheres na história da Igreja. No fundo, os objetivos sobre os que Gregório apontou constantemente foram três: conter a expansão dos Longobardos na Itália, subtrair a rainha Teodolinda da influência dos cismáticos e reforçar a fé católica, assim como mediar entre Longobardos e Bizantinos com vistas a um acordo que garantisse a paz na península e consentisse desenvolver uma ação evangelizadora entre os próprios Longobardos. Portanto, foi dupla sua constante orientação na complexa situação: promover acordos no plano diplomático-político e difundir o anúncio da verdadeira fé entre as populações.

Junto à ação meramente espiritual e pastoral, o Papa Gregório foi ativo protagonista também de uma multiforme atividade social. Com as rendas do conspícuo patrimônio que a Sede romana possuía na Itália, especialmente na Sicília, comprou e distribuiu trigo, socorreu quem se encontrava em necessidade, ajudou sacerdotes, monges e monjas que viviam na indigência, pagou resgates de cidadãos que eram prisioneiros dos Longobardos, adquiriu armistícios e tréguas. Também desenvolveu tanto em Roma como em outras partes da Itália uma atenta obra de reordenação administrativa, ministrando instruções precisas para que os bens da Igreja, úteis à sua subsistência e à sua obra evangelizadora no mundo, se dirigissem com absoluta retidão e segundo as regras da justiça e da misericórdia. Exigia que os colonos fossem protegidos dos abusos dos concessionários das terras de propriedade da Igreja e, em caso de fraude, que foram ressarcidos com prontidão, para que o rosto da Esposa de Cristo não se contaminasse com benefícios desonestos.

Gregório levou a cabo esta intensa atividade apesar de sua incerta saúde, que o obrigava com freqüência a ficar de cama durante longos dias. Os jejuns que havia praticado nos anos da vida monástica lhe haviam ocasionado sérios transtornos digestivos. Também sua voz era muito frágil, de forma que com freqüência tinha de confiar ao diácono a leitura de suas homilias para que os fiéis das basílicas romanas pudessem ouvi-lo. Ele fazia o possível por celebrar nos dias de festa Missarum sollmnia, isto é, a Missa Solene, e então se encontrava pessoalmente com o povo de Deus, que o estimava muito porque via nele a referência autorizada para obter segurança: não por acaso lhe atribuíram logo o título de consul Dei. Apesar das dificílimas condições nas quais teve de atuar, conseguiu conquistar, graças à santidade de vida e à rica humanidade, a confiança dos fiéis, conseguindo para seu tempo e para o futuro resultados verdadeiramente grandiosos. Era um homem imerso em Deus: o desejo de Deus estava sempre vivo no fundo de sua alma e precisamente por isso estava sempre muito perto do próximo, das necessidades das pessoas de sua época. Em um tempo desastroso, mais ainda, desesperado, soube criar paz e esperança. Este homem de Deus nos mostra as verdadeiras fontes da paz, de onde vem a esperança, e se converte assim em uma guia também para nós hoje.

SERVO DOS SERVOS DE DEUS
Volto hoje, em nosso encontro das quartas-feiras, à extraordinária figura do Papa Gregório Magno, para recolher mais luzes de seu rico ensinamento. Apesar dos múltiplos compromissos vinculados à sua missão como bispo de Roma, ele nos deixou numerosas obras das quais a Igreja, nos séculos seguintes, nutriu-se abundantemente. Além de seu conspícuo epistolário – o Registro ao qual aludia na catequese passada contém mais de 800 cartas –, ele nos deixou sobretudo escritos de caráter exegeta, entre os quais se distinguem o Comentário moral a Jó –conhecido sob o título latino de Morallia in Iob –, as Homilias sobre Ezequiel, as Homilias sobre os Evangelhos. Desta forma, existe uma importante obra de caráter hagiográfico, os Diálogos, escrita por Gregório para a edificação de rainha longobarda Teodolinda. A principal e mais conhecida obra é sem dúvida a Regra pastoral, que o Papa redigiu no começo de seu pontificado com finalidade claramente programática.

Fazendo um rápido repasso por estas obras, observamos, antes de tudo, que em seus escritos Gregório jamais se mostra preocupado em traçar uma doutrina «sua», uma originalidade própria. Mas tenta fazer eco do ensinamento tradicional da Igreja, quer simplesmente ser a boca de Cristo e de sua Igreja no caminho que se deve percorrer para chegar a Deus. A respeito disso, são exemplares seus comentários exegéticos. Foi um apaixonado leitor da Bíblia, à qual se aproximou com pretensões não meramente especulativas: da Sagrada Escritura, pensava ele, o cristão deve tirar não tanto um conhecimento teórico, mas o alimento cotidiano para sua alma, para sua vida de homem neste mundo. Nas Homilias sobre Ezequiel, por exemplo, ele insiste fortemente nesta função do texto sagrado; aproximar-se da Escritura simplesmente para satisfazer o próprio desejo de conhecimento significa ceder à tentação do orgulho e expor-se assim ao risco de cair na heresia. A humildade intelectual é a regra primária para quem tenta penetrar nas realidades sobrenaturais partindo do Livro Sagrado. A humildade, obviamente, não exclui o estudo sério; mas para conseguir que este seja verdadeiramente proveitoso, consistindo entrar realmente na profundidade do texto, a humildade é indispensável. Só com esta atitude interior se escuta realmente e se percebe por fim a voz de Deus. Por outro lado, quando se trata da Palavra de Deus, compreender não é nada se a compreensão não conduz à ação. Nestas homilias sobre Ezequiel se encontra também essa bela expressão segundo a qual «o pregador deve molhar sua caneta no sangue de seu coração; poderá assim chegar também ao ouvido do próximo». Ao ler estas homilias suas se vê que realmente Gregório escreveu com o sangue de seu coração e por isso continua falando a nós.

