Nossa Senhora do Rosário (7 de outubro)

Nossa Senhora do Rosário — 7 de outubro: o presente de Maria a São Domingos e a força que transformou o mundo

Um presente do Céu: Maria nos convida ao Rosário

No dia 7 de outubro, a Igreja celebra Nossa Senhora do Rosário — uma festa que nos lembra o colo maternal de Maria e o poder da oração contemplativa. Nesta data, a tradição cristã une história, devoção e intervenção divina: Maria, Mãe compassiva, aparece à humanidade oferecendo ao seu filho e à Igreja um instrumento de graça — o Rosário. Neste artigo, percorremos o contexto da época de São Domingos de Gusmão, a narrativa devocional da aparição, o sentido profundo do Rosário e o papel singular dos Dominicanos na difusão dessa oração que mudou corações e nações. Que as palavras a seguir sejam um convite ao silêncio, à meditação e à entrega filial.

O tempo de São Domingos: um mundo em busca de luz

São Domingos (Domingo de Gusmão; c. 1170–1221) viveu num momento de profundas tensões religiosas e sociais. A Europa do início do século XIII enfrentava heresias que atraíam muitas almas — sobretudo o movimento conhecido como catarismo, no sul da França —, além de crises de fé, pobreza e violências locais. Foi nesse cenário difícil que Domingos se lançou à pregação: sua missão era reconduzir os corações à verdade do Evangelho, com palavra e exemplo. Portanto, compreender o contexto histórico é entender por que nasceu, entre pregadores e fiéis, um desejo urgente por armas espirituais que fossem simples, acessíveis ao povo e ricas em contemplação.

A aparição a São Domingos: tradição, mistério e ternura maternal

A tradição dominicana guarda com amor a memória de que a Virgem Maria apareceu a São Domingos para entregar-lhe o Rosário como arma de oração — um presente maternal para combater erros, restaurar corações e sustentar a ação evangelizadora. Segundo a devoção, Maria apresentou ao santo as orações que hoje conhecemos: o Creio, o Pai-Nosso, a Ave-Maria e os mistérios que conduzem a mente a contemplar a vida de Cristo. Assim, o Rosário nasceu não apenas como repetição, mas como caminho pedagógico para meditar os grandes mistérios da salvação.

É importante afirmar com carinho: esta narrativa vive no coração da fé popular e dominicana; ao mesmo tempo, estudiosos apontam que a prática do Rosário desenvolveu-se gradualmente na Igreja medieval. Mesmo assim, para milhões, a aparição é sinal da ternura de Maria — ela dá a oração que sustenta, converte e fortalece.

Por que Maria apareceu? — a mensagem essencial

A mensagem de Nossa Senhora, no cerne da tradição, é sempre maternal e prática: confiar em Deus, orar com o coração, reparar o pecado e cooperar com a graça. A aparição a São Domingos, portanto, tem um duplo objetivo. Primeiro, oferecer aos cristãos um método de oração que una palavra e contemplação — fácil aos simples e fecundo para os instruídos. Segundo, combater as heresias e as consequências do pecado através da conversão das almas: a oração do Rosário chama à humildade, convida ao arrependimento e inspira os fiéis a viverem segundo o Evangelho. Em suma, Maria quis equipar a Igreja com um instrumento espiritual que promove transformação interior e frutos visíveis na comunidade.

O Rosário: estrutura, significado e a contemplação que salva

O Rosário é, ao mesmo tempo, oração vocal e contemplação: cada Ave-Maria é um passo que nos aproxima de Cristo através de Maria. Historicamente, contava-se com quinze Mistérios — Gozosos, Dolorosos e Gloriosos — distribuídos em quinze décadas; no século XX, o Papa João Paulo II acrescentou os Mistérios Luminosos, enriquecendo a prática com a contemplação do ministério público de Jesus. Cada mistério propicia um encontro vivo com um episódio da salvação, orientando o crente à ação transformadora.

Além disso, o Rosário serve como caminho catequético: ensina os fatos da fé, molda afetos cristãos e fortalece a comunidade. Por isso, desde conventos e paróquias até lares e estradas, o Rosário é oração de consolo, súplica e louvor.

