Liturgia da Solenidade de Domingo de Pentecostes – 8 de junho de 2025 – Ano C

Afresco da pomba pentecostal

(representando o Espírito Santo) na Karlskirche, em Viena, Áustria (Wikipédia)

LEITURA I At 2, 1-11

Leitura dos Atos dos Apóstolos

Quando chegou o dia de Pentecostes, os apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL Sl 103 (104), 1ab e 24ac.29bc-30.31.34 (R. 30)

Refrão: Enviai, Senhor, o vosso Espírito
e renovai a face da terra.

Ou: Mandai, Senhor, o vosso Espírito,
e renovai a terra.

Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas.

Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso Espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra.

Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto,
e eu terei alegria no Senhor.

LEITURA II 1Cor 12, 3b-7.12-13

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo são Paulo aos Coríntios

Irmãos:
Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor», a não ser pela ação do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito
para o bem comum. Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. Na verdade, todos nós __ judeus e gregos, escravos e homens livres __ fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nos foi dado a beber um único Espírito.

Palavra do Senhor.

SEQUÊNCIA 

Vinde, ó Santo Espírito,

Vinde, amor ardente,

Acendei na terra

Vossa luz fulgente.

Vinde, pai dos pobres:

Na dor e aflições,

Vinde encher de gozo

Nossos corações.

Benfeitor supremo

Em todo o momento,

Habitando em nós

Sois o nosso alento.

Descanso na luta

E na paz encanto,

No calor sois brisa,

Conforto no pranto.

Luz de santidade,

Que no céu ardeis,

Abrasai as almas

Dos vossos fiéis.

Sem a vossa força

E favor clemente,

Nada há no homem

Que seja inocente.

Lavai nossas manchas,

A aridez regai,

Sarai os enfermos

E a todos salvai.

Abrandai durezas

Para os caminhantes,

Animai os tristes,

Guiai os errantes.

Vossos sete dons

Concedei à alma

Do que em vós confia:

Virtude na vida,

Amparo na morte,

No céu alegria.

EVANGELHO Jo 20, 19-23

+ Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo segundo são João

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO 

Cinquenta dias depois da Páscoa, eis-nos a celebrar a solenidade do Pentecostes, e com ela, o envio do Espírito Santo à Igreja, sob a forma de línguas de fogo! Verdadeiramente, o Espírito Santo é o fogo do Amor de Deus, que arde sem se ver e sem se consumir! Outras imagens nos reportam ao mistério e à acção deste Espírito Santo. Jesus refere-se também ao Espírito Santo, como “um rio de água viva”, que corre e percorre o coração dos crentes, para o irrigar, purificar e dilatar até o tornar capaz do amor, sem medida!

O Amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Celebramos neste Domingo a festa dedicada ao Divino Espírito Santo. Sabemos que nos dias seguintes à ressurreição do Senhor, os Apóstolos permaneceram reunidos entre si, confortados pela presença de Maria, Mãe de Jesus. Depois da Ascensão, perseveravam juntamente com Ela em orante expectativa do Pentecostes.[1] Antes de subir ao Céu, Jesus tinha prometido que enviaria o Espírito Santo. Hoje, a primeira Leitura, tirada dos Actos dos Apóstolos, recorda-nos que se cumpriu a promessa de Jesus. “Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo.”[2]

São João situa a descida do Espírito Santo na tarde do dia de Páscoa. Jesus ressuscitado vai ao encontro dos Apóstolos, oferece a paz e enche-os com o dom do Espírito Santo. “Jesus soprou sobre eles e disse: A paz esteja convosco. Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20,19-23) Os Apóstolos ficaram cheios de alegria, quando viram Jesus ressuscitado. Depois do Pentecostes a Igreja é-nos descrita como uma Comunidade cheia de tranquilidade e sem medo. “Tinham um só coração e uma só alma. Gozavam da simpatia de todo o povo.” (Actos 4, 32)

Jesus mostrou-lhes as mãos e o lado: “Não tenhais medo. Vede as minhas mãos e os meus pés. Sou eu mesmo.”[3] O mesmo Jesus que eles viram crucificado, mas que agora tem um corpo glorioso, capaz de entrar em casa com as portas fechadas. Jesus mostrou os sinais da Sua entrega total e amorosa, na cruz. Era necessário desfazer as dúvidas, arrancar o medo, infundir a alegria da vitória sobre a morte. As chagas serão memória permanente da Paixão do Senhor. A Igreja há-de agradecer continuamente a Jesus, porque “pelas Suas chagas fomos curados.” (1 Pedro 2,21)

“Divinas mãos e pés peito rasgado. Chagas do meu Senhor, redenção minha.”

