A Solenidade de “Corpus Christi”

A Solenidade de “Corpus Christi”

Por Padre Wagner Augusto Portugal

Nesta quinta-feira, celebra-se a Solenidade de “Corpus Christi”. De tradição antiquissíma, esta festa, que é comemorada de modo solene e público, manifesta a centralidade da Santa Eucaristia, sacramento do Corpo e Sangue de Cristo: o mistério instituído na última Ceia e comemorado todos os anos na Quinta-Feira Santa, após a solenidade da Santíssima Trindade.

Neste dia, manifesta-se a todos, circundado pelo fervor de fé e de devoção da comunidade de todos os batizados, o Mistério de Amor que nos foi legado por Cristo, para memorial eterno de sua Paixão. A Eucaristia, realmente, é o maior tesouro da Igreja, a preciosa herança que o Senhor Jesus lhe deixou. E, assim, a Igreja conserva a Eucaristia com o máximo empenho e cuidado, celebrando-a diariamente na Santa Missa, bem como adorando-a nas igrejas e nas capelas, levando-a como viático aos doentes que partem para a vida eterna.

A Eucaristia transcende a Igreja: Ela é o Senhor que se doa “pela vida do mundo” (Jo 6,51). Ontem, hoje e sempre, em todos os tempos e lugares, Jesus quer encontrar o homem e levar-lhe a vida de Deus. Por isso, a transformação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Cristo constituiu o princípio da divinização da mesma criação. Nasce, deste modo, o gesto sugestivo e oportuno de levar Jesus em procissão pelas ruas e estradas de nossas cidades e comunidades. Levando a Santíssima Eucaristia pelas vias públicas, queremos imergir o Pão que desceu do céu na vida quotidiana da nossa vida; queremos que Jesus caminhe onde nós caminhamos, que viva onde nós vivemos.

O nosso mundo, as nossas existências devem tornar-se templo da Eucaristia. Somos conclamados a viver em santidade. Na intimidade com Nosso Senhor Jesus Cristo, presente em corpo, sangue, alma e divindade nas sagradas espécies de pão e vinho, seremos testemunhas vivas de seu amor, de sua misericórdia, a partir do momento em que vivermos por ele e com ele, sendo luz do mundo e sal da terra. Com grande entusiasmo, este momento sagrado, em que Cristo Eucarístico passa pelas ruas de nossa cidade a nos abençoar, somos soldados perfilados fazendo sua guarda de honra, somos crentes convictos da fé que professamos, fazendo-o publicamente, somos filhos amados por Deus que desejamos, mais e mais, viver mais unidos a Ele, tanto na participação da Eucaristia, quanto na vida exemplar de lídimos cristãos.

Neste dia santo, a Eucaristia é tudo para ela, é a sua própria vida, a fonte do amor que vence a morte. Da comunhão com Cristo Eucaristia brota a caridade que transforma a nossa existência e ampara-nos no caminho rumo à Pátria Celeste.

Neste préstito solene que se forma nesta solenidade tão cara à vida espiritual da Igreja, Cristo ressuscitado percorre os caminhos da humanidade e continua a oferecer a sua “carne” aos homens, como autêntico “pão da vida” (Jo 6,48,51). Hoje “esta linguagem é dura” (Jo 6, 50) para a inteligência humana, que permanecem como que esmagadas pelo mistério. Para explorar as fascinantes profundidades desta presença de Cristo sob os “sinais” do pão e do vinho, é necessária a fé, ou melhor, é necessária a fé vivificada pelo amor. Só aquele que acredita e ama pode compreender alguma coisa deste inefável mistério, graças ao qual Deus se faz próximo da nossa pequenez, procura a nossa enfermidade, revela-se por aquilo que é infinito, o amor que salva.

Precisamente por isso, a Eucaristia é o centro palpitante da comunidade. Desde o início, na primitiva comunidade de Jerusalém, os cristãos reuniam-se no Dia do Senhor (Dies Domini) para renovar na Santa Missa o memorial da morte e ressurreição de Cristo. O domingo é o dia do repouso e do louvor, mas sem Eucaristia perde-se o seu verdadeiro significado.

Celebrando Corpus Christi, queremos renovar nosso autêntico compromisso de batizados, um compromisso pastoral prioritário da revalorização do domingo e, com ela, da celebração eucarística: “um compromisso irrenunciável, abraçado não só para obedecer a um preceito, mas como necessidade para uma vida cristã verdadeiramente consciente e coerente” (João Paulo II, “Novo Millennio Ineunte”, 36).

Adorando a Eucaristia, não podemos deixar de pensar com reconhecimento na Virgem Maria. Sugere-o o célebre hino eucarístico que cantamos muitas vezes: “Ave, verum Corpus, natum de Maria Virgine” (“Ave, ó verdadeiro Corpo, nascido da Virgem Maria). Peçamos hoje à Mãe do Senhor que todos os homens possam saborear a doçura da comunhão com Jesus e tornar-se, graças ao pão de vida eterna, participantes do seu mistério de salvação e de santidade.

Por isso cantemos: “Glória a Jesus…”

Seqüência – “Lauda Sion”

Terra, exulta de alegria,

louva teu pastor e guia

com teus hinos, tua voz!

Tanto possas, tanto ouses,

em louvá-lo não repouses:

sempre excede do teu louvor!

Hoje a Igreja te convida:

ao pão vivo que dá vida

vem com ela celebrar!

Este pão, que o mundo o creia!,

por Jesus, na santa ceia,

foi entregue aos que escolheu.

Nosso júbilo cantemos,

nosso amor manifestemos,

pois transborda o coração!

Quão solene a festa, o dia,

que da Santa Eucaristia

nos recorda a instituição!

Novo Rei e nova mesa,

nova Páscoa e realeza,

foi-se a Páscoa dos judeus.

Era sombra o antigo povo,

o que é velho cede ao novo;

foge a noite, chega a luz.

O que o Cristo fez na ceia,

manda à Igreja que o rodeia,

repeti-lo até voltar.

Seu preceito conhecemos:

pão e vinho consagremos

para nossa salvação.

Faz-se carne o pão de trigo,

faz-se sangue o vinho amigo:

deve-o crer todo cristão.

Se não vês nem compreendes,

gosto e vista tu transcendes,

elevado pela fé.

Pão e vinho, eis o que vemos;

mas ao Cristo é que nós temos

em tão ínfimos sinais…

Alimento verdadeiro,

permanece o Cristo inteiro

quer no vinho, quer no pão.

É por todos recebido,

não em parte ou dividido,

pois inteiro é que se dá!

Um ou mil comungam dele,

tanto este quanto aquele:

multiplica-se o Senhor.

Dá-se ao bom como ao perverso,

mas o efeito é bem diverso:

vida e morte traz em si…

Pensa bem: igual comida,

se ao que é bom enche de vida,

traz a morte para o mau.

Eis a hóstia dividida.

Quem hesita, quem duvida?

Como é toda o autor da vida,

a partícula também.

Jesus não é atingido:

o sinal é que é partido,

mas não é diminuído,

nem se muda o que contém.

Eis o pão que os anjos comem

transformado em pão do homem;

só os filhos o consomem:

não será lançado aos cães!

Em sinais prefigurado,

por Abraão foi imolado,

no cordeiro aos pais foi dado,

no deserto foi maná…

Bom pastor, pão de verdade,

piedade, ó Jesus, piedade,

conservai-nos na unidade,

extingui nossa orfandade,

transportai-nos para o Pai!

Aos mortais dando comida,

dais também o pão da vida;

que a família assim nutrida

seja um dia reunida

aos convivas lá no céu!

 

Fonte: Catequese Católica.

Graças e louvores se deem a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento! (Bíblia Católica News)

Graças e louvores se deem a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Eucaristia, mistério de uma presença!

O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Cristo Jesus, Aquele que morreu, ou melhor, ressuscitou, Aquele que está à direita de Deus e que intercede por nós (Rm 8,34), está presente de múltiplas maneiras em Sua Igreja: em Sua Palavra, na oração de Sua Igreja, lá ‘onde dois ou três estão reunidos em Meu nome’ (Mt 18,20), nos pobres, nos doentes, nos presos, em Seus sacramentos, dos quais Ele é o autor, no sacrifício da missa e na pessoa do ministro. Mas sobretudo está presente sob as espécies eucarísticas (n. 1373).

É verdade que o Senhor Jesus, na força do Seu Espírito, está presente de modos variadíssimos na Sua Igreja, mas, sobretudo, de um modo eminente, Ele Se faz presente no pão e no vinho consagrados na Eucaristia. Ali, já não está presente simplesmente a graça do Cristo, mas, pessoalmente, o próprio Autor da graça!

Ele, que na Última Ceia Se entregou no pão e no vinho, dizendo “isto é o Meu Corpo, isto é o Meu Sangue”, é Aquele mesmo que havia antes prevenido de modo solene: “Em verdade, em verdade, vos digo: ‘Aquele que crê tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida! A Minha carne é verdadeiramente uma comida e o Meu sangue é verdadeiramente uma bebida” (Jo 6,47s.55). Sendo assim, se em todos os sacramentos, Jesus Cristo atua através de sinais sensíveis que, sem mudarem de natureza, adquirem uma capacidade transitória de santificação, na Eucaristia, Ele está presente com o Seu corpo e sangue, alma e divindade, dando ao homem toda a Sua Pessoa e a Sua vida, tudo quanto viveu entre nós amorosamente, até o extremo da entrega na cruz. Tudo isso está presente no pão e no vinho consagrados.

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Na Eucaristia, realmente presente para estar em real comunhão conosco

A Igreja sempre acreditou nesta maravilhosa realidade e insondável mistério da presença real do Senhor Jesus. Com a transformação ocorrida na consagração das espécies eucarísticas, o Senhor torna-Se presente no Seu Corpo e Sangue.

Os Santos Padres, doutores da Igreja Antiga, para exprimir a mudança do pão e do vinho no Corpo e Sangue do Senhor, falavam de “metabolismo” do pão e do vinho em corpo e sangue. São Tomás de Aquino recordava que a Eucaristia é o sacramento da presença de Cristo. Isso a distingue dos outros sacramentos. O Santo Doutor dizia que ela “re-presenta” Cristo. “Re-presenta”, no sentido de tornar Cristo realmente presente, já que a Eucaristia não é uma devota recordação, mas a presença efetiva, real, verdadeira e eficaz, pascal, do Senhor morto e ressuscitado, que quer atingir todos os homens e com eles entrar em real e pessoal comunhão. E Ele explicava ainda que o significado do Sacramento é tríplice: “O primeiro diz respeito ao passado, enquanto comemora a paixão do Senhor, que foi um verdadeiro sacrifício… Por isso, é chamado sacrifício. O segundo diz respeito ao efeito presente, ou seja, à unidade da Igreja, em que os homens são reunidos por meio deste Sacramento. O terceiro significado diz respeito ao futuro: pois este Sacramento é prefigurativo da bem-aventurança divina, que se realizará na pátria”.

Também São Boaventura contribuiu para a teologia da Eucaristia, insistindo no espírito de piedade necessário para comungar Cristo. Recorda-nos ele que, na Eucaristia, além das palavras da Última Ceia, realiza-se a promessa do Senhor: “Eu estou convosco todos os dias até ao fim do mundo” (Mt 28,20). Portanto, no Sacramento, Ele está real e verdadeiramente presente na Igreja.

A presença real na Eucaristia: mysterium fidei!

Foi o Concílio de Trento que, como Magistério da Igreja, melhor exprimiu o mistério da presença real do Senhor nas espécies eucarísticas. O Tridentino insistiu na presença verdadeira, real e substancial do Senhor Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, sob as espécies do pão e do vinho.

Afirmou, do mesmo modo, que o Corpo do Senhor está presente não só no pão, mas também no vinho, e que o Seu Sangue está presente não só no vinho, mas também no pão. Em outras palavras: Jesus não está parte no vinho e parte no pão, mas Se encontra real e perfeitamente todo no vinho e todo no pão.

Explicou também que, em ambas as espécies, o Senhor Jesus Cristo está presente com a Sua alma humana e com a Sua divindade.
Portanto, Cristo, Verbo do Pai, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, está presente todo inteiro sob as duas espécies e em cada parte delas.