A devoção dominicana: por que os frades amaram tanto o Rosário

Os Dominicanos — Ordem dos Pregadores fundada por São Domingos e confirmada por Roma no início do século XIII — encontraram no Rosário uma sintonia natural com sua missão: pregar, ensinar e salvar. A oração mariana ajudava os pregadores a formar o povo naquilo que pregavam; foi também meio de santificação pessoal e instrumento para a vida apostólica. Dominicanos históricos, como os confrades que difundiram associações e confrarias do Rosário, trabalharam para que essa devoção chegasse ao povo simples e à vida litúrgica das comunidades.

Além disso, no século XV, personagens dominicanos (entre eles Alan de la Roche) revitalizaram e promoveram intensamente o Rosário, consolidando sua difusão por toda a Europa. Assim, por fidelidade à memória de São Domingos e pela eficácia daquela oração, os frades tornaram-se guardiões e arautos do Rosário na Igreja.

Frutos visíveis: como essa aparição e devoção transformaram o mundo

A influência do Rosário transcende gerações: foi força de conversão, instrumento de consolação em tempos de guerra, apoio nas crises morais e fonte de renovação espiritual. Um episódio emblemático é a vitória atribuída por muitos à proteção de Nossa Senhora do Rosário na batalha de Lepanto (7 de outubro de 1571) — evento que deu origem à festa litúrgica celebrada precisamente em 7 de outubro. Desde então, o Rosário passou a ser visto como oração de intercessão poderosa, reunindo povos em oração por causas coletivas.

No campo espiritual, o Rosário formou santos, inspirou missionários, enriqueceu a música sacra e a arte cristã, e incentivou a vida comunitária: confrarias, terços públicos, novenas e retiros marianos movem o coração de incontáveis fiéis. Portanto, a aparição e a devoção dominicana não foram meramente locais; foram sementes plantadas que geraram uma vasta colheita de fé, esperança e caridade.

Mensagem para os nossos dias: por que rezar o Rosário hoje

Hoje, em meio a ruídos, pressões e soledades, o Rosário continua a oferecer um caminho de paz. Ao rezá-lo, reencontramos o princípio da vida cristã: contemplar Cristo, imitar Maria e deixar-nos transformar pelo mistério da redenção. Além disso, o Rosário educa nossa atenção: ajuda a silenciar o coração, a escutar a Palavra e a assumir pequenas atitudes de amor quotidiano. Por isso, peçamos a São Domingos e a Virgem do Rosário que nos ensinem a orar com fidelidade, coragem e ternura.

Sob o manto do Rosário: caminho de paz e salvação

Nossa Senhora do Rosário é, para a Igreja, sinal de que Deus age no tempo por meio de uma Mãe que cuida. Seja pela aparição a São Domingos, seja pela longa história de conversões e milagres, o Rosário permanece um tesouro: simples, profundo e universal. Que, ao celebrarmos 7 de outubro, renovemos a confiança naquela que nos conduz a Cristo. Reze o Rosário com coração aberto — você descobrirá que, no compasso de cada Ave, Maria nos coloca mais perto do Filho.

Oração final

Ó Maria, Mãe do Rosário, ensina-nos a contemplar Jesus em cada mistério, a amar sem medida e a entregar nossa vida ao serviço do Evangelho. Por teu auxílio maternal, converte os corações e faz da nossa família e da nossa Igreja um reflexo mais fiel do Coração de Cristo. Amém.

Publicado em Salve Maria Imaculada.

Nossa Senhora de Lourdes: Dia Mundial do Enfermo

A memória litúrgica de hoje recorda as aparições da Virgem Maria em Lourdes, iniciadas em 11 de fevereiro de 1858. A protagonista deste acontecimento foi uma menina, chamada Bernadete de Soubirous, que, hoje, se encontra na lista dos Santos. Nossa Senhora apareceu-lhe 18 vezes, perto de uma gruta, às margens do rio Gave.

