O humano vem sendo substituído pelo artifício, e nem mesmo os sentimentos, as emoções estão fora de seu alcance. O mundo virtual está mudando, em sentido geral, a noção do que é viver em uma perspectiva ampla… A Ciência tem se mostrado em muitos campos, um bem para a Humanidade. Mas sabemos que, em geral, oculta conteúdos nefastos ao longo de seu desenvolvimento. Este blog é uma tentativa, e ao mesmo tempo, uma proposta de autopreservação tanto emocional quanto espiritual. Quanto aos visitantes do blog "Castelo Interior", penso que o legado de Santa Teresa, bem como as contribuições da cristandade podem propiciar este "cuidado interior". Aliás, um cuidado vital que envolve nossas mentes, nossas almas. O título do blog é uma reverência à vida e à obra de Santa Teresa de Jesus (Ávila). Suas leituras me inspiraram, e mais que isto, continuam me ensinando a viver neste tempo caótico, a interpretá-lo à luz da Fé. A partir do que compreendi de seus escritos "Castelo Interior" e "Livro da Vida", e os mais breves (estou no início de "Caminho da Perfeição"), me lancei à proposta de uma "mescla" entre Jornalismo, Literatura (suas Obras, por excelência, através da análise de estudiosos carmelitanos descalços, principalmente), com abertura para textos clássicos católicos, e artigos universais e relevantes, segundo a ótica da doutrina católica. Por fim, acredito que a produção de Santa Teresa de Ávila evidenciará o quanto sua produção nos insere em uma inevitável espiral de espiritualidade. Seu tempo, como o nosso, estava impregnado de perigos extremos – tanto para o corpo, quanto para a alma. Entretanto, esta Doutora da Igreja deixou-nos, em seus três principais escritos, a essência de seu pensamento: "Nada te turbe, nada te espante. Tudo se pasa. Dios no se muda. La paciencia todo lo alcanza. Quien a Dios tiene nada le falta. Sólo Dios basta!" (Santa Teresa de Jesus). Este blog foi criado em 2007 e não tem fins comerciais.
Pai nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.
São Pedro, o Apóstolo - primeiro papa da Igreja Católica, ordenado por Jesus Cristo.
Este Portal pretende ser um espaço onde todos os católicos possam participar enviando artigos e noticias sobre temas da igreja , actividades das suas paróquias, catequese, escutismo etc. Inscreva-se na Enciclopédia e envie os seus trabalhos.
Igreja Católica, chamada também de Igreja Católica Romana e Igreja Católica Apostólica Romana , é uma Igreja cristã colocada sob a autoridade suprema do Papa, Bispo de Roma e sucessor do apóstolo Pedro, sendo considerada pelos católicos como o autêntico representante de Deus na Terra e por isso o verdadeiro Chefe da Igreja Universal (Igreja Cristã ou união de todos os cristãos). Seu objectivo é a conversão ao ensinamento e à pessoa de Jesus Cristo em vista do Reino de Deus.
Para este fim, ela administra os sacramentos e prega o Evangelho de Jesus Cristo. (…)
VARIEDADES DE IGREJAS PARTICULARES: (IGREJA CATÓLICA LATINA – a maior delas, entre as “IGREJAS CATÓLICAS DO ORIENTE” – portanto, em sua totalidade, perfazem o número de 23)
Estabelecidos temas e métodos do diálogo entre Santa Sé e tradicionalistas
26.10.2009
por Rafael Vitola Brodbeck
Em sua primeira reunião realizada nesta segunda-feira no Vaticano
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 26 de outubro de 2009 (ZENIT.org).- A primeira reunião realizada nesta segunda-feira entre representantes da Santa Sé e da Fraternidade São Pio X, fundada pelo falecido arcebispo Marcel Lefebvre, serviu para propor os temas e o método com o qual a partir de agora acontecerá o diálogo.
O encontro aconteceu no Palácio do Santo Ofício, sede da Congregação para a Doutrina da Fé e da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, encarregada do diálogo com os tradicionalistas. O evento constitui o primeiro encontro da Comissão de estudo, formada por especialistas da mesma Comissão e da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, com o objetivo de examinar as dificuldades doutrinais que continuam existindo entre a Fraternidade e a Sé Apostólica.
Como representantes da Comissão vaticana participam o dominicano suíço Charles Morerod, secretário da Comissão Teológica Internacional, o jesuíta alemão Karl Josef Becker e o vigário geral do Opus Dei, o prelado espanhol Fernando Ocariz Brana.
Um comunicado emitido pela Comissão Pontifícia Ecclesia Dei revela que o encontro aconteceu em “um clima cordial, respeitoso e construtivo; destacaram-se as maiores questões de caráter doutrinal que serão tratadas e discutidas durante os colóquios dos próximos meses, que provavelmente acontecerão duas vezes ao mês”.
Em particular, acrescenta o comunicado vaticano, “serão examinadas as questões relativas ao conceito de Tradição, ao Missal de Paulo VI, à interpretação do Concílio Vaticano II em continuidade com a Tradição doutrinal católica, aos temas da unidade da Igreja e dos princípios católicos do ecumenismo, da relação entre o cristianismo e as religiões não cristãs e da liberdade religiosa”.
“Ao longo do encontro, também se precisou o método e a organização do trabalho”, anuncia a Comissão Ecclesia Dei.
O bispo Bernard Fellay, superior da Fraternidade, nomeou como representantes o bispo Alfonso de Galarreta, diretor do Seminário Nossa Senhora Corredentora de La Reja (Argentina); o Pe. Benoit de Jorna, diretor do Seminário Internacional São Pio X de Ecône (Suíça); o Pe. Jean-Michel Gleize, professor de Eclesiologia do Seminário de Ecône; e o Pe. Patrick de La Rocque, prior do Priorado de São Luis em Nantes (França).
Datas de aniversário são importantes para pessoas que amam profundamente, desde que esta lembrança (declarada carinhosamente ao aniversariante em seu dia, ou não) seja sempre acompanhada de outros gestos amorosos. É o caso de minha irmã, quatro anos mais nova, portanto, passa pouco dos 40: L. de Fátima Barden Nunes (o nome é de solteira). Mora na Europa. Sua condição é legal; vive com o marido G.J. e meu sobrinho G.N.J. Que Deus proteja a todos.
Amada irmã (de todas as horas) – lembrei o dia todo de ti, neste domingo, dia 25 de outubro. Mas como decidi quebrar certas “cadeias hipócritas” há alguns anos em relação à data, tenho certo desconforto em ligar, mandar e-mail, cartão, visitar. Acho que perdi este tipo de simplicidade, que ainda preservas. Saiba no entanto, mana L., que meu coração “transborda” de amor e carinho por ti. Tal como o de Cristo Jesus e Nossa Senhora, Sua e Nossa Mãe Santíssima. O artigo abaixo, vais entender porque dedico a ti, já que és devota de Nossa Senhora de Fátima, principalmente depois daquele sonho encantador e enigmático que me falaste ao telefone, há alguns anos.
O artigo, do tipo “pergunta-resposta” é dedicado à ti, querida irmã L.de F.B.N (com o casamento J.). O questionamento ao Prof. Fedele é feito por uma jovem de vinte e cinco anos, bastante religiosa. Achei que teria proveito para ti e para quem tiver interesse em ler esta postagem. Na explicação do Prof. Fedele há muito cuidado e carinho com a preocupação com da jovem que se chama Lígia, em relação a comentários de que quem é devoto de Nossa Senhora sofrerá mais perseguições… Achei que faz sentido o temor da jovem, afinal Jesus afirma: “(…) No mundo tereis aflições, mas eu venci o mundo!”
Nós duas, principalmente, que fazemos parte de uma família, sabemos o quanto é importante o aspecto da religiosidade, isto é, o quanto uma família, a pequena (a nossa) e a grande (o seu conjunto) deve ter como centro de suas atenções as ingerẽncias do mundo na vida pessoal e espiritual de cada integrante. Nossa espiritualidade, e acho que concordas comigo, deve estar acima de tudo, mesmo que o “mundo” pareça empenhado em nos jogar, mais e mais, para baixo. Nem pensar! Neste “vale de lágrimas”, lembremos o que Santa Teresa dizia sinteticamente: “Só Deus basta”!
O texto do site do Prof. Orlando Fedele foi publicado integralmente (podia ser um trecho). Eu o respeito, tanto pela idade quanto pelo estudo de Teologia, apesar de seru amor pela polêmica… Nisto, não há dano porque muitas inverdades vêm à tona desse modo. No caso dele, ainda que radical, é do tipo que ama a verdade. Atitude que anda rara hoje em dia…
Nesta resposta à “Lígia”, vemos que é um teólogo piedoso. Seus posicionamentos “drásticos” se dirigem mais à História do Catolicismo (ao período da Idade Média mais exatamente), e sobre algumas condutas da Igreja Pós-Conciliar. Por certo, faz avaliações “radicais”, com as quais, no geral, tendo a concordar. É o caso da Idade Média, que me inquieta. Entendo sua defesa de armadas católicas na época das invasões à espada de povos não-cristãos. Afinal, eles queriam dominar a Europa. Jornalistas sabem de tudo um pouco e têm a obrigação de sempre estar abertos para aprender mais, mais… A História não é matemática, nem é contada como quem uma câmera na mão… Os “pedaços” vão se juntando ao longo do tempo. Portanto, quem sou eu para contestar os aprofundados estudos teológicos do Prof. Fedele! Detalhe: sinto desconforto com a origem da oficialização do dia dedicado à Nossa Senhora do Rosário. Mas sei que isto é devido a viver em uma época em que jamais vi uma pessoa (graças a Deus!) ameaçar outra com uma arma. Faz sentido, não? O Papa São Pio V instituiu a devoção ao Rosário em uma dessas ocasiões – na batalha de Lepanto. O invasor não-cristão iniciou o recuo, por milagre, a partir do momento em que ele, bispos, sacerdotes, povo, príncipes e reis da região invadida dobraram os joelhos, e recitaram por horas o Rosário, sem interrupção. A devoção ao Rosário (e outubro é o mês insituído) foi proclamada oficialmente na Igreja Católica por este Papa – São Pio V (em torno do séc. XV).
Já vai longe a “missiva”, portanto, L., querida irmã, quando os corações estão unidos, são necessárias poucas palavras. Há um texto oriental que diz que Deus conta as lágrimas das mulheres… Hoje eu chorei, mas, repara: uma oração improvisada me tirou da “nuvem” de tristeza em que me envontrava. Vi tua foto… Estás muito bela, mas pelo olhar… Atenta para uma coisa:: Ele e Seus Anjos (principalmente os que são nossos Guardiães) cuidam de nós; nos confortam… Guarda em teu coração, mesmo à distância, o quanto te amo, irmã querida. Até logo…
Felicidades L., e que Deus te ilumine e abençoe. Amém.
Parabenizo pelo site e pela seriedade com que conduz um assunto tão delicado e relevante que é a Religião.
Com relação a Maria, sou muito devota a ela, e em uma das cartas que respondeu a outra leitora, disse que quem é devoto de Maria é vítima de muitas traições. Poderia por gentileza esclarecer essa passagem e falar mais sobre Maria na história de Jesus e suas aparições na atualidade.
Causa-me alegria receber uma carta elogiosa de uma colega de profissão, e ainda mais devota de Nossa Senhora.
Que Deus lhe pague suas palavras elogiosas ao trabalho que desenvolvo, graças a Deus, no site Montfort. Peço-he que reze a Nossa Senhora que me ajude sempre a bem responder o que se me pergunta, e acima de tudo, que me dê forças para bem defender a Igreja Católica Apostólica Romana, em cuja Fé quero viver e morrer . (“Et dans cette Foi je veux vivre et mourir” como Villon fez a mãe dele rezar, em uma das suas famosas baladas).
Professora, a senhora me pede que lhe escreva quase um tratado sobre Nossa Senhora, tanto os temas que me pede são vastos.
E, por falar em Tratado, a senhora conhece o Tratado da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora de São Luís de Montfort, santo patrono de nosso site?
Se não o conhece, recomendo-lhe que compre imediatamente esse livro extraordinário, no qual a senhora poderá encontrar as respostas que me pede.É um livrinho pequeno em tamanho, imenso em valor, profundo em pensamento, que recomendo que leia e medite.Nele São Luís mostra que há um grande combate, na Historia, entre a Igreja e o demônio, e que assim como a serpente odeia Nossa Senhora, porque foi ela que possibilitou que o Verbo de Deus se encarnasse, assim ele detesta os verdadeiros devotos de Maria Santíssima.
Já no início da História, quando Deus expulsou Adão e Eva do Paraíso terrestre, Deus onipotente amaldiçoou a serpente, dizendo-lhe: Inimicitias ponam, isto é, “Porei inimizades”, entre ti e a Mulher, entre a tua raça e a dela, e Ela mesma te esmagará a cabeça, e tu lhe farás ciladas ao calcanhar” ( Gen. III, 15).Portanto, Deus estabeleceu uma inimizade, um ódio entre os filhos do demônio e os filhos da Virgem. Filhos do demônio, como explicou Jesus no Evangelho, (Jo. VIII, 44), filhos do demônio são todos aqueles que querem fazer a vontade do diabo, pai da mentira e assassino desde o começo. Filhos da Virgem são todos aqueles que reconhecem Maria como Mãe de Deus, da qual querem fazer a vontade dela.
É claro que esses dois grupos de homens, querendo coisas opostas, se combatem, e só podem se combater. Há pois uma luta na História entre os filhos das trevas e os filhos da luz. E o demônio faz ciladas ao calcanhar da Virgem, isto é, procura prejudicar os pequenos que a servem.
Canta-se na Liturgia das Horas que Nossa Senhora, sozinha, esmagou toda a heresia. E heresia no singular, como se diz que o demônio é pai da mentira no singular.
Por que mentira no singular?
Porque, no fundo, como há uma só Fé verdadeira, só pode haver uma só mentira, que é a Gnose, doutrina que afirma a divindade do homem, porque a grande tentação do homem é ser Deus.
Como o homem é composto de corpo e alma, a deificação pode ser buscada ou no corpo — e é materialismo panteísta, — ou só na alma, e se cai na Gnose propriamente dita, que afirma a divinização do espírito, condenando a matéria, o corpo.
Por isso fez Deus a língua única da serpente bífida, dividida em duas pontas, para simbolizar a divisão da única tentação, a de sermos deuses, ou panteisticamente, ou gnosticamente. Ora, Nossa Senhora, aceitando ser a Mãe do Verbo de Deus encarnado, esmagou tanto o Panteísmo como a Gnose.
Esmagou o Panteísmo, porque Cristo Filho de Maria, era o Verbo, a Sabedoria de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.Esmagou a Gnose, porque o Verbo de Deus tomou carne em Maria, e de Maria. Ele nasceu “ex Maria Virgine. Et homo factus est”. Nasceu de Maria Virgem e se fez homem. É o que cantamos no Credo, em todas as Missas.
E foi por Maria que o Verbo se encarnou, e viveu entre nós, “cheio de graça e de verdade”, ” Plenum gratiae et veritatis”.
Explica Hugo da Abadia de São Victor, que o olho humano é feito para a luz, e entretanto, ele não pode contemplar o sol que o cegaria se olhado diretamente.E a inteligência humana é feia para contemplar a Verdade divina, mas ficaria “cega” se a contemplasse diretamente, porque a Luz de Deus, a Verdade divina, o Verbo, Sol da Verdade é infinito, e não podemos abarcá-lo.
Entretanto, Deus se encarnou, o Verbo, Verdade de Deus se fez homem, e pudemos contemplá-lo diretamente, sem ficarmos cegos porque a Luz da Divindade, nEle, estava velada pela humanidade de Cristo.
Por isso, a Idade Média inventou o vitral. Pelo vitral, podemos contemplar a luz do sol sem que fiquemos cegos. E a luz do sol passa pelo vitral sem parti-lo. Assim também, a Luz de Deus, o Verbo, a Sabedoria de Deus se fez homem em Maria, sem que sua virgindade imaculada fosse quebrada. E a luz de Deus passou por Maria, e brilhou para nós em Cristo homem, que era cheio de graça e de verdade, e nós podemos ver a sua glória de Unigênito de Deus, sem sermos cegados por sua luz infinita.
Maria Santíssima é, pois, o vitral de Deus.
Por isso, a Idade Média a colocava no centro das rosáceas das catedrais góticas.
Ora, a luz do sol é, em certo sentido, simples. Entretanto, ao passar por um prisma, a luz simples se refrata, espalhando as sete cores.
Assim também, a Luz de Deus é absolutamente simples, mas ao passar por Maria, cheia de graça, a Luz divina se “refrata” e Maria difunde as virtudes de Deus por todos os homens. Daí, dizer-se que Nossa Senhora é Medianeira de todas as graças, visto que é por Maria que Cristo nos concede todas as suas graças, assim como o prisma difunde todas as cores da luz.
Nossa Senhora, prisma de Deus, é a Medianeira de todas as graças. E os protestantes, repudiando Maria, repudiam todas as graças de Cristo.
Não me impeço, então, de citar aqui um poeta exímio — e muito mau –, Dante Alighieri, que escreveu, apesar de sua péssima doutrina pessoal, uma belíssimo louvor à Virgem Maria, (do qual faço uma bem miserável tradução livre, para facilitar a compreensão):
“Vergine Madre, figlia del tuo Figlio,
umile e alta più che creatura,
termine fisso d´etterno Consiglio,
Tu se´colei che l´umana natura
nobiliasti sì, che `l suo fattore
non disdegnó di farsi sua fattura.
Nel ventre tuo si raccese l`amore
per lo cui caldo nell`etterna pace
così è natto questo fiore.
