Santa Isabel da Hungria: “Ela sabia unir, com rara felicidade, a vida ativa à contemplativa.” – Terceira franciscana – Roberto Alves Leite (in “O Catolicismo)

Fonte: O Catolicismo

Santa Isabel da Hungria: nobreza e resignação heróica no infortúnio

Nos faustos da corte, piedade. Sob a calúnia e a perseguição, magnanimidade. Na opulência, caridade extremada. E, com a morte, a glória dos altares e da felicidade eterna.

Por Roberto Alves Leite

A vida de um santo é uma cruzada épica, em que ele põe todas as suas forças físicas e espirituais em ação. Quer se tenha convertido na maturidade, quer tenha sido aquinhoado desde pequeno com grandes dons, a partir do momento em que decidiu aprimorar-se nas virtudes e combater seus defeitos para alcançar a santidade o aspecto heróico passará a ser uma característica predominante em sua vida. Tal aspecto pode manifestar-se, às vezes, de forma surpreendente.
Quando Santa Isabel da Hungria nasceu, em 1207, cessaram todas as guerras em seu país natal. Seu pai, o Rei André II, da dinastia dos Arpades, e sua mãe, Gertrudes de Meran, descendente direta de Carlos Magno, tinham motivos para se alegrar por esta feliz coincidência.

Quatro anos depois, o Duque Herman, da Turíngia, enviou magnífica embaixada à Hungria para solicitar ao Rei a mão de Isabel para seu filho Luís, de onze anos.

Isabel passou a viver então na corte da Turíngia, onde, à medida que crescia, ia manifestando sua profunda piedade, que caracterizava todos os seus atos. Quando atingiu a adolescência, foi alvo de críticas da parte de nobres da corte, que a acusaram de ser muito religiosa, reservada, sem os traços mundanos que eles julgavam necessários para uma duquesa. Também diziam que ela iria arruinar o reino com as esmolas que dava.

Aos 13 anos, casou-se com Luís. Este tinha todas as qualidades de um autêntico cruzado, um verdadeiro defensor da Igreja. Em 1227 partiu para a Terra Santa como cruzado, com a elite de sua cavalaria, viagem da qual não haveria de voltar, pois morreu na mesma.

Hospedada no lugar dos porcos…

Viúva aos 20 anos, Isabel viu então a perseguição abater-se sobre ela e seus quatro filhos, um dos quais recém-nascido. O Duque Henrique, seu cunhado, que jurara protegê-la, expulsou-a do palácio com seus filhos e duas damas de honra, que lhe permaneceram fiéis. E proibiu à população recebê-la em suas casas.

Assim, em pleno inverno, Isabel viu-se obrigada a andar pelas ruas e bater de porta em porta, na esperança de que alguma alma caridosa se dispusesse a recebê-la. Só conseguiu entrar numa estalagem, onde o dono lhe destinou o lugar onde estavam os porcos, que foram removidos para ali ficar com seus filhos uma duquesa e princesa real.

No dia seguinte vagueou desamparada pela mesma cidade onde tantas pessoas se tinham beneficiado das esmolas que distribuíra com a prodigalidade que lhe era peculiar. Finalmente um padre, pobre também, resolve acolhê-la e dar-lhe certa proteção. Para que os filhos não morressem de fome, é obrigada a aceitar o conselho de deixá-los em mãos de outras pessoas.

Aparições do Redentor, de Nossa senhora e de São João Batista

Em sua vida de miséria e desamparo, Isabel sofreu muitas humilhações, tantas vezes vindas daquelas mesmas pessoas a quem muito tinha ajudado quando estavam necessitadas. Mas Nosso Senhor Jesus Cristo, que a ninguém esquece, aparecia para consolá-la em suas aflições. São João Batista vinha confessá-la, e Nossa Senhora muitas vezes a visitava para a instruir, esclarecer e fortificar. Foi nessa ocasião que decidiu viver apenas para Deus.

Tendo chegado aos ouvidos de seus parentes, na Hungria, as provações por que passava, recebeu ela de seu tio, o Bispo-Príncipe de Bamberg, um castelo à altura de sua posição.

Além disso, os vassalos de seu finado marido, o Príncipe Luís, ao voltarem da Cruzada, dirigiram palavras duras ao usurpador, acusando-o de ter ofendido a Deus e desonrado o Ducado da Turíngia.

Isabel foi então reconduzida aos seus domínios, onde passou a exercer a caridade como desejava; e para melhor fazê-lo, decidiu recolher-se como terceira franciscana.

Virtude heróica: exagero para alguns…

Nesta situação, entretinha-se fiando a lã para dá-la aos pobres. Sua paciência e caridade não tinham limites. Nada a irritava ou descontentava. No atendimento aos doentes, nunca se viu tão maravilhoso triunfo sobre as repugnâncias dos sentidos. Era de espantar ver como a filha de um rei e viúva de um duque tratava os indigentes mais miseráveis. Até pessoas piedosas julgavam que ela exagerava em seus cuidados.

Seu pai, ao saber como vivia, enviou-lhe mensageiros para tentar retirá-la desse “estado miserável”. Ela lhes respondeu que, vivendo assim, era mais feliz que seu pai em sua pompa real. E retomou serenamente seu trabalho de tecer a lã.

Ela sabia unir, com rara felicidade, a vida ativa à contemplativa. Apesar das fatigantes obras de misericórdia a que se dedicava, sempre encontrava tempo para passar longas horas na oração e na meditação.

Era incansável na distribuição de benefícios materiais e espirituais. A um surdo-mudo ordenou, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que dissesse de onde vinha; ao que ele imediatamente obedeceu, contando sua história. Do mesmo modo, cegos, possessos e estropiados eram curados.

Milagres atestam santidade antes e depois da morte

Tinha apenas 24 anos quando Nosso Senhor chamou-a a Si para premiá-la com a glória celestial. Na véspera da morte, sua fisionomia transformou-se. Seu olhar tornou-se resplandecente, manifestando uma alegria e felicidade que cresciam a cada instante. Quando exalou seu último suspiro, um delicioso perfume se espalhou pelo ar, ao mesmo tempo que um coro de vozes do Céu se fez ouvir em cânticos de júbilo. Era o dia 19 de Novembro de 1231.

A notícia de sua morte atraiu verdadeira multidão que desejava contemplá-la pela última vez antes de seu sepultamento. Eram pessoas de todas as condições sociais, que não se constrangiam em arrancar-lhe pedaços das vestes, mechas de cabelo, fragmentos de unhas, etc, guardando-os piedosamente como relíquias.

Para atender a todos foi necessário prolongar a exposição do corpo por quatro dias, durante os quais seu rosto se conservava como o de uma pessoa viva. Na noite que precedeu o enterro, o teto da Igreja se encheu de pássaros desconhecidos, que cantavam melodias inefáveis.

Após sua morte verificaram-se muitos milagres atribuídos à sua intercessão, como a cura de cegos, surdos, leprosos, coxos, paralíticos, etc. Isto suscitou um grande movimento popular pela sua canonização, o que muito contribuiu para que o Papa Gregório IX a elevasse sem demora à honra dos altares, fato ocorrido em tocante cerimônia no dia de Pentecostes, 26 de maio de 1235, decorridos apenas três anos e meio de seu falecimento.

Poucos dias depois, em 1º de junho do mesmo ano, o Papa publicou a bula de canonização, que foi logo enviada aos Príncipes e aos Bispos de toda a Igreja.
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Fonte de referência:
Conde de Montalembert, Histoire de Sainte Élisabeth de Hongrie, Duchesse de Thuringe, Pierre Téqui, Paris, 1930.

Fonte: O Catolicismo.

Postado em Dezembro 10, 2007 by Feri.

“Bautismos em Luján” – Notícia da Conferência Episcopal Argentina – AICA – 10.07.2009 (“Oración por la Patria”)

Virgen de Luján
Virgen de Luján

Informações sobre a devoção à Nossa Senhora de Luján, e imagem original do Santuario de Nuestra Senõra de Luján, de acordo integralmente com este link.

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Fonte:AICA Online

Por la gripe A, suspendieron los bautismos en Luján
Luján (Buenos Aires), 10 // Jul. 09 (AICA)

Bautismo

Bautismo

La basílica de Nuestra Señora de Luján notificó a la feligresía que hasta el 31 de julio se suspenden todos los bautismos, con motivo de la emergencia sanitaria declarada a raíz del aumento de casos de gripe A (H1N1).

El vicario parroquial del santuario dedicado a la patrona nacional, presbítero Hugo Caggiano, aclaró, sin embargo, que “el resto de las actividades se realizan con total normalidad y las misas en sus horarios habituales”.+

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AICA Documentos – Conferencia Episcopal Argentina

Mensaje al pueblo de Dios

Oración por la PATRIA


Jesucristo, Señor de la historia, te necesitamos.

Nos sentimos heridos y agobiados.

Precisamos tu alivio y fortaleza.

Queremos ser nación,

una nación cuya identidad

sea la pasión por la verdad

y el compromiso por el bien común.

Danos la valentía de la libertad

de los hijos de Dios

para amar a todos sin excluir a nadie,

privilegiando a los pobres

y perdonando a los que nos ofenden,

aborreciendo el odio y construyendo la paz.

Concédenos la sabiduría del diálogo

y la alegría de la esperanza que no defrauda.

Tú nos convocas. Aquí estamos, Señor,

cercanos a María, que desde Luján nos dice:

¡Argentina! ¡Canta y camina!

Jesucristo, Señor de la historia, te necesitamos.

Amén.

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AICA Documentos – Conferencia Episcopal Argentina

Mensaje al pueblo de Dios

Los obispos argentinos compartimos “los gozos y las esperanzas, las tristezas y las angustias” del pueblo al que pertenecemos y servimos en esta hora delicada y providencial de nuestra vida nacional.

Desde nuestra fe acudimos a Jesucristo, Señor de la historia, y le dirigimos una súplica confiada para poner bajo su mirada protectora las preocupaciones, desvelos y esperanzas de los argentinos. A Él le ofrecemos nuestro compromiso pastoral en favor del pueblo, especialmente de sus miembros más pobres, débiles y sufrientes.

Por ello peregrinamos, como lo hace el pueblo creyente, a la casa de nuestra Madre de Luján para pedirle que Ella interceda ante su Hijo por las necesidades más urgentes de la Patria. De modo particular queremos pedirle que nos ayude a los argentinos a:

1. valorar y construir con empeño perseverante la amistad social entre todos los habitantes de nuestra Patria, desterrando desencuentros, odios, rencores y enfrentamientos y promoviendo la equidad y la justicia para todos;

2. favorecer y cultivar la disposición al diálogo genuino en la verdad y el respeto entre personas y sectores, como camino indispensable en la búsqueda del bien común;

3. afianzar las instituciones democráticas de la República y el federalismo, respetando la Constitución Nacional, garantía para todos de una convivencia pacífica e incluyente.

Invitamos a todos los fieles a unirse a este gesto orante y a retomar la “oración por la Patria”, tan apreciada en nuestras comunidades, como primero y principal servicio que los católicos argentinos queremos ofrecer a nuestra querida Nación.

95ª Asamblea Plenaria de la Conferencia Episcopal Argentina
Pilar, 8 de abril de 2008

“(…)Que os vossos pensamentos sejam sempre de muita coragem, pois disso depende que sejam as obras.” (Santa Teresa de Jesus) – Irmãs Teresianas (PR-Brasil)

Santa Teresa de Ávila - "visão intelectual" de Jesus
Santa Teresa de Ávila - "visão intelectual" de Jesus

Imagem: Missionários de Santa Teresa de Jesus

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Fonte: Irmãs Teresianas – Guarapuava-PR

TERESA DE JESUS, UMA SANTA APAIXONADA

“Nada te perturbe, nada te espante, Pois tudo passa, só Deus não muda,

a paciência tudo alcança. Quem a Deus tenha, nada lhe falta,

pois só Deus basta” Santa Teresa de Jesus, Poesias IX.

Natural de Ávila, Espanha, Santa Teresa de Jesus (1515-1582) destacou-se como mística, reformadora, escritora e doutora da Igreja. O que a tornou tão especial, o que fez com que seu nome atravessasse os séculos e ainda hoje desperte apaixonado interesse?1

Santa Teresa escreve sobre sua busca e experiência de amizade com as pessoas e com Deus. Nada abalava sua fé, pois trazia consigo a força do amor apaixonado por Deus. Para Teresa a pessoa é como um castelo habitado pela Trindade (M.I,1-5) à espera do encontro com sua criatura. Nele há muitas moradas, que expressam os distintos níveis da relação que a pessoa tem consigo, com os outros, com Deus e com o mundo. O conhecimento próprio é essencial para essa viagem interior. “A porta para entrar nesse castelo é a oração e reflexão” (MI). Nesse processo, Teresa adverte para não ficar olhando para as misérias humanas, e sim para o Cristo, o grande amigo. É um dinamismo onde a pessoa reconhece sua identidade e o mistério da sua liberdade. Teresa adverte que, quando a pessoa se nega ao Amor, está se fechando em si mesma (M.I,6-8). E, para fazer frente a uma antropologia egocêntrica, Teresa propõe um dinamismo de êxodo – a pessoa deve entrar dentro de si, autoconhecer-se, aceitando a própria realidade como também a realidade alheia. A imagem do castelo interior expressa um dinamismo dialético de integração entre interioridade e exterioridade levando a pessoa a sair de si mesma, vivendo numa relação progressiva de entrega, partilhando seus dons, criando novas relações.

Outra imagem teresiana para expressar o processo de caminhada da pessoa em relação a Deus, é a do bicho-da-seda. Através do símbolo da transformação do bicho-da-seda numa formosa borboleta, Teresa quer expressar o chamado à transformação em Cristo (M.II,2). Supõe um caminho de morte-vida, ganhos e perdas, segundo a lógica do seguimento, trilhado com Cristo e em Cristo. É na vivência do amor que a pessoa integra todas as suas potencialidades. As crises e contradições podem converter-se em lugar de encontro. A pessoa, sabendo-se amada, responde amando. Sente-se convidada a conhecê-Lo, amá-Lo, torná-Lo conhecido e amado.

Na analogia teresiana, a pessoa que começa a tratar de amizade com Deus “deve fazer de conta que começa a plantar uma horta em terra muito infrutífera, que tem muitas más ervas, para que nele se deleite o Senhor. Sua Majestade arranca as más ervas e vai plantando as boas” (V11,6). A própria pessoa é a horta, exposta às intempéries. Ela mesma deve cultivar o terreno, preparar a terra para que esteja em condições de acolher a água da chuva. Essa água é dom de Deus, o Jardineiro. Teresa sabe que o seguimento de Cristo é uma opção pessoal, mas também é dom e graça. O símbolo do cultivo da horta é um convite para a escuta, o silêncio, a acolhida, a espera e o reconhecimento do dom gratuito de Deus.

