Memória: Santos Inocentes – Mártires – 28 de dezembro – in “Catolicismo”

Fonte/imagem/matéria: Campanha “Nascer é um Direito”

Matéria – Entrevista com Padre Luiz Lodi da Cruz: “Aborto, jamais. Nenhuma circunstância o justifica”. Aconselhamento.
9/6/2008 – Revista Catolicismo

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Hoje, 30 de dezembro, ante-véspera das comemorações do “Final de Ano”, que se darão no mundo inteiro, é um bom dia para pensarmos nas crianças que nascem sob a égide da injustiça. Há cinco dias comemoramos o Natal (onde o “papai-noel” foi o centro da festa”…), e recordamos a “saga” do Menino Jesus, da concepção à fuga para o Egito. No final das contas, Jesus Menino era um “refugiado” já no ventre da Virgem Maria, acompanha de seu esposo, São José. Estes, certamente são protetores especiais de todos que por eles clamam, porque estão em trânsito, de um país a outro, tanto por perigo de extermínio, quanto, por melhores condições de vida.

Sob outro aspecto, os bebês, as crianças pobres de nosso tempo terão uma heróica mãe subnutrida, desnutrida para os amamentar. E, isto vem se espalhando pelos quatro cantos do planeta, em meio ao prometido e alardeado progresso do binômio “Ciência&Tecnologia”, de fato, não cumprido. é quase um clichê na boca dos tecnocratas e dos burocratas políticos. Não se restringe portanto tão somente aos chamados “Terceiro” e Quarto” Mundos. O “problema”, ou seja, povos itinerantes, trazido pela “ambígua” globalização (ambiguidadade proposital, sem dúvida) começa a minar suas próprias economias nacionais – as do “Primeiro”. Efeito reverso…

Tudo se passa com um indiferença brutal em bairros paupérrimos, na África, na Ásia, e mais recentemente em redutos de pessoas que fogem da miséria de seu país. Nestes guetos, situados em países ricos, não há mais compaixão pela situação em que vivem, salvo exceções. É graça divina o fato de existirem (sem desistência) – iniciativas individuais, de organismos não governamentais sérios, da Igreja Católica e outras igrejas cristãs.

No caso, dos guetos do “Primeiro Mundo”, ao final e ao cabo, por não serem brancos, estes bebês se tornarão trabalhadores “escravos” de pessoas abastadas… São por elas exploradas devido à sua condição de ilegalidade, que remonta a seus pais, avós, tios, etc.. Moram em antros, abandonados pelo poder público que não os legaliza, perseguindo-os como animais, desde os jovens aos mais velhos. Enquanto bebês e crianças não têm direito à assistência pública ampla do país em que são chamados “apátridas”, isto é, sem país. A contradição é que seus pais e familiares lá residem há décadas… Eu diria que os governos fazem “vista grossa” porque, geração após geração, se tornam mão-de-obra barata… Quem vai recolher o lixo, varrer as ruas, limpar prédios turísticos antigos, servir e preparar os jantares, com requintes mantidos há séculos?

O texto abaixo também menciona a naturalização ou banalização, por parte das autoridades públicas, em âmbito mundial, que se dá a partir de propaganda e iniciativas a favor da legalização do aborto. No mundo, a partir desta realidade mais recente (porque, ao que parece, orquestrada…), milhões de bebês-embriões, em clínicas, legais ou ilegais, afora os ambientes sem quaisquer condições de higiene são privados do direito mais elementar: nascer!

Levam faixas e nas ruas gritam suas teorias “pró-escolha”, mas diariamente, de fato, dizem um silencioso e nefasto NÃO à VIDA!

Lembro então que, tudo, desde o início dos tempos, está sendo escrito no Livro da Vida, tanto o bem que fazemos, quanto o mal que perpetramos e não nos arrependemos diante de Deus, o Criador de tudo, de todas as vidas…

Pensando bem, a Humanidade há muito não tem o que comemorar. Esqueceu deliberadamente de praticar o bem que é possível, do amor e de sua partilha…

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Dia dos SANTOS INOCENTES – MÁRTIRES

28 de dezembro

Neste dia a Igreja recorda os meninos inocentes de Belém e arredores, de idade inferior a dois anos, os quais, conforme o relato do Evangelho, foram arrancados de suas mães e assassinados cruelmente, por ordem de Herodes. Embora não tivessem uso da razão, morreram por Cristo Jesus, e por isso a Igreja os honra com o título de mártires.

Em nossos dias, assistimos a uma nova matança dos inocentes, desta vez – é triste reconhecê-lo – tantas e tantas vezes perpetrada pelas próprias mães desnaturadas! De fato, em que consiste o aborto voluntariamente provocado? Consiste, pura e simplesmente, no assassinato do filho pela própria mãe. O feto, ou seja, o ser humano desde o momento da concepção até o do nascimento, é um ser distinto de sua mãe. Eliminar o embrião, seja em que fase for de seu desenvolvimento, é um assassinato que viola os direitos humanos. Ora, com toda a naturalidade se vai disseminando a prática pecaminosa do aborto, consagrada e protegida pelas legislações! E em alguns casos são legalmente punidos médicos ou enfermeiras católicos que em consciência se recusam a participar desses crimes!

Fonte: “Cada dia tem seu Santo”, de A. de França Andrade.

“AO NASCIMENTO DE JESUS”, “PARA A NATIVIDADE”, “AO NASCIMENTO DO MENINO JESUS” – Poesias XI-XIII-XIV – Santa Teresa de Jesus

NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
A caminho de Belém..

Fonte/imagens: Blog da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares – Província São José (Liturgia)

“Deus se faz um Menino indefeso a fim de vencer a soberba, a violência, o ímpeto de possuir do homem.”

(Bento XVI – 23/12/2009)

Frase extraída do Blog da OCDS.
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Fonte: Obras Completas – Santa Teresa de Jesus – Edição brasileira estabelecida a partir de texto revisado e anotado por Frei Tomas de La Cruz O.C.D.  Editorial Monte carmelo, Burgos, 1997. Edições Loyola,  2002 (2ª edição), São Paulo, Brasil.

Nota 1 (pg.983) – Poesia XI Nas poesias que tratam do nascimento do Menino Deus, Santa Teresa figura os pastores (Gil, Vicente, Pascoal, Brás, Menga, etc.) falando entre si.

XI

AO NASCIMENTO DE JESUS

Ò pastores que velais,

A guardar vosso rebanho, Eis que vos nasce um Cordeiro,

Filho de Deus soberano.

Vem pobre, vem desprezado,

Tratai logo de o guardar.

Porque o lobo o há de levar

sem que o tenhamos gozado.

