5 curiosidades sobre a Cruz de Jesus

A crucificação de Jesus é narrada pelos 4 evangelistas (Mateus 27,33-44; Marcos 15,22-32; Lucas 23,33-43; João 19,17-30). Além disso, ela foi atestada por outras fontes antigas e está firmemente estabelecida como um evento histórico confirmado inclusive por fontes não cristãs.

Os sofrimentos de Jesus estavam previstos no Antigo Testamento. Em um dos Salmos, por exemplo, Davi citou uma das frases que Jesus falou na Cruz: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” (Salmo 21).

Também o profeta Isaías descreveu em sua narrativa o sofrimento, a morte e a exaltação do Servo Sofredor – Jesus Cristo.

A Bíblia Sagrada conta que Jesus foi preso no Getsêmani, que é um jardim secreto que fica no sopé do Monte das Oliveiras. Jesus foi para lá logo após a Última Ceia – que foi a última refeição que Ele fez com os Seus doze apóstolos e quando instituiu a Sagrada Eucaristia e o sacerdócio.

Logo que foi preso, Jesus foi julgado pelo Sinédrio, por Pilatos e por Herodes. Após ser condenado, em seguida foi entregue para execução. Sua sentença foi a morte na cruz.

Por que Jesus foi condenado a morrer numa cruz?

A morte de cruz era uma sentença aplicada aos piores criminosos e escravos. Pelo costume dos Judeu, seus acusadores, Ele poderia ter sido apedrejado até morrer. Porém, certamente por um desígnio Divino, os judeus entregaram Jesus para ser julgado conforme a justiça romana e, por isso, foi crucificado.

O próprio Jesus sabia o que aconteceria com Ele e aceitou voluntariamente, motivado pelo amor, morrer pela remissão dos nossos pecados. Ele deu a Sua vida para a salvação do mundo.

Por isso, a Cruz de Jesus é para os cristãos sinal do Seu amor incondicional e da Sua misericórdia infinita.

5 curiosidades sobre a Cruz de Jesus

São muitos os questionamentos a respeito da Cruz de Jesus. O que teria acontecido com ela após tirarem dela o corpo sem vida de Jesus? Hoje você vai descobrir!

1. Após a remoção do corpo a Cruz de Jesus foi jogada numa vala

A tradição conta que logo que o corpo de Jesus foi entregue à Sua Mãe para ser sepultado, a cruz foi removida e lançada uma fenda rochosa abaixo do Gólgota – a colina na qual Jesus foi crucificado.

Tempos depois, o imperador Adriano, que reinou entre os anos 117 e 138 d.C., menosprezava Jesus Cristo.

Por isso, ao edificar uma nova colônia romana sobre as ruínas de Jerusalém, ele mandou que fossem jogados entulhos de construção na fenda onde estava a Cruz de Jesus.

Além disso, no local onde aconteceu a crucificação ele mandou construir um prédio.

2. A Cruz de Jesus garantiu a vitória dos cristãos

Constantino foi um dos imperadores romanos que governou de 306 até sua morte em 337. Vindo de uma família cristã, ele era muito piedoso.

No ano 312 aconteceu em Roma a batalha da Ponte Mílvio, que foi o último confronto travado durante a Guerra Civil entre os imperadores romanos Constantino e Magêncio. A história narra que durante a batalha Constantino teve a visão de Cristo mostrando a Sua Cruz e dizendo a ele: “Com este sinal vencerás!”.

E assim aconteceu! Constantino saiu vencedor desta batalha e no ano seguinte decretou o cristianismo como a religião oficial do Império Romano, após 3 séculos de brutais perseguições contra os cristãos.

3.A Cruz de Jesus foi encontrada por uma mulher

O imperador Constantino mandou construir a Igreja do Santo Sepulcro sobre o túmulo de Jesus. A igreja foi edificada entre os anos 326 e 335.

Durante esse período sua mãe, Santa Helena, se dedicou incansavelmente a procurar pela Cruz de Jesus em Jerusalém. Ela levou para lá um grupo de escavadores que, depois de muito trabalho, conseguiu encontrar três cruzes e nas proximidades, além da placa que continha a inscrição que havia sido colocada sobre a Cruz de Cristo.

4. Um milagre identificou qual é a verdadeira Cruz

Segundo o Breviário Romano, Macário, bispo de Jerusalém, elevou a Deus suas preces, e levou cada uma das cruzes a três mulheres que sofriam de grave enfermidade.