A imagem teresiana da amizade talvez seja a que melhor expressa a experiência teresiana da oração como relação viva e interpessoal com Deus. Supõe amor, intimidade, reciprocidade, realismo e capacidade de relação com as pessoas. Sem esses elementos, é muito difícil que a pessoa possa integrar as suas diversas dimensões. Para falar com Deus não é necessário ir ao céu, nem falar em altos brados. Ele está tão perto que ouvirá, basta pôr-se em solidão e olhar para dentro de si” (C28,2).

Teresa também faz analogia com a imagem da pessoa apaixonada. A vida não é senão entrega e doação apaixonada e apaixonante. É importante observar que Teresa não se fecha num intimismo (CcXXV). A máxima interioridade é ao mesmo tempo compromisso com o mundo, solidariedade com a humanidade: “O Senhor quer obras” (M5). Na oração, “o importante não é pensar muito, mas amar muito. E, assim deveis fazer o que mais vos desperta o amor” (M.IV,7). “O amor de Deus consiste em servi-Lo com justiça, fortaleza e humildade”.

Teresa, mulher que soube enfrentar muitas dificuldades, nos estimula: “que os vossos pensamentos sejam sempre de muita coragem, pois disso depende que sejam as obras”.

Para esta mulher, que amou e experienciou a humanidade de Cristo, Deus é aquele que sempre nos espera. Não encontrar-se com Ele é “uma pena, muita pena” diz ela.

A imensa capacidade que Teresa de Ávila teve em apaixonar-se – por si mesma, pelas pessoas, em seguida por Deus, depois pela humanidade – e manter-se viva por meio da capacidade de doar-se de diversas maneiras fez com que seu nome e sua obra tenha significado na atualidade.

Irmã Rita Milan Romio

ritamromio@hotmail.com

Irmãs Teresianas – Bairro São Cristóvão –

Tel.: (42)30357079 – Guarapuava/PR

1.A popular Santa Teresinha (+1897), francesa, foi discípula de Teresa de Ávila.

“O Espírito atua na Igreja de modo a torná-la, sob a proteção dos mesmos apóstolos colocados à sua frente e conduzida pelos seus legítimos sucessores, depositária e fiel mensageira do Evangelho da Vida.” – Memória (29 de junho) – São Pedro e São Paulo (Dom Eurico dos Santos Veloso-CNBB)

Na sub-página “Mundo Católico” há uma breve matéria intitulada “No Angelus, Bento XVI destaca o valor universal da solenidade de São Pedro e São Paulo” – 29.06.2009. Fonte: Rádio do Vaticano.

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Diocese de Franca (imagem)
Dia do Papa e Óbolo de São Pedro

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Fonte: CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)

Solenidade de São Pedro e São Paulo, dia do Papa

Por Dom Eurico dos Santos Veloso

A Solenidade de São Pedro e São Paulo, celebrada desde tempos remotíssimos, ensina-nos que a Igreja, na qual cremos, está alicerçada sobre o fundamento dos apóstolos, consoante as palavras do próprio Cristo: “Quem vos ouve, a mim ouve”. Sim, a fé que hoje professamos, depois de dois mil anos, é a mesma professada pelos apóstolos escolhidos e enviados por Cristo. O Espírito atua na Igreja de modo a torná-la, sob a proteção dos mesmos apóstolos colocados à sua frente e conduzida pelos seus legítimos sucessores, depositária e fiel mensageira do Evangelho da Vida.

Pedro e Paulo, cada qual a seu modo, contribuíram eficazmente para edificar a Casa de Deus neste mundo como sinal da Morada Eterna que nos é prometida em Cristo. Pedro, escolhido por Jesus para ser o chefe dos apóstolos e de toda a Igreja, soube apascentar as ovelhas e os cordeiros que lhe foram confiados, confirmando-lhes a fé com o derramamento do próprio sangue. Paulo, agraciado com o dom da verdadeira conversão ao Evangelho, tornou-se, por disposição mesma do Senhor, o grande apóstolo dos gentios e o incomparável defensor da gratuidade da salvação, vindo, à semelhança de Pedro, a derramar o seu sangue como supremo testemunho da fé que tão zelosamente anunciava com muitas renúncias e provações.

Ao celebrarmos os dois insignes apóstolos, lembramo-nos naturalmente do Papa, a quem cabe, em primeiro lugar, guardar, defender, anunciar e testemunhar a fé que herdamos de Pedro e Paulo. Bento XVI é hoje o grande apóstolo do Evangelho que nos dá a Vida verdadeira. Como sucessor de Pedro e herdeiro de seu carisma-ministério, preside hoje à caridade, apascentando com zelo os fiéis que lhe são confiados. Mas é também chamado, a exemplo de Paulo, a desgastar-se de todos os modos, a fim de que a Palavra de Deus atinja os corações e, assim, o mundo se renove na esperança que vem da firmeza de Deus. Bento XVI tem desempenhado muito bem seu ofício de propagador da fé e da beleza da salvação. Notáveis são suas palavras e ensinamentos, carregados de profundo significado e sabedoria, dirigidos para um mundo aparentemente mais distante de Cristo e da sua Igreja. Os ensinamentos do Papa são capazes de interpelar as consciências e fazê-las pensar, e a Igreja, sem dúvida, tem sido levada, com Bento XVI, a aprofundar-se no conhecimento de suas raízes.

Que São Pedro e São Paulo intercedam sempre pela Igreja que lhes custou o sangue, proteja o Santo Padre Bento XVI e alcancem para todos nós a graça de sermos discípulos missionários de Jesus Cristo na aurora do século XXI!

Dom Eurico dos Santos Veloso – CNBB – 23.06.2009

O Profeta Eliseu e a tradição do Carmelo (Memória – Santo Eliseu Profeta – 14 de junho) – Frei Wilmar Santin, O.Carm. – “História e Espiritualidade Carmelitana”

Os dias correm, e apesar de acompanhar os tempos, não admito que minha vida seja vivida em “tempo real”… O dia dedicado à memória de Santo Eliseu transcorreu no dia de ontem, dia 14 de junho. Entretanto, a cultura que denomino de “correria” depõe contra tudo que há de melhor na vida… A informação em “tempo real” não é um mito dispensável quando está a serviço de buscas, resgates, ou jornadas de personalidades importantes para a melhoria de vida de todos os seres humanos. Ou seja, a cobertura “on line” dos passos de papas, presidentes, ou encaminhamento de conferências de paz ou de pactos de proteção ambiental, entre outras ações, são vitais para as nossas vidas, tanto no plano material, quanto no afetivo e espiritual. Afora isto, devíamos buscar a “desacelaração” – como já está sendo proposta em alguns países da Europa.

Estava intrigada com algumas pesquisas que apontavam o Profeta Eliseu como “o duplo espírito de Elias”. Encontrei a pesquisa abaixo, que resulta fascinante. Para mim, frei Wilmar Santin (O.Carm.), ao trazer tantas referências, traz algumas pistas para a recente evocação do “Ano Sacerdotal”, pelo papa Bento XVI.

Frei Santin apresenta uma encantadora descrição do sentido do Carmelo como um todo. Menciona o que Santa Teresa de Ávila pensava sobre a vida, a missão de Santo Eliseu. Também inclui a singela analogia, cheia de convicção que  Santa Teresinha do Menino Jesus, faz em Lisieux, a partir de sua cela chamada  Santo Eliseu (no dormitório Santo Elias), invocando a Deus o “dobro do seu espírito”…

Este frei carmelita nos traz também a riqueza da história carmelitana, através das sutis interpretações – ao longo da história cristã – da vida destas duas pessoas impregnadas pelo Espírito de Deus, e com absoluta entrega. Os dois profetas e santos são inseparáveis na essência ao amor a Deus-Pai, que criou tudo em espírito de Justiça e Misericórdia. Um deles, arrebatado aos céus no relato do Antigo Testamento – Santo Elias Profeta é visto por seu seguidor – Santo Eliseu Profeta, a quem deixa o manto e a continuidade da missão no Monte Carmelo…

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Página Oriente - Santos - Ordens Religiosas da Igreja

Fonte: História e Espiritualidade CarmelitanaProfeta Eliseu e a tradição do Carmelohttp://br.geocities.com/wilmarsantin/Eliseu.html (não disponível)

 

O Profeta Eliseu e a tradição do Carmelo

Por Frei Wilmar Santin, O.Carm.

 

Na Bíblia

O ciclo de Eliseu (2Rs 2-9.13,1-10) está ligado com o de Elias. A vocação de Eliseu está colocada após a teofania do Horeb (1Rs 19,16-21). Segundo a ordem divina, ele é aquele que deve suceder ao Tesbita. Por isso torna-se seu servidor e discípulo (2Rs 2,1-18). Pelo fato de acompanhar e ser testemunha do rapto de Elias, Eliseu herda o duplo espírito do Tesbita (2Rs 2,1-18). O carro e os cavalos que raptaram Elias constituem a escolta invisível de Eliseu (2Rs 6,17). Numerosos milagres e prodígios exaltam “o homem de Deus”, o taumaturgo a serviço dos pobres e que intervém na política. Morto, o seu cadáver ressuscita um morto (2Rs 13,20-21). No livro do Eclesiástico, o seu elogio segue o do seu mestre (Eclo 48,12-14) e recorda o dom do espírito de Elias que recebeu durante o rapto. Entre as suas obras maravilhosas é indicada a ressurreição de um morto após a sua morte. A cura de Naamã, o Sírio, é recordada no Evangelho (Lc 4,27), também depois de recordar Elias.

Por duas vezes a Bíblia menciona a estada de Eliseu no Monte Carmelo: para lá ele se retira após o episódio dos meninos devorados pelos ursos (2Rs 2,25) e ali a sunamita vai encontrá-lo para suplicar-lhe que devolva a vida ao seu filho (2Rs 4,25). Uma gruta com dois patamares era considerada como a “casa de Eliseu”, aquela onde ele recebeu a visita da sunamita. Ali foi construída uma laura (cenóbio) bizantina conhecida como Mosteiro de S. Eliseu.

Nascimento de Eliseu

O provincial carmelita da Catalunha, Felipe Ribot (+ 1392), recorda o prodígio que acompanhou o nascimento de Eliseu, assim como foi contado por Isidoro de Sevilha e Pedro Comestor: “ao nascimento de Eliseu um dos novilhos de ouro adorados pelos filhos de Israel mugiu atravessando o jardim de Eliseu. Um sacerdote do Senhor o escutou em Jerusalém e, inspirado por Deus, proclamou: ‘nasceu em Israel um profeta que destruirá todos os ídolos esculpidos e fundidos”. Só João de Hornby, carmelita inglês do século XIV, indica que Eliseu era descendente de Arão, como Elias, enquanto que a Vitae Prophetarum e Isidoro mencionam “a tribo de Rubem”.

Eliseu, figura de Cristo

Como Elias, Eliseu é apresentado pelos Padres da Igreja como figura de Cristo enquanto taumaturgo. Já Orígenes chamava Cristo “o Eliseu espiritual que purifica no mistério batismal os homens cobertos pela sujeira da lepra” (Hom. sobre Lucas 33,5). Eliseu estendendo-se sobre o menino anuncia a Encarnação de Cristo que se faz pequeno para salvar-nos. O vaso novo lançado com sal na água (episódio amplamente desenvolvido pelos Padres Latinos), o sal que purifica as águas, o machado recuperado, são figuras de Cristo. Multiplicando os pães de cevada para cem pessoas, iluminando os olhos do seu servo e cegando os de seus inimigos, curando Naamã com o banho no rio Jordão, Eliseu é ainda figura do Messias. A ressurreição de um morto ao contato com os seus ossos prefigura da descida de Cristo aos infernos para dar vida aos mortos. No sermão 128 de Cesário, a viúva libertada da sua indigência, graças ao milagre operado por Eliseu, prefigura a Igreja libertada do pecado à vinda do Salvador; a sunamita estéril, que concebe pela oração de Eliseu, é também figura da Igreja estéril antes da vinda de Cristo. Igualmente João Baconthorp (+ 1348) faz o paralelo entre os milagres de Elias e de Eliseu com os de Jesus (Speculum 2).

Eliseu, modelo do monge

Numerosos Padres da Igreja atestam a virgindade de Eliseu seguindo a de Elias. Para São Jerônimo “na Lei antiga, a fecundidade era objeto de bênção. Mas pouco a pouco entretanto, na medida em que a messe se torna mais abundante, foi enviado um ceifador: Elias que foi virgem. Eliseu também o foi, como do mesmo modo os filhos dos profetas” (Ep. 22). Os carmelitas medievais reproduziram estas linhas insistindo sobre o fato que Elias e Eliseu foram os primeiros a consagrarem-se a Deus na virgindade. Pe. Daniel da Virgem (+ 1678) explica que o celibato honra e imita por antecipação a Virgem Maria: “Eliseu conheceu antecipadamente e imitou a pureza da Virgem Mãe de Deus” (Vida de Santo Eliseu, pref.).

A oração tem um papel primordial na vida de Eliseu: é a fonte dos milagres que o Senhor faz através dele. No texto bíblico, isto é expresso explicitamente através da ressurreição do filho da sunamita, por isto o Senhor abre os olhos do seu servo para cegar os arameus. Os Padres da Igreja acentuam ainda mais o papel da oração: ele obtém um filho para a sunamita, faz submergir o machado caído na água do rio Jordão. Assim através de Eliseu os carmelitas fazem jorrar o seu apostolado pelo colóquio com Deus.

A renúncia inicial de Eliseu, que sacrifica os bois e o arado antes de seguir Elias, é um exemplo de exortação para se afastar das preocupações mundanas (Jerônimo, Ep. 71,3). A recusa dos presentes de Naamã fornece aos Padres um belo exemplo de afastamento dos bens. Para Cassiano, Eliseu é um dos fundadores do monaquismo e, de modo especial, um mestre da pobreza (Inst. 7, 14,2).

Amona (século IV), discípulo de Antonio o Grande, canta todos aqueles que obedeceram aos seus pais, cumprindo a sua vontade com a obediência perfeita em tudo. Eliseu é um dele (Ep. 18). Isaías de Scete (+ 491) exorta à obediência com o exemplo de Eliseu (Asceticon 7). A homilia bizantina mais freqüentemente indicada para a festa de Santo Elias é um comentário sobre o Profeta Elias, o Tesbita, atribuída a São João Damasceno, sem dúvida provém do ambiente monástico. A menção de Eliseu põe em relevo a sua ligação total a Elias: “Tendo deixado tudo, casa, campos, bois, ele o segue, servindo-lhe em tudo e totalmente ligado à sua pessoa. Elias, que viveu dali em diante com Eliseu a quem havia também consagrado profeta segundo um oráculo divino, estava dia após dias reunido com ele sob o mesmo teto, compartilhando o mesmo estilo de vida, absolutamente inseparáveis”.