– Gil, dá-me aquele cajado.

Vou tê-lo nas mãos todo o ano,

Não se nos leve o Cordeiro:

Não vês que é Deus Soberano?

Sinto-me todo aturdido

De gozo e pena. e pergunto:

– Se é Deus o que hoje é nascido,

Como pode ser defunto?

É que é homem e Deus junto;

governa o destino humano;

Olha que o nosso Cordeiro

Filho é Deus Soberano.

Não sei para que é que o pedem,

Pois lhe dão depois tal guerra.

-Olha, Gil melhor será

Que se torne à sua terra…

Mas se todo o bem encerra,

E apaga o pecado humano,

Já que é nascido, padeça

Este Deus tão soberano.

Pouco te dói sua pena!

Tanto é certo que esquecemos

O que os outros por nós sofrem,

Se proveito recebemos!

No vês que um dia o teremos

Pastor do gênero humano?

Contudo é coisa tremenda

Que morra Deus soberano.

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XIII

PARA A NATIVIDADE

Já Deus nos há dado

O amor: assim, pois,

Não há que temer,

Morramos os dois.

Seu Único Filho

O Pai nos envia:

Nasce hoje na lapa,

Da Virgem Maria.

O homem – que alegria!

É Deus: assim, pois,

Não há que temer,

Morramos os dois.

– Olha bem, Viente:

Que amor! e que brio!

Vem Deus, inocente,

A padecer de frio;

Deixa o senhorio

Que tem; assim, pois,

Não há que temer,

Morramos os dois.

– Mas como Pascoal,

tem tanta franqueza,

Que veste saial,

Deixando riqueza?

Mais quer a pobreza!

Sigamo-lo pois:

Se já vem feito homem,

Morramos os dois.

Mas qual sua paga

Por tanta grandeza?

– Só grandes açoites

Com muita crueza.

– Que imensa tristeza

Teremos depois!

Ah! se isto é verdade,

Morramos os dois.

– Mas como se atrevem,

sendo Onipotente?

– Será morto um dia

Por perversa gente.

–  Se assim é, Vicente,

Furtemo-lo pois:

-Não vês que o deseja?

Morramos os dois!

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XIV

AO NASCIMENTO DO MENINO JESUS

Galego, quem chama aí fora?

– São Anjos, à luz da aurora.

– Grande rumos ouço ao longe

Que parece cantilena,

– vamos ver, Brás, – que amanhece –

A Zagala tão serena.

–  Galego, quem chama aí fora?

– São Anjos, à luz da aurora.

Será do alcaide parenta?

Ou quem é esta donzela?

É Filha do Eterno Padre

E reluz como uma estrela.

Galego, quem chama aí fora?

São Anjos, à luz da aurora.

Bispo auxiliar do patriarcado da Igreja Católica no Iraque faz apelo de solidariedade, em passagem pelo Vaticano, à comunidade cristã mundial: necessitam de ações mais decididas para proteção dos fiéis cristãos e outros cidadãos, e para reconstrução e restauração de igrejas e edifícios pastorais em Bagdá ( Agência Ecclesia -Portugal – 20.12.2009)

Fonte/imagem: http://www.acidigital.com/noticia.php?id=10159

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Fonte: Agência Ecclesia (Agência de Notícias da Igreja Católica de Portugal)

20.12.2009

«Não nos abandonem», pede bispo iraquiano

O bispo auxiliar do patriarcado de Babilónia dos Caldeus (Iraque), D. Shlemon Warduni, lançou um apelo “a todos os cristãos do mundo”: “Não nos abandonem!”.

O pedido foi proferido durante a visita ao Vaticano, que decorre durante estes dias. A estadia faz parte de uma viagem que o prelado está a fazer pela Europa, com o objectivo de pedir solidariedade e ajuda para a reconstrução e recuperação das igrejas e edifícios pastorais de Bagdad, que foram danificados com os atentados dos últimos meses.

A situação dos fiéis iraquianos “provoca preocupação e dor”, declarou o bispo auxiliar. A instabilidade política e a ingovernabilidade, seguidas das “guerras” e “ocupação militar”, geraram miséria e destruição.

Por isso, afirmou D. Warduni, “muitos cristãos, como tantos outros milhares de cidadãos, tiveram que deixar o país. Perdemos aproximadamente um terço de nossa comunidade”.

O prelado denunciou que a “falta de planejamento político faz crescer o terrorismo, que quer ainda desestabilizar o país”.

“A Igreja no Iraque – acrescentou – pede à comunidade internacional um apoio mais forte e mais decidido. É urgente uma pressão firme dos governos ocidentais para a estabilização do quadro iraquiano e a retomada da legalidade e da segurança”.

Com Rádio Vaticano

Internacional | Agência Ecclesia | 2009-12-18 | 16:59:13| Ásia

Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=76826

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Veja também:

Agência Ecclesia: Novo atentado contra igreja no Iraque http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=55356

Agência ZENIT:   “Iraque: igrejas continuam sob ataque”http://www.zenit.org/article-23590?l=portuguese

São João da Cruz, o “Doutor Místico” – 14 de dezembro (memória) – Site “Igrejas Católicas Orientais”

Fonte/imagem-textos: Igrejas Católicas Orientais http://www.igrejascatolicasorientais.com/ : “Una, Santa, Católica e Apostólica – A Igreja de Jesus Cristo)   –  http://www.igrejascatolicasorientais.com/artigos/SAO_JOAO_DA_CRUZ.htm

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SÃO JOÃO DA CRUZ: O DOUTOR MÍSTICO

Conheçamos mais um dos baluartes da gloriosa Ordem Carmelita Descalça: seu fundador, São João da Cruz. Ele nasceu em 1542, talvez no dia 24 de junho, em Fontiveros, província de Ávila, na Espanha. Seus pais se chamavam Gonzalo de Yepes e Catalina Alvarez. Gonzalo pertencia a uma família de posses da cidade de Toledo. Por ter-se casado com uma jovem de classe “inferior” foi deserdado por seus pais e tornou-se tecelão de seda.  Em 1548, a família muda-se para Arévalo. Em 1551 transfere-se para Medina Del Campo, onde o futuro reformador do Carmelo estuda numa escola destinada a crianças pobres. Por suas aptidões, torna-se empregado do diretor do Hospital de Medina Del Campo. Entre 1559 a 1563 estuda Humanidades com os Jesuítas. Ingressou na Ordem dos Carmelitas aos vinte e um anos de idade, em 1563, quando recebe o nome de Frei João de São Matias, em Medina Del Campo. Pensa em tornar-se irmão leigo, mas seus superiores não o permitiram. Entre 1564 e 1568 faz sua profissão religiosa e estuda em Salamanca. Tendo concluído com êxito seus estudos teológicos, em 1567 ordena-se sacerdote e celebra sua Primeira Missa.