Qui se´a noi meridiana face
di caritate, e giuso, intra i mortali,
se´di speranza fontana vivace.
Donna, se` tanto grande e tanto valli,
che qual vuol grazia ed a te non ricorre,
sua disianza vuol volar sanz` alli.
La tua benignià non pur socorre
a chi domanda, ma molte fiate
liberalmente al dimandar precorre.
In te misericordia, in te pietate
in te magnificenza, in te s`aduna
quantunque in creature é di bontate”
Virgem Mãe, filha de teu Filho,
humilde e mais excelsa que qualquer criatura,
objetivo fixo da eterna Sabedoria.
Tu és aquela que a natureza humana
enobreceste de tal modo que o seu autor
não desprezou fazer-se sua feitura.
Em teu seio, se reacendeu o amor.
por cujo ardor na eterna paz [do céu]
assim germinou esta flor [do conjunto dos bem aventurados em torno de Deus]
Aqui, [no céu] tu és para nós meridiana face
de caridade, e lá em baixo, entre os mortais,
tu és de esperança, fonte viva.
Mulher, tu és tão grande e vales tanto,
que quem quer graça e a ti não recorre,
seu desejo é o de voar sem ter asas. [Parece que Dante escreveu este terceto pensando nos protestantes]
A tua benignidade não socorre apenas
a quem pede, mas muitas vezes,
generosamente precede ao pedir.
Em ti misericórdia, em ti piedade,
em ti magnificência, em ti se reúne
tudo quanto na criatura há de bondade”.
(Dante, Divina Comédia, Paradiso, XXXIII, 1-21).
Prezada Professora Lígia, esta carta já vai bem longa, e como tenho mais 190 cartas em minha caixa de entrada, deixo de lhe responder, hoje, sobre as aparições de Nossa Senhora, em nossos tempos, porque é um outro tema, que desejaria tratar longamente.
Peço-lhe pois, que me desculpe a incompletude desta resposta, que completarei noutra ocasião.
E para que essa resposta prometida não fique para as calendas gregas, peço-lhe que me escreva de novo, lembrando-me de minha dívida.
Para relembrar: a citação da fonte traz a íntegra de um tema – jamais é um resumo; se assim fosse se chamaria matéria jornalística, que se baseia em várias fontes, sejam impressas ou factuais, certo? Confira o site do Carmelo Santa Teresa em sua totalidade. Prima pela simplicidade e a o mesmo tempo, profundidade e beleza. Nunca fui até o Mosteiro das Irmãzinhas Carmelitas Descalças de Itajaí-SC, e por isto não sei explicar, mas, no conjunto do site, as irmãs consagradas me inspiram o seguinte: sensibilidade, despojamento, sinceridade. Portanto, mostram amor às criaturas e à natureza. Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz queriam isto das congregações que fundaram. Que Deus continue contemplando as suas necessidades, e que sempre as abençoe com muito amor e com toda a paz que é possível neste mundo. Amém.
Esta biografia de Santa Teresa é muito rica em detalhes, além de estar carregada de intenso amor pela “madre e mestra” das Carmelitas Descalças; este carinho que se estende ao ramo masculino, fundado por São João da Cruz. Em breve publicarei algo mais sobre este santo, que, na minha visão era um religioso cândido, muito inteligente, simples, obstinado e extremado no amor a Deus Pai, nosso Criador.
Santa Tereza nasceu em Ávila, na Espanha, no ano de 1515. A educação que os pais deram a ela e ao irmão Roderico, foi a mais sólida possível. Acostumada desde pequena à leitura de bons livros, o espírito da menina não conhecia maior encanto que o da vida dos santos mártires. Tanto a impressionou esta leitura que, desejosa de encontrar o martírio, combinou com o irmão a fuga da casa paterna, plano que realmente tentaram executar, mas que se tornou irrealizável, dada a vigilância dos pais.
A idéia e o desejo do martírio ficaram, entretanto, profundamente gravados no coração da menina. Quando tinha 12 anos, perdeu a boa mãe. Prostrada diante da imagem de Nossa Senhora, exclamou: “Mãe de misericórdia, a vós escolho para serdes minha Mãe. Aceitai esta pobre órfazinha no número das vossas filhas”. A proteção admirável que experimentou durante toda a vida, da parte de Maria Santíssima, prova que esse pedido foi atendido.
Deus permitiu que Teresa por algum tempo, enfastiando-se dos livros religiosos, desse preferência a uma leitura profana, que poderia pôr-lhe em perigo a alma. Também umas relações demasiadamente íntimas com parentes, um tanto levianas, levaram-na ao terreno escorregadio da vaidade. O resultado disto tudo foi ela perder o primitivo fervor, entregar-se ao bem-estar, companheiro fiel da ociosidade, sem entretanto chegar ao extremo de perder a inocência.
O pai, ao notar a grande mudança que verificava na filha, entregou-a aos cuidados das religiosas agostinianas. A conversão foi imediata e firme. Uma grave enfermidade obrigou-a a voltar para a casa paterna. Durante esta doença, percebeu o profundo desejo de abandonar o mundo e servir a Deus, na solidão dum claustro. O pai, porém, opôs-se a esse plano, no que foi contrariado por Teresa, que fugiu de casa, para se internar num mosteiro das Carmelitas, em Ávila. No meio do caminho lhe sobreveio uma grande repugnância pela vida religiosa, e por um pouco teria desistido da idéia. Vendo em tudo isto uma cilada do inimigo de Deus e dos homens, seguiu resolutamente o caminho e ao transpor o limiar do mosteiro, os receios e escrúpulos deram lugar a uma grande calma e alegria no coração.
Durante o tempo do noviciado, foi provada por outro relaxamento no fervor religioso que, aliás, pouco tempo durou. Deus mais uma vez lhe tocou o coração, mas de uma maneira tão sensível que Teresa, debulhada em lágrimas, prostrada diante do crucifixo, disse; “ Senhor, não me levanto do lugar onde estou, enquanto não me concederdes a graça e fortaleza bastantes, para não cair mais em pecado e servir-vos de todo coração, com zelo e constância”. A oração foi ouvida e de uma vez para sempre, ficou extinto no coração de Teresa o amor ao mundo e às criaturas e restabelecido o zelo pelas coisas de Deus, do seu santo serviço.
Foi-lhe revelado que essa conversão era o resultado da intercessão de Maria Santíssima e de São José. Por isso, teve sempre profunda devoção a S. José e muito trabalhou para difundir este culto na Igreja.
Profunda era a dor que sentia dos pecados cometidos e dolorosas eram as penitências que fazia, se bem que os confessores opinassem que nenhuma dessas faltas chegava a ser grave. Em visões lhe foi mostrado o lugar no inferno, que lhe teria sido reservado, se tivesse seguido o caminho das vaidades. De tal maneira se impressionou com esta revelação, que resolveu restabelecer a Regra carmelitana, em todo o rigor primitivo. Esse plano, embora tivesse a aprovação do papa Pio IV, a mais decisiva resistência encontrou da parte do clero e dos religiosos. Teresa, porém, tendo a intenção de agir por vontade de Deus, pôs mãos à obra e venceu.
Trinta e dois mosteiros (17 femininos e 15 masculinos) foram por ela fundados e outros tantos reformados. Em todos, tanto no convento dos religiosos, como das religiosas, entrou em vigor a antiga regra. São João da Cruz foi quem assumiu e escreveu as regras para o segmento masculino, a pedido de Santa Teresa.
Em sua biografia há capítulos ( os 11 e os seguintes), que dão testemunho da intensidade da sua vida interior. O que diz sobre os quatro degraus da oração, isto é, sobre o recolhimento, a quietação, a união e o arrebatamento, é realmente aquilo que a oração da sua festa chama “pábulo da celeste doutrina”. Graças extraordinárias a acompanhavam constantemente como fossem: comunicações diretas divinas, visões, presença visível de Cristo.
Um anjo traspassou seu coração com uma seta de fogo, fato este que a Ordem carmelitana comemora na festa da transverberação do coração de Santa Teresa, em 27 de agosto.
Doloroso foi o caminho da cruz pelo qual a Divina Providência a quis levar e não faltou quem lhe envenenasse as mais retas intenções, quem em suas medidas de reforma visse obra do demônio, e intervenção direta diabólica. A calma lhe voltou, quando em 1559, se confiou à direção de São Pedro de Alcântara.
Não tardou que, em 1576, no seio da Ordem se levantasse uma grande tempestade contra a reforma. Veio a proibição de novas fundações, e Teresa viu-se obrigada a se recolher a um dos conventos. Parecia ter-se declarado o fracasso da sua obra: Foi, quando interveio o rei Felipe II. A perseguição afrouxou só pouco a pouco e, em 1580, o Papa Gregório XIII declarou autônoma a província carmelitana descalça.
Esta obra sobre-humana não teria tido o resultado brilhante que teve, se não fosse a execução da vontade divina e se Teresa não tivesse sido toda de Deus, possuidora das mais excelentes e sólidas virtudes, dotada de grande inteligência e senhora de profundos conhecimentos teológicos.
Santa Teresa teve o dom de ler nas consciências e predizer coisas futuras, não lhe faltou a cruz dos sofrimentos físicos e morais. No seio das maiores provações, nas ocasiões em que lhe parecia ter sido abandonada pelo céu e pela terra, era imperturbável sua paciência e conformidade com a vontade de Deus. No SS. Sacramento, achava a forma necessária para a luta e para a vitória.
Sob o impulso de uma graça especial fez o voto de fazer sempre aquilo que a consciência lhe dizia ser o mais alto grau da vida mística. Os numerosos escritos, asseguraram-lhe um dos primeiros lugares entre os místicos.
Oito anos antes de deixar este mundo, foi-lhe revelada a hora da morte. Sentindo esta se aproximar, dirigiu uma fervorosa ordem a todos os conventos de sua fundação ao ou reforma. Com muita devoção recebeu os santos Sacramentos, e constantemente rezava jaculatórias sobre esta: “ Meu Senhor, chegou afinal a hora desejada, que traz a felicidade de ver-vos eternamente.“ – Sou uma filha de Vossa Igreja. Como filha de Igreja Católica, quero morrer.” – Senhor, não me rejeiteis a Vossa face. Um coração contrito e humilhado não haveis de desprezar”.
Santa Teresa morreu em 1582, na idade de 67 anos. Logo após sua morte, o corpo da Santa exalava um perfume deliciosíssimo. Até o presente dia se conserva intacto.
Seu coração, apresentando larga e profunda ferida, acha-se guardado num precioso relicário na Igreja das Carmelitas em Alba.
Sua vida tem duas vertentes bem diferenciadas e, ao mesmo tempo, complementares: para dentro e para fora da Ordem. Para dentro, foi homem de governo, desempenhando o ofício de guardião, mestre de noviços, definidor provincial e ministro provincial; e reformador da vida franciscana em seus aspectos fundamentais. Para fora, foi homem de conselho e de discernimento, acompanhando espiritualmente homens e mulheres que, sabedores de sua santidade e vida espiritual, a ele recorriam: Carlos V, que o chamou a Yuste para falar de sua alma; reis e infantes de Portugal; condes de Oropesa; Rodrigo de Chaves, a quem dedicou seu “Tratado da Oração e Meditação”; Santa Teresa de Ávila e São Francisco Borja.
Frei Pedro viveu um momento histórico, um tempo marcado por intensa inquietude espiritual e grande desejo de renovação de vida. Tempo, como diz um cronista da época, “em que todo o mundo queria entrar no paraíso”. Eram tempos carregados de intensa vida eclesial: celebração de dois Concílios ecumênicos: o Latrão V e o de Trento; três anos santos: o de 1500, com Alexandre VI, o de 1525, com Clemente VII, e o de 1550, com Júlio III; nascimento de numerosas Ordens religiosas: mínimos, barnabitas, teatinos, jesuítas, irmãos de São João de Deus, ursulinas. Tempos de grandes iniciativas missionárias, particularmente na América por obra dos mendicantes, e na Ásia, pelos jesuítas. Eram tempos também de grandes reformas ao interno da Igreja, particularmente a reforma teresiana, e de muitas outras reformas contra a Igreja: a de Martinho Lutero, na Alemanha; a de Henrique VIII, na Inglaterra e Irlanda; a de Calvino, na Escócia; a da igreja nacional na Holanda.
A Ordem dos Frades Menores participou plenamente dessas ânsias de profunda renovação e de dinamismo missionário: início da reforma capuchinha; fortaleceu-se o trabalho missionário da Ordem no Novo Mundo, iniciado pelos chamados “XII Apóstolos”, que saíram para o México em 1523, renovou-se e cresceu com a chegada de mais 150 missionários; na Espanha consolidou-se a reforma dos descalços, iniciada por Frei Juan de Puebla e Frei Juan de Guadalupe e estruturada definitivamente por Frei Pedro de Alcântara com suas Ordenações. Uma reforma que logo se estendeu pela Espanha inteira, Portugal, Brasil, México e Filipinas e que tinha como motor a “estreitíssima observância” da Regra Bulada de São Francisco, lida à luz do Testamento, sem glosas nem comentários acomodatícios.
Como Provincial, Frei Pedro entregou-se aos ofícios humildes, dedicou-se com carinho aos irmãos leigos. Cuidou dos doentes e adotou como lema de sua vida o pensamento de São Pascoal Bailón: “É preciso ter para com Deus um coração de menino, para com o próximo um coração de mãe, e para consigo mesmo um coração de juiz.”
A espiritualidade de São Pedro de Alcântara era de uma profundidade tão grande, que sem interromper a contemplação dedicava-se aos seus deveres de estado. Acima de todos os êxtases ele colocava as obras de misericórdias, o servir Cristo na pessoa dos pobres. Frei Pedro escreveu o “Tratado da Oração e Meditação”.
Frei Pedro foi testemunha privilegiada de todos esses acontecimentos e participou ativamente em muitos deles. Apesar de seu gosto pela solidão e pela oração, não se recusou aos pedidos de conselho e orientação que pequenos e grandes, nobres e plebeus, santos e pecadores lhe faziam para se sentirem seguros nos caminhos da santidade.
São Pedro, consciente de que no seguimento de Cristo nunca se pode dizer que se tenha alcançado a meta e que sempre se pode bater o próprio recorde, se lançou atrás da mais alta santidade, sem olhar o preço que isso lhe pudesse custar, atraindo a si os que, como ele, se sentiam inquietos e desejosos de alcançar a perfeição. No momento em que muitos de seus conterrâneos se lançavam à descoberta e conquista de novos mundos e glórias humanas, Frei Pedro de Alcântara, como um dia fizeram Paulo de Tarso e Francisco de Assis, deixou tudo para ganhar Cristo e viver nele (cf. Fl 3,8).
Sua memória histórica continua viva por onde passou: El Palancar (Cáceres), lugar despojado, rico de solidão e recolhimento, pedra angular de sua reforma, modelo e referência de todas as outras fundações. Frei Pedro, que considerava a alegria espiritual “remo sem o qual não se pode navegar”, começou aqui a última etapa de sua vida; Arrábida, em Portugal, experiência de vida penitente e contemplativa, na qual o importante era manter vivo o “espírito de oração e devoção” com gestos concretos, com a busca intensa da presença de Deus, com “a mente e o coração voltados para o Senhor” (Rnb 22,19); Solitudine, em Piedimonte Matese (Itália), lugar de rigoroso silêncio, de intensa oração e penitência; Arenas de San Pedro (Ávila), com suas ermidas e capelas para recolhimento e solidão orante, onde repousam os restos mortais deste homem que, apesar de sua “áspera penitência – no dizer de Santa Teresa era muito afável… e de privilegiada inteligência”.
Frei Giacomo Bini, então Ministro Geral da OFM, em outubro de 1999, por ocasião do V Centenário de Nascimento de São Pedro de Alcântara.
Nasci em Ávila, Espanha, no dia 28 de Março de 1515. O meu pai chamava-se António Sánches de Cepeda e a minha mãe Beatriz de Ahumada.
Quantos irmãos eram?
Eramos três raparigas e nove rapazes. Do primeiro casamento do meu pai nasceu: o João, a Maria e o Pedro. Ficando viúvo muito cedo voltou a casar com a minha mãe de cujo casamento nasceram: o Fernando, o Rodrigo, eu, o Lorenço António, o Pedro, o Jerónimo, o Agostinho e a Joana. A todos estimava muito e era muito querida de todos, mas o meu companheiro preferido nas brincadeiras era o Rodrigo, com o qual tinha várias aventuras!
Podias contar-nos alguma?
Sim! Juntamente com Rodrigo lia muitas vidas de Santos e um dia, quando eu tinha 7 anos de idade, despertou em nós o desejo de ganhar depressa o céu, então, os dois juntos, decidimos fugir para terra de mouros à procura do martírio. Não conseguimos, porque o meu tio, D. Francisco, nos encontrou à saída de Ávila e arrastou-nos para casa!
Quantos anos tinhas quando ficaste sem a tua mãe?
Tinha então 14 anos, quando me apercebi do que tinha acontecido a minha primeira reacção foi ir junto de uma imagem de Nossa Senhora e pedir-lhe que daí em diante fosse a minha Mãe. Parece-me que embora o tenha feito com ingenuidade valeu-me de muito, porque sempre encontrei ajuda junto dela.
COLEGIAL E CARMELITA
Quando entraste no Colégio das Irmã Agostinhas?
Quando tinha 16 anos o meu pai, receando que me entregasse demasiado às vaidades próprias da sociedade de então, decidiu meter-me neste Colégio a fim de que aí recebesse a boa educação e formação que minha mãe já não me podia dar.
Então o teu pai queria que fosses Religiosa?