O mesmo Concílio definiu ainda a “transubstanciação”, isto é a mudança real da substância do pão no Corpo de Cristo e da substância do vinho no Seu divino Sangue.

Na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia, o Beato João Paulo II recorda: “A reprodução sacramental na Santa Missa do sacrifício de Cristo coroado pela Sua ressurreição implica uma presença muito especial, chama-se ‘real’, não a título exclusivo como se as outras presenças não fossem ‘reais’, mas por excelência, porque é substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem. Reafirma-se assim a doutrina sempre válida do Concílio de Trento: ‘Pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do Seu sangue; a esta mudança, a Igreja católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação’. Verdadeiramente a Eucaristia é mistério de fé, mistério que supera os nossos pensamentos e só pode ser aceita pela fé, como lembram frequentemente as catequeses patrísticas sobre este sacramento divino. ‘Não hás de ver – exorta São Cirilo de Jerusalém – o pão e o vinho [consagrados] simplesmente como elementos naturais, porque o Senhor disse expressamente que são o Seu corpo e o Seu sangue: a fé o assegura a ti, ainda que os sentidos possam sugerir-te outra coisa” (n. 15).

Assim, segundo a fé católica, recebida dos apóstolos e conservada fielmente na Igreja de Cristo, a presença eucarística do Senhor Jesus morto e ressuscitado começa no momento da consagração e dura também enquanto subsistirem as espécies eucarísticas. Em outras palavras, enquanto houver o pão e o vinho consagrados, há realmente Corpo e Sangue do Senhor.

João Paulo II, citando Paulo VI, afirmou claramente na sua Encíclica eucarística: “Permanece o limite apontado por Paulo VI: ‘Toda a explicação teológica que queira penetrar de algum modo neste mistério, para estar de acordo com a fé católica deve assegurar que na sua realidade objetiva, independentemente do nosso entendimento, o pão e o vinho deixaram de existir depois da consagração, de modo que a partir desse momento são o Corpo e o Sangue adoráveis do Senhor Jesus que estão realmente presentes diante de nós sob as espécies sacramentais do pão e do vinho’” (Ecclesia de Eucharistia, 15).

Veja tambem  «Sacramento do amor»: Exortação apostólica do Sínodo sobre a Eucaristia

Portanto, não basta afirmar que Cristo está no pão ou está no vinho; é necessário afirmar que Cristo é o pão e Cristo é o vinho e naquelas espécies consagradas já não há realmente pão e vinho; nada há que não seja o Cristo Senhor, morto e ressuscitado. Imenso mistério! Mistério de amor! Mysterium fidei – mistério da fé!

Razões para estar tão presente de modo tão real

Pode-se perguntar o motivo de o Senhor dar-Se assim, tão realisticamente, no pão e no vinho. Apontemos algumas razões:

(1) A nossa união real e íntima com Ele que, na comunhão, não somente está conosco, mas também em nós, fazendo com que nós estejamos Nele. Nunca esqueçamos que isto é possível porque o Senhor que Se nos dá na Eucaristia é pleno de Espírito Santo, de modo que, em cada comunhão, recebemos o Seu Espírito Santo, que nos faz permanecer em Cristo e Cristo em nós.

(2) A edificação da Igreja, já que comungando todos do mesmo Corpo e Sangue do Senhor, tornamo-nos Nele cada vez mais um só corpo, que é a Igreja, segundo a palavra do Apóstolo: “O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que participamos deste único pão” (1Cor 10,16). Esta unidade não é simplesmente simbólica ou sentimental, mas real, pois é unidade no Corpo do Senhor, pleno do Espírito Santo.

(3) A nossa divinização, pois, recebendo o Corpo e Sangue do Senhor, recebemos a própria vida divina, alimentando-nos com o próprio Cristo ressuscitado pleno do Espírito Santo que dá vida: “Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que come de Mim viverá por Mim” (Jo 6,56s).

(4) Finalmente, comungando do corpo e sangue Daquele que morreu e ressuscitou, recebemos como alimento a própria vida eterna, vida de ressurreição: “Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia. Quem come deste pão viverá eternamente” (Jo 6,54.58c).

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Graças e louvores ao Santíssimo Sacramento!

Diante da Eucaristia, inestimável dom, nossa resposta é não somente a fé agradecida, mas também a viva sede da comunhão frequente e da adoração piedosa. São João Crisóstomo afirmava: “Quando estás para abeirar-te da sagrada mesa, acredita que nela está presente o Senhor de todos”. Por isso, a adoração é inseparável da comunhão.

Neste sentido, a Igreja desde tempos remotos, recomenda aos seus filhos que se detenham frequentemente em adoração ao Senhor sacramentado. O Beato João Paulo quis renovar essa recomendação: O culto prestado à Eucaristia fora da missa é de um valor inestimável na vida da Igreja, e está ligado intimamente com a celebração do Sacrifício eucarístico. A presença de Cristo nas hóstias consagradas que se conservam após a Missa – presença essa que perdura enquanto subsistirem as espécies do pão do vinho – resulta da celebração da Eucaristia e destina-se à comunhão, sacramental e espiritual. Compete aos Pastores, inclusive pelo testemunho pessoal, estimular o culto eucarístico, de modo particular as exposições do Santíssimo Sacramento e também as visitas de adoração a Cristo presente sob as espécies eucarísticas. É bom demorar-se com Ele e, inclinado sobre o Seu peito como o discípulo predileto (cf. Jo 13,25), deixar-se tocar pelo amor infinito do Seu coração. Se atualmente o cristianismo se deve caracterizar sobretudo pela arte da oração, como não sentir de novo a necessidade de permanecer longamente, em diálogo espiritual, adoração silenciosa, atitude de amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento? Quantas vezes, meus queridos irmãos e irmãs, fiz esta experiência, recebendo dela força, consolação, apoio! Desta prática, muitas vezes louvada e recomendada pelo Magistério, deram-nos o exemplo numerosos Santos. De modo particular, distinguiu-se nisto Santo Afonso Maria de Ligório, que escrevia: ‘A devoção de adorar Jesus sacramentado é, depois dos sacramentos, a primeira de todas as devoções, a mais agradável a Deus e a mais útil para nós’. A Eucaristia é um tesouro inestimável: não só a sua celebração, mas também o permanecer diante dela fora da missa permite-nos beber na própria fonte da graça. Uma comunidade cristã que queira contemplar melhor o rosto de Cristo… não pode deixar de desenvolver também este aspecto do culto eucarístico, no qual perduram e se multiplicam os frutos da comunhão do corpo e sangue do Senhor” (Ecclesia de Eucharistia, 15).

Portanto, não tenhamos dúvidas: se as espécies eucarísticas destinam-se primeiramente a serem consumidas em comunhão fraterna durante a celebração da Santa Missa, também podem e devem ser adoradas não somente no momento mesmo da consagração – quando devemos todos nos ajoelhar de modo reverente a adorante -, mas também fora da missa, em adoração pessoal ou comunitária. Estas são as constantes consciência e doutrina da Igreja, da qual nenhum católico deve duvidar. Ninguém tem o direito de ensinar diversamente! Que fique claro de modo cristalino: as espécies eucarísticas, primariamente dadas à Igreja para a comunhão, devem ser adoradas por todos, seja durante a consagração, seja com um piedoso e reverente gesto antes da comunhão (um inclinação, uma genuflexão ou até mesmo ajoelhar-se), seja na adoração pessoal ou comunitária no culto eucarístico fora da celebração da santa Missa. Que ninguém se deixe iludir por falsos mestres, mestres de si próprios e doutores em próprio nome, que deturpam a fé, usurpam o mandato de ensinar aos fieis, que compete à Igreja, e confundem o rebanho com doutrinas exóticas e de própria autoria, que só levam à confusão dos fieis e ao esfriamento geral da fé! A Eucaristia é um mistério grande demais, sublime demais para ser manipulado por quem quer que seja!

Graças e louvores se deem a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Dom Henrique Soares – Bispo Auxiliar de Aracju/SE

Fonte: Bíblia Católica News.

Sagrado Coração de Jesus: fonte de toda consolação

Sagrado Coração de Jesus: fonte de toda consolação

Leia atentamente este artigo e deixe-se envolver por esta meditação:

Fonte de toda a Consolação

Neste mês de junho, dedicado ao divino Coração, convido-o, caro leitor, a tomar algumas dessas invocações, procurando penetrar a mensagem de amor contida nelas.

“Eis o Coração que tanto amou os homens”

Numa de suas aparições a Santa Margarida Maria, Nosso Senhor mostrava- se transbordante de luz e com uma expressão repleta de bondade e misericórdia. Apontando seu próprio Coração, Ele transmitiu-lhe esta queixa afetuosa: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou até Se esgotar e consumir para lhes testemunhar seu amor, e que, como retribuição, da maior parte só recebe ingratidões”.

Como essa revelação deveria deixar- nos consternados! É verdade que Ele nos ama acima de toda medida e que é impossível a cada um de nós, simples criatura, retribuir com igual intensidade. Entretanto, a questão é saber se nós O amamos tanto quanto nos permite nossa capacidade de amar. Certamente, se nos entregássemos por inteiro a seu amor, ajudados por sua graça, nosso coração palpitaria em uníssono com o d’Ele, nós nos enterneceríamos com Ele, sentiríamos como Ele e – por que não? – sofreríamos por Ele.

Esse deve ser o anelo da alma católica.

Façamos, pois, da leitura destas palavras algo mais que um puro exercício intelectual. Transformemo-la em um ato de amor.

Leia também: Meditando sobre o Sagrado Coração de Jesus

As revelações do Coração de Jesus encorajam o pecador à confiança

Qual a origem da devoção ao Sagrado Coração de Jesus?

A grande promessa do Coração de Jesus

“Coração de Jesus, fornalha ardente de Caridade”

Esta belíssima jaculatória não se contenta de comparar esse amor – caritas, caridade – tão intenso com uma fornalha, mas acentua ser uma fornalha ardente. Esplêndida imagem de sua divina Paixão, não só pela humanidade em seu conjunto, mas também por todos os seus filhos e filhas, individualmente considerados.

Assim relata Santa Margarida Maria como lhe foi revelado esse amor: “Uma vez, estando exposto o Santíssimo Sacramento, apareceu Jesus Cristo todo resplandecente de glória, com suas cinco chagas brilhando como sóis, e sua sagrada humanidade lançando labaredas de todos os lados, mas sobretudo de seu adorável peito, que parecia uma fornalha.

Abrindo-o, Ele descobriu-me seu amabilíssimo e amantíssimo Coração, que era a fonte viva das chamas. Mostrou- me então as inexplicáveis maravilhas de seu puro amor e o excesso a que tinha chegado no amor aos homens, dos quais só recebia ingratidões e friezas”.

“Foi isso”, disse Ele a Santa Margarida, “o que mais Me doeu de todos os sofrimentos que tive em minha Paixão, ao passo que, se Me retribuíssem com algum amor, consideraria pouco tudo o que fiz por eles. Se fosse possível, quereria ainda ter feito mais. Mas os homens têm apenas frieza e recusa para com todas as minhas solicitudes de lhes fazer bem. Dá-Me tu, pelo menos, esse prazer de suprir-lhes as ingratidões, conforme tuas possibilidades”.

Oxalá esse apelo de Jesus encontre excelente acolhida, não apenas na alma das pessoas especialmente devotas do Sagrado Coração, mas também na de todos os católicos, despertando em cada um o desejo de oferecer a nosso amoroso Redentor digna reparação por tanta frieza. Que cada um, a exemplo de Simão Cireneu, ajude-O a carregar a cruz dos esquecimentos e das ingratidões. Será esta a melhor maneira de combater a tibieza que, às vezes, torna moroso nosso progresso espiritual, ou, pior ainda, nos paralisa num estado de torpor e de enfastiamento em relação às coisas de Deus.