Enquanto as demais de nada serviram às mulheres enfermas, a terceira Cruz, levada à terceira mulher, curou-a imediatamente.

5. Partes da Cruz de Jesus estão em Igrejas de Jerusalém e de Roma

No local onde encontrou a Cruz de Jesus, Santa Helena mandou construir uma igreja esplendorosa, onde depositou parte da Cruz em urnas de prata.

Além disso, uma das partes da Cruz ela deu a seu filho, Constantino, que a levou para Roma, depositando-a na igreja da Santa Cruz de Jerusalém, edificada no palácio Sessoriano.

Futuramente, fragmentos da Cruz de Jesus, ou seja, suas relíquias, foram distribuídas para igrejas em todo o mundo.

Helena também havia encontrado os pregos que foram usados para pregar as mãos e os pés de Cristo à Cruz, e ela os entregou ao seu filho.

Naquele tempo, Constantino sancionou uma lei que proibia a condenação de qualquer pessoa à morte na cruz.

Desde então, a cruz que antes era sinônimo de castigo e maldição passou a ser motivo de glória e objeto de veneração pelos cristãos em todo o mundo.

Publicado em Comunidade Católica Santos Anjos.

O sentido da Quaresma

“O período quaresmal encaminha a pessoa para uma transformação humana e espiritual em Deus”

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Quaresma é um dos tempos mais importantes do ciclo litúrgico da Igreja. Tem como fundamento o convite à conversão, a experiência desértica com Deus, tendendo sempre à mudança radical de vida e de atitudes, olhando para dentro de si e mergulhando na via penitencial de Cristo, cercado pelo caminho do arrependimento e da misericórdia, no qual o cristão é chamado a dar um sentido mais verdadeiro de si e mais transparente.

O caráter original da Quaresma, segundo a força expressiva da mesma palavra, foi posto na penitência de toda a comunidade e dos indivíduos ao longo de quarenta dias. Na determinação da duração de quarenta dias, para que os cristãos se preparem para celebrar a solenidade Pascal, é mais do que certo que teve grande peso a tipologia bíblica dos quarenta dias, a saber: o jejum de quarenta dias de Jesus Cristo; os quarenta anos que passou o Povo de Deus no deserto; os quarenta dias passados por Moisés no Monte Sinai; os quarenta dias durante os quais Golias, o gigante filisteu, afrontou Israel, até que Davi avançou contra ele, abateu-o e o matou; os quarenta dias durante os quais o Profeta Elias, fortificado pelo pão assado e pela água, chegou ao Monte de Deus, o Horeb; os quarenta dias que o Profeta Jonas pregou a penitência aos habitantes de Nínive.

O Tempo da Quaresma tem a finalidade de preparar a Páscoa: a Liturgia Quaresmal conduz para a celebração do mistério pascal tanto os catecúmenos, através dos diversos graus da iniciação cristã, quanto aos fiéis, por meio da recordação do batismo e da penitência. Esse tempo favorável de reconciliação transcorre desde a Quarta-feira de Cinzas, que é dia de jejum e abstinência e de imposição das cinzas, até a Missa da Ceia do Senhor, inclusive. Desde o início da Quaresma até a Vigília Pascal não se canta (diz) o Aleluia nem o Glória. Os domingos deste Tempo são chamados 1°, 2°, 3°, 4° e 5º Domingos da Quaresma. O 6º Domingo, com o qual se inicia a Semana Santa, é chamado Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. A Semana Santa recorda a Paixão de Cristo, desde sua entrada triunfante em Jerusalém até a sua Ressurreição.

O período quaresmal encaminha a pessoa para uma transformação humana e espiritual em Deus, culminando todo o seu ser na plenitude da festa da Páscoa, a ressurreição do Senhor, o mistério salvífico de Jesus, o “Rabi”, que faz morada em nosso meio e traz a vida em abundância.

Por Pe. Antônio Lúcio, ssp e Cl. Deivid Rodrigo dos Santos Tavares, ssp

Publicado em Padres e Irmãos Paulinos.

A cruz representa Cristo e o amor que Ele tem por nós

A cruz é poderosa e tem força de vitória. Sim, nela, temos salvação e vida. Quem nela permanecer terá a vida do Evangelho, a vida de Cristo neste mundo e, a vida eterna. A cruz tem, dá, traz e oferece a vida de Cristo. Quem vive dela, quem vive o mistério da cruz, terá sua vida revestida de Cristo, por dentro e por fora. Estes somos nós, os batizados, como afirma São Paulo: “pois todos vocês, que foram batizados em Cristo, se revestiram de Cristo” (Gl 3,27).

