Minha alma, minha mente, meu coração se transportam para o momento em que 228 almas partiram para a Eternidade. Não sei o que pensar… Todos sofremos; alguns sofrem a vida inteira, enquanto boa parte passa por bons e maus momentos. Nossos irmãos e irmãs, inclusive sete crianças e um bebê passaram por um sofrimento lancinante, aterrador, repentino. Particularmente, agradeço a Deus o fato de tudo ter acontecido muito rápido. Em queda livre após uma certa velocidade, nosso corpo aciona uma “saída”, ou seja, hormônios fazem o coração cessar o batimento. Talvez aconteça algo parecido com o desmaio: se tivermos uma dor insuportável, desmaiamos.Isto, para que nosso organismo se recomponha.
Parece-me apropriado partilhar neste momento de luto nacional e mundial, uma experiência pessoal de “quase” morte. Foi a segunda, em novembro do ano passado. Na primeira, não houve velocidade, e sim precipitação, o que implicou em um grande susto e prejuízo material. Tivemos apenas dois eventos perigosos com automóveis, em quase vinte e cinco anos de casados. Damos Graças a Deus porque saímos sem um arranhão, bem como os demais envolvidos. Neste segundo incidente (e não acidente), enfrentamos um tornado aqui no sul do Brasil. Eu e meu marido e os integrantes de cinco ou seis carros parados em fila – também de forma repentina, vivemos todos a iminência da morte. Eu rezava muito, e naquela hora pedi perdão pelos meus pecados e sem pestanejar tive a idéia de que meu marido devia fazer o mesmo, ainda que estivesse na direção do carro. Acho que “nossos” Anjos da Guarda me sugeriram isto… Ele repetiu o pedido de perdão, palavra por palavra, que repliquei pausadamente para ele. Mantinha os olhos atentos nos retrovisores e nos carros parados à frente… Estava assustado, em estado de alerta (e eu também, mas rezava baixo), já que o vidro de nosso carro ficava “branco”. Talvez a chuva se choque, pelo vento que vem de várias direções, e acaba formando uma névoa. Por segundos nada podíamos ver à frente ou atrás. E isto se repetia em ciclos. Vi um caixote passar ao longe, cavaletes mudarem de lugar, e outros caírem. No outro dia, naquela cidade que passamos, soubemos pela tevê que árvores foram arrancadas, e caíram sobre automóveis, etc… Mas aconteceu conosco algo pior naquele, na rodovia (ou poderia ter acontecido…). Repentinamente, em meio a um barulho assustador e que aumentava porque vinha em nossa direção (não havia visibilidade no retrovisor), vimos uma carreta truck “encaixar” o rodado no vão central, que ligava a nossa pista à de sentido contrário. Se o motorista da jamanta bi-trem não tivesse conseguido fazer esta façanha, certamente eu, meu marido e mais umas seis ou sete pessoas (ou mais porque tivemos que seguir em frente) – todos teríamos perecido, inexoravelmente…
Estou aqui, e passei a dar mais valor ainda à vida; o mesmo se deu com meu marido. Assim, se partimos ou ficamos um pouco mais neste mundo caótico, é um mistério que a Deus pertence… Aproveitemos este “tempo” para cumprir o que nos recomendou Jesus: “Amai a Deus acima de tudo, e ao próximo, como a si próprios”.
Peço a Deus Pai Todo Poderoso e Misericordioso, e a Seu Filho Cristo Jesus, Nosso Senhor e Salvador, que acolha a todos que pereceram, e que Maria Santíssima, Nossa Mãe Universal console seus familiares pela perda abrupta de seus amados e amadas. Amém.
Oração à Nossa Senhora do Carmo
Deus de amor, Pai de infinita misericórdia: nós Vos glorificamos por terdes revelado ao Profeta Elias, através de uma nuvem, a Imaculada Virgem Maria, Mãe do Vosso Filho e da Igreja.
"CASTELO INTERIOR - MORADAS" 