Dores, dificuldades na vida de Fé, tribulações… Por quê?

DAS COISAS MAIS DIFÍCEIS de compreender em nossa jornada de Fé neste mundo, está o fato de termos que lutar constantemente. Lembro-me de ter sido crismado imaginando ingenuamente que, a partir dali, a vida seria fácil… Ledo engano. Somos batizados e frequentamos os Sacramentos, rezamos e tentamos observar os Mandamentos de Deus e os da Igreja. Mas, ainda assim, as tentações permanecem. As dificuldades e obstáculos prosseguem, as provações não cessam. Por vezes, somos confrontados com um aterrador pensamento: ao contrário do que se poderia supor, as dores e dificuldades podem se tornar até mais intensas nas vidas daqueles que são os mais santos. Como não desanimar?


    Realmente, almas se perdem por isso. Esquecemo-nos de que as provações são, no fim, maravilhosas oportunidades para nos aproximarmos de Deus fortalecermos a nossa Fé. Coisa muito comum é que o ser humano, ao viver fases de realizações e alegrias, esqueça-se de Deus e de cuidar da sua alma imortal, distraído com os fugazes prazeres deste mundo, que tão cedo cessarão.

    Quando o Céu nos envia dificuldades, provas e dores, este é um sinal de que somos filhos amados de Deus, que assim nos educa porque nos quer bem. Quando tudo tiver passado, veremos quanto valeu a pena manter a fidelidade, e como a Fé cresceu e se fortaleceu justamente nos momentos mais difíceis da nossa passagem por este mundo. As provações e lutas nos preparam para o combate espiritual, por isso o primeiro Papa nos diz: “Não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse algo de extraordinário. Ao contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo” (1Pd 4,12). E conclui: as dificuldades nos levam ao aperfeiçoamento: “O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna Glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vós fortificará” (1Pd 5,10).

    Fortaleça-nos também o poderoso clamor de Nosso Senhor: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; Eu venci o mundo!” (Jo 16,33).
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* Do segundo Fascículo da Formação Teológica Integral da FLSP

Publicado em O Fiel Católico.

Por que Deus às vezes “trata mal” os Seus amigos?

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O dia em que Santa Teresa de Ávila caiu do burro pode nos ajudar a pensar nesse assunto desafiador

Deus nos permite poucas e boas, por razões que só Ele conhece. Mesmo que tenhamos (ou tentemos ter) uma relação de confiança, fé e filialidade com Ele, nem sempre é fácil aceitar de bom grado as provações que Ele nos permite viver.

As vidas dos santos estão repletas de fases difíceis, nas quais temos a oportunidade de escolher livremente renovar a fé n’Ele quando tudo nos provoca ao desânimo. Grandes santos viveram a assim chamada “noite escura da alma”, por exemplo: uma experiência de aridez espiritual tão intensa e desafiadora que se chega muito perto de renunciar à própria fé na existência divina.

Mas Deus permite apenas o que podemos suportar. Uma anedota famosa ilustra essa verdade:

Conta-se que Santa Teresa de Ávila estava indo de burro até um dos conventos da ordem carmelita quando o burro achou por bem derrubá-la em plena lama. Além de se sujar toda, ela ainda machucou a perna.

Ela então olhou para o céu e disse a Deus, com quem tinha grande intimidade filial:

“Senhor, que bela hora para acontecer isto! Por que deixastes isso acontecer?”

Uma voz do Céu lhe respondeu:

“É assim que trato os meus amigos!”

A santa mística retrucou no ato:

“Se é assim que tratais os Vossos amigos, não me admira que tenhais tão poucos!”

A propósito: bons amigos desabafam uns com os outros. Se você estiver passando por provações, grandes ou pequenas que sejam, abra-se com Deus como um amigo sem máscaras: desabafe, diga que não entende, renove a confiança n’Ele, peça a Sua ajuda e faça a sua parte. As fases difíceis são apenas fases.

Publicado em Aleteia.

A presença de Deus é real

“Homem fraco de fé, por que duvidaste?” (Mt 14,31)

É noite. Os discípulos tentam atravessar o lago de Tiberíades. O barco é agitado pela tempestade e pelo vento contrário. Anteriormente já haviam enfrentado uma situação semelhante, mas o Mestre estava com eles no barco. Dessa vez, não: Ele tinha ficado em terra firme, estava no monte, a rezar.