Não, pelo contrário! Quando eu, aos 20 anos, decidi optar pela vida religiosa o meu pai negou-se terminantemente a dar-me licença, o que me forçou a fugir de casa na madrugada do dia 2 de Novembro de 1935, para entrar no Convento das Carmelitas da Encarnação em Ávila.
Como foram os primeiros tempos de Carmelita?
Como se sabe no Convento da Encarnação viviam mais de cento e cinquenta monjas, foi no meio delas que comecei o meu Noviciado precisamente um ano depois de entrar e fiz a Profissão a 3 de Novembro de 1537. Foi um tempo vivido com muito fervor e alegria, até que fiquei doente… O meu pai levou-me a Bacedas para me curar, mas voltei a Ávila ainda pior!
É verdade que foste considerada como morta durante três dias?
Por incrível que pareça, é verdade! Chegaram a pôr-me cera nos olhos, como então se fazia aos cadáveres. O meu estado era grave e os médicos davam-me por perdida. Como me vi paralisada com tão pouca idade e no que haviam dado comigo os médicos da terra, determinei-me a recorrer aos do Céu, para que me sarassem, pois desejava a saúde, embora sofresse com muito alegria a sua falta. Pensava algumas vezes que, se estando boa me havia de condenar, melhor seria estar assim. Pensava, no entanto que serviria muito mais a Deus com saúde. Tomei por advogado S. José e encomendei-me muito a ele. Vi claramente que, desta necessidade, como de outras maiores, este pai me tirou com maior bem do que lhe sabia pedir. Embora tenha ficado ainda três anos paralisada e sempre mais ou menos doente, o que é isto comparado com a alegria de continuar a servir o Senhor!
Durante a viagem que fizeste a Bacedas para te curares aconteceu algo importante…
Sim, o meu tio deu-me um livro “O terceiro abecedário” que ensinava a praticar a oração de recolhimento; eu sempre fui muito amiga de livros, mas este devorei-o com especial predilecção e posso dizer que influenciou muito na minha espiritualidade e nas decisões futuras. Outro acontecimento importante foi a morte do meu pai, em 1543. Fui prestar-lhe assistência durante alguns dias e aí conheci o P. Barrón, O. P., que me ajudou a regressar à prática da oração e dos Sacramentos, de que andava um pouco distraída.
REFORMADORA E ESCRITORA
Quando começaste a reforma do Carmelo?
O primeiro Carmelo, de S. José, foi fundado em Ávila no dia 24 de Agosto de 1562, tinha então 47 anos. Aí passei os cinco anos mais tranquilos da minha vida na companhia das Irmãs que partilhavam o mesmo ideal de vida e santidade que eu.
Como surgiu a «ideia» de reformar a Ordem do Carmo?
Ao saber das rupturas na Igreja deste séc. XVI, ao ter notícias de tantos povos sem Evangelho no «novo mundo», comecei a pensar o que poderia fazer por todos eles… depois, numa conversa entre amigas, uma jovem lançou a pergunta: « E porque não fazer uma fundação, com poucas monjas, de vida mais solitária?» Não o tinha pensado, mas o Senhor mandou-me muito que o fizesse.
Quais foram as características principais que desejas-te incutir nas Carmelitas Descalças ou Reformadas?
Quis que o Convento de S. José, assim como os que lhe seguiram, fosse uma fiel IMITAÇÃO DO COLÉGIO DE CRISTO, apenas 12 Irmãs e a Prioresa, favorecendo assim o espírito fraterno, o clima familiar e a ajuda mutua. Aqui todas hão-de ser amigas, todas se hão-de amar no amor d’ Aquele que aqui nos juntou. Ao contrário da maioria dos Convento então existentes que viviam de rendas fixas, quis fundar este Convento em POBREZA, para que as que nele vivessem esperassem tudo, espiritual e material, apenas do Senhor, que nunca falta a quem O ama. Outra característica foi o clima de SILÊNCIO alternado com tempos de CONVÍVIO ENTRE AS IRMÃS, para assim favorecer a oração, a intimidade com o Senhor e alcançarmos melhor o fim para o qual o Senhor nos juntou aqui.
Foram muitas as contradições?
Sim! Quase todos se opuseram, o povo de Ávila que não queria ver-se obrigado a dar esmolas a mais um Convento, nessa altura eram às dezenas naquela cidade, alguns Sacerdotes e até as próprias freiras do Convento da Encarnação, que queriam continuar com a vida mitigada e achavam que o facto de eu querer mais radicalidade era uma injúria para elas, embora algumas me tivessem acompanhado na fundação do Convento de S. José.
Quantos Conventos fundaste em vida?
Com a ajuda e a graça do Senhor e apesar da minha fraca saúde, fundei 16 Conventos de Carmelitas Descalças em Espanha.
Fundou-se mais algum em que não tenhas ido pessoalmente?
Sim. O de Granada, que não podendo ir eu pessoalmente foi a Madre Ana de Jesus com um grupo de Irmãs e Fr. João da Cruz, primeiro Padre Carmelita Descalço.
Como se realizavam as fundações?
Com inumeráveis trabalhos e sacrifícios, cruzando os caminhos de Espanha juntamente com as Irmãs fundadoras, sempre em carros de cavalos. Por vezes o frio ou o calor eram em demasia, outras vezes os caminhos eram péssimos,… Enfim, tudo se passava com ânimo e confiança, pois tínhamos os olhos postos n’ Aquele que nos enviava e que esperava por nós no destino.
Por quem rezam as Carmelitas?
A nossa oração deve abraçar toda a humanidade, todos aqueles que pelo mundo fora mais precisam dela e aqueles que diariamente se dirigem aos Carmelos pedindo a oração das Irmãs, no entanto, temos especialmente presente duas grandes intenções: a conversão dos pecadores (aqueles que andam mais afastados de Deus, que mais O ofendem e se condenam pelos seus próprios actos) e a santificação dos Sacerdotes. Estas intenções que o Senhor, no séc. XVI, me inspirou a pedir às Carmelitas que tivessem presentes na oração continuam a ser de maior importância, urgência e necessidade no séc. XXI.
Foi por estas alturas que começaste a escrever…
Comecei a escrever ainda estava em S. José, a pedido das Irmãs e por vontade dos meus confessores. Não foi sem algum sacrifício que o fiz entre as canseiras das fundações, o peso da doença e a falta de tempo, mas fi-lo para cumprir a vontade de Deus e sempre com o desejo de, com a minha experiência de vida, poder ajudar quem os lesse.
Sem contar as poesias, as muitas cartas e outras pequenas obras, escreveste vários livros, podias enumerá-los?
O primeiro foi o «Livro da Vida», a minha autobiografia;
depois o «Caminho de Perfeição» especialmente dedicado às minhas Irmãs que me pediam continuamente que lhes escrevesse sobre a oração;
o «Livro das Fundações» onde conto o que nelas de mais notável acontecia;
o «Castelo Interior» que eu considero uma das maiores “luzes” que o Senhor me deu; entre outros…
No final da fundação de Burgos, talvez a mais difícil de todas, Teresa chega a Alba de Tormes esgotada. A 4 de Outubro de 1582 (que passará a ser 15 pela reforma do calendário ocorrida nesse dia) ela entra definitivamente na vida para desfrutar de todo o trabalho que teve pela expansão do Reino e principalmente pelo bem da Ordem do Carmelo e da igreja. Depois de passar com valentia por aventuras, obstáculos, negociações, difamações, ameaças a si própria e à reforma iniciada, ela parte feliz exclamando:
“Enfim, morro filha da Igreja!”
SANTA E DOUTORA DA IGREJA
Onde se conserva o corpo de Teresa?
Os seus restos mortais encontram-se à veneração dos fieis no Convento das Carmelitas Descalças de Alba de Tormes, onde morreu.
Quando foi beatificada?
No dia 24 de Abril de 1614, por Paulo V.
Quando foi canonizada?
No dia 12 de Março de 1622, pelo Papa Gregório XV.
Quando e porquê foi, S. Teresa de Jesus, proclamada Doutora da Igreja?
No dia 27 de Setembro de 1970, por Paulo VI. Foi a primeira mulher a quem a Igreja atribuiu este título, porque reconheceu na sua vida um modelo exemplar e os seus escritos alcançaram um lugar eminente na literatura universal da Igreja. Assim, a doutrina de Teresa passa a ser, não só do Carmelo, mas de toda a Igreja, que pode e deve encontrar nela ajuda e luz.
«A vocação das Carmelitas é essencialmente eclesial e apostólica. O apostolado a que S. Teresa quis que se dedicassem suas filhas é puramente contemplativo e consiste na oração e na imolação com a Igreja e pela Igreja” ( Const. 126 )
« Iluminados pelo testemunho de S. Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões, todos os Carmelos procurarão fomentar o espírito missionário , que deve animar a sua vida contemplativa. » ( Const. 127 )
O Carmelo define assim a sua missão:
Buscar e viver neste mundo a presença do Deus vivo e verdadeiro que,
na pessoa de Cristo, habitou entre nós. Mediante a nossa vida esforçamo-nos por ser
testemunhas desta verdade escatológica,
sensibilizando os outros para descobrirem
a presença de Deus nas suas Vidas.
A dimensão apostólica da vida contemplativa é
« amar e fazer amar o Amor!»
(S. Teresa do Menino Jesus)
As Carmelitas apresentam a Deus na oração “as alegrias e as esperanças, as tristezas e angústias da humanidade actual.”( G.S. )
A Carmelita é missionária, porque tem o coração no mundo inteiro,
porque sabe que existe para os outros.
Ser Carmelita é ser Igreja com a Igreja é ter o coração aberto a todas a humanidade!
Os primeiros ermitas do Monte Carmelo
identificaram-se como grupo ou fraternidade,
quando se uniram por um ideal comum: “Viver em obséquio de Jesus Cristo”. velinha
Tinham que realizá-lo adquirindo uma
docilidade especial ao Espírito
que se manifesta na Palavra
e que transmite a mensagem
radical do Evangelho.
Para que a palavra seja eficaz
e se converta em acção
há que aceitá-la e encarná-la.
IRMANDADE MARIANA
Quando foi exigido aos Carmelitas um nome ou
uma identificação que os distinguisse dos outros
religiosos, eles definiram-se como
“Irmãos da Bem-Aventurada Virgem
Maria do Monte Carmelo” .
Esta eleição, que vem praticamente das origens,
foi escolhida, não como distintivo honorífico,
mas como conteúdo espiritual definido,
tendo como ideal a perfeição evangélica em comunhão
com a Santa Mãe de Deus.
EM ESPÍRITO E VIRTUDE DE ELIAS
O «eleanismo» juntamente com o marianismo definem e qualificam todos os Carmelitas.
O começo histórico da Ordem na montanha bíblica do
profeta cria uma espécie de enlace entre o Carmelo e Elias.
« Ardo de zelo pela glória do Senhor, Deus do Universo »
Deus não está nem no furacão , nem no terramoto :
o Profeta Elias encontrou-O na brisa suave.
ENCONTRO DOS IRMÃOS
A Palavra aceite com docilidade na Contemplação
traduz-se necessariamente em acção.
O Carmelo existe em favor da Igreja e dos Irmãos, por isso projecta a sua vida de maneira a que o contacto com Deus se converta em busca do bem do próximo.
Fátima em festa com a perspectiva de visita do Papa
Milhares de fiéis à peregrinação de Outubro, presidida por D. José Policarpo
Santuário de Fátima - Peregrinação - 13.10.2009
Milhares de peregrinos marcam presença esta Terça-feira no recinto do Santuário de Fátima, para participar nas celebrações da peregrinação de 13 de Outubro, este ano presididas pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa.
Esta é a primeira grande peregrinação após o anúncio da visita do Papa em 2010 e a última antes de Maio do próximo ano. D. José Policarpo lembrou, por isso, este momento especial em que “o País inteiro se prepara para receber o Sucessor de Pedro, cabeça do Colégio dos Apóstolos”.
No final da celebração, uma salva de palmas sublinhou as palavras de D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, que lembrava a próxima vinda de Bento XVI ao Santuário.
“Queremos recebê-lo com alegria, com entusiasmo, com participação pessoal, com afecto filial ao sucessor de Pedro, que vem confirmar os irmãos na fé”, disse.
D. António Marto quis ainda fazer chegar ao Papa, através do Núncio Apostólico, presente na Cova da Iria, uma palavra de “grande alegria, grande regozijo, grande gratidão” pela viagem que empreenderá ao Santuário, no próximo ano.
“Muito Obrigado”, concluiu.
Padres atentos às necessidades concretas
Homilia de D. José Policarpo
A identidade e a missão do sacerdote estiveram no centro da homilia proferida esta manhã por D. José Policarpo. Para o Patriarca de Lisboa, a atenção à vida concreta de cada homem, “desafio a toda a Igreja, Povo Sacerdotal, é-o particularmente para nós, sacerdotes, chamados a sermos presenças vivas de Cristo Bom Pastor”.D. José Policarpo afirmou que “a dimensão sacerdotal é, no meio dos homens, a manifestação da solicitude de Deus pelas necessidades do Povo e de cada um. Ele é o pastor do seu Povo, conhece as suas ovelhas, sabe do que precisam, cuida das doentes e das débeis, vai à procura delas, carrega aos ombros a que está ferida”.
“Nas Bodas de Caná, Maria mostra essa atitude pastoral de atenção ao pequeno-grande problema que afligia os esposos. Mostra-o quando diz a Jesus: «não têm vinho» (Jo. 2,5). Que solicitude, que atenção ao pormenor, que capacidade de avaliar um problema pessoal”, precisou.
Em pleno ano sacerdotal, D. José Policarpo afirmou que “o sacerdócio é um mistério de amor, do amor infinito de Deus pelo homem que criou à sua imagem, que destinou a partilhar, na intimidade com Ele, a comunhão de amor, onde encontrará a plenitude da vida”.
“Desse desígnio eterno o homem afastou-se e continua a afastar-se pelo pecado. O sacerdócio resume toda a pedagogia salvífica de Deus: suscita na humanidade o fermento dessa vocação sublime de amor; apesar do pecado, renuncia aos critérios do mundo e deixa-se guiar pela Palavra do Senhor, oferecendo-lhe a sua vida e aprendendo a vivê-la como expressão de louvor”, acrescentou.
O Cardeal-Patriarca referiu que “todos os membros da Igreja são sacerdotes porque são ungidos pelo espírito Santo” e, referindo-se aos padres, lembra que “são ungidos e consagrados pelo Espírito na sua ordenação”. Por isso, recorda que o ministério sacerdotal é fecundo por obra do Espírito Santo. Isto, nas palavras do Patriarca de Lisboa, significa que “a Deus nada é impossível”.
A função sacerdotal passa por “reconhecer e fazer memória da acção salvífica de Deus”, oferecer “a Deus sacrifício de louvor” – de forma particular na “oferta da sua vida a Deus”, proclamar a Palavra que nos revela o amor de Deus e levar o povo a escutá-la e a segui-la, pondo-a em prática”.
O Patriarca de Lisboa considera que “nem podemos imaginar a intensidade com que Maria amou o mundo, encarnando a intensidade do amor salvífico de Deus. Essa intensidade comoveu o próprio coração de Deus, a ponto de o mensageiro divino a saudar como a «cheia de graça», aquela que vive a plenitude do amor”.
“Na sua vocação, ao aceitar o chamamento de Deus, onde ela identifica o desígnio salvífico, ao partilhar com o seu Filho o sacrifício redentor, Maria viveu, na radicalidade do seu coração o amor sacerdotal”, defendeu.
Presentes na Cova da Iria, onde há 92 anos se deu o acontecimento conhecido como “Milagre do Sol” estão 92 grupos de 22 países.
Nota Pastoral do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa
1. Júbilo e Gratidão
O Santo Padre Bento XVI, correspondendo ao convite, várias vezes reiterado, dos Bispos portugueses bem como ao convite do Senhor Presidente da República, aceitou visitar o nosso País, por ocasião da peregrinação aniversária de 12 e 13 de Maio a Fátima, no próximo ano. O anúncio da visita suscitou, de imediato, um sentimento de júbilo e regozijo entre o nosso povo. Trata-se da concretização de um desejo, ansiosamente esperada, que muito nos honra e distingue, até porque Bento XVI escolhe os gestos e as viagens que faz, com motivações espiritualmente profundas e teologicamente ricas.
Queremos, pois, agradecer, de todo o coração, ao Santo Padre e corresponder a esta honra com aquele amor ao Papa que é uma dimensão profunda do catolicismo português. A comunhão visível com o Sucessor de Pedro, fisicamente presente entre nós, será, mais uma vez, ocasião da expressão espontânea desse amor à sua pessoa, ao seu magistério e ao seu serviço universal e de fidelidade à Igreja.
2. Peregrino de Fátima
O Santo Padre vem, essencialmente, como peregrino de Fátima, onde encontrará uma expressão viva de todas as Igrejas de Portugal.
A sua vinda a Fátima coincide com o décimo aniversário da beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta e com as comemorações do centenário do nascimento da Jacinta. Todavia, projecta-se no horizonte mais amplo das suas peregrinações aos maiores santuários marianos espalhados pelo mundo, como grandes centros de evangelização.
Quando o Papa se faz peregrino, na qualidade de Pastor universal da Igreja, é toda a Igreja que peregrina com ele. Por isso, esta sua peregrinação reveste um grande significado pastoral, doutrinal e espiritual.
Ele conhece como ninguém o cerne e o alcance da Mensagem de Fátima, de que se tornou intérprete singular com o seu Comentário Teológico ao “terceiro segredo”, quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Já como Papa, na visita ao Brasil, evocando o nonagésimo aniversário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, não hesitou em falar da “mais profética das aparições modernas”. Sabe, pois, muito bem qual é a actualidade e a importância de Fátima para a Igreja e para o mundo, tal como as exprimiu o Papa João Paulo II, de santa memória: “De Fátima irradia para todo o mundo uma mensagem de conversão e de esperança; uma mensagem que, em conformidade com a fé cristã, está profundamente inserida na história… O apelo que Deus nos faz chegar através da Virgem Santa conserva intacta, ainda hoje, a sua actualidade”.