Gregório desenvolve também este tema no Comentário moral a Jó. Seguindo a tradição patrística, examina o texto sacro nas três dimensões de seu sentido: a dimensão literal, a dimensão alegórica e a moral, que são dimensões do único sentido da Sagrada Escritura. Contudo, Gregório atribui uma clara preponderância ao sentido moral. Nesta perspectiva propõe seu pensamento através de alguns binômios significativos – saber-fazer, saber-viver, conhecer-atuar. Isso nos evoca os dois aspectos da vida humana que deverão ser complementares, mas que com freqüência acabam por ser antitéticos. O ideal moral – comenta – consiste sempre em levar a cabo uma harmoniosa integração entre palavra e ação, pensamento e compromisso, oração e dedicação aos deveres entre palavra e ação, pensamento e compromisso, oração e dedicação aos deveres do próprio estado: este é o caminho para realizar a síntese graças à qual o divino desce no homem e o homem se eleva até a identificação com Deus. O grande papa traça assim para o autêntico crente um projeto de vida completo; por isso, o Comentário moral a Jó constituirá no curso da Idade Média uma espécie de Summa da moral cristã.

São de notável relevância e beleza também as suas Homilias sobre os Evangelhos. A primeira delas foi pronunciada na basílica de São Pedro durante o tempo de Advento do ano 590, portanto, poucos meses depois de sua eleição ao pontificado; a última foi pronunciada na basílica de São Lourenço no segundo domingo depois do Pentecostes de 593. O Papa pregava ao povo nas igrejas onde se celebravam as «estações» – especiais cerimônias de oração nos tempos fortes do ano litúrgico – ou as festas dos mártires titulares. O princípio inspirador que une as diversas intervenções se sintetiza na palavra “praedicator”: não só o ministro de Deus, mas também todo cristão tem a tarefa de tornar-se «pregador» de tudo que experimentou em seu interior, a exemplo de Cristo, que se fez homem para levar a todos o anúncio da salvação. O horizonte deste compromisso é o escatológico: a esperança do cumprimento em Cristo de todas as coisas é um pensamento constante do grande pontífice e acaba por converter-se em motivo inspirador de todo seu pensamento e atividade. Daqui brotam seus incessantes chamados à vigilância e ao empenho nas boas obras.

Talvez o texto mais orgânico de Gregório Magno seja a Regra pastoral, escrita nos primeiros anos de pontificado. Nela, Gregório se propõe traçar a figura do bispo ideal, mestre e guia de seu rebanho. A tal fim ilustra a gravidade do ofício de pastor da Igreja e os deveres que isso comporta: portanto, aqueles que não foram chamados a tal tarefa, que não a busquem com superficialidade; aqueles, ao contrário, que a tenham assumido sem a devida reflexão, que sintam nascer na alma uma necessária turbação. Retomando um tema predileto, afirma que o bispo é antes de tudo o «pregador» por excelência; como tal, deve ser sobretudo exemplo para os demais, de forma que seu comportamento possa constituir um ponto de referência para todos. Uma ação pastoral eficaz requer também que ele conheça os destinatários e adapte suas intervenções à situação de cada um: Gregório se detém em ilustrar a valorização de quem viu nesta obra também um tratado de psicologia. Daqui se entende que ele conhecia realmente seu rebanho e falava de tudo com as pessoas de seu tempo e de sua cidade.

O grande pontífice, contudo, insiste no dever de que o pastor deve reconhecer cada dia a própria miséria, de maneira que o orgulho não torne vão, aos olhos do Juiz Supremo, o bem realizado. Por isso, o capítulo final da Regra está dedicado à humildade: «Quando se tem complacência em ter alcançado muitas virtudes, é bom refletir sobre as próprias insuficiências e humilhar-se; ao invés de considerar o bem realizado, é preciso considerar o que se descuidou». Todas estas indicações preciosas demonstram o altíssimo conceito que São Gregório tem do cuidado das almas, por ele definido «ars artium», a arte das artes. A Regra teve um êxito tão grande que, coisa mais bem rara, logo se traduziu em grego e em anglo-saxônico.

