Papa Bento XVI sobre São Gregório Magno:”(…)A esperança do cumprimento em Cristo de todas as coisas é um pensamento constante do grande pontífice e acaba por converter-se em motivo inspirador de todo seu pensamento e atividade. Daqui brotam seus incessantes chamados à vigilância e ao empenho nas boas obras.(…)” – Veritatis Splendor (03 de setembro-Memória)

Fonte: Apostolado Veritatis Splendor

Tradução: Élison Santos (Fonte: Zenit)

SÃO GREGÓRIO I DE ROMA

São Gregório Magno (São Gregório I de Roma)
São Gregório Magno

Por Papa Bento XVI

Queridos irmãos e irmãs!

Na quarta-feira passada, falei de um Padre da Igreja pouco conhecido no Ocidente, Romano o Meloda; hoje desejo apresentar a figura de um dos maiores Padres da história da Igreja, um dos quatro doutores do Ocidente, o Papa São Gregório, que foi bispo de Roma entre o ano 590 e 604, e que mereceu da parte da tradição o título Magnus/Grande. Gregório foi verdadeiramente um grande Papa e um grande Doutor da Igreja! Nasceu em Roma, em torno de 540, de uma rica família patrícia da gens Anicia, que se distinguia não só pela nobreza de sangue, mas também pelo apego à fé cristã e pelos serviços prestados à Sé Apostólica. Desta família procediam dois Papas: Félix III (483-492), tataravô de Gregório, e Agapito (535-536). A casa na qual Gregório cresceu se levantava na Clivus Scauri, rodeada de solenes edifícios que testemunhavam a grandeza da antiga Roma e a força espiritual do cristianismo. Para inspirar-lhe elevados sentimentos cristãos estiveram também os exemplos de seus pais Giordiano e Silvia, ambos venerados como santos, e os de suas tias paternas Emiliana e Tarsília, que viviam na própria casa como virgens consagradas em um caminho compartilhado de oração e ascese.

Gregório ingressou logo na carreira administrativa, que havia seguido também seu pai, e em 572 alcançou o cume, convertendo-se em prefeito da cidade. Este cargo, complicado pela tristeza daqueles tempos, permitiu-lhe aplicar-se em um amplo raio a todo tipo de problemas administrativos, obtendo deles luz para suas futuras tarefas. Em particular ficou nele um profundo sentido da ordem e da disciplina: já como Papa, sugerirá aos bispos que tomem como modelo na gestão dos assuntos eclesiásticos a diligência e o respeito das leis próprias dos funcionários civis. Aquela vida não lhe devia satisfazer, visto que, não muito depois, decidiu deixar todo cargo civil para retirar-se em sua casa e começar a vida de monge, transformando a casa de família no mosteiro de Santo André. Desse período de vida monástica, vida de diálogo permanente com o Senhor na escuta de sua palavra, ficou nele uma perene nostalgia que sempre de novo e cada vez mais aparece em suas homilias: em meio às preocupações pastorais, ele recordará várias vezes em seus escritos como um tempo feliz de recolhimento em Deus, de dedicação à oração, de serena imersão no estudo. Pôde assim adquirir esse profundo conhecimento da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja, do qual se serviu depois em suas obras.

Mas o retiro claustral de Gregório não durou muito. A preciosa experiência amadurecida na administração civil em um período carregado de graves problemas, as relações que teve nesta tarefa com os bizantinos, a estima universal que havia ganhado, induziram o Papa Pelágio a nomeá-lo diácono e a enviá-lo a Constantinopla como seu «apocrisiario» – hoje se diria «Núncio Apostólico» – para favorecer a superação dos últimos restos de controversa monofisista e sobretudo para obter o apoio do imperador no esforço de conter a pressão longobarda. A permanência em Constantinopla, onde havia reiniciado a vida monástica com um grupo de monges, foi importantíssima para Gregório, pois lhe permitiu ganhar experiência direta no mundo bizantino, assim como se aproximar do problema dos Longobardos, que depois colocaria à prova sua habilidade e sua energia nos anos do Pontificado. Passados alguns anos, foi chamado de novo a Roma pelo Papa, que o nomeou seu secretário. Eram anos difíceis: as contínuas chuvas, o transbordamento dos rios e a carestia atingiam muitas áreas da Itália e da própria Roma. No final se desatou a peste, que causou numerosas vítimas, entre elas também o Papa Pelágio II. O clero, o povo e o senado foram unânimes em eleger como seu sucessor na Sede de Pedro precisamente ele, Gregório. Tentou resistir, inclusive buscando a fuga, mas tudo foi inútil: ao final teve de ceder. Era o ano de 590.

Reconhecendo que havia sucedido a vontade de Deus, o novo pontífice se pôs imediatamente ao trabalho com empenho. Desde o princípio revelou uma visão singularmente lúcida da realidade com a qual devia medir-se, uma extraordinária capacidade de trabalho ao enfrentar os assuntos tanto eclesiais como civis, um constante equilíbrio nas decisões, também valentes, que sua missão lhe impunha. Conserva-se de seu governo uma ampla documentação graças ao Registro de suas cartas (aproximadamente 800), nas quais se reflete o enfrentamento diário dos complexos interrogantes que chegavam à sua mesa. Eram questões que procediam dos bispos, dos abades, dos clérigos, e também das autoridades civis de toda ordem e grau. Entre os problemas que afligiam naquele tempo a Itália e Roma, havia um de particular relevância no âmbito tanto civil como eclesial: a questão longobarda. A ela o Papa dedicou toda a energia possível com vistas a uma solução verdadeiramente pacificadora. Ao contrário do Imperador bizantino, que partia do pressuposto de que os Longobardos eram só indivíduos depredadores a quem era preciso derrotar ou exterminar, São Gregório via estas pessoas com os olhos do bom pastor, preocupado por anunciar-lhes a palavra de salvação, estabelecendo com eles relações de fraternidade orientadas a uma futura paz fundada no respeito recíproco e na serena convivência entre italianos, imperiais e longobardos. Preocupou-se pela conversão dos jovens povos e da nova organização civil da Europa: os Visigodos da Espanha, os Francos, os Saxões, os imigrantes na Bretanha e os Lonbogardos foram os destinatários privilegiados de sua missão evangelizadora. Ontem celebramos a memória litúrgica de Santo Agostinho de Canterbury, guia de um grupo de monges aos que Gregório encomendou ir a Bretanha para evangelizar a Inglaterra.

Para obter uma paz efetiva em Roma e na Itália, o Papa se empenhou a fundo – era um verdadeiro pacificador – empreendendo uma estreita negociação com o rei longobardo Agilulfo. Tal conversa levou a um período de trégua que durou cerca de três anos (598-601), após os quais foi possível estipular em 603 um armistício mais estável. Este resultado positivo se conseguiu graças também aos contatos paralelos que, entretanto, o Papa mantinha com a rainha Teodolinda, que era uma princesa bávara e, ao contrário dos chefes dos outros povos germanos, era católica, profundamente católica. Conserva-se uma série de cartas do Papa Gregório a esta rainha, nas quais ele mostra sua estima e sua amizade para com ela. Teodolinda conseguiu, pouco a pouco, orientar o rei para o catolicismo, preparando assim o caminho para a paz. O Papa se preocupou também de enviar-lhe as relíquias para a basílica de São João Batista que ela levantou em Monza, e não deixou de felicitar e oferecer preciosos presentes para a mesma catedral de Monza por ocasião do nascimento e do batismo de seu filho Adoaloaldo. A vicissitude desta rainha constitui um belo testemunho sobre a importância das mulheres na história da Igreja. No fundo, os objetivos sobre os que Gregório apontou constantemente foram três: conter a expansão dos Longobardos na Itália, subtrair a rainha Teodolinda da influência dos cismáticos e reforçar a fé católica, assim como mediar entre Longobardos e Bizantinos com vistas a um acordo que garantisse a paz na península e consentisse desenvolver uma ação evangelizadora entre os próprios Longobardos. Portanto, foi dupla sua constante orientação na complexa situação: promover acordos no plano diplomático-político e difundir o anúncio da verdadeira fé entre as populações.