Mas Jesus não os deixa sozinhos na tempestade. Desce do monte, vai ao encontro deles, caminhando sobre as águas, e os anima: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”. Seria realmente Ele ou apenas uma ilusão? Pedro, cheio de dúvida, pede-lhe uma prova: que também ele possa caminhar sobre as águas. Jesus o chama a si. Pedro sai do barco, mas o vento ameaçador o assusta e ele começa a afundar. Então Jesus o segura pela mão, dizendo-lhe:

“Homem fraco de fé, por que duvidaste?”

Como sentir a presença de Deus nas tribulações?

Também hoje Jesus continua dirigindo-nos estas palavras, toda vez que nos sentimos sós e incapazes nas tempestades que frequentemente desabam sobre a nossa vida. São doenças ou graves situações familiares, violências, injustiças… que insinuam no coração a dúvida, quando não, até mesmo, a rebelião: “Por que Deus não vê isso? Por que não me escuta? Por que Ele não vem? Por que não intervém? Onde está aquele Deus Amor no qual acreditei? É apenas um fantasma, uma ilusão?”.

Assim como aconteceu com os discípulos assustados e incrédulos, Jesus continua repetindo agora: “Coragem, sou eu! Não tenham medo”. E assim como Ele desceu do monte daquela vez para estar perto deles nas suas dificuldades, da mesma forma hoje Ele, o Ressuscitado, continua entrando na nossa vida, caminhando ao nosso lado, fazendo-se companheiro. Jamais nos deixa sozinhos na provação: Ele está aí para compartilhá-la conosco. Mas, pode ser que não acreditemos suficientemente; por isso Ele nos repete:

“Homem fraco de fé, por que duvidaste?”

Estas palavras, além de serem uma censura, são um convite a reavivar a fé. Quando Jesus estava na terra conosco, prometeu-nos muitas coisas. Ele disse, por exemplo: “Pedi e recebereis…”; “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e todo o resto virá por acréscimo”; a quem tiver deixado tudo por Ele será dado cem vezes mais nesta vida e como herança a vida eterna.

Podemos obter tudo, mas precisamos acreditar no amor de Deus. Para poder nos dar algo, Jesus pede que pelo menos reconheçamos que Deus nos ama.

Ao passo que muitas vezes nos afligimos como se tivéssemos de enfrentar a vida sozinhos, como se fôssemos órfãos, sem um Pai. Fazemos como Pedro, dando mais atenção às ondas agitadas que parecem nos engolir do que à presença de Jesus que logo nos segura pela mão.

Se ficarmos parados, analisando aquilo que nos faz sofrer, os problemas, as dificuldades, então afundaremos no medo, na angústia, no desencorajamento. Mas não estamos sós! Acreditamos que existe Alguém que cuida de nós. É Nele que devemos fixar o nosso olhar. Ele está perto de nós, mesmo quando não percebemos a sua presença. Precisamos acreditar Nele, confiar nele, confiar-nos a Ele.

Quando a fé passa por uma prova, lutamos, rezamos, do mesmo modo como Pedro, quando gritou: “Senhor, salva-me!”, ou como os discípulos, numa outra situação semelhante: “Mestre, não te importa que estejamos perecendo?” Jesus nunca nos deixará faltar a sua ajuda. O seu amor é verdadeiro e Ele assume todos os nossos pesos.

“Homem fraco de fé, por que duvidaste?”

Também Jean Louis era um jovem “fraco de fé”. Apesar de ser cristão, ele duvidava da existência de Deus, ao contrário dos outros membros da família. Vivia bem longe dos pais, em Man, na Costa do Marfim, com os irmãos menores.

Quando a cidade foi tomada por rebeldes, quatro deles entraram na sua casa, saquearam tudo e quiseram recrutar à força o jovem, devido ao seu aspecto atlético. Os irmãos menores suplicavam que o soltassem, mas em vão.

Quando já estavam para sair com Jean Louis, o chefe do grupo mudou de ideia e decidiu deixá-lo. Depois sussurrou para a maiorzinha das irmãs: “Vão embora o quanto antes, porque amanhã nós vamos voltar…”. E indicou a direção que eles deveriam tomar.
Seria o caminho certo? Não seria uma armadilha?, perguntaram-se os adolescentes.