Significativa é igualmente outra obra, os Diálogos, nos quais o amigo e diácono Pedro, convencido de que os costumes estavam tão corrompidos que não permitiam que tivesse santos como em tempos passados, Gregório demonstra o contrário: a santidade sempre é possível, ainda em tempos difíceis. O prova narrando a vida de pessoas contemporâneas ou desaparecidas recentemente às que bem se poderia qualificar de santas, ainda que não estivessem canonizadas. A narração está acompanhada de reflexões teológicas e místicas que fazem do livro um texto hagiográfico singular, capaz de fascinar gerações inteiras de leitores. O material toca as tradições vivas do povo e tem o objetivo de edificar e formar, atraindo a atenção de quem lê sobre uma série de questões como o sentido do milagre, a interpretação da Escritura, a imortalidade da alma, a existência do inferno, a representação do mais além, temas todos que requeriam oportunos esclarecimentos. O livro II se dedica por inteiro à figura de Bento de Nursia e é o único testemunho antigo da vida do santo monge, cuja beleza espiritual aparece no texto com toda evidência.

Na linha teológica que Gregório desenvolve através de suas obras, passado, presente e futuro se relativizam. O que conta para ele, mais que nada, é todo o arco da história salvífica, que continua desenvolvendo-se entre os obscuros meandros do tempo. Nesta perspectiva, é significativo que ele introduza o anúncio da conversão dos Anglos no meio do Comentário moral a Jó: a seus olhos, o evento constituía um alento do Reino de Deus do qual trata a Escritura; portanto, podia mencionar-se no comentário um livro sacro. Em sua opinião, os guias das comunidades cristãs devem empenhar-se em reler os acontecimentos à luz da Palavra de Deus: neste sentido, o grande pontífice sente o dever de orientar pastores e fiéis no itinerário espiritual de uma lectio divina iluminada e concreta, situada no contexto da própria vida. (*)

Antes de concluir, é necessário falar das relações que o Papa Gregório cultivou com os patriarcas de Antioquia, de Alexandria e da própria Constantinopla. Preocupou-se sempre por reconhecer e respeitar os direitos, guardando-se de toda interferência que limitasse a legítima autonomia daqueles. Ainda que São Gregório, no contexto da situação histórica, se opôs ao título de «ecumênico» por parte do Patriarca de Constantinopla, não o fez por limitar ou negar esta legítima autoridade, mas porque estava preocupado pela unidade fraterna da Igreja universal. Ele o fez sobretudo por sua profunda convicção de que a humildade devia ser a virtude fundamental de todo bispo, mais ainda de um Patriarca. Gregório havia continuado sendo um simples monge em seu coração e por isso era decididamente contrário aos grandes títulos. Queria ser – é expressão sua – servus servorum Dei. Esta palavra que acunhou não era em seus lábios uma piedosa fórmula, mas a verdadeira manifestação de seu modo de viver e de atuar. Estava intimamente impressionado pela humildade de Deus, que em Cristo se fez nosso servo, nos lavou e nos lava os pés. Portanto, estava convencido de que, sobretudo um bispo, deveria imitar esta humildade de Deus e assim seguir Cristo. Seu desejo verdadeiramente foi o de viver como monge em permanente colóquio com a Palavra de Deus, mas por amor a Deus soube fazer-se servidor de todos em um tempo repleto de tribulações e de sofrimentos, soube fazer-se «servo dos servos». Precisamente porque o foi, é grande e mostra também a nós a medida de sua verdadeira grandeza.

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(*) Grifo meu.

Todos os artigos disponíveis neste sítio são de livre cópia e difusão deste que sempre sejam citados a fonte e o(s) autor(es).
Para citar este artigo:
PAPA, Bento XVI. Apostolado Veritatis Splendor: SÃO GREGÓRIO I DE ROMA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5250. Desde 30/07/2008.

“Necessidade que temos da Intercessão de Maria Santíssima para nossa salvação” – Santo Afonso, in Tomo III (www.saopiov.org)

Nossa Senhora da Humildade - Prizri Na Smirenie

Fonte: São Pio V – Fiéis Católicos de Curitiba

INTERCESSÃO DE NOSSA SENHORA

Excerto publicado por Thiago Teixeira

NECESSIDADE QUE TEMOS DA INTERCESSÃO DE
MARIA SANTÍSSIMA PARA NOSSA SALVAÇÃO
Santo Afonso
(Fonte: “Meditações para todos os dias do ano”, Tomo III)

“Gens et regnum, quod non servierit tibi, peribit” – “A gente e o reino que te não servir, perecerá” (Is LX, 12).

I.Que a prática de invocar aos Santos, a fim de nos alcançarem a divina graça, seja não somente lícita, mas também útil, é um ponto da fé. Entre os Santos, porém, que são amigos de Deus, e a Santíssima Virgem, que é sua verdadeira Mãe, há esta diferença, que a intercessão de Maria não é só utilíssima, mas também moralmente necessária, de modo que o Bemaventurado Alberto Magno e São Boaventura chegam a afirmar que todos os que se descuidam da devoção a Nossa Senhora, não a servem, e consequentemente não são por ela protegidos, morrerão todos em pecado mortal, e se condenarão: “A gente que te não servir, perecerá”. É esta, diz Soares, a opinião universal da Igreja.