Junto à ação meramente espiritual e pastoral, o Papa Gregório foi ativo protagonista também de uma multiforme atividade social. Com as rendas do conspícuo patrimônio que a Sede romana possuía na Itália, especialmente na Sicília, comprou e distribuiu trigo, socorreu quem se encontrava em necessidade, ajudou sacerdotes, monges e monjas que viviam na indigência, pagou resgates de cidadãos que eram prisioneiros dos Longobardos, adquiriu armistícios e tréguas. Também desenvolveu tanto em Roma como em outras partes da Itália uma atenta obra de reordenação administrativa, ministrando instruções precisas para que os bens da Igreja, úteis à sua subsistência e à sua obra evangelizadora no mundo, se dirigissem com absoluta retidão e segundo as regras da justiça e da misericórdia. Exigia que os colonos fossem protegidos dos abusos dos concessionários das terras de propriedade da Igreja e, em caso de fraude, que foram ressarcidos com prontidão, para que o rosto da Esposa de Cristo não se contaminasse com benefícios desonestos.

Gregório levou a cabo esta intensa atividade apesar de sua incerta saúde, que o obrigava com freqüência a ficar de cama durante longos dias. Os jejuns que havia praticado nos anos da vida monástica lhe haviam ocasionado sérios transtornos digestivos. Também sua voz era muito frágil, de forma que com freqüência tinha de confiar ao diácono a leitura de suas homilias para que os fiéis das basílicas romanas pudessem ouvi-lo. Ele fazia o possível por celebrar nos dias de festa Missarum sollmnia, isto é, a Missa Solene, e então se encontrava pessoalmente com o povo de Deus, que o estimava muito porque via nele a referência autorizada para obter segurança: não por acaso lhe atribuíram logo o título de consul Dei. Apesar das dificílimas condições nas quais teve de atuar, conseguiu conquistar, graças à santidade de vida e à rica humanidade, a confiança dos fiéis, conseguindo para seu tempo e para o futuro resultados verdadeiramente grandiosos. Era um homem imerso em Deus: o desejo de Deus estava sempre vivo no fundo de sua alma e precisamente por isso estava sempre muito perto do próximo, das necessidades das pessoas de sua época. Em um tempo desastroso, mais ainda, desesperado, soube criar paz e esperança. Este homem de Deus nos mostra as verdadeiras fontes da paz, de onde vem a esperança, e se converte assim em uma guia também para nós hoje.

SERVO DOS SERVOS DE DEUS
Volto hoje, em nosso encontro das quartas-feiras, à extraordinária figura do Papa Gregório Magno, para recolher mais luzes de seu rico ensinamento. Apesar dos múltiplos compromissos vinculados à sua missão como bispo de Roma, ele nos deixou numerosas obras das quais a Igreja, nos séculos seguintes, nutriu-se abundantemente. Além de seu conspícuo epistolário – o Registro ao qual aludia na catequese passada contém mais de 800 cartas –, ele nos deixou sobretudo escritos de caráter exegeta, entre os quais se distinguem o Comentário moral a Jó –conhecido sob o título latino de Morallia in Iob –, as Homilias sobre Ezequiel, as Homilias sobre os Evangelhos. Desta forma, existe uma importante obra de caráter hagiográfico, os Diálogos, escrita por Gregório para a edificação de rainha longobarda Teodolinda. A principal e mais conhecida obra é sem dúvida a Regra pastoral, que o Papa redigiu no começo de seu pontificado com finalidade claramente programática.

Fazendo um rápido repasso por estas obras, observamos, antes de tudo, que em seus escritos Gregório jamais se mostra preocupado em traçar uma doutrina «sua», uma originalidade própria. Mas tenta fazer eco do ensinamento tradicional da Igreja, quer simplesmente ser a boca de Cristo e de sua Igreja no caminho que se deve percorrer para chegar a Deus. A respeito disso, são exemplares seus comentários exegéticos. Foi um apaixonado leitor da Bíblia, à qual se aproximou com pretensões não meramente especulativas: da Sagrada Escritura, pensava ele, o cristão deve tirar não tanto um conhecimento teórico, mas o alimento cotidiano para sua alma, para sua vida de homem neste mundo. Nas Homilias sobre Ezequiel, por exemplo, ele insiste fortemente nesta função do texto sagrado; aproximar-se da Escritura simplesmente para satisfazer o próprio desejo de conhecimento significa ceder à tentação do orgulho e expor-se assim ao risco de cair na heresia. A humildade intelectual é a regra primária para quem tenta penetrar nas realidades sobrenaturais partindo do Livro Sagrado. A humildade, obviamente, não exclui o estudo sério; mas para conseguir que este seja verdadeiramente proveitoso, consistindo entrar realmente na profundidade do texto, a humildade é indispensável. Só com esta atitude interior se escuta realmente e se percebe por fim a voz de Deus. Por outro lado, quando se trata da Palavra de Deus, compreender não é nada se a compreensão não conduz à ação. Nestas homilias sobre Ezequiel se encontra também essa bela expressão segundo a qual «o pregador deve molhar sua caneta no sangue de seu coração; poderá assim chegar também ao ouvido do próximo». Ao ler estas homilias suas se vê que realmente Gregório escreveu com o sangue de seu coração e por isso continua falando a nós.

Gregório desenvolve também este tema no Comentário moral a Jó. Seguindo a tradição patrística, examina o texto sacro nas três dimensões de seu sentido: a dimensão literal, a dimensão alegórica e a moral, que são dimensões do único sentido da Sagrada Escritura. Contudo, Gregório atribui uma clara preponderância ao sentido moral. Nesta perspectiva propõe seu pensamento através de alguns binômios significativos – saber-fazer, saber-viver, conhecer-atuar. Isso nos evoca os dois aspectos da vida humana que deverão ser complementares, mas que com freqüência acabam por ser antitéticos. O ideal moral – comenta – consiste sempre em levar a cabo uma harmoniosa integração entre palavra e ação, pensamento e compromisso, oração e dedicação aos deveres entre palavra e ação, pensamento e compromisso, oração e dedicação aos deveres do próprio estado: este é o caminho para realizar a síntese graças à qual o divino desce no homem e o homem se eleva até a identificação com Deus. O grande papa traça assim para o autêntico crente um projeto de vida completo; por isso, o Comentário moral a Jó constituirá no curso da Idade Média uma espécie de Summa da moral cristã.

São de notável relevância e beleza também as suas Homilias sobre os Evangelhos. A primeira delas foi pronunciada na basílica de São Pedro durante o tempo de Advento do ano 590, portanto, poucos meses depois de sua eleição ao pontificado; a última foi pronunciada na basílica de São Lourenço no segundo domingo depois do Pentecostes de 593. O Papa pregava ao povo nas igrejas onde se celebravam as «estações» – especiais cerimônias de oração nos tempos fortes do ano litúrgico – ou as festas dos mártires titulares. O princípio inspirador que une as diversas intervenções se sintetiza na palavra “praedicator”: não só o ministro de Deus, mas também todo cristão tem a tarefa de tornar-se «pregador» de tudo que experimentou em seu interior, a exemplo de Cristo, que se fez homem para levar a todos o anúncio da salvação. O horizonte deste compromisso é o escatológico: a esperança do cumprimento em Cristo de todas as coisas é um pensamento constante do grande pontífice e acaba por converter-se em motivo inspirador de todo seu pensamento e atividade. Daqui brotam seus incessantes chamados à vigilância e ao empenho nas boas obras.