Infelizmente, ficou muito desiludido pelo relaxamento da vida monástica em que viviam os conventos carmelitas. Decepcionado, tenta passar para a Ordem dos Cartuxos, ordem muito austera, na qual poderia viver a severidade de vida religiosa à que se sentia chamado. Em setembro de 1567 encontra-se com Santa Teresa, que lhe fala sobre o projeto de estender a Reforma da Ordem Carmelita também aos padres. O jovem de apenas vinte e cinco anos de idade aceitou o desafio. Trocou o nome para João da Cruz. No dia 28 de novembro de 1568, juntamente com Frei Antônio de Jesús Heredia, inicia a Reforma. O desejo de voltar à mística religiosidade do deserto custou ao santo fundador maus tratos físicos e difamações. Em 1577 foi preso por oito meses no cárcere de Toledo. Nessas trevas exteriores acendeu-se-lhe a chama de sua poesia espiritual. “Padecer e depois morrer” era o lema do autor da “Noite Escura da alma”, da “Subida do monte Carmelo”, do “Cântico Espiritual” e da “Chama de amor viva”.

A doutrina de João da Cruz é plenamente fiel à antiga tradição: o objetivo do homem na terra é alcançar “Perfeição da Caridade e elevar-se à dignidade de filho de Deus pelo amor”; a contemplação não é um fim em si mesma, mas deve conduzir ao amor e à união com Deus pelo amor e, por último, deve levar à experiência dessa união à qual tudo se ordena ““.Não há trabalho melhor nem mais necessário que o amor “, disse o Santo”.Fomos feitos para o amor ““.O único instrumento do qual Deus se serve é o amor ““.Assim como o Pai e o Filho estão unidos pelo amor, assim o amor é o laço da união da alma com Deus ““.

O amor leva às alturas da contemplação, mas como o amor é produto da fé, que é a única ponte que pode salvar o abismo que separa a nossa inteligência do infinito de Deus, a fé ardente e vívida é o princípio da experiência mística. João da Cruz costuma pedir a Deus três coisas: que não deixasse passar um só dia de sua vida sem enviar-lhe sofrimentos, que não o deixasse morrer ocupando o cargo de superior e que lhe permitisse morrer humilhado e desprezado.

Faleceu no convento de Ubeda, aos quarenta e nove anos, à meia-noite do dia 14 de dezembro de 1591, após três meses de sofrimentos atrozes.  Seu corpo foi trasladado para Segovia em maio de 1593. A primeira edição de suas obras deu-se em Alcalá, em 1618. No dia 25 de janeiro de 1675 foi beatificado por Clemente X. Foi canonizado em 27 de dezembro de 1726 e declarado Doutor da Igreja em 1926 por Pio XI. Em 1952 foi proclamado “Patrono dos Poetas Espanhóis”.

Talvez a mais bela e completa descrição física e espiritual do Santo Fundador tenha sido feita por Frei Eliseu dos Mártires que com ele conviveu em Baeza: “Homem de estatura mediana, de rosto sério e venerável. Um pouco moreno e de boa fisionomia. Seu trato era muito agradável e sua conversa bastante espiritual era muito proveitosa para os que o ouviam. Todos os que o procuravam saíam espiritualizados e atraídos à virtude. Foi amigo do recolhimento e falava pouco. Quando repreendia como superior, que o foi muitas vezes, agia com doce severidade, exortando com amor paternal”.Santa Teresa de Jesus o considerava “uma das almas mais puras que Deus tem em sua Igreja. Nosso Senhor lhe infundiu grandes riquezas da sabedoria celestial. Mesmo pequeno ele é grande aos olhos de Deus. Não há frade que não fale bem dele, porque tem sido sua vida uma grande penitência”. Poucos homens falaram dos sublimes mistérios de Deus na alma e da alma em Deus como São João da Cruz. Santa Teresinha conheceu João da Cruz quando ainda vivia nos Buissonnets. Ela, em seus escritos, refere-se ao Santo Fundador cento e seis vezes, direta ou indiretamente, e confessa a forte influência que dele recebeu: “Ah, que luzes hauri nas obras de Nosso Pai São João da Cruz!… Com a idade de 17 a 18 anos, não tinha outro alimento espiritual…” (MA 83r).

PENSAMENTOS DE SÃO JOÃO DA CRUZ

Extraídos do livro “O Amor não cansa nem se cansa”, seleção de textos feita por Frei Patrício Scidiani, ocd, Editora Paulus, 2a. ed.

Dizem assim:

Para chegares a saborear tudo,

Não queiras ter gosto em coisa alguma.

Para chegares a possuir tudo,

Não queiras possuir coisa alguma.

Para chegares a ser tudo,

Não queiras ser coisa alguma.

Para chegares, a saber, tudo,

Não queiras saber coisa alguma.

Para chegares ao que não gostas,

Hás de ir por onde não gostas.

Para chegares ao que não sabes,

Hás de ir por onde não sabes.

Para vires ao que não possuis,

Hás de ir por onde não possuis.

Para chegares ao que não és,

Hás de ir por onde não és.

Modo de não impedir o tudo:

Quando reparas em alguma coisa,

Deixas de arrojar-te ao tudo.

Porque para vir de todo ao tudo,

Hás de negar-te de todo em tudo.

E quando vieres a tudo ter,

Hás de tê-lo sem nada querer.

Porque se queres ter alguma coisa em tudo,

Não tens puramente em Deus teu tesouro.

Que mais queres, ó alma, e que mais buscas fora de ti,

se encontras em teu próprio ser a riqueza, a satisfação,

a fartura e o reino, que é teu Amado a quem procuras e desejas?

….

Em teu recolhimento interior, regozija-te com ele, pois ele está muito perto de ti.

A alma que verdadeiramente ama a Deus não deixa de fazer o que pode para achar o Filho de Deus, seu Amado. Mesmo depois de haver empregado todos os esforços, não se contenta e julga não ter feito nada.

Ó Senhor, Deus meu! Quem te buscará com amor tão puro e singelo que deixe de te encontrar, conforme o desejo de sua vontade, se és tu o primeiro a mostrar-te e a sair ao encontro daqueles que te desejam?

A alma que busca a Deus e permanece em seus desejos e comodismo, busca-o de noite, e, portanto, não o encontrará. Mas quem o busca através das obras e exercícios da virtude, deixando de lado seus gostos e prazeres, certamente o encontrará, pois o busca de dia.