E com razão; porquanto, não sendo nós capazes de conceber um só bom pensamento em ordem à vida eterna, a graça divina nos é indispensável para a salvação. Verdade é que só Jesus Cristo nos mereceu esta graça, por ser Medianeiro de justiça. Mas, para nos inspirar mais confiança de obtermos a graça, e ao mesmo tempo para exaltar sua Mãe Santíssima, Jesus a depositou nas mãos de Maria, e, constituindo-a medianeira de graça, decretou que nenhuma graça fosse dispensada aos homens sem que passasse pelas mãos de Maria.

Numa palavra, diz São Bernardo, Deus constituiu Nossa Senhora como que um “aqueduto” dos bens celestes que descem à terra, e determinou que por meio de Maria recebamos o Salvador que por seu intermédio nos foi dado na Incarnação. Vede, pois, conclui o Santo, vede, ó homens, com que afeto de devoção quer o Senhor que honremos à nossa Rainha, refugiando-nos sempre a ela e confiando em seu patrocínio!

II. Assim como Holofernes, para conquistar a cidade de Bethulia, ordenou que se cortassem os aquedutos, também o demônio faz quanto pode, afim de que as almas percam a devoção à Mãe de Deus. Pela experiência o espírito maligno sabe que, tapado este canal das graças, depois fácil ou, antes, certamente consegue conquista-las. Quantos cristãos estão agora no inferno por se terem deixado iludir assim. Nós, portanto, demos graças á divina Mãe, por nos ter tomado debaixo de seu santíssimo manto, como no-lo garantem as graças recebidas pela sua intercessão. Ao mesmo tempo, porém, examinemos se por ventura estamos resfriados na sua devoção, e renovemos nosso propósito de sermos para o futuro mais constantes.

Sim, eu vos dou graças, ó minha Mãe amorosíssima, por todos os bens que tendes feito a este desgraçado réu do inferno. Ó minha Rainha, de quantos perigos me tendes livrado! Quantas luzes e quantas misericórdias me tendes alcançado de Deus! Que grande bem, ou que grande honra recebestes de mim para vos empenhardes tanto a meu favor? Foi só a vossa bondade que a isso vos moveu. Ah! Se eu pudesse dar por vosso amor o sangue e a vida, ainda seria pouco, à vista da obrigação que vos devo, pois que me livrastes da morte eterna e me fizestes recuperar, como espero, a graça divina; a vós sou devedor de toda a minha felicidade.

Senhora minha amabilíssima, eu, miserável, não tenho que vos dar senão os meus louvores e o meu amor. Ah, não desprezeis o afeto de um pobre pecador, abrasado em amor pela vossa bondade. Se o meu coração é indigno de vos amar, por estar imundo e cheio de afetos terrestres, vós o podeis mudar: mudai-o, pois. Ah, minha Senhora prendei-me a meu Deus, e prendei-me de tal modo que nunca mais possa separar-me de seu amor. Vós quereis que eu ame o vosso Deus; e eu quero que me alcanceis este amor; fazei que o ame sempre e nada mais deseje.

Ó MARIA, CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

Postado por Thiago Teixeira – 26.07.2009.

“Como é de lamentar um padre quando diz missa como coisa banal… Oh!, como é infeliz um padre a quem falte interioridade!” – São João Maria Vianney (Cura d’Ars), in Flos Carmeli – Ano Sacerdotal

Vale a pena conferir no Blog Flos Carmeli, as informações acerca do Ano Sacerdotal, instituído pelo papa Bento XVI, e cujo patrono é São João Maria Vianney – o Cura D’ Ars. A meu ver, ele foi um sacerdote – e santo – extraordinário! A propósito, foi criado um selo especial no “Flos Carmeli” – “Celebrando o Ano Sacerdotal”.

Ao lado, no Blogroll, está disponível o link de acesso para o site criado pelo Vaticano, intitulado “Annus Sacerdotalis”.

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Fonte: FLOS CARMELI  (ANO SACERDOTAL)

18.7.09

São João Maria Vianey

O jovem pároco João Maria Batista Vianney não prometia sucessos retumbantes, mas ao ser nomeado para o vilarejo perdido de Ars, o seu imenso amor a Deus transformou a fundo não apenas os seus paroquianos, mas milhões de peregrinos da França inteira.

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Era ao entardecer de 9 de fevereiro de 1818, uma terça-feira. Um pastorinho de dezesseis anos, Antoine Givre, que guardava as ovelhas na lande das Dombes, teve um encontro estranho, que havia de recordar durante toda a vida. Ia cair a noite. Já as luzes se acendiam nas janelas das casas, agrupadas a algumas centenas de metros, para além de um valado. Do lado da estrada de Lyon, o rapaz ouviu um barulho e olhou: era um padre que avançava a grandes passadas de camponês; a seu lado, uma velha de touca na cabeça; atrás deles, uma carriola vacilante, carregada de fardos e de uma misturada de coisas, no meio das quais se via uma cama de madeira. O padre saudou o pequeno e perguntou-lhe se ainda estava longe de uma aldeia chamada Ars. Antoine indicou com a mão o humílimo povoado que já se ocultava no crepúsculo. “Como é pequeno!”, murmurou o padre. E ajoelhou-se. Em silêncio, durante muito tempo, rezou, de olhos postos nas casas. Rezou com um fervor e uma atenção extraordinários. Dir-se-ia que via coisas de que os outros não faziam a menor idéia. Ao levantar-se, olhou para o rapaz e, com voz muito simples, disse: “Tu mostraste-me o caminho de Ars… Um dia hei de mostrar-te o caminho do Céu”. Em seguida, retomou a marcha. A capelania de Ars-en-Dombes – que não tinha mais de duzentas almas e estava subordinada à paróquia de Misérieux, da diocese de Lyon – recebia o seu novo encarregado.