A peregrinação do Santo Padre a Fátima é, assim, uma interpelação para nós. O Santuário de Fátima, onde se torna viva e actual a Mensagem de Nossa Senhora, é hoje um elemento importante para a evangelização e para a edificação da Igreja no nosso País. Nós, os Bispos, estamos conscientes da importância decisiva deste Santuário. Desejamos que ele exprima o lugar particular de Maria no mistério de Cristo e da Igreja, como estrela da evangelização.
Maria, que o Papa chama “Estrela do mar” na encíclica “Spe salvi”, é aquela que acompanha a viagem de cada um de nós e de toda a Igreja no mar da vida e da história com o amor vigilante e atento de uma mãe que ama os seus filhos e deseja a sua felicidade. E na viagem indica a Luz verdadeira que é Jesus e convida a fixar nele o nosso olhar, repetindo a cada um de nós o que disse aos serventes nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.
Maria é também a “Estrela da esperança” porque indica continuamente a meta, o porto seguro e feliz, a comunhão eterna e definitiva com Deus e com todos os homens, os novos céus e a nova terra onde habitará para sempre a justiça.
Neste sentido, a visita do Santo Padre quer também encorajar o empenho constante e generoso na obra de evangelização, ajudando a passar de uma religiosidade tradicional a uma fé adulta e pensada, capaz de testemunho corajoso em privado e em público, que saiba enfrentar os desafios do secularismo e do relativismo doutrinal e ético, típicos do nosso tempo, que Bento XVI lembra frequentemente.
3. Acolher e acompanhar o Papa peregrino
Neste momento, ainda não está definido o programa da visita do Santo Padre. Na próxima Assembleia dos Bispos, em Novembro, reflectiremos sobre como prepará-la espiritualmente, a fim de que possamos vivê-la como um momento de graça e uma significativa experiência cristã para a Igreja em Portugal.
Desde já convidamos todos os fiéis a acolher o Santo Padre em verdade, como Sucessor de Pedro que vem confirmar os irmãos na fé, e com afecto e participação pessoal, unindo-nos em oração às suas intenções pela Igreja e pelos grandes anseios da humanidade.
Elevemos, pois, a nossa oração à Virgem Maria, Mãe da Igreja, Nossa Senhora de Fátima, para que, com a sua bondade materna, acompanhe os passos do Santo Padre nesta peregrinação e o assista no seu ministério de Sucessor de Pedro, que nos preparamos para acolher e acompanhar com alegria, entusiasmo e devoção filial.
Acessem o link direto da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares (OCDS). O post vai na íntegra, mas limitei o número de imagens para três: a de Jesus ladeado por crianças, uma de São Francisco de Assis e a de Santa Teresa de Ávila. Nesta data, partiram da Terra para junto de Deus Pai e de Seu Filho, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Com radicalidade, dedicaram suas vidas a Ele, ao Seu legado, ainda que em meio a muitos sofrimentos, inclusive físicos, e várias perseguições. No entanto, Santa Teresa de Ávila e São Francisco de Assis viveram na beatitude dos que são, de fato, fiéis a Deus. Cada um a seu modo, de acordo com suas biografias, viveu a santidade com intensidade crescente, contínua, própria dos santos – aqueles que Jesus queria junto de si antes do final dos tempos.
São Francisco de Assis, Santa Teresa – orem por nós! Amém.
Sábado, 3 de Outubro de 2009 Liturgia – 04 de outubro – 27o. DOMINGO DO TEMPO COMUM
27º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Cor litúrgica: Verde
Ofício dominical comum
III Semana do Saltério
Liturgia das Horas: 852-298
Oração das Horas: 945-716
Leituras: Gn 2,18-24 – Sl 127(128) – Hb 2,9-11 – Mc 10,2-16 “Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne.”
O amor que os mantém juntos deve dar-lhes uma razão suficiente para serem fiéis e verdadeiros um ao outro.
SÃO FRANCISCO DE ASSIS, Religioso
(memória omitida hoje)
São Francisco de Assis, chamado pelo Divino Crucificado a reparar Sua Igreja, renunciou à uma rica herança paterna e decidiu viver e anunciar o ideal evangélico na mais estrita pobreza. Em seu desnudamento, recebeu no eremitério de Alverne os estigmas da Paixão e cantou as belezas da Criação. Foi canonizado dois anos após a sua morte, ocorrida em 1226. Seus numerosos discípulos, chamados franciscanos, são repartidos em três ramos: os Frades Menores, os Capuchinhos e os Conventuais.
PERSONALIDADE: SÃO FRANCISCO DE ASSIS, nascido Giovanni Battista di Pietro di Bernardone, (Assis, Verão ou Outono – junho/dezembro de 1181 ou 1182 — 3 de Outubro de 1226) foi um frade católico, fundador da “Ordem dos Frades Menores”, mais conhecidos como Franciscanos. Foi canonizado em 1228 pela Igreja Católica. Por seu apreço à natureza, é mundialmente conhecido como o santo patrono dos animais e do meio ambiente: as igrejas católicas costumam realizar cerimônias em honra aos animais próximas à data que o celebram, dia 4 de outubro. Morreu com 44 anos de idade.
BIOGRAFIA: Seu nome de batismo era inicialmente Giovanni Battista di Pietro (pai) di Bernardone (avô) (João Batista de Pedro de Bernardone), dado pela mãe em homenagem a João Batista – o santo do deserto. Não se sabe ao certo quando e por que o prenome Francisco substituiu o de João. Há três hipóteses sempre recorrentes: a troca do prenome pelo pai, Pedro Bernardone, ao retornar da França dando este nome ao recém nato; uma homenagem que, mais tarde, teria sido feita à sua mãe, que segundo fontes não confirmadas era francesa; e, por fim, uma última hipótese mais plausível, seria um apelido que lhe teria sido dado na juventude por sua paixão pela língua francesa. O francês, aprendido antes da sua conversão, era a língua por excelência da poesia e dos sentimentos cavaleirosos. Um de seus biográfos, Tomás de Celano, afirma que “Quando ele estava cheio de ardor do Espírito Santo falava francês em voz alta.” Nos bosques cantava em francês, e esmolava em francês óleo para a luminária de São Damião.
MORTE: Depois de uma intensa São Francisco retorna a Sta. Maria dos Anjos, muito doente e quase cego, muitos foram os milagres realizados com seus estigmas. A corte papal envia-lhe médico para tratamento mas nada resolve. Sabendo-se próximo da morte, desde a planície lança uma bênção sobre Assis, compõe o “Cântico ao Sol” e dita seu testamento.Francisco morre, rodeado de seus Filhos Espirituais. Fez ler o Evangelho e na Última Ceia abençoa seus filhos espirituais presentes e futuros. Foi sepultado na Igreja de São Jorge na cidade de Assis. Dois anos apos a sua morte é canonizado pelo próprio Papa Gregório IX no dia 16 de Julho de 1228, que vai Assis.
ARTE TUMULAR: Com a construção da nova Basílica na cidade de Assis, que recebe seu nome como formas de homenagear o Santo nascido nesta cidade, suas relíquias foram transladadas para o altar deste templo sagrado. É um altar em granito fosco, dentro de uma urna estão os seus restos em relíquias.LOCAL: Basílica de São Francisco de Assis, em Assis, Itália.
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“Para enamorar-se Deus de uma alma, não olha a sua grandeza, mas a grandeza de sua humildade.” São João da Cruz
Cartas de Santa Teresa de Jesus em 04
1576 – C 123 – Ao Pe. Juan de Jesús (Roca) – Melancolia do PE. Antonio. Assuntos do Capítulo de Descalços de Almodóvar. Enfermidade de Frei Gabriel.
1578 – C 260 – Ao Padre Pablo Hernández, em Madrid – Perseguição contra os Descalços. Suplica-lhe que defenda o Núncio a inocência do Padre Gracián. A Santa dizem seus inimigos que é “uma vagabunda irrequieta”; e a Reforma apelidam de “Ordem nova e invenções.” Pede-lhe falar também ao Padre que confessa o Núncio. Razões que tem a Companhia para defender a Obra da Santa.
1579 – C 298 – Ao Padre Jerônimo Gracián, em Alcalá. Deseja cartas mais freqüentes do Pe. Gracián. Censura-o por cuidar tão pouco de si que está fraca de cabeça pelo muito trabalhar. Dificuldades da nova casa para as Descalças de Salamanca. Repreende com energia a pretensão da Priora de Sevilla, de passar a outra casa. “É mais sagaz do que pede seu estado.”
1580 – C 341 – Ao Padre Jerônimo Gracián, em Medina Del Campo – Saúde da Santa. Notícia da família do Padre Gracián. Procedimento a seguir com o melancólico D. Pedro de Ahumada. Francisco de Cepeda quer tomar o hábito de Descalcez. Aconselha o Pe. Gracián a comprar boa cavalgadura e não viajar em quartão.
1582 – Morre Teresa de Jesus, em Alba de Tormes, professando à Igreja:
“POR FIM, SENHOR, MORRO FILHA DA IGREJA.”
“Viver a vida de tal sorte que viva fique na morte”
Santa Teresa
Terminada a fundação de Burgos, a madre Teresa dispôs sua volta a Palência e Valladolid. A acompanhava sua sobrinha Teresinha, a filha de seu irmão Lourenço, que ia professar, e desejava fazê-lo nas mãos de sua santa tia, em São José de Ávila. Acompanhava-a também a Beata Ana de São Bartolomeu.
Ao chegar a Medina del Campo recebeu ordem do Fr. Antônio de Jesus (vigário provincial dos descalços) de Castilla, que governava a Província na ausência do Padre Gracián, de encaminhar-se a Alba de Tormes. No dia 19 de setembro de 1582 empreendeu a viagem para a cidade ducal.
A noite anterior, 18 de setembro, a passou com uma elevada febre, ainda que esta não fôra obstáculo para que diminuísse a admirável força desta santa mulher, em todo o momento disposta a cumprir fielmente seu dever, antepondo-o a toda comodidade, a todo descanso, bem merecido e justo em seu caso.
A viagem de Medina del Campo a Alba de Tormes foi feita, como todas as suas viagens, de carro, e sua enfermidade e sua fadiga eram patentes pondo em perigo sua vida. Durante o trajeto não se encontraram alimentos adequados para a santa madre, constituindo isto uma verdadeira tortura para a Beata Ana, sua enfermeira e acompanhante. “Quando vi – diz a Beata – que por dinheiro não se achava nada, não podia olhar a madre sem chorar, pois tinha o rosto meio morto”.
Chegaram a Alba de Tormes no dia 20 de setembro. As religiosas esperavam a Santa com uma grande impaciência, pois já tinham notícia de seu estado delicado. Do dia 20 ao 29 foi, sem melhora, mantendo-se em um forçado equilíbrio, “caindo e levantando-se”.
No dia 29, festa de São Miguel, depois de ter participado da missa e comungado, encostou-se para jamais se levantar. Ela mesma, com essa maravilhosa intuição de santa e enferma, soube que a morte estava próxima e dispôs seu ânimo para recebê-la de maneira exemplar e fervorosa. A duquesa de Alba, d. Maria de Toledo, grande amiga e admiradora da santa madre, atendeu pessoalmente em sua última enfermidade, prodigalizando-a toda sorte de cuidados, sem separar-se de seu lado mais que o tempo justo para recuperar forças; segundo as crônicas foi a duquesa de Alba quem dava, de própria mão, os alimentos e remédios à Madre Teresa.
As religiosas do convento de Alba atenderam com todo carinho, zelo e devoção à enferma, e graças a elas temos uma ampla e copiosa informação das últimas instâncias da santa madre.
Todos os testemunhos coincidem em afirmar o sereno gozo que pôs em seus últimos instantes e a fervorosa humildade que tinham suas palavras.
A Beata Ana de S. Bartolomeu, nas informações que se fizeram para a canonização de Santa Teresa, diz: “Dois dias antes de morrer me disse: “Filha, a hora de minha morte chegou…” No dia em que morreu ficou sem poder falar desde a manhã. À tarde frei Antônio de Jesus, um dos primeiros descalços, me mandou fosse tomar alguma coisa. Nem bem tinha saído, a santa madre ficou desassossegada, volvendo os olhos. Pergunto ao frei se queria que eu voltasse, e por sinais me disse que sim. Chamaram-me e, ao ver-me, olhou-se sorrindo, mostrando-me tanta graça e afeto que me tomou as mãos e pôs sua cabeça entre meus braços, e neles a teve até que expirou
Por sua parte a Madre Maria de S. Francisco, monja do convento de Alba de Tormes, que presenciou sua morte, acrescenta, nas informações que se fizeram para a canonização, o seguinte: Perguntando-lhe o frei Antônio de Jesus se queria que levassem o corpo a Ávila, respondeu: “Jesus, é isso que pergunta, meu padre? Tenho que fazer eu coisa própria? Aqui não me farão a caridade de dar-me um pouco de terra?”
Na manhã seguinte, dia de São Francisco, às sete, deitou-se de lado como em geral pintam Madalena, o rosto voltado para as religiosas, com um Cristo nas mãos, o rosto muito belo e aceso, com tanta formosura que me pareceu não ter visto maior em minha vida, e não sei aonde foram parar as rugas, pois as tinha fartas por ser de idade avançada e por ter vivido muito enferma.
“Estando, assim orava, com grande quietude e paz, fazendo alguns sinais exteriores… e entregou sua alma ao Senhor, estando seu rosto em grande formosura e resplendor como um sol incendiado”.
Morreu Teresa de Ahumada aos 67 anos de idade, entre as nove e dez da noite de 4 de outubro de 1582. No aposento em que morreu se vê ainda hoje, através de uma janelinha que se abre no lado do Evangelho, na igreja das Descalças de Alba, onde repousa o seu corpo.
Foi sepultada e sobre seu corpo foi vertida grande quantidade de cal, para que se consumisse o quanto antes e não o levassem a Ávila, como temiam as monjas e os duques de Alba.
No ano de 1584, dois anos depois de sua morte, estando de visita o padre Gracián no convento de Alba, abriu-se o ataúde e acharam seu corpo são e inteiro como se tivesse sido enterrado naquela hora. Antes de voltar a exumar o corpo da santa madre lhe foi amputada a mão direita, que frei Gracián levou às carmelitas descalças de Lisboa. Esta relíquia passou depois ao convento de Baeza, e aí esteve até 1936, quando foi roubada pelos comunistas. O general Queipo de Llano a recuperou em Málaga e a entregou ao General Franco, ditador espanhol, guardando-a numa rica urna de prata, presente de D. Fernando VI e de sua esposa D. Bárbara de Bragança que, por sua vez, a colocou numa urna de mármore negro jaspeado. Por fim a mão voltou ao convento de Lisboa.
No ano de 1585 o Capítulo Geral dos Carmelitas Descalços decretou o translado do corpo da santa a São José de Ávila, translado que se verificou solenemente em 25 de novembro daquele mesmo ano. Não obstante, a instâncias do duque de Alba, conseguiram do Papa Sisto V que o corpo de Santa Teresa fosse devolvido ao convento de Alba de Tormes, devolução que foi levada a cabo a 23 de agosto de 1586. A santa reformadora, a abulense insigne, não podia permanecer em São José de Ávila; sua obra foi dignamente espanhola; foi a mística contemplativa que percorreu a Espanha com a fé e a alegria de sua vocação solene. A morte veio-lhe ao encontro por aqueles campos áridos e secos de Castilla para morrer sempre em casa porque sua casa eram todas as fundações.
Gostei muito das ideias transmitidas no editorial abaixo, publicado no site da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no bairro Higienópolis, São Paulo. Fala do combate espiritual que travam os que querem ser fiéis a Deus. O trecho a seguir sintetiza o seu conteúdo: “No bom combate da vida humana não estamos sozinhos, temos um general: O Senhor dos Exércitos, o nosso Deus, que combate conosco. Ele está no meio de nós!”. A propósito, este editorial nos informa sobre a surpreendente “saída estratégica” de Santa Terezinha diante de um assunto desagradável. Ela se encontra à frente da madre superiora, ao lado de uma de suas irmãs de convento, que não a poupa de ouvir um longo discurso sobre seu comportamento. Nada além de uma queixa banal, infundada, mas irritante. É simplesmente genial a fundamentação que Santa Teresinha dá à sua decisão de recuar… Por alguns dias vou refletir (percebi que tenho temperamento parecido…) sobre como vou aplicar à minha vida este ensinamento da jovem Santa de Lisieux. Ela era avessa a demonstrações de sabedoria, mas como dizem, pensava com “sua própria cabeça”… Demonstra estar ciente de que travava um combate espiritual. Como sabemos, recebeu da Igreja o título de “Doutora da Igreja”. Paradoxalmente, desfazia de si mesma, ou seja, de sua capacidade de compreender escritos teológicos aprofundados, que considerava sábios. Preferia a Bíblia. Por certo, não se referia a Santo Agostinho, São Jerônimo ou São Tomás de Aquino. Em bibliotecas de universidades confessionais há obras que não falam de elementos universais da Fé, e sim sobre a visão de mundo do teólogo. Aliás, em geral, sobre sua visão ideológica… Foi o que constatei in loco, entre as estantes… A simplicidade dá clareza a raciocínios complexos. Percebo isto no Papa Bento XVI. (Lúcia Barden Nunes)
O cristão atravessa a vida combatendo o bom combate. A luta é árdua, pois o homem é fraco e os inimigos são muitos. São João da Cruz, na sua linguagem medieval, aponta três inimigos da alma: a carne, o mundo e o demônio. Na linguagem atual, diríamos que a carne é o nosso eu, com a sua tendência natural ao orgulho e ao egoísmo. O mundo, diríamos, são os contravalores, ou falta de valores, da sociedade que nos rodeia. E o demônio, é aquele que estimula (tentação) a infeliz união das duas coisas: a carne e o mundo, ou seja, o nosso eu orgulhoso e egoísta é continuamente influenciado e alimentado pelos falsos valores da cultura atual. E vice-versa.
