
Observem, tal como eu, que o mundo do século XX e início deste, ao que parece, está dando as costas para seu Criador… Vivemos dentro de uma ótica tão materialista que estaremos caindo no abismo e não nos daremos conta enquanto não encontrarmos o chão… O papa Bento XVI está em Israel, e “peregrina” em meio ao conflito do Oriente Médio, e, com originalidade vai respondendo aos seus contendores. Ele também está clamando por paz entre os povos, exatamente como o papa Bento XV o fez, em 1917.
Entretanto, acredito que a tarefa do nosso atual papa é hercúlea, ou seja, é mais complexa que ao tempo da aparição de Nossa Senhora em Fátima. Seu clamor tem caído no vazio, dada ao que considero uma verdadeira “indiferença mundial pela paz”. Ele próprio indica a fonte do problema: o relativismo; o conceito está dentro do ideário “pós-moderno”. Estudiosos de Sociologia e Antropologia afirmam que estamos passando por uma fase de transição – do período “moderno” para o “pós-moderno”. Pessoalmente, ainda não consegui compreender em que se baseia este “determinismo”. É um fato histórico que passamos dos estudos “astrológicos” para os astronômicos – ou seja, da Idade Média para a Moderna. No entanto, o que sempre foi aceito como um valor universal, desde os gregos chegou incólume até a década de 80. Desde o final daquela década há algo em curso (isto me lembra a “mão invisível” do Adam Smith…), que vem se mostrando inexorável. Algo que quer se firmar como a “Terceira Onda”, de Alvin Tofler, ou “1984”, de George Orwell. Enfim, há uma atmosfera, a meu ver, à lá Kafka. A pós-industrialização, que gerou a globalização, que gerará a virtualização da vida humana… O papa Bento XVI traduz tudo quando critica a relativização de todos os valores até então válidos…
Verifico que o papa Ratzinger tem a seu favor, em termos de defesa do Cristianismo, do catolicismo – a inteligência brilhante e o domínio das Escrituras Sagradas, e quanto a este aspecto, é pós-doutor em Teologia. Além disso, isto é, é um homem de 82 anos, que acumulou uma vasta cultura e, para melhorar seu perfil de Sumo Pontífice, é conhecido como um homem muito simples – o que vem surpreendendo a todos. Sendo assim, é um homem que possui sabedoria, a mesma que é valorizada no Antigo Testamento. No entanto, pede que rezemos continuamente por ele… certamente para que não esmoreça. Ou seja, Bento XVI vem enfrentando “intelectualmente” o combate sistemático da imprensa mundial, que, diga-se de passagem, é a favor de tudo que não lhe contrarie interesses… Obviamente que há outros grupos que lhe fazem oposição.
A propósito, desde o final do dia de ontem e no dia de hoje, 13 de maio, teve de enfrentar a rejeição de alguns líderes religiosos israelitas quanto ao projeto de estabelecimento de uma sede na Terra Santa – algo em torno de um organismo estatal, o qual representaria o pensamento do Vaticano. A idéia é viabilizar meios que permitam a proteção dos cristãos de todas as nacionalidades, que residem nas áreas de conflito, bem como palestinos, cristãos ou muçulmanos. Esta notícia contrariou o mundo político de Israel, provavelmente porque agradou, por exemplo, reinados muçulmanos, como o da Jordânia. Esta tem como característica o acolhimento “democrático” de cristãos e muçulmanos, tanto no aspecto da prática religioso quanto da educação e cultura que os caracteriza.
Quanto a manifestações de alguns rabinos ultra-conservadores em Israel, não lhes foi permitido entrar com faixas e cartazes no ambiente em que o papa Bento XVI se dirigiria a uma ampla gama de autoridades religiosas e políticas, que compõem o estado de Israel. Pelas notícias, o papa falou de improviso e seu apelo à paz teve argumentação bíblica, que foi acolhida com surpresa pelos presentes…
Voltemos à aparição de Nossa Senhora em Fátima. Em 1917, o papa referido abaixo – Bento XV – clamava ao mundo católico que pedisse a intercessão de Nossa Senhora pela paz, em meio à primeira Guerra Mundial. O mundo não ouviu, tanto que veio uma segunda Grande Guerra, e com uso de uma bomba atômica… Constato que o papa Bento XVI nem ao menos pode apelar a sentimentos como – piedade, compaixão, amor, perdão. Pelo menos com a certeza de que, se não for atendido, será compreendido ou aceito… Podemos ter a certeza de que o papa Bento XV foi compreendido, ainda que não lhe tenham dado ouvidos…
Estamos negando nossa humanidade, cedendo-a, sim, aos apelos do mundo da Ciência e da Tecnologia. Estas, na minha ótica, duas “deusas” que, há cerca de três décadas foram “entronizadas” na vida que adotamos, sem crítica de espécie alguma…
Tenho que admitir a luta – que vai se mostrando inglória, ainda que perseverante, graças a Deus – em todas as áreas da vida humana. Está sendo travada por muitos de nós – ao tentarmos preservar uma “vida interior”. Ou seja, é empreendida, em nosso dia-a-dia, uma verdadeira “batalha” para vivermos com liberdade e autenticidade, em meio a este estado de coisas, nossos ideais de transcendência. O absurdo é que nada é mais humano que esta realidade, já que o instinto de sobrevivência é básico. Por que chegamos a este nível de negação de nós próprios? Acumulação? Prestígio? Nesse sentido, sinto-me “vítima”. O que me consola é que estou bem acompanhada, e por muitos… Assim, chega a parecer piada, dentro do que eu chamo “tirania desumanizante” – afirmarmos nossa religiosidade, nossos anseios espirituais… A “Matéria” em nosso tempo, sufoca, ao cansaço, o “Espírito”; este, no sentido filosófico. Será que a Humanidade ainda pensa que existe alma, e que esta deve aspirar à salvação? Nossa Senhora… ora pro nobis. Amém.
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Fonte: Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares (OCDS) – Província de São José http://ocdsprovinciasaojose.blogspot.com/
Nossa Senhora de Fátima
No dia 5 de maio de 1917, durante a primeira guerra mundial, o papa Bento XV convidou os católicos do mundo inteiro a se unirem em orações para a paz com a intercessão de Nossa Senhora. Oito dias depois a Santíssima Virgem dava a sua resposta, aparecendo a três pastorinhos portugueses. A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, conselho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos.
Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira, onde agora se encontra a Capelinha das Aparições, uma “Senhora mais brilhante que o sol”, de cujas mãos pendia um terço branco.
A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e àquela hora. (…) Leia mais em http://ocdsprovinciasaojose.blogspot.com/.