Muitas pessoas gostam de levar uma cruz, pendurada no pescoço; outros a têm em casa, nos seus espaços de vida. Óbvio, não deve ser só mais um pendurico. Deve ser, isto sim, sinal da vida de Cristo abraçada; deve ser sinal do mergulho na vida ressuscitada de Cristo.

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                                 Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A força da cruz

A cruz dá conforto, segurança, proteção, força, companhia – ela é companheira de vida. Mas, o que é a cruz? Quem é, quando falamos em “força da cruz”? É Aquele que padeceu a morte na cruz, por amor a nós, em Sua obediência ao Pai; é Aquele que se entregou por nós e que ressuscitou dos mortos, vencendo a morte, matando a morte, na Sua morte. Cruz é, ainda, a vida entregue de Cristo. É o símbolo do próprio Cristo, “que se humilhou por nós, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,8). É, por isso, toda a vida de Jesus Cristo, vida entregue, vida ressuscitada e exaltada pelo Pai (Fl 2,9). Aquele que morreu na cruz destruiu a nossa morte e, ressurgindo, restaurou a nossa vida (SC 5). Ela é o patíbulo donde pendeu a salvação do mundo. É mistério, é o jeito de Deus ser, é a força de Deus, que aos nossos olhos é fraqueza (2Cor 12,10).

Quando a Cruz é força? O Autor sagrado da carta aos Hebreus nos ajuda: “Embora sendo Filho de Deus, aprendeu a ser obediente através de seus sofrimentos. E tornou-se a fonte de salvação eterna para todos que lhe obedecem” (Hb 5,8-9). Então, ela é força na sua vida, se e quando você obedece ao Filho de Deus. Vivendo no seguimento do Senhor Jesus, fazendo o que Ele diz, buscando ser como Ele, trazendo dentro os Seus sentimentos e pensamentos, você escolhe a cruz como sua força e companheira de vida, você escolhe deixar que a cruz de Cristo salve você. Ela não é algo mágico. É a vida doada de Cristo – em perfeita obediência ao Pai –, que pede para fazer a mesma coisa (Lc 22, 42).

A salvação e a vida

A Cruz é sinal e reconhecimento da salvação dada por Deus por meio do seu filho Jesus Cristo. Por isso, é o lenho da vida. Nela resplandece a vida, a nossa vida, a vida divina que nos foi merecida por Cristo. Beijá-la é beijar a vida de Cristo, é beijar o própria Cristo, é adorar o Filho de Deus que se entregou por nós, para nossa salvação.

(…)

Termino destacando: “Na cruz, a salvação e a vida!”. Porquanto, chegamos à salvação por meio da cruz de Cristo. Cruz de Cristo, sinal do amor de Cristo Jesus pela humanidade. É a força de Deus. Ela indica o sentido da vida, a esperança do viver, um viver que não para na morte, mas, como Cristo, passa da morte à vida. É a proposta de vida de Jesus: dar a vida, entregar a vida, viver, no amor do Pai, em favor dos outros. A “cruz-entrega- no-amor- morte-ressurreição” é a fonte da vida.

Agarrar-se à Cruz é radicar-se na vida de “Cristo, que nos amou e se entregou por nós” (Gl 2,20). A cruz de Cristo é um símbolo forte de esperança e vida, vida plena, vida de filho(a) de Deus. Assim, creio e sei que Jesus me ama, pois Ele deu a sua vida por mim, por nós, na cruz. Ela representa Cristo e o amor que Ele tem por nós. Fomos salvos pela cruz (Gl 2,20). Cruz é presente valente, divino: a vida de Cristo dada a nós. Cruz é a força de Cristo.

Dom João Inácio Müller é Bispo da Arquidiocese de Campinas (SP).

Publicado em Formação Canção Nova.

Por que Deus fez-se homem?

Esse mistério de Deus que se fez homem, sem deixar de ser Deus e sem mutilar a natureza humana, a Igreja chama de Encarnação (cf. CaIC 461). Esta união admirável da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Verbo, para realizar a nossa salvação, é sinal distintivo da fé cristã.