Atanásio de Alexandria, na vida de Antão, mostra que Eliseu via Giezi distante e as forças que o protegiam porque o seu coração era puro, escopo de toda ascensão monástica. João Baconthorp considera em Eliseu o carmelita aplicado à contemplação que “vê” Deus, destinado a trazer no seu coração a chama ardente e irradiante e a palavra de vida, como Maria, e a imitação de Elias e de Eliseu que viveram a vida contemplativa no Carmelo (Laus 2,2). Pe. Daniel da Virgem na sua Vida do Santo Profeta Eliseu reassume os papéis respectivos de Elias e de Eliseu: “Inaugurando a vida religiosa, monástica e eremita, Elias a plantou, Eliseu depois a irriga e grandemente a divulga”.

Eliseu, discípulo de Elias

Nas Antiguidades Judaicas de Flávio Josefo e em numerosos escritos patrísticos seja do Oriente como do Ocidente, Eliseu está constantemente presente como discípulo de Elias, seu filho espiritual, seu herdeiro. Jacques de Saroug (449-521), autor de sete discursos em métrica que representam longamente a figura de Eliseu e a sua mensagem, utiliza diversos epítetos. Igualmente Máximo de Torino (+ 408/423), de quem duas homilias se referem a Eliseu: “Porque se admirar que os anjos, que levaram o mestre, levam o discípulo (…)? De fato ele mesmo é o filho espiritual de Elias, herdeiro da sua santidade” (Sermão 84). Os Diálogos do Papa Gregório Magno muitas fazem eco às façanhas de Eliseu. Se a “rubrica prima” das Constituições de 1289 se contenta de justapor Elias e Eliseu, João de Cheminot, depois João de Venette especificam que Eliseu é “discípulo” de Elias. Porém as Constituições de 1357 foram assim modificadas: “A partir do Profeta Elias e de Eliseu, seu discípulo”.

Eliseu, o discípulo por excelência

Eliseu não é discípulo de Elias somente. Seguindo a tradição hebraica que se encontra nas Vitae prophetarum, na introdução de São Jerônimo em seu Comentário ao livro de Jonas e algum outro escrito patrístico, Jonas seria o filho da viúva de Sarepta, ressuscitado pelo profeta e que se tornou discípulo de Elias: “Jonas, depois da sua morte, foi ressuscitado pelo profeta Elias: o seguiu, sofreu com ele e, por sua obediência ao profeta, mereceu receber do dom da profecia” (Sinassário árabe jacobita de 22 de setembro). João Baconthorp conhecia esta tradição que provém de São Jerônimo. João de Cheminot, seguindo Felipe Ribot, indica como primeiro discípulo o servo que Elias deixou em Bersabéia, quando fugia de Jesabel (1Rs 19, 3). Este servo é aquele que Elias enviou ao cume do Monte Carmelo para observar a chegada da chuva (1Rs 18, 43).

Segundo as Vitae prophetarum, Abdias, o intendente de Acab que escondeu os cem profetas em grupos de cinqüenta, enviado por Acazias, (1Rs 18, 3-4) tornou-se discípulo de Elias. Teodoro Bar-Koni, autor nestoriano do século VIII, especifica que ele recebeu o dom da profecia após ter seguido Elias. Os carmelitas medievais enumeram Abdias entre os grandes discípulos de Elias.

Felipe Ribot é o único carmelita do século XIV a mencionar o profeta Miquéias como discípulo de Elias.

Para Cheminot e Ribot, Eliseu ocupa o primeiro lugar no grupo dos discípulos do Profeta Elias.

O duplo espírito de Elias

Eliseu é o sucessor de Elias que recebeu o seu duplo espírito, quando viu seu rapto (2Rs 2, 9-13). De acordo com uma tradição hebraica, Eliseu realizou 16 milagres, enquanto que Elias havia feito 8. A partir do século XII, Ruperto de Deutz fez o mesmo cálculo (A Vitória do Verbo de Deus). Para São Jerônimo, o duplo espírito se manifesta com os milagres maiores. Para Felipe Ribot, o duplo espírito é o dom da profecia que consente prever o futuro e o dom dos milagres: «Eis porque lhe dá a direção do magistério espiritual de todos os religiosos que tinha instituído. Como sinal disto, ele deu a Eliseu o seu hábito como sinal distintivo do seu instituto, deixando-lhe o seu manto, quando foi levado ao céu» (nº 149). A partir do século XVI, outros – como Pedro da Mãe de Deus, carmelita descalço holandês – vêem no duplo espírito o espírito da contemplação e da ação: «Os discípulos do Carmelo (…) estão obrigados por vocação a pedir sempre a Deus o duplo espírito de Elias (…), isto é, o espírito de oração e de ação, o verdadeiro espírito do Carmelo» (As Flores do Carmelo).

Santa Teresa de Ávila evoca juntos Elias e Eliseu numa poesia: «Seguindo o Pai Elias, nós combatemos a nós mesmas, com a sua coragem e o seu zelo, ó Monjas do Carmelo. Após ter renunciado a nosso prazer, busquemos o forte Espírito de Eliseu, ó Monjas do Carmelo» (Caminho para o céu). Notemos que na sua correspondência ou nas Relações, Santa Teresa designa frequentemente com o nome de Eliseu o seu caro filho, Pe. Jerônimo Gracián.

Em Lisieux, Santa Teresa do Menino Jesus, que morava na cela Santo Eliseu do dormitório Santo Elias, muito naturalmente alude ao duplo do espírito: «Recordando-me da oração de Eliseu ao seu pai Elias, quando ele ousou pedir-lhe o dobro do seu espírito, me apresentei diante dos Anjos e dos santos, e lhe disse (…) ouso pedir-lhes que me concedam o dobro do vosso amor» (Ms B 4r).

Prior dos filhos dos profetas

O apologista São Justino se refere ao episódio do ferro do machado caído na água que Eliseu fez boiar com um pedaço de madeira (2Rs 6, 1-7). Onde o texto bíblico diz simplesmente que os filhos dos profetas queriam construir um lugar de moradia, Justino precisa que estes estavam cortando a madeira destinada pra construir «a casa para aqueles que queriam repetir e meditar a lei e os preceitos de Deus» (Diálogo com Trifão, 86). Esta paráfrase se tornará no século XIII o coração da Regra dos carmelitas que se consideram os sucessores dos filhos dos profetas para «meditar dia e noite na lei do Senhor».

Gerado à vida pelo Espírito de Elias, Eliseu pode por sua vez gerar filhos, chamados na Bíblia de «filhos dos profetas». Teodoreto de Ciro apresenta Eliseu à testa do «coro» dos profetas que o consideravam como «prior» deles (Quaest 4 Re 6, 19).

Felipe Ribot mostra como Eliseu é reconhecido «pai» dos filhos dos profetas: «Vendo Eliseu revestido do hábito de Elias, reconheciam que estava repleto do espírito de Elias e o receberam imediatamente como pai deles e mestre no lugar de Elias» (nº 149). Ele ensina aos filhos dos profetas, dá a eles ordens, organiza a comunidade religiosa instituída por Elias. Igualmente para João Soreth, após a ascensão de Elias, os filhos dos profetas «o veneraram, como superior deles, porque substituía Elias no governo dos eremitas».

Os caçoadores de Eliseu

Segundo a Haggadah, os caçoadores de Eliseu não são meninos, mas adultos que se comportam como meninos tolos. O número de pessoas devoradas pelos dois ursos corresponde então aos 42 sacrifícios ofertados por Balac (Nm 23). Os Padres Latinos não se referiram a esta tradição e dão uma interpretação anti-hebraica: Vespasiano e Tito – os dois ursos – aniquilaram Jerusalém 42 anos após a Paixão de Cristo, escarnecido pelos hebreus. Por outro lado o grito «sobe, careca» é um insulto a Elias para transformar em chacota o seu rapto. João Baconthorp pensa nos detratores da Ordem: Eliseu ensina o respeito devido à antiguidade da Ordem como para cada forma de velhice (Laus 2, 1).

A sepultura de Eliseu

Um tradição hebraica tardia, bem atestada na Patrística (Jerônimo, Egéria, Anônimo de Piacenza, Isidoro de Sevilha, Beda o Venerável), localiza a tumba de Eliseu em Sebaste na Samaria, com as tumbas de Abdias e de João Batista. Os carmelitas da Idade Média (João de Cheminot, Speculum 1; João de Hildesheim, Diálogo) conheciam esta tradição. A sepultura de Eliseu foi violada por Juliano o Apóstata no século IV. Parte dos ossos foi transferida para Alexandria e para Constantinopla, e dali para Ravenna em 718 e colocada na igreja de São Lourenço. No Capítulo Geral de 1369, autorizou-se a Ordem a fazer investimento econômico para obter as relíquias de Eliseu. A igreja foi destruída em 1603 e se ignora a sorte das relíquias, entretanto se mostra na igreja de Santo Apolinário a cabeça de Santo Eliseu.

Culto litúrgico

O primeiro decreto oficial aprovando a festa de Santo Eliseu para o dia 14 de junho, data na qual o profeta é festejado no rito bizantino, se encontra nas Constituições de 1369. Foi promulgada no Capítulo Geral de Florença de 1399. Em 1564 se adicionou uma oitava à celebração da festa. No calendário da Reforma Teresiana, em 1609, a memória de Eliseu recebe a categoria de festa de primeira classe, mas em 1617 foi reduzida à condição de segunda classe, com oitava, e depois abandonada em 1909. As Constituições O. Carm. de 1971 determinavam: “Com oportuna solenidade sejam celebradas as festas dos pais da Ordem Elias e Eliseu, do protetor S. José e dos nossos santos” (nº 72). Mas na reforma litúrgica de 1972, Eliseu foi excluído do calendário dos dois ramos do Carmelo. Por solicitação dos Carmelitas da Antiga Observância, a re-introdução da memória de Santo Eliseu foi aceita pela Sagrada Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos em 1992.

Conclusão

Elias e Eliseu são considerados o ponto de partida de uma sucessão ininterrupta de monges no Antigo Testamento e depois no Novo Testamento, antes de serem mais simplesmente os inspiradores dos Carmelitas dos quais estes querem ser seus imitadores e ainda mais seus filhos. A devoção ao profeta Eliseu conheceu um eclipse de uns 30 anos após o Concílio Vaticano II: a reforma litúrgica do Próprio do Carmelo não conservou a sua festa, as Constituições O. Carm. (1971) e as dos Carmelitas Descalços (1991) nomeiam o profeta Elias somente quando se referem à tradição bíblica da Ordem. Por sorte, diversos estudos o recolocaram no seu lugar (Carmel 1994/1). As Constituições O. Carm. de 1995 dizem: “O Carmelo celebra, com especial devoção, os seus Santos, colhendo neles a expressão mais viva e genuína do carisma e da espiritualidade da Ordem ao longo dos séculos. Com particular solenidade, sejam celebradas a festividade de Santo Elias Profeta, a memória de S. Eliseu Profeta e as festas dos protectores da Ordem, a saber, S. José, S. Joaquim e Santa Ana” (nº 88).

De fato o Carmelo reconhece como seus inspiradores, não só o Tesbita, mas juntos Elias e Eliseu, porque nesta mesma relação se manifesta o carisma do Carmelo.

Extraído integralmente de http://br.geocities.com/wilmarsantin/Eliseu.html (não disponível)

 

 

 

 

Memória (13 de junho) – Santo Antônio de Pádua (Lisboa): “A Palavra de Deus martelada por ele entrava nas almas mais empedernidas e insensíveis.” – Frei Hugo D. Baggio (OFM)

santoantonio_avandyckFonte: Província Franciscana Imaculada Conceição do Brasil

Santo Antônio, esse desconhecido

por Frei Hugo D. Baggio (OFM)

1. O risco de ser taumaturgo
2.
Santo Antônio Pregador
3.
Santo Antônio místico
4.
Santo Antônio apologeta e exegeta
5.
Conclusão

2. Santo Antônio Pregador

Conhecemos o zelo missionário de Santo Antônio pelas duas tentativas de ir à África pregar o Cristo e, à imitação dos primeiros mártires franciscanos, dos quais haurira a vocação franciscana, ali derramar seu sangue em testemunho de fé. Deus, porém, em seus desígnios, que Antônio perfeitamente entendeu, queria outra prova de fé e impeliu-o para as terras da Itália, transformando-o numa das mais poderosas vozes do século XIII, na difusão do Evangelho e na conversão aos bons costumes, naquela fase da história tão desconhecida e atacada, mas, ao mesmo tempo, tão rica e gloriosa.

São Francisco de Assis provocara uma revolução na eloqüência sacra pela sua espontaneidade e pela sua intuição, numa sábia mistura de piedade e jogral, conseguindo atrair sábios e simples, cardeais e humildes campônios, deixando em cada um a mensagem quente, cuja ascendência verbal transparece até em seu poder de subjugar aves e lobos.

Na simplicidade que o Senhor lhe dera, criou, em verdade, uma escola e, até hoje, tudo quanto leva a adjetivação de franciscano fica bem caracterizado pela simplicidade, doçura, delicadeza, verdade, fraternismo, comunhão total, amor aos homens e a Deus e uma efusão sublime de poesia. O espírito e a forma se entrelaçam e realizam o binômio feliz para levar o Evangelho à vivência.

Mas logo após São Francisco, “o primeiro a fundir a elevação doutrinária com a simplicidade popular, numa eloqüência irresistível, foi Santo Antônio de Pádua”, afirma o Pe. Gemelli (1). Com esta afirmação, o Pe. Gemelli nos alerta que, na jovem Ordem Franciscana, acabava de aparecer alguém com dotes intelectuais e recursos teológicos para transformar a pregação numa arte, sem deixar suas características de simplicidade franciscana.

Lembremos que Antônio, antes de fazer-se franciscano, estivera por 10 anos com os agostinianos em Portugal, haurindo ali uma sólida formação religiosa, teológica e científica, o que lhe serviu de subsídio valioso, quando eleito por São Francisco primeiro Professor e Mestre de Teologia, o que vale dizer, recebeu a tarefa de explicar as teses franciscanas às gerações novas que iam entrando na Ordem.

Além, desta séria e metódica preparação científica, teve um noviciado de solidão e de silêncio, antes de lançar-se à pregação, que lhe serviu de aprofundamento e reflexão das verdades, em Montepaulo. Assim, aos 26 anos de idade, quando Deus o revelou aos confrades e o largou pelo vasto mundo da pregação, estava ele perfeitamente maduro para dizer e rebater, para ensinar e entrar na controvérsia com a heresia que campeava orgulhosa naquela altura da história, e explanar a ortodoxia, pois, em sua bagagem trazia a Sagrada Escritura, a Patrística, os Clássicos pagãos, as ciências de seu tempo.

