Solenidade da Epifania do Senhor (Paróquia Santo Antônio do Pari)

Solenidade da Epifania do Senhor

Da cidade real, onde julgavam dever encontrar o rei, os Magos dirigem-se à pequena cidade de Belém. Entram no estábulo e encontram um recém-nascido envolto em panos. Não se aborrecem com o estábulo, nem se chocam com os panos: prostram-se, veneram-no como rei, adoram-no como Deus.
São Bernardo de Claraval

Domingo da Epifania, domingo dos Magos. Desde a nossa infância, no tempo do Natal, esses personagens foram se insinuando em nossa atenção e em nosso coração. Já estava lá o presépio na sala da casa. De repente, no dia 6 de janeiro, se tirava de uma caixa de papelão essas três figuras com coroas e presentes, montados em camelos e dando ao singelo presépio uma tonalidade um tanto grandiosa. Misteriosos personagens. Apenas Mateus faz alusão a essa visita inopinada e inesperada. O evangelista diz que eram Magos, nada mais. Depois pensadores e homens da mística nos disseram que eles, de alguma forma, representam a peregrinação dos buscadores de Deus rumo à casa do Altíssimo. Peregrinos de Deus. Que significado tem para nós esse episódio que vai fechando o ciclo do Natal?

É a nossa história, o relato de nossa aventura humana que aí estão retratados. Mateus nos fala que vieram de longe, guiados pela estrela, obstinados vencedores da imensidão dos desertos questionam as autoridades locais a respeito do nascimento do Menino. Vencem obstáculos e adoram o Deus grande na simplicidade das coisas mais simples: uma casa de pobres e uma frágil criança, um menino envolto em panos.

Buscadores sinceros de Deus! Que bom se esta afirmação fosse verdadeira para nós e nossos tempos. Muitos de nós nascemos no seio de famílias católicas e fomos sendo envolvidos em ritos e símbolos. Passamos a viver uma “religião”. Fomos batizados e recebemos os outros sacramentos. Alguns tiveram a chance de viver numa família esclarecida. Outros foram vivendo separando a vida da fé. A fé, tenha talvez passado alguma coisa pessoal, privada e nada mais. Tais pessoas foram perdendo o fogo do Evangelho. Deus não pode um ser mero acessório, um à coté, ao lado daquilo que chamamos de vida. O que conta não é a vida?

Há, aqueles que tiveram uma catequese por demais sumária e meramente nocional e que depois de um certo tempo deixaram tudo. No começo formularam perguntas. Foram achando Deus mudo demais. Alheio a tudo. Para alguns Deus morreu. Ou nunca tenha existido.

Há aqueles que, interpelados pelo maravilhoso, pelo inesperado ou pelo trágico da vida sentiram brilhar uma estrela, o frágil cintilar de uma estrela: o nascimento de um filho, a ameaça de fracasso do casamento, uma derrocada financeira, o inferno das drogas, a visita de uma pessoa que parecia um anjo a cair do céu.

Há os que encontram ou reencontram a fé frequentando as páginas dos evangelhos e tentando descobrir o Deus de Jesus Cristo nas parábolas, nos ditos do Mestre, na esperança que saía da boca e da figura de Jesus. São pessoas que, aos poucos, vão dando suas mãos a Levi e a Zaqueu. Vão se identificando com filho pródigo e sentem o abraço do Pai das misericórdias. Essas pessoas começam a abrir tesouros e presentes ao Deus que cativa.

Muitos chegam a descobrir a Deus na dedicação aos outros. Sentem-se felizes quando podem ser para e sendo para desconfiam que assim é Deus…Ser para… E lembram-se das aulas de catecismo onde haviam aprendido que quando dão um copo de água fria ao menor de seus irmãos é a Jesus que o ofertam.

Deus que vem nos visitar e chega na simplicidade de um nascimento e termina seus dias no alto de uma cruz completamente injustiçado e despojado, até de suas vestes. Um Deus que não mora nas alturas, mas chega perto de cada um de nós. O Menino deitado nas palhas, no despojamento total é a verdadeira luz que ilumina a todo homem que vem a este mundo. Veio para todo o orbe. Fora dele não há claridade. Através dos tempos fomos vendo a procissão dos peregrinos iluminados pela estrela da fé. Jesus mesmo um dia haveria de afirmar que Deus se revela aos pequenos e humildes e se esconde dos satisfeitos. Os Magos representam os homens e as mulheres que carregam questionamentos e interrogações, que não estão satisfeitos com a vida pela metade, que buscam um sentido mais pleno dos dias que vivem. Pertencem ao irrequietos de coração de que fala Agostinho de Hipona.

Texto para a meditação e reflexão

Hoje, os Magos que procuravam o Senhor resplandecente nas estrelas, o encontram num berço. Hoje os Magos veem claramente envolvido em panos aquele que há muito tempo buscavam de modo obscuro nos astros. Hoje os Magos contemplam maravilhados, no presépio, o céu na terra, a terra no céu, o homem em Deus, Deus no homem e incluído no corpo pequenino de uma criança, aquele que o universo não pode conter. Vendo-o proclamam sua fé e não discutem oferecendo-lhe místicos presentes, incenso a Deus, ouro ao rei e mirra ao que havia de morrer (São Pedro Crisólogo).

Publicado em Paróquia Santo Antônio do Pari.

Autor: Lúcia Barden Nunes - Blog "Castelo Interior - Moradas"

Assinatura no blog: Lúcia Barden Nunes. Católica (Igreja Católica Apostólica Romana). Jornalista (Reg.Prof. MTb/RS 7.142- Lúcia Aparecida Nunes). Estado Civil: Casada (com Arturo Fatturi). Local de nascimento: Rio Grande do Sul. Data: 1960. País: Brasil.

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