Chamava-se Jean-Marie Vianney. Nascera trinta e dois anos antes (1786), numa aldeia situada a umas dez léguas, Dardilly, onde os pais eram gente dedicada ao campo; e gente piedosa, como ainda havia tantos na França. Por curiosa coincidência, um dia sentara-se à mesa deles São Bento Labre, “o anjo andrajoso”, no decurso da sua grande peregrinação. Já aos sete anos, o pequeno Jean-Marie mostrara uma inclinação tão evidente para a oração que se falara de fazer dele frade ou padre. Levava para os campos onde guardava algumas vacas uma imagenzinha de Nossa Senhora, que colocava no buraco de um salgueiro para se ajoelhar diante dela. Com a Revolução, viera a grande caça aos padres. O pequeno tivera de aprender o catecismo às escondidas e de fazer a primeira comunhão clandestinamente, numa casa com a porta e as janelas fechadas. E o espetáculo da resistência do clero francês à perseguição acabara de enraizar nele a vocação religiosa. Mais ainda: uma vocação para o heroísmo, o sacrifício, a grandeza espiritual.

Infelizmente, para ser padre e ter o direito e os meios de “ganhar almas para Deus”, não basta a boa vontade, não basta o impulso do coração: é preciso estudar, aprender latim, liturgia, teologia e tantas coisas mais! Nesse campo, Jean-Marie Vianney mostrara-se muito decepcionante. O seu cérebro, maravilhosamente capaz de fixar os fatos da vida prática e de penetrar nos seres, era radicalmente incapaz de armazenar as declinações latinas e as mais elementares noções de dogmática! Se não tivesse encontrado no seu caminho um homem para o compreender, não há dúvida de que nunca teria chegado a vencer os sucessivos obstáculos que o separavam do sacerdócio. Nos seminários de Verrières e, depois, no de Santo Ireneu, perto de Lyon, que fraca figura tinha feito o pobre pequeno! Mas M. Belley velara por ele, M. Belley, pároco de Ecully, abelha operária de uma dessas equipes de missionários que, em pleno Terror, o pe. Linsolas, vigário geral de Lyon, tivera a audácia de fundar. Graças a Belley, Jean-Marie conseguira receber o diaconado, em 1814, e, no ano seguinte (a 13 de agosto), a ordenação sacerdotal, na capela do Seminário Menor de Grenoble, algumas semanas depois da queda do Império. Coadjutor em Ecully, acabara de se preparar junto do seu mestre para uma existência sacerdotal inteiramente devotada às almas e também cheia de práticas de piedade e ascese: flagelações, jejuns, cilício. Era de Ecully que chegava, nesse entardecer brumoso de 9 de fevereiro de 1818, à minúscula aldeia de Ars. E lá iria ficar durante quarenta e um anos…

Fisicamente, era um corpanzil rústico, de andar pesado, rosto alongado e magro, cujas “maçãs” se iam adelgaçando até ao queixo esguio, e em que o nariz ossudo despontava sobre uns lábios finos. O único dado apreciável dos seus traços sem graça eram os olhos, olhos de um azul-cinzento, de uma limpidez e uma capacidade de concentração igualmente extraordinárias. Mais tarde, quando estiver no auge da sua celebridade, uma toleirona burguesa, vinda expressamente de Paris para admirar o grande homem, vendo-o assim, exclamará: “É só isto, o Cura d´Ars?!” Pois só isso, esse camponês bronco, mal vestido, com uma batina remendada e esverdeada à força de uso, esse homenzinho facilmente brincalhão e que se chamava a si próprio o burrinho ou o idiota da aldeia?! Como não deixar desconcertada uma parisiense! E essa reputação de ignorante, de caranguejo com orelhas de burro, que o seguia desde o seminário e que ele mesmo parecia cultivar com prazer…

Mas a verdade desse homem não estava aí. É óbvio que era exatamente o contrário desse minus habens, desse “primário intelectual” de que falariam os redatores da Idée libre. A inteligência não se mede só pela dose de conhecimentos livrescos que pode assimilar, e, quanto a tudo o que pertencia à vida e não ao impresso, Jean-Marie Vianney era uma inteligência fora de série. E, sobretudo, havia nele alguma coisa superior à inteligência: uma forma de “ver as coisas do alto”, como disse o cardeal de Bonald, um dom de intuição que escapava a toda a lógica, mas que se revelava quase infalível, uma grandeza que se impunha ao interlocutor mais obtuso ou mais hostil: numa palavra, uma força soberana, a par da simplicidade mais natural e da mais autêntica humildade. “Para crer na presença do Sobrenatural – pôde alguém dizer dele -, basta olhá-lo”. Todos os que o viram deram o mesmo testemunho da sua irradiação espiritual, da misteriosa “aura” que rodeava o seu corpo sem prestígio. Uma palavra resume tudo sobre a realidade profunda que o sustentava. Foi dita pelo bispo de Belley, num dia em que alguns padres deploravam diante dele, cheios de compaixão, a ignorância do seu confrade, a nulidade que era em matéria de teologia e de casuística: “Não sei se ele é instruído; sei que é iluminado”.