No Evangelho, Jesus nos ensina, com teoria e prática, a arte da guerra espiritual. As armas e as estratégias são: amar o inimigo, dar a outra face aos que nos batem, perdoar setenta vezes sete, renunciar a si mesmo, arrancar o olho se for preciso, cortar a mão se for preciso, enfim, fazer o bem sempre e a todas as pessoas que cruzarem o nosso caminho. Resumindo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, ordenou Jesus. O único modo de vencer ou diminuir o mal é fazer o bem! No bom combate da vida humana não estamos sozinhos, temos um general: O Senhor dos Exércitos, o nosso Deus, que combate conosco. Ele está no meio de nós! Sob a orientação do Espírito de Deus avançamos no caminho da vida e, apesar dos medos e das fraquezas, temos a certeza da vitória, pois nós cremos e nos apoiamos na força do amor do Pai. No entanto, faz parte da estratégia da guerra recuar, aliás, no combate espiritual, temos, em algumas ocasiões, até mesmo de fugir. Santa Teresinha nos dá um exemplo da arte da fuga. Escreveu ela sobre um pequeno, mas desagradável, desentendimento que teve com uma irmã do mosteiro: “A pobre irmã a quem eu resistira, começou a desfiar um verdadeiro discurso, cujo fundo era o seguinte: foi a Irmã Teresa do Menino Jesus quem fez barulho… Meu Deus, como ela é enjoada… etc. Eu, sendo de opinião totalmente contrária, tinha muita vontade de defender-me. Felizmente, ocorreu-me uma ideia luminosa. Pensei comigo que, se começasse a justificar-me, não conservaria a paz de minha alma. Sentia também que não tinha virtude suficiente para me deixar acusar sem reagir. Minha última tábua de salvação foi a fuga. Dito e feito. Afastei-me toda caladinha, deixando a irmã continuar seu discurso [para a Madre superiora], que parecia as imprecações de Camilo contra Roma. Meu coração batia tão forte que não me foi possível ir longe e sentei-me na escada para saborear em paz os frutos de minha vitória. Não foi nenhuma bravura, não é verdade, querida Madre? Creio, porém, ser melhor não se expor ao combate, quando a derrota é certa” (MC, 15).
Assim, na guerra espiritual, tanto a luta quanto a fuga, se motivadas pela busca do bem maior, têm um sabor especial de vitória, independentemente do resultado, pois nos aproximam do amor de Deus. Daí Santa Teresinha ter provado, na aparente derrota, a grandeza da graça de Deus.
(EDITORIAL)
Postado por PARÓQUIA STA. TERESINHA DO MENINO JESUS (Ordem dos Carmelitas Descalços-OCD).
Por uma questão de espaço, acesse o novamente, ao final do post, o blog da Capelinha de Nossa Senhora de Nazaré – “Sobre São Miguel Arcanjo”, que traz a íntegra da Novena de São Miguel Arcanjo e dos Nove Coros d’Anjos, aprovada pelo papa Pio IX. No texto, logo abaixo, ele afirma:“Deus, na primeira luta, venceu, servindo-se do Arcanjo São Miguel, devemos, portanto, acreditar firmemente que a luta actual terminará triunfante e também, como outrora, com o socorro e ajuda deste Arcanjo bendito!”. Por admiração ao papa Leão XIII, publiquei o 5º dia, que é denominado “Exorcismo de Leão XIII”.
Acredito, por pesquisas que fui encontrando na internet, que a aparição de Nossa Senhora em Fátima tem estreita ligação com São Miguel Arcanjo, devido à batalha espiritual que ambos travaram, na Anunciação e no combate celeste, respectivamente. Jesus se referiu ao Maligno, dizendo que por esta razão veio até nós: para que os poderes das trevas não triunfassem sobre as criaturas de Deus. Devemos aprofundar mais este “elo espiritual” de Nossa Senhora e o Arcanjo São Miguel porque, a meu ver, envolve a minha, a nossa salvação em Cristo Jesus. São inúmeros os perigos a que nossa alma está exposta. Alguns são sutis, outros se mostram dramáticos, e pior, a maioria deles são insidiosos porque nos distraem da vontade de Deus… Santa Teresa de Jesus fala bastante da ameaça real de nem “merecermos” o purgatório das almas… A Eternidade será nossa companhia; o mundo passará…
Durante a minha infância lia, ou melhor, esquadrinhava o “Almanaque Santo Antônio” e outra publicação jesuíta “Anuário Inaciano”. Nestas leituras encantadoras descobri os relatos sobre as aparições de Nossa Senhora, em Fátima. Foram leituras inesquecíveis. Meu avô materno havia entrado para o seminário Cristo Rei, na região do Vale do Rio dos Sinos, mais especificamente em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Com sua saída para casar com minha avó, por certo comprou as publicações quando minha mãe e meu tio foram alfabetizados. Minha mãe buscou as novas publicações, por assinatura, nos anos posteriores. No início de minha adolescência assinou a “Revista Família Cristã”. Agradeço a ela por tais iniciativas (pelo que me lembro somente eu e ela líamos…). São tentativas de compor a bagagem religiosa dos filhos. Mulheres inteligentes, quando se tornam mães , põem em prática o que o Espírito Santo lhes sopra com sutileza… Para minhas irmãs bem mais novas e meu irmão não surtiu um contínuo e vivo interesse. É o que dizem: todos temos livre-arbítrio. Talvez passassem os olhos pelos anuários. Hoje, se fossem meu filhos, este gesto mínimo já me agradaria.
Havia notícias do mundo católico e textos, algumas bem antigos (história de santos, santas, do Padre João Baptista Reus, por exemplo, me fascinavam…). Portanto, tive formação religiosa sólida através de minha mãe, que sempre recitou o Rosário.Há algum tempo, uma doença a pegou de surpresa, mas agora está praticamente recuperada. Que Deus a ilumine, a fortifique na Fé, que nos traz o discernimento, necessário a todos, e a abençoe. Amém. Afinal, ninguém, nem nada poderá nos afastar do Amor de Deus, como dizem os sacerdotes ao interpretarem as palavras das Escrituras Sagradas. Amém.
Logo abaixo haverá menção ao Confiteor (palavra que tem origem no latim, bem como a oração). Como não teria condições (pelo teclado) de publicá-la, ofereço a versão em língua portuguesa. Esta oração precede a novena, quando se formula o pedido , de acordo com minha pesquisa sobre o “Confiteor”, e depois se recita três Pai-Nossos, três Ave-Marias, três Glórias ao Pai. A seguir recita-se a oração do dia.
CONFITEOR (CONFESSO-ME)
Eu pecador confesso-me a Deus Todo-Poderoso, à Bem-Aventurada Virgem Maria, ao Bem-Aventurado São Miguel Arcanjo, Ao Bem-Aventurado São João Batista, aos Santos Apóstolos, São Pedro e São Paulo. a todos os santos e a vós, Padre, porque pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras e obras (bate-se por três vezes no peito), por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Portanto, rogo à Bem-Aventurada Virgem Maria, ao Bem-Aventurado São Miguel Arcanjo, ao Bem-Aventurado São João Batista, aos santos Apóstolos, São Pedro e São Paulo, a todos os Santos e avós, Padre, que rogueis a Nosso Senhor por mim.
“Eu sou o chefe dos exércitos do Senhor” (Js 5,14)
“Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande chefe, o protector dos filhos do seu povo. Será uma época de tal desolação, como jamais houve igual desde que as nações existem até aquele momento” (Dn 12,1)
“O chefe do reino persa resistiu-me durante vinte e um dias; porém Miguel, um dos principais chefes, veio em meu socorro” (Dn 10,13)
“Contra esses adversários não há ninguém que me defenda a não ser Miguel, vosso chefe” (Dn 10,22)
“Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles.” (Ap 12,7-8)
“Ora, quando o Arcanjo Miguel discutia com o demónio e lhe disputava o corpo de Moisés, não ousou fulminar contra ele uma sentença de execração, mas disse somente: Que o próprio Senhor te repreenda” (Jd 1,9)
Disse o Papa Beato Pio IX: “São Miguel é quem tem maior capacidade para exterminar as forças malditas, filhas de satanás, que geraram a ruína da sociedade cristã”.
O Papa São Pio X disse: “Deus, na primeira luta, venceu, servindo-se do Arcanjo São Miguel, devemos, portanto, acreditar firmemente que a luta actual terminará triunfante e também, como outrora, com o socorro e ajuda deste Arcanjo bendito!”.
O Papa Pio XII proclamou em 08 de maio de 1940, que: “era urgente hoje, mais do que nunca, recorrer à protecção de São Miguel, lembrando que ele é o protector e o defensor da igreja e dos fiéis, o guardião do Paraíso, o apresentador das almas junto de DEUS; o Anjo da Paz e o Vencedor de satanás”.E no dia 08 de maio de 1945, fez novamente outro apelo: “Desfraldai o Estandarte do insigne Arcanjo, repeti o seu grito: QUEM É COMO DEUS?”.
São Francisco de Sales dizia: “A veneração a São Miguel é o maior remédio contra a rebeldia e a desobediência aos mandamentos de Deus, e contra o ateísmo, asceticismo e a infidelidade.” Precisamente, estes vícios são muitos evidentes nos nossos tempos. Mais do que nunca na nossa era actual necessitamos da ajuda de São Miguel a fim de mantermos fieis a Fé. O ateísmo e a falta de fé estão infiltrado todos os sectores da sociedade humana. É nossa missão como fieis católicos confessar nossa fé com valentia e gozo, e demonstrar com zelo nosso amor por Jesus Cristo”
E São Boaventura disse: “Nossa Senhora nos manda o Príncipe São Miguel com todos os Anjos, para que imediatamente os defenda das investiduras dos demónios e recebam as almas de todos os que a Ela continuamente se têm encomendado.”
Conforme o testemunho piedoso do arquidiácono d’Évreux, o Sr. Boudon, o mais fervoroso apóstolo dos Santos Anjos no séc. XVIII, essa prática devocional obtém “graças extraordinárias”. Por causa dela, ele presenciara “maravilhas… e a ruina dos poderes demoníacos nos misteres mais importantes”. Além disso afiança que esse é um meio eficacíssimo para lograr o socorro do Céu durante as calamidades públicas e as dificuldades pessoais.A Novena de São Miguel e dos Nove Coros d’Anjos pode se fazer a qualquer tempo, em comum ou sozinho. Não há fórmulas prescritas. Propomos tão-somente as orações abaixo. Pode-se, se for do agrado, adotá-las outras.
Nas condições ordinárias, pode-se lucrar uma indulgência plenária no curso da novena (em dia a se escolher) ou depois de oito dias consecutivos.
Pio IX, 26 de novembro de 1876.
A cada dia:
Recitar o Confiteor, formular o pedido, depois recitar três Pai-Nossos, três Ave-Marias, três Glórias ao Pai.
O Confiteor
1. Confiteor (Eu me confesso)
O que é o Confiteor?
Uma oração na qual nos reconhecemos diante de Deus como pecadores.
É uma ciência se saber pecador?
É uma ciência rara e preciosa, a qual só podemos alcançar por uma graça gratuita de Deus.
A que nos conduz essa tão rara ciência?
Pedir e obter de Deus o perdão de nossos pecados.
E o que é o Confiteor nessa ciência?
É como o resumo dessa ciência, é a penitência em prática, ou melhor, é o ato de contrição dramatizado.
Porque dramatizado?
Porque nele está a constituição de um grande tribunal, a instrução da causa, a defesa dos advogados e enfim uma sentença que não é nunca uma condenação.
Isso pede uma explicação.
2. O tribunal
Qual é esse tribunal mencionado no Confiteor?
É o tribunal do próprio Deus, o soberano Juiz, tendo como assessores toda a corte celeste.
Porque razão pomos no papel de juizes todos os santos do céu?
Porque Deus nos assegura que os santos julgarão com ele e também por uma razão que descobriremos depois.
Quais são os santos designados no Confiteor?
Primeiramente a Santíssima Virgem, depois são Miguel, o primeiro dos Anjos, são João Batista, o primeiro dos santos, são Pedro o primeiro dos apóstolos e dos Papas, são Paulo seu companheiro de apostolado e de martírio, depois todos os santos do céu.
Mas não se nomeia também o padre?
Sim, o padre é nomeado depois de Deus e dos santos.
Porque?
Porque no sacramento da Penitência ele é o ministro de Deus para pronunciar a sentença que é a do próprio Deus.
3. A instrução da causa
Como se faz a instrução da causa nos tribunais humanos?
Ouvindo as testemunhas e a confrontação das testemunhas com o que diz o acusado.
É a mesma coisa no tribunal de Deus?
Não, porque aqui toda a instrução consiste na acusação do culpado, confissão que está significada desde o começo pelas palavras: Eu me confesso, Confiteor.
Quais são as acusações do culpado?
Ele confessa seus pecados de pensamento, palavras e atos.
Quais são as conseqüências dessas acusações?
Estando o tribunal suficientemente instruído, segue em frente e ouve a defesa.
Mas como encontrar defensores se o pecador já confessou tudo?
É precisamente a confissão do culpado que vai se tornar o grande meio da defesa. Assim quis a eterna bondade do Deus de misericórdia.
4. A defesa
Quais serão os defensores do culpado?
Todos os assessores do soberano Juiz.
Como podem os juizes se transformarem em advogados?
Ao pedido da oração do pecador, todos os santos se voltarão para Deus e pedirão misericórdia.
Como o pecador os incita a lhe prestarem tão bom oficio?
Como os nomeou na primeira vez para juízes, nomeia todos na mesma ordem, lhes suplicando que sejam seus intercessores junto ao Senhor nosso Deus.
E os santos aceitarão esse convite?
Sem dúvida, sua caridade para conosco os levarão a isso e acolherão sempre nossos pedidos com tanto mais empenho quanto mais completa nossa confissão.
E Deus, escutará sua defesa em nosso favor?
Sim, porque está escrito que ele não quer a morte do pecador, mas que ele viva (Ez.XXX,11)
5. A sentença
Depois disso, qual será a sentença?
O pecador que se confessa, que põe sua confiança na bondade de Deus e na intercessão dos santos, indica por si mesmo a fórmula.
Como ele concebe a sentença?
Ele reclama para si mesmo uma sentença de perdão, e a pede ao Deus todo poderoso e misericordioso.
E o próprio Deus julga assim?
Sim, porque Nele, todo homem penitente encontra graça e misericórdia
Sendo assim, como devemos dizer nosso Confiteor?
Devemos dize-lo com o pensamento no julgamento final onde tudo será revelado, tudo será julgado; mas então será um julgamento de justiça, e agora imploramos um julgamento de misericórdia.
Podemos afastar de nós o julgamento de justiça?
Sim, pedindo agora a misericórdia de Deus, recebendo a sentença de nosso perdão na absolvição do padre.
A cada dia:
Recitar o Confiteor, formular o pedido, depois recitar três Pai-Nossos, três Ave-Marias, três Glórias ao Pai.
Encerrar com a seguinte oração (conforme o dia)…
São Miguel Arcanjo, a quem a Santa Igreja venera como guardião e protetor, a vós o Senhor confiou a missão de introduzir na celeste felicidade as almas resgatadas. Implorai ao Deus da Paz para calcar satanás a nossos pés, a fim de que não possa mais reter os homens em cadeias e lesar a Santa Madre Igreja. Apresentai ao Altíssimo nossas orações, para que instantemente o Senhor faça-nos a misericórdia. A vós também imploramos, vós que aprisionastes o dragão, o diabo-satã da antiga serpente, e que o lançastes acorrentado no abismo, para que não mais seduzisse as nações. Ámen. (Exorcismo de Leão XIII)
São Miguel Arcanjo, que tendes por missão reunir as orações, dirigir os combates e pesar as almas, presto homenagem à vossa beleza – em tudo semelhante a beleza de Deus e que, segundo o Verbo Eterno, como vós não há outro espírito igual. Presto homenagem ainda a vosso poder sem limites em favor daqueles que são vossos devotos, e à vossa vontade toda em harmonia com o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria, para o bem dos homens [1]. Defendei-me contra os inimigos da alma e do corpo. Tornai-me sensível à consolação de vossa assistência invisível e aos efeitos de vossa terna vigilância. Ámen.
[1] Ven. Filomena de Santa Colomba.
Nihil Obstat :Constantiis, die 18 a feb. 1949L. LERIDEZc. d.Imprimatur+ JEANÉvêque de Coutances et Avranches
“Glorioso Arcanjo São Miguel, Príncipe da Milícia Celeste, protector das almas, eu vos chamo e invoco para que me livres de toda adversidade e de todo pecado, fazendo-me progredir no serviço de Deus e conseguindo-me Dele a graça da perseverança final, para que eu possa habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida.Amém.”