Talvez o texto mais orgânico de Gregório Magno seja a Regra pastoral, escrita nos primeiros anos de pontificado. Nela, Gregório se propõe traçar a figura do bispo ideal, mestre e guia de seu rebanho. A tal fim ilustra a gravidade do ofício de pastor da Igreja e os deveres que isso comporta: portanto, aqueles que não foram chamados a tal tarefa, que não a busquem com superficialidade; aqueles, ao contrário, que a tenham assumido sem a devida reflexão, que sintam nascer na alma uma necessária turbação. Retomando um tema predileto, afirma que o bispo é antes de tudo o «pregador» por excelência; como tal, deve ser sobretudo exemplo para os demais, de forma que seu comportamento possa constituir um ponto de referência para todos. Uma ação pastoral eficaz requer também que ele conheça os destinatários e adapte suas intervenções à situação de cada um: Gregório se detém em ilustrar a valorização de quem viu nesta obra também um tratado de psicologia. Daqui se entende que ele conhecia realmente seu rebanho e falava de tudo com as pessoas de seu tempo e de sua cidade.

O grande pontífice, contudo, insiste no dever de que o pastor deve reconhecer cada dia a própria miséria, de maneira que o orgulho não torne vão, aos olhos do Juiz Supremo, o bem realizado. Por isso, o capítulo final da Regra está dedicado à humildade: «Quando se tem complacência em ter alcançado muitas virtudes, é bom refletir sobre as próprias insuficiências e humilhar-se; ao invés de considerar o bem realizado, é preciso considerar o que se descuidou». Todas estas indicações preciosas demonstram o altíssimo conceito que São Gregório tem do cuidado das almas, por ele definido «ars artium», a arte das artes. A Regra teve um êxito tão grande que, coisa mais bem rara, logo se traduziu em grego e em anglo-saxônico.

Significativa é igualmente outra obra, os Diálogos, nos quais o amigo e diácono Pedro, convencido de que os costumes estavam tão corrompidos que não permitiam que tivesse santos como em tempos passados, Gregório demonstra o contrário: a santidade sempre é possível, ainda em tempos difíceis. O prova narrando a vida de pessoas contemporâneas ou desaparecidas recentemente às que bem se poderia qualificar de santas, ainda que não estivessem canonizadas. A narração está acompanhada de reflexões teológicas e místicas que fazem do livro um texto hagiográfico singular, capaz de fascinar gerações inteiras de leitores. O material toca as tradições vivas do povo e tem o objetivo de edificar e formar, atraindo a atenção de quem lê sobre uma série de questões como o sentido do milagre, a interpretação da Escritura, a imortalidade da alma, a existência do inferno, a representação do mais além, temas todos que requeriam oportunos esclarecimentos. O livro II se dedica por inteiro à figura de Bento de Nursia e é o único testemunho antigo da vida do santo monge, cuja beleza espiritual aparece no texto com toda evidência.

Na linha teológica que Gregório desenvolve através de suas obras, passado, presente e futuro se relativizam. O que conta para ele, mais que nada, é todo o arco da história salvífica, que continua desenvolvendo-se entre os obscuros meandros do tempo. Nesta perspectiva, é significativo que ele introduza o anúncio da conversão dos Anglos no meio do Comentário moral a Jó: a seus olhos, o evento constituía um alento do Reino de Deus do qual trata a Escritura; portanto, podia mencionar-se no comentário um livro sacro. Em sua opinião, os guias das comunidades cristãs devem empenhar-se em reler os acontecimentos à luz da Palavra de Deus: neste sentido, o grande pontífice sente o dever de orientar pastores e fiéis no itinerário espiritual de uma lectio divina iluminada e concreta, situada no contexto da própria vida. (*)

Antes de concluir, é necessário falar das relações que o Papa Gregório cultivou com os patriarcas de Antioquia, de Alexandria e da própria Constantinopla. Preocupou-se sempre por reconhecer e respeitar os direitos, guardando-se de toda interferência que limitasse a legítima autonomia daqueles. Ainda que São Gregório, no contexto da situação histórica, se opôs ao título de «ecumênico» por parte do Patriarca de Constantinopla, não o fez por limitar ou negar esta legítima autoridade, mas porque estava preocupado pela unidade fraterna da Igreja universal. Ele o fez sobretudo por sua profunda convicção de que a humildade devia ser a virtude fundamental de todo bispo, mais ainda de um Patriarca. Gregório havia continuado sendo um simples monge em seu coração e por isso era decididamente contrário aos grandes títulos. Queria ser – é expressão sua – servus servorum Dei. Esta palavra que acunhou não era em seus lábios uma piedosa fórmula, mas a verdadeira manifestação de seu modo de viver e de atuar. Estava intimamente impressionado pela humildade de Deus, que em Cristo se fez nosso servo, nos lavou e nos lava os pés. Portanto, estava convencido de que, sobretudo um bispo, deveria imitar esta humildade de Deus e assim seguir Cristo. Seu desejo verdadeiramente foi o de viver como monge em permanente colóquio com a Palavra de Deus, mas por amor a Deus soube fazer-se servidor de todos em um tempo repleto de tribulações e de sofrimentos, soube fazer-se «servo dos servos». Precisamente porque o foi, é grande e mostra também a nós a medida de sua verdadeira grandeza.

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(*) Grifo meu.

Todos os artigos disponíveis neste sítio são de livre cópia e difusão deste que sempre sejam citados a fonte e o(s) autor(es).
Para citar este artigo:
PAPA, Bento XVI. Apostolado Veritatis Splendor: SÃO GREGÓRIO I DE ROMA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5250. Desde 30/07/2008.

“Se alguém pedir uma palavra de ordem, sempre daremos esta e não outra: restaurar todas as coisas em Cristo.”: São Pio X (Memória 21 de Agosto)

Fonte: Flos Carmeli


O glorioso, árduo e fecundo pontificado desse Vigário de Cristo durou 11 anos. Nesse período, foram lançados mais de 3.000 documentos oficiais, com o objetivo de Instaurare omnia in Christo — conforme seu lema.

E tem estreita analogia com esta sua afirmação: “Se alguém pedir uma palavra de ordem, sempre daremos esta e não outra: Restaurar todas as coisas em Cristo”. Nesse sentido de restaurar todas as coisas em Cristo, foram numerosas e admiráveis as obras empreendidas pelo Santo Pontífice para defender a Civilização Cristã gravemente ameaçada.

Em seu esplêndido livro de memórias, o Cardeal Merry del Val, Secretário de Estado de São Pio X, enumera de passagem algumas dessas obras: “A reforma da Cúria Romana; a fundação do Instituto Bíblico; a construção de seminários centrais e a promulgação de leis para a melhor disciplina do clero; a nova disciplina referente à primeira comunhão e àcomunhão freqüente; o restabelecimento da música sacra; a vigorosa resistência movida contra os fatais erros do chamado modernismo e a corajosa defesa da liberdade da Igreja na França, Alemanha, Portugal, Rússia e outros países, sem aludir a outros atos de governo, justificam certamente que S. Pio X tenha sido destacado como um grande Pontífice e um diretor humano excepcional.”

Fonte : Piox.net

Sua vida

Nascido Giuseppe Melchiorre Sarto, (Riese, 2 de Junho de 1835) era o segundo de dez filhos de uma família rural da província de Treviso (Itália). Ordenado em 1858, estudou direito canônico e a obra de São Tomás de Aquino. Em 10 de Novembro de 1884 foi elevado a Bispo de Mântua, e em 1896 a Patriarca de Veneza sendo eleito Papa em 4 de Agosto de 1903 com 55 dos 60 votos possíveis no conclave. Em sua primeira encíclica, Pio X anunciava que sua meta primordial era a de “Renovar tudo em Cristo”. Governou a Igreja com mão firme numa época em que esta enfrentava um laicismo muito forte e diversas tendências do modernismo, encarado como a síntese de todas as heresias nos campos dos estudos bíblicos e teologia.

São Pio X introduziu grandes reformas na liturgia, sempre num sentido tradicional, fomentou a prática da comunhão freqüente e o acesso das crianças à Santíssima Eucaristia quando da chegada à chamada idade da razão, por essas medidas ficou conhecido como o “Papa da Eucaristia”.