Quando a pessoa abre e se liberta de todo condicionamento, e une perfeitamente sua vontade à de Deus, transforma-se naquele que lhe comunica o ser sobrenatural, de tal maneira que se parece com o próprio Deus e se deixa possuir totalmente por ele.

O amor consiste em despojar-se e desapegar-se, por Deus, de tudo o que não é ele.

A pessoa, cujo estado de perfeição não corresponde à sua própria capacidade, jamais gozará da verdadeira paz e satisfação, porque, em suas faculdades, não chegou ainda àquele grau de despojamento, que se requer para a simples união.

O centro da alma é Deus. Quando a pessoa se encontra com ele, em todas as suas faculdades, energias e desejos, terá atingido o cerne e a raiz mais profunda de si mesma, que é Deus.

Nesta desnudez acha o espírito sua quietação e descanso, pois nada cobiçando, nada o fatiga para cima e nada o oprime para baixo, por estar no centro de sua humildade. Porque quando alguma coisa cobiça, nisto mesmo se cansa e atormenta.

Quanto mais a pessoa se aproxima de Deus, mais profundas são as trevas que sente, e maior a escuridão, por causa de sua própria fraqueza. Assim, quanto mais alguém se aproxima do sol, sentirá, com seu grande resplendor, maior obscuridade e sofrimento, em razão da fraqueza e incapacidade de seus olhos.

Quem não procura senão a Deus não anda nas trevas, por mais fraco e pobre que seja.

Todo poder e liberdade do mundo, comparados com a soberania e a independência do espírito de Deus, são completa servidão, angústia e cativeiro.

Deus é inacessível. Não repares, portanto, no que as tuas faculdades podem compreender, nem teus sentidos experimentar, para que não te satisfaças com menos e assim perderes a presteza necessária para chegar a ele.

As visões e apreensões dos sentidos não têm proporção alguma com Deus: não podem servir de meio para a união com ele.

Quando a pessoa ama alguma coisa fora de Deus, torna-se incapaz de se transformar nele e de se unir a ele.
A criatura atormenta, e o espírito de Deus gera alegria.
A mosca que pousa no mel não pode voar; a alma que fica presa ao sabor do prazer sente-se impedida em sua liberdade e contemplação.
O caminho da vida é de muito pouco ativismo e barulho. Requer mais mortificação da vontade do que muito saber. Caminhará mais quem carregar consigo menos coisas e desejos.
Quem souber morrer a tudo terá vida em tudo.
A fé e o amor são os dois guias de cego que te conduzirão, através de caminhos desconhecidos, até os segredos de Deus.
O caminho que conduz a vós, Senhor, é caminho santo que se percorre na pureza da fé.
A esperança em Deus só pode ser perfeita quando se afasta da memória tudo o que se contrapõe a Deus.
O amor não consiste em sentir grandes coisas, mas em despojar-se e sofrer pelo Amado.
Por causa de prazeres passageiros, sofrem-se grandes tormentos eternos.
Criatura alguma merece amor senão pelo bem que nela há. Amar desse modo é amar segundo a vontade de Deus e com grande liberdade; e se este amor nos une à criatura, mais fortemente ainda nos une ao Criador.
Quanto mais se acredita em Deus e se serve a ele sem testemunhos e sinais, tanto mais ele é exaltado pelo homem.
O amor não cansa nem se cansa.
Onde não há amor, põe amor e colherás amor.
Para quem ama, a morte não pode ser amarga, pois nela se encontram todas as doçuras e alegrias do amor. Sua lembrança não é triste, mas traz alegria. Não apavora nem causa sofrimento, pois é o término de todas as dores e o início de todo bem.
Para se progredir, o que mais se necessita é saber calar diante de Deus… A linguagem que ele melhor ouve é a do silêncio de amor.
No ocaso da vida serás examinado sobre o amor. Aprende a amar a Deus como ele quer ser amado.
Quando tiveres teus desejos apagados, tuas afeições na aridez e angústias, e tuas faculdades incapazes de qualquer exercício interior, não sofras por isso; considera-te feliz por estares assim. É Deus que te vai livrando de ti mesmo, e tirando-te das mãos todas as coisas que possuis.
O progresso da pessoa é maior quando ela caminha às escuras e sem saber.
À medida que Deus prova o espírito e o sentido, a pessoa vai adquirindo, com sofrimento, virtudes, forças e perfeição.
Enquanto a pessoa não se despojar de tudo, não terá capacidade para receber o espírito de Deus em pura transformação.
O que busca satisfação em alguma coisa não está livre para que Deus o plenifique de seu inefável sabor.
Ainda que estejas no sofrimento, não queiras fazer a tua vontade, pois terás assim o dobro de sofrimento.
Quanto mais Deus quer-se dar, tanto mais desperta em nós o desejo dele, até deixar-nos vazios para encher-nos de seus bens.
A amplidão do deserto ajuda muito o espírito e o corpo. O Senhor se compraz quando também o espírito tem o seu deserto.
Sofrer por Deus é melhor que fazer milagres.
É humilde quem se esconde no seu nada e sabe abandonar-se em Deus.
Põe a atenção amorosamente em Deus, sem ambição de querer sentir ou entender coisa particular a seu respeito.
Quando a alma deseja a Deus com toda a sinceridade, já possui o seu Amado.
Abandone-se a alma nas mãos de Deus e não queira ficar em suas próprias mãos; fazendo assim e deixando livres as potências, caminhará segura.
Quem não busca a cruz de Cristo não busca a glória de Cristo.
Quando tiveres algum aborrecimento e desgosto, lembra-te de Cristo crucificado e cala.
Queres alguma palavra de consolação? Olha o meu Filho, submisso, humilhado, por meu amor, e verás quantas palavras te responde.
Não é bem orientado o espírito que quer caminhar por doçuras e facilidades, fugindo de imitar a Cristo.
A pessoa crucificada interior e exteriormente com Cristo viverá feliz e satisfeita e, na paciência, possuirá a sua alma.
Se quiseres chegar a possuir Cristo, jamais o busques sem a cruz.
Não te detenhas em coisas mesquinhas, nem repares nas migalhas que caem da mesa de teu Pai. Sai, e gloria-te em tua glória; esconde-te nela e aí goza, e alcançarás os pedidos de teu coração.
O amor é a união do Pai e do Filho: e assim é a união da alma com Deus.

Embora a alma tenha altíssimas revelações divinas, a mais elevada contemplação, a ciência de todos os mistérios… Se lhe falta amor, de nada lhe servirá para unir-se a Deus.

Deus só coloca sua graça e predileção numa alma, na medida da vontade e do amor da mesma alma.

O olhar de Deus é amar e conceder favores.