Para avançarmos nesse luminoso caminho, contamos com um auxílio certo e preciosíssimo: a devoção ao Imaculado Coração de Maria, no qual Jesus é incomparavelmente mais amado do que em qualquer outra criatura, humana ou angélica. “Foi vontade de Deus que, na obra da redenção humana, a Santíssima Virgem Maria estivesse inseparavelmente unida a Jesus Cristo” – escrevia o Papa Pio XII. Por isso convém que cada cristão, “depois de prestar ao Sagrado Coração o devido culto, renda também ao amantíssimo Coração de sua Mãe celestial os correspondentes obséquios de piedade, de amor, de agradecimento e de reparação” (Encíclica Haurietis acquas, n. 74).

Ajudados pela poderosa mediação dessa terna Mãe, penetraremos com maior facilidade no mistério do divino amor, que Ela portou em seu puríssimo seio e alimentou, ao qual contemplou de perto com incêndios de adoração e enlevo.

“Coração de Jesus, paciente e misericordioso”

Este título traz-nos à mente uma exclamação de Santa Margarida Maria: “Esse divino Coração é todo doçura, humildade e paciência”.

“Paciente” (do latim, patiens, “aquele que sofre”) é um qualificativo muito adequado ao Coração misericordioso de Jesus, disposto a todos os sofrimentos pela nossa salvação. Contemplamos aqui um Coração cujo afeto se mede pela sua disposição de sofrer.

Não seria demasiado afirmar que o valor de um homem, ou de uma mulher, é proporcional à sua capacidade de superar, com ânimo e resignação, os insucessos e dificuldades que a Providência permite em seu caminho – especialmente quando se vê alvo de incompreensões da parte das pessoas que lhe são mais próximas.

Temos, então, ante nosso olhar o Divino Mestre como modelo de paciência.

Ser paciente significa, por exemplo, saber suportar os defeitos do próximo, responder com amabilidade às suas manifestações de mau gênio, e tantos outros atos de virtude do mesmo tipo.

Se imitarmos, neste ponto, nosso Salvador, faremos jus à sua amizade, conforme escreveu Santa Margarida Maria: “Tereis de vos mostrar mansos, suportando com paciência as grosserias, manias e amolações do próximo, sem vos deixar inquietar pelas contrariedades que ocasionem. Pelo contrário, fazei de boa vontade os serviços que puderdes, porque este é o modo de ganhar a amizade e a graça do Sagrado Coração de Jesus”.

Exatamente assim procede Nosso Senhor com cada um de nós. Se agirmos do mesmo modo para com os outros, crescerá em nós a confiança em sua predisposição de nos perdoar sempre, não só uma vez, mas todas as vezes que d’Ele nos aproximarmos arrependidos.

Sim, precisamos nos convencer dessa maravilhosa verdade: o Divino Redentor suportou meus pecados e por eles sofreu; por minha salvação imolou-Se, derramando todo o seu Preciosíssimo Sangue. Devo, pois, considerar minha maldade com grande contrição, é verdade, mas ao mesmo tempo com inabalável confiança.

Não nos deixemos nunca desanimar!

“Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados”

Esta é a jaculatória que então aflora em nossos lábios.

Propiciar (do latim, propitiare) é tornar propício, tornar favorável por meio de um sacrifício, oferecer um sacrifício expiatório. Isso é o que fez Jesus, oferecendo-Se ao Pai como “expiação pelos nossos pecados” (1Jo 2,2).

E o Apóstolo do amor empenha-se em acentuar: “Nisso se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo seu Filho único, para que vivamos por Ele (…) para expiar nossos pecados” (1Jo 4, 9-10).

Nosso Papa Bento XVI também se refere de modo ardoroso ao sacrifício do Salvador: “Em sua morte na Cruz realiza-se esse voltar-Se de Deus contra Si mesmo, entregando-Se para dar vida nova ao homem e salvá-lo: isso é o amor em sua forma mais radical” (Deus caritas est, n. 12).

Já morto em “propiciação por nossos pecados”, quis Jesus dar-nos uma demonstração do extremo limite aonde chegou seu amor por nós: de seu divino Coração brutalmente transpassado pela lança do soldado, manaram as últimas gotas de sangue, misturadas com água.

Por aí podemos avaliar quanto é censurável nossa frieza em relação a Ele, sobretudo nossa falta de confiança!

Assista também: A grande mensagem do Coração de Jesus

“Coração de Jesus, fonte de toda consolação”

Tal doação generosa até o ponto de dar-Se a Si mesmo perpassa nossas almas de alegria. Como não experimentarmos grandíssimo consolo ao vernos objeto de tão dadivoso amor? Na verdade, a palavra consolação encerra dois sentidos: por um lado, significa fortalecimento, novo vigor, novo alento; por outro, uma sensação de alegria, de suavidade, de unção do Divino Espírito Santo.

Em ambos os sentidos, o Sagrado Coração de Jesus é fonte de toda consolação, pois enche de júbilo e satisfação espiritual aqueles que se abrem para sua infinita bondade. Mas Ele é também nossa fortaleza. Assim, quando nos sentirmos débeis ou cansados, quando nos faltar coragem para praticar algum ato de virtude que o dever de católicos nos impõe, lembremo-nos: não estamos sozinhos, Jesus está a nosso lado! N’Ele encontraremos as forças necessárias para amar a Deus e ao próximo, cumprindo fielmente os divinos preceitos de sua Lei.

Sobretudo nessas horas, precisamos lançar-nos nos braços do Divino Mestre… Ah! se soubéssemos como Ele suspira por nos ajudar! Eis como Ele revela a Santa Margarida Maria essa sua predisposição: “Meu divino Coração está tão abrasado de amor para com os homens, e em particular para contigo, que, não podendo conter em Si as chamas de sua ardente caridade, precisa derramá-las por teu meio, e manifestar-Se a eles para os enriquecer com os preciosos dons que te mostro, os quais contêm as graças santificantes e salutares necessárias para os afastar do abismo da perdição”.

Querido leitor, esperamos que esta curta meditação tenha servido para fazê-lo sentir-se mais próximo do Coração de Jesus, e mais confiante na sua bondade sem limites. E que também lhe seja de algum proveito quando tiver a graça de se aproximar do altar para receber o divino Alimento.

Lembre-se, então, de que recebemos na alma, realmente presente, esse Coração no qual adoramos todas as perfeições expressas tão belamente em sua ladainha.

Padre Carlos Werner Benjumea, EP.

Fonte:  Prof. Felipe Aquino – Editora Cleofas  (Conteúdo básico extraído de http://www.gaudiumpress.org/content/37870-Fonte-de-toda-a-Consolacao)

Fátima, o terço e o inferno (Aleteia)

 

CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA EM FÁTIMA

Fátima, o terço e o inferno

Por Philip Kosloski | 11 de Maio de 2017

As crianças tiveram uma visão horrível, mas também foi-lhes mostrado o caminho para o céu

Quando Nossa Senhora apareceu aos três pastorzinhos em Fátima, em 1917, ela permitiu que eles tivessem uma visão do inferno que assustaria qualquer criança (ou adulto). Eles viram um“vasto mar de fogo” e, dentro dele, muitas almas sendo atormentadas.

Uma imagem terrível, sobre qual Irmã Lúcia falou: “Essa visão só durou um momento, graças à nossa boa Mãe Celestial, que na primeira aparição prometeu levar-nos ao céu. Sem isso, acho que teríamos morrido de terror e medo.”

O Catecismo da Igreja Católica confirma a existência do inferno, mas fala sobre uma punição mais severa do que ser banido da eternidade.

 O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, “o fogo eterno”. A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira. (1035)

A explicação que o Catecismo dá é o motivo pelo qual deveríamos ter medo do inferno. Devemos temer a perspectiva de passar a eternidade separada do Deus que nos ama tanto.

Embora seja verdade que as crianças tenham visto o inferno representado como um mar de fogo, Irmã Lúcia observou como aqueles que estavam no inferno sofriam de imenso “desespero”. O inferno é um lugar de desolação absoluta, um lugar solitário – não a “festa de todos os pecadores”, como muitas pessoas imaginam.

Dante escreveu sobre esse aspecto em seu Inferno. Em contraste com um “vasto mar de fogo”, ele descreve-o como um lago de “gelo”.

Ao peito hirsuto havia-se agarrado;
Depois de velo em velo descendia
Entre os ilhais e o lago congelado
. (Canto XXXIV).

Em vez de um lugar de fogo perpétuo, é visto como um lugar de escuridão, frio e desespero. A imagem de Dante do inferno destaca a realidade da separação eterna de Deus, algo terrível e extremamente solitário. Na interpretação dele, o inferno é um lugar onde você clama, mas ninguém ouve seus gritos; um lugar onde você deseja estar ao lado de alguém, mas nunca pode se mover.

A boa notícia é que Nossa Senhora não quis simplesmente mostrar essa visão às crianças para assustá-las. Ela queria que elas soubessem o motivo pelo qual devemos nos esforçar para evitar o inferno e que devemos fazer tudo o que pudermos para corrermos para o céu, trazendo conosco aqueles que conhecemos.

Ela também ofereceu um caminho que levaria as almas ao abraço celestial:

Vocês viram que o inferno é para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para salvá-los, Deus deseja estabelecer no mundo a devoção ao meu Coração Imaculado.

 Nossa Senhora ensinou as crianças a se aproximarem de seu Coração Imaculado para impedir que suas almas se afastem de Deus. Ela recomendou praticar as devoções do Primeiro Sábado, oferecendo sacrifícios pessoais e também rezando uma oração adicional durante o terço e o rosário:

 Quando vocês rezarem o terço, digam depois de cada mistério: “Oh, meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno. Levai as almas todas para o Céu e socorrei principalmente aquelas que mais precisarem.”

A oração resume a nossa vida cristã, reconhecendo a nossa necessidade do perdão, mas também dirigindo nossos esforços para ajudar aqueles que estão ao nosso lado a alcançarem o céu. Nossa Senhora de Fátima nos lembra que devemos desejar que todas as almas cheguem ao céu, até mesmo aos nossos inimigos. Nunca devemos desejar que alguém passe a eternidade longe de Deus.

No final, quanto mais nos aproximarmos do coração de Maria, mais perto estaremos do coração de Jesus. Como escreveu São Luís de Montfort, a devoção a Maria “é a maneira mais segura, mais fácil, mais curta e mais perfeita de se aproximar de Jesus”.

Fonte: Aleteia.

 

 

O Sepulcro está vazio, Cristo ressuscitou!

Reflexão

O Sepulcro está vazio, Cristo ressuscitou!

Jesus, ao ressuscitar com seu corpo glorioso, vence o pecado e a morte.

16/04/2017

Cidade do Vaticano (RV) – «O Evangelho de São João nos diz que no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de Jesus e o encontrou vazio. João faz questão de ressaltar que era de madrugada e ainda estava escuro. Podemos perceber que o evangelista ao registrar que o fato aconteceu no primeiro dia da semana, quer fazer alusão à nova criação. O que ele vai relatar é uma novidade radical, é a vida nova de um homem, não um fato como a denominada ressurreição de Lázaro, que volta à vida, mas continua submetido à necessidade de cuidar de sua saúde, de se alimentar e que voltará a morrer.

 João vai relatar a autêntica ressurreição, a vitória de Jesus sobre as limitações humanas, sobre suas fragilidades, sobre a morte. Jesus jamais voltará a morrer. A morte nunca mais terá poder sobre ele, porque ele, a Vida, a destruiu.

Contudo, Maria Madalena, apesar de ter escutado várias vezes Jesus dizer que ressuscitaria, a dor da morte é tal que ela se esquece das palavras do Mestre.

Apesar do corpo de Jesus já ter sido ungido na sexta-feira por José de Arimateia e por Nicodemos, ela não consegue ficar longe do corpo morto do Senhor. A escuridão enfatizada no texto é um símbolo do estado interior de Maria. Ela está com uma vida sem sentido, sem alegria. Seus grande libertador, seu grande amigo está morto. Ela vai ao sepulcro quando ainda está escuro, na natureza e no seu interior. Mas seu coração está iluminado pelo amor, por isso ela vai até ao sepulcro.

Ela o encontra vazio. Sente-se despontada e mais desolada, perdida e impotente.

Maria Madalena busca o cadáver de Jesus. Ela esqueceu totalmente a promessa dele de que iria ressuscitar.