Publicou 16 encíclicas, promoveu ainda o estudo do catecismo e o canto gregoriano. Criou a Pontifícia Comissão Bíblica e colocou as bases do Código de Direito Canônico, promulgado em 1917 após a sua morte em Roma, 20 de Agosto de 1914.

Na lápide do seu túmulo na Basílica de São Pedro no Vaticano, lê-se: A sua tiara era formada por três coroas: pobreza, humildade e bondade. Foi beatificado em 1951 e canonizado em 3 de Setembro de 1954 por Pio XII, tendo sua memória litúrgica celebrada no dia 21 de Agosto.

Fonte : Ecclesiasancta

São Pio X, rogai por nós!

Postado por Flos Carmeli às 16:26

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Fonte: Flos Carmeli

Nossa Senhora do Carmo entrega o escapulário a São Simão Stock 16 de Julho de 1251.

Carmelitas (Gravura: Blog Flos Carmeli)HISTÓRIA DA ORDEM CARMELITA  (…)

O escapulário: nosso penhor de salvação !Destacam-se entre os papas devotos do escapulário:São Pio X, Inocêncio IV, João XXII, Alexandre V, Bento XIV, Pio VI, Clemente VII, Urbano VII, Nicolau V, Sixto IV, Paulo III, São Pio V, Leão XI, Alexandre VII, Pio IX, Leão XII, Bento XV, Pio XI, João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, que com bulas apostólicas, aprovaram os seus privilégios, e cumularam de favores as confrarias do Carmo .É vontade de Nossa Senhora – Rainha do Carmelo que ponhamos o selo do seu escapulário sobre nosso peito para demonstrar que o nosso coração lhe pertence, para guardar os tesouros que no coração se encerra.

Como é bom estarmos debaixo da proteção de uma mãe tão boa! Que força ousaria arrancar-nos de seu regaço? Privilégios do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo:

-Quem morrer com o santo escapulário não padecera no fogo do inferno. A Virgem Maria os livrará do purgatório o quanto antes, ou seja, no primeiro sábado após a morte.-
-O escapulário é proteção em todos os perigos.

-O escapulário é sinal de paz e do pacto sempre eterno de concórdia, garantido por Maria.

-O escapulário é sinal de salvação.

– É um meio simples e prático de honrar a SantíssimaVirgem Maria.

– O escapulário do Carmo é garantia da preservação da fé, e da firmeza na devoção à Virgem Maria, devoção que, por sua vez, é sinal de predestinação.“Maria é tesouro de Deus. Onde está Maria,  aí está o coração de Deus”. (São Bernardo)Jesus é o grande dom e sinal do amor ao Pai Eterno. Ele estabeleceu a Igreja como sinal e instrumento do seu amor. Na vida cristã também existem sinais. Jesus os utilizou: o pão, o vinho, a água, para nos fazer compreender as realidades que não vemos e não tocamos.Na Santíssima Eucaristia e demais sacramentos (batismo, crisma, confissão, matrimonio, ordem, extrema unção), os símbolos (água, óleo, imposição das mãos, alianças) exprimem o seu significado e introduzem-nos numa comunicação com Deus, presente através deles. Além dos sinais litúrgicos, existem na Igreja outros ligados a um acontecimento, a uma tradição, a uma pessoa. Um desses é o escapulário do Carmo.

O escapulário é sacramental:

– Aprovação pela Igreja há sete séculos;

-Representa a nossa filiação à Santa Vírgem Maria;

-O escapulário não é um sinal de proteção mágica, ou amuleto;

-Também não é uma garantia automática de salvação, sem viver as exigências de uma vida cristã.O escapulário é imposto somente uma vez por um sacerdote, através de um rito próprio. E benze e o impõe, dizendo: “Recebe este santo escapulário com sinal da santíssima Virgem Maria, Rainha do Carmelo, para que com seus méritos, o uses sempre com dignidade, seja tua defesa em todas as adversidades e te conduza a vida eterna”.O escapulário do Carmo compõe-se de duas peças de pano de lã, de cor marrom, unidas entre si por dois cordões. Não façamos do santo escapulário, objeto de decoração ou adereço de moda, ele é sinal de predestinação.

O escapulário é sinal de esperança: “Oh, quantas coisas boas não nos diz este titulo: Nossa Senhora do Carmo! Quantos pensamentos bons nos sugere! Na dor, na amargura, na angústia, na agonia a Virgem do Carmo é a nossa esperança. Nas privações, nos trabalhos, nos trabalhos, na pobreza, nas doenças, a virgem do Carmo é a nossa esperança. Nos desprezos, nas humilhações, nas calúnias, nas perseguições, ela é nossa esperança. Nas dúvidas, nos temores, nas tentações, nos perigos do corpo e da alma, enfim, em todas as necessidades, a Virgem do Carmo é a nossa esperança. Maria é também nossa esperança nas necessidades alheias, aquelas que principalmente padecem pessoas queridas, parentes ou amigos. Mas, sobretudo ela é nossa esperança nos bens celestiais; nós pedimos a Deus pela intersessão da Virgem do Carmo, o perdão de nossos pecados, a graça de nunca mais pecar, um firme e constante propósito de fazer o bem; confiando que seremos atendidos, porque ela, a Virgem do Carmo é a nossa esperança”. (Santo Afonso)

Confiemos nossas vidas nas mãos de Nossa Senhora, e assim, teremos a certeza que ela não nos abandonara, embora sejamos pecadores e indignos.

Postado por Flos Carmeli – 09.05.2006

“Por isso cada pessoa deverá interrogar-se não tanto sobre o que é que pode fazer com a liberdade, mas o que é que deixa que a liberdade faça da sua vida. Se este exercício for reduzido a uma pedagogia, corre-se o risco de amplificar o relativismo pós-moderno.” D.Manuel Clemente – 5ª Jornada da Pastoral da Cultura (SNPC) – Fátima

Fonte: Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) – Fátima

08.06.2009

Autor: Fra Angelico

Evangelho segundo S. Mateus, 5, 1-12a

E vendo [Jesus] as companhias, subiu a um monte; e assentando-se, chegaram-se a ele seus Discípulos.
E abrindo sua boca, ensinava-os, dizendo:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os tristes, porque eles serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
Bem-aventurados os que hão fome e sede [da] Justiça, porque eles serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
Bem-aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que padecem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados sois vosoutros, quando vos injuriarem, e perseguirem, e contra vós todo mal falarem, por minha causa, mentindo.
Gozai[-vos] e alegrai[-vos] que grande [é] vosso galardão em os céus.

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Apresento abaixo o relato da Agência Ecclesia sobre o que os palestrantes “pensaram” quanto ao uso da liberdade, após 34 anos do fim da ditadura militar em Portugal. A 5ª Jornada da Pastoral da Cultura aconteceu em Fátima, no dia 05 de junho de 2009, sob a coordenação do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC)-Portugal. Antes, procurei dar o contexto da 5ª Jornada da Pastoral da Cultura, que teve como foco “Elogio à Liberdade”, ou seja, se trata de um país – Portugal – que comemora mas reflete sobre a condição de “liberdade”, ou seja, como usufruem dela, após 48 anos de ditadura sob o regime de Salazar. Daí porque faço menção, logo abaixo, à Revolução dos Cravos.

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Fonte: Wikipédia – Revolução dos Cravos

Revolução dos Cravos é o nome dado ao golpe de estado militar que derrubou, num só dia, sem grande resistência das forças leais ao governo – que cederam perante a revolta das forças armadas – o regime político que vigorava em Portugal desde 1926.

ANTECEDENTES

Na sequência do golpe militar de 28 de Maio de 1926, foi implementado em Portugal um regime autoritário de inspiração fascista. Com a Constituição de 1933 o regime é remodelado, auto-denominando-se Estado Novo e Oliveira Salazar passou a controlar o país, não mais abandonando o poder até 1968, quando este lhe foi retirado por incapacidade, na sequência de uma queda em que sofreu lesões cerebrais. Foi substituído por Marcelo Caetano que dirigiu o país até ser deposto no 25 de Abril de 1974.