“O anjos levam as nossas orações à bondade misericordiosa do Altíssimo e de informar-nos se elas foram atendidas. Assim sendo, as graças que recebemos nos são dadas por Deus, que é o princípio e o fim de nossa vida, através da intercessão de nosso Anjo Bom.” ( São Francisco de Sales)
“Deus, que criou todas as coisas, criou também os anjos, para que o louvem, obedeçam e atendam. Criou-os para serem eternamente felizes e para que nos ajudem e guiem, especialmente toda a sua Igreja. Entretanto uma grande parte desses anjos cometeu o grave pecado da soberba, desejando tornar-se iguais ao próprio Criador. Por isso Deus os condenou e os precipitou no inferno, onde permanecerão para todo o sempre. Esses anjos rebeldes são chamados espíritos maus, diabos ou demônios, e têm como chefe Satanás.
Os anjos que ficaram fiéis a Deus são os chamados anjos bons ou simplesmente: anjos. Dentre esses é que Deus escolhe nosso Anjo da Guarda, que é pessoal e exclusivo, cuja função é proteger-nos até o retorno da nossa alma à eternidade. Ele nos ampara e nos defende das dos perigos com que os espíritos maus nos tentam, na nossa vida terrena. “Porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos, eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra” (Sl 90,11-12).
Os Anjos da Guarda estão repletos de dons e privilégios especiais, com uma missão insubstituível ao longo da criação. Eles possuem a natureza angélica espiritual, que é a síntese de toda a beleza e de todas as virtudes de Deus, por isso impossível de ser representada.
Deus confiou cada criatura a um Anjo da Guarda. Esta é uma verdade que está em várias páginas da Sagrada Escritura e na história das tradições da humanidade, sendo um dogma da Igreja Católica, atualmente também confirmado pelos teólogos. A devoção dos anjos é mais antiga até que a dos próprios santos, ganhando maior vigor na Idade Média, quando os monges solitários receberam a companhia dessas invisíveis criaturas, cuja presença era sentida nas suas vidas de silenciosa contemplação e íntima comunhão espiritual com Deus-Pai.
Todavia o Eterno Guardião, como o Anjo da Guarda também é chamado, tão solicitado e cuidado durante a infância, está totalmente esquecido no cotidiano do adulto, que, descuidando de sua exclusiva e própria companhia, não se apercebe mais de sua angélica presença. Mas este espírito puro continua vigilante, constante dos pensamentos e de todas as ações humanas.
O Anjo da Guarda é um ser mais perfeito e digno do que nós, criaturas humanas. Não podemos ignorá-lo. Devemos amá-lo, respeitá-lo e segui-lo, pois está sempre pronto a proteger-nos, animar e orientar, para cumprirmos a missão da vida terrena, trilhando o caminho de Cristo e, assim, ingressarmos na glória eterna.
O Catecismo da Igreja Católica nos orienta:
Quem são os anjos?
“Os anjos são criaturas puramente espirituais, incorpóreas, invisíveis e imortais, seres pessoais dotados de inteligência e de vontade. Estes, contemplando incessantemente a Deus face a face, glorificam-no, servem-no e são os seus mensageiros no cumprimento da missão de salvação, em prol de todos os homens”.
Como é que os anjos estão presentes na vida da Igreja?
“A Igreja une-se aos anjos para adorar a Deus, invoca a sua assistência e celebra liturgicamente a memória de alguns”.
São Pio de Pietrelcina nos ensina que:
“Que o teu anjo da guarda vele sempre por ti, seja o condutor que te guia pelo áspero caminho da vida. Que te proteja sempre na graça de Jesus, que te ampare com suas mãos. Que te proteja sob suas asas de todos os assédios do mundo, do demônio e da carne.
Deves muita devoção a esse bondoso anjo. Como é bom pensar que temos um espírito perto de nós, um espírito que, do berço até o túmulo, não nos deixa um só instante, nem mesmo quando ousamos pecar! Esse espírito celeste nos guia, nos protege, como um amigo, como um irmão.
Também é bom saber que esse anjo ora por nós sem cessar, oferece a Deus todas as boas ações e obras que fazemos, nossos pensamentos, nossos desejos, quando estão puros.
Não devemos nos esquecer desse companheiro invisível, sempre presente, sempre pronto a nos ouvir, e mais pronto ainda a nos consolar. Ó, sublime intimidade, ó bem-aventurada companhia, se soubéssemos compreendê-la! Deves conservá-lo sempre diante dos olhos da mente: lembra-te com freqüência da presença desse anjo, agradece-lhe, dirige a ele as tuas orações, sê para ele um bom companheiro. Abre-te e confia a ele os teus sofrimentos, tem receio de ofender a pureza do seu olhar. Tem consciência de sua presença e guarda-a bem na mente. Ele é tão delicado, tão sensível. Volta-te para ele nas horas de suprema angústia e experimentarás seus efeitos benéficos.
Nunca digas que estás sozinho na luta contra nossos inimigos. Nunca digas que não tens uma alma à qual podes te abrir e confiar-te. Seria um grande erro contra esse mensageiro celeste.”
(Pe. Pio, 1915)
São Miguel Arcanjo
“Miguel” que significa: “Quem como Deus?” é o defensor do Povo de Deus no tempo de angústia. É o padroeiro da Igreja universal e aquele que acompanha as almas dos mortos até o céu.
São Gabriel Arcanjo
“Gabriel” – que significa “Deus é forte” ou “aquele que está na presença de Deus” – aparece no assim chamado evangelho da infância como mensageiro da Boa Nova do Reino de Deus, que já está presente na pessoa de Jesus de Nazaré, nascido de Maria. É ele quem anuncia o nascimento de João Baptista e de Jesus.
Arcanjo São Rafael
“Rafael”- que quer dizer “medicina dos deuses” ou “Deus cura” – foi o companheiro de viagem de Tobias. É o anjo benfazejo que acompanha o jovem Tobias desde Nínive até à Média; quem o defende dos perigos e patrocina o seu casamento com Sara. É ele quem tira da cegueira o velho Tobias.
De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças, porque ouvistes as palavras da minha boca. Na presença dos Anjos Vos hei-de cantar e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo. ( sl 137 )
Acredito que devemos estar preparados para certos enfrentamentos que se avizinham nos âmbitos político e legal, que exigirão uma firme resolução a respeito de nossas convicções morais e religiosas.
A Itália, que há alguns anos aprovou a legalização da prática do aborto, vive atualmente em meio ao combate sistemático de grupos contrários aos postulados dos abortistas. Os grupos pró-vida italianos não aceitam a pílula abortiva “RU486”, denominada por eles com termos radicais (na minha ótica, corretos) tais como “pesticida humano” ou pílula homicida”. Por aqui, ainda não conseguimos levar a sério temas que envolvem dilemas morais, que inegavelmente têm por base princípios religiosos.
Como pano de fundo, a cultura atual, auto-denominada “pós-moderna”, relativista, quer a todo custo por abaixo o edifício dos valores universais. Os mesmos valores que fundaram e continuam fundamentando a cultura ocidental, aliás cristã. Esta, é bom lembrarmos, não ignorou o legado da cultura grega – com seus três mil ou mais anos anteriores à vinda de Cristo. Temos, assim, Aristóteles, um pensador grego, que foi incorporado à cultura religiosa cristã-católica. Fala das virtudes – as consequências quanto ao excesso ou falta de qualquer uma delas: amizade, caridade, coragem, etc. Portanto, a meu ver, não será porque chegamos ao século XXI que deixaremos todo este legado na convivência entre casais (com ou sem filhos), ou entre os demais familiares. Do mesmo modo, seria desastroso, se nós brasileiros aceitássemos essa desintegração ou diluição de valores (amor, ternura, compaixão, perdão, etc.) também em nosso convívio social, em nossas atividades profissionais, de renda, na formação das crianças, adolescentes e de jovens.
Percebo que há há alguns anos as universidades (inclusive algumas públicas) passaram a ser aqui em nosso País, apenas “fornecedoras” de diplomas… E o compromisso humano de uns para com os outros? O resultado prático é a selvagem realidade da saúde pública: médicos formados para o próprio enriquecimento, enfermeiras, admisnistradores de hospitais, e políticos de carreira que em punham um diploma universitário, que em nada, leva em conta o sofrimento humano…
Quanto aos endereços eletrônicos abaixo, por favor, ignorem os anúncios de publicidade. Sou contra a fertilização in-vitro (apesar de ser portadora de uma doença crônica “enigmática”, segundo especialistas, chamada Endometriose. No meu caso, foi causa de infertilidade – tenho 49 anos.
Quanto ao blog abaixo (que agrega elementos para o temor justificadíssimo da CNBB, bem como o dos católicos pró-vida e dos demais cristãos brasileiros), é admiravelmente completo e amplo a respeito do que expus sucintamente acima – a campanha pró-legalização do aborto (pró-escolha), e outros elementos fragilizadores de nossa humanidade. Não é um site católico, ainda que, no segundo endereço do blog, apresentem um artigo em que é mencionada a visão da psiquiatria e os danos provocados pela prática do aborto. Neste, fazem menção inclusive a passagens da Bíblia. Em um todo, acredito que acrescentará, já que há temas paralelos sutis sobre questões que envolvem família e amor. A ênfase é dada ao aspecto da falta do último e o quanto é desintegradora para o grupo familiar. Falam, por exemplo, o que me surpreendeu – na importância da reconciliação conjugal, quanto aos aspectos impactantes sobre o casal e os filhos, e a contra-partida, isto é, o crescimento pessoal individual que se dá através do perdão. Tenho lido pouco a respeito deste aspecto na web… Aqui, a meu ver, novamente temos a visão “pós-moderna” tentando solapar o que, por dois mil anos, foi a fonte da paz, da felicidade humana (pelo menos a que é possível alcançarmos na Terra…): o amor. O diferencial na abordagem é que apontam saídas práticas e simples para inúmeros problemas de nível afetivo, sentimental..
A Presidência da CNBB divulgou hoje uma declaração a respeito do direito à objeção de consciência afirmando que é direito de toda pessoa “manifestar sua objeção de consciência frente a tudo o que contraria as exigências da ordem moral, os princípios e valores éticos e a fé professada, de modo que ninguém, por tal motivo, possa ser punido ou forçado a agir de modo contrário àquilo que a consciência o move a fazer”.
A Declaração foi divulgada após a reunião do Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB (Consep), que terminou no final da manhã desta quinta-feira.
Leia a íntegra da Declaração.
Declaração sobre o direito à objeção de Consciência
“A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz” (Gaudium et Spes 16).
Em nome dos Bispos do Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB, reunidos em Brasília, nos dias 22 a 24 de setembro de 2009, desejamos expressamos nossa solidariedade a todas as pessoas que se empenham na defesa e promoção da vida humana em todas as fases de seu desenvolvimento, sobretudo, daqueles seres sem nenhuma possibilidade de defesa.
Em nossa sociedade, marcada por tantas e tão contrastantes concepções acerca do ser humano e de sua dignidade, todos os que se propõem a assumir o compromisso de promover a justiça e defender a vida, certamente, enfrentarão muitas resistências e objeções. Movidos pelos ideais cristãos e empenhados na nobre e grave causa da defesa da vida, não nos é permitido ceder a qualquer tipo de pressão ou arrefecer nosso ânimo frente às dificuldades que continuamente enfrentamos.
É direito de toda pessoa manifestar sua objeção de consciência frente a tudo o que contraria as exigências da ordem moral, os princípios e valores éticos e a fé professada, de modo que ninguém, por tal motivo, possa ser punido ou forçado a agir de modo contrário àquilo que a consciência o move a fazer. Em certas ocasiões, com destemida firmeza, é necessário dizer: “É preciso obedecer antes a Deus que aos homens” (At 5,29).
Nosso Senhor apareceu numerosas vezes a Santa Margarida Maria Alacoque (de 1673 até 1675).
Nessas aparições, Ele fez 12 promessas.
1ª Promessa: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração”.
2ª Promessa: “Eu darei aos devotos de meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.”
3ª Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”.
4ª Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”.
5ª Promessa: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”.
6ª Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”.
7ª Promessa: “Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias”.
8ª Promessa: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”.
9ª Promessa: “As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.”
10ª Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos ”.
11ª Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no meu Coração”.
12ª Promessa: “A todos os que comunguem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.
Com São João Eudes (1601-1680), podemos dizer que a devoção ao Sagrado Coração como que atingiu a maioridade.
Com efeito, graças à sua ação, esta devoção deixou de ser exclusivamente privada e se tornou pública e oficial. Com ele se instituiu o culto litúrgico ao Sagrado Coração.
Sua missão foi mais do que a de simples precursor de Paray-le-Monial. São Pio X chama-o “pai, doutor apóstolo” da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e de Maria.
Enérgico adversário do Jansenismo na França, São João Eudes estudou com os padres da Companhia de Jesus em Caen, ingressando depois no Oratório de Jesus e de Maria Imaculada.
Ali tomou contacto com a espiritualidade do Cardeal de Bérulle (1575-1629), cuja nota tônica, colocada na contemplação do Verbo Encarnado, nisto muito se assemelha à do fundador dos jesuítas.
Na ladainha do Coração de Jesus há uma invocação muito bonita.
“Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade”.
A palavra “caridade”, na linguagem de hoje, quer dizer compaixão do próximo e desejo de fazer bem ao próximo.
Diz-se, por exemplo, que quem dá uma esmola pratica um ato de caridade. Por isso manifesta afeto à pessoa beneficiada por meio da esmola, e manifestando esse afeto ela pratica um ato de caridade.
Mas na linguagem teológica, por assim dizer científica e clássica da Igreja, “caridade” é o amor de Deus, e por causa disso é muito bonita essa invocação ao Sagrado Coração:
“Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade”.
O Sagrado Coração de Jesus ama ardentemente ao próprio Deus.
A expressão é carregada, porque uma fornalha é um foco de fogo que é quentíssimo, que queima, que consome.
Coração de Jesus então não é apenas cheio de caridade, mas uma fornalha.
Não é apenas uma fornalha, mas uma fornalha ardente!
Quer dizer, é uma fornalha que está para as outras fornalhas como a fornalha comum está para o simples fogo.
Esse é o Coração de Jesus.
Portanto, peçamos ao Sagrado Coração de Jesus, por intermédio do Coração Imaculado de Maria – porque sem ser por meio de Maria, não obtemos nada de Jesus – peçamos à “Fornalha ardente de caridade” que pegue fogo em nossas almas!
Postado por Associação Apostolado do Sagrado Coração (ASC).
*Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno.
T- mostrai vosso Pai aos homens!
* Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria.
T- enviai o vosso Espírito Santo ao nosso coração e moldai-o conforme o vosso!
*Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus,
T- uni-nos mais e mais convosco!
*Coração de Jesus, de majestade infinita,
T- que sempre Vos louvemos e glorifiquemos!
*Coração de Jesus, templo santo de Deus,
T- ajudai-nos a tornar-nos cada vez mais o que somos desde o Baptismo: templo de Deus!
*Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo,
T- transformai-nos em tabernáculos vossos, onde os outros também encontram a Deus!
* Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu,
T- conduzi-nos todos ao céu, para morarmos conVosco para sempre!
* Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade,
T- abrasai o mundo todo nas chamas do vosso amor!
*Coração de Jesus, receptáculo de justiça e amor,
T- dai-nos participar plenamente do vosso amor!
*Coração de Jesus, cheio de bondade e amor,
T- enchei também o nosso coração de verdadeiro amor, bondade e misericórdia!
* Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes,
T- plantai todas as virtudes em nosso coração, de modo que sejamos verdadeiros discípulos vossos!
*Coração de Jesus, digníssimo de todo louvor,
T- que vos glorifiquemos por uma vida santa!
*Coração de Jesus, rei e centro de todos os corações,
T- estabelecei o reino de vosso amor em todos os corações!
* Coração de Jesus, onde estão todos os tesouros da sabedoria e da ciência,
T- fazei-nos provar cada vez mais da vossa intimidade, a fim de compreendermos mais profundamente o vosso amor!
*Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade,
T- que todos os homens vos conheçam a vós, Filho do Pai Eterno, Deus com ele, na unidade do Espírito Santo!
* Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos recebemos,
T- difundi em nós a plenitude do vosso amor e a santidade!
* Coração de Jesus, o desejado das colinas eternas,
T- despertai em nós o desejo de vos ver, de vos encontrar e estar convosco!
*Coração de Jesus, paciente e misericordioso,
T- que todos os pecadores venham a conhecer a grandeza de vossa misericórdia e buscar em vós o perdão!
*Coração de Jesus, fonte de vida e santidade,
T- fazei-nos viver de vossa vida e enchei-nos de vossa santidade!
*Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados,
T- com o vosso Sangue lavai os nossos pecados e os de todo o mundo!
*Coração de Jesus, saturado de opróbrios,
T- ensinai-nos a seguir-vos na vereda da humildade e a aceitar as humilhações para nos tornarmos cada
vez mais semelhantes a vós
*Coração de Jesus, atribulado por causa de nossas culpas,
T- enchei-nos o coração de arrependimento e dor de nossos pecados!
*Coração de Jesus, obediente até à morte,
T- sejamos sempre obedientes e na obediência ajudemos a salvar o mundo!
* Coração de Jesus, atravessado pela lança,
T- da chaga aberta de vosso Coração derramai sobre nós torrentes de luz, força e graça!
*Coração de Jesus, fonte de toda a consolação!
T- ressuscitai a todos os espiritualmente mortos para a vida da graça!
* Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação,
T- reconciliai os homens com vosso Pai celeste e dai paz ao mundo inteiro!
* Coração de Jesus, vítima dos pecadores,
T- convertei todos os pecadores e conduzi-os ao vosso amor!
* Coração de Jesus, salvação dos que esperam em Vós,
T- esperamos em vós, livrai-nos de todo mal e dai-nos vosso amor!
* Coração de Jesus, esperança dos que expiram em Vós,
T- fazei-nos viver no vosso amor e dai-nos também morrer em vosso amor!
*Coração de Jesus, delícia de todos os Santos,
T- sereis, um dia, no céu o nosso júbilo. Sede nossa alegria já aqui na terra!