Ela olha para o sepulcro vazio e vê dois anjos, um na cabeceira e outro nos pés. O evangelista quer nos recordar os dois anjos que foram colocados, um à cabeceira e outro aos pés da arca da aliança. Jesus é a nova aliança. Por isso a aliança de Jesus Cristo é eterna, pois ele ressuscitou.

Mas Madalena, abalada pela dor não reconhece os sinais e só vê o sepulcro vazio. Somente após a segunda pergunta de Jesus, ao ouvi-lo pronunciar seu nome e deixar de olhar para o sepulcro e voltar-se para o lado contrário é que ela vê o ressuscitado.

Como Maria Madalena, também nós só veremos os sinais da ressurreição, quando levantarmos nossos olhos dos sinais de morte, e dirigirmos nosso coração para a VIDA. Enquanto estivermos afeiçoados àquilo que é egoísmo, ambição, ira, não perceberemos que a Vida está à nossa frente, e sofreremos as consequências da opção pelos atrativos mortais. Ao contrário, quando acreditarmos no poder de Deus e formos mais irmãos, adeptos da partilha e do serviço, perceberemos os sinais da Vida a todo momento, pois estaremos desde agora vivendo à luz de Deus. Feliz Páscoa!»

Publicado em Rádio Vaticano.

Sábado Santo, Dia de Maria, do Amor e da Vida

Reflexão

Sábado Santo, Dia de Maria, do Amor e da Vida

15/04/2017

Rádio Vaticano (RV) – «Hoje, fazemos a experiência do vazio. O Senhor cumpriu sua missão nos redimindo, através de sua paixão e cruz, através de sua entrega até a morte. Na noite passada contemplamos o sepultamento de seu corpo.

Agora, nesta manhã de sábado, a saudade está presente, mas uma saudade cheia de paz e de esperança.

Como Maria, com o coração em luto, a Igreja aguarda esperançosa, que a promessa do Cristo se cumpra, que ele surja, que ele ressuscite. A ausência não é experiência do vazio, mas aprofunda a presença desejada.

Podemos recordar e refletir sobre os sábados santos de nossa vida, nossas experiências de vazio após sofrimentos e perdas.

Como vivenciamos esses mistérios dolorosos quando irromperam em nossa existência? Permitimos que luz da fé na certeza da vitória da Vida, iluminasse nossa mente e aquecesse nosso coração? Preenchemos esse vazio abrindo as portas de nosso coração a Jesus, Palavra de Vida, de Eternidade? Ou nos fragilizamos mais ainda, permitindo que a escuridão da morte nos envolvesse?

Jesus é Vida! Nossa Senhora, a verdadeira discípula, na manhã de sábado permaneceu, apesar da dor, do luto, esperançosa. Ela acreditou nas palavras de seu Filho e não permitiu que o sofrimento pela perda dissesse a última palavra, mas que a palavra definitiva seria a promessa de seu Filho, a própria Palavra, que disse que iria ressuscitar que ele era o Caminho, a Verdade, a Vida!

Hoje à noite iremos celebrar a Vitória da Vida, a ressurreição de Jesus, o encontro do Filho ressuscitado com a Mãe que deixará de ser a Senhora das Dores, para ser a Senhora da Glória.

Contudo, para nós que perdemos entes queridos, esse encontro ainda não aconteceu e sabemos que nesta vida, não acontecerá. Como viver, então, a Páscoa da Ressurreição?

Nossa vida deverá ser um permanente Sábado Santo, não com vazio, mas pleno de fé, de esperança na certeza da vitória da Vida e que também teremos o reencontro que Maria teve, e será para sempre! Quanto mais nos deixarmos envolver pela Palavra de Vida, que é Jesus, mais nos aproximaremos da tarde da ressurreição; de modo mais intenso essa palavra irá nos iluminar e aquecer.

Que nossas perdas não nos tirem a alegria de viver, que nos é dada com a presença de Jesus, a Vida plena, Eterna».

(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos)

Publicado em Rádio Vaticano.

Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor: “Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Santa Sexta-feira da Paixão do Senhor


HOJE É UM dos dias mais importantes de todo o calendário cristão. É o dia de celebrar o Sacrifício Redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo pela salvação de nossas almas.

Por isso mesmo, é triste observar certas comunidades católicas que caem na monotonia, que celebram seus momentos e datas mais importantes sem emoção, sem verdadeira entrega e sem entrar no espírito da celebração. Isso é válido para todos os momentos do Calendário Litúrgico, e mais ainda na ocasião das vésperas da Páscoa do Senhor, o momento máximo da Igreja, quando ela inteira vem celebrando a Semana Santa. É uma ocasião simplesmente, literalmente, maravilhosa para renovarmos nossa espiritualidade e nossa fé cristã! Uma Semana que começou contemplativa, segue agora introspectiva e se encerrará em grande festa.

Na expectativa do Domingo da Páscoa e da Ressurreição do Senhor, vivemos quarenta dias de contrição, interiorização e penitência, para comemorar enfim a grande Vitória sobre o pecado e a morte. Vencendo as forças das trevas, Jesus ressurgiu triunfal, para nos garantir a vida eterna! Mas antes do momento de celebrar nossa imensa alegria cristã, por sermos católicos e por termos sido feitos filhos de Deus, precisamos viver a Sexta-Feira da Paixão do Senhor.

Este é o segundo dia do Tríduo Pascal. O que Jesus realizou ontem nos ritos da Santa Ceia, Ele hoje realiza na dureza e angústia da Cruz: entregou-se totalmente por nós, consumou por nós a sua vida, numa total entrega ao Pai, que nos reconcilia com o Pai. Hoje não é dia de reuniões festivas nem de se empanturrar com bacalhoadas e consumo das bebidas alcoólicas. Hoje, o verdadeiro cristão católico jejua e se abstém de carne.

A Liturgia de hoje é solene e dramática. O Altar é desnudo, sem nenhum ornamento. De fato, não há palavras para exprimir o imenso Mistério que celebramos: o Filho eterno, Deus Santo, Vivo e Verdadeiro, nesta Tarde sacratíssima, por cada um de nós se entregou à morte, – e morte de cruz! Para contemplar o Mistério hoje celebrado, tomemos, então, com temor e tremor, as palavras da Epístola aos Hebreus, que escutamos. Hoje não se celebra a Eucaristia, mas, às 15h, os cristãos se reúnem em santa assembleia para fazer memória da Paixão e Morte do Senhor, exaltando a Santa Cruz. Que o dia de hoje seja de silêncio, oração e penitência. São as leituras do dia:

• Is 52,13 – 53,12
• Sl 30
• Hb 4,14-16; 5,7-9
• Jo 18,1–19,42

Mesmo sendo Deus e Filho de Deus, o Cristo aprendeu o que significa a obediência a Deus a partir da experiência humana, até as últimas consequências. Eis aqui uma realidade que jamais poderemos compreender totalmente! O Filho Eterno, o Filho que viveu sempre na intimidade do Pai, o Filho infinitamente amado pelo Pai, no seu caminho neste mundo aprendeu a descobrir, a cada dia, a vontade do Pai Celeste e a ser a ela obediente! Mais ainda: esta obediência lhe custou lágrimas, angústias, humilhação, dores e sofrimento extremo! Toda a existência do Senhor Jesus foi uma total dedicação ao Pai, uma absoluta entrega, no dia-a-dia, nas pequenas coisas… Jesus foi procurando e descobrindo a vontade do Pai nos acontecimentos, nas pessoas, nas Escrituras. E pouco a pouco foi percebendo que esta Vontade ia levá-lo à cruz. E nosso Deus Salvador, ao mesmo tempo Poderoso e Forte, e doce, manso e humilde de coração, foi se entregando, se esvaziando, se abandonando por Amor a cada um de nós.

Abba! Pai! Tudo é possível para Ti: afasta de mim este cálice; porém não o que eu quero, mas o que Tu queres!” (Mc 14,36). Para o Senhor Jesus Cristo, como para nós, a Vontade do Pai muitas vezes pareceu enigmática, e Ele teve que discerni-la e descobri-la entre trevas densas e dolorosas. Mas, ao fim, como nos comove a entrega total do Cristo: “Pai, em tuas Mãos entrego o meu Espírito!” (Lc 23, 46). Em tuas Mãos, amado Pai, eu me abandono! Para nós, o Filho é modelo e caminho de amor ao Pai. Ser cristão é entregar-se ao Senhor Deus como ele se entregou. E esta entrega total foi por nós: “Cristo, por nós, fez-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,8).

“Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem”. Isto é, tornado perfeito na obediência, consumando toda a sua existência humana de modo amoroso e total, entregando-se ao Pai por nós, ele se tornou causa da nossa salvação! Vejam, irmãos: não se oferecem mais ao Pai sacrifícios de vítimas irracionais e impessoais! Agora é o próprio Cordeiro santo e imaculado que, com todo o amor de seu Coração, com toda a dedicação de sua Alma, se oferece livremente por nós todos! Façamos também nós, de nossas vidas, uma entrega total ao Pai, com Jesus: entrega de nossos atos, de nossos pensamentos, de nossos afetos, de nossos negócios, de nossa vida familiar e profissional, de nossas decisões e escolhas, de nossas relações humanas, de nossas alegrias e sofrimentos. Tudo, absolutamente tudo, ofereçamos ao Pai com Jesus e por Jesus, e entraremos na salvação que Ele nos trouxe por sua cruz!

Nesta santíssima Sexta-Feira da Paixão, somos convidados a não somente contemplar, admirados, a entrega total do Filho ao Pai amado, mas também somos chamados a participar dessa mesma entrega. É assim que Cristo é causa de salvação para nós!

Senhor Jesus, que o teu sublime exemplo de amor ao Pai e a nós, nos comova e converta o coração, tire-nos da preguiça espiritual e nos livre de uma vida cristã morna e falsa! Senhor, obrigados por tão grande prova de Amor a nós e ao mundo todo! Obrigados por tuas dores, obrigados por tua cruz, obrigados por tua morte e por tua sepultura!

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Fonte: O Fiel Católico.

Natal: Início do Mistério da redenção do Universo

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Natal: Início do Mistério da redenção do Universo

O Natal de Jesus se lança como grande farol: começa a irradiar o esplendor de Deus nas trevas, fazendo que a Noite Santa do Natal e a Noite Santa da Vigília Pascal resplandeçam luminosas clareando todos os cantos da humanidade e do Universo, outrora cobertos pelas trevas do mal e da morte.

Com o Tempo do Advento e sua densidade toda especial, as celebrações nos prepararam e nos potencializam a receber a Boa Notícia proclamada pelos anjos e testemunhada por todos os povos: o nascimento do Salvador em nossa caminhada e história. Pede licença para em nós vir fazer Sua morada, e, em nossa casa, nossa família poder encontrar o aconchego.

A segunda maior festa da tradição cristã é o Natal que vem carregada de simbolismo Pascal e indica que Jesus Nazareno, o Cristo de Deus, o verdadeiro messias, há muito é aguardado por todo universo e por todo povo de Deus. Esse acontecimento foi desejado e planejado desde sempre por Deus nosso Pai: fazer que a Divindade habitasse nossa carne, nossa fragilidade e ambiguidades para melhor compreender nossa humanidade.

O Natal de Jesus se lança como grande farol: começa a irradiar o esplendor de Deus nas trevas, fazendo que a Noite Santa do Natal e a Noite Santa da Vigília Pascal resplandeçam luminosas clareando todos os cantos da humanidade e do Universo, outrora cobertos pelas trevas do mal e da morte.

Através da habitação de Jesus em nossa tenda mortal inicia-se o momento de maior presença da Divindade entre nós, fato que se atualiza pelos Mistérios celebrados na ação litúrgica, que em Sua atualização memorial, nos lança no acontecido como que “hoje” novamente para nós, permitindo assim que o tempo de Deus e a salvação possam nos alcançar integralmente.

A Liturgia da Igreja nos convida a ver no pequenino, a Divindade invisível que habita este novo ser humano, o novo Adão recriado pela força Santificadora do Espírito que plenificou o ventre de Maria, menina que se abriu à novidade, antiga e eterna, do cumprimento da promessa redentora de Deus feita sempre e renovada de geração em geração aos seus pais na fé.