Quando a alma se acha livre e purificada de tudo, em união com Deus, nenhuma coisa poderá aborrecê-la. Daqui se origina para ela, neste estado, o gozo de uma contínua suavidade e tranqüilidade, que ela nunca perde nem jamais lhe falta.

Como a alma já possui, enfim, perfeito amor, é chamada Esposa do Filho de Deus.

Tal é a alma que está enamorada de Deus. Não pretende vantagem ou prêmio algum a não ser perder tudo e a si mesma, voluntariamente, por Deus, e nisto encontra todo o seu lucro.

Não basta que Deus que nos ame para dar-nos virtudes; é preciso que, de nossa parte, também o amemos, a fim de podermos recebê-las e conservá-las.

É próprio do perfeito amor nada querer admitir ou tomar para si, nem se atribuir coisa alguma, mas tudo referir ao Amado. Se nos amores da terra é assim, quanto mais no amor de Deus.

Para Deus, amar a alma é, de certa maneiram integrá-la em si mesmo, igualando-a consigo; ama, então, essa alma, nele e com ele, com o próprio amor com que se ama.

O olhar de Deus produz na alma quatro bens, isto é, a purificam, a favorecem, a enriquecem e a iluminam. É como o sol que, dardejando na terra os seus raios, seca, aquece, embeleza e faz resplandecer os objetos.

Não fujas dos sofrimentos, porque neles está a tua saúde.

Amado meu, tudo o que é difícil e trabalhoso o quero para mim, e tudo o que é suave e saboroso o quero para ti.

Na união com o Amado, à alma verdadeiramente se rejubila e louva a Deus, com o mesmo Deus, e assim este louvor é perfeitíssimo e muito agradável a ele.

Oh, que bens serão aqueles que gozaremos com o olhar da SANTÍSSIMA TRINDADE!

Deus quer mais de ti um mínimo de obediência e docilidade do que todas as ações que realizas por ele.

O falar distrai e o silêncio na ação leva ao recolhimento e dá força ao espírito.

Nenhuma representação ou imaginação serve de meio próximo para a união com Deus; portanto, deve a alma despojar-se de todas elas.

Aprendam a permanecer em Deus, com atenção amorosa, com calma, sem se preocuparem com a imaginação e com as imagens que ela forma. Assim, as faculdades descansam e não atuam; recebem passivamente a ação divina.

Grande mal é olhar mais para os bens de Deus do que para o próprio Deus. Ele pede oração e despojamento.

Ao que está desprendido, não lhe pesam cuidados, na hora da oração ou fora dela.

Para entrar no caminho do espírito (que é a contemplação) deve a pessoa espiritual deixar o caminho da imaginação e da meditação sensível.

O Senhor se comunica passivamente ao espírito, assim como a luz se comunica passivamente a quem não faz mais que abrir os olhos para recebê-la.

É humilde quem se esconde no seu nada e sabe abandonar-se em Deus.

(São João da Cruz)

SÃO JOÃO DA CRUZ – ” O ROUXINOL DO CARMELO”, CRONOLOGIA, OBRAS E SÍNTESE ESPIRITUAL

a) CRONOLOGIA
1542: Nasce em Fontiveros (Ávila), talvez no dia 24 de junho, filho do casal Gonzalo de Yepes e Catalina Alvarez.

1548: Vai residir em Arévalo.

1551: Muda com a família para Medina Del Campo.

1559-63: Cursa humanidades com os Jesuítas de Medina.

1563: Veste o hábito carmelitano, recebendo o nome de Fr. Juan de San Matias, em Medina Del Campo.

1564-68: Professa os votos e estuda em Salamanca na Universidade e no Colégio de San Andrés.

1567: Ordena-se sacerdote e celebra sua Primeira Missa em Medina.

1567: Em setembro se encontra com a Santa Madre Teresa, que lhe fala sobre o projeto da Reforma da Ordem, também entre os religiosos.

1568.28.11: Em Duruelo começa a Reforma com o PE Antonio de Jesús Heredia.

1568-71: Mestre dos noviços em Duruelo, Mancera e Pastrana.

1569: Abre-se o convento de Pastrana e o Santo vai para lá, a fim de suavizar a excessiva dureza de sua vida.

1570: A comunidade de Duruelo se transfere para Mancera

1571: Abril.  Nomeado Reitor do Colégio de Alcalá.

1572-77: Confessor e Vigário na Encarnação, em Ávila.

1577: Na noite de três para 4 de dezembro é levado para o cárcere de Toledo, onde ficará até 15 de agosto de 1578.

Outubro. Prior de Calvano (Jaén).

1579. Reitor do colégio de Baeza.

1581: Março. No Capítulo de Alcalá é nomeado terceiro Definidor, Provincial e Prior de Granada.

1583: Maio. Reeleito Prior de Granada.

1585: Maio. Em Lisboa foi eleito segundo Definidor e em outubro o nomeiam Vigário Provincial de Andaluzia.

1586: Faz a fundação dos padres em Córdoba, Manchuela e Caravaca.

1587: No Capítulo de Valladolid o nomeiam pela terceira vez Prior de Granada.

1588: Junho. No Primeiro Capítulo Geral celebrado em Madrid é nomeado Primeiro Definidor Geral, Prior de Segóvia e Terceiro Conselheiro de consulta.

1591: Junho. Assiste ao Capítulo Geral em Madri e terminam todos os seus cargos.

1591.14.12: Morre em Ubeda (Jaén), à meia-noite, aos 49 anos.

1593: Maio.  Seu corpo é trasladado para Segóvia.Segóvia

1618: Primeira edição de suas obras em Alcalá.

1675.25.1: Beatificado por Clemente X.

1726.27.12: Canonizado por Bento XIII.

1926.24.8: Declarado Doutor Místico da Igreja por Pio Xl.

1952.21.3: Proclamado patrono dos poetas espanhóis.

b) RETRATO DO SANTO
Parece que não se conserva nenhum retrato pessoal, feito a pincel, nenhum desenho.

Mas se conservam maravilhosas descrições de muitos que conviveram com ele e apresentaram depoimentos para o seu processo de beatificação.

Certamente a mais bela e completa descrição foi-nos deixada pelo PE Eliseu dos Mártires, que conviveu com o santo no Colégio de Baeza. Ele nos diz:

“Tinha estatura média, dono de rosto sério e venerável, um pouco moreno e de boa fisionomia; bom no trato e de boa conversação, agradável, homem muito espiritual que trazia muito proveito para os que o ouviam e com ele se comunicavam. E isto o fez tão de modo tão especial e singular, que todos que o procuravam, homens e mulheres, saiam espiritualizados, piedosos e cheios de virtudes.”