Para responder à pergunta do título deste artigo, trazemos dois posicionamentos distintos:

  1. Para Santo Agostinho († 430), Deus quis a Encarnação por causa do pecado do homem. Nesta visão, “se o homem não tivesse caído, o Filho do Homem não teria vindo”. Pois como rezamos no Credo Nicenoconstantinopolitano: “Por nós homens, e para nossa Salvação, desceu dos céus, … e se fez homem” (1Tm 1,15);
  2. Já João Duns Scotus O.F.M († 1308) supõe outra tese: “A vocação da criatura é condividir a filiação divina. Deus cria o mundo porque quer condividir o amor”. Para Duns Scotus, Jesus Cristo é de tal excelência no plano de Deus que mesmo que o ser humano não tivesse pecado, o Filho de Deus teria se encarnado. Até porque, na sua visão, não é o ser humano que condiciona Deus, fazendo com que Ele mude seus planos.

Não queremos aqui fazer uma análise sobre o posicionamento de Agostinho e de Duns Scotus. A verdade é que a história da humanidade é essa que conhecemos, a da humanidade pecadora.

O ser humano criado por Deus encontra a sua felicidade quando O alcança. Mas isso era impossível para o homem pecador. Então, Deus Pai que tem um Filho muito amado, tomou a decisão corajosa de alargar a sua família, pensou em alcançar o ser humano e de adotar os seres humanos como filhos. Então, o Filho ofereceu-se para tornar-se como nós. E “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória que ele tem junto ao Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade”(Jo 1,14).

Sim, o Verbo, a segunda pessoa da Trindade, fez-se carne no seio da Virgem Maria para dar a quem o acolhe e a quem crê Nele o poder de se tornar filho de Deus. Jesus que existe desde toda a eternidade, que é Deus, que é fonte da vida e da luz, este Deus é verdadeiramente homem e não só na aparência. Em Jesus, Deus não é mais um ser distante, ele se torna nosso Pai. Ele não é mais um ser distante, Ele se torna nosso irmão.

Assim, Jesus assumiu a nossa humanidade, para que nós pudéssemos participar da vida divina. A encarnação revela o grande amor de Deus por nós a ponto de dividir a sua condição divina e assumir a nossa fragilidade humana.

Somos convidados a contemplar esta cena de um Deus menino, que se fez pequeno e indefeso, para ser acolhido nas nossas mãos. Deus poderia vir com potência, no fulgor de sua glória e certamente todos o acolheriam. Porém, Deus não quer ser acolhido como ídolo. A sua grandeza é aquela do pequeno, seu esplendor aquele da criança enfaixada na manjedoura. Podemos imaginar Maria ao encontrá-lo nos seus braços, vê-lo, ouvi-lo, tocá-lo, abraçar naquela pequena criança, Deus mesmo. É um dom assim tão grande que nós muitas vezes não conseguimos compreender e por isso Ele não é aceito por todos. Parece demais, um Deus assim tão pequeno e muitos não conseguem compreender.

O nascimento do menino Deus não pode ser compreendido por dedução de um raciocínio e nem é produto do esforço humano. Com a nossa razão certamente procuraríamos um Deus grande, tremendo, fascinante, potente, glorioso. Ele, porém, é-nos revelado um Deus pequeno, impotente, que nasce em Belém, cujo nome significa casa do pão, e se oferece como alimento na manjedoura dos animais. Natal é o mistério do amor de Deus, que se faz pequeno, que nada teme e se expõe à humilhação para alcançar o seu amado (o ser homem).

Se Deus se fez um de nós, primeiro é para que possamos compreendê-lo. Ele pode falar, pode experimentar a nossa vida, pode amar e ser amado, pode salvar – nosso Deus não é abstrato é pessoal. E segundo, se Deu fez-se igual a nós é para dizer, que assim como somos, na nossa simplicidade humana é possível ter um relacionamento de amor com o Pai, é possível como humano viver a fidelidade de Deus, não temos necessidade de nos tornar anjos. Não temos necessidade de sair do mundo, para viver em Deus.

Pe. Emerson Detoni

Publicado em Catedral Nossa Senhora da Glória – Francisco Beltrão, PR.

Imagem: Wikipédia.

Meditar a Paixão de Cristo na Quaresma

“TENDO, POIS, CRISTO PADECIDO NA CARNE, ARMAI-VOS TAMBÉM VÓS DO MESMO PENSAMENTO.”