Na liturgia da noite de Natal o anúncio dos anjos aos pastores, revela aos pequenos e pobres, que de noite, uma estrela luzente está a tremeluzir e começa a espantar toda treva e escuridão do universo e tem o seu ápice na revelação do anjo, durante a madrugada triste, a Maria Madalena de que Ele Ressuscitou. O novo sol, a Coluna Luminosa despontou dilacerando o poder da morte e do mal sobre a humanidade, um basta começa a ser implantado em nosso meio. Ao ser enfaixado e colocado na manjedoura prefigura-se de que Ele iria morrer e ser sepultado, pois na tradição judaica enfaixava-se o morto com tecidos de linho e sepulta-se o corpo do ente querido à espera do Dia do Senhor e da ressurreição dos corpos, para nós tudo já plenificado em Jesus.

Agora com a luz de Deus em Jesus, dia e noite, podemos caminhar seguros e trilhar os caminhos da alegria, da felicidade e nos reencontrar no jardim do Éden, como outrora, pois o Emanuel – Deus conosco está! Desta feita podemos entoar alegres e vibrantes de alegria e gozo o ‘Glória a Deus nas Alturas e paz na terra aos seus amados!’ que havia ficado silenciado no Advento e na presença do desejado e esperado suplicar pela paz e pela irmandade de todos os povos.

O presépio ganha a peça principal e pode receber a bênção do presidente da celebração para nos ser sacramental da vida do povo. As luzes do pisca e da árvore de Natal ganham vida abrilhantando e fazendo-nos perceber a festa da luz em Jesus. Os sinos repicam como que se fazendo de anjos à anunciar esta maravilha que Deus nos concede celebrar afinal é uma Festa!, Os presentes em casa são o de menos, pois o que o Pai quer é ver seus filhos bem encaminhados na luz de Jesus e se amando em família e na família maior que é a comunidade.

O dia de Natal, 25 de dezembro, é o dia em que o Sol brilha mais tempo no ano e neste acontecimento natural, a Igreja viu a importância de lhe acreditar como o dia do Natal do Senhor, que se permite ser luz incessante em nossas vidas e os confins do universo podem contemplar a Salvação que veio de Deus.

Podemos acorrer à Palavra e perceber que nesta liturgia temos o meio da bíblia, onde o primeiro e o novo testamento têm seu ponto de chegada e de partida, pois “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. A promessa Divina acontece e em Jesus a Divindade pode se fazer presente em nosso meio e nos alegrar, pois a consolação de Deus para nós, depois de tanto esperarmos, chegou naquele pequeno e frágil ser.

(…)

Mãe de Deus, Epifania do Senhor
Dia 01 de Ano é a festa da Teotokos, Mãe de Deus e nossa. A Igreja dedicou o primeiro dia do ano aos cuidados de Maria para que ela nos aponte o caminho da paz, pois seu filho o Príncipe da Paz está em seu colo e ela aponta para Ele como a nos indicar isso.

No dia 06 de Janeiro celebramos a Epifania do Senhor – Sua manifestação entre os homens, o apresentar-se à humanidade representada pelos magos, homens sábios que decifraram o caminho que a humanidade deve fazer até a luz da luz divina. Os presentes anunciam a qualidade de que o menino é portador e que fará de todo um povo o ser também: ouro, a realeza; incenso: a divindade; mirra: a paixão e sofrimentos que deveria lhe acontecer na Sua Páscoa entre nós e convida a todos a lhe prestar a devida atenção e reverência.

Batismo do Senhor
Na solenidade do Batismo do Senhor vemos o Cristo se permitir passar por um ritual humano, abençoando e santificando assim todas as águas tornando-as puras novamente. Pleno do Espírito de Deus, inicia Seu ministério entre os homens, pela unção divina que lhe confirma em Sua missão e essência de Filho muito amado do Altíssimo. Somos chamados a prestar atenção e escutar a Sua voz, ou seja, o cumprimento de Sua proposta amorosa com o universo e toda humanidade.

Neste período podemos usar o credo niceno-constantinopolitano, em substituição do símbolo apostólico, pois sua dinâmica interna reflete a preocupação dos pais da Igreja em preservar a humana-divindade de Jesus e a essência na trindade intacta na sua pessoa.

Que possamos irmãos e irmãs estar abertos a essa manifestação de Deus sempre presente em nossa história e nos deixar inspirar por tão grande luz que nos vem do Emanuel, Príncipe da Paz, Adonai, Sol do Oriente, Guia de Israel, Rebento de Jessé, de Jesus Cristo Nosso Senhor e Redentor Nosso! Amém!

José Fernandes Correia
Equipe de Liturgia e Canto Arq. de Maringá – PR.

Fonte: Maringá Missão – Revista da Arquidiocese de Maringá.

Imagem: Cléofas:”A Importância de celebrar o Nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro”(Prof. Felipe Aquino).

 

Imaculada Conceição de Maria – Solenidade e Festa

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Festa da Imaculada Conceição de Maria

A doutrina da Imaculada Conceição, cuja memória litúrgica celebra-se neste segundo domingo do Advento, sempre foi uma realidade muito constante nos escritos dos santos. Desde os primeiros séculos, a cristandade já recordava a Virgem Maria como aquela que fora preservada de toda mancha do pecado – a Tota Pulchra, como canta a antífona própria desta festa. Ao contrário de Eva, a também virgem imaculada que respondeu à visita do anjo decaído com seu não a Deus, Maria é a virgem imaculada que, recebendo em sua casa a presença de São Gabriel, respondeu com o seu sim: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua Palavra”.
E foi nesta firme convicção, “depois de na humildade e no jejum, dirigirmos sem interrupção as Nossas preces particulares, e as públicas da Igreja, a Deus Pai”, que o Papa Pio IX, num dos atos mais solenes de seu pontificado, declarou “a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente (…) foi preservada imune de toda mancha de pecado original”. Não por acaso, pouco tempo depois desta proclamação, em 1858, Nossa Senhora apareceria a uma jovem camponesa de Lourdes, na França, dizendo ser a “Imaculada Conceição”.
Antes da definição de Pio IX, no entanto, existiam algumas controvérsias teológicas quanto a esse ensinamento. Embora fosse de grande consenso a doutrina segundo a qual Maria nascera sem pecado algum – estando essa verdade presente não só na fé popular como também nos textos litúrgicos -, muitos teólogos viam com dificuldade a proposição, sobretudo porque não conseguiam entender de que modo isso poderia se relacionar com a redenção operada por Cristo no mistério da paixão. Afinal, sendo Maria imaculada, teria ela necessitado da salvação?
A dificuldade, infelizmente, acabou suscitando algumas heresias já na época de Santo Tomás de Aquino. Para certos teólogos, Maria não teria sido redimida por Cristo. O imbróglio, com efeito, fez com que o Doutor Angélico reagisse na Suma Teológica, negando a doutrina da imaculada conceição. Foi somente no final de sua vida, no seu comentário da saudação angélica (ou seja, da Ave-Maria), que Santo Tomás voltou atrás e aceitou essa verdade de fé.
A confusão teológica, contudo, ainda perdurou por algum tempo até que um frade franciscano, o bem-aventurado Duns Scoto, finalmente apresentasse uma explicação consistente. Scoto defendia que Maria havia sido salva já no ventre de Sant’Anna, tendo em vista o sangue de Cristo derramado na cruz. Uma vez que Deus não está preso ao tempo e ao espaço, Ele bem poderia utilizar os méritos da Paixão de Jesus antecipadamente, preservando Nossa Senhora das insídias diabólicas. Foi baseado nesta argumentação que o também bem-aventurado Papa Pio IX publicou a Bula Innefabillis Deus, pondo termo à controvérsia e definindo como dogma de fé a “Imaculada Conceição de Maria”.
Na Bula Innefabillis Deus, Pio IX usa duas passagens bíblicas para atestar a veracidade do dogma: Gênesis, capítulo 3 – o chamado Proto-Evangelho em que se narra a “inimizade” entre a serpente e a Mulher -, e Lucas, capítulo 1, no qual o evangelista relata a saudação angélica de São Gabriel: “Ave, Cheia de Graça, o Senhor é convosco”. Com esses dois textos, o Papa revela as evidências da santidade de Maria. Por ter sido agraciada desde o ventre de sua mãe, Maria é a inimiga por excelência do demônio; e sendo a “Cheia de Graça”, à qual “grandes coisas fez Aquele que é poderoso”, possui a mais perfeita amizade com Deus.
Nós, brasileiros, temos a grande graça de ter herdado de Portugal a devoção pela Imaculada Conceição de Maria. Embora muitas pessoas não saibam, é a Imaculada Conceição a Padroeira de Portugal. Isso porque foram naquelas terras que aconteceram as maiores batalhas em defesa da fé cristã e, sobretudo, em defesa da imaculada conceição. Numa época em que a península ibérica via-se ameaçada pelas investidas dos mouros, os cavaleiros cristãos fizeram um pacto de sangue, a fim de preservar a fé católica da região. E venceram com a ajuda e intercessão da Imaculada.
No Brasil, temos também como padroeira Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Ela, como “um exército em ordem de batalha”, convida-nos também a empreender um combate contra a serpente maligna que assalta nossa dignidade, nossos filhos e nossa fé.Rezemos a Ela, a Auxilium Christianorum, para que neste momento, em que duas leis perniciosas tramitam em nosso parlamento com o intuito de destruir a família brasileira, a cabeça da serpente seja esmagada e precipitada ao inferno junto com seus demônios.
Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!

Solenidade da Assunção da Santíssima Virgem Maria

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Assunção de Maria torna-se para nós um sinal de esperança certa e de consolação!

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade…» (Lc 1, 39). As palavras deste trecho evangélico fazem-nos vislumbrar, com os olhos do coração, a jovem de Nazaré a caminho da cidade da Judeia, onde morava a sua prima, para lhe oferecer os seus serviços. Aquilo que nos surpreende acima de tudo, em Maria, é a sua atenção repleta de ternura pela sua parente idosa. Trata-se de um amor concreto, que não se limita a palavras de compreensão, mas que se compromete pessoalmente numa verdadeira assistência. À sua prima, a Virgem não dá simplesmente algo que lhe pertence; Ela dá-se a si mesma, sem nada exigir como retribuição. Ela compreendeu de maneira perfeita que, mais do que um privilégio, o dom recebido de Deus constitui um dever, que a empenha no serviço aos outros, na gratuidade que é própria do amor.
A minha alma proclama a grandeza do Senhor…(Lc 1, 46). No seu encontro com Isabel, os sentimentos de Maria brotam com vigor no cântico do Magnificat. Através dos seus lábios exprimem-se a expectativa repleta de esperança dos «pobres do Senhor», e a consciência do cumprimento das promessas, porque Deus «se recordou da sua misericórdia» (cf. Lc 1, 54).
É precisamente desta consciência que brota a alegria da Virgem Maria, que transparece no conjunto do cântico: alegria de saber que Deus olha para Ela, apesar da sua fragilidade (cf. Lc 1, 48); alegria em virtude do serviço que lhe é possível prestar, graças às grandes obras que o Todo-Poderoso realizou em seu favor; alegria pela antecipação das bem-aventuranças escatológicas, reservadas aos humildes e aos famintos (cf. Lc 1, 52-53).
Depois do Magnificat chega o silêncio; nada se diz acerca dos três meses da presença de Maria ao lado da sua prima Isabel. Talvez nos seja dita a coisa mais importante: o bem não faz ruído, a força do amor expressa-se na discrição tranquila do serviço quotidiano.
Mediante as suas palavras e o seu silêncio, a Virgem Maria aparece como um modelo ao longo do nosso caminho. Não se trata de um caminho fácil: em virtude da culpa dos seus pais primitivos, a humanidade traz em si a ferida do pecado, cujas consequências ainda continuam a fazer-se sentir nas pessoas remidas. Mas o mal e a morte não terão a última palavra! Maria confirma-o através de toda a sua existência, sendo testemunha viva da vitória de Cristo, nossa Páscoa.
Os fiéis compreenderam-no, reconhecendo nela «a mulher revestida de sol (Ap 12, 1), a Rainha que resplandece junto do trono de Deus e intercede em favor deles.
No dia de hoje, a Igreja celebra a gloriosa Assunção de Maria ao Céu, de corpo e alma. Os dois dogmas da Imaculada Conceição e da Assunção estão intimamente ligados entre si. Ambos proclamam a glória de Cristo Redentor e a santidade de Maria, cujo destino humano já está perfeita e definitivamente realizado em Deus.
E quando Eu tiver partido e vos tiver preparado um lugar, voltarei e levar-vos-ei comigo para que, onde Eu estiver, vós estejais também, disse-nos Jesus (Jo 14, 3). Maria é o penhor e o cumprimento da promessa de Cristo. A sua Assunção torna-se para nós um sinal de esperança certa e de consolação (Lumen gentium, 68).”