Viveu intensamente a oração como trato com Deus. Todas as questões que lhe eram apresentadas sobre estas questões eram respondidas com alta sabedoria, deixando àqueles que o consultavam muitos satisfeitos.

Foi amigo da vida em recolhimento e do pouco falar. Seu riso não era muito freqüente. Era uma pessoa compenetrada.

Quando Superior, o que foi muitas vezes, quando precisava repreender, o fazia com doce severidade, exortando com amor paternal, movido por admirável serenidade e seriedade.

c) PINCELADAS DE SANTA TERESA

* O padre Frei João da Cruz é uma das almas mais puras que Deus tem em sua Igreja. Nosso Senhor lhe infundiu grandes riquezas da sabedoria celeste.

* Ainda criança, tornou-se grande aos olhos de Deus. Não há frade que não fale bem dele, porque toda sua vida foi de grande penitência. Muito me animou a virtude e o espírito que o Senhor lhe deu. Tem uma vida farta em oração e um bom entendimento das coisas de Deus.

* Todos têm Frei João da Cruz como santo.

* “Os ossos daquele pequeno corpo farão milagres”.

d) SUAS OBRAS
Poucos falaram dos mistérios sublimes de Deus na alma e da alma em Deus como este angelical Carmelita de Fontiveros.

Sua prosa e sua poesia são divinas e, como muito bem disse Menéndez y Pelayo, “não se podem avaliar com critérios literários, porque o espírito de Deus embelezou-lhe tudo”.

I. -OBRAS MAIORES:

1. Subida ao Monte Carmelo: É sua obra fundamental. É quase uma única obra com a Noite Escura, começada no Calvário de Jaén, em 1578, e depois continuada em Baeza e Granada.

2. Noite Escura da alma:
A) Livro primeiro, Noite passiva do sentido; consta de 14 cap.
B) Libro segundo: Noite passiva do espírito, consta de 25 cap.

3. Cântico Espiritual. É a mais bela obra do santo. 30 estrofes foram escritas no cárcere. Trata da união com Deus. Consta de 40 estrofes e se divide em três partes.

4. Chama Viva de Amor. Escrita em Granada entre 1585 e 1587, em quinze dias. É o livro mais ardente de todos. Consta de quatro canções com seis versos cada uma.

II. OBRAS MENORES:

1. Avisos: Conselhos que dava às monjas de Beas, quando era seu Confessor.
2. Cautelas: Escreveu-as para as mesmas monjas.
3. Quatro conselhos a um religioso.
4. Cartas: Conservam-se apenas 32 cartas. Devido ao processo que abriram contra ele, muitas cartas foram destruídas.
5. Poesias: As principais são as que aparecem nos grandes tratados: Noite Escura, Cântico Espiritual e Chama.
É sem dúvida o que melhor se escreveu em espanhol.

6. DITOS DE LUZ E AMOR:

Frases de direção para suas carmelitas, que o Santo escrevia ocasionalmente.

A obra sanjuanista – escreveu um ilustre teresianista – se divide em duas partes: “A ensinar os métodos para se conseguir o vazio dos sentidos e as potências da alma mediante engenhosas purificações ativas e passivas se ordenam os dois primeiros tratados de profunda doutrina espiritual e forte consistência: A Subida e a Noite.

Ninguém cantou melhor os amores divinos que o rouxinol do Carmelo. Algumas poesias imediatamente inflamam a alma no mesmo amor em que Deus se abrasa. Sobre seu inspirado lirismo, sobrevoa seu profundo sentido místico.

7) SUA ESPIRITUALIDADE
Impossível sintetizar o maravilhoso magistério vivo e ensinado pelo Doutor Místico em tão breves linhas. O Doutor é a máxima figura mística do Carmelo. À vida ele une a doutrina e a ciência. A santa vida e a ciência sagrada ou a teologia mística são uma só realidade, como o provam suas magníficas obras. Pio XI, que lhe deu o título de Doutor Místico da Igreja, batizou suas obras como “Código e escola da alma fiel que se propõe a empreender uma vida mais perfeita”.  Aqui seguem algumas observações sobre sua rica espiritualidade:

O Santo, em seus escritos, tem sempre presente o fim da vida espiritual, ou seja, Deus, levar as almas a Deus. E subjetivamente uni-las a ele por amor, quer dizer, deseja levar a transformação perfeita em Deus por amor o quanto é possível nesta vida seguindo-se a Jesus Cristo.

Em sua admirável obra recorda a seus leitores freqüentemente o cume daquela montanha e deseja que todos a subam. Ela é a sublime perfeição à qual os encaminha com suas palavras e exemplos convincentes.

Seu raciocínio demonstra que esta subida é necessária porque é um meio indispensável para se despojar de todas as outras coisas, obstáculos para a suprema transformação da alma em Deus.

João da Cruz era um profundo conhecedor do coração humano. Por isso, “como o amor de Deus e o amor da criatura são opostos, é preciso ir limpando a alma do amor das criaturas para que a graça a invista e encha de amor divino”.

E tanto maior será este investimento e plenitude, quanto maior for o vazio da criatura que acha na alma: “Olvido do que é criado, memória do criador, atenção ao interior, e estás amando o Amado”.

Ao ensino os métodos para conseguir este vazio nos sentidos e potências da alma mediante engenhosas purificações ativas e passivas se ordenam os tratados “Subida ao Monte Carmelo” e “Noite Escura da Alma”, ambos de profunda doutrina espiritual e de forte liame lógico.

No Cântico Espiritual e na Chama Viva do Amor, entre metáforas e comparações esplêndidas, tomadas da natureza, vai-se descortinando pouco a pouco as excelências do amor divino nas almas desde os graus inferiores aos mais altos do esposamento e matrimônio espiritual.

Em síntese, pode-se dizer que a grande originalidade do magistério espiritual sanjuanista e o segredo de sua vitalidade encontra-se precisamente na íntima relação entre abnegação e união na vida sobrenatural e, para usar sua terminologia clássica, entre o nada o tudo, que se fundem um no outro.

São João da Cruz, o Doutor Místico, influenciou grandemente a espiritualidade cristã. Alimentou, quando vivo, através de sua direção espiritual e depois de falecido com seus escritos imortais.

Especialmente depois que foi declarado Doutor da Igreja Universal em 1926, suas obras são lidas e citadas por todos os autores espirituais.

Inclusive nossos irmãos da Igreja Anglicana, da Comunidade de Taizé e da Igreja Ortodoxa confessam sua predileção pelo carmelita de Fontiveros.

Literatos, poetas, cientistas e até não-crentes ficam admirados ante a profundidade e a beleza que brotam dos escritos sanjuanistas.