Lendo os sermões de Santo Antônio, fica-se pasmo ante a ciência do franciscano e sua perícia em manejar as ciências auxiliares da Teologia. Vinha ele, é verdade, da Península Ibérica, onde os árabes haviam deixado marcas acentuadas de conhecimentos científicos e começara a trabalhar numa Itália, onde floresciam os estudos em várias universidades de renome. Por isso, diz o Pe. Gemelli, “ele tem um pensamento teológico preciso e, algumas vezes, precursor, uma eloquência arrojada e substanciosa, uma fantasia de artista, uma viva e quase moderna compreensão do valor da cultura. Ele toma do Evangelho e dos Padres a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que transmite a São Boaventura; a devoção ao nome de Jesus, que transmite a São Bernardino de Sena; a devoção ao Sangue de Cristo, que transmite a São Tiago da Marca; a devoção a Cristo, Rei da Criação e da Redenção, que transmite a Scotus” (2).

Lançado de alma e corpo à pregação, procurado e assediado pelas multidões, peregrino errante da Palavra, não podia deter-se em especulações, pois a problemática que o envolvia roía a realidade, ali mesmo onde ele estava pisando. Devia lançar-se ao concreto da vida, desta vida que se lhe abria diante dos olhos, com seus vícios múltiplos, seus aleijões e distorções, que o realismo franciscano fazia ver num concretismo mais audacioso: os usuários e os hipócritas, os violentos e os luxuriosos, os dominadores e os exploradores do povo, os religiosos corruptos tanto de Ordens como da Igreja em geral, o clero simoníaco e os bispos que não desempenhavam sua missão religiosa.

Creio ser difícil encontrar sermões mais violentos contra os maus administradores dos mistérios da Igreja do que na boca de Santo Antônio, pois “contra o relaxamento do clero era inflexível”, e naquele tempo, infelizmente, tinha razões para tanto, a julgar pela veemência de sua linguagem cáustica.

“Suas observações – diz ainda Gemelli – sobre a gulodice, a vaidade, a simonia, “contra praelatos et malitiam eorum”, são tão severas a ponto de fazer pensar que Santo Antônio as tenha pronunciado não em público, mas só a um auditório particular. Esta atitude – nova que eu saiba – na pregação franciscana dos primeiros tempos – rara também depois –, mostra-nos a virilidade da alma antoniana”.

Em verdade, depois de ler os sermões do Santo, fica difícil aceitá-lo nas imagens doces e ternas, suaves e meigas, jovens e quase infantis com que a arte o retrata. A leitura o deixa imaginar com traços bem mais fortes, com feições mais severas e com expressões de olhar mais agressivas. Pois não imagino que aquela linguagem violenta não viesse sublinhada por gestos e expressões correspondentes. Um dos acontecimentos preparatórios às festas dos 750 anos de morte de Santo Antônio, foi a exumação de seus restos mortais, autorizada por João Paulo 2º, no mês de janeiro de 1981. A partir do exame científico, dizem os noticiários, foi possível reconstituir também seu perfil físico: dotado de físico excepcional para um homem da Idade Média: 1,70 metro de altura e ombros largos. Tinha pernas fortes, habituadas a atravessar países inteiros a pé… Um catedrático chegou a reconstituir o rosto do Santo: comprido e estreito, nariz fino, alongado e levemente convexo, saindo logo abaixo dos olhos encavados sob a fronte proeminente. Seus cabelos eram pretos.

Continuando a encarar Santo Antônio como pregador, gostaríamos de lembrar que um dos títulos que o povo cristão lhe conferiu e a liturgia adotou é o de Martelo dos Hereges, significando plasticamente, o orador e sua oratória, pois martelo não expressa nenhum instrumento forte e violento, que certeiro é capaz de fazer o prego penetrar a madeira mais dura, o que em Santo Antônio indica: a Palavra de Deus martelada por ele entrava nas almas mais empedernidas e insensíveis. Tal imagem nos traz à lembrança as campanhas moralizadoras pela Itália, mas, sobretudo, as sustentadas ao Sul da França contra os hereges, onde, segundo conta seus Fioretti teve até que recorrer à irracionalidade da mula para quebrar a cabeçudice de um deles.

Não queria apenas dobrar à força dos argumentos, mas levava à convicção através de processos pessoais próprios, o que empresta, ainda hoje, um sabor todo especial à leitura de seus sermões, pois, como escreve Gemelli, “a exemplo dos escritores sacros de seu tempo, usa e abusa de símbolos e símiles e aguça seu engenho nas concordâncias bíblicas. Mas até nesta, que é uma forma peculiar da oratória medieval, ele imprime a sua personalidade inconfundível.O símbolo é o seu modo de ver a realidade, de descobrir o eterno no contingente, o espírito na matéria, o que ama no que lhe é útil. E como não lhe falta imaginação artística, o símile ultrapassa o símbolo e é considerado por si mesmo, pela sua própria formosura”.

Creio que nossos auditórios de hoje não suportariam a crueza de certos símiles, ou comparações, ou tropos usados por Santo Antônio contra o pecado, ou contra sacerdotes indignos ou contra bispos simoníacos. Certos tópicos, custa-nos crer tenham sido proferidos pelo Santo, a quem a religiosidade popular revestiu de tanta suavidade.

Havia em seus sermões uma preocupação bem dele: combinar o Evangelho do dia com o restante da Liturgia da Missa e do Ofício Divino, alcançando uma arquitetura rítmica dentro do sermão, sem perder a unidade, muito do gosto medieval, recorrendo, inclusive, a expedientes que atenuavam o peso do assunto e tornavam a exposição menos cansativa.

Por isso, emprestava grande vivacidade mediante exemplos que ele, como bom franciscano, buscava na natureza. Para que a palavra de Deus se não tornasse insípida, lançava mão de seu vasto saber e o colocava ao alcance de seus ouvintes e a serviço da pregação, não num rompante de vaidade e sim como critério de apostolado: a Palavra de Deus lhe merecia toda a veneração e o auditório todo o respeito.

Daí Gemelli afirmar: “A oratória deste humílimo e grande doutor tem a sua justificativa no gosto do público a que se dirigia e que era exigentíssimo, pronto a se enfadar, chasquear, desprezar e terrivelmente crítico. Antes que a Renascença espalhasse o gosto pela forma, este franciscano do século XIII, com o seu amor pelo belo e com a sua intuição do valor da beleza, que são peculiares à sua espiritualidade, afirma a necessidade da palavra polida, rebuscada, e combina a ciência sagrada com a profana sem a perturbação, porque para os seus olhos de franciscano, a natureza não é profana, mas obra mirável de Deus, e estudá-la é dever de gratidão e prazer de admiração e contemplação”.

Extraído integralmente de Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil – Vida Cristã (São Paulo – Brasil)

Festa de CORPUS CHRISTI: “Eucaristia: um Sacramento de Amor” – in Veritatis Splendor

VeritatisSplendor

Imagem: Precioso Depósito

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Fonte: Veritatis Splendor

ORAÇÃO DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

Por São Tomás de Aquino

Ó vós que amais tanto, Jesus aqui verdadeiramente Deus escondido, ouvi-me,
eu vos imploro. Seja vossa vontade meu prazer, minha paixão, meu amor. Dae
que a busque, ache e realiza. Mostrae-me vossos caminhos, indicae-me vossas veredas.

Tendes sobre mim vossos desígnios; dizei-m´os bem, e dae que os siga até a definitiva salvação de minha alma. Indifferente a tudo o  que passa, e só a vós tendo em vista, possa eu amar tudo quanto é vosso, mas sobretudo a Vós, ó meu Deus! Tornae-me amarga toda alegria que não seja vós, impossível todo desejo fora de vós, delicioso todo trabalho feito para vós, insuportável todo repouso que não fôr em vós. A toda a hora, ó  bom Jesus, minha alma tome para vós seu vôo; seja minha vida um constante acto de amor!

Toda obra que vos agrade, fazei-me sentir que é morta. Seja minha piedade
menos um hábito que um contínuo impulso do coração.

Ó Jesus, minhas delícias e minha vida, dae-me que minha humildade seja sem
affectação, minha alegria sem excessos, minhas tristezas sem desanimo, minha
austeridade sem  rudeza. Dae que eu fale ser artifício, que tema sem
desespero, que espere sem presumpção; fazei com que seja pura e sem mancha, que reprehenda se cólera; que  ame sem falsidade, edifique sem ostentação, obedeça sem réplica, e soffra sem queixumes.

Bondade suprema, ó Jesus, peço-vos um coração todo vosso, que nenhum
espectaculo, nenhum ruído para distrahir; um corção fiel e attivo que não
hesite, e não desça nunca; um coração indomavel, prompto sempre a luctar
após cada tormenta; um coração livre, jamais seduzido ou escravo; um coração recto que não se encontre nunca em veredas tortuosas.

E meu espírito, Senhor! Meu espírito! Impotente para desconhecer-vos, possa elle encontrar-vos, a vós Sabedoria divina! Não vos desagradem seus colloquios! Confiante e calmo esperes vossas respostas, e descanse sobre
vossa palavra.

Faça-me a penitencia sentir os espinhos de vossa coroa! Possa a graça espargir vossos dons sobre mim, no caminho do exílio! Possa a gloria inebriar-me de vossas alegrias na Pátria eterna! Assim seja.

(Extraído do Manual das Filhas deMaria de Sion –  Editado em 1929.
Impresso por J. de Gigord, Éditeur – Imprimatur  Rio de Jaaneiro 11 de maio
de 1912 Por S. Exma. Sebastio, bispo auxiliar)

AQUINO, São Tomás de. Apostolado Veritatis Splendor: ORAÇÃO DE SÃO TOMÁS DE AQUINO. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/714. Desde 20/01/2003.


“(…)A tradição cristã ensina que, para que a beleza divina resplandeça em cada ser humano, faz-se necessário «remover a pátina que dissimula, em virtude do pecado, a marca de Deus em nós»” – Wilfrid Stinissen, carmelita belga, ao citar São Gregório de Nissa (in “As Beatitudes”)

São Gregório de Nissa
São Gregório de Nissa

Encontrei um texto elucidativo sobre a orientação de Jesus para que fôssemos santos e santas, em imitação a Deus Pai… Se é difícil cumprirmos em nossa vida diária o ideal de santidade, mesmo em pequenas dificuldades, aflições ou provações, aumenta a nossa dificuldade quando nos vemos diante dos valores que atualmente estão imperando no mundo do trabalho, e até mesmo em nosso círculo familiar. Em todo caso, todos sabemos pelos Evangelhos que Deus considera a intenção de nosso coração, porque sabe o quanto somos vítimas de nossas próprias contradições e em relação ao livre-arbítrio humano. Para agravar, particularmente acredito que somos assediados por seres espirituais malignos (anjos da queda) – Legião, o Maligno – a quem Jesus Cristo se referia com frequência. Temos entretanto o consolo de que foi(foram) vencido(s) na Sua morte de Cruz e na Sua Gloriosa Ressurreição. Desde aquele momento, também temos o poder de resistir-lhe, tal como enfatiza Santa Teresa de Ávila. Aqui inicia o combate. Queremos o Bem acima de tudo?

O Círculo Gregório de Nissa nos apresenta o carmelita belga Wilfrid Stinissen, que traz boas indicações sobre o caminho do que, particularmente, considero “espinhosa efetivação” da santidade em nosso tempo. Entretanto, ela deve ser perfeitamente possível, já que este foi um caminho indicado por Jesus. Ele conhecia a “fibra mais íntima” de nossa natureza… Frei Wilfrid afirma o seguinte a respeito: “(…) É porque não nos consideramos santos que não conseguimos, também, agir como santos. ‘Agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz’ (Ef 5, 8). A santidade deveria ser o nosso ponto de partida e não nossa meta. Se nós prosseguíssemos na vida com esta convicção íntima: ‘Eu sou nascido de Deus’, nos comportaríamos de outra maneira.”

O blog abaixo  traz também o seguinte conteúdo “Bento XVI enaltece a prática da Lectio Divina”, “Frutos das práticas contemplativas”, “Contemplação e Vida Contemplativa”, ” sobre São Gregório de Nissa”, entre as últimas publicações. Achei instigante o texto abaixo.

Imagem: Iconografia Cristã (São Gregório de NIssa)

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Fonte: Círculo Gregório de Nissa

Sobre a Santidade (perspectivas atuais)

Como assinala o catecismo católico(1): “Na Igreja todos são convidados à santidade. O Concílio Vaticano II, na Constituição sobre a Igreja (Lumen Gentium), consagra um capítulo inteiro ao ‘convite universal à santidade’ (LG 39-42). O batismo implica essa vocação, comum a todos os membros do povo de Deus (LG 40), quer sejam leigos ou ministros ordenados, quer vivam no mundo ou em comunidade religiosa, quer sejam casados ou celibatários. Qualquer que seja sua condição física, cultural, intelectual ou social, quer seja homem ou mulher, criança ou idoso, todo batizado trabalha para fazer refulgir o reino de Deus pela santidade de sua vida.”

Em que consiste, porém, a santidade? As respostas podem diferir bastante, conforme sejam oferecidas por pessoas de diferentes religiões – e até de diferentes épocas. Cristãos, budistas, judeus, muçulmanos, hinduístas etc. inevitavelmente revelariam, se interrogados, visões diferentes sobre a matéria, embora provavelmente alguns aspectos comuns pudessem ser identificados em suas respostas. Mas mesmo entre os cristãos, e até mesmo entre aqueles pertencentes a uma mesma denominação, podem ser encontradas opiniões bem diversas. Neste texto apresentamos visões diferentes, embora complementares, de dois brilhantes escritores católicos contemporâneos.

O carmelita belga (radicado na Suécia) incluiu, em um de seus livros (2), a seguinte passagem a respeito da santidade, ressaltando a sua naturalidade:

“Infelizmente nós confinamos a santidade à esfera moral. A palavra ‘santidade’ é reservada aos homens que se distinguem por sua virtude heróica. Parece presunção aspirar à santidade. Mas a santidade é, antes de tudo, uma realidade ontológica, isto é, ligada ao ser em si. Lançaríamos, também, sobre os outros um olhar diferente, reconhecendo neles a vida divina. E mesmo as coisas nos apareceriam de modo novo, pois também elas dão testemunho dessa mesma vida. O mundo se tornaria um templo e a vida uma liturgia.”