Assim era, pois, aquele que Ars-en-Dombes ia guardar durante quarenta e um anos seguidos, aquele que viria a identificar-se tão totalmente, tão plenamente, com essa ínfima aldeia, que iria como que ser absorvido por ela, perder até o nome de família a favor do seu pobre título, não ficando a ser, “tanto no futuro como no Céu”, nada mais que o Cura d´Ars. Quarenta e um anos, “e sempre contra vontade” – diz a excelente Catherine Lassagne, que o acompanhou no seu presbitério. Porque, torturado pela angústia de não ser digno da pesada missão de padre, esse humilde diante de Deus há de fugir da paróquia pelo menos três vezes, decidido a deixar o lugar “a alguém menos ignorante”, e serão os próprios paroquianos que o reterão, à custa de mil e uma astúcias. Quarenta e um anos de uma vida que, aparentemente, parecerá a mais banal, a mais monótona que se possa imaginar, mas na qual se desenrolará, num plano que já não pertence à terra, a aventura mística mais espantosa da sua época.

Quando Jean-Marie chegou, Ars não passava da mais morna das comunidades cristãs. “Lá, não gostavam muito de Deus”. Mas, logo que viram como vivia o novo cura, os paroquianos compreenderam que alguma coisa tinha mudado. Começou por mandar restituir ao castelo os móveis confortáveis que a piedosa Mme. des Garets tinha emprestado ao presbitério. Depois, pôs-se a restaurar a igreja, que estava caindo aos pedaços, fazendo por suas próprias mãos “o trabalho doméstico de Deus”. A seguir, só se falava na aldeia de que o novo encarregado da capelania de Ars tinha um modo singularíssimo de alimentar-se: umas tantas côdeas de pão seco, uma panela de batatas, que mandava coser cada três semanas e que ia comendo frias. Por último, as boas mulheres que, de tempos a tempos, conseguiam penetrar na casa paroquial para cuidar dos trabalhos domésticos, contavam que encontravam roupa ensangüentada, manchas vermelhas nas paredes… E compreendeu-se então para que serviam as correntes que o padre mandara forjar na oficina do ferreiro. Esses jejuns, essas penitências – que o Cura d´Ars conservará durante toda a vida – fizeram tanto maior impressão quanto a verdade é que essa terrível ascese não impedia M. Vianney de ser de uma delicadeza, de uma mansidão perfeitas, sem querer impor a ninguém os golpes de disciplina que a si mesmo infligia – e que nem uma só vez deixou transparecer. Quando, porém, este ou aquele se permitia aludir aos rigores que ele aplicava ao seu corpo, respondia com o melhor dos sorrisos que era coisa muito apropriada para “o velho Adão” ou “o cadáver”…

Poder do exemplo: foi, indubitavelmente, por aí que Jean-Marie Vianney se impôs: primeiro, às suas ovelhas; depois, a outras. Pouco a pouco, a paróquia transformou-se. Homens, mulheres, crianças foram agrupados em confrarias ou obras. Abriu-se uma escola gratuita, a “Casa da Providência”, aonde afluíram as meninas, incluindo as órfãs, as abandonadas, as desafortunadas. Os maus hábitos, como o do baile e da taberna, contra os quais o padre era severo, foram desaparecendo da paróquia. Para não o desgostarem, os moços e as moças menos recatados refreavam o seu comportamento. “O respeito humano voltou-se do avesso”, e passou a ser tão vergonhoso apanhar uma bebedeira como o era, na véspera, não beber com os outros. A igreja, ainda ontem meio vazia, encheu-se e, como a gente dos arredores ganhou o costume de a freqüentar, passou a ser pequena. Quem havia de prever semelhante mudança, quando, meia dúzia de anos antes, o arcebispo encarara seriamente a hipótese de suprimir a paróquia?