Sua Mensagem

Que Descubramos o tesouro da Cruz;

Que a oração e o silêncio nos levem a descobrir a Deus;

Que sejamos dóceis às inspirações do alto;

Que saibamos perdoar a todos os que nos ofendem.

….

NOITE ESCURA

São João da Cruz

Em uma Noite escura,
com ânsias em amores inflamada,
ó ditosa ventura!,
Saí sem ser notada.
estando minha casa sossegada.

A ocultas, e segura,
pela secreta escada, disfarçada,
ó ditosa ventura!
A ocultas, embuçada,
estando minha casa sossegada.

Em uma Noite ditosa,
tão em segredo que ninguém me via,
nem eu nenhuma coisa,
sem outra luz e guia
senão aquela que em meu seio ardia.
Só ela me guiava,
mais certa do que a luz do meio-dia,
adonde me esperava
quem eu mui bem sabia,
em parte onde ninguém aparecia.

Ó Noite que guiaste!
Ó Noite amável mais do que a alvorada!
Ó Noite que juntaste
Amado com amada,
amada nesse Amado transformada!

No meu peito florido,
que inteiro para ele se guardava,
quedou adormecido
do prazer que eu lhe dava,
e a brisa no alto cedro suspirava.

Da torre a brisa amena,
quando eu a seus cabelos revolvia,
com fina mão serena
a meu colo feria,
e todos meus sentidos suspendia.

Quedei-me e me olvidei,
e o rosto reclinei sobre o do Amado:
tudo cessou, me dei,
deixando meu cuidado
por entre as açucenas olvidado.

….

Tradução de Jorge de Sena [poema].

Postado por “Igrejas Católicas Orientais” – http://www.igrejascatolicasorientais.com/artigos/SAO_JOAO_DA_CRUZ.htm

“Abundantemente florescerá, e também se alegrará de alegria, e jubilará; a glória do Líbano se lhe deu, o ornato do Carmelo e Saron: eles verão a glória do Senhor, o ornado de nosso Deus.” – Isaías 35, 1-10 (SNPC-Portugal)

Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) – Portugal

Bíblia

O Evangelho das imagens

7.12.2009

Isaías 35, 1-10

O deserto e os lugares secos se gozarão disto: e o ermo se alegrará e florescerá como rosa.

Confortai as mãos fracas, e esforçai os joelhos trementes.

Abundantemente florescerá, e também se alegrará de alegria, e jubilará; a glória do Líbano se lhe deu, o ornato do Carmelo e Saron: eles verão a glória do Senhor, o ornado de nosso Deus.

Dizei aos turbados de coração: Confortai-vos, não temais; eis que vosso Deus virá a tomar vingança, com pagos de Deus; ele virá, e vos salvará.

Então os olhos dos cegos serão abertos: e os ouvidos dos surdos se abrirão.

Então os coxos saltarão como cervo, e a língua dos mudos jubilará: porque águas arrebentarão no deserto, e ribeiros no ermo.

E a terra seca se tornará em tanques, e a terra sedenta em mananciais de água: e nas habitações em que jaziam os dragões, haverá erva com canas e juncos.

E ali haverá estrada alta e caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para estes: quem andar por este caminho, até os mesmos loucos não errarão por ele.

Ali não haverá leão, nem besta fera subirá a ele, nem se achará nele: porém só os redimidos andarão por ele.

E os resgatados do Senhor tornarão, e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre suas cabeças: gozo e alegria alcançarão, e tristeza e gemido fugirá deles.

Isaías 35, 1-10
Postado por SNPC, em 07.12.2009.
Foto: David Keaton/Corbis

“Tu que a preservaste de toda a mancha na previsão da morte do Teu Filho…” – Prece de celebração litúrgica – Festividade da Imaculada Conceição da Virgem Maria (Spe Deus – 8 de dezembro)

PREPARAÇÃO AO ADVENTO – 23 DE NOVEMBRO (ÚLTIMA SEMANA DO TEMPO COMUM) – ‘A ANUNCIAÇÃO DO SENHOR”

Fonte: SERVOS DE CRISTO SACERDOTE

A Santa Igreja vive nesta semana a última do Tempo Comum, prefiguração da  Escatologia Final, quando o Senhor vier no fim dos tempos para dar a cada um segundo as suas obras. Os Servos de Cristo Sacerdote propõem a audição de obras solenes e graves, que servirão de ajuda à meditação na brevidade da vida e contemplação na Omnipotência Divina, intercaladas com o canto em gregoriano do «Dies Irae», cujo texto aparece em baixo em latim e português, Dies Irae (“Dia de Ira”) é um famoso hino, em latim, do século XIII. Pensa-se que foi escrito por Tomás de Celano. Sua inspiração parece vir da Vulgata, tradução de Sofonias 1:15–16. Originalmente era a  sequência da Missa de Defuntos, depois da Reforma Conciliar, a Igreja propõe-o para a celebração da Liturgia das Horas precisamente na Última Semana do Tempo Comum.

ESCATOLOGIA
SEGUNDO O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

§676 Esta impostura anticrística já se esboça no mundo toda vez que se pretende realizar na história a esperança messiânica que só pode realizar-se para além dela, por meio do juízo escatológico: mesmo em sua forma mitigada, a Igreja rejeitou esta falsificação do Reino vindouro sob o nome de milenarismo, sobretudo sob a forma política de um messianismo secularizado, “intrinsecamente perverso”.

§1186 Finalmente, a igreja tem um significado escatológico. Para entrar na casa de Deus, é preciso atravessar um limiar, símbolo da passagem do mundo ferido pelo pecado para o mundo da vida nova ao qual todos os homens são chamados. A igreja visível simboliza a casa paterna para a qual o povo de Deus está a caminho e na qual o Pai “enxugará toda lágrima de seus olhos” (Ap 21,4). Por isso, a igreja também é a casa de todos os filhos de Deus, amplamente aberta e acolhedora.

§2771 Na Eucaristia, a Oração do Senhor manifesta também o caráter escatológico de seus pedidos. E a oração própria dos “últimos tempos”, dos tempos da salvação que começaram com a efusão do Espírito Santo e que terminarão com a Vinda do Senhor. Os pedidos ao nosso Pai, ao contrário das orações da Antiga Aliança, apoiam-se sobre o mistério da salvação já realizada, uma vez por todas, em Cristo crucificado e ressuscitado.