O levantamento, também conhecido pelos portugueses como 25 de Abril, foi conduzido em 1974 pelos oficiais intermédios da hierarquia militar (o MFA), na sua maior parte capitães que tinham participado na Guerra Colonial. Considera-se, em termos gerais, que esta revolução trouxe a liberdade ao povo português (denominando-se “Dia da Liberdade” o feriado instituído em Portugal para comemorar a revolução). Fonte: Wikipédia – Revolução dos Cravos.

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Quanto aos cravos, há o registro histórico de que um soldado recebera de uma florista, bem cedo, naquela manhã de 25 de abril um cravo vermelho, e este o colocara na ponta do fuzil. O gesto foi repetido por todo o pelotão. As fotos revelam a face inusitada e poética da libertação de um regime tirânico. Certamente deu o “tom” para a reação à esta ditadura quase cinquentenária, que foi deposta sem manifestações de violência. No entanto, o povo português foi mais longe naquele dia. A participação popular foi paradoxalmente ousada e pacífica neste levante. Após viverem 48 anos sob a égide ditatorial, colonialista e fascista de Salazar, na ânsia de respirar o ar da liberdade, a população tomou as ruas, e se juntou pacificamente aos pelotões. Não deram ouvidos às ordens militares para que ficassem  em casa. Pelo registro das fotos da época, o povo português acompanhou os soldados em suas atividades mais corriqueiras naquele dia…

Assim, não importa, a meu ver, o que inspira uma ditadura – seja de direita ou de esquerda, religiosa ou liberal, e menos ainda, se for imperialista. Se muitos vão viver de modo diferente do que viviam, mas em troca outros serão oprimidos – não há legitimidade, em absoluto.

Tudo que importa afinal, é que nascemos livres, ou seja, nossa vocação é para a liberdade – de expressão, de ação, de ir e vir, dentro ou fora de nosso território. Desse modo, há somente uma única condição a ser considerada: o respeito à pessoa. Não há qualquer superioridade pré-adquirida de um povo sobre outro, e nem de grupos militares, operários, religiosos ou intelectuais sobre grupos de indivíduos, sobre cada pessoa dentro de uma Nação.

No Brasil vivemos uma ditadura militar, que incluiu a tortura, tal como se deu no período salazarista. Tivemos 20 anos de perda paulatina de nossa identidade cultural, e que em 20 anos e pouco mais de liberdade parecem não dar nem mesmo o vislumbre de que nos recomporemos das lacunas geradas em nossa personalidade enquanto povo, enquanto Nação. Sim, tivemos uma “Nova República”, mas ao que parece, e apesar dela, o caldo posterior, fruto do desmantelamento cultural (que influenciou nossa ação política) me traz a imagem de um barco à deriva…

Cada Nação deve se pensar (ao cansaço) para que as gerações futuras não naveguem docilmente sob qualquer vento. Muitos ventos levam milhares, milhões de criaturas ao abismo, tanto material quanto espiritual.

Eu, enquanto brasileira, jornalista, gostaria de dizer o quanto admiro esta iniciativa de nossos irmãos portugueses. O Brasil é um povo peculiar, mas, talvez por ser um “jovem” de 509 anos, ainda não se deu conta que outros povos, principalmente os antigos, acertam bastante porque não tem somente “saberes”, e sim porque, entre os  inúmeros erros de avaliação, tentaram e continuam tentando exercitar a “sabedoria”. Não é uma época propícia, mas é inegável que os Evangelhos fornecem relatos maravilhosos para todos os povos da terra a respeito disso. No entanto, as nações ocidentais parecem acreditar que a negação até mesmo de valores universais vai lhes trazer paz e prosperidade…

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Fonte: Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura – Fátima – Portugal

5.ª Jornada da Pastoral da Cultura

Liberdade: um anseio a conquistar

Trinta e cinco anos depois do 25 de Abril de 1974, o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura reuniu-se em Fátima para o «Elogio à Liberdade», tema da 5.ª Jornada daquele Organismo que ocorreu, em Fátima, no dia 5 de Junho.

Durante a primeira parte do encontro, em que participaram cerca de cem pessoas, José Manuel Fernandes, director do «Público», enquadrou o estado da liberdade em diversas áreas da sociedade portuguesa.

Para o segundo momento da Jornada, a maestrina Joana Carneiro propôs uma nova abordagem ao conceito de liberdade: uma partitura, duas interpretações, ou a criatividade de Herbert von Karajan e de Leonard Bernstein diante da mesma obra de Beethoven.

«Que havemos de fazer com a liberdade?» foi a pergunta a que D. Manuel Clemente e Marcelo Rebelo de Sousa procuraram responder durante a tarde.

Uma das dificuldades no entendimento do conceito de liberdade consiste em a considerar apenas como um fenómeno externo, que é concedido em maior ou menor grau ao ser humano. Mas para D. Manuel Clemente, ela é um processo sempre inacabado, pelo qual o Espírito actua para atenuar e remover tudo o que obsta ao desenvolvimento pleno da personalidade. Por isso cada pessoa deverá interrogar-se não tanto sobre o que é que pode fazer com a liberdade, mas o que é que deixa que a liberdade faça da sua vida. Se este exercício for reduzido a uma pedagogia, corre-se o risco de amplificar o relativismo pós-moderno.

Para o Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, a vida de Jesus é o melhor exemplo do cumprimento da vontade do Pai, num ambiente marcado por condicionalismos externos como a violência, o isolamento e a incompreensão. Viver na tensão entre a realização dos desejos individuais e na concretização da vontade de Deus, visível por exemplo nas necessidades das pessoas, é, nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, “um equilíbrio difícil, em que todos tropeçamos“.

Olhando para o Portugal contemporâneo, o professor universitário considera que há diversos obstáculos ao exercício da liberdade. Desde logo porque muitas pessoas vivem em condições de exclusão, pobreza, dependência, ignorância e ausência de um percurso educativo adequado. Para esta parte da população, a liberdade garantida pela Constituição não pode ser aplicada.

Ser livre é, para D. Manuel Clemente, muito mais do que agir sem prejudicar ninguém; é sobretudo uma capacidade de acolher e estar disponível. Não estamos sós no mundo, pelo que esta pedagogia da exigência, que deve começar com as crianças, é essencial para conjugar a liberdade individual com a das pessoas que vivem em sociedade.

Pensa-se por vezes que a liberdade justifica todos os comportamentos; segundo Marcelo Rebelo de Sousa, este ponto de vista reflecte-se na disseminação da violência familiar e laboral, na dificuldade em viver no espaço público e na intolerância face às opiniões discordantes.

No que diz respeito à manifestação pública da opção crente, o comentador defende que se está a assistir ao “ressurgir de posições iluministas, não apenas anti-clericais”, que revelam dificuldades em entender o que é a liberdade religiosa.

D. Manuel Clemente defende a necessidade da Igreja, especialmente através do protagonismo laical, se envolver nos debates seculares em que a liberdade se analisa e perspectiva. Para Marcelo Rebelo de Sousa, os leigos precisam de converter em acção a sua convicção.

A Jornada foi também marcada pela entrega do «Prémio de Cultura Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes» ao Professor Adriano Moreira, que evocou as qualidades do presbítero jesuíta enquanto pastor e cidadão, numa época atravessada por mudanças aceleradas: “É com muita humildade que se deve receber uma distinção que é referida ao exemplo que ele deu”. Quando D. Manuel Clemente “me deu essa notícia [da atribuição do Prémio] eu disse uma coisa muito simples: ‘obrigado pela bênção'”.