João Paulo II, Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, 15 de Agosto de 2004.

Fonte: padrepauloricardo.org

Solenidade do Imaculado Coração de Maria e Consagração ao Imaculado Coração

Memória do Imaculado Coração de Maria

Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem.

Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas.

Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas.

Quis Deus, no mistério da sua Providência, associar aos gozos e padecimentos de Jesus Cristo, Verbo feito carne (cf. Jo 1, 14), a santíssima e sempre virgem Maria, de modo que toda a família cristã, após tributar ao Coração Sagrado do Salvador a adoração que por direito lhe é devida, é chamada a render também ao Coração de nossa Mãe do Céu, com uma proporcionada veneração, “os correspondentes obséquios de piedade, de amor, de agradecimento e de reparação” (Pio XII, Haurietis Aquas, 74).

Por isso, intimamente unida ao culto ao Sacratíssimo Coração de Jesus se encontra, como que por sua própria natureza, a devoção ao Imaculado Coração de Maria, índice natural do amor terníssimo que a Mãe do Redentor, cheia do Espírito Santo, teve ao seu querido e único Filho. Com efeito, a Virgem Maria amou a Deus não somente com aquele amor natural que todas as mãe têm por seus filhos, senão também com aquela caridade sobrenatural que, de tão abundante e fervorosa, faz dela, por privilégio divino, Mãe espiritual de toda a Igreja e Rainha de todo o universo.

Elevemos hoje o nosso pobre coração aos Céus e imploremos à Santíssima Mãe de Nosso Senhor a graça de O amarmos com mais generosidade e perfeição. Roguemos também ao nosso Pai celeste que se digne, por intercessão da mesma Virgem Imaculada, fazer crescer em toda terra a devoção a esse dulcíssimo Coração, fonte comprovada de alegria e consolações para todos quantos a ele recorrem e, em suas necessidades, nele se refugiam.

Fonte: padrepauloricardo.org

Ato de consagração ao Imaculado Coração de Maria

Porque Maria é o caminho mais eficaz para chegar a Jesus

Maria_Imaculada_Consagração

Esta memória ao Imaculado Coração de Maria não é nova na Igreja; tem as suas profundas raízes no Evangelho que repetidamente chama a nossa atenção para o Coração da Mãe de Deus. Por isto na Tradição Viva da Igreja encontramos confirmada pelos Santos Padres, Místicos da Idade Média, Santos, Teólogos e Papas como o nosso João Paulo II.

“Depois ele desceu com eles para Nazaré; era-lhes submisso; e a sua mãe guardava todos esses acontecimentos em seu coração”. Estes relato bíblico que se encontra no Evangelho segundo São Lucas, uni-se ao do canto de Louvor – Magnificat – a compaixão e intercessão diante do vinho que havia acabado e a presença de Maria de pé junto a Cruz, para assim nos revelar a sintonia do Imaculado Coração de Maria para com o Sagrado Coração de Jesus. Dentre os santos se destacou como apóstolo desta devoção São João Eudes, e dentre os Papas que propagaram esta devoção de se destaca Pio XII que em 1942 consagrou o mundo inteiro ao Coração Imaculado de Maria.

As aparições de Nossa Senhora em Fátima – Portugal- no ano de 1917, de tal forma espalharam a devoção ao Coração de Maria, que o Cardeal local disse: “Qual é precisamente a mensagem de Fátima ? Creio que poderá resumir-se nestes termos: a manifestação do Coração Imaculado de Maria ao mundo atual, para o salvar”. Desta forma pudemos conhecer do Céu que o Pai e Jesus querem estabelecer no mundo inteiro a devoção do Imaculado Coração que encontra fundamentada na Consagração e Reparação a este Coração que no final Triunfará.
(Fonte: Liturgia Diária)

CONSAGRAÇÃO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

Ó Rainha do Santíssimo Rosário, auxilio dos cristãos, refugio do gênero humano, vencedora de todas as batalhas de Deus!

Ante vosso Trono nos prostramos suplicantes, seguros de impetrar misericórdia e de alcançar graça e oportuno auxilio e defesa nas presentes calamidades, não por nossos méritos, mas sim unicamente pela imensa bondade de vosso maternal Coração.

Nesta hora trágica da história humana, a Vós, a vosso Imaculado Coração, nos entregamos e nos consagramos, não apenas em união com a Santa Igreja, corpo místico de vosso Filho Jesus, que sofre e sangra em tantas partes e de tantos modos atribulada, mas sim também com todo o mundo dilacerado por atrozes discórdias, abrasado em um incêndio de ódio, vítima de suas próprias iniqüidades.

Que vos comovam tantas ruínas materiais e morais, tantas dores, tantas angustias de pais e mães, de esposos, de irmãos, de crianças inocentes;

Tantas vidas cortadas em flor, tantos corpos despedaçados na horrenda carnificina, tantas almas torturadas e agonizantes, tantas em perigo de perderem-se eternamente.

Vós, Oh! Mãe de misericórdia, consegui-nos de Deus a paz; e, ante tudo, as graças que podem converter-se em um momento os humanos corações, as graças que reparam, conciliam e asseguram a paz.

Rainha da paz, rogai por nós e dai ao mundo em guerra a paz por quem suspiram os povos, a paz na verdade, na justiça, na caridade de Cristo.

Dai a paz das armas e a paz das almas, para que na tranqüilidade da ordem se dilate o reino de Deus.
Concedei vossa proteção aos infiéis e a quantos jazem ainda nas sombras da morte; concedeis a paz e fazei que brilhe para eles o sol da verdade e possam repetir com nós ante o único Salvador do mundo: glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.

Dai a paz aos povos separados pelo erro ou a discórdia, especialmente a aqueles que vos professam singular devoção e nos quais não havia casa onde não se achasse honrada vossa venerada imagem (hoje quiçá oculta e retirada para melhores tempos), e fazei que retornem ao único redil de Cristo sob o único verdadeiro Pastor.

Obtende paz e liberdade completa para a Igreja Santa de Deus; contei o dilúvio inundante do neopaganismo, fomentai nos fiéis o amor à pureza, a prática da vida cristã e do zelo apostólico, a fim de que aumente em méritos e em número o povo dos que servem a Deus.

Finalmente, assim como foram consagrados ao Coração de vosso Filho Jesus a Igreja e todo o gênero humano, para que, postas nele todas as esperanças, fosse para eles sinal e prenda de vitória e de salvação;

De igual maneira, Oh! Mãe nossa e Rainha do Mundo, também nos consagramos para sempre a Vós, a vosso Imaculado Coração, para que vosso amor e patrocínio acelerem o triunfo do Reino de Deus, e todas as gentes, pacificadas entre si e com Deus, Vos proclamem bem-aventurada e entoem convosco, de um extremo a outro da terra, o eterno Magníficat de glória , de amor, de reconhecimento ao Coração de Jesus, no qual apenas se podem achar a Verdade, a Vida e a Paz.

Amém.

Publicado em Aleteia.

Sagrado Coração de Jesus – Devoção – Santo Afonso Maria de Ligório – Solenidade – 03 de junho de 2016

Fonte: Mulher Católica (www.mulhercatolica.org/)

Sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Por Santo Afonso Maria de Ligório
Ignem veni mittere in terram: et quid volo, nisi ut accendatur? ― «Eu vim trazer fogo à terra, e que quero senão que ele se acenda?» (Lc 12, 49)
Sumário. A devoção entre todas as devoções, a mais perfeita, é o amor a Jesus Cristo, com a recordação frequente do amor que nos dedicou e ainda sempre dedica. Exatamente para se fazer amar é que o Verbo Eterno quis que nestes últimos tempos se instituísse e propagasse a devoção ao seu Coração, com a promessa das graças mais assinaladas aos que a praticassem. Felizes se estivermos do número destes devotos. Podemos estar certos de que o divino Coração nos abençoará em tudo o que empreendermos, e em todas as ocorrências será o nosso seguro abrigo.
 
I. A devoção das devoções é o amor a Jesus Cristo, com a recordação frequente do amor que nos dedicou e ainda dedica o nosso amável Redentor. Com razão se queixa um devoto autor de que muitas pessoas praticam diversas devoções e se descuidam desta, ao passo que o amor de Jesus Cristo deve ser a principal, para não dizer a única, devoção do cristão. ― Este descuido é causa do pouco progresso que as almas fazem nas virtudes, da contínua languidez nos mesmos defeitos e das frequentes recaídas em culpas graves. Pouco se aplicam, e raras vezes são exortadas a adquirirem o amor a Jesus Cristo, sendo todavia o amor o laço que une e liga as almas a Deus.
Foi exatamente para se fazer amar que o Verbo Eterno quis que se instituísse e propagasse na Igreja a devoção a seu Sacratíssimo Coração. Lemos na vida de Santa Margarida Maria Alacoque, que, quando esta devota virgem estava um dia em oração diante do Santíssimo Sacramento, Jesus Cristo lhe mostrou o seu Coração num trono de chamas, cercado de espinhos e encimado por uma cruz. «Eis aqui», disse ele, «o Coração que tanto amou os homens, e nada poupou até se esgotar e consumir para lhes testemunhar o seu amor; e em reconhecimento, não recebe da maior parte senão ingratidões e irreverências neste Sacramento de amor. Mas, o que ainda mais sinto, é serem corações a mim consagrados que assim praticam».
Ordenou-lhe em seguida, que se empregasse em fazer celebrar, na primeira sexta-feira depois da oitava da festa do Corpo de Deus, uma festa particular em honra do seu divino Coração, e isto para três fins: O primeiro, para que os fiéis lhe deem ações de graças pelo grande dom que lhes fez na adorável Eucaristia. O segundo, para que as almas fervorosas reparem, pela sua afetuosa devoção, as irreverências e os desprezos que ele recebeu e recebe neste Sacramento da parte dos pecadores. O terceiro, enfim, para que lhe ofereçam compensação pela honra e culto que os homens deixam de lhe dar em muitas igrejas. Assim, a devoção ao Coração de Jesus não é senão um exercício de amor para com este amável Senhor.
II. Para compreendermos os bens imensos que nos provêm da devoção ao Coração de Jesus, basta que nos lembremos das promessas feitas por Jesus Cristo aos que a praticarem.
«Eu» ― assim disse o Senhor a Santa Margarida ― «darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias para o cumprimento dos deveres do seu estado; farei reinar a paz nas suas famílias; eu os consolarei nas suas aflições e lhes serei um refúgio na vida e na morte; lançarei abundantes bênçãos sobre todas as suas empresas, e o que no passado não puderam realizar com as suas diligências repetidas e perseverantes, obtê-lo-ão por meio desta devoção salutar»[1].
Se nós também queremos ter parte nestas promessas, avivemos a devoção ao Sagrado Coração, especialmente neste mês que lhe é consagrado. Guardemo-nos, por amor dele, das faltas deliberadas; pratiquemos alguma mortificação interna e externa; visitemos a miúde o Santíssimo Sacramento e preparemo-nos para a festa do Sagrado Coração por meio de uma devota novena. Cada manhã unamos as nossas ações do dia com as do divino Coração de Jesus, e façamos o oferecimento delas, dizendo:
† «Meu Senhor Jesus Cristo, em união com a divina intenção coma qual destes, na terra, louvor a Deus por vosso Sacratíssimo Coração, e lh’o continuais a dar agora sem interrupção até a consumação dos séculos, por todo o universo, no sacramento da Eucaristia, eu também, durante todo este dia, sem excetuar a mínima parte dele, à imitação do santíssimo Coração da Bem-Aventurada Virgem Maria Imaculada, Vos ofereço com alegria todas as minhas intenções e pensamentos, todas as minhas afeições e desejos, todas as minhas obras e palavras. † Amado seja por toda a parte o Sagrado Coração de Jesus. † Louvado, adorado, amado e agradecido seja a todo o instante o Coração Eucarístico de Jesus em todos os tabernáculos do mundo, até à consumação dos séculos. Assim seja»[2]. (*II 409.)
[1] Acrescentaremos aqui mais algumas promessas de Jesus Cristo: «Eu abençoarei as casas onde se achar exposta e venerada a imagem do meu sagrado Coração; os pecadores acharão no meu Coração a fonte e o oceano infinito de misericórdia; as almas tíbias se tornarão fervorosas; os religiosos se elevarão a uma alta perfeição; darei aos sacerdotes o talento de tocar os corações mais empedernidos; as pessoas que propagarem esta devoção terão para sempre o seu nome inscrito no meu Coração».
[2] Cada uma destas orações tem 100 dias de indulgências.
Nota: Quem durante o mês de junho honrar, privada ou publicamente, o Sagrado Coração de Jesus, ganha cada dia uma indulgência de 7 anos, e uma plenária uma vez no dia da própria escolha, debaixo das condições da confissão, comunhão e oração segundo a intenção do Santo Padre.
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LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Segundo: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 338-341.
Publicado em Mulher Católica.