*Nós vo-lo pedimos a vosso Coração, ó bom Jesus, que viveis e reinais por toda a eternidade. Amen.
OREMOS
Pai, acendei nos nossos corações o puro fogo do vosso amor que ardia no Coração de vosso Filho, para que Vos amemos para sempre no céu. Nós vo-lo pedimos por Cristo, nosso Senhor.
Ou: Senhor Jesus Cristo, nos ensinastes a demonstrar o nosso amor a Deus no amor ao próximo. Ajudai-nos a vencer nosso egoísmo para estarmos sempre prontos a realizar o bem em torno de nós. Destilai em nosso coração a bondade e o amor de vosso Coração, de modo que irradiemos o vosso amor e assim sejamos reconhecidos como discípulos vossos. Vós que viveis e reinais por toda a eternidade. Amen.
São Paulo, o Apóstolo das Nações (Catequese - Papa Bento XVI)
O link da imagem dá acesso ao site da Diocese de União da Vitória, no Paraná. A seção “Notícias”, apresenta a primeira alocução do Sumo Pontífice Bento XVI, nas quartas-feiras. Ela foi proferida dia 02.07.2008, dentro de uma série de Catequeses sobre São Paulo.
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CARTA AOS COLOSSENSES
(1, 9-23)
SÚPLICA PELA COMUNIDADE E HINO
“Quanto a nós, desde que tivemos conhecimento dessas coisas, não cessamos de orar por vós e de suplicar para que chegueis a conhecer plenamente a vontade de Deus, com toda a sabedoria e discernimento espiritual. Assim levareis uma vida digna do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus. Suplicamos também a Deus que vos fortifique com todo vigor pelo poder glorioso, para que vos firmeis na constância e na paciência. E, com alegria,
dai graças ao Pai que vos tornou dignos
de participar da herança dos santos*, na luz.
Foi ele que nos livrou do poder das trevas,
transferindo-nos para o reino de seu Filho amado,
no qual temos a redenção, o perdão dos pecados.
Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação,
pois é nele que foram criadas todas as coisas, no céu e na terra,
os seres visíveis e invisíveis,
tronos, dominações, principados, potestades,
tudo foi criado através dele e para ele.
Ele existe antes de todas as coisas
e nele todas as coisas têm consistência.
Ele é a Cabeça do corpo, que é a Igreja;
é o princípio, Primogênito dentre os mortos,
de sorte que em tudo tem primazia.
Pois Deus quis fazer habitar nele toda a plenitude
e, por ele, reconciliar consigo todos os seres,
tanto na terra como no céu,
estabelecendo a paz por meio dele, por seu sangue derramado na cruz.
Também a vós que, outrora, vivíeis afastados e éreis inimigos, só pensando em obras más, agora, no tempo presente, ele vos reconciliou pelo corpo carnal de seu Filho, entregue à morte, a fim de que possais comparecer diante dele como santos, íntegros e irrepreensíveis… 23 Isso, enquanto permaneceis bem fundados na fé, sem vos desviardes da esperança dada pelo evangelho que ouvistes, pregado a toda criatura debaixo do céu e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.” (Carta aos Colossenses)
*(12)A herança do povo de Deus, agora também aberta aos não-israelitas.
……..
Fonte: CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – 1997. Novo Testamento: co-edição de Editora Vozes e Editora Santuário.
1. VISÃO GERAL
Rompendo com a civilização da sua época, houve homens[1] e mulheres[2] que se retiraram para o deserto ou lugares solitários, para aí se entregarem plenamente a DEUS. Estamos a falar dos anos 300 d.c.
No princípio, estes homens e mulheres, eram apenas uns pouquinhos – recordemos os padres do deserto do Egipto ou os da Palestina – mas mais tarde, outros, atraídos por esta maneira de viver, começaram a pedir orientação a estes primeiros eremitas no deserto, constituindo, com o tempo, verdadeiras colónias monásticas. Em pouco tempo, estas experiências individuais e excêntricas, acabaram paradoxalmente por constituírem verdadeiros ‘centros’ monásticos.
Claro está que, com a aglomeração de todos estes homens que, necessitados de solidão e de silêncio para se dedicarem a Deus, foram impelidos para o deserto, foi necessário em primeiro lugar, encontrar ritmos de vida que conciliassem as exigências de uma vida ao ‘lado’ uns dos outros no deserto, com as suas peculiares exigências de solidão.
O ritmo de vida mais comumente adoptado consistia em passar a semana inteira em seu ermitério (cela separada) e na noite de sábado para domingo encontrarem-se na Igreja ou nas dependências dela para, em conjunto, cantarem o Ofício nocturno, celebrarem no Domingo a Eucaristia e fazerem algumas gestões necessárias, como sejam o colóquio espiritual, alguma ‘palavra de sabedoria’ dado pelo eremita mais sábio (a sabedoria do espírito) ou simplesmente chamar a atenção para alguma falta.
Cada um dos eremitas devia viver do seu trabalho manual, NÃO UM TRABALHO QUALQUER, mas um trabalho que fosse compatível com o deserto e com as exigências da oração contínua e do recolhimento. Este trabalho consistia no fabrico manual de cestos, cordas e esteiras que o ‘guardião’ da Comunidade de eremitas era encarregado de vender para obter, em troca, alimentos.
Foram estes bem-aventurados padres, os iniciadores e mestres da vida dos monges. Podemos também apontar alguns nomes femininos como exemplos pré-monásticos como sejam Stª Tecla, Stª Macrina- iniciadora da vida eremítica feminina, Stª Synclética, a mais famosa das ‘Madres do deserto’[3]
Muito mais posteriormente, por volta do ano 1150 – sabendo que houve sempre eremitas como vocação peculiar e especial na Igreja – um grupo de homens, depois de haverem participado na reconquista dos lugares santos, instalaram-se como eremitas , na Palestina, nomeadamente na Montanha do Carmelo, junto a uma fonte, para se dedicarem plenamente à contemplação de Deus, como fizeram aqueles 1ºs padres do deserto.
Estes homens pretenderam inserir-se na tradição monástica oriental mais antiga[4], que se inspirava nos exemplos do profeta Elias e dos seus discípulos, segundo o testemunho dado por S. Jerónimo, que viveu também esta excepcional espiritualidade de Elias, na tradição Monástica oriental. Diz ele: “Nosso modelo é Elias, modelo é Eliseo, nossos guias aqueles filhos dos profetas”
Estes nossos 1ºs irmãos eremitas do monte Carmelo, no início, contentaram-se apenas com um conjunto de prescrições tomadas dessa grande tradição monástica oriental. Contudo, por volta do ano 1209, amadurecidos e experimentados na vida solitária, pediram ao então Patriarca de Jerusalém Stº Alberto de Av. uma norma ou uma regra de vida concreta para eles, salvaguardando sempre o peculiar da vida solitária com a sua oração contínua.
A Regra recebida do Patriarca de Jerusalém, codifica um género de vida em activo, de carácter estritamente eremítico e contemplativo. a) A Espiritualidade do deserto ou da vida solitária
O fim da vida solitária, ou eremítica ou de deserto que tudo significa praticamente o mesmo, é CONTEMPLAR, pura e constantemente a Deus; é AMAR fervorosamente e sem desânimo a Deus. Esta é a OCUPAÇÃO PRINCIPAL daquele que é chamado à vida solitária: dedicar-se, unir-se, gozar e abraçar perfeita e assiduamente a Deus, fazendo-se pouco a pouco uma só ‘coisa’ com Ele.
Os primeiros padres do deserto, assim como todos os eremitas e anacoretas posteriores[5], abandonaram os lugares habitados para, no silêncio e em solidão, se entregarem ASSIDUAMENTE e CADA VEZ MAIS INTENSAMENTE a Deus, evitando por meio da solidão distracções que prejudicassem essa união com Deus, manifestada na oração contínua. A ORAÇÃO CONTÍNUA É A MARCA DO EREMITISMO.
O ‘DESERTO’, O ‘ERMO’, O ‘ESPAÇO DESABITADO’ é muito mais do que um lugar de retiro, já que, pela sua extensão ou configuração, e pela sua ‘aspereza’ ou ‘austeridade’, tem VALORES PRÓPRIOS.
Todos esses ‘lugares’ levam em si, o sinal da pobreza, da austera beleza que aponta a simplicidade mais absoluta, tornando-se num sinal da total impotência do homem, que descobre a sua fragilidade porque não pode subsistir sozinho no deserto, daí que ele se veja obrigado a procurar a sua única força somente em Deus.
Permanecer nestes lugares é como uma tentativa de AVANÇO, mas despido, desprendido de todo o apoio humano, na carência de todo o sustento egocêntrico e incluso espiritual (as noites), para encontrar DEUS. O homem necessita, aqui, de muita determinação.
Os dias no deserto são um ensaio, uma tentativa cheia de confiança para pedir a Deus que nos venha buscar, na nossa impotência, para levar-nos a Ele.
O deserto implica necessariamente o desprendimento total. O homem só permanece no deserto para se tornar totalmente ‘presa’ de Deus, de contrário, a sua vida corre o perigo de se afundar no vazio.
O deserto leva consigo a ruptura com o próprio habitat: deixa-se o mundo das relações sociais e das comodidades para encontrar-se sozinho num ambiente ‘despido’ onde se privilegia a união com DEUS. Quem é chamado ao ‘deserto’ não só deve pacificar o seu espírito apagando os desejos inúteis e o lamento da ‘escravidão’, mas erigir o ABSOLUTO DE DEUS, relativizando os outros valores e rejeitando os ídolos.
Daí que, o ‘deserto’ seja um período (lugar) de prova e de tentação, a fim de desocupar o coração humano dos ídolos, e poder experimentar, que SÓ DEUS CONTA: Ele é o Absoluto, é o Senhor da VIDA, o DADOR da salvação anelada, pedida, implorada, desejada…
É necessário pois, que Deus ponha esse coração em situações difíceis, de ‘morte’, a fim de que se manifestem as intenções do homem, este as conheça e se submeta ao tratamento purificador da Bondade infinita e então Deus converte-se em maná que nutre, em água viva que tira a sede.. converte-se em Cristo que salva…
Este absoluto, que é Deus, manifesta-se como AMOR que atrai a SI, numa comunhão íntima, singular, e como ALIANÇA ETERNA. O DESERTO, portanto, converte-se num tempo de REVELAÇÃO DE DEUS e de REVELAÇÃO DO HOMEM, de renovação da aliança e da restauração da santidade.[6]b) Atitude de quem é chamado ao ‘deserto’
Quem vai ao deserto para nele perseverar, vai pela SEDE DE ESTAR CARA A CARA COM DEUS. Foi esta a atitude – que é a única válida – de Jesus quando se retirava discretamente para os lugares solitários. Este desejo de intimidade com Deus é o único móbil que deve levar o homem à solidão do ermo, a retirar-se da barafunda da vida e das mil e uma distracções que o impediriam de realizar este anseio fundo que a sua própria vocação lhe proporciona. Assim procederam tanto os anacoretas verdadeiros do deserto nos seus primórdios, como todos os outros posteriores até aos nossos contemporâneos (ex: Charles de F.)
O deserto, situação e lugar privilegiado, põe o homem frente a si mesmo. Privado de todos os seus hábitos de vida, das suas forças e potências, que se faziam valer na vida social, é impulsionado fortemente a enfrentar-se com a Presença de Deus no maior despojamento possível, e somente o desejo da intimidade com Deus é que lhe vai suster nesta luta entre o seu nada e o Absoluto de Deus. Todo o homem que penetra no deserto, melhor dito, que se deixa penetrar no deserto e ser purificado no fogo divino, alcançará a pureza de coração…só assim poderá ‘ver’ a Deus.
Sintetizando: o Único motivo que deve animar a nossa procura de solidão e silêncio é DEUS, É ALCANÇAR A INTIMIDADE COM DEUS.
Todos os primeiros eremitas do Monte Carmelo, tiveram esta excelente experiência de solidão, como procura incessante de Deus. Como já foi dito, nos seus primórdios, estes nossos irmãos contentaram-se com umas reduzidas prescrições que orientaram a sua vida solitária – como aconteceu aos 1ºs padres do deserto quando depararam com abundantes discípulos. Claro está que, com a aglomeração de discípulos, havia que estabelecer-se normas concretas para defender o silêncio e a solidão que cada um procurou, quando deixou tudo e abraçou o eremitismo.
Esta vida solitária amadureceu levando-os a pedir ao Patriarca de Jerusalém Stº Alberto, que lhes desse uma regra de vida, respeitando quanto possível a vida eremítica e a oração contínua, que vinham experimentando havia anos.
Stº Alberto, ao dar-lhes uma regra de vida, tendo em conta o seu modo de viver, juntou-lhes 2 elementos, a saber: o oratório e o refeitório (rezar em comum e comer em comum) e pô-los sob a obediência de um superior, E ISTO PORQUÊ?
2. Modalidades de eremitismo
O anacoretismo
Como diz o Ecl IV,5 “ai daquele que está só, que, se cai, não tem quem o levante”. De facto S. Jerónimo já dizia : “no deserto, muito facilmente nasce a soberba, pela liberdade que existe em agir segundo o próprio parecer”
Só os homens e mulheres muito acrisolados na virtude e na vida do espírito é que podiam permanecer no deserto sem sucumbirem; é o caso dos chamados “padres ou madres do deserto”. Uma delas, a “Amma Sara” dizia de si mesma quando um dos anciãos, também anacoreta, foi ter com ela para a humilhar : “pela natureza sou mulher, mas não no espírito…”[7]. Foi destes homens e mulheres fortes na fé e no discernimento, possuídos pelo Espírito Santo, que Stº Agostinho dizia: “Os que moram no deserto gozam dos divinos colóquios de Deus, a Quem se entregaram com pureza de alma; devem jejuar boas temporadas a pão e água”.
Esta vida eremítica completamente isolada nos seus primórdios, constitui a 1ª modalidade, pois foi a 1ª forma aparecida nos desertos, montanhas ou lugares solitários junto dos rios. A estes eremitas chamam-se ‘anacoretas’.
O Eremitismo sob Obediência
Contudo, a partir desta 1ª modalidade, surgiu mais tarde o eremitismo que se professa debaixo da obediência, pois a experiência anacorética[8] foi mostrando quantos erros se pode cometer quando o eremita não está “sujeito” à obediência. S.Jerónimo, destes que vivem sujeitos diz :”Não poderão fazer o que querem, mas aquilo que se lhes mande; terão unicamente aquilo que se lhes der… e assim conseguirão servir e amar a Deus com filial amor..”
Nesta 2ª modalidade, o eremita, logo à partida, pode não possuir essa tal virtude acrisolada que se exige para o anacoretismo, mas recebe a aprendizagem que a “obediência” lhe proporciona para poder entrar na solidão, no silêncio e na oração contínua, orientado apenas pela Vontade de Deus. O eremitismo vivido sob a obediência impede o homem de extraviar-se pelo labirinto do orgulho, da vaidade e dos caprichos da sensibilidade; ajuda-o a sair vitorioso na luta contra o “inimigo de Cristo” como dizia uma das madres do deserto referindo-se ao mau espírito, e contra si próprio, já que esta, é a guerra mais tenaz e encarniçada que o eremita tem que travar. Só a obediência lhe pode conferir a certeza moral de caminhar sob a Vontade de Deus, a única que o purifica, a única que o salva.
Na quarta-feira passada, falei de um Padre da Igreja pouco conhecido no Ocidente, Romano o Meloda; hoje desejo apresentar a figura de um dos maiores Padres da história da Igreja, um dos quatro doutores do Ocidente, o Papa São Gregório, que foi bispo de Roma entre o ano 590 e 604, e que mereceu da parte da tradição o título Magnus/Grande. Gregório foi verdadeiramente um grande Papa e um grande Doutor da Igreja! Nasceu em Roma, em torno de 540, de uma rica família patrícia da gens Anicia, que se distinguia não só pela nobreza de sangue, mas também pelo apego à fé cristã e pelos serviços prestados à Sé Apostólica. Desta família procediam dois Papas: Félix III (483-492), tataravô de Gregório, e Agapito (535-536). A casa na qual Gregório cresceu se levantava na Clivus Scauri, rodeada de solenes edifícios que testemunhavam a grandeza da antiga Roma e a força espiritual do cristianismo. Para inspirar-lhe elevados sentimentos cristãos estiveram também os exemplos de seus pais Giordiano e Silvia, ambos venerados como santos, e os de suas tias paternas Emiliana e Tarsília, que viviam na própria casa como virgens consagradas em um caminho compartilhado de oração e ascese.
Gregório ingressou logo na carreira administrativa, que havia seguido também seu pai, e em 572 alcançou o cume, convertendo-se em prefeito da cidade. Este cargo, complicado pela tristeza daqueles tempos, permitiu-lhe aplicar-se em um amplo raio a todo tipo de problemas administrativos, obtendo deles luz para suas futuras tarefas. Em particular ficou nele um profundo sentido da ordem e da disciplina: já como Papa, sugerirá aos bispos que tomem como modelo na gestão dos assuntos eclesiásticos a diligência e o respeito das leis próprias dos funcionários civis. Aquela vida não lhe devia satisfazer, visto que, não muito depois, decidiu deixar todo cargo civil para retirar-se em sua casa e começar a vida de monge, transformando a casa de família no mosteiro de Santo André. Desse período de vida monástica, vida de diálogo permanente com o Senhor na escuta de sua palavra, ficou nele uma perene nostalgia que sempre de novo e cada vez mais aparece em suas homilias: em meio às preocupações pastorais, ele recordará várias vezes em seus escritos como um tempo feliz de recolhimento em Deus, de dedicação à oração, de serena imersão no estudo. Pôde assim adquirir esse profundo conhecimento da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja, do qual se serviu depois em suas obras.