Christo igitur passo in carne, et vos cadem cogitatione armamini. (1Pd 4,1)

I — Se Cristo padeceu tanto na sua carne, não o fez porque sua carne tivesse necessidade disso, mas porque a tua tinha necessidade destes padecimentos. Ele foi puríssimo e perfeitíssimo. Nunca teve necessidade de subtrair de sua carne o mal; jamais teve necessidade de incitá-la ao bem. Padeceu pela tua carne, que tinha grandíssima necessidade desses padecimentos, porque é tão preguiçosa para o bem e sempre tão pronta para o mal. Pareceria, pois, que o Apóstolo deveria dizer: “Tendo Cristo padecido na carne, armai-vos também vós da mesma Paixão”. Porque, se Cristo se comportou tão severamente para com a sua carne, o que não deverias fazer tu contra a tua, que é tão inclinada ao mal? Mas o Apóstolo, que conhecia a nossa fraqueza, só disse: “Armai-vos também vós do mesmo pensamento”. Quer que, se não te armas da Paixão de Cristo, armes-te ao menos do pensamento de tal Paixão. Que desculpa poderias ter, se não te resolvesses nem mesmo a isso?

II — Esse armamento deve ser duplo. Defensivo e ofensivo.

    Defensivo, para rebater os assaltos da tua carne rebelde.

    Ofensivo, para assaltá-la, isto é, para mantê-la humilde, obediente, para jazer com que ela pague ao espírito aquele tributo que lhe convém.

    O pensamento da Paixão de Cristo te servirá, pois, antes de tudo como armadura, para rebateres virilmente os assaltos da carne. Todos ensinam que o mais eficaz remédio contra as tentações sensuais é pensar no que Cristo padeceu por nós. “Põe como escudo de seu coração o seu trabalho” (Lm 3,65). Como é possível que te ponhas a contemplar Cristo na Cruz, que o vejas despido, todo gotejante de sangue por tua causa, escarnecido, triturado, e penses ainda em dar ao teu corpo todas as delícias lícitas e ilícitas? Sentirás logo uma santa ira contra ti mesmo e quererás maltratar-te, castigar-te como convém. O que não é só defender-se da carne, mas fazer-lhe uma ofensiva. Nota, porém, que para isso não basta uma recordação, um pensamento superficial da Paixão de Cristo. É necessário um pensamento muito atento. ‘‘Tendo, pois, Cristo padecido na carne, armai-vos vós também do mesmo pensamento”. Com efeito, este pensamento é que é útil: o pensamento assíduo. Não digas que se tomam as armas quando se faz necessário, e depois se as depõem. Se a carne te faz guerra continuamente, ou está sempre disposta a mover-se, dize-me só em que tempo podes depor as armas contra ela?

IV — Para que o pensamento da Paixão te seja realmente útil, deves procurar sobretudo aprender com viveza Quem seja Aquele que sofreu por ti. Por isso, São Pedro diz: “Tendo, pois, Cristo padecido na carne”. Trata-se do Filho de Deus. Ainda que Ele não tivesse feito outra coisa pela tua salvação, o fato único de ter provado sobre a Cruz aquele fel amargo deveria ser suficiente para ti, pobre verme da terra, para que vivesses imerso num mar de amargura, por seu amor. Quando Tobias viu todos os benefícios que o companheiro de seu filho lhe tinha feito, pensou dar-lhe metade de todos os seus bens, em reconhecimento. Mas quando chegou a conhecer que se tratava de um Anjo do Céu, caiu por terra como aniquilado, na impossibilidade de exprimir de algum modo a sua admiração e a sua devoção. Tu também deves comover-te sem dúvida com o pensamento de quanto Jesus sofreu por ti na sua Paixão. Mas, quando te recordas que Quem sofreu tudo isso foi o Filho de Deus Eterno, que desceu do Céu à Terra, tens de ficar infinitamente comovido e pronto a qualquer momento também morrer por Ele. “Quem me concederá de morrer por ti?” (2Rs 18,33). Se o teu coração tem sensibilidade, por mínima que seja, não pode deixar de ficar profundamente comovido com a Paixão de Jesus. Então a tua carne retrocederá e começará a deixar de dar-te tanto trabalho: “Eu me lembrarei disto sem cessar e a minha alma definhará dentro de mim” (Lm 3,20). 

______
** Da obrigatória obra do Venerável Padre Paulo Ségneri, “Maná da Alma”, vol. VII (São Paulo: Realeza, 2023) – para adquirir esta e outras obras com um desconto especial para leitores d’O Fiel Católico, acessar este link e usar o cupom OFielCatolico – (obs.: o vol. VII, do qual foi extraído o trecho aqui reproduzido, encontra-se em fase de revisão e será lançado nos próximos meses; os primeiros 4 volumes da coleção estão disponíveis na loja).

Publicado em O Fiel Católico.