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Fonte: Mulher Católica (www.mulhercatolica.org/)

Festa do Sagrado Coração de Jesus

Sagrado Coração de Jesus,
tenho confiança em Vós.
(300 dias de indulgência)

Que é a festa do Sagrado Coração?

É uma solenidade instituída para honrar a um tempo o Coração de Jesus, que lhe animou a vida e deu o sangue salvador do mundo, e o amor infinito de Cristo para com os homens, amor cujo órgão e foco tem sido o Sagrado Coração.
A pessoa inteira de Nosso Senhor era digna de adoração; sua carne, seu sangue, e sobretudo, seu Coração, hipostaticamente unidos à sua natureza divina, mereciam as adorações: assim crê e ensina a Igreja. Ora, o coração, universalmente considerado entre os homens como órgão mais nobre, deve especialmente participar das nossas homenagens. Mas o coração, considerado como centro e foco de amor divino, merece respeito e amor agradecido: dali a devoção ao Sagrado Coração. Entretanto, a festa destinada a lembrar essas verdades foi instituída somente no século XVIII. Segundo a sua própria palavra, Nosso Senhor quis guardar essa devoção para nossos dias, afim de reanimar o fervor amortecido da sociedade.
Para os fins do século XVII, uma santa religiosa da Visitação, chamada Margarida Maria, foi o instrumento que Deus empregou para dar a conhecer o desejo que nutria Nosso Senhor de ver mais amado e melhor glorificado o seu Sagrado Coração.
Em 1765, o clero da França adotou essa devoção. Clemente XIII aprovou com a festa um Ofício do Sagrado Coração. A festa, segundo o pedido feito à santa Margarida Maria, celebra-se na sexta-feira imediata à oitava do santíssimo Sacramento.
Quais são os sentimentos do verdadeiro cristão ao festejar o Sagrado Coração?
Para o bom cristão, a festa do Sagrado Coração há de ser um dia de desagravo pelos ultrajes que Jesus recebe na Eucaristia.
De acordo com os desejos do próprio Nosso Senhor, a festa do Sagrado Coração deve ser festa de reparação. Queixou-se da ingratidão, do desprezo, da frieza, dos sacrilégios que muitas vezes sofre, na Eucaristia, por parte de pessoas que se julgam piedosas. Pediu comunhões fervorosas e reparadoras, atos de desagravo, e especialmente, uma festa de reparação.
Mais ainda do que a festa do Corpo de Deus, a festa do Sagrado Coração servirá, pois, a manifestar a Jesus Cristo o nosso amor e a nossa gratidão; nossa presença nos ofícios e na procissão que se faz também nesse dia, será um desagravo pelos ultrajes que recebe no sacramento do seu amor, por nossa frieza e irreverência para com a Eucaristia.
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Monsenhor CAULY. Curso de Instrução Religiosa: Tomo I – Catecismo explicado: Dogma, Moral, Sacramentos, Culto. São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1924, p.576-578.

Publicado em Mulher Católica.

Corpus Christi é uma festa que celebra a Presença real e substancial de Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia (O Fiel Católico)

Corpus Christi – Corpo de Cristo

origem, natureza e importância

Cristo-Eucaristia
‘A Última Ceia’ por Philippe de Champaigne

Por Felipe Marques – Assoc. São Próspero

É INCRÍVEL PENSAR que, mesmo depois de tanto tempo desde a Instituição da Santa Eucaristia na Santa Missa de Lava-pés (A Santa Ceia de Cristo com seus Apóstolos logo antes da Paixão) e mesmo depois de tantos séculos que os Apóstolos, bispos e demais discípulos de Cristo têm fielmente preservado a tradição de fazer aquilo que Jesus pediu como é narrado por São Lucas “…Fazei isto em Minha memória…” (22, 19), muitos ainda desconfiem das palavras do Salvador: “… isto é o MEU CORPO… este Cálice é a Nova Aliança em MEU SANGUE, que é derramado por vós…” (São Lucas 22, 29 – 20).
Nosso Senhor se faz presente na Eucaristia em Corpo, Sangue, Alma e Divindade! Se é que somos cristãos, não podemos duvidar das palavras do próprio Jesus Cristo, que não estava “brincando” quando escandalizou diversos de seus discípulos ao dizer, de modo literal:

Eu sou o Pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste Pão viverá eternamente. E o Pão, que eu hei de dar, é a MINHA CARNE para a salvação do mundo. A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne? Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente. Tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum. Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: Isto é muito duro! Quem o pode admitir? Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: Isso vos escandaliza? Que será, quando virdes subir o Filho do Homem para onde ele estava antes?… O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida. Mas há alguns entre vós que não crêem… Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair. Ele prosseguiu: Por isso vos disse: Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lho for concedido. DESDE ENTÃO, MUITOS DOS SEUS DISCÍPULOS SE RETIRARAM E JÁ NÃO ANDAVAM MAIS COM ELE.(Jo 6, 51 – 66)

Sim! A Hóstia Consagrada por um legítimo sacerdote é verdadeiro Corpo e verdadeiro Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, que deu Sua vida por nós na Cruz e ressuscitou no terceiro dia! Porém, como já foi dito acima, são muitas pessoas que pensam a Santa Missa como apenas um evento social, uma reunião festiva de irmãos e nada mais. Pensar desta forma superficial é um erro gravíssimo! Na Santa Missa temos, isto sim, a oportunidade de encontrar Nosso Senhor de forma presencial no Santíssimo Sacramento; temos contato direto com a humanidade de Cristo que, nos toca, e na intimidade da Comunhão, quando recebemos Seu Santo Corpo, podemos dizer que formamos com Cristo um só Corpo durante o tempo que a Hóstia se mantiver em nosso peito, enquanto demorar para ser digerida pelo nosso sistema biológico!
É necessário pensarmos na seriedade das palavras de Cristo, olhando também para as palavras de São Paulo Apóstolo em sua primeira Epístola aos Coríntios:
Assim, todas as vezes que comeis desse Pão e bebeis desse Cálice, lembrais a Morte do Senhor, até que venha. Portanto, todo aquele que comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor indignamente será culpável do Corpo e do Sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse Pão e beba desse Cálice. Aquele que o come e o bebe SEM DISTINGUIR O CORPO DO SENHOR, come e bebe a sua PRÓPRIA CONDENAÇÃO. Esta é a razão por que entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos.
(11, 26 – 30)
Cristo quis permanecer conosco sempre, não somente em Espírito, mas também com Sua santa humanidade que toca nossa pobre humanidade e nos transforma, nos santifica, nos alimenta. Eis Suas belas palavras: “Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.” (Mt 26, 20)!
Corpus Christi é uma festa que celebra tudo o que foi afirmado acima, ou seja, que festeja a Presença real e substancial de Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia.
É realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes. É uma festa de ‘preceito’, isto é, aos católicos é obrigatório o comparecimento na Missa neste dia, na forma estabelecida pela Conferência Episcopal do país respectivo.
A origem da Solenidade do Corpo e Sangue do Senhor remonta ao Século XIII. A Igreja sentiu a necessidade de realçar e reafirmar solenemente a Presença do “Cristo Todo” no Pão consagrado no Altar, devido à diversas heresias gnósticas e demais pessoas que duvidavam realmente desta santíssima Presença no pão e no vinho. A festa foi então instituída pelo Papa Urbano IV, com a bula “TRANSITURUS DE MUNDO” que pode ser acessada (em latim) neste link.
O Papa Urbano IV foi o cônego Tiago Pantaleão de Troyes, arcediago do Cabido Diocesano de Liège na Bélgica, que recebeu o segredo das visões da freira agostiniana Juliana de Mont Cornillon, que exigiam uma festa da Eucaristia no Ano Litúrgico. Conta a história que um sacerdote chamado Pedro de Praga, de costumes irrepreensíveis, vivia angustiado por dúvidas sobre a Presença real de Cristo na Eucaristia. Decidiu então ir em peregrinação ao túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo em Roma para pedir o Dom da Fé. Ao passar por Bolsena (Itália), enquanto celebrava a Santa Missa, foi novamente acometido da dúvida. Na hora da Consagração, veio-lhe a resposta na forma de um grandioso Milagre
Eucarístico: a Hóstia branca transformou-se em Carne viva, respingando Sangue, manchando o corporal, os sanguíneos e as toalhas do Altar, sem, no entanto, manchar as mãos do sacerdote, pois, a parte da Hóstia que estava entre seus dedos conservou as características de pão ázimo(!).
Por solicitação do Papa Urbano IV, que na época governava a Igreja, os objetos milagrosos foram para Orviedo em grande procissão, sendo recebidos solenemente por sua santidade e levados para a Catedral de Santa Prisca. Esta foi a primeira procissão do Corporal Eucarístico. Aos 11 de agosto de 1264, o Papa lançou de Orviedo para o mundo católico o preceito de uma festa com extraordinária solenidade em honra do Corpo do Senhor.
A tradicional procissão pelas vias públicas, quando é feita, atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico (cân. 944) que determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde for possível, “para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo”. É recomendado que nestas datas, a não ser por causa grave e urgente, não se ausente da diocese o Bispo (cân. 395)”.
Esta é a fé Católica, que recebemos da Igreja, e lutamos por viver conforme Seus ensinamentos. São diversos os casos de Milagres Eucarísticos que comprovam a Presença real do Cristo, Jesus Salvador, na Eucaristia. Um destes aconteceu recentemente, e o Papa Francisco conduziu investigação para comprovar sua veracidade. – Leia aqui um artigo completo sobre este fato, considerado um dos maiores Milagres Eucarísticos da História, ocorrido em Buenos Aires no ano 1996 (com a palestra do investigador Dr. Dr. Ricardo Castañón Gomez).

Conclusões

Sempre que formos comungar, JAMAIS nos aproximemos de Cristo como se fosse alguma coisa comum, um ato corriqueiro, como se estivéssemos partilhando de um pão qualquer, como o que se come em casa todos os dias. Quando estamos diante da Hóstia Consagrada, estamos diante do REI DOS REIS, Nosso Senhor Jesus Cristo. Que possamos ter a fé de São Josemaria Escrivá, que nos ensina: “Quando te aproximes do Sacrário, pensa que Ele… há vinte séculos que te espera” (Caminho, n.537).
E que também reconheçamos, com o grande escritor J. R. R. Tolkien, que foi um católico exemplar e autor da saga “O Senhor dos Anéis”:
Fora da escuridão da minha vida, tão frustrada, eu ponho diante de ti a única grande coisa a amar na face da Terra: O Santíssimo Sacramento…. Lá irás encontrar romance, glória, honra, fidelidade e o verdadeiro caminho de todos os teus amores na Terra, e mais do que isso: Morte. Pelo divino paradoxo, que termina a vida, e exige a rendição de todos, e no entanto, pelo sabor que por si só pode fazer com que aquilo que procuras nas tuas relações terrenas (amor, fidelidade, felicidade) se mantenha, ou tirar a compleição da realidade, da permanência eterna, que todos os corações dos homens desejam.
(Carta 43, acerca do casamento e das relações entre os dois sexos)

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** A seção ‘História e origem’ contém trechos do artigo ‘Corpus Christi – definição e história’, website Catolicismo Romano, disp. em:
http://www.catolicismoromano.com.br/content/view/1249/48/
Acesso 10/4/016

Publicado em O Fiel Católico.