§2776 A Oração dominical é a oração da Igreja por excelência. É parte integrante das grandes Horas do Oficio Divino e dos sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Confirmação e Eucaristia. Integrada na Eucaristia, ela manifesta o caráter “escatológico” de seus pedidos, na esperança do Senhor, “até que Ele venha” (1 Cor 11,26)
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"A Mãe de Cristo estava junto à cruz" - São Bernardo, abade (Sermão séc. XIi)

Fonte/imagens e textos adicionais:  http://servosdecristosacerdote.blogspot.com/

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"Mater Dolorosa" - Carlo Dolci

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Fonte: Spe Deus «Creio para compreender e compreendo para crer melhor» (Santo Agostinho, Sermão 43, 7, 9) – http://spedeus.blogspot.com/

Imaculada Conceição de Nossa Senhora*

O pecado original é uma realidade misteriosa e pouco evidente para nós enquanto comporta um prolongamento da culpa dos progenitores até todos nós. Neste dia, nós o consideramos na sua conspícua excepção ou melhor no singular privilégio concedido a Maria, que foi dele preservada desde o primeiro instante da sua concepção, da sua existência humana. O valor doutrinal desta festividade é manifesto na prece da celebração litúrgica, que sublinha o privilégio concedido à futura Mãe de Deus; “Ó Deus, que pela Imaculada Conceição da Virgem preparaste ao teu Filho uma morada digna dele…”, e a própria natureza deste privilégio, enquanto não subtrai Maria à Redenção universal efectuada por Cristo: “Tu que a preservaste de toda a mancha na previsão da morte do teu Filho…”

Antes que Pio IX, com a bula Ineffabilis Deus em 1854, definisse solenemente o dogma da Imaculada Conceição, não obstante as hesitações de alguns teólogos, que podiam apelar para o próprio São Tomás de Aquino, tinha-se chegado a um desenvolvimento não só da devoção popular para com a Imaculada mas também nas intervenções dos papas a favor desta celebração. Antes que o calendário romano incluísse a festa em 1476, esta já havia aparecido no Oriente no século sétimo, e contemporaneamente na Itália meridional dominada pelos bizantinos.

Em 1570, Pio V publicou o novo Ofício e finalmente em 1708 Clemente XI estendeu a festa, tornando-a obrigatória, a toda a cristandade. Mas desde a origem do cristianismo Maria foi venerada pelos fiéis como a TODA SANTA. No primeiro esboço da festa litúrgica da Conceição, anterior ao século sétimo, nota-se, se não a profissão explícita da isenção da culpa original, pelo menos uma persuasão teologicamente equivalente. “Potuit, decuit, ergo fecit”, havia argumentado um brilhante teólogo medieval: “Deus podia fazê-lo, convinha que o fizesse, portanto o fez.” Do infinito amor de Cristo para com a Mãe, que a pré-redimiu e a cumulou do Espírito Santo desde o primeiro instante da sua existência, derivou este singular privilégio, que a Igreja hoje celebra para nos fazer meditar sobre a beleza de toda alma santificada pela graça redentora de Cristo.

Quatro anos após a proclamação do dogma da Imaculada Conceição, a Virgem apareceu a Santa Bernadette Soubirous. Para a menina que, timidamente, perguntava: “Senhora, quer ter a bondade de me dizer o seu nome?”, Maria respondeu: “Eu sou a Imaculada Conceição.”

(*)Padroeira de Portugal e de Moçambique

(Fonte: Evangelho Quotidiano)
Publicada por JPR em Terça-feira, Dezembro 08, 2009.

“Temos que amar verdadeiramente Deus para poder conhecê-lo” – Papa Bento XVI – Cidade do Vaticano – Audiência Geral na Praça de São Pedro (03.12.2009-RV)

"Finding Faith" - Encontrando a Fé...

Fonte/imagem: http://www.efecrete.gr/index.php?lid=2&mid=0&main_cat=2&efid=39&cid=4

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Fonte: Rádio do Vaticano (na íntegra)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

TEMOS QUE AMAR VERDADEIRAMENTE DEUS PARA PODER CONHECÊ-LO

PAPA: NÃO É POSSÍVEL CONHECER DEUS SEM AMÁ-LO

Cidade do Vaticano (RV) – Ontem, quarta-feira, Bento XVI recebeu milhares de peregrinos e turistas, na Praça S. Pedro, para a Audiência Geral. Em sua catequese, o papa falou de Guilherme de Saint-Thierry, abade nascido em Lieja por volta do ano 1080.Dotado de grande inteligência e de um amor inato pelo estudo, freqüentou uma das escolas mais famosas de seu tempo, como a de sua cidade natal, Reims, na França.

Amigo e biógrafo de São Bernardo de Claraval, Guilherme de Saint-Thierry, após ter sido abade em um mosteiro beneditino, decidiu fazer-se cisterciense, dedicando-se à contemplação orante dos mistérios de Deus e à composição de escritos de literatura espiritual.

Para o papa, podemos considerá-lo como o “Cantor do amor, da caridade”, pois, segundo ele, a força principal que move o espírito humano é o amor.

A natureza humana, na sua mais profunda essência, é feita para amar, recordou Bento XVI. Porém, o homem só consegue realizar este objetivo, sincera, autêntica e gratuitamente, aprendendo na escola de Deus, que é Amor.

“A vocação do homem é tornar-se como Deus, que o criou a sua imagem e semelhança. Por sua vez, o amor ilumina a inteligência e permite conhecer melhor e de um modo mais profundo a Deus e, em Deus, as pessoas e os acontecimentos. Assim, nós conhecemos realmente apenas as pessoas e as coisas que amamos.

A Deus, O conheceremos se O amarmos” – afirmou. Após a catequese, o papa recordou que hoje se celebram os 25 anos da promulgação da Exortação Apostólica Reconciliatio et paenitentia, que chamou à atenção a importância do sacramento da penitência na vida da Igreja. Nesta significativa data, Bento XVI citou algumas figuras extraordinárias de “apóstolos do confessional”, incansáveis dispensadores da misericórdia divina: São João Maria Vianney, São José Cafasso, São Leopoldo Mandić, São Pio da Pietrelcina.

“Que o testemunho de fé e de caridade encoraje vocês, caros jovens, a fugirem do pecado e a projetarem seu futuro como um generoso serviço a Deus e ao próximo.

Que ajude vocês, queridos enfermos, a experimentarem no sofrimento a misericórdia de Cristo crucificado. E peço a vocês, queridos noivos, a criarem na família um clima constante de fé e de recíproca compreensão” – afirmou o pontífice.

Por fim, aos sacerdotes, especialmente neste Ano Sacerdotal, o papa faz votos de que o exemplo desses santos, seja para eles e para todos os cristãos um convite a confiar sempre na bondade de Deus, aproximando-se e celebrando com confiança o Sacramento da Reconciliação. (BF)

Fonte: Rádio do Vaticano