Depois da leitura da Acta do Júri, o Presidente da Comissão Episcopal fez uma breve alocução, a que se seguiu a entrega da escultura e do cheque, no valor de € 2.500, oferecido pela Rádio Renascença. A cerimónia, que contou com a actuação do agrupamento «Sol Ensemble», concluiu-se com a intervenção de Adriano Moreira. (RM)

In Agência Ecclesia
09.06.09

Nossa Senhora lembrou ao mundo a necessidade da oração, em resposta a apelo do papa Bento XV aos católicos, em 1917… (OCDS)

Nossa Senhora do Carmo
Nossa Senhora do Carmo

Observem, tal como eu, que o mundo do século XX e início deste, ao que parece, está dando as costas  para seu Criador… Vivemos dentro de uma ótica tão materialista que estaremos caindo no abismo e não nos daremos conta enquanto não encontrarmos o chão… O papa Bento XVI está em Israel, e “peregrina” em meio ao conflito do Oriente Médio, e, com originalidade vai respondendo aos seus contendores. Ele também está clamando por paz entre os povos, exatamente como o papa Bento XV o fez, em 1917.

Entretanto, acredito que a tarefa do nosso atual papa é hercúlea, ou seja, é mais complexa que ao tempo da aparição de Nossa Senhora em Fátima. Seu clamor tem caído no vazio, dada ao que considero uma verdadeira “indiferença mundial pela paz”. Ele próprio indica a fonte do problema: o relativismo; o conceito está dentro do ideário “pós-moderno”. Estudiosos de Sociologia e Antropologia afirmam que estamos passando por uma fase de transição – do período “moderno” para o “pós-moderno”. Pessoalmente, ainda não consegui compreender em que se baseia este “determinismo”. É um fato histórico que passamos dos estudos “astrológicos” para os astronômicos – ou seja, da Idade Média para a Moderna. No entanto, o que sempre foi aceito como um valor universal, desde os gregos chegou incólume até a década de 80. Desde o final daquela década  há algo em curso (isto me lembra a “mão invisível” do Adam Smith…), que vem se mostrando inexorável. Algo que quer se firmar como a “Terceira Onda”, de Alvin Tofler, ou “1984”, de George Orwell. Enfim, há uma atmosfera, a meu ver, à lá Kafka. A pós-industrialização, que gerou a globalização, que gerará a virtualização da vida humana… O papa Bento XVI traduz tudo quando critica a relativização de todos os valores até então válidos…

Verifico que o papa Ratzinger tem a seu favor, em termos de defesa do Cristianismo, do catolicismo – a inteligência brilhante e o domínio das Escrituras Sagradas, e quanto a este aspecto, é pós-doutor em Teologia. Além disso, isto é, é um homem de 82 anos, que acumulou uma vasta cultura e, para melhorar seu perfil de Sumo Pontífice, é conhecido como um homem muito simples – o que vem surpreendendo a todos. Sendo assim, é um homem que possui sabedoria, a mesma que é valorizada no Antigo Testamento. No entanto, pede que rezemos continuamente por ele… certamente para que não esmoreça. Ou seja, Bento XVI vem enfrentando “intelectualmente” o combate sistemático da imprensa mundial, que, diga-se de passagem, é a favor de tudo que não lhe contrarie interesses… Obviamente que há outros grupos que lhe fazem oposição.

A propósito, desde o final do dia de ontem e no dia de hoje, 13 de maio, teve de enfrentar a rejeição de alguns líderes religiosos israelitas quanto ao projeto de estabelecimento de uma sede na Terra Santa – algo em torno de um organismo estatal, o qual representaria o pensamento do Vaticano. A idéia é viabilizar meios que permitam a proteção dos cristãos de todas as nacionalidades, que residem nas áreas de conflito, bem como palestinos, cristãos ou muçulmanos. Esta notícia contrariou o mundo político de Israel, provavelmente porque agradou, por exemplo, reinados muçulmanos, como o da Jordânia. Esta tem como característica o acolhimento “democrático” de cristãos e muçulmanos, tanto no aspecto da prática religioso quanto da educação e cultura que os caracteriza.

Quanto a manifestações de alguns rabinos ultra-conservadores em Israel, não lhes foi permitido entrar com faixas e cartazes no ambiente em que o papa Bento XVI se dirigiria a uma ampla gama de autoridades religiosas e políticas, que compõem o estado de Israel. Pelas notícias, o papa falou de improviso e seu apelo à paz teve argumentação bíblica, que foi acolhida com surpresa pelos presentes…

Voltemos à aparição de Nossa Senhora em Fátima. Em 1917, o papa referido abaixo – Bento XV – clamava ao mundo católico que pedisse a intercessão de Nossa Senhora pela paz, em meio à primeira Guerra Mundial. O mundo não ouviu, tanto que veio uma segunda Grande Guerra, e com uso de uma bomba atômica… Constato que o papa Bento XVI nem ao menos pode apelar a sentimentos como – piedade, compaixão, amor, perdão. Pelo menos com a certeza de que, se não for atendido, será compreendido ou aceito… Podemos ter a certeza de que o papa Bento XV foi compreendido, ainda que não lhe tenham dado ouvidos…

Estamos negando nossa humanidade, cedendo-a, sim, aos apelos do mundo da Ciência e da Tecnologia. Estas, na minha ótica, duas “deusas” que, há cerca de três décadas foram “entronizadas” na vida que adotamos, sem crítica de espécie alguma…

Tenho que admitir a luta – que vai se mostrando inglória, ainda que perseverante, graças a Deus – em todas as áreas da vida humana. Está sendo travada por muitos de nós – ao tentarmos preservar uma “vida interior”. Ou seja, é empreendida, em nosso dia-a-dia, uma verdadeira “batalha” para vivermos com liberdade e autenticidade, em meio a este estado de coisas, nossos ideais de transcendência. O absurdo é que nada é mais humano que esta realidade, já que o instinto de sobrevivência é básico. Por que chegamos a este nível de negação de nós próprios? Acumulação? Prestígio? Nesse sentido, sinto-me “vítima”. O que me consola é que estou bem acompanhada, e por muitos… Assim, chega a parecer piada, dentro do que eu chamo “tirania desumanizante” – afirmarmos nossa religiosidade, nossos anseios espirituais… A “Matéria” em nosso tempo, sufoca, ao cansaço, o “Espírito”; este, no sentido filosófico. Será que a Humanidade ainda pensa que existe alma, e que esta deve aspirar à salvação? Nossa Senhora… ora pro nobis. Amém.

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Fonte: Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares (OCDS) – Província de São José http://ocdsprovinciasaojose.blogspot.com/

Nossa Senhora de Fátima

No dia 5 de maio de 1917, durante a primeira guerra mundial, o papa Bento XV convidou os católicos do mundo inteiro a se unirem em orações para a paz com a intercessão de Nossa Senhora. Oito dias depois a Santíssima Virgem dava a sua resposta, aparecendo a três pastorinhos portugueses. A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, conselho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos.

Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira, onde agora se encontra a Capelinha das Aparições, uma “Senhora mais brilhante que o sol”, de cujas mãos pendia um terço branco.

A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e àquela hora. (…) Leia mais em http://ocdsprovinciasaojose.blogspot.com/.