A “naturalidade” a que nos referimos acima pode ser melhor identificada se exprimirmos do seguinte modo, de forma mais sintética, o ponto de vista apresentado pelo autor na primeira metade do parágrafo precedente: “A santidade – que não deve ser confundida com a perfeição moral – está ao alcance de todas as pessoas porque Deus, no próprio ato da criação, a comunica a todos os seres humanos.” Por outro lado, sendo um carmelita, o autor sabe que a modificação duradoura de nossos hábitos, do modo como nos relacionamos com Deus, conosco mesmos, com o próximo e com a criação muito dificilmente ocorrerá a partir de um simples ato de vontade, de uma simples constatação intelectual. Por isto, escreve no condicional e no imperfeito do subjuntivo todos os verbos empregados na segunda metade do mesmo parágrafo (deveria… se prosseguíssemos… lançaríamos…).

Com efeito, a tradição cristã ensina que, para que a beleza divina resplandeça em cada ser humano, faz-se necessário “remover a pátina que dissimula, em virtude do pecado, a marca de Deus em nós” (imagem usada por Gregório de Nissa em As Beatitudes). Este pode ser um longo processo. Em monografia publicada como capítulo de um tratado sobre espiritualidade (3) o teólogo italiano Carlo Molari enfatiza o valor de nossa adesão a um programa de práticas e exercícios espirituais (ascese):

“Em sentido teológico, a ascese é o conjunto dos exercícios que torna possível a transparência à ação de Deus, a ressonância de sua Palavra e a emergência das forças vitais do seu Espírito. No sentido do envolvimento do homem, a ascese é o conjunto dos exercícios que transformam a pessoa e a tornam capaz de permitir que o Bem se expresse nela como amor, que o Verdadeiro se expresse em palavras humanas, que o Justo se traduza em projetos concretos de fraternidade e de igualdade, que a Beleza se manifeste na harmonia das formas criadas, e que o Vivo se torne existência e dom. A ascese é, portanto, o caminho que o homem deve percorrer para chegar à união com Deus, que realiza sua identidade pessoal e sua perfeição.

(…) “Muitas vezes utilizamos um conceito pagão ou estóico de ascese como se ela tendesse à perfeição moral, ao bom comportamento ou à eliminação dos defeitos. A perfeição cristã, para a qual a ascese está orientada, não consiste na exemplaridade dos comportamentos humanos, e sim na revelação de Deus, realizada por meio de atos humanos. A santidade evangélica é sempre uma consagração. Portanto, tornar-se santo significa consentir em ser espaço reservado a Deus, lugar de sua epifania para a salvação de muitos. Tornar-se sagrado significa deixar-se transformar em lugar de presença de Deus, significa dar espaço à emergência de sua ação na história, significa fazer ressoar o eco de sua Palavra salvífica.

(…) “Nossos defeitos são um mal somente quando impedem a ação salvífica de Deus. (…) Portanto, a preocupação imediata do caminho ascético não deve ser a pura eliminação dos defeitos pessoais, e sim do obstáculo que eles podem constituir para a revelação de Deus na história humana. A finalidade da ascese, em ordem à pessoa, é, por conseguinte, colocar em movimento dinâmicas que impeçam aos defeitos de desarmonizar as relações com as pessoas e macular as comunidades, de modo a obstar a ação de Deus.”

(1) Conferência dos Bispos da França: Catéchisme des Évêques de France (título 310) – diversas editoras francesas, 1991.

(2) Wilfrid Stinissen: Méditation Chrétienne Profonde – Tradução para o francês do original em língua flamenga pelas Éditions du Cerf, Paris, 1989

(3) Carlo Molari: Meios para o Desenvolvimento Espiritual – Capítulo 4 do livro Curso de Espiritualidade, organizado por Bruno Secondin e Tullo Goffi – Edições Paulinas, 1994

30 Agosto 2006

Postado por Círculo Gregório de Nissa – Sérgio de Morais.


Igrejas cristãs realizam 14º Mutirão de Oração por Crianças e Adolescentes em Situação de Risco nos dias 6 e 7 de junho .

São Luiz Gonzaga (1568-1591)
São Luiz Gonzaga (1568-1591) Beatificado em 1605, canonizado em 1726, e proclamado pelo papa Pio XI, em 1926 - modelo e protetor da juventude
Igrejas cristãs, de origem calvinista ou de outro ramo protestante, no caso autodenominadas evangélicas, demonstraram discernimento quando abandonaram ao longo dos últimos séculos, o viés proselitista, no caso, de anti-catolicismo. Ao invés de serem cristãs, ou seja – efetivamente seguirem a Jesus Cristo – são contrárias ao catolicismo. É o caso da maioria das denominações pentecostais da atualidade. Talvez por esta razão, as Igrejas Batista Betel  e determinada corrente da Igreja Presbiteriana se ocupem do que verdadeiramente agrada a Deus, Criador de todos os seres humanos desde a queda, e Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador: “Amar o próximo”. O que nos “une”, basicamente, é a queda da graça de Deus… E ela atinge a todos… No entanto, temos um Redentor comum. E, por Ele, o amor é fator de união. Então, se queremos viver o amor de Cristo, que Assim Seja.
Gostaria de dar o contexto desta notícia, além do motivo principal, que é sentimento de amor, proteção às crianças.
Recebi em minha caixa de correio a notícia deste evento do ramo cristão evangélico. Após algumas considerações resolvi pela divulgação, ainda que seja um evento “evangélico”. Explico as aspas: acredito que os componentes desta rede de amparo social cristão, assim se autodenominam somente porque integram há muitas gerações a tradição protestante. afinal, nós católicos lemos e meditamos, em essência, os mesmos Evangelhos. Além disso, preocupamo-nos com intensidade idêntica com o sofrimento material e emocional de crianças e adolescentes. Sofrimentos que chegam mesmo à brutalidade, ou violência generalizada contra a infância e a juventude. Portanto o que importa é que esta preocupação comum nos une.
Assim, as ofensas à infância e juventude são tão alarmantes que quaisquer outras questões são menores…
Entendo que tão maléfica quanto a violência física é a psíquica. Prejudicam o desenvolvimento dos “pequenos” de Jesus, e que acabam crescendo no abandono, na injustiça, ou na distorção de valores universais. Entram, em ambos os casos, em um túnel escuro de perdição… Isto é inaceitável.
Assim, há a ação subreptícia de boa parte das produções dos meios de comunicação voltadas ao público infanto-juvenil – vídeos (e vídeo-games), programação de tevê,  e para piorar, a internet. Lembremos que há equipes de trabalho “sofisticadíssimas” envolvidas com sets de filmagem direcionados ao público infantil e adolescente. Há produtores de histórias em quadrinhos (principalmente “mangás” – que incitam em geral à violência e à precocidade sexual). Em uma lancheria vi um desses desenhos: havia um menino bom, com cabelos claros. Ele possuía poderes mágicos… O outro menino que o combatia era mau. Por “coincidência” não era claro e seus cabelos eram escuros… Vestia uma armadura colada ao corpo e um capacete na forma de um unicórnio ou algo assim. Ou seja, para a criança, pessoas más terão esta aparência… Nada é mais irreal.
Desse modo, desgraçadamente, há mais de duas décadas nossos filhos, sobrinhos são as pequenas ovelhas, cordeirinhos destinados a este mercado de lobos… Enriquecem às custas de nossas crianças e jovens, direcionando-os desde o berço para certas  condutas, marcas, entre outras persuasões nefastas. Crianças e jovens, ainda que muito pobres também estão sujeitos a estas visões “mercadológicas” de mundo. Psiquicamente sofrem muito mais com tais pressões porque sentem as limitações de sua condição social – a de pobreza ou pior, a da linha de miséria. A violência de seus comportamentos desde a infância tem como fonte este acúmulo de frustrações… Que Deus nos ajude a reverter este quadro, pouco a pouco. Crianças e jovens devem brincar e estudar em ambientes saudáveis, ainda que simples. Jesus foi um menino pobre, como, em geral, todos de seu tempo. Esta idéia deve unir os cristãos em torno da proteção do mundo infantil e juvenil.
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Fonte: GNotícias

Mutirão de Oração intercede por crianças em situação de risco

Por Renato Cavallera – quinta-feira, 4 junho 2009

Cristãos de todos os cantos do mundo vão orar, neste final de semana, pelas crianças em situação de risco. Entre os motivos de oração está o pedido pelo cumprimento de Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMS), da Organização das Nações Unidas, vinculados à saúde e educação.

O 14o Mutirão Mundial de Oração pelas Crianças e Adolescentes em Situação de Risco é uma iniciativa da Viva, uma organização que apóia o trabalho em rede em favor dessa faixa etária. A Rede Mãos Dadas é a responsável pela mobilização da campanha no Brasil.

O Mutirão de Oração integra, este ano, a Campanha Latino-Americana pelos Bons Tratos da Criança “Ame o seu Próximo – Bons Tratos para a Infância”, que pretende mobilizar igrejas evangélicas da região para que cuidem das crianças em seus espaços e comunidades.

No Mutirão de 2009, cristãos são incentivados a orar pela segurança das escolas de bairro, pela diminuição da pobreza pela metade até 2015, pela melhoria da saúde das gestantes e pela diminuição da mortalidade infantil.

Também são temas de oração o combate à Aids, à malária e outras doenças, a qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente, a igualdade entre sexos e a valorização da mulher, o trabalho pelo desenvolvimento.

As principais situações de risco para as crianças são, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a escravidão ou o trabalho infantil, a guerra e outras formas de violência, o abuso e a exploração sexual, a deficiência física e mental, o abandono ou a perda da família, e o jugo de instituições opressivas.

Segundo Viva, de cada cinco crianças no mundo, uma encontra-se em situação de grande risco social. (Fonte: ALC)

Notícia extraída de http://noticias.gospelmais.com.br/.

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Fonte/imagem: A Família Católica (São Luiz Gonzaga – protetor e modelo da juventude).

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A IGREJA DE JESUSCarmelitas Mensageiras do Espírito Santo

“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mat. 16,18 )

O Senhor Jesus quis permanecer entre nós através da Sua Igreja, onde Ele é a Cabeça e nós os membros. Através dela estamos unidos a Cristo e aos nossos irmãos. O templo é a construção de pedras ou tijolos, a Igreja somos nós. Nós, Igreja, respeitamos a hierarquia deixada pelo próprio Jesus, ou seja, é presidida pelo Sumo Pontífice, o Papa, sucessor de Pedro, e seus auxiliares, os Bispos; a seguir, os Padres e Religiosas e, por fim, os Leigos. Todos formamos uma grande família, a família de Deus.

A Doutrina e a Tradição asseguram a forte Instituição chamada Igreja Católica Apostólica Romana. Católica, pois é universal; Apostólica, por ter sido divulgada pelos Apóstolos; Romana porque Roma é a sede do Bispo, sucessor de Pedro.

Ao fundá-la, Jesus delega ao Apóstolo Simão a missão de chefiá-la.

Falamos, anteriormente, sobre o nome e a missão conferida a ele. Jesus, ao escolher Simão para governar a Igreja nascente, muda seu nome de Simão para Pedro. Pedro foi o primeiro Papa.

Participar, amar e freqüentar a Igreja faz parte do crescimento espiritual da fé. Através da convivência comunitária somos integrados na grande Família de Deus.

É fácil compreender que o amor ama independentemente de ser amado, mas espera ser retribuído e, quando retribuído, pede fidelidade.

A Igreja e mais especificamente o Sacramento da Eucaristia marcam a presença amorosa de Jesus Cristo entre nós. O Senhor nos ama com amor perfeito e também nos pede fidelidade.

A respeito desse tema podemos ver já no Antigo Testamento o quanto a infidelidade é abominável por Deus. Em Levíticos 19, 31 e 20,8 e ainda em Deuteronômio 18, temos um exemplo disso.

Ainda no Antigo Testamento, podemos atestar que a infidelidade foi a causa da quebra da aliança, da amizade entre Deus e os homens.

O ser humano tem fortes tendências à auto-suficiência, ao orgulho, à vaidade e à infidelidade. Essas tendências são tão antigas quanto o ser humano e continuam fortes atualmente.

Liberdade de crenças ou de religiões não é a mesma coisa de caminhos que levam a Deus. Para melhor entendermos, veremos a seguir: os aspectos gerais das antigas e das novas religiões e em que não compartilham com nossa fé.

As Antigas Religiões

…. Hinduísmo

…. Budismo

…. Judaísmo

…. Cristianismo

…. Islamismo

Aspectos que o católico deve observar

Em que difere o cristianismo das religiões acima apresentadas

Ser Cristão

A Igreja de Jesus

SER CRISTÃOCarmelitas Mensageiras do Espírito Santo

Ser Cristão significa “revestir-se de Cristo”, conhecê-Lo através dos Evangelhos e relatos dos Apóstolos, imitar Sua conduta, seguir Seus exemplos, seguir Seus ensinamentos.

Ser Cristão é deixar de lado o “eu” . É anular-se deixando-se cativar por Seu amor. É experimentar Sua doçura, ouvir Sua voz, sentir Sua presença. Mas isso só é possível quando nos rendemos diante de nós mesmos, buscamos conhecê-Lo e  nos dedicamos à oração, que nada mais é do que falar com Deus.

A oração diária, a freqüência aos Sacramentos, a participação da Santa Missa nos levam ao encontro cada vez mais profundo com nosso Senhor.

A intimidade com nosso Senhor faz toda a diferença em nossa vida, sentimos a transformação a cada dia. Dessa maneira a história da Salvação do nosso futuro será marcada pelo cumprimento da missão à qual fomos chamados por Deus.

Jesus fez a vontade do Pai e a cumpriu até o fim. Pelo Pai, foi glorificado. Em Cristo Jesus também nós seremos glorificados pelo Pai, pois o Espírito Santo nos dará força, perseverança e acima de tudo muito amor ao nosso Deus e irmãos. Como diz o Profeta Isaías: “Caminharemos e não nos cansaremos, correremos e não nos fadigaremos”.

Ser cristão implica em fidelidade. Para ser fiel é preciso conhecer o Mestre através dos Evangelhos e buscar a fidelidade com Deus através da oração permanente.

Direitos da Criança – “Para cada criança, um futuro” – Oficina Internacional Católica da Infância – América Latina

O “Dia Mundial da Criança” – 1º de junho – é lembrado em vários continentes nesta data. Há uma razão muito importante para isto.: encontrei na net que neste dia foram assassinadas em campos de concentração nazistas um grande número de crianças. No Museu do Holocausto, em Jerusalém, há o Memorial das Crianças e o “Espaço Janus Korczak”. Ele foi diretor de um orfanato na Polônia.  Pelo fato de se recusar a ver  crianças judias polonesas sob seus cuidados (entre as demais, de outras ascendências)  serem levadas por oficiais do III Reich, as acompanhou…

A propósito de seus direitos, que são universais, há uma página muito interessante (e bem ilustrada), apresentada pela Fiocruz, em alusão à Declaração dos Direitos da Criança, apresentada em 20 de novembro pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em 1959.

