Fonte/imagens: Blog da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares – Província São José (Liturgia)
“Deus se faz um Menino indefeso a fim de vencer a soberba, a violência, o ímpeto de possuir do homem.”
(Bento XVI – 23/12/2009)
Frase extraída do Blog da OCDS.
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Fonte: Obras Completas – Santa Teresa de Jesus – Edição brasileira estabelecida a partir de texto revisado e anotado por Frei Tomas de La Cruz O.C.D. Editorial Monte carmelo, Burgos, 1997. Edições Loyola, 2002 (2ª edição), São Paulo, Brasil.
Nota 1 (pg.983) – Poesia XI : Nas poesias que tratam do nascimento do Menino Deus, Santa Teresa figura os pastores (Gil, Vicente, Pascoal, Brás, Menga, etc.) falando entre si.
XI
AO NASCIMENTO DE JESUS
Ò pastores que velais,
A guardar vosso rebanho, Eis que vos nasce um Cordeiro,
Filho de Deus soberano.
Vem pobre, vem desprezado,
Tratai logo de o guardar.
Porque o lobo o há de levar
sem que o tenhamos gozado.
– Gil, dá-me aquele cajado.
Vou tê-lo nas mãos todo o ano,
Não se nos leve o Cordeiro:
Não vês que é Deus Soberano?
Sinto-me todo aturdido
De gozo e pena. e pergunto:
– Se é Deus o que hoje é nascido,
Como pode ser defunto?
É que é homem e Deus junto;
governa o destino humano;
Olha que o nosso Cordeiro
Filho é Deus Soberano.
Não sei para que é que o pedem,
Pois lhe dão depois tal guerra.
-Olha, Gil melhor será
Que se torne à sua terra…
Mas se todo o bem encerra,
E apaga o pecado humano,
Já que é nascido, padeça
Este Deus tão soberano.
Pouco te dói sua pena!
Tanto é certo que esquecemos
O que os outros por nós sofrem,
Se proveito recebemos!
No vês que um dia o teremos
Pastor do gênero humano?
Contudo é coisa tremenda
Que morra Deus soberano.
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XIII
PARA A NATIVIDADE
Já Deus nos há dado
O amor: assim, pois,
Não há que temer,
Morramos os dois.
Seu Único Filho
O Pai nos envia:
Nasce hoje na lapa,
Da Virgem Maria.
O homem – que alegria!
É Deus: assim, pois,
Não há que temer,
Morramos os dois.
– Olha bem, Viente:
Que amor! e que brio!
Vem Deus, inocente,
A padecer de frio;
Deixa o senhorio
Que tem; assim, pois,
Não há que temer,
Morramos os dois.
– Mas como Pascoal,
tem tanta franqueza,
Que veste saial,
Deixando riqueza?
Mais quer a pobreza!
Sigamo-lo pois:
Se já vem feito homem,
Morramos os dois.
Mas qual sua paga
Por tanta grandeza?
– Só grandes açoites
Com muita crueza.
– Que imensa tristeza
Teremos depois!
Ah! se isto é verdade,
Morramos os dois.
– Mas como se atrevem,
sendo Onipotente?
– Será morto um dia
Por perversa gente.
– Se assim é, Vicente,
Furtemo-lo pois:
-Não vês que o deseja?
Morramos os dois!
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XIV
AO NASCIMENTO DO MENINO JESUS
Galego, quem chama aí fora?
– São Anjos, à luz da aurora.
– Grande rumos ouço ao longe
Que parece cantilena,
– vamos ver, Brás, – que amanhece –
A Zagala tão serena.
– Galego, quem chama aí fora?
– São Anjos, à luz da aurora.
Será do alcaide parenta?
Ou quem é esta donzela?
– É Filha do Eterno Padre
E reluz como uma estrela.
Galego, quem chama aí fora?
– São Anjos, à luz da aurora.