Mas o retiro claustral de Gregório não durou muito. A preciosa experiência amadurecida na administração civil em um período carregado de graves problemas, as relações que teve nesta tarefa com os bizantinos, a estima universal que havia ganhado, induziram o Papa Pelágio a nomeá-lo diácono e a enviá-lo a Constantinopla como seu «apocrisiario» – hoje se diria «Núncio Apostólico» – para favorecer a superação dos últimos restos de controversa monofisista e sobretudo para obter o apoio do imperador no esforço de conter a pressão longobarda. A permanência em Constantinopla, onde havia reiniciado a vida monástica com um grupo de monges, foi importantíssima para Gregório, pois lhe permitiu ganhar experiência direta no mundo bizantino, assim como se aproximar do problema dos Longobardos, que depois colocaria à prova sua habilidade e sua energia nos anos do Pontificado. Passados alguns anos, foi chamado de novo a Roma pelo Papa, que o nomeou seu secretário. Eram anos difíceis: as contínuas chuvas, o transbordamento dos rios e a carestia atingiam muitas áreas da Itália e da própria Roma. No final se desatou a peste, que causou numerosas vítimas, entre elas também o Papa Pelágio II. O clero, o povo e o senado foram unânimes em eleger como seu sucessor na Sede de Pedro precisamente ele, Gregório. Tentou resistir, inclusive buscando a fuga, mas tudo foi inútil: ao final teve de ceder. Era o ano de 590.
Reconhecendo que havia sucedido a vontade de Deus, o novo pontífice se pôs imediatamente ao trabalho com empenho. Desde o princípio revelou uma visão singularmente lúcida da realidade com a qual devia medir-se, uma extraordinária capacidade de trabalho ao enfrentar os assuntos tanto eclesiais como civis, um constante equilíbrio nas decisões, também valentes, que sua missão lhe impunha. Conserva-se de seu governo uma ampla documentação graças ao Registro de suas cartas (aproximadamente 800), nas quais se reflete o enfrentamento diário dos complexos interrogantes que chegavam à sua mesa. Eram questões que procediam dos bispos, dos abades, dos clérigos, e também das autoridades civis de toda ordem e grau. Entre os problemas que afligiam naquele tempo a Itália e Roma, havia um de particular relevância no âmbito tanto civil como eclesial: a questão longobarda. A ela o Papa dedicou toda a energia possível com vistas a uma solução verdadeiramente pacificadora. Ao contrário do Imperador bizantino, que partia do pressuposto de que os Longobardos eram só indivíduos depredadores a quem era preciso derrotar ou exterminar, São Gregório via estas pessoas com os olhos do bom pastor, preocupado por anunciar-lhes a palavra de salvação, estabelecendo com eles relações de fraternidade orientadas a uma futura paz fundada no respeito recíproco e na serena convivência entre italianos, imperiais e longobardos. Preocupou-se pela conversão dos jovens povos e da nova organização civil da Europa: os Visigodos da Espanha, os Francos, os Saxões, os imigrantes na Bretanha e os Lonbogardos foram os destinatários privilegiados de sua missão evangelizadora. Ontem celebramos a memória litúrgica de Santo Agostinho de Canterbury, guia de um grupo de monges aos que Gregório encomendou ir a Bretanha para evangelizar a Inglaterra.
Para obter uma paz efetiva em Roma e na Itália, o Papa se empenhou a fundo – era um verdadeiro pacificador – empreendendo uma estreita negociação com o rei longobardo Agilulfo. Tal conversa levou a um período de trégua que durou cerca de três anos (598-601), após os quais foi possível estipular em 603 um armistício mais estável. Este resultado positivo se conseguiu graças também aos contatos paralelos que, entretanto, o Papa mantinha com a rainha Teodolinda, que era uma princesa bávara e, ao contrário dos chefes dos outros povos germanos, era católica, profundamente católica. Conserva-se uma série de cartas do Papa Gregório a esta rainha, nas quais ele mostra sua estima e sua amizade para com ela. Teodolinda conseguiu, pouco a pouco, orientar o rei para o catolicismo, preparando assim o caminho para a paz. O Papa se preocupou também de enviar-lhe as relíquias para a basílica de São João Batista que ela levantou em Monza, e não deixou de felicitar e oferecer preciosos presentes para a mesma catedral de Monza por ocasião do nascimento e do batismo de seu filho Adoaloaldo. A vicissitude desta rainha constitui um belo testemunho sobre a importância das mulheres na história da Igreja. No fundo, os objetivos sobre os que Gregório apontou constantemente foram três: conter a expansão dos Longobardos na Itália, subtrair a rainha Teodolinda da influência dos cismáticos e reforçar a fé católica, assim como mediar entre Longobardos e Bizantinos com vistas a um acordo que garantisse a paz na península e consentisse desenvolver uma ação evangelizadora entre os próprios Longobardos. Portanto, foi dupla sua constante orientação na complexa situação: promover acordos no plano diplomático-político e difundir o anúncio da verdadeira fé entre as populações.
Junto à ação meramente espiritual e pastoral, o Papa Gregório foi ativo protagonista também de uma multiforme atividade social. Com as rendas do conspícuo patrimônio que a Sede romana possuía na Itália, especialmente na Sicília, comprou e distribuiu trigo, socorreu quem se encontrava em necessidade, ajudou sacerdotes, monges e monjas que viviam na indigência, pagou resgates de cidadãos que eram prisioneiros dos Longobardos, adquiriu armistícios e tréguas. Também desenvolveu tanto em Roma como em outras partes da Itália uma atenta obra de reordenação administrativa, ministrando instruções precisas para que os bens da Igreja, úteis à sua subsistência e à sua obra evangelizadora no mundo, se dirigissem com absoluta retidão e segundo as regras da justiça e da misericórdia. Exigia que os colonos fossem protegidos dos abusos dos concessionários das terras de propriedade da Igreja e, em caso de fraude, que foram ressarcidos com prontidão, para que o rosto da Esposa de Cristo não se contaminasse com benefícios desonestos.
Gregório levou a cabo esta intensa atividade apesar de sua incerta saúde, que o obrigava com freqüência a ficar de cama durante longos dias. Os jejuns que havia praticado nos anos da vida monástica lhe haviam ocasionado sérios transtornos digestivos. Também sua voz era muito frágil, de forma que com freqüência tinha de confiar ao diácono a leitura de suas homilias para que os fiéis das basílicas romanas pudessem ouvi-lo. Ele fazia o possível por celebrar nos dias de festa Missarum sollmnia, isto é, a Missa Solene, e então se encontrava pessoalmente com o povo de Deus, que o estimava muito porque via nele a referência autorizada para obter segurança: não por acaso lhe atribuíram logo o título de consul Dei. Apesar das dificílimas condições nas quais teve de atuar, conseguiu conquistar, graças à santidade de vida e à rica humanidade, a confiança dos fiéis, conseguindo para seu tempo e para o futuro resultados verdadeiramente grandiosos. Era um homem imerso em Deus: o desejo de Deus estava sempre vivo no fundo de sua alma e precisamente por isso estava sempre muito perto do próximo, das necessidades das pessoas de sua época. Em um tempo desastroso, mais ainda, desesperado, soube criar paz e esperança. Este homem de Deus nos mostra as verdadeiras fontes da paz, de onde vem a esperança, e se converte assim em uma guia também para nós hoje.
SERVO DOS SERVOS DE DEUS
Volto hoje, em nosso encontro das quartas-feiras, à extraordinária figura do Papa Gregório Magno, para recolher mais luzes de seu rico ensinamento. Apesar dos múltiplos compromissos vinculados à sua missão como bispo de Roma, ele nos deixou numerosas obras das quais a Igreja, nos séculos seguintes, nutriu-se abundantemente. Além de seu conspícuo epistolário – o Registro ao qual aludia na catequese passada contém mais de 800 cartas –, ele nos deixou sobretudo escritos de caráter exegeta, entre os quais se distinguem o Comentário moral a Jó –conhecido sob o título latino de Morallia in Iob –, as Homilias sobre Ezequiel, as Homilias sobre os Evangelhos. Desta forma, existe uma importante obra de caráter hagiográfico, os Diálogos, escrita por Gregório para a edificação de rainha longobarda Teodolinda. A principal e mais conhecida obra é sem dúvida a Regra pastoral, que o Papa redigiu no começo de seu pontificado com finalidade claramente programática.
Fazendo um rápido repasso por estas obras, observamos, antes de tudo, que em seus escritos Gregório jamais se mostra preocupado em traçar uma doutrina «sua», uma originalidade própria. Mas tenta fazer eco do ensinamento tradicional da Igreja, quer simplesmente ser a boca de Cristo e de sua Igreja no caminho que se deve percorrer para chegar a Deus. A respeito disso, são exemplares seus comentários exegéticos. Foi um apaixonado leitor da Bíblia, à qual se aproximou com pretensões não meramente especulativas: da Sagrada Escritura, pensava ele, o cristão deve tirar não tanto um conhecimento teórico, mas o alimento cotidiano para sua alma, para sua vida de homem neste mundo. Nas Homilias sobre Ezequiel, por exemplo, ele insiste fortemente nesta função do texto sagrado; aproximar-se da Escritura simplesmente para satisfazer o próprio desejo de conhecimento significa ceder à tentação do orgulho e expor-se assim ao risco de cair na heresia. A humildade intelectual é a regra primária para quem tenta penetrar nas realidades sobrenaturais partindo do Livro Sagrado. A humildade, obviamente, não exclui o estudo sério; mas para conseguir que este seja verdadeiramente proveitoso, consistindo entrar realmente na profundidade do texto, a humildade é indispensável. Só com esta atitude interior se escuta realmente e se percebe por fim a voz de Deus. Por outro lado, quando se trata da Palavra de Deus, compreender não é nada se a compreensão não conduz à ação. Nestas homilias sobre Ezequiel se encontra também essa bela expressão segundo a qual «o pregador deve molhar sua caneta no sangue de seu coração; poderá assim chegar também ao ouvido do próximo». Ao ler estas homilias suas se vê que realmente Gregório escreveu com o sangue de seu coração e por isso continua falando a nós.
Gregório desenvolve também este tema no Comentário moral a Jó. Seguindo a tradição patrística, examina o texto sacro nas três dimensões de seu sentido: a dimensão literal, a dimensão alegórica e a moral, que são dimensões do único sentido da Sagrada Escritura. Contudo, Gregório atribui uma clara preponderância ao sentido moral. Nesta perspectiva propõe seu pensamento através de alguns binômios significativos – saber-fazer, saber-viver, conhecer-atuar. Isso nos evoca os dois aspectos da vida humana que deverão ser complementares, mas que com freqüência acabam por ser antitéticos. O ideal moral – comenta – consiste sempre em levar a cabo uma harmoniosa integração entre palavra e ação, pensamento e compromisso, oração e dedicação aos deveres entre palavra e ação, pensamento e compromisso, oração e dedicação aos deveres do próprio estado: este é o caminho para realizar a síntese graças à qual o divino desce no homem e o homem se eleva até a identificação com Deus. O grande papa traça assim para o autêntico crente um projeto de vida completo; por isso, o Comentário moral a Jó constituirá no curso da Idade Média uma espécie de Summa da moral cristã.
São de notável relevância e beleza também as suas Homilias sobre os Evangelhos. A primeira delas foi pronunciada na basílica de São Pedro durante o tempo de Advento do ano 590, portanto, poucos meses depois de sua eleição ao pontificado; a última foi pronunciada na basílica de São Lourenço no segundo domingo depois do Pentecostes de 593. O Papa pregava ao povo nas igrejas onde se celebravam as «estações» – especiais cerimônias de oração nos tempos fortes do ano litúrgico – ou as festas dos mártires titulares. O princípio inspirador que une as diversas intervenções se sintetiza na palavra “praedicator”: não só o ministro de Deus, mas também todo cristão tem a tarefa de tornar-se «pregador» de tudo que experimentou em seu interior, a exemplo de Cristo, que se fez homem para levar a todos o anúncio da salvação. O horizonte deste compromisso é o escatológico: a esperança do cumprimento em Cristo de todas as coisas é um pensamento constante do grande pontífice e acaba por converter-se em motivo inspirador de todo seu pensamento e atividade. Daqui brotam seus incessantes chamados à vigilância e ao empenho nas boas obras.
Talvez o texto mais orgânico de Gregório Magno seja a Regra pastoral, escrita nos primeiros anos de pontificado. Nela, Gregório se propõe traçar a figura do bispo ideal, mestre e guia de seu rebanho. A tal fim ilustra a gravidade do ofício de pastor da Igreja e os deveres que isso comporta: portanto, aqueles que não foram chamados a tal tarefa, que não a busquem com superficialidade; aqueles, ao contrário, que a tenham assumido sem a devida reflexão, que sintam nascer na alma uma necessária turbação. Retomando um tema predileto, afirma que o bispo é antes de tudo o «pregador» por excelência; como tal, deve ser sobretudo exemplo para os demais, de forma que seu comportamento possa constituir um ponto de referência para todos. Uma ação pastoral eficaz requer também que ele conheça os destinatários e adapte suas intervenções à situação de cada um: Gregório se detém em ilustrar a valorização de quem viu nesta obra também um tratado de psicologia. Daqui se entende que ele conhecia realmente seu rebanho e falava de tudo com as pessoas de seu tempo e de sua cidade.
O grande pontífice, contudo, insiste no dever de que o pastor deve reconhecer cada dia a própria miséria, de maneira que o orgulho não torne vão, aos olhos do Juiz Supremo, o bem realizado. Por isso, o capítulo final da Regra está dedicado à humildade: «Quando se tem complacência em ter alcançado muitas virtudes, é bom refletir sobre as próprias insuficiências e humilhar-se; ao invés de considerar o bem realizado, é preciso considerar o que se descuidou». Todas estas indicações preciosas demonstram o altíssimo conceito que São Gregório tem do cuidado das almas, por ele definido «ars artium», a arte das artes. A Regra teve um êxito tão grande que, coisa mais bem rara, logo se traduziu em grego e em anglo-saxônico.
Significativa é igualmente outra obra, os Diálogos, nos quais o amigo e diácono Pedro, convencido de que os costumes estavam tão corrompidos que não permitiam que tivesse santos como em tempos passados, Gregório demonstra o contrário: a santidade sempre é possível, ainda em tempos difíceis. O prova narrando a vida de pessoas contemporâneas ou desaparecidas recentemente às que bem se poderia qualificar de santas, ainda que não estivessem canonizadas. A narração está acompanhada de reflexões teológicas e místicas que fazem do livro um texto hagiográfico singular, capaz de fascinar gerações inteiras de leitores. O material toca as tradições vivas do povo e tem o objetivo de edificar e formar, atraindo a atenção de quem lê sobre uma série de questões como o sentido do milagre, a interpretação da Escritura, a imortalidade da alma, a existência do inferno, a representação do mais além, temas todos que requeriam oportunos esclarecimentos. O livro II se dedica por inteiro à figura de Bento de Nursia e é o único testemunho antigo da vida do santo monge, cuja beleza espiritual aparece no texto com toda evidência.
Na linha teológica que Gregório desenvolve através de suas obras, passado, presente e futuro se relativizam. O que conta para ele, mais que nada, é todo o arco da história salvífica, que continua desenvolvendo-se entre os obscuros meandros do tempo. Nesta perspectiva, é significativo que ele introduza o anúncio da conversão dos Anglos no meio do Comentário moral a Jó: a seus olhos, o evento constituía um alento do Reino de Deus do qual trata a Escritura; portanto, podia mencionar-se no comentário um livro sacro. Em sua opinião, os guias das comunidades cristãs devem empenhar-se em reler os acontecimentos à luz da Palavra de Deus: neste sentido, o grande pontífice sente o dever de orientar pastores e fiéis no itinerário espiritual de uma lectio divina iluminada e concreta, situada no contexto da própria vida. (*)
Antes de concluir, é necessário falar das relações que o Papa Gregório cultivou com os patriarcas de Antioquia, de Alexandria e da própria Constantinopla. Preocupou-se sempre por reconhecer e respeitar os direitos, guardando-se de toda interferência que limitasse a legítima autonomia daqueles. Ainda que São Gregório, no contexto da situação histórica, se opôs ao título de «ecumênico» por parte do Patriarca de Constantinopla, não o fez por limitar ou negar esta legítima autoridade, mas porque estava preocupado pela unidade fraterna da Igreja universal. Ele o fez sobretudo por sua profunda convicção de que a humildade devia ser a virtude fundamental de todo bispo, mais ainda de um Patriarca. Gregório havia continuado sendo um simples monge em seu coração e por isso era decididamente contrário aos grandes títulos. Queria ser – é expressão sua – servus servorum Dei. Esta palavra que acunhou não era em seus lábios uma piedosa fórmula, mas a verdadeira manifestação de seu modo de viver e de atuar. Estava intimamente impressionado pela humildade de Deus, que em Cristo se fez nosso servo, nos lavou e nos lava os pés. Portanto, estava convencido de que, sobretudo um bispo, deveria imitar esta humildade de Deus e assim seguir Cristo. Seu desejo verdadeiramente foi o de viver como monge em permanente colóquio com a Palavra de Deus, mas por amor a Deus soube fazer-se servidor de todos em um tempo repleto de tribulações e de sofrimentos, soube fazer-se «servo dos servos». Precisamente porque o foi, é grande e mostra também a nós a medida de sua verdadeira grandeza.
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(*) Grifo meu.
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Para citar este artigo:
PAPA, Bento XVI. Apostolado Veritatis Splendor: SÃO GREGÓRIO I DE ROMA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5250. Desde 30/07/2008.