Voltemos ao Dia Mundial da Criança. Pela declaração da ONU a data oficial – “Dia Internacional da Criança” é 20 de novembro. Mas a data, em países como os Estados, Brasil, etc. tem relação com algum evento da história destes países. No caso do Brasil, 12 de outubro já estava definido em votação no Parlamento na década de 20. Por decreto, foi definido que seria comemorado juntamente com o dia da padroeira do Brasil – Nossa Senhora Aparecida. Em nosso país, a data, infelizmente,  tem viés comercial, ou seja, venda de brinquedos, tal como acontece em boa parte do mundo… Na rede, comentam que tudo começou nos anos 60 com o lançamento de de uma determinada marca de brinquedos em nosso país. Ainda bem que os organismos envolvidos com a proteção das crianças ignoram a data “festiva” e trabalham o ano inteiro. Se assim não for, há dinheiro público e de doações sendo desperdiçado… Mas, pensemos no melhor, no que edifica, no que as retira de suas tragédias. E há. Leiam o material abaixo. É animador saber que a inspiração divina move um grande número de pessoas. Elas não ficam indiferentes…

Em países como Portugal o “Dia Mundial da Criança” é lembrado em 1º de junho, sendo esta a data para maior parte dos países da Europa, América Latina, leste Europeu, Ásia e África.

As crianças do mundo inteiro, neste dia – 1º de junho –  recebem um foco especial de organismos de auxílio humanitário e estruturalã em relação à situações de risco e sofrimento. Portanto, a data lembra as que morreram sob o regime nazista neste dia e outros, bem como as que são brutalmente asssassinadas, raptadas (desaparecem simplesmente…),  são mortas ou mutiladas por bombas ou minas (e a Convenção de Genebra?), ou ficam em campos de  refugiados na condição de órfãs. Há também as que sofrem maus-tratos dentros das próprias famílias – até o ponto de sucumbirem… Pode haver maior crime? O único consolo que nos resta é que morreram na inocência e estão junto do Criador. Rezam por nós que amamos as crianças do mundo, para que não fiquemos de braços cruzados… Triste, muito triste. Por certo pedem a Deus (todo o tempo, tal como as crianças!), ao chegarem ao Céu que Ele interceda junto aos pais e governantes dos países para que sejam incansáveis na sua proteção…

Portanto, é possível que esteja faltando, infelizmente a nossa parte… O pecado da omissão é grave, em qualquer religião. Nós que cremos em um Deus único – cristãos, judeus, muçulmanos – estendendo a proposta aos budistas, devemos fazer um exame de consciência rigoroso a respeito. O quadro de abandono, mau-tratos e abuso ultrapassa a razão. Nos transformamos em animais… Talvez a consciência do Bem não seja mais a nossa guia…

Leiam por favor o que “pinçei” da rede sobre a ação de um organismo católico, com representação em todo mundo e na América Latina (da qual a CNBB faz parte) – Bureau International Catholique de lÉnfance (BICE) – América Latina. Há opção de leitura, nos idiomas espanhol, francês e inglês.

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Carta de la Oficina Internacional Católica de la Infancia

“Para cada niño, un futuro

Referencias

• Asociación de derecho francés, el Bice es una organización

internacional no gubernamental reconocida por la Santa Sede

como asociación de fieles. Goza de un estatuto consultivo

ante Naciones Unidas. Fue fundado en 1948 por iniciativa de

organizaciones católicas para ayudar a los niños después de

las conmociones de la Segunda Guerra Mundial.

• El Bice trabaja al servicio de todos los niños, sin discriminación ni

proselitismo, respetando su nacionalidad, su cultura, su religión.

« Tiene por objeto el crecimiento integral de todos los niños, dentro

de una perspectiva cristiana y aboga por la humanización de su

suerte.- Se ocupa particularmente de los más desposeídos. » (Art. 3

de los estatutos), Sus colaboradores deben observar un código de

buena conducta.

Las organizaciones católicas comprometidas con los niños

constituyen una red mundial. Son llamadas a formar parte del

Bice así como todos los organismos, cristianos o no, que se

reconozcan en sus objetivos.

• El financiamiento del Bice está asegurado dentro de la más amplia

transparencia por donadores privados, garantes de su independencia y

por proveedores de fondos públicos y privados.

La acción del Bice es duradera. Con todos aquellos que acompañan

a los niños, busca identificar los nuevos riesgos que los amenazan

y las nuevas oportunidades que se les ofrecen. Defendiendo su

dignidad y sus derechos, contribuye en la construcción de un

mundo de justicia y de paz que abre para cada niño un futuro.

http://www.bice.org

Junio 2007

2006_ninos_argentina

Carta de la Oficina Internacional

Católica de la Infancia

« Todo niño que nace es un signo de que Dios

todavía no se ha desesperado de la humanidad »

Rabindranath Tagore, poeta indio, Premio Nobel de literatura en 1913.

Cada niño nos habla a su manera de la belleza y de las heridas de la vida y nos recuerda así nuestra responsabilidad. Su nacimiento representa una nueva esperanza para la humanidad que le debe lo mejor que tiene.

Es por ello que el Bice invierte todas sus fuerzas para promover la dignidad de todos los niños y hacer aplicar sus derechos fundamentales, muy a menudo violados.

Creer en el niño

Afirmar que el niño tiene derechos

Persona humana de verdad, el niño tiene derechos fundamentales inalienables.

Como persona en devenir, es vulnerable y debe ser protegido y acompañado. El Bice lo despierta a su propia dignidad y a sus derechos. Sensibiliza también a los padres, a los que lo rodean y a todos aquellos que intervienen en su desarrollo incluyendo a los poderes públicos.

Favorecer el « dinamismo de vida » propio de cada niño

Cuando los derechos del niño o del adolescente son negados por las condiciones existentes inicuas, cuando sus puntos de referencia están comprometidos, es posible ayudarle a recobrar la confianza en la vida y su propia estima. El niño posee en si mismo importantes recursos. Estos se revelan si puede dialogar, ser escuchado con afecto y respeto, ser defendido.

El Bice favorece esta “resiliencia” que permite al niño reconstruirse.

Velar por el desarrollo del niño en todas sus dimensiones

El niño necesita ser protegido, alimentado, cuidado e instruido. Su bienestar sicológico también es esencial. El vínculo con su familia y su comunidad debe ser preservado. Tiene derecho a la despreocupación, a la risa, al juego, y también a un futuro profesional. El desarrollo integral del niño y de su felicidad demandan aún, cualquiera sea su situación, que pueda reflexionar sobre el sentido de su vida y que se respete la dimensión espiritual que le es propia. La inspiración evangélica del Bice lo incita a este respeto.

Movilizar las competencias para que todos los niños vivan dignamente

Comprometerse radicalmente con los niños en dificultad

En numerosos lugares, los derechos de los niños son negados de manera intolerable explotación mediante el trabajo, situaciones de esclavitud, abandono en la calle, abuso y explotación sexuales, militarización forzada, encarcelamiento, tratamiento inhumano de los niños incapacitados. Estas situaciones producen en los niños y adolescentes violencias y sufrimientos indignantes.

Para combatir en el terreno -en Africa, América Latina, Asia y Europa- el Bice se compromete con socios locales a prevenir todas las formas de violencia y a promover sin descanso los derechos de los niños.

La participación de los niños es el centro de su acción.

Estimular la reflexión y la investigación sobre el niño

El Bice hace el puente entre la experiencia adquirida en el terreno y la investigación científica referente a la infancia, para que se alimenten mutuamente. Es un espacio de reflexión y de cuestionamiento permanente. Gracias a sus publicaciones, a su centro de recursos en Internet, a las instancias de formación que propone, comparte ideas, pericias y buenas prácticas.

Manifestar la voz de los niños

Más que nunca la defensa y la promoción de los derechos de los niños interpelan respuestas concertadas a nivel mundial. El Bice actúa con los niños ante la sociedad civil, los gobiernos y las instancias internacionales: agencias de Naciones Unidas, Consejo de Europa, instituciones de la Unión Europea…

Federando las competencias de varias organizaciones comprometidas en el servicio de los niños, fue uno de los iniciadores de la Convención Internacional de Derechos del Niño. En la actualidad, vela con otras ONG por su aplicación y su evolución.

El interés superior del niño está en el corazón del compromiso del Bice.

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Para não parecer que é somente uma “carta de intenção” deste organismo católico francês, de ação mundial em prol das crianças, leiam por favor o restante do material… Visitem o site. Eles esperam doações. Cá comigo, espero que sejam generosas, afinal as crianças do Brasil e de outros países necessitam de nosso carinho, de nossa adesão à causa… Lembremos que organizações ligadas à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estão conectadas a BICE.

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El Bice en América Latina



En América Latina, el BICE tiene una importante experiencia acumulada desde hace más de 20 años en las temáticas de los derechos de los niños, las niñas y los/las adolescentes. La Delegación Regional del BICE para América Latina (DRBAL) desarrolla su acción en 12 países, en colaboración con sus 28 organizaciones miembros, socias y colaboradoras. Elabora, gestiona y apoya programas y proyectos a corto, mediano y largo plazo, constituyendo una plataforma de concertación para el intercambio, el apoyo, la investigación y la acción.

La base del trabajo efectuado desde la DRBAL es la visión del niño ya no como “objeto de atención y de asistencia”, sino como “sujeto de derechos“, es decir como actor y persona que tiene un rol en la sociedad, con derechos y responsabilidades.

Especialmente relevante es el trabajo efectuado desde la DRBAL para apoyar el desarrollo de la participación protagónica de los niños, las niñas y los adolescentes. Como respuesta al diagnóstico de la exclusión social, económica y política de los más jóvenes, la DRBAL apoya la creación de espacios que den lugar al nacimiento de una verdadera “ciudadania infantil“: toma de decisión, capacidad de intervención, autonomización, autorreflexión, proyección en la sociedad, creación de una identidad propia, organización, y establecimiento de solidaridades entre niños. Allá surge la cuestión de la representatividad de los niños, niñas y adolescentes, así como la construcción de un nuevo modelo de relaciones intergeneracionales. En definitiva, se trata de escuchar y de respectar las ideas y opiniones de los más jóvenes, dándoles una voz.

La Convención sobre los Derechos del Niño ha permitido progresos innegables desde hace 20 años. Todavía, se verifican retrocesos inquietantes y violaciones muy graves de los derechos de los niños en muchas regiones del mundo. La crisis económica que se propaga a escala planetaria no parece, desgraciadamente, mejorar esta situación.

Por ello, a través de una iniciativa del Bice, personalidades y organizaciones de todo el mundo lanzan un Llamamiento Mundial para una nueva movilización a favor de la Infancia abierto a todos que quieren firmarlo.

Este Llamamiento será lanzado oficialmente el 4 de junio en el Palacio de las Naciones en Ginebra.

www.bice.org

El Bice, una red de Miembros

Los Miembros del Bice constituyen una red al servicio de la infancia. Contribuyen juntos a la defensa y promoción de la dignidad y de los derechos del niño.

Esta red de organizaciones, movimientos, expertos… es también un lugar de encuentro y de intercambios, un espacio de creatividad intelectual, una base de recursos y de pericia sobre las cuestiones relacionadas con los derechos del niño.

Una voz ante las Instituciones

El Bice representa activamente sus Miembros ante las Instituciones internacionales y nacionales, las plataformas y coaliciones de ONG de las cuales es miembro.

Los Miembros participan en las acciones de cabildeo del Bice a favor de la infancia.

Fiel a su vocación de agrupar una amplia red de miembros, con un espíritu de gran apertura, el Bice trabaja hoy – 60 años después de su creación – para reunir especialistas y ONG que se reconocen en su filosofía de acción y aquellas personas que trabajan para la infancia en las iglesias locales, instituciones, servicios o movimientos cristianos.

Miembros efectivos del Bice

* Association Nationale des Éducateurs Sociaux (ANES-Congo), Kinshasa, R.D.C.

* Bayard Presse, Paris, Francia

* Bice Belgique, Bruxelles, Bélgica

* Bice Deutschland e.V., Lahr, Alemania

* Caritas Vlaanderen-Vlaams Welzijnsverbond, Bruselas, Bélgica

* Central Office “Ejjew Ghandi”, La Valletta, Malta

* Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Brasil

* Congregation of Christian Brothers, Roma, Italia

* Comisión de Apostolado Laico y Pastoral Familiar, Argentina

* Deutscher Caritas Verband, Freiburg-im-Breisgau, Alemania

* Fleurus-Presse, Paris, Francia

* Frères des Écoles Chrétiennes (FEC), Roma, Italia

* Fondation Orphelins Apprentis d’Auteuil, Paris, Francia

* Fundación Navarro Viola, Buenos Aires, Argentina

* Hogar de Christo, Chile

* Religiosos Terciarios Capuchinos, Roma, Italia

TODAS LAS NOTICIAS – SOCIOS…

socios

Fonte: www.bice.org

SOCIO (BRASIL): Centro Educacional Carlos NovareseOrganização de Auxílio Fraterno (OAF)

Destaque BICE

Primeiro lugar para o Centro Educacional Carlo Novarese, da OAF, em Salvador

A experiência da OAF não só mostra que educação de qualidade é possível, mas também permite calcular os custos dos ensinos fundamental e profissional para o Orçamento do Município, do Estado e eventualmente a nível Federal.

O Ministério da Educação divulgou recentemente os resultados das provas feitas em todas as escolas do Brasil para medir a qualidade do ensino através do IDEB – Índice de Desenvolvimento do Ensino Brasileiro. Este índice avalia o desempenho a nível Estadudal, do Município e de cada escola. Ao mesmo tempo propõe para o Estado, o Município e para cada escola metas crescentes de qualidade até o ano de 2022, quando o Brasil irá comemorar 200 anos de independência.

O Centro Educacional Carlo Novarese da OAF, que já era considerada escola de referência na cidade, obteve a nota mais alta de todo o Município de Salvador, ficando assim com o primeiro lugar na avaliação de 5a à 8a série do ensino fundamental. Alcançou o nível que o mesmo IDEB propõe para Salvador – Bahia, para o ano de 2017.

O Centro Educacional Carlo Novarese é uma Escola conveniada com a Secretaria Municipal de Educação e faz assim parte das escolas Públicas da Cidade de Salvador.

Os alunos são de um bairro particularmente difícil onde dominam a violência, a droga, o abandono, onde há um grande numero de famílias desestruturadas e particularmente pobres, quando não na miséria.

Grande foi evidentemente a satisfação de alunos e professores que viram assim premiados os esforços e os sacrifícios que um estudo sério pede, principalmente nos momentos em que a situação familiar e escolar torna-se difícil e até adversa.

Experiência – Sabe-se, por experiência, que este bom resultado na educação das crianças e adolescentes precisa depois ser integrado com um sério preparo para o mundo do trabalho.