Os detalhes desta aparição foram reunidos pela Comissão diocesana, encarregada de examinar os fatos. No entanto, sabemos que Bernadete estava às margens do rio, com suas companheiras, quando percebeu uma espécie de “rajada de vento”, proveniente de uma gruta. Aproximando-se, viu que as folhas das árvores estavam imóveis. Enquanto tentava entender, ouviu um segundo “ruído” e viu uma figura branca que se parecia com uma senhora. Temendo que fosse uma alucinação, esfregou os olhos, mas a figura continuava sempre ali. Sem saber o que fazer, tirou o terço do bolso e começou a rezar: a Virgem juntou-se à sua oração. No grupo das suas companheiras, estava também sua irmã, que lhe confiou o que havia acontecido. Ao chegar à sua casa, a menina contou o que aconteceu à mãe, que a proibiu de voltar lá. A notícia espalhou-se logo pela cidadezinha. Mas, no dia 14 de fevereiro, Bernadete voltou novamente àquele lugar, com umas amigas e aconteceu a segunda aparição.

Convite a voltar por 15 dias

Em 18 de fevereiro, a menina teve outra aparição, mas, na ocasião, a Virgem pediu que ela voltasse ali por 15 dias consecutivos. No dia 25, a “Senhora” convidou Bernadete a comer grama, fazer penitência e cavar com as mãos para encontrar água.

“Eu sou a Imaculada Conceição”

Em 25 de março, a pedido de Bernadete, a Virgem se apresentou como a Imaculada Conceição. Este Dogma de fé foi promulgado pelo Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854.

Aparições

As aparições duraram desde 11 de fevereiro até 16 de julho, em períodos diferentes: 11, 14, 18, 19, 20, 21, 23, 24, 25, 27, 28 de fevereiro de 1958; 1, 2, 3, 4 e 25 de março; 7 de abril e 16 de julho. As aparições foram reconhecidas, oficialmente, pelo Bispo de Tarbes, em 18 de janeiro de 1862.

Santuário dos enfermos

A fama de Lourdes não é tanto devido às aparições em si, quanto à mensagem de esperança para a humanidade, que sofre física e espiritualmente. Por isso, Lourdes é conhecida como o lugar que acolhe os enfermos no corpo e no espírito. Por intercessão da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria, encontram paz, saúde e serenidade: uma equipe médica autônoma reconheceu 70 curas físicas e muitas conversões.

“Naquele tempo, celebravam-se as Bodas em Caná da Galileia e achava-se ali a mãe de Jesus. Foram também convidados Jesus e seus discípulos. Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: “Eles já não têm mais vinho”. Respondeu-lhe Jesus: “Mulher, isso cabe a nós? Ainda não chegou a minha hora”. Disse, então, sua mãe aos serventes: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Ora, havia ali ânforas de pedra para a purificação dos Judeus, que continham duas ou três medidas (de 80 a 120 litros). Então, Jesus lhes ordenou: “Enchei as ânforas de água”. Eles as encheram até à boca. E disse-lhes depois: “Agora, levai-as ao chefe dos serventes”. E as levaram. Quando o chefe dos serventes tomou a água, que se tornou vinho, sem saber de onde vinha – embora os serventes soubessem, pois as tinham enchido de água -, chamou o noivo e disse-lhe: “É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estiverem quase embriagados, servir o menos bom. Mas, tu guardaste o vinho melhor até agora”. Este foi o primeiro milagre de Jesus, realizado em Caná da Galileia. Ele manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele” (Jo 2,1-11).

Caná e Lourdes

Neste contexto, podemos compreender o significado da memória de hoje: a Virgem Maria é a que, ainda hoje, continua a interceder pelos seus filhos, muito mais pelos frágeis e enfermos, de corpo e espírito, para que confiem em Jesus, Senhor e Salvador, o único que pode transformar a água em vinho, ou seja, transformar toda fadiga em alegria, o em esperança, a enfermidade em uma confiança renovada.

Dia Mundial do Enfermo

A mensagem das Bodas de Caná e a de Lourdes leva-nos a entender melhor porque, em 1992 São João Paulo II quis proclamar o “Dia Mundial do Enfermo” neste dia: no fundo, por meio de Lourdes, reafirma-se que todo enfermo ou qualquer doente, jamais pode ser descartado; pelo contrário, precisa adquirir a plena cidadania no âmbito da sua existência.