ORAÇÕES PARA O TEMPO DA QUARESMA (Para cada dia da semana)


ORAÇÃO PARA O INÍCIO DA QUARESMA

DEUS, Criador da minha vida, renova-me: traz-me para uma nova vida em Ti.
Toca-me e faz-me sentir integra novamente.
Ajuda-me a ver o Teu Amor na Paixão, morte e Ressurreição de Vosso Filho..
Ajuda-me a observar a Quaresma de uma forma que me permita celebrar esse
mesmo Amor.
Ajuda-me a preparar para viver estas semanas da Quaresma, à medida que eu
sinto uma profunda tristeza pelos meus pecados e Teu Amor Eterno por mim.
Pai Santo, que Jesus mande sobre mim o Espírito Santo, conduzindo-me neste
tempo favorável a uma sincera conversão.
Preciso Senhor viver a Graça do meu Batismo, morrendo para o que não é Teu
e vivendo conformada à Tua Vontade.
Que a Tua Palavra me conduza durante todos os dias deste Retiro Quaresmal.
Com o Jejum, a Oração e a Caridade operosa, unida à penitência, espero a
Vida Nova na Páscoa! Amém!

ORAÇÕES PARA CADA DIA DA SEMANA

Domingo
Deus de infinita misericórdia,
às vezes, há tanta escuridão na minha vida
que me escondo de Ti.
Eu humildemente te peço, pega minha mão,
e tira-me das sombras do meu medo.
Ajuda-me a mudar meu coração,
e leva-me para a Tua verdade.
ajudando-me a responder ao Teu generoso amor.
Deixe-me reconhecer a plenitude do Teu amor,
que preencherá a minha vida.
Livra-me da escuridão no meu coração.Assim seja.

Segunda-Feira
Senhor meu Deus,
o Vosso mandamento do amor é tão simples e tão desafiador.
Ajudai-me a deixar ir o meu orgulho e a ser humilde na minha penitência.
Eu quero viver da maneira que Vós me pedis para amar,
e amar da maneira Vós me pedis para viver.
Isto eu peço, através do Vosso filho, Jesus,
que está ao meu lado hoje e sempre.Assim seja.

Terça-Feira
Meu Deus,
que estais no céu
e sempre presente na minha vida,
guiai-me e protegei-me.
Leva-me com o Teu amor para longe do mal,
e guia-me pelo caminho certo.
Obrigada pelo cuidado que Vós tendes por mim.
Que o Vosso Espírito inspire a Igreja
e nos faça um instrumento do Teu amor. Assim seja.

Quarta-Feira
Deus de amor,
purifica os meus desejos para melhor Te servir.
através desta jornada quaresmal.
Livra-me da tentação de julgar os outros,
para me colocar acima deles;
e deixa-me render,
mesmo na minha impaciência, para com os outros.
Que com o Teu amor e Tua graça,
eu possa estar menos absorvido comigo mesmo,
e mais cheio do desejo a seguir-Te,
na vida que estabeleci,
de acordo com o Vosso Santo exemplo.Assim seja.

Quinta-Feira
Deus de amor eterno,
Eu ouço o Teu constante convite: “Vem, volta para Mim”,
e eu também anseio voltar para Vós.
Mas, preciso que me mostres o caminho para retornar.
Orienta-me neste dia, em boas obras que eu faça em Teu nome,
e envia-me o Teu Espírito, para guiar e fortalecer a minha fé.Assim seja.

Sexta-Feira
Amado Deus e Pai Carinhoso.
Eu sou apenas como uma criança
que vira tantas vezes as costas ao Teu Amor.
Por favor, aceita os meus atos de arrependimento de hoje
e ajuda-me a libertar do egocentrismo
que fecha o meu coração para Ti.
Como nesta jornada através de Quaresma,
deixa-me lembrar a festa que preparaste para mim,
na ressurreição da Vida Eterna.
Sendo assim preenchida com Graças e Louvores a Vós.Assim seja.
OBS: Todas as 6ª feiras recomenda-se rezar a Via Sacra.

Sábado
Deus de Amor infinito,
Vós me presenteais com inúmeras ofertas,
ao longo da minha vida.
Pelo que, no meu pensamento e ações de hoje,
Vos peço que me guiais à luz brilhante,
e cheia de Amor de Vosso Reino.
Ajuda-me a estar ciente,
das muitas maneiras que Vós me permitis
compartilhar Vossa vida.
Agradeço-Vos os presentes que Vós colocastes no meu caminho.
Deixai-me estar grato a cada momento deste dia.Assim seja.

Publicado em Nos Passas de Maria.