E, no entanto, Jean-Marie Vianney não era grande orador; o que servia aos seus ouvintes não eram grandes trechos de eloqüência. Tinha a voz gutural; tendia a gritar; muitas vezes perdia o fio do discurso, parava e depois retomava a palavra fosse lá como fosse; por fim, como não sabia como acabar, cortava o sermão e descia do púlpito subitamente. Quanto à matéria dos sermões, nada tinha de original. O mesmo se diga da catequese, que dava a crianças e adultos várias vezes por semana. Não tinha escrúpulo em ir buscar material às coletâneas de Bonnardel, de Joly, de Billot, do pe. Lejeune, sermonários de largo uso na época, assim como ao catecismo do campo. Copiava um parágrafo aqui, outro acolá, harmonizava-os conforme podia; mas, sobre todo esse mosaico, punha a sua marca, transformando as frases excessivamente bem construídas em fórmulas simples, populares, com comparações e imagens que impressionavam o ouvinte. Por exemplo: para mostrar a ação do pecado na alma, comparava-o a uma mancha de azeite num pano de lã: mesmo que a lavemos dez vezes, não sai! E, ao passarem pelos seus lábios – todos os que o ouviram concordam nisto –, esses pobres sermões ganhavam um poder de sugestão extraordinário. Podia anunciar os castigos do Juízo Final, ou falar interminavelmente do amor de Deus pelos homens, da sua infinita misericórdia, que encontrava sempre, como por instinto, as palavras que iam até ao fundo das almas. E que dom de descobrir fórmulas! Pelo menos uma delas ficou a pertencer ao mais raro florilégio do pensamento cristão. Ouvindo certo dia uma viúva que estava angustiada porque o marido se tinha lançado ao rio e se afogara, e que tremia convencida de que ele se condenara, que lhe respondeu o Cura de Ars? Simplesmente isto: “Entre a ponte e a água, houve tempo para o arrependimento e o perdão”. Entre a ponte e a água…

Era assim o padre que a aldeia de Ars conservou por quarenta e um anos. O padre. E esta única palavra diz tudo. Porque Jean-Marie Vianney não foi senão um padre, um simples padre, todo ele entregue às almas, devorado pela sua missão, integralmente fiel à sua vocação. Nada mais que isso; nada menos que isso. Mas esse sacerdócio, que estivera a ponto de lhe ser recusado, fê-lo ele subir a um nível tão alto que se revelou inigualável. Nunca ninguém falou melhor que ele acerca do padre, da grandeza da sua função, do seu papel sobrenatural. “Ah! Como o padre é qualquer coisa de grande! O padre só poderá ser compreendido no Céu. Se o compreendêssemos neste mundo, morreríamos – não de terror, mas de amor… Depois de Deus, o padre é tudo! Deixai uma paróquia vinte anos sem padre: hão de adorar os animais!

Mas também ninguém disse melhor que ele o que há de terrível para um homem em ser depositário do poder de Deus, em ter o direito de absolver e o de fazer o próprio Deus descer à hóstia. “Como é terrível ser padre!” – repetia muitas vezes –, e o seu rosto inundava-se de lágrimas. “Como é de lamentar um padre quando diz missa como coisa banal… Oh!, como é infeliz um padre a quem falte interioridade!” Um padre. Apenas padre. Aí reside o caráter extraordinário da sua aventura. Foi só por não ter sido nada mais que padre que Jean-Marie Vianney se tornou uma glória da terra, antes de ser um santo.

Sim. Pouco a pouco, ou melhor, bem depressa, o renome do Cura d´Ars transbordou do quadro estreito da sua minúscula paróquia. Chamavam-no aqui, ali, acolá, para falar, para confessar. E, sobretudo, espontaneamente, havia homens e mulheres que se lançavam à estrada, por terem ouvido dizer que, algures nos Dombes, numa aldeia perdida, havia um padre que falava de Deus, confessava, confortava. Menos de dez anos depois de ter chegado, a corrente de peregrinos que afluía a Ars tomara a força de um acontecimento, não somente regional, mas nacional e internacional. Calcula-se em 80.000, em média, os peregrinos que, ano após ano, e durante trinta anos, se sucederam em Ars. No último ano, que foi o da morte do santo, foram para cima de 100.000. A aldeia mais que duplicou. À volta da igreja, conforme se vê nas gravuras da época, multiplicaram-se as “pensões burguesas” e as lojas onde se vendiam objetos de devoção.

Quem eram esses que acorriam a Ars? Vinham de todos os países, pertenciam a todas as classes sociais. Aquele a quem os companheiros de seminário chamavam pobre de espírito, aquele de quem alguns colegas de sacerdócio troçavam por ser intelectualmente nulo, era procurado por homens notáveis que o vinham consultar: intelectuais de alto nível, almas comprovadamente espirituais, como, por exemplo, o pe. Lacordaire, preocupado com o futuro da sua Ordem, ou o pe. Chevrier, fundador, em Lyon, do Prado, ou o pe. Muard, que iria fundar os beneditinos da Pierre-qui-Vire, ou mons. Ségur, o bispo cego, ou mons. Ullathorne, inglês convertido, discípulo de Wiseman, por este enviado a Roma para resolver a questão do restabelecimento da Hierarquia na Inglaterra e que parou em Ars e chegou a pensar em nunca mais sair de lá… Não havia ninguém que não se retirasse consolado, encorajado, guiado. Ninguém que não pudesse dizer, como certo humilde vinhateiro do Mâcon: “Vi Deus num homem”.

Esse prodigioso afluxo teve, para o Cura d´Ars, uma conseqüência penosa. A sua vida tornou-se a vida de um forçado de Cristo, noite e dia preso a uma tarefa cuja amplitude ia além das forças humanas. É certo que lhe tinham dado um auxiliar, que, de resto, pelo seu temperamento, foi para ele, muita vez, ocasião de penitências suplementares… E até se constituiu um grupo de missionários destinado a ajudá-lo. Mas era ele, só ele, quem os inúmeros fiéis queriam ver; só a ele queriam confiar as suas misérias; só dele esperavam esperança e paz.