Partiram logo ao amanhecer, sem um tostão no bolso, porém com uma migalha de fé. Caminharam por 45 quilômetros. Encontram alguém que lhes pagou uma passagem de caminhão para chegarem até a casa de seus pais. Pelo caminho, foram acolhidos por pessoas desconhecidas que também lhes deram de comer. Nos postos de controle e ao atravessar a fronteira, ninguém lhes pediu documentos, até que finalmente chegaram em casa.

A mãe conta: “Não estavam em boas condições, mas se sentiam arrebatados pelo amor de Deus!”.

A primeira coisa que Jean Louis fez, foi perguntar onde havia uma Igreja. E disse: “Papai, o teu Deus é realmente forte!”

Chiara Lubich – fundadora do Focolare

Publicado em Arquivo Formação Shalom.

Leia também: Conhecê-lo e conhecer-se (9): Não tenhas medo, eu estou aqui (Opus Dei)

LUTAR SEMPRE!

Nossa vida é um combate diário

Nossa vida é um combate diário, por isso precisamos usar as armas necessárias de cada dia e enfrentar o combate de cabeça erguida. Lutar sempre, desistir jamais, é isso que quero partilhar com você. Sei que não é fácil, mas é possível, sim, enfrentar o combate diário. Somos templo do Espírito Santo e Deus está em nós. Deus habita em nosso coração, em nossa casa. Não precisamos ter medo, por maior que seja a batalha. Vamos fechar todas as brechas do coração e da nossa casa para o inimigo não entrar.

Meu coração e o seu coração precisam estar vibrantes, desejando o Céu, pois fomos feitos para a eternidade. O Céu é o nosso lugar. Isso é fundamental para entendermos os combates pelos quais passamos. Quando tenho um olhar espiritual, entendo que sou do Céu, mas como peregrino neste mundo, preciso permanecer firme e com foco em Jesus. Isso me ajuda a não desistir e a entender que tudo vai passar.Nossa vida é um combate diário

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Diante do Evangelho de Mateus, eu me pergunto e pergunto a você: como está o meu desejo de Céu? Como está o meu desejo de entrar no Céu? Viver é bom, mas só vale a pena se for para viver com Cristo. Diariamente, tenho orado para que eu nunca tire dos meus olhos esse desejo de trilhar e chegar à meta do homem perfeito, da estatura do homem perfeito, Jesus. Chegar ao Céu é uma luta diária.

É só na oração que vencemos o combate

Aqui, na Canção Nova, aprendemos que a nossa vida precisa ser uma vida de oração, porque é só na oração que vencemos o combate, e a oração nos traz disciplina, determinação, coragem para não pararmos nos problemas que enfrentamos. Ou eu assumo que tudo posso Naquele que me fortalece ou não adianta nem proclamar essa frase.

Deus tem para nós a obra de salvação, mas o inimigo tem a obra da destruição. Ele tira das famílias o desejo do Céu, a oração, e destrói a família que vive intensamente a Palavra do Senhor. Satanás quer fazer com que você e eu desistamos do Céu, da santidade. Nossa vida é um combate, sim, mas nós somos vencedores!

Largue tudo, não tenha medo, traga a vocação primária, que é a santidade. Queira ser um homem diferente, uma mulher diferente, para que as pessoas consigam olhar para você e falar: aquele homem é um homem de Deus, aquele casal busca o Céu.

(…)

Se você é um cristão autêntico, tem que passar por tribulações, pois essa é a garantia para se chegar à vitória. Quando eu entendo o Céu, eu assumo a cruz e não a largo de jeito nenhum. Todos nós devemos viver intensamente correndo atrás da nossa santidade, enfrentando as batalhas de cada dia, carregando a cruz de cada dia e acreditando que Deus está conosco. Não sabemos quando o Senhor virá, e por isso devemos orar e vigiar diariamente. Porém, eu só viverei assim se tiver um entendimento concreto de que o Céu é o meu lugar e de que estou neste mundo, mas não pertenço a ele.

Peço ao Senhor que você seja impregnado da certeza do Céu, do desejo do Céu. Por isso, coragem, nossa vida em Deus é um combate diário, mas vamos vencer.

Trecho extraído do livro “Lutar sempre desistir jamais“, de padre Bruno Costa.

Publicado em Formação Canção Nova.