Como o Pai me enviou, eu também vos envio a vós.”

O Pentecostes não é apenas um acontecimento do passado, mas continua ainda hoje. Animados pelo dom de Jesus Cristo ressuscitado e fortalecidos pelo Espírito Santo recebido no Sacramento do Crisma, somos enviados ao mundo como mensageiros da paz e da reconciliação. O Espírito Santo faz nascer a Igreja, anima a Igreja e sempre a renova ao longo dos tempos, com seus dons e carismas. «A Igreja encontra sua origem e a sua realização plena no eterno desígnio de Deus. Fundada pelas palavras e as acções de Jesus Cristo, foi realizada mediante a sua Morte redentora e a sua Ressurreição. Foi depois, manifestada como mistério de salvação mediante a efusão do Espírito Santo no Pentecostes. Terá a sua realização plena no final dos tempos, como assembleia celeste de todos os redimidos» (Catecismo Compêndio, 149; Catecismo da Igreja Católica, 778).

São Lucas disse que os Apóstolos começaram a falar em todas as línguas: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas.” Deus quis manifestar assim a presença do Espírito Santo, fazendo com que todos aqueles que O tinham recebido falassem em todas as línguas. “Devemos entender, irmãos caríssimos, que se trata do mesmo Espírito Santo pelo qual a caridade de Deus se derrama em nossos corações. A caridade havia de reunir na Igreja de Deus todos os povos da terra; e assim como então, um só homem, ao receber o Espírito Santo, podia falar em todas as línguas, também agora uma só Igreja, reunida pelo Espírito Santo, se exprime em todas as línguas.”[4]

“Foi o Espírito Santo que no princípio da Igreja nascente revelou o conhecimento de Deus a todos os povos da terra e uniu a diversidade das línguas na profissão duma só fé. (Prefácio)

Vinde, ó Santo Espírito, vinde, Amor ardente, acendei na terra vossa luz fulgente.

Vinde, Pai dos pobres: na dor e aflições, vinde encher de gozo nossos corações.

Lavai nossas manchas, a aridez regai, sarai os enfermos e a todos salvai.

Abrandai durezas para os caminhantes, animai os tristes, guiai os errantes.

ORAÇÃO UNIVERSAL OU DOS FIÉIS 

Caríssimos cristãos:
Imploremos a Deus nosso Pai que envie o Espírito Santo sobre a Igreja, para confirmar a sua renovação pascal,
dizendo (ou: cantando), com alegria:

R. Mandai, Senhor, o vosso Espírito.
Ou: Abençoai, Senhor, a vossa Igreja.
Ou: Ouvi, Senhor, o vosso povo.

1. Pela santa Igreja de Deus,
para que, cheia dos dons do Espírito Santo,
seja reunida e confirmada na unidade,
oremos.

2. Pelo Papa Leão XIV., pelo nosso Bispo, seu presbitério e diáconos,
para que Deus lhes conceda em abundância
o espírito de sabedoria e de santidade,
oremos.

3. Pelos responsáveis políticos dos povos,
para que promovam a solidariedade entre as nações
e a justa distribuição dos bens em toda a terra,
oremos.

4. Pelos que são vítimas da fraqueza humana
e dos extravios do próprio coração,
para que o Espírito do Senhor os ilumine,
oremos.

5. Pelo povo de Deus aqui reunido
e pelos fiéis da nossa Diocese,
para que o Espírito nos faça crescer na caridade,
oremos.

(Outras intenções: Nossa Senhora; os que receberam a Confirmação …).

Deus eterno e omnipotente,
que, na manhã do Pentecostes, enviastes o Espírito Santo sobre os Apóstolos, tornai-nos, como eles, testemunhas do Evangelho, para proclamarmos, com alegria, as vossas maravilhas.
Por Cristo, nosso Senhor.

Publicado em Paróquia São Luís, Faro – Diocese de Algarve, Portugal.