IMITAÇÃO DE CRISTO
LIVRO III – Capítulo XXIX
“Como devemos invocar a Deus no tempo da tribulação”
O DISCÍPULO
1. Seja vosso nome para sempre bendito, Senhor, pois quisestes provar-me com esta tribulação.
E porque não posso evitá-la que outra coisa farei senão acolher-me a Vós para que me auxilieis e a convertais em proveito meu?
Senhor, sinto-me atribulado; meu coração está desassossegado por causa desta paixão que o atormenta vivamente.
“Que vos direi agora”, ó Pai amantíssimo! Rodeado estou de angústias. Salvai-me nesta hora” (Jo 12, 27).
Vós permitistes que eu chegasse a este estado para que sejais glorificado quando eu estiver muito abatido e for por por vós livre.
Dignai-Vos, Senhor, socorrer-me: porque, pobre criatura, que posso eu fazer e onde irei sem Vós?
Dai-me paciência, Senhor, ainda desta vez. Estendei-me a vossa mão, Deus meu, e não temerei, por mais forte que seja a tribulação.
2. Que posso dizer-vos neste estado? “Senhor, faça-se a vossa vontade”. Bem merecido tenho angústias e tribulações em que me vejo (Mt 6, 10).
Convém que as sofra; e oxalá seja com paciência, até que passe a tempestade e venha a bonança.
Poderosa é a vossa mão onipotente para afastar de mim esta tentação e moderar sua violência, para que não sucumba de todo; como tantas vezes tendes feito para comigo, Deus meu, misericórdia minha.
E quanto para mim é mais dificultosa esta mudança, tanto mais fácil é ela para Vós: “porque é obra da direita do Altíssimo” (Sl 76, 11)
Imitação de Cristo – Thomas de Kempis é tido como o autor do terceiro livro “Consolação Interior“. De acordo com o tradutor do texto latino, e autor das reflexões sobre a obra – Pe. J.I. Roquette, Kempis teria sido o “cônego regrante de Santo Agostinho” (que viveu no século V). No “Prólogo”, Pe. Roquette aventa (e a discussão sobre a autoria atravessa séculos…) que os dois primeiros livros e o quarto foram escritos pelos abades – Gersen e Gerson – para orientação de seus monges. É interessante observar que em certa parte há menção a São Francisco de Assis (séc. XIII).O consenso, conforme o tradutor do latim e comentador é que tudo contibuiu para a riqueza espiritual que há nesta pequena, antiga, reconhecida e estimada obra chamada “Imitação de Cristo”. (Editora Ave-Maria, 18ª edição, 1991; Imprimatur 26.11.1928)