A OAF opera neste setor com o Centro de Formação Profissional de Jovens e Instrutores com cerca de 800 vagas e a possibilidade de receber adolescentes do Juizado, Ministério Público, Entidades de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes.

A educação profissional para os adolescentes mais pobres e da periferia com cursos de longa duração é muito rara. Calcula-se que se tem só na cidade de Salvador mais de 150.000 jovens entre 16 e 18 anos que esperam por esta oportunidade e que nunca terão acesso a ela.

Na OAF funciona também a ÚNICA, a Universidade da Criança e Adolescente, onde todo ano cerca de 15.000 alunos vindos preferencialmente das escolas da periferia, têm a possibilidade de uma introdução lúdica e prazerosa à Ciência e Tecnologia.

Na OAF encontramos também o INSTITUTO FENIX que é um instituto de pesquisa e aplicação prática de novas tecnologias pedagógicas destinadas a alunos já excluídos do ensino público ou prestes a ser excluídos.

Estas atividades são conduzidas em conjunto com universidades locais e universidades estrangeiras como a “Universidade de Torino” e a “Sapienza” de Roma.

Para que a educação no Brasil possa alcançar a qualidade desejada, se quisermos um Brasil mais justo, mais rico e com menos violência, temos que aceitar os desafios apresentados e impostos pela educação. Tem-se que exigir das diferentes esferas públicas que a educaçáo seja assumida com a prioridade que merece e com os custos que ela precisa e exige. É indispensável investir muito mais em quem até hoje menos recebeu. A nossa sociedade infelizmente é ainda profundamente injusta e discriminante para com os mais pobres.

Fonte: http://www.bice.org

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Observação: os destaquem em “azul” são de minha autoria.


5ª Jornada da Pastoral da Cultura: “Elogio à liberdade” – SNPC (Fátima – Portugal)

Convite

5ª Jornada da Pastoral da Cultura: «Elogio à liberdade»

Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC)
Fátima – Portugal

Na atenção que a Igreja dedica à Cultura (ela sabe que aí, de forma prática, se joga a construção do humano) pretende-se afirmar a liberdade como valor inegociável, mas necessariamente articulado com a Verdade, o Bem e a Beleza. Temos de perguntar: “que liberdade é que buscámos e vivemos?”; ou então: “para que serve, para que tem servido a nossa liberdade?”. A cem anos da Implantação da República (importante efeméride a que a Igreja se associa), reflectir sobre Portugal é olhar para a liberdade e averiguar o seu grau de pureza. Conheça o programa e inscreva-se «online».

5 de junho de 2009

9h45: Inscrições e acolhimento – Casa de Nossa Senhora das Dores, Fátima.
10h30: Conferência e debate – “O Estado da Liberdade, um Olhar ao Portugal de Hoje” – José Manuel Fernandes (Director do «Público»)
Moderação: Filipe d’Avillez (Jornalista da Rádio Renascença)
11h45: Intervalo
12h00: Variações Sobre a Liberdade – Madalena Wallenstein (Professora de música, encenadora)
12h30
Missa
13h15
Almoço
14h45: Mesa redonda “Que Havemos de Fazer Com a Liberdade?” – D. Manuel Clemente (Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais), e Marcelo Rebelo de Sousa (Professor universitário)
Moderação: Paulo Rocha (Director da Agência Ecclesia)
16h15
Intervalo
16h30
Acto de Entrega da edição de 2009 do «Prémio de Cultura Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes»
Prof. Adriano Moreira
Apontamento musical
Ensemble em Sol

Quem pode participar na Jornada? Todos os interessados. Como posso participar na Jornada? Através de inscrição.

Índice das perguntas

© SNPC 18.05.2009

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Da Bíblia – Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC)

Ben Sirac 43, 6-10

Também a Lua, sempre exacta,
é a marca dos tempos e o sinal do futuro.
É a Lua que determina os dias festivos,
o seu brilho diminui a partir da Lua-cheia.
É ela que dá o nome ao mês,
e cresce, de modo admirável, nas suas fases.
É farol dos exércitos celestiais,
que brilha no firmamento do céu.
A glória dos astros faz a beleza do céu,
ornamento que brilha nas alturas do Senhor.
À palavra do Santo, dispõem-se segundo as suas ordens,
e nunca se cansam de estar de sentinela.

Da Bíblia

Evangelho segundo São Mateus 16, 1-3entardecer

Então, os fariseus e os saduceus aproximaram-se dele; e, para o tentarem, pediram-lhe que lhes fizesse ver um sinal do Céu.
Ele respondeu-lhes: «Ao entardecer, vós dizeis: ‘Vamos ter bom tempo, pois o céu está avermelhado’; e, de manhã cedo, dizeis: ‘Hoje temos tempestade, pois o céu está de um vermelho sombrio.’
Como se vê, sabeis interpretar o aspecto do céu; mas, quanto aos sinais dos tempos, não sois capazes de os interpretar!

“Do fruto que se extrai da oração e meditação” – São Pedro de Alcântara (1499-1562)

São Pedro de Alcântara, que viveu entre 1499-1562, foi prior de todos os conventos franciscanos da região de Ávila. Visitava Santa Teresa de Jesus quando vinha em missão administrativa. Nesta época, Santa Teresa estava na faixa dos quarenta anos de idade. Ela sentia profunda amizade e admiração por este frei sexagenário, que também lhe retribuía o afeto. Recebia-o acompanhada de sua amiga viúva, quando o avistava, já nas proximidades do Convento São José. São Pedro de Alcântara vinha a pé da cidade vizinha, e, após uma refeição frugal , se deitava à noite para descansar no piso bruto, embaixo de uma escada do convento. Santa Teresa sentia imensa ternura por tamanho despojamento, ainda que observasse em “Vida” (Livro da Vida) que o Santo, que ela chamava Frei Alcântara, talvez não devesse exigir tanto de seu corpo, já velho e cansado. Esta é uma característica peculiar  à sua personalidade: não era favorável a mortificações, ainda que em nada se opusesse ao que estava prescrito na regra carmelita, e menos ainda censurava o rigor da bula de São Francisco, que São Pedro de Alcântara cumpria à risca. É possível que, para melhor honrar o fundador, ia muito além do ideal ascético-místico estabelecido para os frades franciscanos. Santa Teresa provavelmente observara o rigor de seu velho amigo monge, porque em sua ótica, tinha em mente o excesso, por exemplo, de jejuns, já que para ela, isto inclinava suas noviças e monjas à fraqueza corporal, o que poderia implicar em confusões emocionais ou mentais quanto à percepção.

O trecho abaixo se refere ao primeiro capítulo do escrito de São Pedro de Alcântara, intitulado “Tratado sobre a Oração e a Meditação”. Dividido em duas partes, a primeira é composta por doze capítulos. Traduzi do espanhol (faltam dois parágrafos deste primeiro capítulo – um curto e outro, bem longo). Mais adiante publicarei o restante. Me incumbi da tradução sem outra pretensão a não ser a de compreender melhor este escrito importante. Meu intento foi o de absorver melhor o sentido dos ensinamentos de São Pedro de Alcântara em seu “Tratado sobre a Oração e a Meditação”. É evidente que ler em nossa língua facilita bastante este objetivo. O dicionário ficou à mão, já que algumas palavras do idioma espanhol certamente ainda possuem significado paralelo, mas não adequado (no sentido da expressão) para o nosso tempo. Aceito críticas…
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São Pedro de Alcântara

TRATADO SOBRE A ORAÇÃO E A MEDITAÇÃO

Primeira Parte

Capítulo I. Do fruto que se extrai da oração e meditação

Porque este breve tratado fala de oração e meditação, será melhor dizer em poucas palavras o fruto que deste santo exercício se pode extrair, porque com mais alegria de coração  a ele se oferecem os homens.

Coisa notória é que um dos maiores impedimentos que o homem tem para alcançar sua última felicidade e bem-aventurança, é a má inclinação do coração, e, além disso, a dificuldade e o desânimo* que tem para fazer o bem; porque se não fosse isto, facílima coisa lhe seria correr pelo caminho das virtudes e alcançar o fim para que foi criado. Pelo qual disse o Apóstolo (Rom.7,23): alegro-me com a lei de Deus, segundo o homem interior, mas sinto outra inclinação em meus membros, que contradiz a lei de meu espírito. E me faz, assim, cativo da lei do pecado. Esta é, pois, a causa mais universal que há de todo o nosso mal. Pois para acabar com este desânimo* e dificuldade, e facilitar este propósito, uma das coisas mais proveitosas é a devoção. Porque (como disse São Tomás) não é outra coisa a devoção senão a prontidão e a rapidez para fazer o bem, a qual aparta de nossa alma toda esta dificuldade e peso**, e nos torna prontos e rápidos para todo o bem. Porque é um alimento espiritual, um refresco e bálsamo do céu, um sopro e alento do Espírito Santo, além de ser uma afeição sobrenatural; o qual , de tal maneira  regra, anima e transforma o coração do homem, a tal ponto que lhe dá novo gosto e alento para as coisas espirituais, e desgosto e aborrecimento pelas sensoriais***. O qual nos mostra a experiência de cada dia, porque no momento em que uma pessoa espiritual sai de uma profunda e devota oração, ali se renovam todos os bons propósitos; surgem inclinações e determinações de fazer o bem; vem o desejo de agradar e amar a um Senhor tão bom e doce, tal como como na oração se havia se mostrado, e, mais, de padecer novos trabalhos e asperezas, e ainda derramar sangue por Ele. Finalmente, torna verde e se renova todo o frescor de nossa alma. (cont.)

*No original em espanhol: pesadumbre.

**Original: pesadum.

***No original: sensuales.

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Crédito/imagem: http://www.geneall.net/P/per_famous.php?tema_id=21..

“A glória de Nosso Senhor Jesus Cristo se completa com sua Ressurreição e Ascensão” – Santo Agostinho – 24 de maio (“Flos Carmeli”)

Ascensão do Senhor
“Uma vez mais, a liturgia põe diante dos nossos olhos o último dos mistérios da vida de Jesus Cristo entre os homens: a sua Ascensão aos céus”

É Cristo que passa

Sempre me pareceu lógico — e me cumulou de alegria — que a Santíssima Humanidade de Jesus Cristo subisse à glória do Pai. Mas penso também que esta tristeza, própria do dia da Ascensão, é uma manifestação do amor que sentimos por Jesus, Senhor Nosso. Sendo perfeito Deus, Ele se fez homem, carne da nossa carne e sangue do nosso sangue. E separa-se de nós, indo para o céu. Como não havíamos de notar a sua falta?

É Cristo que passa ! A festa da Ascensão do Senhor sugere-nos também outra realidade: esse Cristo que nos anima a empreender esta tarefa no mundo espera-nos no céu. Por outras palavras: a vida na terra, que nós amamos, não é a realidade definitiva; pois não temos aqui cidade permanente, mas andamos em busca da futura (Heb XIII, 14) cidade imutável.É Cristo que passa, 126, 1 Relembremos agora os dias que se seguiram à Ascensão, na expectativa do Pentecostes.

Os discípulos, cheios de fé pelo triunfo de Cristo ressuscitado, e ansiosos ante a promessa do Espírito Santo, querem sentir-se unidos, e vamos encontrá-los cum Maria, Matre Iesu, com Maria, a Mãe de Jesus (Cfr. Act I, 14). A oração dos discípulos acompanha a oração de Maria; era a oração de uma família unida.É Cristo que passa, 141, 4 Jesus subiu aos céus, dizíamos. Mas pela oração e pela Eucaristia, o cristão pode ter com Ele a mesma intimidade que tinham os primeiros Doze, inflamar-se no seu zelo apostólico, para com ele realizar um serviço de corredenção, que é sempre a paz e a alegria. Servir, portanto, porque o apostolado não é outra coisa.

Se contarmos exclusivamente com as nossas próprias forças, nada obteremos no terreno sobrenatural; se formos instrumentos de Deus, conseguiremos tudo: Tudo posso nAquele que me conforta (Phil IV, 13). Por sua infinita bondade, Deus resolveu servir-se destes instrumentos ineptos. Daí que o Apóstolo não tenha outro fim senão deixar agir o Senhor, mostrar-se inteiramente disponível, para que Deus realize — através das suas criaturas, através da alma escolhida — a sua obra salvadora.

São José Maria Escrivá

Reflexão

“Se és o Filho de Deus, desce da Cruz” (cf. Mt 27, 42; Mc 15, 32). Segundo o Fundador de Claraval, é mal concebida essa proposta para comprovar a origem divina de Jesus, pois a realeza e mais ainda a divindade de um ser, não se torna patente pelo ato de descer, mas muito ao contrário, pelo de subir. E foi exatamente o que sucedeu com Jesus, quarenta dias após sua triunfante Ressurreição. Por isso, debaixo de certo ângulo, a Ascensão do Senhor ao Céu constitui a festa de maior importância ao representar a glorificação suprema de Cristo Jesus. Ele próprio a havia pedido ao Pai:

“Glorifica-Me junto de Ti mesmo, com aquela glória que tive em Ti, antes que houvesse mundo” (Jo 17, 5); “Pai, chegou a hora, glorifica o teu Filho, para que teu Filho glorifique a Ti” (ibid. v. 1). Daí ser compreensível a manifestação de alegria dos Santos Padres ao comentarem essa glorificação do Cordeiro de Deus.

“A glória de Nosso Senhor Jesus Cristo se completa com sua Ressurreição e Ascensão.

(…) Temos, pois, o Senhor, nosso Salvador, Jesus Cristo, primeiro pendente de um madeiro e agora sentado no Céu. Pendendo no madeiro, pagava o preço de nosso resgate; sentado no Céu, recolhe o que comprou” (Santo Agostinho).

Postado por Flos Carmeli às 06:52.

Memória – 16 de maio – São Simão Stock e o escapulário da Virgem do Carmo

SaoSimaoStock
São Simão Stock

São Simão Stock, eremita desde os 12 anos, após enfrentar duras perseguições ao dirigir a Ordem do Carmo sediada na Inglaterra e na Terra Santa,  faleceu em 16 de maio de 1265. Sua biografia é impressionante e está intimamente ligada aos primórdios da Ordem Carmelitana. Atentem para este trecho de sua biografia, que segue completa, logo abaixo: “Perseguido pela inveja do irmão mais velho, e atendendo a uma voz interior que lhe inspirava o desejo de abandonar o mundo, deixou o lar paterno aos 12 anos, encontrando refúgio numa floresta onde viveu inteiramente isolado durante 20 anos, em oração e penitência.” Deste isolamento, partiu com a intenção de completar seus estudos e, a seguir, para o encontro futuro com frades carmelitas, em conformidade com o que lhe revelara Nossa Senhora. O encontro com os frades se deu quando São Simão tinha a idade de 48 anos. Em suma: um homem que a tudo enfrentou com fé, oração contemplativa e santidade.