“Morta minh’alma só minha pele me importa” – Carmina Burana (Carl Orff)

via_sacra

Penso como Santo Agostinho: “Ama e faz o que quiseres”. Foi basicamente com estas palavras que ele se expressou há mais de 15 séculos. Sempre me impressionou a profundidade desta afirmação. Mas a maioria acredita que é simples: quer dizer que somos livres para fazer o que quisermos, afinal  – não odiamos ninguém, não desejamos o mal para quem quer que seja, mesmo que nos prejudique, ajudamos as pessoas, etc. A meu ver, a questão não é esta; é bem diferente: amar é complicadíssimo. Amar nos limita, e neste limite – o da renúncia ao egocentrismo – voamos nas asas libertadoras do amor… Sim. Ele, o amor, fere nossos interesses mais imediatos, intercepta nossos instintos egoístas, exige que “cortemos em nossa própria carne”, e firamos nosso orgulho, nosso amor-próprio. Isto não quer dizer não ter personalidade diante de quem nos contraria, abrindo mão de nossa visão das coisas. Acredito que “amar” para Santo Agostinho é renunciar à própria razão e dar uma chance ao que está equivocado, até que ele desista de nós, porque não tem nenhum argumento par nos convencer de que está certo ou esgotou todos que pensava serem superiores aos nossos… Nos dois casos, amar exige que suportemos os arrogantes, prepotentes, íntimos ou não, até que se dêem por vencidos ou prefiram ficar com seu auto-engano… Tal como Santa Teresa de Jesus afirma: “a paciência tudo alcança”. Por que estou falando tudo isto? Porque desde jovem (e tenho 48 anos) acreditei naquilo que o papa Bento XVI afirma para se defender pessoalmente das críticas e a defender a doutrina católica quanto a preservativos, anti-concepcionais e aborto:  a “humanização da sexualidade”. Li hoje este termo no L’Osservatore e fiquei impressionada porque ando procurando há anos um termo que exemplifique o que estamos vivendo na atualidade, e não somente em relação à AIDS na África, que está chegando ao nível de uma pandemia. Me refiro às condutas ocidentais em relação ao sexo, ao amor. Não adianta vir com aquele chavão de que falo “carolices”, “beatices”. Não me enquadro em nenhum tipo de espiritualidade artificial – porque externa, ao modo de uma máscara…

Provém do próprio catolicismo (ou veio do protestantismo?) o ditado: “O hábito não faz o monge”. Por isto Santo Agostinho falava do amor e da liberdade. Daí porque, sem fazer alarde de minhas convicções fui amadurecendo no sentido de que precisamos (o mundo cristão) viver o amor com humanidade, ou seja, a liberdade consiste em amar com o coração e não somente com o corpo (volto a mencionar o filme “Coração Valente”). Realisticamente falando, para exemplificar temos a “indústria do sexo”. Não vou me estender, mas a palavra indústria lembra máquina, produto, mercado. Bem, o Papa fala de “humanização da sexualidade”, e me vem à mente a existência da já assimilada indústria de preservativos… Aqui o corpo humano já se tornou, por extensão, uma peça da “maquinaria” chamada – “indústria da pornografia” – na qual o corpo humano é degradado de forma “light” até o nível da bestialidade… Desculpem-me, eu lhes disse que não era “carola”… Por um bom tempo não pretendo voltar a este assunto, por motivos óbvios.

BUSCA DE PIEDADE, SANTIDADE E HUMILDADE

Almejamos a santidade. Jesus disse que devíamos ser santos, perfeitos “como o Pai o é”.  É evidente que nos instigava a, pelo menos, nos arrojarmos em busca do “caminho da perfeição”, tal como também nos aponta Santa Teresa de Ávila. Ele é o “Caminho, a Verdade e a Vida”, em suas próprias palavras. Precisamos ouvi-Lo, com coração e mente abertos…

Não espero ser compreendida porque esta “cultura”, a da indiferença, do relativismo moral está impregnada em tudo que vivemos. Nosso século, principalmente depois da Segunda Grande Guerra entrou em um processo delirante de busca de satisfação dos cinco sentidos e, nada mais… Onde foi parar a poesia da vida? É verdade que quando temos out-doors em cada esquina, monitores de vídeo com propagandas, ao lado de arranha céus, ou a patética e traiçoeira “Second  Life” do mundo virtual, além de outras virtualidades empobrecedoras do espírito humano, o quê significa mesmo pensar poeticamente; enfim, o que é viver com poesia?

No meu caso, sou plenamente consciente do que é exterior em grau excessivo no âmbito da espiritualidade. O papa Bento XVI não me perturba, nem a doutrina da Igreja Católica. O amor dá coerência à Doutrina. Acabamos de voltar a Santo Agostinho… Sou jornalista e estudo informalmente temas teológicos, no entanto, nunca fiz parte de nenhum convento, nem mesmo faço parte de uma ordem secular. Tão somente sou uma leiga católica. Tal como se tornou católico meu marido, que, apesar de batizado católico foi criado dentro de fundamentos calvinistas. Quando nos conhecemos, estudávamos em universidades diferentes, e nessa época ele “estava” ateu.. Brinco com ele sobre isto, e ele nem liga porque é uma verdade… Estava como quem apresenta urticária por excesso de condimentos químicos na alimentação. O indivíduo não é alérgico, mas como exigiu demais do organismo, a resposta é o mal-estar da urticária. Creio que esta é uma boa metáfora. A partir  deste “estado” bem humano (o da dúvida, que todos sentiremos enquanto vivermos), lentamente, passou a admitir o cristianismo reformado. Após o término do mestrado fez amplas pesquisas relacionadas com o contexto histórico em que viveram Calvino e Lutero, além de buscar biografias de fontes reconhecidas. Ao deparar com três personalidades piedosas dentro da Reforma, que a meu ver, foram cristãos reformados admiráveis – Armínio e sobre os irmãos Wesley  – começou a ver as coisas de outro modo. A partir destes chegou a São Franscisco de Sales… Armínio teria lido os escritos do Bispo de Sales, na forma de “panfletos”. Estes, visavam demonstrar os equívocos de Calvino em relação ao seu professado anti-catolicismo. Genebra, na Bélgica, era o berço dos calvinistas, e ele fora para lá com o objetivo de estudar suas teses teológicas. Não se tornou católico, mas absorveu a noção de “piedade” de São Francisco de Sales. A história conta que os discípulos de Armínio foram perseguidos e mortos pelos calvinistas. Quanto a John Wesley e seu irmão, provinham de família que fugira da Holanda para a Inglaterra por professarem o ponto de vista dos arminianos. Absorvidos estes conhecimentos, acrescentou à sua bagagem o pietismo do protestante alemão Phillip Spenner. Eu fiquei encantada. entretanto, esta corrente não é influente no luteranismo atual. Chegando ao final do nosso século, meu marido, espantado tomou conhecimento das razões da conversão ao catolicismo de John Neuman, que se tornou o conhecido Cardeal Neuman. Este havia sido incumbido de “confirmar” os postulados que afirmavam a fé anglicana como válida em relação à sucessão e tradição apostólicas. Não conseguiu o intento… Apresentou suas conclusões aos dirigentes anglicanos e, ato contínuo, se tornou sacerdote católico.

Descoberta após descoberta, entre cansaço, estranhamento e fascínio, meu marido importou “Vida Devota” e “Controvérsia Católica”. Eu sofria com esta “inquietação interior”, certamente provocada por muitos anos, desde o berço, de críticas contínuas ao catolicismo. Entretanto, dentro de sua própria família havia e há exceções nesse sentido. É importante frisar que esta é uma realidade pessoal (porque histórica) para centenas de milhões de cristãos reformados e calvinistas.

Ao final, através da argumentação de São Francisco de Sales, o acesso ao conceito de piedade em Cristo, aliado aos de humildade em relação à tradição apostólica e de santidade no dia-a-dia, que são centrais em suas duas obras – fez com deixasse para trás preconceitos quase milenares…

Não tive medo – rezei muito, e o pouco temor que experimentei nesta jornada espiritual surpreendente que ele vivia – simplesmente desapareceu. Também aprendi, amadureci muitas coisas. Acho que, estudiosos de Filosofia, se não permanecerem no ateísmo, podem viver algo como o que Santa Edith Stein, carmelita descalça viveu. A razão abraça a fé. Recentemente deparei com este pensamento dela: “O homem que busca a verdade, mesmo que não consciente, busca a Deus”.