Mensagem da Virgem de Fátima: “O Rosário é a arma de combate das batalhas espirituais dos últimos tempos” (ACI DIgital)

Papa-Francisco-e-Nossa-Senhora-de-Fátima

A mensagem da Virgem de Fátima sobre o poder do Santo Rosário

Por Abel Camasca – ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 12 Mai. 16 / 06:00 pm (ACI).- A mensagem da Virgem de Fátima sobre o poder do Santo Rosário começa desde o primeiro dia das aparições, 13 de maio de 1917. Naquela ocasião, Lúcia perguntou se ela e Jacinta iriam ao céu e a Virgem confirmou que sim, mas quando perguntou por Francisco, a Mãe de Deus respondeu: “Também irá, mas tem que rezar antes muitos rosários”.

A Virgem de Fátima, naquela ocasião, abriu suas mãos e comunicou aos três uma luz divina muito intensa. Eles caíram de joelhos e adoraram a Santíssima Trindade e o Santíssimo Sacramento. Depois, a Virgem assinalou: “Rezem o Rosário todos os dias para alcançar a paz no mundo e o fim da guerra”.

Na segunda aparição, a Virgem Maria apareceu depois que eles rezaram o Santo Rosário. E na terceira ocasião, Nossa Senhora lhes disse: “Quando rezarem o Rosário, digam depois de cada mistério: ‘Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas ao céu, especialmente as mais necessitadas’”.

Para a quarta aparição, muitos já sabiam das aparições da Virgem aos pastorinhos. Então, Jacinta perguntou à Mãe de Deus o que queria que se fizesse com o dinheiro que as pessoas deixavam na Cova de Iria. A Virgem lhes indicou que o dinheiro era para a Festa de Nossa Senhora do Rosário e que o restante era para uma capela que se devia construir.

Mais adiante, tomando um aspecto muito triste, a Virgem lhes manifestou: “Rezem, rezem muito e façam sacrifícios pelos pecadores, porque muitas almas vão ao inferno por não ter quem se sacrifique e reze por elas”.

Ao chegar o dia da quinta aparição, as crianças conseguiram chegar à Cova de Iria com dificuldade, devido às milhares de pessoas que lhes pediam que apresentassem suas necessidades a Nossa Senhora. Os pastorinhos rezaram o Rosário com as pessoas e a Virgem, ao aparecer-lhes, animou novamente as crianças a continuar rezando o Santo Rosário para alcançar o fim da guerra.

Na última aparição, antes de produzir o famoso milagre do sol, no qual o astro pareceu desprender-se do céu e cair sobre a multidão, a Mãe de Deus pediu que fizessem naquele lugar uma capela em sua honra e apresentou-se como a “Senhora do Rosário”. Posteriormente, tomando um aspecto mais triste, disse: “Que não se ofenda mais a Deus Nosso Senhor, que já é muito ofendido”. Isto aconteceu em 13 de outubro de 1917.

Após 40 anos, Lúcia, que havia se tornado religiosa carmelita, deu uma entrevista ao então Postulador da Causa de Beatificação de Francisco e Jacinta Marto e a alguns membros do alto clero. Ali manifestou que a Santíssima Virgem lhes disse, tanto a seus primos como a ela, que eram dois os últimos remédios que Deus dava ao mundo: o Santo Rosário e o Imaculado Coração de Maria.

“Não há problema por mais difícil que seja: seja temporário e, sobretudo, espiritual; seja referente à vida pessoal de cada um de nós ou à vida de nossas famílias, do mundo ou comunidades religiosas, ou à vida dos povos e nações; não há problema, repito, por mais difícil que seja, que não possamos resolver agora com a oração do Santo Rosário”, enfatizou a religiosa.

Do mesmo modo, destacou que com o Santo Rosário nos salvaremos, nos santificaremos, consolaremos Nosso Senhor e obteremos a salvação de muitas almas. “Por isso, o demônio fará todo o possível para nos distrair desta devoção; nos colocará uma multidão de pretextos: cansaço, ocupações etc., para que não rezemos o Santo Rosário”, advertiu.

Neste sentido, ressaltou que o programa de salvação é brevíssimo e fácil, porque com o Santo Rosário “praticaremos os Santos Mandamentos, aproveitaremos a frequência dos Sacramentos, procuraremos cumprir perfeitamente nossos deveres de estado e fazer o que Deus quer de cada um de nós”.

“O Rosário é a arma de combate das batalhas espirituais dos últimos tempos”, afirmou a vidente da Virgem da Fátima.

Publicado em ACI Digital.

Foto: santuariodefatima.org.br

Fátima: “As chaves do segredo são o arrependimento e conversão” (ACI Digital)

Imagem de Nossa Senhora de Fátima / Our Lady of Fátima International Pilgrim Statue (CC-BY-SA-2.0)
Imagem de Nossa Senhora de Fátima / Our Lady of Fátima International Pilgrim Statue (CC-BY-SA-2.0)

7 chaves para compreender a mensagem da Virgem de Fátima

No dia 13 de maio se celebra a festa de Nossa Senhora de Fátima, a aparição aprovada pela Santa Sé mais conhecida do século XX, particularmente pelo terceiro segredo que Maria revelou aos três pastorinhos na Cova da Iria-Fátima (Portugal) e transcrito pela Irmã Lúcia em 3 de janeiro de 1944.

A seguir, apresentamos 7 chaves que se deve conhecer sobre esta aparição.

1. A Virgem apareceu 6 vezes em Fátima

Nos tempos da Primeira Guerra Mundial, a pastorinha Lúcia dos Santos disse ter experimentado visitas sobrenaturais da Virgem Maria em 1915, dois anos antes das conhecidas aparições.

Em 1917, ela e seus primos Francisco e Jacinta Marto, estavam trabalhando como pastores nos rebanhos de suas famílias. Em 13 de maio daquele ano, as três crianças presenciaram uma aparição da Virgem Maria que lhes disse, entre outras coisas, que regressaria durante os próximos seis meses todos os dias 13 na mesma hora.

Maria também revelou às crianças, na segunda aparição, que Francisco e Jacinta morreriam cedo e que Lucia sobreviveria para dar testemunho das aparições.

Na terceira aparição da Virgem, no dia 13 de julho, revela a Lúcia o segredo de Fátima. Conforme os relatos, ela ficou pálida e gritou de medo chamando a Virgem pelo seu nome. Houve um trovão e a visão terminou. As crianças viram novamente a Virgem em 13 de setembro.

Na sexta e última aparição, no dia 13 de outubro, ante milhares de peregrinos que chegaram à Fátima (Portugal), aconteceu o chamado “Milagre do sol”, no qual, após a aparição da Virgem Maria aos pastorinhos Jacinta, Francisco e Lúcia, pôde-se ver o sol tremer, em uma espécie de “dança”, conforme relataram os que estavam lá.

2. Francisco e Jacinta morreram jovens, Lúcia se tornou religiosa

Uma pandemia de gripe espanhola atingiu a Europa em 1918 e matou cerca de 20 milhões de pessoas. Entre eles estavam Francisco e Jacinta, que contraíram a doença naquele ano e faleceram em 1919 e 1920, respectivamente. Por sua parte, Lúcia entrou no convento das Irmãs Doroteias.

Em 13 de junho de 1929, na capela do convento em Tuy, na Espanha, Lúcia teve outra experiência mística na qual viu a Santíssima Trindade e a Virgem Maria. Esta última lhe disse: “Chegou o momento em que Deus pede ao Santo Padre, em união com todos os bispos do mundo, fazer a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio” (S. Zimdars-Schwartz, Encontro com a Maria, 197).

No dia 13 de outubro de 1930, o Bispo de Leiria (agora Leiria-Fátima) proclamou as aparições de Fátima autênticas.

3. Irmã Lúcia escreveu o segredo de Fátima 18 anos depois das aparições

Entre 1935 e 1941, sob as ordens de seus superiores, Irmã Lúcia escreveu quatro memórias dos acontecimentos de Fátima.

Na terceira memória – publicada em 1941 – escreveu as duas primeiras partes do segredo e explicou que havia uma terceira parte que o céu ainda não lhe permitia revelar.

Na quarta memória acrescentou uma frase ao final da segunda parte do segredo: “Em Portugal, se conservará sempre o dogma da fé, etc.”.

Esta frase foi a base de muita especulação, disseram que a terceira parte do segredo se referia a uma grande apostasia.

Depois da publicação da terceira e quarta memória, o mundo colocou a atenção no segredo de Fátima e nas três partes da mensagem, inclusive no pedido da Virgem para que a Rússia fosse consagrada ao seu Imaculado Coração através do Papa e dos bispos do mundo.

No dia 31 de outubro de 1942, Pio XII consagrou não só a Rússia, mas também todo o mundo ao Imaculado Coração de Maria. O que faltou, entretanto, foi a participação dos bispos do mundo.

Em 1943, o Bispo de Leiria ordenou que Irmã Lúcia escrevesse o terceiro segredo de Fátima, mas ela não se sentia em liberdade de fazê-lo até 1944. Foi colocado em um envelope fechado no qual a Irmã Lúcia escreveu que não deveria ser aberto até 1960.

4. A terceira parte do segredo de Fátima foi lida por vários Papas

O segredo se manteve com o Bispo de Leiria até 1957, quando foi solicitado (junto com cópias de outros escritos da Irmã Lúcia) pela Congregação para a Doutrina da Fé. Segundo o Cardeal Tarcísio Bertone, o segredo foi lido por João XXIII e Paulo VI.

“João Paulo II, por sua parte, pediu o envelope que contém a terceira parte do ‘segredo’ após a tentativa de assassinato que sofreu no dia 13 de maio 1981”.

Depois de ler o segredo, o Santo Padre percebeu a ligação entre a tentativa de assassinato e Fátima: “Foi a mão de uma mãe que guiou a trajetória da bala”, detalhou. Foi este Papa quem decidiu publicar o terceiro segredo no ano 2000.

5. As chaves do segredo: arrependimento e conversão

O então Cardeal Joseph Ratzinger (Papa Emérito Bento XVI), Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, assinalou que a chave da aparição de Fátima é seu chamado ao arrependimento e à conversão. (Comentário Teológico)

As três partes do segredo servem para motivar o indivíduo ao arrependimento e o fazem de uma maneira contundente.

6. A primeira parte do segredo é uma visão do inferno

A primeira parte do segredo – a visão do inferno – é para muitos a mais importante, porque revela aos indivíduos as trágicas consequências da falta de arrependimento e o que lhes espera no mundo invisível se não se converterem.

7. A segunda parte do segredo é sobre a devoção ao Imaculado Coração

Na segunda parte do segredo Maria diz:

“Você viu o inferno onde para vão as almas dos pobres pecadores. Para salvá-las, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”.

Depois de explicar a visão do inferno, Maria falou de uma guerra que “iniciará durante o pontificado de Pio XI”.

Esta última foi a Segunda Guerra Mundial, ocasionada, segundo as considerações da Irmã Lúcia, pela incorporação da Áustria à Alemanha durante o pontificado de Pio XI (J. do Marchi, Temoignages sur les apparitions de Fatima, 346).

Publicado em ACI Digital.

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Oração Reparadora ensinada em Fátima.

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(Revelada pelo Anjo em 1917)

1 – Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.

2 – Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores. Amém.

Publicado em Santuário de Fátima (santuariodefatima.org.br) – São Benedito – Ceará Brasil.