Fonte: Vatican News

Publicado em Consolata América (Instituto Missões Consolata)

Hoje a Igreja celebra a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus

REDAÇÃO CENTRAL, 01 Jan. 23 / 12:01 am (ACI).- A solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus (Theotokos) é a mais antiga que se conhece no Ocidente. Nas Catacumbas ou antiquíssimos subterrâneos de Roma, onde se reuniam os primeiros cristãos para celebrar a Santa Missa, encontram-se pinturas com esta inscrição.

Segundo um antigo testemunho escrito no século III, os cristãos do Egito se dirigiam a Maria com a seguinte oração: “Sob seu amparo nos acolhemos, Santa Mãe de Deus: não desprezeis a oração de seus filhos necessitados; livra-nos de todo perigo, oh sempre Virgem gloriosa e bendita” (Liturgia das Horas).

No século IV, o termo Theotokos era usado frequentemente no Oriente e Ocidente porque já fazia parte do patrimônio da fé da Igreja.

Entretanto, no século V, o herege Nestório se atreveu a dizer que Maria não era Mãe de Deus, afirmando: “Então Deus tem uma mãe? Pois então não condenemos a mitologia grega, que atribui uma mãe aos deuses”.

Nestório havia caído em um engano devido a sua dificuldade para admitir a unidade da pessoa de Cristo e sua interpretação errônea da distinção entre as duas naturezas – divina e humana – presentes Nele.

Os bispos, por sua parte, reunidos no Concílio de Éfeso (ano 431), afirmaram a subsistência da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Filho. Por sua vez, declararam: “A Virgem Maria sim é Mãe de Deus porque seu Filho, Cristo, é Deus”.

Logo, acompanhados pelo povo e levando tochas acesas, fizeram uma grande procissão cantando: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Amém”.

São João Paulo II, em novembro de 1996, refletiu sobre as objeções expostas por Nestório para que se compreenda melhor o título “Maria, Mãe de Deus”.

“A expressão Theotokos, que literalmente significa ‘aquela que gerou Deus’, à primeira vista pode resultar surpreendente; suscita, com efeito, a questão sobre como é possível que uma criatura humana gere Deus. A resposta da fé da Igreja é clara: a maternidade divina de Maria refere-se só a geração humana do Filho de Deus e não, ao contrário, à sua geração divina”, disse o papa.

“O Filho de Deus foi desde sempre gerado por Deus Pai e é-Lhe consubstancial. Nesta geração eterna Maria não desempenha, evidentemente, nenhum papel. O Filho de Deus, porém, há dois mil anos, assumiu a nossa natureza humana e foi então concebido e dado à luz por Maria”, acrescentou.

Do mesmo modo, afirmou que a maternidade da Maria “não se refere a toda a Trindade, mas unicamente à segunda Pessoa, ao Filho que, ao encarnar-se, assumiu dela a natureza humana”. Além disso, “uma mãe não é Mãe apenas do corpo ou da criatura física saída do seu seio, mas da pessoa que ela gera”, disse são João Paulo II.

Por fim, é importante recordar que Maria não é só Mãe de Deus, mas também nossa porque assim quis Jesus Cristo na cruz, quando a confiou a São João. Por isso, ao começar o novo ano, peçamos a Maria que nos ajude a ser cada vez mais como seu Filho e iniciemos o ano saudando a Virgem Maria.

Saudação à Mãe de Deus

Salve, ó Senhora santa, Rainha santíssima,
Mãe de Deus, ó Maria, que sois Virgem feita igreja,
eleita pelo santíssimo Pai celestial,
que vos consagrou por seu santíssimo
e dileto Filho e o Espírito Santo Paráclito!
Em vós residiu e reside toda a plenitude
da graça e todo o bem!
Salve, ó palácio do Senhor! Salve,
ó tabernáculo do Senhor!
Salve, ó morada do Senhor!
Salve, ó manto do Senhor!
Salve, ó serva do Senhor!
Salve, ó Mãe do Senhor,
e salve vós todas, ó santas virtudes
derramadas, pela graça e iluminação
do Espírito Santo,
nos corações dos fiéis
transformando-os de infiéis
em servos fiéis de Deus!

Publicado em ACI Digital.