Então, devorado pelo zelo das almas, Jean-Marie Vianney fez-se escravo do confessionário. Nessa pequena caixa de madeira em que no inverno gelava e no verão abafava, passava horas, dias, meses, anos inteiros… Chegou a ficar lá dezoito horas seguidas! Também chegou a desmaiar, sufocado com a falta de ar e o mau cheiro. Os dias eram para ele “regulados como uma pauta de música”. Pouco depois da meia noite, ia para a igreja, de lanterna na mão. Já a multidão o esperava à porta e logo começava o desfile. Foi preciso organizar um serviço de ordem! As mulheres eram atendidas no confessionário, que ficava numa capela lateral. Os homens que não gostavam de ser vistos iam à sacristia. Os padres – o próprio bispo de Belley – ajoelhavam-se por trás do altar-mor. Quer a confissão fosse longa ou curta, a exortação do padre era sempre breve, mas bastava para que o penitente ficasse transtornado e, muitas vezes, se retirasse de rosto banhado em lágrimas. Nesse desenrolar atrozmente monótono de feios pecados, de impurezas grandes ou pequenas, só duas interrupções: uma, para a missa, pelas quatro da manhã; outra, para o catecismo, às onze. E isso durou mais de trinta anos…

Semelhante heroísmo seria ainda deste mundo? À volta desse homem de Deus, o sobrenatural surgia em tudo. Uma coisa era certa: ele tinha o dom de ler nos corações. Bem o descobriam à sua custa aqueles que tentavam trapacear com Deus, calar pesadas faltas, diminuir um pouco a conta dos anos em que não se tinham confessado: com um olhar, o padre trespassava-os como um raio de luz, e, em duas palavras, situava-os diante da triste verdade da sua miséria.

Veria ele ainda mais alguma coisa, outras realidades? Ferozmente mudo sobre este ponto, fugindo a todas as perguntas, recusava-se a dizer se era verdade que tivera visões de Nossa Senhora, de São João Batista, de alguns outros santos talvez, como insistentemente se dizia. “Uma impressão que tive muitas vezes – diz um dos seus íntimos, que freqüentemente o ajudava à missa – é que ele via aquilo que adorava”. Mas havia outro capítulo sobre o qual o santo era um pouco mais loquaz: o da luta terrível, que, por mais de trinta anos, sustentou com o adversário, o próprio Satanás, a quem chamava, com um termo saboroso, “le grappin” [“a fisga”], e que reconhecia ter encontrado tanta vez que eram “como dois velhos camaradas”. Quanto aos seus milagres, dos quais o processo de canonização consideraria uns trinta, todos eles tinham um ar de simplicidade que devemos dizer evangélica: multiplicação do pão para o orfanato da paróquia, cura de enfermos, leituras do futuro. Em todos eles se encontrava, como diziam os cristãos da primitiva Igreja, “o bom odor de Cristo”.

A glória humana acompanhou essa glória celeste, singularmente manifestada na terra. Os peregrinos de Ars difundiam-na ao longe e ao largo, de modo que vinham pelas estradas das Dombes curiosos, até descrentes, que, na maior parte dos casos, de lá voltavam adivinhados, confusos, demudados. A imprensa falava. Nas lojas próximas da igreja, vendiam-se estampas com a figura do santo cura, o que bastava para o fazer zangar-se: “É o meu carnaval”, dizia ele, mostrando-as. Pôs no olho da rua o escultor que teve a imprudente audácia de lhe pedir licença para fazer a sua estátua. Quando o bispo lhe enviou a murça de cônego honorário, o santo agradeceu-lhe muito amavelmente, mas logo vendeu o inútil ornamento e pôs o dinheiro ao serviço dos pobres. Quanto à Legião de Honra que o sub-prefeito de Trévoux conseguiu para ele, recusou-se evidentemente a colocá-la ao peito e imediatamente a deu de presente, visto que era um objeto sem valor comercial e inútil para as suas obras de caridade. Nada lhe iria faltar para entrar na lenda em vida. Nada: nem sequer a ácida inveja de alguns dos seus confrades, ou a gritaria daqueles a quem incomodava, ou até as cartas anônimas e as injúrias. A todos os ataques respondia afirmando que os piores tratamentos eram ainda suaves demais para um asno e um pecador da sua laia, o que deixava envergonhados os cínicos.

Nos últimos dias de julho de 1859, a morte, cuja chegada anunciara, veio arrancá-lo por fim à sua tarefa sem medida. Morreu na noite de 3 de agosto, de olhos voltados para o Céu, “com uma expressão extraordinária de fé e de felicidade”, no dizer de uma testemunha. E logo acorreram multidões, massas imensas de gente, em que se misturavam os ricos e os pobres, entre eles o novo bispo de Belley, que se deslocou a pé desde Meximieux, a quarenta quilômetros, “sem fôlego, comovido, rezando em voz alta”. Ars bem sabia que tinha acabado de perder um santo.

Fonte : Eclesia Una

Postado por Flos Carmeli às Sábado, Julho 18, 2009