COMBATE ESPIRITUAL

Todos travamos um “combate espiritual”, mesmo que não tenhamos uma noção clara, contínua disto em nossas vidas. Os santos e santas nos ajudam nesta difícil caminhada. A propósito, nem São Francisco de Sales, nem Santa Edith Stein tiveram suas obras traduzidas para a língua portuguesa. Acredito que isto se deva ao nosso bem familiar atraso (ou retrocesso?) cultural… Para concluir, diria que todo verdadeiro amor é feito de renúncias mútuas, porque vem de Deus. Ele, o Todo Poderoso renunciou à ação quando Jesus sangrava por nós no Calvário, na Cruz… Estas idéias não combinam com o século XX e o XXI. Ambos se caracterizam pelo império do hedonismo, do “qualquer coisa é admissível”, ou seja, não há compromisso moral com nada e com ninguém, o que é lamentável para o que sempre foi um ideal humano: a felicidade. A Humanidade está chegando à uma abismal conclusão: amar é complicado demais. Então, tal como se dá na peça musical Carmina Burana, passa a ser natural o absurdo:  “morta minh’alma só minha pele me importa…”.

«A verdadeira liberdade consiste em conformar-se com Cristo, e não em fazer o que se quer» Bento XVI, audiência geral de 1º de outubro de 2.008.

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Imagem: 14ª Estação – “Jesus é colocado no sepulcro” –

http://www.igrejasaosebastiao.com.br/via_sacra.asp

Secretaria de Estado do Vaticano rebate críticas da Embaixada do Reino da Bélgica a Bento XVI sobre a Aids e o aborto

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FONTE: L’Osservatore Romano

25 de Abril 2009

Comunicado da Secretaria de Estado

O Embaixador do Reino da Bélgica, por instruções do Ministro dos Negócios Estrangeiros, comunicou ao Ex.mo Arcebispo Secretário para as Relações com os Estados a Resolução com a qual a Câmara dos Representantes do próprio País pediu ao governo belga para “condenar as declarações inaceitáveis do Papa por ocasião da sua viagem à África e de protestar oficialmente junto da Santa Sé”. O encontro teve lugar a 15 de Abril corrente.

A Secretaria de Estado toma conhecimento com tristeza deste passo, não habitual nas relações diplomáticas entre a Santa Sé e o Reino da Bélgica. Deplora que uma Assembleia parlamentar tenha considerado oportuno criticar o Santo Padre, com base num extracto de entrevista cortado e isolado do contexto, que foi usado por alguns grupos com evidente intenção intimidatória, quase a dissuadir o Papa de se expressar sobre alguns temas, cuja relevância moral é óbvia, e de ensinar a doutrina da Igreja.

Como se sabe, o Santo Padre, respondendo a uma pergunta sobre a eficácia e o carácter realista das posições da Igreja em matéria de luta contra a sida, declarou que a solução deve ser procurada em duas direcções: por um lado na humanização da sexualidade e, por outro, numa autêntica amizade e disponibilidade em relação às pessoas que sofrem, ressaltando também o compromisso da Igreja nos dois âmbitos. Sem esta dimensão moral e educativa a batalha contra a sida nunca será vencida.

Enquanto, nalguns Países da Europa, se desencadeava uma campanha mediática sem precedentes sobre o valor preponderante, para não dizer exclusivo, pró-profilático na luta contra a sida, é confortador verificar que as considerações de tipo moral desenvolvidas pelo Santo Padre foram compreendidas e apreciadas, sobretudo pelos africanos e pelos verdadeiros amigos da África, assim como por alguns membros da comunidade científica. Como se pode ler numa recente declaração da Conferência Episcopal Regional da África Ocidental (Cerao): “Estamos gratos pela mensagem de esperança que [o Santo Padre] nos veio confiar nos Camarões e em Angola. Veio encorajar-nos a viver unidos, reconciliados na justiça e na paz, para que a Igreja em África seja ela mesma uma chama ardente de esperança para a vida de todo o continente. E agradecemos-lhe por ter reproposto a todos, com matizes, clareza e acuidade, o ensinamento comum da Igreja em matéria de pastoral dos doentes de sida”.

FONTE: http://www.vatican.va/news_services/or/or_por/text.html#4

Imagens: http://fratresinunum.com/

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Os trechos sublinhados acima são de minha iniciativa, para destaque.

Os dados abaixo, retirados da Wikimedia Commons trazem o mapa da África  e o índice de incidência da Aids, em matiz de cor para cada país deste continente. É um fato estranho que o título se refira à “AIDS”, mas o único mapa é o da África, enquanto há, exatamente ao lado, um gráfico sobre a causa de mortes nos Estados Unidos…  Isto merece nossa análise. Acrescento os seguintes dados, que fixam o significado da sigla em três idiomas e, o endereço eletrônico para outras informações relevantes:

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/Aids

Sida (SIDA): Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (em espanhol, português, francês)

Aids (AIDS): Acquired Immunodeficiency Syndrome

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FONTE: http://fratresinunum.com/tag/atualidades/

27 de março de 2009

O Papa na África: “É para nós uma obrigação oferecer a possibilidade de alcançar a vida eterna”.

de France Presse, em Luanda

O papa Bento 16 pediu neste sábado em Angola aos adeptos da bruxaria que se convertam à religião católica, durante uma missa na igreja de São Paulo da capital angolana.“Muitos de vocês vivem com o medo dos espíritos, de poderes nefastos que os ameaçam, desorientados, e chegam a condenar crianças de rua e até idosos, porque, dizem, são bruxos”, afirmou o pontífice em uma referência clara às várias seitas e religiões tradicionais africanas presentes em Angola, incluindo algumas que celebram rituais de sacrifício humanos.“A eles é preciso anunciar que Cristo venceu a morte e todos estes poderes obscuros”, disse o papa durante a homilia.“Há quem objete que os deixemos em paz, que eles têm a verdade deles e nós a nossa. Que tentemos conviver pacificamente, deixando tudo como está. Estamos convencidos de que não cometemos injustiça alguma se apresentamos Cristo a eles […] É para nós uma obrigação oferecer a possibilidade de alcançar a vida eterna”, destacou.Diante de bispos, religiosos e representantes dos movimentos católicos e missionários, em uma igreja remodelada e lotada, Bento 16 condenou tais movimentos na África, que na última década representam uma forte concorrência para a Igreja Católica.

POLÊMICA

Em sua primeira viagem pela África –que inclui ainda uma parada em Camarões– o papa não escapou aos temas polêmicos. Ele condenou nesta sexta-feira (20) todas as formas de aborto, ao mesmo tempo em que exigiu medidas econômicas e legislativas em defesa da família, que segundo ele, “está ameaçada”.O papa mencionou o artigo 14 do Protocolo de Maputo, carta sobre os Direitos da Mulher na África que entrou em vigor em 2005 e foi ratificada pelos 20 Estados membros. O artigo se refere ao aborto como um dos métodos para regulamentar as políticas reprodutivas. “Como é amarga a ironia daqueles que promovem o aborto entre as curas para a saúde materna. É desconcertante a tese daqueles que acreditam que a eliminação da vida é um assunto de saúde reprodutiva”, disse.O papa fez as declarações no discurso que dirigiu aos bispos de Angola e São Tomé e Príncipe.Em Camarões, o papa causou grande discussão na comunidade internacional ao dizer que a distribuição de preservativos não ajuda a reduzir o número de pessoas contaminadas com a Aids.Bento 16 afirmou que a Aids “é uma tragédia que não pode ser superada com o dinheiro e nem com a distribuição de preservativos, os quais podem aumentar os problemas”.

A declaração foi feita em resposta a uma pergunta sobre se os ensinamentos da Igreja Católica não eram “irrealistas e ineficazes” em relação à Aids. O papa defendeu que a epidemia só pode ser impedida com uma renovação moral no comportamento, a “humanização da sexualidade”, incluindo elementos de fidelidade e autossacrifício.

O papa adota a visão tradicional da Igreja Católica sobre o tema: sexo apenas depois do casamento e a proibição de meios contraceptivos artificiais, como a camisinha e a pílula.

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Cristoaleluia

Imagem: http://fratresinunum.com/



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