O texto integral publicado pelos Frades Carmelitas Descalços – Província de São José, traz também o interessante encontro de três santos, em Roma, onde foi edificada uma capela em homenagem: Santo Ângelo (Ordem do Carmelo), São Domingos (Ordem dos Pregadores) e São Francisco de Assis. Deste encontro inusitado surgirão duas profecias: uma relacionada aos estigmas de São Francisco, é anunciada por Santo Ângelo, e a outra foi proferida por São Domingos. Nesta, ele fala  do mistério das devoções ao Rosário e ao Escapulário, os quais seriam dados ao conhecimento de sua própria Ordem e à Ordem do Carmo, respectivamente, por revelação da Virgem Maria.  Leia mais…

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Fonte: Ordem dos Carmelitas Descalços – Província São José

Sábado, 16 de Maio de 2009

O ESCAPULÁRIO DA VIRGEM DO CARMO

No dia 16 de julho, há 750 anos, o mais extraordinário penhor de salvação jamais dado ao homem — o Escapulário do Carmo — era entregue a São Simão Stock.

Certo dia, que já vai longe, andando pelas ruas de Roma, encontraram-se três insignes homens de Deus. Um era Frei Domingos de Gusmão, que recrutava membros para a Ordem que fundara, a dos Pregadores, mais tarde conhecida como dos “dominicanos”. Outro era o Irmão Francisco de Assis, o Poverello, que havia pouco reunira alguns homens para servir ao que chamava a Dama Pobreza. O terceiro, Frei Ângelo, tinha vindo de longe, do Monte Carmelo, na Palestina, chamado a Roma como grande pregador que era. Os três, iluminados pelo Divino Espírito Santo, reconheceram-se mutuamente, e no decurso da conversa fizeram muitas profecias. Santo Ângelo, por exemplo, predisse os estigmas que seriam concedidos por Deus a São Francisco. E São Domingos profetizou: “Um dia, Irmão Ângelo, a Santíssima Virgem dará à tua Ordem do Carmo uma devoção que será conhecida pelo nome de Escapulário Castanho, e dará à minha Ordem dos Pregadores uma devoção que se chamará Rosário. E um dia Ela salvará o mundo por meio do Rosário e do Escapulário”.

No lugar desse encontro construiu-se uma capela, que existe até hoje em Roma (…).

Mãe e esplendor do Carmelo

Foi no celebrado Monte Carmelo, no litoral palestino, que o Profeta de fogo, Santo Elias, viu a nuvenzinha que, num período de grande seca, prenunciava a chuva redentora que cairia sobre a terra ressequida. Por uma intuição sobrenatural, soube que essa simples nuvem, com forma de uma pegada humana, simbolizava aquela mulher bendita, predita depois pelo Profeta Isaías (“Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho”), que seria a Mãe do Redentor. Do seu seio virginal sairia Aquele que, lavando com seu sangue a terra ressequida pelo pecado, abriria aos homens a vida da graça.

Dos seguidores de Elias e seus continuadores, de acordo com a tradição, nasceu a Ordem do Carmo, da qual Maria Santíssima é a Mãe e esplendor, segundo as palavras também de Isaías “A glória do Líbano lhe será dada, o esplendor do Carmelo e de Saron” (Is 35, 2). Da Palestina, os eremitas do Monte Carmelo passaram para a Europa, radicando-se em vários países, entre eles a Inglaterra, onde vivia São Simão Stock.

São Simão Stock: nobre e santo

Simão nasceu no ano de 1165 no castelo de Harford, no condado de Kent, Inglaterra, em atenção às preces de seus piedosos pais, que uniam a mais alta nobreza à virtude. Alguns escritores julgam mesmo que tinham parentesco com a família real.

Sua mãe consagrou-o à Santíssima Virgem desde antes de nascer. Em reconhecimento a Ela pelo feliz parto, e para pedir sua especial proteção para o filhinho, a jovem mãe, antes de o amamentar, oferecia-o à Virgem, rezando de joelhos uma Ave-Maria. Bela atitude de uma senhora altamente nobre!

O menino aprendeu a ler com pouquíssima idade. A exemplo de seus pais, começou a rezar o Pequeno Ofício da Santíssima Virgem, e logo também o Saltério. Esse verdadeiro pequeno gênio, aos sete anos de idade iniciou o estudo das Belas Artes no Colégio de Oxford, com tanto sucesso que surpreendeu os professores. Foi também nessa época admitido à Mesa Eucarística, e consagrou sua virgindade à Santíssima Virgem.

Perseguido pela inveja do irmão mais velho, e atendendo a uma voz interior que lhe inspirava o desejo de abandonar o mundo, deixou o lar paterno aos 12 anos, encontrando refúgio numa floresta onde viveu inteiramente isolado durante 20 anos, em oração e penitência.

A Ordem Carmelitana

Nossa Senhora revelou-lhe então seu desejo de que ele se juntasse a certos monges que viriam do Monte Carmelo, na Palestina, à Inglaterra, “sobretudo porque aqueles religiosos estavam consagrados de um modo especial à Mãe de Deus”. Simão saiu de sua solidão e, obedecendo também a uma ordem do Céu, estudou teologia, recebendo as sagradas ordens. Dedicou-se à pregação, até que finalmente chegaram dois frades carmelitas no ano de 1213. Ele pôde então receber o hábito da Ordem, em Aylesford.

Em 1215, tendo chegado aos ouvidos de São Brocardo, Geral latino do Carmo, a fama das virtudes de Simão, quis tê-lo como coadjutor na direção da Ordem; em 1226, nomeou-o Vigário-Geral de todas as províncias européias.

São Simão teve que enfrentar uma verdadeira tormenta contra os carmelitas na Europa, suscitada pelo demônio através de homens ditos zelosos pelas leis da Igreja, os quais queriam a todo custo suprimir a Ordem sob vários pretextos. Mas o Sumo Pontífice, mediante uma bula, declarou legítima e conforme aos decretos de Latrão a existência legal da Ordem dos Carmelitas, e a autorizou a continuar suas fundações na Europa.

São Simão participou do Capítulo Geral da Ordem na Terra Santa, em 1237. Em um novo Capítulo, em 1245, foi eleito 6° Prior-Geral dos Carmelitas.

A Grande Promessa: não irás para o fogo do inferno

Se a bula papal aplacara momentaneamente o furor dos inimigos do Carmelo, não o fizera cessar de todo. Depois de um período de calmaria, as perseguições recomeçaram com mais intensidade.

Carente de auxílio humano, São Simão recorria à Virgem Santíssima com toda a amargura de seu coração, pedindo-Lhe que fosse propícia à sua Ordem, tão provada, e que desse um sinal de sua aliança com ela.

Na manhã do dia 16 de julho de 1251, suplicava com maior empenho à Mãe do Carmelo sua proteção, recitando a bela oração por ele composta, Flos Carmeli2. Segundo ele próprio relatou ao Pe. Pedro Swayngton, seu secretário e confessor, de repente “a Virgem me apareceu em grande cortejo, e, tendo na mão o hábito da Ordem, disse-me:

“‘Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna. Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno’”(3).

Essa graça especialíssima foi imediatamente difundida nos lugares onde os carmelitas estavam estabelecidos, e autenticada por muitos milagres que, ocorrendo por toda parte, fizeram calar os adversários dos Irmãos da Santíssima Virgem do Monte Carmelo.

São Simão atingiu extrema velhice e altíssima santidade, operando inúmeros milagres, tendo também obtido o dom das línguas; entregou sua alma a Deus em 16 de maio de 1265.

Privilégio Sabatino: livre do Purgatório no primeiro sábado após a morte

Além dessa graça específica da salvação eterna, ligada ao Escapulário, Nossa Senhora concedeu outra, que ficou conhecida como privilégio sabatino. No século seguinte, apareceu Ela ao Papa João XXII, a 3 de março de 1322, comunicando àqueles que usarem seu Escapulário: “Eu, sua Mãe, baixarei graciosamente ao purgatório no sábado seguinte à sua morte, e os lavarei daquelas penas e os levarei ao monte santo da vida eterna”(4).

Quais são, então, as promessas específicas de Nossa Senhora?

1º. Quem morrer com o Escapulário não padecerá o fogo do inferno.

Que desejava Nossa Senhora dizer com estas palavras?— Em primeiro lugar, ao fazer a sua promessa, Maria não quer dizer que uma pessoa que morra em pecado mortal se salvará. A morte em pecado mortal e a condenação são uma e a mesma coisa. A promessa de Maria traduz-se, sem dúvida, por estas outras palavras: “Quem morrer revestido do Escapulário, não morrerá em pecado mortal”. Para tornar isto claro, a Igreja insere, muitas vezes, a palavra “piamente” na promessa: “aquele que morrer piamente não padecerá do fogo do inferno”(5).

2º. Nossa Senhora livrará do Purgatório quem portar seu Escapulário, no primeiro sábado após sua morte.

Embora freqüentemente se interprete este privilégio ao pé da letra, isto é, que a pessoa será livre do Purgatório no primeiro sábado após sua morte, “tudo que a Igreja, para explicar estas palavras, tem dito oficialmente em várias ocasiões, é que aqueles que cumprem as condições do Privilégio Sabatino serão, por intercessão de Nossa Senhora, libertos do Purgatório pouco tempo depois da morte, e especialmente no sábado”(6).

De qualquer modo, se formos fiéis em observar as palavras da Virgem Santíssima, Ela será muito mais fiel em observar as suas, como nos mostra o seguinte exemplo:

Durante umas missões, tocado pela graça divina, certo jovem deixou a má vida e recebeu o Escapulário. Tempos depois recaiu nos costumes desregrados, e de mau tornou-se pior. Mas, apesar disso, conservou o santo Escapulário.

A Virgem Santíssima, sempre Mãe, atingiu-o com grave enfermidade. Durante ela, o jovem viu-se em sonhos diante do justíssimo tribunal de Deus, que devido às suas perfídias e má vida, o condenou à eterna danação.

Em vão o infeliz alegou ao Sumo Juiz que portava o Escapulário de sua Mãe Santíssima.

— E onde estão os costumes que correspondem a esse Escapulário? — perguntou-lhe Este.

Sem saber o que responder, o desditoso voltou-se então para Nossa Senhora.

— Eu não posso desfazer o que meu Filho já fez — respondeu-lhe Ela.

— Mas, Senhora! — exclamou o jovem— Serei outro.

— Tu me prometes?

— Sim.

— Pois então vive.

Nesse momento o doente despertou, apavorado com o que vira e ouvira, fazendo votos de portar doravante mais seriamente o Escapulário de Maria. Com efeito, sarou e entrou para a Ordem dos Premonstratenses. Depois de vida edificante, entregou sua alma a Deus. Assim narram as crônicas dessa Ordem.(7)

Postado por Pastoral Vocacional Carmelitana às 08:39

«Nós deixamos tudo e seguimos-te» (Mt 19,27) – Pastoral da Cultura (Portugal)

Fonte: Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC)

Espiritualidade

Mestre Eckhart

S. Francisco de Assis - Convento de Santa Cruz (Capuchos) Serra de Sintra
S. Francisco de Assis - Convento de Santa Cruz (Capuchos) Serra de Sintra

Começa por ti próprio e abandona-te!

As pessoas dizem: «Ah, Senhor, sim, também eu gostaria de me deter assim perante Deus e de ter igualmente tanta devoção e paz com Deus como o fazem outras pessoas; gostaria que acontecesse assim comigo ou que eu fosse igualmente tão pobre», ou: «Nunca nada está certo comigo, seja porque eu não estou ali ou acolá, seja porque faço as coisas assim ou de outro modo, ou tenho de viver no estrangeiro, ou numa cela, ou num convento.»

Na verdade, encontra-se nisso manifestamente envolvido o teu eu e em rigor nada mais. É a vontade própria, ainda que tu não o saibas ou também assim não se te afigure: nunca em ti desperta uma insatisfação que não venha da vontade própria, quer o percebas quer não. Quando dizemos que as pessoas deviam fugir disto e buscar aquilo, seja estes lugares e estas pessoas, sejam estes modos ou a multidão, ou esta atividade – não é isso que tem a culpa de os modos ou as coisas te impedirem: és tu próprio (pelo contrário) que te encontras nas coisas que te impedem, pois tu relacionas-te de modo errado com as coisas.

Por isso começa primeiro por ti próprio e abandona-te! Na verdade, se tu não fugires primeiro de ti próprio, seja para onde for que tu fujas, encontrarás aí obstáculos e insatisfação, seja onde for. As pessoas que buscam a paz em coisas exteriores, seja em lugares ou em modos, em pessoas ou em obras, no estrangeiro ou na pobreza, ou na humilhação – por muito impressionante que isso seja, tudo isso ainda assim não é nada e não oferece qualquer paz. Buscam de modo inteiramente errado, aqueles que assim buscam. Quanto mais longínqua for a distância em que eles vagueiam, tanto menos eles acharão aquilo que buscam. Eles vão como alguém que se enganou no caminho: quanto mais distante estiver, tanto mais confuso se achará. Mas que há-de então esse alguém fazer? Ele deverá primeiro abandonar-se a si mesmo, então ele terá abandonado tudo. Em verdade, se um homem abandonar um reino ou o mundo inteiro, mas conservando-se a si mesmo, então ele não terá abandonado nada. Se, porém, o homem renunciar a si mesmo, seja o que for que ele então mantenha, seja um reino ou a honra, seja o que for, então ele terá abandonado tudo.

Sobre as palavras que S. Pedro disse: «Nós deixámos tudo e seguimos-te» (Mt 19,27) – e ele nada mais tinha abandonado do que uma simples rede e o seu pequeno barco -, afirma um santo: quem voluntariamente abandona o que é pequeno, ele não abandona somente isso, senão que abandona tudo o que as pessoas mundanas ganham, ou mesmo até o que elas somente possam ambicionar. Pois quem abandona a sua vontade e a si mesmo, terá abandonado na realidade todas as coisas de tal modo, como se elas tivessem sido a sua livre propriedade e ele as tivesse possuído com pleno poder discricionário. Pois tudo aquilo que tu não quiseres ambicionar, tudo isso tu entregaste e abandonaste pela vontade de Deus. Por isso disse Nosso Senhor: «Bem-aventurados os pobres em espírito» (Mt 5,3), o que significa: os pobres em vontade. E neste ponto ninguém deve duvidar: se houvesse um qualquer melhor modo, Nosso Senhor tê-lo-ia mencionado, tal como Ele também afirmou: «Se, alguém quiser vir após mim, renegue-se a si mesmo» (Mt 16,24); aí está o mais importante. Tem-te a ti próprio em mira, e onde te encontrares, renuncia a ti; isso é o melhor de tudo.

Mestre Eckhart

In Das pessoas que não se abandonam e estão cheias de vontade própria; Tratados e Sermões, Ed. Paulinas.

18.05.09